HAIKAI
O bico do pássaro tem a forma da Lua: a noite vai assobiar. Pássaros infestam minha plantação: não afugento todos. Velhos desenhos no fundo da arca: tão pouca a diferença! Adeus inverno! O vento de setembro descongela o céu. A cigarra canta meu filho dorme tempo de amor.
Meu amor trouxe um pouco de peixe. Beijei-a e rezei. Meu irmão é o músico da aldeia. As canções que toca fazem parte de mim. Meu quimono seca no pé de bambu. Percebo brotos crescendo debaixo. Peguei o recém-parido e o enterrei em palhas de arroz: — Meu filho nasceu. Voltei mais cedo da viagem. Pressenti um canto desamparado.
Cascas pelo chão: a pequena cotovia lançou-se ao voo. Chá a água e a planta vêm ao poema. A abelha enjoa com o próprio mel. Lanço-me à estrada. No meio da plantação o formigueiro continua, duradouro. Despi as roupas no rio. Os peixes não estranharam.