ANO VI • Nº 30 • outubro–dezenbro de 2006
Kit do professor livro e DVD R$ 80,00
Kit do aluno livro e DVD R$ 30,00
Aquisição: Os interessados em adquirir nosso material, deverão depositar o valor total da compra desejada no Banco do Brasil, agência 3010-4, conta corrente 30450-6. Posteriormente, deverá ser enviado o comprovante de depósito para a FENEIS/RJ, via fax ou correio, juntamente com a relação do material desejado. FENEIS-RJ – Rua Major Ávila nº 379 – Tijuca – Rio de Janeiro – RJ 20511-140 – Tel/PABX: (021) 2567-4880 – Fax: (021) 2284-7462
Atenção: Informamos que a cada livro solicitado deverá ser acrescentada a quantia de R$ 5,00 (cinco reais) referente às despesas de correio pelo envio do material registrado.
palavra do presidente
FENEIS DIRETORIA Diretor-Presidente Antônio Mário Sousa Duarte Diretor Primeiro Vice-Presidente Marcelo Silva Lemos Diretor Segundo Vice-Presidente Shirley Vilhalva Diretora Administrativa Márcia Eliza de Pol Diretor Financeiro e de Planejamento Max Augusto Cardoso Heeren Diretora de Políticas Educacionais Marianne Rossi Stumpf DIRETORIAS REGIONAIS Rio de Janeiro – RJ Diretor Regional: Walcenir Souza Lima Porto Alegre – RS Diretor Regional: Vago Diretora Regional Administrativa: Vânia Elizabeth Chiella Diretora Regional Financeira: Denise Kras Medeiros Teófilo Otoni – MG Diretor Regional: Luciano de Sousa Gomes Diretora Regional Administrativa: Sueli Ferreira da Silva Diretora Regional Financeira: Rosenilda Oliveira Santos Recife – PE Diretor Regional: Marcelo Batista Diretor Regional Administrativo: Benevando Magalhães Faria Diretor Regional Financeiro: César Augusto da Silva Machado Brasília – DF Diretor Regional: Messias Ramos Costa Diretora Regional Administrativa: Edeilce Aparecida Santos Buzar Diretor Regional Financeiro: Amarildo João Espíndola Belo Horizonte – MG Diretora Regional: Rosilene Fátima Costa Rodrigues Novaes Diretor Regional Financeiro: Antônio Campos de Abreu São Paulo – SP Diretor Regional: Neivaldo Augusto Zovico Diretora Regional Administrativa: Neiva de Aquino Albres Diretor Regional Financeiro: Richard Van Den Bylaardt Curitiba – PR Diretora Regional: Karin Lílian Strobel Diretora Regional Administrativa: Iraci Elzinha Bampi Suzin Diretor Regional Financeiro: Angelo Ize Manaus – AM Diretor Regional: Marlon Jorge Silva de Azevedo Diretora Regional Financeira: Waldeth Pinto Matos Fortaleza - CE Diretora Regional: Maria Maísa Farias Jordão Diretora Regional Administrativa: Mariana Farias Lima Diretor Regional Financeiro: Rafael Nogueira Machado Florianópolis – SC Diretor Regional: Fábio Irineu da Silva Diretora Regional Administrativa: Idavania Maria de Souza Basso Diretor Regional Financeiro: Deonísio Schmitt CONSELHO FISCAL Efetivo 1º Membro Efetivo e Presidente – José Tadeu Raynal Rocha 2º Membro Efetivo e Secretário – Carlos Eduardo Coelho Sachetto 3º Membro Efetivo – Vago Suplentes 1º Membro suplente – Luiz dinarte Farias 2º membro suplente- Antônio Carlos Cardoso 3º membro suplente- Clara Ramos Pedroza CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Carlos Alberto Góes Sílvia Sabanovaite Betiza Pinto Botelho
José Onofre de Souza Marcus Vinicius Calixto
EDITORIA Conselho Editorial Walcenir Souza Lima Flávia Mazzo Rita de Cássia Lobato Nádia Mello Secom – Setor de Comunicação Rita de Cássia Lobato
Editora e Jornalista responsável Nádia Mello (MT 19333) Diagramação Olga Rocha dos Santos
Colhendo bons frutos Estamos iniciando 2007. É tempo de refletirmos, avaliarmos erros e acertos e nos renovarmos em esperança. É tempo de agradecermos colaboradores, profissionais e amigos que se envolveram com a nossa causa, fortaleceram a nossa luta e foram fundamentais para nossas conquistas. É tempo de sonharmos e pensarmos em novos projetos para o ano que se inicia. Durante o ano de 2006 colhemos bons frutos. Os surdos participaram do vestibular para Letras-Libras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e ficamos orgulhosos com o resultado. Passaram 447 surdos. Os que não foram vitoriosos nessa prova não precisam desanimar. Com a nova regulamentação outras oportunidades certamente surgirão. O Prolibras, previsto para janeiro, é uma outra grande chance para docentes, tradutores e intérpretes de Língua Brasileira de Sinais. Criado pelo Ministério da Educação (MEC), em cumprimento da Lei 10.436/02 e o Decreto 5.626/2005, esse exame certificará os que já atuam na área, mas não possuem ainda a formação acadêmica. Estaremos torcendo especialmente pelos surdos que irão participar desse desafio, na certeza de que estarão avançando em conquistas. Aproveito para destacar a excelente parceria entre a FENEIS/RJ e a Associação Alvorada na realização de uma festa comemorativa pelo Dia do Surdo (Página 20). Este exemplo de trabalho, com a FENEIS ao lado das associações de surdos, deverá ser seguido em outras regiões do Brasil. A celebração oficial da FENEIS pelo Dia do Surdo aconteceu este ano mais uma vez no Rio de Janeiro, no auditório do Senai, e repetiu o sucesso do evento anterior. Vale a pena ler a cobertura do acontecimento que está publicada nesta edição (Páginas 13 a 19). Mas a participação da FENEIS em eventos que envolvem questões ligadas ao surdo não param por aí, vão além do Brasil. É fundamental a troca de experiências com outros países que vivem problemáticas semelhantes a nossa. No Chile, a comemoração dos 80 anos da Associação dos Surdos e a Convenção Sulamericana de Pessoas Surdas, com a presença da FMS, foram bastante especiais. Houve discussões importantes sobre o desenvolvimento e a integração da pessoa surda (Página 27).
Boas festas para todos! Antonio Mário Sousa Duarte Diretor-Presidente
De surdo para surdo Enfrentando desafios
Riguel Brum passou por várias fases até entender que a Libras poderia abrir muitas possibilidades. Desde então ele é um incentivador do aprendizado da Língua de Sinais. Segundo ele, há uma barreira de comunicação entre surdos e ouvintes, e para romper isso é necessário que todos aprendam a Libras. Conheça mais sobre os obstáculos e conquistas que fizeram parte da história de Riguel. Página 9
Cultura Biblioteca homenageia educador surdo
A Prefeitura de Angra dos Reis inaugurou um novo espaço público de leitura. Trata-se da Biblioteca Moisés Gazale, na Escola Municipal de Surdos (Ermes). A iniciativa implementada, através da Secretaria de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, atende a 120 alunos da Educação Infantil ao Ensino Fundamental. Esta é a primeira biblioteca do país que homenageia um educador surdo. Página 10
Pelas Regiões Funcionários aprendem Libras em Aeroporto
Em setembro teve início um curso de Libras para 70 empregados do Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba. O objetivo foi qualificar os profissionais do aeroporto para o atendimento ao surdo, a fim de divulgar a Língua de Sinais e facilitar a comunicação entre surdos e ouvintes. Página 11
Associação Dia do Surdo na Alvorada
Uma parceria com a FENEIS tornou possível uma programação bastante especial na Associação Alvorada. O evento em comemoração pelo Dia do Surdo tratou da caminhada do surdo a partir da regulamentação da Lei 10.432/02. Página 20
Internacional A 1ª Convenção Sulamericana de Pessoas Surdas, no Chile, reuniu membros da Federação Mundial de Surdos (FMS) em momentos de debate, decisões e confraternização. Estiveram representados diversos países, entre eles o Brasil através do presidente da FENEIS, Antônio Mário Sousa Duarte. Página 27
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S U M Á R I O
CAPA:
Dia do Surdo: Regulamentação da Libras na prática
Dia 26 de setembro foi celebrado mais um dia do surdo. Além de representar uma conquista na história dos direitos desses cidadãos, a comemoração dessa data é uma importante oportunidade para se traçar novos planos e reafirmar os progressos obtidos durante a luta pela igualdade de condições.
SUMÁRIO SUMÁRIO Palavra do Presidente .............................................3 Cartas ao Leitor ...................................................... 6 Comunicando ........................................................ 7 De Surdo para Surdo .............................................. 9 Cultura .................................................................10 Notícias Regionais ................................................ 11 Associação ...........................................................20 Notícias Regionais ................................................21 Espaço Aberto ......................................................25 Endereços .............................................................30 Infantil ..................................................................31
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cartas do leitor Programa para Deficientes Auditivos e Visuais A Associação de Pais e Amigos de Surdos de Piracicaba (Apaspi) é uma instituição filantrópica que atende aos surdos desde 1977. Pedimos informações sobre o programa para Deficientes Auditivos e Visuais, citado na matéria publicada na página 7 da revista nº 28 (abril a junho/06). Vera A. B. Schiavon - Assistente Social
Revista da FENEIS responde A FENEIS apenas publicou a reportagem, não tendo qualquer ligação com o trabalho divulgado. Sugerimos que faça contato direto com a Instituição para mais informações.
Assinatura de Revista Eu sou surda e gostaria muito de receber os exemplares da Revista da FENEIS em minha casa. Peço que me informe as possibilidades e os preços. Moro na cidade de Praia
Grande, no litoral paulista. Desde já agradeço a atenção e aguardo o retorno. Monica Tintore de Araújo
Revista da FENEIS responde Para receber a nossa publicação basta preencher o cupom encartado no meio da revista, seguir as instruções e enviá-lo à FENEIS/RJ.
Dia do Surdo – RS Quero comunicar que conseguimos oficializar o Dia do Surdo em nosso município de Três Passos, no Rio Grande do Sul. Agora a data é oficializada pela lei 4.026 e para nós foi uma grande conquista! A noite cultural da comunidade surda aqui em Três Passos foi muito linda e maravilhosa, e o prefeito fez a entrega oficial da lei em nossas mãos, diante de um público de cerca de 350 pessoas. Professora Elisângela Reuter - Três Passos, RS
Desfile em Teófilo Otoni
A Escola Municipal Irmã Maria Amália, em Teófilo Otoni (MG), organizou um desfile especial na ocasião de 7 de setembro. Os 1.500 alunos e surdos presentes vestiam camisas estampadas em Libras.
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1.500 alunos. Todos com camisas estampadas em libras
comunicando
TRT contrata portadores Seminário de deficiência auditiva sobre surdez
Desde o dia 24 de agosto, dez profissionais portadores de deficiência auditiva já estão prestando serviço nas varas do TRT de Belo Horizonte (MG). Outros dez contratados já estão em treinamento e a previsão é de que, ao todo, sejam empregadas 40 pessoas. Os novos funcionários auxiliarão na autuação de peças processuais. Esse projeto é um convênio, previs-
to na Lei de Licitações nº 8.666/ 93, que foi firmado com a FENEIS, em caráter experimental, e terá a duração de um ano.O treinamento desses profissionais foi realizado pela Assessoria de Apoio à Primeira Instância, juntamente com a Diretoria de Recursos Humanos do TRT.
Fonte: TRT.MG http:/or5.mg.trt.gov. br
Encontro de Jovens Surdos do RS O 1º Encontro de Jovens Surdos do RS aconteceu de 2 a 5 de novembro, em Capão da Canoa. O objetivo do evento foi reunir jovens surdos para compartilhar experiências, valorizar o uso de Libras e possibilitar um espaço para qualificação para o exercício na educação de surdos e na liderança junto à comunidade. O en-
contro contou com várias palestras, entre elas, “Como é o Líder Surdo”, por Rodrigo Machado (Argentina); “Experiência em eventos internacionais de Jovens Surdos”, por Agustín Rodriguez e “Direito Surdo”, por Augusto Schallenberger. Mais informações no site http:/ /www. surdosol.com.br/eventos/ejsrs/
No dia 2 de setembro, os surdos de Pernambuco estiveram reunidos para um dia de palestras sobre assuntos relacionados à Comunidade Surda. O evento contou com a presença de Antônio Campos de Abreu, diretor regional da FENEIS-MG. Ele falou sobre a
WFD (Federação Mundial dos Surdos), entre outros assuntos. Na ocasião, os jovens surdos foram chamados a adquirirem novas experiências, além de conhecerem mais seus direitos. Também estiveram palestrando, Marianne Stumpf, Karin Strobel e Gladis Perlin.
“Os surdos e os processos de aprendizado” foi o tema do II Seminário sobre Surdez, que aconteceu no Rio de Janeiro, na Penha. O evento foi realizado no dia 5 de novembro, pela Pastoral dos Surdos, em parceria com o Grupo Palavra de Deus em Silêncio. O objetivo do evento foi debater sobre a questão dos processos de aprendizado do indivíduo surdo e da importância da família nesse processo. A programação contou com duas palestras: “A família do surdo e sua responsabilidade educacional”, ministrada pela professora, fonoaudióloga e mãe de surdo Sandra Oliveira Pinto; e “O Ensino da Língua Portuguesa para Surdos”, pela professora Letícia Queiroz Lopes.
Evento em Mato Grosso Surdos de Pernambuco do Sul
O 2º Encontro dos Profissionais Tradutores/Intérpretes de Língua Brasileira de Sinais de Mato Grosso do Sul (2º EPILMS) foi realizado nos dias 17 e 18 de novembro. O evento foi promovido pela Associação de Intérpretes de Libras de MS. Mais informações no site www.apilms.org ou através do e-mail apilms@ apilms.org.
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de surdo para surdo
Psicologia e surdez No dia 14 de novembro, as Faculdades Integradas Maria Thereza sediaram o 1º Encontro Fluminense de Psicologia e Surdez. Com o tema “O Psicólogo e o Surdo – um convite à reflexão”, o evento contou com a
presença dos palestrantes Esmeralda Stelling, pedagoga e mãe de surdo; Luciana Ruiz, psicóloga surda; Luciana Rangel, surda; e Marcos Souza Jr., psicólogo surdo.
Encontro de Professores de Surdos Aconteceu em Campo Grande (MS) o I Encontro de Professores da Sala de Recursos para Surdos e Deficientes Auditivos das Escolas Estaduais, nos dias 16 a 18 de outubro. O evento reuniu profissionais envolvidos no apoio especializado para surdos e deficientes auditivos, capacitando-os e promovendo o debate sobre a proposta bilíngüe para inclusão do aluno surdo nas
escolas, pelas Secretarias de Educação em nível nacional. A programação contou com palestras como “Desenvolvimento da Linguagem nas Crianças Surdas”, ministrada pela fonoaudióloga Célia Maciel; e “Projeto Sala de Recursos Modernizada para Surdos e Deficientes Auditivos”, pela professora Rozilane Ribeiro; entre outras.
Guardas municipais aprendem Libras em Rio das Ostras Os guardas municipais de Rio das Ostras estão aprendendo a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Assim que terminarem, farão os cursos de inglês e es-
panhol. O objetivo é preparar a cidade para receber os cerca de cem mil turistas no verão e 200 mil no reveillon e no carnaval.
Falando sobre surdez Com o objetivo de compreender as diferenças e conhecer o potencial dos surdos, o mini-curso “Falando sobre surdez” foi realizado nos dias 7 e 14 de novembro, na sede dop IGT. O programa do curso abordou a história da surdez, os diferentes tipos de surdez, as metodologias de ensino aplicadas à criança surda e a aquisição da Língua.
FENEIS recebe Moção A FENEIS recebeu, em novembro, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, por intermédio do vereador Márcio Pacheco, uma Moção de Louvor, Gratidão e Aplauso. A homenagem foi feita pelos relevantes serviços prestados à comunidade surda. Representou a FENEIS, na ocasião, o diretor regional (FENEIS-RJ) Walcenir Souza Lima.
FENEIS Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos
Comunicando através da Libras 8 - Revista da FENEIS
de surdo para surdo
Vencendo barreiras O comunicativo Ríguel Brum de Paula, 22 anos, mesmo tendo recebido o auxílio de uma fonoaudióloga na infância, e tendo sido oralizado, reconhece que o aprendizado de Libras foi fundamental divisor de águas em sua vida. Atualmente, ele ensina a Língua Brasileira de Sinais para ouvintes e surdos na Escola Municipal Maria Rodrigues Baranbé. À noite, faz faculdade de Turismo. “Os ouvintes nada sabem sobre a cultura surda. Você precisa ser surdo para entender. Os ouvintes deveriam aprender Libras para ajudar os surdos”, avalia. Ríguel não aceita o termo “portador de necessidade especial”, pois a palavra “portador” desperta, segundo ele, outros conceitos que não apenas a disfunção auditiva. “Prefiro a palavra ‘surdo’”, explica ele, que só descobriu que era surdo aos 13 anos. Apesar de lutar para que o filho levasse uma vida normal desde o dia em que os médicos confirmaram a deficiência, sua mãe nunca havia lhe dito que era surdo. Foi uma fonoaudióloga da Escola Municipal Maria Rodrigues Baranbé que levou Ríguel para conhecer a turma de surdos. Na ocasião, uma instrutora de Libras pediu que tirasse o aparelho. Como ele confirmou que não ouvia nada, ela lhe disse que era surdo. Izaura Pinto Coelho Brum ainda guarda recortes de jornais, cópias de leis, folders explicativos a respeito da deficiência auditiva e o laudo médico confirmando a deficiência bilateral no aparelho auditivo de Ríguel. Após o nascimento prematuro de seu filho, aos seis meses e meio de gestação, ela teve que apren-
der a lidar com a realidade dos surdos, que até então lhe era desconhecido. Izaura começou a desconfiar da surdez do menino quando ele ainda era bebê, e não atendia quando ela chamava e nem olhava na direção dos barulhos que fazia para chamar a atenção do filho. Até os seis anos, Ríguel viveu em meio ao silêncio, pois sem conhecer os sons, não aprendeu a falar. Ele ainda lembra das viagens em busca de tratamento. O primeiro som que ouviu, segundo sua mãe, que até hoje não esquece esse momento, foi o barulho da água aberta no tanque. Quando ele ouviu a água, foi até ela correndo. O menino também começou a reconhecer as palavras, em baixo volume com o auxílio de um aparelho, embora não entendesse seu significado. Para auxiliar na oralização de Ríguel, sua mãe pregou figuras com palavras nas paredes da casa e proibiu
que se comunicassem com ele por meio de gestos. Mãe e filho tiveram também que aprender a lidar, não só com o preconceito das pessoas, como com a deficiência do ensino, que não está preparado para receber uma pessoa surda. No Centro de Educação Infantil, Ríguel começou a ser alfabetizado, e conheceu a professora Vânia Maciel Ribeiro Costa, de quem se lembra com carinho. Tendo mudado algumas vezes de escola, deparou-se em muitas ocasiões com a dificuldade de compreender e ser compreendido. “Sofria muito e não tinha amigos, quando me ouviam falando, riam de mim”, desabafa. Aos 19 anos, foi convidado por uma amiga do Lions Clube de Ipatinga, cidade mineira onde mora, para uma visita ao Ministério de Surdos da Igreja Batista de Bom Retiro. Lá, conheceu a instrutora Wanilda Varella, com quem aprendeu os primeiros sinais de Libras, após ter que brigar com a mãe para que lhe desse autorização para aprender a Língua dos Sinais. Através do aprendizado dessa nova Língua, Ríguel passou a ter uma infinidade de possibilidades. Segundo ele, relacionando as palavras aos símbolos, teve mais facilidade de memorizar e, dessa forma, penetrou na comunidade dos surdos, fazendo novos amigos. Desde então, Ríguel é um incentivador do aprendizado de Libras. “Há uma barreira de comunicação entre surdos e ouvintes. Um não tem paciência com o outro. Para superar esta barreira, é necessário que todos aprendam Libras”, conclui. Texto adaptado
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cultura
Prefeitura inaugura espaço de leitura, homenageando professor surdo
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a lecionar na escola no ano de 2000. Hoje , por motivos de saúde, não está mais dando aulas na Emes, mas está sempre presente na escola. Diversas homenagens foram feitas ao professor que, em quase todos os discursos, foi lembrado por sua coragem, pulso firme e solidariedade. Muito emocionado, o professor agradeceu a Deus em primeiro lugar por sua força, pela escola de Surdos de Angra que ele viu crescer, e por todos os alunos que estão tendo oportunidade de estudar, de se comunicar e de exercer seus direitos de cidadania. Junto com os alunos, ele descerrou a faixa de inauguração e abriu as portas da biblioteca que promete abrigar sonhos e fazer com que todos apreciem mais a leitura para crescerem cada vez mais. Na ocasião, a Gerente de Educação Especial da Secretaria
de Educação, Luciane Pires, agradeceu ao governo municipal por acreditar na equipe de educação de surdos e lhes dar todas as condições para desenvolver um bom trabalho na escola. “Temos tudo nesta escola para crescer cada vez mais e criar novas oportunidades para diversos alunos, que antes ficavam à margem dos acontecimentos da cidade e hoje estão mais participativos do que nunca”, disse. Além dos representantes da Prefeitura, participaram da cerimônia de inauguração a presidente da Associação dos Surdos do Município de Angra dos Reis (Asmar), Andréa Giovanella; a presidente da Associação dos Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (Apada), Rita de Cássia Moreira; e o representante da Federação Nacional de Educação e integração dos Surdos (FENEIS), Fernando Valverde. Foto: Arquivo pessoal
Reconhecendo a necessidade de que o aluno surdo necessita de uma metodologia especial, de um espaço especial e de incentivos, a Prefeitura de Angra dos Reis inaugurou um novo espaço público de leitura: a Biblioteca Moisés Gazale, na Escola Municipal de Surdos (Emes), no Centro da cidade. A iniciativa, implementada através da Secretaria de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, atende a 120 alunos, da educação infantil ao ensino Fundamental. A Biblioteca Moisés Gazale já possui um bom acervo literário. Segundo a diretora da Emes, Cristina Helena Lopes Ferreira, a meta é complementar o acervo até o final do ano. A professora de Língua Portuguesa, Romana Gomes Marques, será a dinamizadora da biblioteca. De acordo com a Coordenadora de Educação Comunitária da SMCEE, Vera Cristina Cunha Lima, responsável pela implantação de bibliotecas nas escolas, esta é a primeira do país que homenageia um educador surdo. Moisés Gazale é uma referência para todos os alunos da escola. É instrutor de Libras e um dos professores mais queridos na Emes por sua força de vontade, dedicação, amor e luta pela afirmação dos direitos dos surdos. Durante a cerimônia de inauguração, o homenageado Moisés Gazale esteve acompanhado o tempo todo pela esposa Patrícia Gazale, que é instrutora de Libras na instituição. Moisés começou
Alunos, professores, diretor da Escola (Emes) e da Asmar, representantes da Secretaria de Educação, Apada e da FENEIS
notícias regionais Curitiba
Curso de Libras para funcionários de aeroporto em Curitiba Os empregados do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em Curitiba, estão sendo qualificados para atender aos surdos. Dia 12 de setembro teve início um curso de Libras para 70 empregados. O curso tem carga horária de 40 horas/aula e é ministrado, em dois turnos, pelos instrutores da FENEIS Daniel Antônio Passos e Luciana Cristina Cruz e Silva. O objetivo dessa iniciativa é qualificar os profissionais do Aeroporto, envolvidos com o atendimento ao público com deficiência auditiva, promover o conhecimento dessa cultura, divulgar a Língua dos Sinais e potencializar a comunicação entre surdos e ouvintes. O curso faz parte do Projeto de Acessibilidade do Governo Federal, e obedece ao decreto nº 5626 de 2005, que estabelece que empresas concessionárias de serviços públicos e órgãos da administração pública federal devem garantir às pessoas surdas o tratamento diferenciado, por meio do uso e difusão e da tradução e interpretação de Libras.
Turma de funcionários do aeroporto: facilidade para aprender Libras
Segundo a instrutora Luciana, que teve como tradutora a atendente do Balcão de Informações da Infraero, Sávia Aragão, “em sua grande maioria a turma de funcionários tem facilidade no aprendizado e é muito participativa”. O supervisor do Aeroporto e aluno do curso, Cláudio Dombroski, indicou como fontes de material, o site da FENEIS, (www. feneis.org.br), e o site Acesso Brasil, (www. acesso brasil. org.br), um dicionário on-line de Libras. No final do curso, os alunos re-
ceberam um DVD e um livro sobre o assunto. Libras é a língua materna dos surdos no Brasil, possui todos os componentes classificatórios de uma língua e para seu aprendizado é necessária a prática. Nos anos 60, a comunicação através de sinais, depois de estudada e analisada, passou a ser denominada de “Língua”. Algumas escolas já prestam atendimento específico aos surdos. Também já existem materiais didáticos direcionados para o aprendiza-
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do de Libras, que podem ser encontrados no site da FENEIS. A FENEIS é uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos, de caráter assistencial, educacional e sócio-cultural, que representa as pessoas surdas ou com deficiência auditiva. Um de seus principais objetivos é a legitimação e a valorização da cul-
tura surda na sociedade. A FENEIS atende também aos familiares dos surdos, instituições, organizações governamentais e não-governamentais, professores, fonoaudiólogos e profissionais da área. É a entidade de maior representação dos surdos no Brasil, e é filiada à Federação Mundial dos Surdos – FMS
(representante dos surdos em diversas organizações mundiais, como Organização das Nações Unidas - ONU e Organização Internacional do Trabalho – OIT). Os instrutores da FENEIS utilizam técnicas diversificadas, como aulas expositivas, dinâmicas de grupo, palestras, leituras e discussão de textos.
Campo Grande (MS)
Câmara Técnica discute reserva de mercado para deficientes A professora Shirley Vilhalva, 2ª vice-presidente da FENEIS, e a intérprete de Libras, Milena Pereira, da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul (SED), participaram de uma Câmara Técnica, para sanar dúvidas sobre reserva de vagas para pessoas com deficiências em concursos públicos. O evento durou dois dias e foi organizado pela Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Corde), órgão da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. A Câmara reuniu operadores do direito, realizadores de concurso e representantes de movimentos voltados aos portadores de deficiência. O objetivo do evento foi auxiliar as instituições em suas dificuldades em atender à legislação vigente acerca da inclusão
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de portadores de deficiência em concursos públicos, bem como de cumprir a reserva de vagas de 5% até 20% para este público. Na ocasião, foram debatidos temas como a elaboração do edital, a nomeação dos candidatos aprovados, adaptação de provas, garantia da acessibilidade, estágio probatório e aplicação da reserva legal em concursos onde há oferta de cargos por especialidade. A intenção da Corde com a realização desta Câmara foi tornar clara a interpretação das leis, a partir de casos práticos, propondo, inclusive, a complementação das normas atuais, por meio de Atos Regulatórios, para que o direito dos cidadãos com deficiência não seja mais violado. De acordo com o Corde, o descumprimento da legislação tem gerado uma série de ações civis públicas, impetradas pe-
los ministérios públicos Federal e estaduais. Este problema ainda tem gerado mandados de segurança e ações judiciais movidas pelos candidatos com deficiência. As participantes Shirley e Milena atuam no Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS/MS) e foram indicadas pelo Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conade) para integrarem a Câmara Técnica. Atualmente, Shirley é ainda conselheira do Conade. Mais informações sobre a inclusão de portadores de deficiência em concursos públicos podem ser obtidas pelo endereço eletrônico corde@sedh.gov. br, pelo site http://www.mj. gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/ corde/principal.asp, ou pelo telefone (61) 3429-3684.
dia do surdo
Dia do Surdo discute educação e futuro Da Redação Fotos: FENEIS/RJ
No dia 26 de setembro foi celebrado mais um dia do surdo. Além de representar uma conquista na história dos direitos desses cidadãos, a comemoração dessa data é uma importante oportunidade para se traçar novos planos e reafirmar os progressos obtidos durante a luta pela igualdade de condições. Pela terceira vez consecutiva, a FENEIS organizou um evento que teve como objetivo levar informação e, ao mesmo tempo, levantar discussões sobre os principais temas relacionados aos direitos e desejos da comunidade surda. Este ano, o tema central do evento foi A Libras depois da Regulamentação: o que muda na prática . Realizado no dia 29 de setembro no auditório do Senai, na Tijuca (RJ), o encontro contou com a participação de nove palestrantes e de um público de, aproximadamente, 400 pessoas. Também foram apresentados esquetes de teatro e realizados sorteios. Logo após o intérprete Flávio Milano interpretar o Hino
O Diretor Financeiro e de Planejamento da FENEIS Max Heeren ao lado dos palestrantes do evento
Nacional em Libras, Ronise Oliveira, que todos esses anos tem apresentado de forma dinâmica e criativa o evento, agradeceu a participação de todos e convidou os integrantes que comporiam a primeira mesa. O presidente da FENEIS Antonio Mario Sousa Duarte, deu início ao evento, pedindo um minuto de silêncio em homenagem ao querido amigo e também aliado na luta pelos direito dos surdos Gilson Tostes Borba, da Associação Alvorada, falecido pouco antes do
evento. Em seguida, Antonio Mario falou da alegria de poder participar do evento e da importância de se ter um dia só para os surdos. Ele ainda destacou que, apesar das grandes vitórias obtidas, ainda há muito o que fazer. A primeira palestrante foi a professora Marlene de Oliveira Gotti, representante do Ministério da Educação, que iniciou a sua explanação falando sobre o que já foi feito, em âmbito nacional, para melhorar as condições de educação da população surda. Segundo
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Marlene Gotti, um dos fatores que mais dificultam o cumprimento do decreto que regulamenta a Libras é o fato de o Brasil ser um país de proporções continentais, o que impossibilita uma fiscalização mais efetiva. O que também estaria prejudicando a difusão da Língua de Sinais é o fato a quantidade de professores ser suficiente para atender às necessidades da população. Ela fez um apelo para que se realizem concursos públicos e, principalmente, para que se crie uma estrutura para a formação desses professores: “um curso não surge do nada. O governo tem que proporcionar condições orçamentárias para que ele se concretize”, afirmou Marlene Ela complementou a sua palestra falando sobre o Prolibras, um exame de proficiência em Libras, que objetivava contratar profissionais para suprir o mercado de trabalho. Ela informou ainda que a prova não obteve a divulgação adequada por causa do processo eleitoral e pediu que todos os presentes ajudassem a propagá-la. Marlene encerrou a sua participação ressaltando que, apesar do certificado oferecido pelo Prolibras, é importante obter o certificado de graduação, pois o curso universitário proporciona uma visão mais abrangente sobre a profissão do intérprete. Antonio Campos de Abreu, diretor regional financeiro da FENEIS de BH, foi o segundo palestrante do dia e falou sobre as Línguas de Sinais adotada em cada país, com destaque para a Língua Brasileira
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Diretor Financeiro e de Planejamento da FENEIS Max Heeren e colaboradores
A Cia de dança Movimento em Silêncio (MES)
Toda equipe da FENEIS/RJ contribuiu para o sucesso do evento
de Sinais. Ele também citou as diversas organizações mundiais de surdos ao redor do mundo e ressaltou o trabalho da FENEIS, elogiando a sua atuação e importância no processo de reconhecimento da Libras e da Comunidade Surda do Brasil. A terceira palestrante foi a lingüista Tânya Amara Felipe, coordenadora do Programa Interio-
rizando Libras MEC/FENEIS, que falou sobre os movimentos criados pelos surdos e de como eles se desenvolveram a partir da década de oitenta, após a criação da FENEIDA. Segundo ela, em 1987, quando os próprios surdos assumiram o comando da associação, ocorreu um processo de valorização da identidade surda semelhante ao chamado “Black Power” protagoniza-
O final do evento foi marcado por apresentações de dança e coreografia
Esquetes com mensagens de paz em tom de humor descontraíram a platéia
A apresentadora Ronise na entrega dos brindes sorteados pela FENEIS
Antônio Campos e Enilde Falstich
Funcionários da FENEIS: alegria com o resultado do evento
Chamou a atenção do público presente a participação especial do grupo de teatro e pantomina Mensagem Arte
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Cia de dança Mes em ação no encerramento da programação
do pelos negros nos Estados Unidos. Tanya acrescentou que a Comunidade Surda, por possuir uma língua própria, precisa exigir do governo medidas específicas que criem condições apropriadas para o seu desenvolvimento. “A criação da Lei da Libras, obtida no final de 2002 já foi um avanço nesse sentido, mas é necessário se fazer muito mais. A história dos surdos está sendo construída, sendo importante que haja união e habilidade para articular as propostas de mudança. É fundamental persistir nos objetivos, mesmo que hajam momentos de cansaço e de desânimo: fazemos um trabalho de formiguinha, mas o resultado está aí.”
Presidente da FENEIS, Antônio Mário e a representante da SEESP/MEC, Marlene Gotti
Rita Lobato, à frente da organização do evento, passa informações aos participantes
Os intérpretes da FENEIS/RJ que atuaram no encontro no Dia do Surdo. No centro, o Diretor Max Heeren
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Emeli Marques, mestre em Lingüística Aplicada e uma das palestrantes do evento
Seguindo o programa de palestras, a coordenadora estadual de educação especial Roseni Silvado Cardoso falou sobre o que muda no ensino básico a partir da Lei de Libras. Para ela, essa Lei vem fortalecer algumas proposições que já foram colocadas. Além da necessidade de mais intérpretes no mercado de trabalho, citada anteriormente, Roseni declarou que é preciso haver adaptações de ordem cultural, sobretudo no que diz respeito à avaliação acadêmica desses surdos e da inclusão da disciplina Libras no currículo regular. Outros desafios citados pela secretária foram a obtenção de professores capacitados para educação infantil e ensino fundamental e profissionais que ensinem o Portugu-
Antônio Mário, presidente da FENEIS
Roseni Silvado Cardoso, coordenadora estadual de Educação Espoecial
Myrna Salermo, mestre em Lingüística
Regina Lúcia Moraes Lage, professora da APADA
Marianne Stumpf, diretora de polícicas educacionais da FENEIS
Tanya Amara Felipe, coordenadora do programa Interiorizando Libras MEC/ FENEIS
Enilde Faulstich, mestre em Lingüística
Ronise Oliveira, apresentadora do evento pelo terceiro ano consecutivo
Marta Ciccone, responsável pela equipe do Instituto Superior Bilingüe de Educação do INES
Antônio Campos de Abreu, diretor regional financeiro da FENEIS - BH.
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ês como segunda língua, respeitando as diferenças. O tema seguinte, desenvolvido por Emeli Marques, mestre em Lingüística Aplicada, foi “A Formação do Intérprete de Libras, depois da regulamentação”. Ela esclareceu que é a regulamentação que estabelece como a Lei de Libras será posta em prática. Disse também que é importante que se formem cada vez mais intérpretes. Emeli declarou que, de acordo com a própria lei, todos os intérpretes formados pelas instituições civis serão credenciados pelo MEC desde que haja vínculo com uma universidade. Ela destacou a função do intérprete que atua em sala de aula, afirmando que ele é como o professor, já que, ao interagir com o aluno, acaba dando uma “aula paralela” . Finalizando sua parti-
Na recepção, funcionários da FENEIS davam as boas-vindas aos participantes
cipação, ela incentivou que todos fizessem o exame Prolibras, ainda que tivessem receios em relação ao conteúdo cobrado. Esteve palestrando na ocasião também a lingüista Enilde Faulstich, que falou sobre o curso de Português no Brasil
Durante todo o dia, intérpretes de Libras não mediram esforços para facilitar a comunicação com os surdos
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como segunda Língua. Ela falou sobre a necessidade da inclusão da matéria nos currículos dos surdos e alertou para a importância de se levar em consideração o aspecto cultural e gramatical antes de se avaliar cada aluno surdo. A professora e lingüista Myrna Salermo expôs sobre o professor surdo no ensino básico e no superior. Segundo ela, hoje em dia, os surdos estão muito mais conscientes do valor da sua formação acadêmica do que há alguns anos atrás, quando eles apenas se preocupavam em ingressar o mais rápido possível no mercado de trabalho. Myrna ressaltou que, apesar dos cursos já oferecidos, como Pedagogia, os surdos também devem buscar outras carreiras com as quais se sintam identificados. Ela ainda falou da habilitação do professor surdo e da importância de se adquirir cada vez mais conhecimento por meio de cursos de
Surdos-cegos participaram do evento pelo Dia do Surdo
extensão, como mestrado e doutorado. A palestrante Regina Lucia Moraes Lage, professora de surdos, falou sobre a Libras como ferramenta necessária em sala de aula. De acordo com a sua vivência, na Associação de Pais e Amigos de Deficientes Auditivos de Niterói, a utilização dessa língua promove uma integração natural entre as crianças. Para ela, o aprendizado vem como conseqüência da riqueza desse convívio. Regina ainda exibiu vídeos com o trabalho desenvolvido na Apada e destacou a eficiência dos elementos lúdicos no despertar de consciência desses alunos. A penúltima palestrante foi a professora responsável pela equipe do Instituto Superior Bilíngüe de Educação do Instituto Nacional de Educação de Surdos, Marta Ciccone. Segundo ela, o INES deverá ser pioneiro num curso de Pedagogia que oferece educação bilíngüe para os seus alunos, além de in-
vestir numa formação interdisciplinar dos estudantes. Marianne Stumpf, professora de educação de surdos da Universidade de Santa Catarina e
diretora de políticas educacionais da FENEIS, encerrou o ciclo falando da conquista da faculdade em Libras e reforçando a idéia de que é necessário se criar cada vez mais oportunidades para os surdos se estabelecerem como profissionais no mercado de trabalho. O evento contou ainda com apresentações teatrais e de dança, conduzidas pelo Teatro Brasileiro de Surdos (TBS), Grupo de Teatro e Pantomina Mensagem Arte e Companhia de Dança Movimento em Silêncio.
Do início ao fim do encontro, os intérpretes atuaram
Marcou presença também o Grupo de Teatro Brasileiro de Surdos
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associação
Em parceria com a FENEIS, Alvorada também comemorou Dia do Surdo Presidência da FENEIS e diretorias regionais representadas no evento da Associação
Antônio Mário demonstrou satisfação com a programação
Além do evento promovido pela FENEIS tradicionalmente para celebrar o Dia do Surdo, este ano uma parceria com a Associação Alvorada, no Rio de Janeiro, viabilizou um outro momento especial envolvendo as comemorações em torno da ocasião. A idéia de realizar uma programação que contasse com o apoio da FENEIS partiu da própria Associação, que ficou bastante otimista com relação à participação dos surdos. O evento da Associação aconteceu no dia 14 de outubro, às 19 horas, e abordou a mesma questão discutida pela FENEIS no auditório do Senai no dia 29 de setembro: a regulamentação da Libras. Quanto mais discussões sobre esse assunto, melhor para a caminhada da comunidade surda daqui para frente. Segundo a direção regional da FENEIS, esse foi o motivo da parceria e o total incentivo ao evento da Alvorada.
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Além disso, segundo o presidente da FENEIS, Antônio Mário Sousa Duarte, essa parceria em eventos é um exemplo para que o mesmo aconteça com outras associações pelo Brasil afora. Elaborado com muito cuidado pelos organizadores, o programa envolveu atividades bastante dinâmicas e o tema, além de bem atual, foi, segundo a diretoria da Alvorada, de grande importância para a vida dos surdos. Os que participaram
das festividades pelo Dia do Surdo na Alvorada ficaram muito animados com a programação, que deverá se repetir no ano que vem. Além das palestras, os presentes ganharam uma camisa e participaram de sorteios de um celular, DVD, cafeteira, liquidificador e ferro de passar. A Associação Alvorada tem sempre programações especiais para os surdos e fica na Rua Paranapiacaba, no 127, Piedade.
Diretoria da Alvorada e organizadores do encontro
notícias regionais
Paraná realiza Seminário voltado para os surdos
Cerca de 700 pessoas participaram do seminário
O III Seminário Paranaense de Surdos, de 18 a 21 de agosto, em Faxinal do Céu (PR) , destacou-se pela qualidade da programação e presença de participantes. O evento foi organizado pela Secretaria de Estado de Educação/ Departamento de Educação Especial em parceria com a FENEIS/PR. Estiveram presentes os representantes da FENEIS Antônio Mário Sousa Duarte (presidente da FENEIS), Rosani Suzin (Feneis/ PR), Marcelo Silva Lemos (primeiro-vice-presidente da FENEIS) e Shirley Vilhalva (segunda vice-presidente) que palestraram respectivamente sobre O papel da FENEIS nos movimentos surdos brasileiros, Contribuições da legislação à cidadania surda; Motivação; e Índios Surdos: Caminhos a percorrer na Educação. Também participaram da programação Marcos Antônio Sousa (MG), palestrando sobre A formação da consciência crítica do Surdo; Rimar Romano (SP), sobre Atividades Culturais; Paulo André (RJ) , sobre O que você precisa saber
Grupo expressivo de intérpretes presente no encontro do Paraná
sobre as drogas; Cacau Mourão sobre A arte do corpo em movimento. Diversas oficinas marcaram tardes e manhãs do evento, alternando as palestras. Os participantes se dividiram em grupos, participando em diversos ambientes de temas como Libras I, Poesia em Libras, Teatro e Expressão Corporal, Drogas, Liderança Surda e Legislação, Teatro Infantil. Libras e Corporalidade, Comunicação dos Surdocegos, entre outros.
A oficina de teatro atraiu os participantes
Da esquerda para direita, Marcia Elisa de Pol, Karin Lilian Strobel, Sueli Fernandes, Josefa Maria de Oliveira Povh, Veralucia Carvalho e Rosani Favoreto
Rosane, Karin, Vera e Sueli. No centro, Antônio Mário
O grupo aprende um pouco mais sobre a arte do teatro
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notícias regionais
Congresso na Bahia discute a Educação na perspectiva dos surdos Aconteceu de 2 a 4 de novembro, no Auditório da Reitoria da UFBA, o Congresso Nacional sobre Educação de Surdos, numa promoção do Espaço Universitário de Estudos Surdos (EUSURDO), ligado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, e coordenado por Nídia Regina Limeira de Sá. Foi o primeiro evento de grande porte desse Espaço que tem como objetivo desenvolver esforços interinstitucionais para a efetivação de pesquisas e estudos sobre a surdez e sobre os surdos, bem como analisar e propor políticas educativas para surdos no Nordeste, estabelecendo um fórum permanente de debates, em cooperação com instituições sociais e a comunidade surda. O Congresso discutiu o tema
Visão do auditório do Palácio da Reitoria da UFBA lotado no Congresso Nacional sobre Educação de Surdos
Educação Significativa para os Surdos, num Novo Tempo , e contou com inúmeros representantes das comunidades surdas de diversos estados brasileiros, com profissionais surdos (principalmente da área da educação), e com estudantes de um modo geral,, e familiares de surdos. O número de inscritos girou em torno de 600 pessoas. O Congresso
Professoras Nídia Sá (coordenadora do Congresso) e Marlene Gotti(SEESP/MEC), no Congresso Nacional sobre Educação de Surdos.
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discutiu a educação do surdo sob sua perspectiva, a dos profissionais ouvintes e a dos intérpretes de Libras. Houve oportunidade, ainda, para discussões e informações acerca da educação de surdos no âmbito da graduação e da pós-graduação no Brasil.
Tanya A. Felipe, lingüista presente no encontro
Presidente da FENEIS sendo recebido no Congresso Nacional sobre Educação de Surdos - BA
Palestraram os seguintes nomes: Gládis Perlin (UFSC- SC); Enilde Faustich (UnB – DF); Marlene Gotti (SEESP/MEC – DF); Nídia Regina Limeira de Sá – (UFBA - BA); Tania Amara
Felipe (FENEIS – RJ); Viviane Heberle (UFSC - SC); Marta Ciccone (INES – RJ); Kátia Regina Santos (Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro - RJ); Tibiriçá Maineri (Escola Municipal de Ensino Fundamental Helen Keller – RS); Ana Thalhammer (Faculdade Radial – SP); Larissa Rebouças (BA); Tadeu Rocha (Presidente do Conselho Fiscal da FENEIS); André Reichert (UFRGS – RS);
Marlon Jorge Azevedo (FENEIS – AM); Antonio Mário Sousa Duarte (Presidente da FENEIS); Nelson Pimenta (TBS – RJ); Milton Bezerra (BA); Karin Strobell (UFSC – SC); Ricardo Sander (SP); Sidney Feltrin (RJ); Neemias Santana (BA); Iranvith Scantbelruy (Instituto Nely Falcão de Souza – AM); Edgar Correa Veras (CAS – GO); Também estiveram participando Kátia Marangon, representante da Secretária de Educação Especial do Ministério da Educação; Naomar Monteiro de Almeida Filho, reitor da UFBA; Roberto Sidney Macedo, coordenador do Programa de Pós-Graduação da UFBA e Helena de Souza Nunes (UFRGS - RS), coordenadora da Rede Nacional da Formação Continuada de Professores da Educação Básica (SEB/ MEC), dentre outros.
Congresso de Surdos da Bahia Pouco antes do Congresso Nacional o Encontro de Surdos da Bahia, realizado no dia 2 de novembro, no mesmo auditório. A programação do Encontro foi
O presidente da FENEIS ao lado do vice-presidente da CESBA
Palavra do presidente da FENEIS na abertura do Congresso Nacional
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Todos os estados estavam representatados na reunião com os CAS’s
sões da área para o nordeste brasileiro, e o fato de que os surdos baianos tiveram a oportunidade de realizar um encontro com um número significativo de representates do Brasil, sendo capazes, inclusive, de mostrar uma grande articulação política na sistematização de suas idéias.” Ficou decidido que o próximo evento promovido pelo EUSURDO será o Congresso Estadual sobre Educação de Surdos, no mês de junho de 2007, em Salvador - BA. Mais informações e fotos: www.eusurdo.ufba.br
preparada pelo Centro de Surdos do em vista que possibilitaram Colaborou Nídia Sá da Bahia (CESBA), e contou com trazer as mais recentes discusum grupo expressivo de surdos de diversas cidades baianas, bem como de diversos estados do Brasil. Neste Encontro, os surdos elaboraram um importante documento, intitulado: “A Educação que Nós, Surdos, Queremos, e Temos Direito”. Para a composição do texto desse documento, os surdos fizeram uma ampla discussão. Ainda paralelamente ao Congresso, foi realizada, na tarde do dia 3 de novembro, uma reunião com todos os coordenadores e representantes de CAS no Brasil, dirigida pela professora Marlene Gotti (SEESP/MEC). Todos os estados brasileiros estiveram presentes. O Congresso Nacional sobre Educação de Surdos contou com o apoio da SEESP/MEC e da CAPES/ MEC, no âmbito do Programa de Apoio à Educação Especial (Projeto de Apoio ao Pesquisador). Segundo Nídia Regina, esses eventos foram de funMarlene Gotti (foto acima) na oportunidade se reuniu com os coordenadores e damental importância, tenrepresentantes da CAS no Brasil
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espaço aberto
A educação que nós, Surdos, queremos e temos direito Documento elaborado pela comunidade surda a partir do Encontro de Surdos na Bahia, realizado na reitoria da UFBA-Universidade Federal da Bahia O Sistema Educacional Brasileiro O sistema educacional brasileiro procura adaptar-se aos novos paradigmas educacionais. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 205, preconiza que a educação é “direito de todos, dever do Estado e da família, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, o seu preparo para a cidadania e à sua qualificação para o trabalho, assegurando o direito e o respeito às diferenças”. Estamos vivenciando a perspectiva da Inclusão, dimensão social que postula princípios básicos para oferecimentos de oportunidades e direitos iguais à todos, não importando suas diferenças. Na perspectiva de que a educação inclusiva deve ser estruturada em um processo educacional que leve em consideração os limites e potencialidades de cada educando. Esse processo educacional deve utilizar-se das vias multi-sensoriais no processo de aprendizagem, não só pela visão e/ou audição, mas pela interação de todos os sentidos, a fim de proporcionar aprendizagem significativa a todos. Observa-se, então, que reconhecer as diferenças é o princípio básico para o exercício da prática docente em atenção às diferenças em classe inclusiva. Todavia, o que se tem perce-
bido, em grande parte, nas escolas públicas estaduais são classes tidas como homogêneas, preponderando sempre um ensino descontextualizado, sem aprendizagem significativa, apenas mecânica e, portanto, desconectada da realidade dos educandos surdos. É necessário oferecer condições de qualidade educativa para as pessoas surdas, a fim de que possam se desenvolver conforme suas potencialidades, e tal situação só poderá ocorrer de fato no momento em que a opinião do surdo seja respeitada. E no momento ele clama pela sala só para alunos surdos, sem que esse clamor represente sua exclusão no sistema de ensino, pois a Inclusão existente atualmente acaba ficando somente no sistema de ensino. Isso porque há uma organização que implícita ou explicitamente valoriza o ouvir, o saber ouvir, o ser ouvinte, trazendo uma relação excludente entre os ouvintes e seus pares. As aulas não são apropriadas para o aluno surdo, são utilizadas apenas técnicas de memorização, apenas por verbalizações sobre o objeto a ser aprendido, de forma mecânica e descontextualizada. Não há recursos suficientes, nem sensível interesse para a realização de ações pedagógicas que auxiliem no desenvolvimento
cognitivo desses alunos, propiciando a todos os alunos o contato com os objetos a serem aprendidos, utilizando-se apenas modelos para ouvintes. As políticas educacionais devem levar em consideração as diferenças e as situações individuais dos alunos surdos, enfatizando-se a necessidade de um movimento transformador da educação como um todo, não se referindo só ao processo de inclusão escolar, mas propondo alternativas que viabilizem a qualidade do ensino, através de propostas pedagógicas significativas.
A Educaçao de Surdos na Bahia numa Perspectiva Inclusiva O que se pode perceber é que o processo de inclusão dos alunos surdos, nas classes regulares de ensino, não está acontecendo como preconizam as leis: o diálogo e o espírito crítico não são exercitados nos âmbitos escolares. Segundo os surdos que participaram do Encontro de Surdos na Bahia,o aluno surdo em classe inclusiva ainda é norteado pela obrigação de igualar-se à cultura ouvinte, seguindo os fundamentos lingüísticos, históricos, políticos e pedagógicos desta cultura. Mas, é necessário que se leve em conta que a escola, ao
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considerar o surdo como ouvinte numa lógica de igualdade, está lidando com uma pluralidade contraditória e, conseqüentemente, negando a singularidade do indivíduo surdo, como afirmam vários estudiosos do ramo. Os órgãos governamentais legitimam o processo de inclusão social, mas não provêm as escolas públicas de recursos para o atendimento educacional de qualidade para todos. A utilização da Língua de Sinais é um exemplo nítido,pois lhes afirma o direito ao uso, no entanto, há apenas a recomendação para que pais e professores aprendam essa língua, sendo que muitos professores de escolas públicas não sabem a Libras. Não se trata apenas de optar pelo processo de inclusão na escola regular, é necessário propor meios e alternativas que, considerando a existência da cultura surda, a ele seja permitida aprendizagem significativa. Apesar da quase abundância de leis, no que se refere à educação inclusiva, é possível afirmar que falta, além de uma formação do profissional da educação; formação de professores intérpretes e a proposta de meios e modos de execução de uma prática pedagógica comprometida. É uma inovação que implica perpétuo esforço de atualização e reestruturação das condições atuais da maioria das instituições de nível fundamental, médio e superior. Sendo assim, encontramos um paradoxo no que se refere as propostas de inclusão e as reais condições das classes inclusivas para o aluno surdo. Observamos que as necessidades dos sujeitos surdos não se restringem apenas às questões pertinentes à linguagem, mas há, também, uma gama de outros fatores, como a forma visual de
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apreensão do mundo, tão renegada na escola inclusiva, pois não há uma reestruturação curricular pedagógica, para aproveitamento dos recursos pictóricos e de sinais. O currículo se encontra apenas adequado para estudantes ouvintes, não contemplando todos os alunos. O papel do educador é de extrema relevância para o aprendizado do aluno surdo, através do uso de metodologias adequadas à sua realidade e da utilização da primeira língua (Libras), além dos mais variados recursos de comunicação e o ensino da segunda língua (Português). Contudo, uma grande parte do professorado da classe inclusiva em redes de ensino, sequer conhece ou ouviu falar da Língua Brasileira de Sinais, o que dificulta ainda mais o processo satisfatório da inclusão para os surdos. Segundo os alunos surdos, o que ocorre nas salas de inclusão não são aulas apropriadas para o aluno surdo, são técnicas de memorização, apenas por verbalizações sobre o objeto a ser aprendido, de forma mecânica e descontextualizada. Não há recursos suficientes nem sensível interesse para a realização de ações pedagógicas que auxiliem no desenvolvimento cognitivo desses alunos, propiciando a todos os alunos o contato com os objetos a serem aprendidos, utilizando-se modelos desses objetos.
A Educação que nós ,Surdos, Queremos e Temos Direito Para a efetiva realização de uma educação de qualidade para os surdos, nós reivindicamos: 1. Direitos iguais para todos como base para uma sociedade mais justa e igualitária, como preconizam a Constituição Federal Brasileira e a
Declaração de Salamanca, o Decreto 5626/2005 e a recomendação 01/2006 do CONADE encaminhada para o Conselho de Pessoas com Deficiência; 2. Reestruturar o curricular pedagógico para aproveitamento dos recursos pictóricos e de sinais, pois o currículo se encontra apenas adequado para estudantes ouvintes; 3. Implementar a Língua de Sinais nos currículos escolares; 4. Assegurar a presença do professor surdo e do intérprete profissional na sala de aula; 5. Alfabetizar crianças surdas através do Bilingüismo; 6. Participação política educacional das pessoas surdas nos processos de discussão e implementação de Leis, Decretos, etc.; 7. Oferecimento de vagas para professor surdo nas Instituições de Ensino, principalmente para o ensino da Língua de Sinais; 8. Garantia de acesso a cultura surda; 9. Construção de escola de surdos e creche para crianças surdas, com estrutura proporcional para tal; 10. Inserir nos programas educacionais, inclusive nos telejornais a legenda e janela de intérprete; 11. Formação diversificada e ampliação de cursos para surdos; 12. Assegurar o acesso a recursos tecnológicos que auxiliem no processo de aprendizagem dos alunos surdos, inclusive o painel de legenda em sala de aula para os alunos surdos que solicitarem; 13. Concursos públicos com garantia de 20% da reserva de vagas para surdos.
internacional
Encontro reúne membros da FMS no Chile De 24 a 28 de outubro, os membros da Federação Mundial de Surdos (FMS) estiveram reunidos na 1ª Convenção Sulamericana de Pessoas Surdas, realizada em Santiago, no Chile. Além do presidente da FENEIS, Antônio Mário Sousa Duarte, representando o Brasil, estiveram participando da Convenção educadores, pais e amigos da comunidade surda, representantes da Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Venezuela. O objetivo do evento foi promover um espaço de reflexão, dentro do contexto da realidade surda chilena e gerar iniciativas e planos de trabalho conjunto em sintonia com as metas da FMS. O evento também possibilitou os presentes conhecerem um pouco sobre os problemas da cada um dos países membros e participar de debates sobre temas relacionados à surdez, como língua, cultura, comunidade, participação social e cidadania, educação e direitos. O Encontro contou com palestrantes como Dr. Roz Rosen, dos Estados Unidos, que falou sobre Direitos Humanos e Educação; Dr. Jay Innes, coordenador de educação da Universidade Gallaudet, nos EUA, ministrando sobre o tema Liderança Social e Educacional; Martha Lucia Osorno, colombiana e membro da FMS, que abordou a questão das Mulheres Surdas; e Cira Moran Poleo, venezuelana e Secretária Sulamericana da FMS, expondo sobre Liderança; entre outros.
Antônio Mário com Marianne Stumpf, diretora de políticas educacionais da Feneis. Ambos estiveram representando a FENEIS no Chile
Festa dos 80 anos da Associação do Chile: um dos destaques foi o desfile de miss
Com Maria Eugenia Rios, presidente da Federação Nacional de Surdos da Venezuela
Os nove presidentes das entidades representativas dos surdos na América do Sul e os nove delegados
Com a intérprete do evento. A Língua de Sinais foi interpretada para 9 países representados Com a representante da Associação de Jovens Surdos do Chile
Presidente da Federação de Surdos do Equador, Vinício Baquero Programações culturais, com danças e coreografias marcaram o evento
O presidente da Federação de Surdos da Bolívia, Aníbal Subirana, e o delegado boliviano Marcelo Quiroga
Grupo de brasileiros presentes no Encontro
Vice presidente da FMS, Feliciano Sola; presidente da Feneis, Antônio Mário Sousa Duarte; e membro da FMS, Len Mitchell
Maquete da Sede da Associação de Surdos do Chile Reunião da FMS com os delegados de nove países
Homenagem especial aos 80 anos da Associação de surdomudos do Chile
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internacional
Pela primeira vez, encontro reúne jovens surdos do Cone Sul Com o objetivo de incentivar a participação e capacitar os jovens surdos a repetirem a iniciativa em suas cidades, o 1º Encontro de Jovens Surdos do Cone Sul foi realizado de 18 a 20 de agosto, em Buenos Aires, Argentina. Esta é a primeira vez que o evento, de responsabilidade do Departamento Juvenil da Confederação Argentina de Surdos (DJCAS), é promovido. A idéia dos organizadores é que outras edições sejam organizadas, em diferentes países, proporcionando o encontro e congraçamento dos jovens surdos do Cone Sul. Na ocasião, o Brasil esteve representado por Rodrigo Machado, da FENEIS-RS, e André Weizenmann, da Sociedade dos Surdos do Rio Grande do Sul. Durante o evento, que contou com a participação de cerca de 55 jovens, Rodrigo Machado apresentou a proposta de que, em 2008, o Brasil seja a Sede do Encontro, que ocorrerá a cada dois anos. Após uma eleição o Brasil foi vitorioso com 15 votos a favor e recebeu um troféu, que ficará no país até 2008. Antes deste evento, os jovens surdos da América do Sul não se conheciam, nem participavam dos encontros e congressos organizados pela Federação Mundial de Jovens Surdos (WFDys).
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Grupo de jovens que participaram do Cone Sul
Essa foi a primeira vez que tiveram a oportunidade de estarem reunidos para compartilhar necessidades, experiências, a política de cada país, o desenvolvimento da participação surda nos movimentos da confederação e de diversas instituições, entre outros temas. A organização do evento percebeu que há a necessidade de iniciar uma nova sustentação, a “Missão Cone Sul”, de intercâmbio entre os jovens do Cone Sul, para efetivação de contatos, compartilhamento de movimentos e da língua, e como plataforma para propostas à Federação Mundial de Surdos. Segundo Rodrigo, “é impor-
tante participar do movimento de jovens surdos para construção da identidade surda verdadeira. É dessa forma que a comunidade surda se fortalece. A participação nos eventos, além de treinar os jovens em atividades de lazer e organização, também estimula o trabalho em conjunto, para que possam compartilhar experiências gratificantes e fiquem cientes de sua capacidade de tornarem-se reais protagonistas de seu futuro”, incentiva. O 2º Encontro de Jovens Surdos do Cone Sul será realizado no Brasil, em Porto Alegre (RS), em julho de 2008. Mais informações e fotos no site http:// www.jovenesordos.com.ar.
notícias regionais
Alunos da Apas/SC visita FENEIS/SP Com o objetivo de conscientizar as pessoas a respeito do consumo indevido de energia, a Companhia de Energia de Santa Catarina (Celesc) lançou o livro “ Aprendendo com a Celesc na Escola”. A publicação é uma sátira da história do Chapeuzinho Vermelho, que ensina ao leitor como economizar energia. A realização desse livro só foi possível porque a Companhia de Energia de Santa Catarina (Celesc) promoveu um concurso que contou com a participação de várias instituições. A vencedora foi a Associação de Pais e Amigos dos Surdos da cidade de São Miguel
do Oeste/SC (Apas), que como prêmio recebeu a verba para produzir o livro. Além da publicação, a Apas ganhou uma viagem para visitar uma instituição que trabalhe com surdos em qualquer cidade brasileira. A FENEIS/SP foi a escolhida pela Apas, sendo contemplada, então, com a visita de 34 pessoas, entre adultos e crianças. Na ocasião, o diretor regional Neivaldo Augusto Zovico explicou ao grupo os objetivos da Federação. Durante a visita ainda foi servido um lanche e houve ainda um momento de troca de experiências e integração entre os alunos e os funcionários da
FENEIS. Alguns exemplares do livro produzido pelas crianças da Apas/SC foram entregues à FENEIS, que presenteou os alunos com uma pequena lembrança.
Mãos voluntárias Palestras...
confraternização... e reuniões marcaram os momentos do evento
A Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos do Distrito Federal (FENEIS/ DF) realizou no dia 4 de novembro um evento para estimular a participação voluntária nos projetos da instituição. A programação realizada no auditório do Senac contou com a presença de cerca de 40 pessoas. Foi um momento único de debates entre surdos e ouvintes interessados na questão do voluntariado. Um dos palestrantes foi Messias Ramos Costa, que ficou bastante feliz com o resultado do Encontro. Segundo ele, o trabalho junto ao surdo é um desafio importante para a sociedade. Durante o evento, 13 pessoas aceitaram o de-
safio e se disponibilizaram para trabalhar voluntariamente ao lado da FENEIS. Já passaram e continuam exercendo cargos na FENEIS muitos voluntários nas áreas cultural , de intérprete, educação, eventos, designer e outras. Várias pessoas falaram de suas experiências, disseram que estavam emocionados e sensibilizadas com a proposta do voluntariado.
Participantes do evento
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endereços
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infantil
Vitória: cercada de amor e carinho dos pais surdos
Recebendo carinho dos pais
Vitória esbanja charme
Ela já sabe Libras
Esta linda menininha se chama Vitória Silva Vieira da Silva, e embora não pareça, ela tem 3 aninhos. Muito charmosa, em visita à FENEIS, ela nos agraciou com sua simpatia e naturalidade. Vestida com a cor que mais gosta, rosa, ela nos contou o segredo de sua saúde. Ela se alimenta bem. Entre suas preferências estão sopa de ervilha e yogurte. Dentre as brincadeiras que mais gosta estão dar banho em suas bonecas, correr com suas coleguinhas, pula-pula,
Vitória é filha do casal Ana Paula P. Silva e Anderson V. Da Silva, ambos surdos. Ela já se comunica com eles em Libras. Durante a entrevista Vitória foi muito carinhosa e gentil conosco, um reflexo do amor recebido em casa. Parabéns aos pais de Vitória pelo estimulo que vem oferecendo a sua pequena, que está desenvolvendo muito bem valores que envolvem amor e educação, se tornando uma menina simpática e atenciosa.
Agarradinha com a mãe
No colinho do pai
balanço, desenhar e tomar um delicioso banho de piscina. “Gosto muito de brincar com meu pai também”, acrescenta. Vida de criança é mesmo uma delícia!
Colaborou Rita Lobato
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