FICHA TÉCNICA REALIZAÇÃO Provisório Permanente Produções Culturais COORDENAÇÃO GERAL Valterlei Borges CURADORIA Viviane Vergueiro e Helder Thiago Maia PRODUÇÃO Sandra Pinto ASSISTÊNCIA DE PRODUÇÃO Thaís Antunes GESTÃO DE REDES SOCIAIS E MÍDIAS DIGITAIS Fernanda Lima ASSESSORIA DE IMPRENSA Joyce Lima IDENTIDADE VISUAL Ana Paula Binder e Fred Martins REGISTRO FOTOGRÁFICO Leandro Almeida CONTATO facebook.com/seminariotransfeminismos
ISBN 978-85-5616-005-8
CAIXA CULTURAL | RIO DE JANEIRO | 2016
A CRESCENTE VISIBILIDADE que as comunidades trans e travestis têm alcançado nos últimos anos, tanto no plano nacional quanto internacional, tem trazido à tona debates importantes a respeito das diversas identidades de gênero, incluindo o acesso a seus direitos e a denúncia das violências a que estas comunidades são submetidas cotidianamente. Entre assassinatos, suicídios, violências policiais e exclusões institucionais, também estão sendo produzidos significativos processos de enfrentamento e resistência. Por sua vez, importantes pautas feministas têm sido trazidas ao debate público contemporâneo a partir de uma diversidade cada vez maior de vozes, especialmente nas intersecções de classe, raça-etnia e orientações sexuais. Mulheres periféricas, negras e não heterossexuais, por exemplo, vêm exigindo o direito à autonomia corporal, ao bem-estar e às reparações históricas através de processos políticos que levem em consideração as complexidades e especificidades de suas vidas, para além de categorias universais e homogeneizantes, como as de ‘mulher’ e ‘homossexual’. Neste contexto de lutas, como se situam as perspectivas transfeministas? Há algo de novo nestas perspectivas, situadas entre as lutas trans e travestis e os feminismos cada vez mais plurais? Imaginamos que estas questões permearão todo o seminário, e que a efetiva ‘novidade’ transfeminista esteja justamente no seu potencial de diálogo e aliança, teorização e prática coletivas entre as lutas trans, travestis e feministas. Neste sentido, o propósito deste evento é apresentar um convite à reflexão sobre algumas das principais questões relacionadas a identidades de gênero, com destaque às lutas que vêm sendo feitas pelas comunidades e ativismos trans e travestis, e em diálogo com a construção de teorias e práticas transfeministas. Em três mesas de debate, trazemos pessoas trans e travestis de diferentes áreas
de conhecimento e perspectiva política para promover diálogos sobre o atual cenário político do projeto de Lei de Identidade de Gênero (João W. Nery), a esfera do trabalho e o acesso à educação entre as comunidades trans e travestis no Brasil. Esperamos contribuir, sem pretender esgotar os necessários debates sobre estes temas, para reflexões e encaminhamentos críticos dentro daquilo que compreendemos como um campo transfeminista de atuação política: por um lado, a construção de alianças e aprendizados com as lutas feministas, para o fortalecimento das lutas políticas ligadas a questões trans e travestis; e, por outro lado, a crítica interseccional necessária, aos feminismos e movimentos LGBT, sobre a urgência de considerarmos a identidade de gênero uma dimensão subjetiva importante, entre tantas outras, para as lutas contemporâneas por equidade e transformação social. Estamos confiantes de que teremos uma oportunidade significativa para pensar estas questões, durante o seminário Transfeminismos: novas perspectivas dos feminismos.
VIVIANE VERGUEIRO Ativista transfeminista, Mestra em Cultura e Sociedade pela UFBA e pesquisadora sobre identidades de gênero e diversidades corporais do CuS/UFBA.
HELDER THIAGO MAIA Doutorando em Literatura Comparada pela UFF, pesquisador sobre identidades de gênero e sexualidades dissidentes do CuS/UFBA, autor do livro O Devir Darkroom e a Literatura Hispano-Americana.
QUARTA-FEIRA | 6 DE ABRIL
TRANSFEMINISMOS E A LEI JOÃO NERY NESTA MESA SERÁ DEBATIDO o PL 5002/2013, proposta pelos deputados federais Jean Wyllys e Erika Kokay, cuja tramitação está atualmente na CDHM da Câmara dos Deputados. João Nery, escritor e ativista trans, cuja história de vida serviu de inspiração para este projeto de lei, debaterá o mesmo juntamente com Hailey Kaas, uma das principais divulgadoras do Transfeminismo no Brasil. Hailey, militante trans e criadora do site Transfeminismo.com, além de debater a lei, apresentará ao público algumas das principais viradas epistemológicas propostas pelos Transfeminismos. A mesa será mediada pela mestra em Cultura e Sociedade Viviane Vergueiro, cujos textos autoetnográficos têm sido publicados em espaços acadêmicos e ativistas.
VIVIANE VERGUEIRO (BA) Mestra em Cultura e Sociedade pela UFBA e pesquisadora do CuS/CULT, Viviane tem pesquisado e participado de eventos sobre questões relativas a identidades de gênero e diversidades corporais, a partir de perspectivas descoloniais e queer.
JOÃO NERY (RJ) Escritor e ativista trans niteroiense, conhecido como o primeiro transhomem do Brasil, é autor de dois livros sobre transexualidades. A sua autobiografia Viagem Solitária: Memórias de um Transexual é uma das fontes de inspiração para a Lei de Identidade de Gênero. Membro fundador da ABHT, Associação Brasileira de Homens Trans.
HAILEY KAAS (SP) Ativista paulistana, é uma das criadoras do site Transfeminismo.com e uma das principais divulgadoras e teóricas dos transfeminismos no Brasil.
QUINTA-FEIRA | 7 DE ABRIL
TRANSFOBIA E EMPREGABILIDADE
NESTA MESA, MEDIADA pela pesquisadora transfeminista Jaqueline Gomes de Jesus, serão debatidas as dificuldades encontradas por pessoas trans para conseguirem tanto empregos formais quanto autonomia econômica, levando-as consequentemente à prostituição. Discutiremos também a transfobia institucionalizada pelo Estado brasileiro diante da falta de leis que assegurem proteção a essa camada da população. Daniela Andrade falará sobre as dificuldades e violências enfrentadas por pessoas trans no mercado de trabalho, além da experiência pioneira do site Transempregos, financiado pela OAB/SP. Indianara Siqueira, uma voz atuante pelos direitos das prostitutas, discorrerá sobre as violências enfrentadas por essa população diante da atual desregulamentação deste trabalho.
JAQUELINE JESUS (RJ) Ativista, doutora em psicologia social e pesquisadora pela UFRJ, Jaqueline é uma das mais importantes vozes acadêmicas sobre transfeminismos, tendo organizado o livro Transfeminismos: Teorias e Práticas, entre vários outros trabalhos de relevância nos temas relativos a identidades de gênero e orientações sexuais.
DANIELA ANDRADE (SP) Ativista e teórica trans, é uma das criadoras do site Transempregos, patrocinado pela OAB/SP, que tem possibilitado a inserção de pessoas trans no mercado formal de trabalho. Daniela mantêm também a página Transexualismo da Depressão no facebook.
INDIANARA SIQUEIRA (RJ) Ativista transvestigenere, uma das principais vozes cariocas sobre a regulamentação da prostituição e lutas relacionadas a identidades de gênero, é a fundadora do coletivo TransRevolução e um dos nomes na construção do projeto educacional PreparaNem.
SEXTA-FEIRA | 8 DE ABRIL
PESSOAS TRANS NO CISTEMA EDUCACIONAL A MESA, QUE CONTA com uma acadêmica (Luma Andrade), uma professora (Luiza Coppieters) e uma ativista afrotransfeminista e estudante de Pedagogia (Maria Clara Araújo), visa debater e refletir criticamente sobre os processos de resistência e de assujeitamento de pessoas trans no âmbito educacional, seja em suas dimensões de exclusão e transfobia explícitas, seja nas normatividades de gênero que estruturam currículos e práticas pedagógicas deste sistema educacional que está pensado exclusivamente para sujeitos cisgêneros.
LUMA ANDRADE (CE) Doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará, considerada a primeira travesti a ingressar num curso de doutorado no Brasil, é autora do livro Travestis na escola: assujeitamento e resistência à ordem normativa.
MARIA CLARA ARAÚJO (PE) Graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal de Pernambuco, é ativista afrotransfeminista e colaboradora da revista Capitolina e do site Blogueiras Negras.
LUIZA COPPIETERS (SP) Formada em Filosofia pela USP, é professora de Filosofia com mais de quinze anos de experiência, e participa do Conselho Municipal de Políticas LGBT de São Paulo.