Seminário Transfeminismos RJ 2018

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CAIXA CULTURAL | RIO DE JANEIRO | 2018

FICHA TÉCNICA REALIZAÇÃO Provisório Permanente Produções Culturais COORDENAÇÃO GERAL E PRODUÇÃO Valterlei Borges CURADORIA Viviane Vergueiro e Helder Thiago Maia CURADORIA LOCAL Jaqueline Gomes de Jesus ASSISTÊNCIA DE PRODUÇÃO Maria Elis Costa Alencar GESTÃO DE REDES SOCIAIS E MÍDIAS DIGITAIS Fernanda Lima IDENTIDADE VISUAL Ana Paula Binder REGISTRO FOTOGRÁFICO Bernardo Gomes AUDIOVISUAL Coletivo Melé INTÉRPRETE DE LIBRAS Priscila da Costa Scovino ASSESSORIA DE IMPRENSA Joyce Nascimento Lima CONTATO facebook.com/seminariotransfeminismos


TRANSFEMINISMO: PENSAMENTO E AÇÃO FEMINISTA

acerca da sociedade. Passados dois anos da primeira edição do “Seminário Transfeminismos: Novas Perspectivas dos Feminismos”, voltamos os olhares para os avanços e desafios frente às transformações sociais que marcaram o aumento da visibilidade da população trans e travesti no Brasil. Analisamos, aqui, os meandros de uma sociedade transfóbica, na qual as identidades trans são consideradas menos dignas, senão menos humanas, do que as cis (quem não é trans). Partimos de perspectivas as quais, erroneamente, não são entendidas como feministas, dada uma falaciosa separação entre feminismo e transfeminismo, derivada de uma ideologia biologicista acerca de quem são as mulheres e suas diversidades. Acreditamos, ao contrário, nas aproximações e solidariedades necessárias para que cissexismos, sexismos, racismos e outras formas de hierarquização sejam enfrentadas conjuntamente. No Brasil, pessoas transfeministas têm criado vocabulário e práticas sociais que auxiliam no debate das pautas urgentes da comunidade trans e travesti, que envolvem a negação contundente de seus direitos humanos fundamentais: o direito à identidade, ao ir e vir e ao próprio corpo, ao uso de espaços de uso comum, entre tantos outros, que resultam no impedimento de acesso à educação e trabalho formal, por exemplo. Em 2016, refletimos sobre o Projeto de Lei - PL 5002/2013, conhecido como Lei João W. Nery, que legaliza o direito à retificação do registro civil (nome e sexo nos documentos); identificamos lacunas e oportunidades para a inclusão laboral; e apontamos caminhos para a desconstrução do cistema educacional que expulsa e ignora as vidas trans e travestis. Neste ano, avançamos tendo como referências os passos já dados, dialogando sobre algumas das questões que nos mobilizam hoje, na conjuntura em curso. Iniciaremos o seminário em sintonia com as eleições, considerando a política como um instrumento estratégico para a cidadania trans e travesti, por meio da ocupação de espaços partidários e dos Poderes, em particular o Legislativo. Também olhamos para trás, ouvindo as mais velhas, conhecendo suas valiosas memórias e aprendendo como prosseguir a caminhada de forma consciente. Trataremos da luta pela despatologização das identidades trans e travestis, com seus embates teóricos e práticos. E enfim, participamos do atualíssimo debate sobre representatividade trans nas artes, compreendendo aspectos do apagamento e exclusão socioeconômica de artistas trans e travestis, que se alia, paradoxalmente, ao crescente interesse sobre as vidas dessa população. Novas políticas. Antigas memórias. Mesma humanidade. Vários pontos de vista. A construção social que será descortinada ao longo de quatro dias, chamada de identidade de gênero, não se remete apenas às pessoas trans e travestis, esta comunidade tão aviltada porém resistente em lutas e amores, mas também fala às pessoas que se identificam com o gênero que lhes foi atribuído quando nasceram, as cis, como provavelmente deve ser uma boa parte dos que leem esta apresentação, e que estão convidadas a se afetarem por tantas ideias, iniciativas e gentes trans-formadoras.

Jaqueline Gomes de Jesus, Viviane Vergueiro, Helder Thiago Maia CURADORIA


TERÇA-FEIRA | 27 DE MARÇO

POLÍTICAS TRANSFEMINISTAS NESTE ESPAÇO PARA REFLEXÕES e diálogos, teremos uma conversa com Linda Brasil, mestranda em educação pela UFS e idealizadora da CasAmor, e Indianare Siqueira, ativista transvestigênere e idealizadora da CasaNem, para pensar as lutas trans e travestis a partir de distintos lugares e demandas políticas, seja em instituições acadêmicas, nas esferas político-partidárias, ou em iniciativas autônomas por sobrevivência. Com a mediação da professora Jaqueline Gomes de Jesus, curadora do Seminário Transfeminismos − Rio de Janeiro, esperamos que esta mesa traga contribuições significativas para pensarmos a necessidade de complexificar as lutas trans na América Latina, desafiando-nos à elaboração de teorias, estratégias e práticas transfeministas mais críticas.


JAQUELINE GOMES DE JESUS (RJ) Professora de Psicologia do Instituto Federal do Rio de Janeiro - IFRJ. Doutora em Psicologia Social e do Trabalho pela Universidade de Brasília - UnB. Pesquisadora-Líder do ODARA - Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Cultura, Identidade e Diversidade (IFRJ Belford Roxo). Autora e organizadora do livro “Transfeminismo: Teorias e Práticas”. Agraciada com o Prêmio Rio Sem Homofobia e a Medalha Chiquinha Gonzaga, concedida pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro a mulheres com reconhecidas contribuições à sociedade.

LINDA BRASIL (SE) Ativista LGBT e Transfeminista, Mestranda no programa de Pósgraduação em Educação pela UFS, integrante de Amosertrans (Associação e Movimento Sergipano de Transexuais e Travestis) e Idealizadora da CasAmor.

INDIANARE SIQUEIRA (RJ) TransVestiGênere, Vereadora Suplente do PSOL Carioca, Presidente de TransRevolução, idealizadora da CasaNem e PreparaNem.


QUARTA-FEIRA | 28 DE MARÇO

MEMÓRIAS TRANSFEMINISTAS QUAL A IMPORTÂNCIA de pensarmos as im+possibilidades de memórias das comunidades trans/ travestis e retomarmos as sobreviventes? Memórias essas fundamentalmente orais? Nesta mesa, mediada pela ativista Andréa Brazil, presidenta da Associação de Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro, a militante Sissy Kelly, engajada nas questões das pessoas em situação de rua, e a artista Divina Aloma, cover oficial de Diana Ross e Elza Soares, trarão elementos críticos para pensar esta questão. Um encontro histórico e uma oportunidade singular para aprendizados, afetações e inquietações políticas que entrelaçam trajetórias pessoais e lutas coletivas por sobrevivência.


ANDRÉA BRAZIL (RJ) Presidente em Exercício da Astra Rio (Associação de Travestis e Pessoas Transexuais do RJ), Transfeminista, Defensora de Direitos Humanos, Militante e Ativista por Direitos LGBTs há mais de 14 anos. Coordenadora RJ (RNTTHP).

SISSY KELLY (BH) Mulher Transgênera, prostituta na ditadura militar e ativista social pelas populações mais vulneráveis e trans.

DIVINA ALOMA (RJ) Baiana, natural de Salvador, uma das principais integrantes da chamada “primeira geração de travestis brasileiras”, estilizou sua existência na cidade do Rio de Janeiro, ainda na década de 1960, investindo em mudanças e intervenções corporais e subjetivas. Artista, musa, atuou em importantes palcos do cenário carioca, nacional e internacional.


QUINTA-FEIRA | 29 DE MARÇO

DESPATOLOGIZAÇÃO NESTE ANO EM QUE SE ESPERA a aprovação de uma nova versão (a 11ª) da Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial de Saúde, e no qual debatemos as repercussões da Opinião Consultiva da Comissão Interamericana de Saúde que defendeu o direito à livre identificação de gênero, prosseguimos com a campanha internacional em defesa da ideia de que as condições relacionadas a trajetórias trans e travestis podem ser alocadas para fora do campo dos ditos transtornos mentais. Como re+pensar os desafios para o acesso à saúde destas populações, aquém de códigos e manuais? Esta mesa, mediada por Viviane Vergueiro, traz a advogada Maria Eduarda Aguiar em diálogo com a ativista argentina Marlene Wayar, para trazer complexidades ao debate sobre a despatologização das identidades de gênero.


VIVIANE VERGUEIRO (BA) Viviane Vergueiro é pesquisadora do grupo de pesquisa Cultura e Sexualidade (CuS-UFBA), do LABTRANS-UFRB e do ODARA-IFRJ. Ativista transfeminista interseccional, colaboradora no coletivo De Transs pra Frente, mestra em Cultura e Sociedade (Pós-Cult-UFBA) e doutoranda em Estudos sobre Mulheres, Gênero e Feminismos (PPGNEIM-UFBA).

MARIA EDUARDA AGUIAR (RJ) Advogada desde 2009, recebeu a primeira carteira de nome social emitida pela OABRJ em março de 2017, advogada da Ong Pela Vidda RJ, membro do Fórum de Travestis e Transexuais do Estado do Rio de Janeiro, Coordenadora Estadual da Associação Brasileira das Famílias homo e trans afetivas, Secretária Nacional Rede de Pessoas Trans Vivendo e Convivendo com HIV, membro da Articulação Nacional de Travestis e Transexuais, ativista do movimento trans e movimento de AIDS, atuando na área de direitos humanos para população LGBTI e população em vulnerabilidade social.

MARLENE WAYAR (ARG) É psicóloga social e ativista trans argentina. É diretora de “El Teje”, primeiro jornal travesti da América Latina e co-fundadora da Red Trans de Latinoamérica y el Caribe. Em 2011, recebeu, da prefeitura de Buenos Aires, o Prêmio Lola Mora.


SEXTA-FEIRA | 30 DE MARÇO

ARTES E REPRESENTATIVIDADE A CRESCENTE VISIBILIDADE das trajetórias e comunidades trans e travestis tem evidenciado cada vez mais a necessidade de se pensar o protagonismo e resistência destas pessoas nas mais diversas localizações, interesses, desejos. No campo artístico, a chamada “temática trans” tem uma história significativa, porém tendendo a visões transfóbicas e despersonalizadoras. Propomos esta mesa, mediada pela cordelista Tertuliana Lustosa, para pensar representatividade, presenças e ausências de pessoas trans e travestis (especialmente enquanto protagonistas e criadoras artísticas), em relação à economia das artes, (des)valorizações e exotificações, além do recente manifesto contra o Trans Fake, entre outros temas. Para esta conversa, contamos com as participações dos atores Dandara Vital e Caio Jade.


TERTULIANA LUSTOSA (RJ) Cordelista, escritora e artista visual. Atualmente cursa graduação em História da Arte na UERJ, é uma das idealizadoras do Coletivo Xica Manicongo, além de atuar como professora de Artes no PreparaNem. Publicou os ensaios “Manifesto Traveco-terrorista”, na Revista Concinnitas/UERJ e “A lenda da trava leiteira” na Revista Periodicus/UFBA.

DANDARA VITAL (RJ) Atriz há nove anos, mantém a decisão de sublinhar a manutenção da travestilidade no corpo, como forma de preservação, resistência e diferenciação do seu trabalho de atriz - memória, estratégia e sobrevivência. Natural de Niterói-RJ, iniciou sua formação artística em curso ministrado por Celina Sodré num projeto chamado “Damas em Cena”.

CAIO JADE (SP) Homem trans, trabalha com performance, escrita, vídeo e fanzine. Pesquisa performances de pessoas Trans, corpos militares e masculinidades não hegemônicas. Integra o Coletivo T e o MONART, ambos em busca de Representatividade Trans nas Artes.



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