1º Edição - Revista Safra Rica

Page 1

1


2


3


4


5


CITROS

Humberto Vinícius Vescove

Florescimento em laranjeiras O florescimento em laranjeiras é determinante para a produção das plantas cítricas, é uma forma de prosperidade e propagação da espécie. Conforme Sanches (2005), a emissão de flores consiste no resultado final de vários processos fisiológicos e sequências bioquímicas controladas por ações gênicas. O florescimento de Citros é precedido por um período em que as gemas vegetativas se transformam em reprodutivas devido a estímulos (LOVATT et al., 1998). A emissão de flores ocorre em brotações vegetativas novas emergidas das gemas dormentes dos ramos, devido a um período de inverno ou de dormência por déficit hídrico. De acordo com Joaquim (2010), ramos formados no início do outono tendem a aumentar o processo de florescimento. Um dos principais fatores que influenciam a produção de plantas cítricas é o florescimento (SANCHES, 2005), pois de acordo com Goldschimit (1999) e Prado (2006), a produção de laranjeiras depende do número e do tamanho de frutos colhidos que serão determinados não só pela fixação e crescimento de frutos, mas também pelo processo de florescimento. Os principais fatores que levam à transição da fase vegetativa para a reprodutiva nas plantas são a temperatura, água e fotoperíodo, porém no caso do citros, somente a temperatura e a disponibilidade de água afetam essa transição, pois esta cultura

6

não responde ao fotoperíodo (SANCHES, 2005). Segundo Shalhevet & Levy (1990) citado por Zanini; Pavani; Silva (1998), em climas tropicais, que é o caso da citricultura paulista, um período de seca pode causar a inibição da produção de ácido giberélico nas raízes e consequentemente resultar na indução do florescimento, enquanto em regiões mais frias, as baixas temperaturas ocasionam a dormência, levando ao florescimento no período da primavera. Em climas tropicais a floração ocorre sem

interrupção ao longo do ano, porém a florada principal geralmente acontece durante a primavera (IGLESIAS et al., 2007). No estado de São Paulo a floração mais importante ocorre no final do inverno e início da primavera, principalmente devido ao início da temporada de chuvas associado a temperaturas amenas (SANCHES, 2005). O repouso da planta cítrica, devido à paralisação do crescimento vegetativo ocasionado pela seca ou frio, resulta em um acúmulo de reservas consumidas rapidamente durante o florescimento (LOVATT et al., 1998). Ou seja, o pomar de citros produz novas brotações durante a primavera e o outono, na qual parte de suas gemas são estimuladas a produzir, necessitando, dessa forma, de energia que é proveniente da diminuição da atividade metabólica da planta, provocada normalmente pelo período de seca na região tropical, resultando no florescimento geralmente na primavera (JOAQUIM, 2010). A intensidade do florescimento em citros é maior quanto maior for o período de estresse hídrico ou por temperatura baixa. O efeito da falta de água (estresse hídrico) está na dormência dos ramos vegetativos, permitindo a retomada do crescimento vegetativo e floral quando retornarem as condições hídricas (GUARDIOLA, 1997). Para o Estado de São Paulo o florescimento mais concentrado ocorre no


Humberto Vinícius Vescove Engenheiro Agrônomo

surto de crescimento da primavera, quando a laranjeira inicia a emissão de ramos vegetativos e reprodutivos. Outros surtos vegetativos e reprodutivos podem ocorrer no verão ou outono, mais geralmente com menores intensidades. Há alguma técnica que o produtor pode utilizar para contribuir para um melhor florescimento e “pegamento” dos frutinhos nas laranjeiras? Sim. A escolha de uma muda com bom material genético, um preparo e correção do solo adequado no momento do plantio, boa nutrição, boa sanidade das plantas e a utilização de técnicas como a irrigação são fatores que podem fazer a diferença, sendo capaz de potencializar o florescimento e a produção das plantas. É preciso ratificar que o clima influencia de forma decisiva todas as etapas da cultura e não é diferente para a fase de florescimento, os principais fatores climáticos que influenciam a citricultura são a temperatura, radiação solar, umidade relativa, chuvas e ventos. Em temperaturas iguais ou superiores a 36°C, observa-se que a taxa de respiração é maior que a de fotossíntese. Com o aquecimento excessivo das folhas, há

destruição da clorofila e bloqueio da translocação da água resultando na desorganização do balanço nutricional da planta. A partir de 32°C, observa-se um decréscimo na taxa de crescimento, até cessar por completo acima de 39° C (EMBRAPA, 2005) Um bom florescimento em laranjeiras não significa uma boa safra para a próxima colheita, muitos são os fatores que influenciam no “pegamento” das flores, desde fatores bióticos e abióticos, conforme já citado, mas uma florada com boa intensidade e sadia tem maiores chances de um bom “pegamento” de frutinhos. O total de flores que viram frutos raramente é superior a 5%, podendo, muitas vezes, ser inferior a 0,5% (AGUSTÍ; GARCÍAMARÍ; GUARDIOLA, 1982). A fase de florescimento, dependendo das condições climáticas, pode se estender por mais de 30 dias. O produtor deve ficar atento às precipitações que ocorrem durante essa fase, pois 10 a 12 horas de molhamento nas flores, e dependendo da fonte de inóculo, podem dar condições de infecções do fungo Colletotrichum acutatum causando perdas na produção de frutas pela ocorrência da podridão floral. Essa fase de infecção compreende desde o início do estádio reprodutivo até a queda do pistilo dos“frutinhos” recém-formados. Aplicações de Fungicidas são fundamentais nessa fase para evitar infecções do fungo, sendo que o número de aplicações pode variar de acordo com a quantidade de floradas e intensidade de chuvas. Uma boa nutrição nas vegetações novas auxilia no “pegamento” dos “frutinhos”. Pulverizações com macro e micronutrientes em pré florescimento e floração plena (antese) são importantes e podem auxiliar na fixação de frutinhos, sendo importante sempre analisar as amostras de folhas antes das recomendações. Com certeza a fase de florescimento em laranjas é o primeiro e talvez o passo mais importante para obter uma boa produção de laranjas e a sustentabilidade na atividade. Recomendo ao citricultor fazer um planejamento prévio dos tratamentos de florada como: aplicações de fungicidas, aplicações de foliares nutricionais e adubações de solo logo após as primeiras chuvas, ou no caso do produtor ter irrigação, fazer uma parte da adubação via fertirrigação na tentativa de potencializar o florescimento e “pegamento” da safra.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUSTÍ, M.; GARCÍA-MARÍ, F.; GUARDIOLA, J.L.The influence of flowering intensity on the shedding of reproductive structures in sweet orange.Sci. Hortic., v.17, p.343-52, 1982. Citros: o produtor pergunta, a Embrapa responde. In: SANTOS FILHO, H.P.; MAGALHÃES, A.F. de J.; COELHO, Y. da S. (Eds.). Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2005. 219 p. IGLESIAS, D.J.; CERCÓS, M.; COLMENERO-FLORES, J.M.; NARANJO, M.A.; RIOS, G.; CARRERA, E.; RUIZRIVERO, O.; LLISO, I.; MORILLON, R.; TADEO, F.R.; TALON, M. Phisiology of citrus fruiting. Brazilian Journal Plant Phisiology, n.19, v.4, p.333-362, 2007. LOVATT, C.J.; ZHENG, Y.; HAKE, K.D. A new look at the Krauss-Kraybillhipothesis and flowering in citrus. In: INTERNATIONAL CITRUS CONGRESS, 6., 1988, Tel Aviv. Proceedings.... Tel Aviv:ISCC, 1988 p. 475-483. GOLDSCHMIDT, E.E. Carbohydrate supply as a critical factor for citrus fruit devepment and produtivity. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 34(6), p. 1020-1024, 1999. GUARDIOLA, J. L. Overview of flower bud induction, flowering and fruit set. Universidad Politécnica de Valência, Valência-Spain, 1997. JOAQUIM, D. A florada tem início no outono. Disponível em: <http:// www.agrofit.com.br/por tal/citros/55citros/201-a-florada-tem-inicio-nooutono->. Acesso em: 17 jun. 2017. PRADO, A.K.S. Florescimento, frutificação e teores de carboidratos em laranjeiras ‘Valência’ com diferentes cargas de frutos e submetidas ou não à irrigação. Dissertação (Mestrado)Instituto Agronômico, Campinas, 2006. SANCHES, F.R. Iniciação floral e ácido giberélico no florescimento e na produção da lima ácida ‘Tahiti’ (Citruslatifolia, Tanaka). Tese (Doutorado)- Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal, 2005. ZANINI, J.R.; PAVANI, L.C.; SILVA, J.A.A. Irrigação em Citros. Jaboticabal: FUNEP, 1998. 35p. (Boletim Citrícola, 7).

7


A FORÇA DO CAMPO

Sucessão familiar

união é o segredo para a sobrevivência do agronegócio Especialista viveu na prática desafios de substituir o pai – uma mente brilhante dentro da empresa

8

‘‘

Costumo falar que trabalho para minha família, e somente para ela, e meu grande desafio é gerir a união familiar, a harmonia, para que continuemos juntos nos negócios.

‘‘

Tema complexo e cada vez mais incomum no mundo dos agronegócios: é assim que os especialistas conceituam a sucessão familiar, um desafio a ser seguido pelos herdeiros de grandes negócios para conseguir se manterem vivos em um mundo cada vez mais globalizado. A empresária e citricultora Sarita Junqueira Rodas, comanda hoje o grupo Junqueira Rodas, empresa para a qual seu pai, Fábio Rodas, dedicou toda a sua vida e chegou ao topo do agronegócio, mais precisamente da citricultura. Para gerir o “legado de seu pai”, ela teve de enfrentar muitos desafios para manter o grupo focado e unido, dois ingredientes que ela considera como primordiais para sobreviver no competitivo mundo dos negócios. “Infelizmente, quem é pequeno não sobrevive. Não sou eu quem digo isso (...) a maior conquista foi que conseguimos manter a união entre família e a equipe para sermos quem meu pai era”, afirmou em entrevista exclusiva à reportagem. Sarita, além de presidente do Conselho do grupo Junqueira Rodas, é também membro do Conselho de Administração da Montecitrus, outra empresa de destaque no setor. Ela é a primeira mulher a ocupar essa posição. Herança – Suceder o pai, para ela, foi um desafio muito grande. Fábio Rodas faleceu de maneira inesperada em agosto de 2008, quando ela iniciou, havia seis meses, um programa de trainee para acionistas da empresa. “Como acionista, você pode ser o que quiser. Mas um herdeiro tem de conhecer o cotidiano da empresa, o ambiente, se preparar”, afirma. A sucessão familiar se tornou para

ela não apenas uma necessidade – mas, sobretudo, um objeto de estudo que, com a experiência em campo vivida por ela desde o falecimento do pai, se tornou uma verdadeira paixão. Com cursos feitos no Brasil, pela USP, e no exterior, pela Universidade de Harvard, ela se aprofundou na questão e promoveu uma transformação importante dentro da empresa, com uma comunicação mais dinâmica e transparente entre os sóciosproprietários. Ela começará um novo desafio: levar o que sabe para famílias e herdeiros se prepararem para assumirem negócios de família e manterem o nível de competitividade elevado.

Como foi que surgiu a necessidade de se tornar uma gestora? Meu pai faleceu em agosto de 2008. Assumi naquele ano, pois já fazia trainee, um sistema que acreditamos muito. Desse modo, eu já fazia um treinamento para uma governança familiar. O acionista pode ser o que quiser na vida, mas para ser herdeiro familiar, a pessoa precisa conhecer a realidade do empreendimento para decidir o que é melhor para a empresa. Depois que assumi, fizemos um grupo gestor com a família e criamos um conselho de administração do qual sou presidente e também do Grupo Junqueira Rodas. Como a sucessão familiar se mostrou necessária? Os desafios da vida fizeram com que a sucessão fizesse parte do dia a dia e mostraram a importância de me preparar. Desde o falecimento precoce do meu pai, que era o sócio fundador e gestor da empresa, único mandatário, sem ter preparado alguém da família para estar no lugar dele, venho trabalhando sucessão, me especializando nisso para ter as melhores práticas para serem aplicadas e termos melhores resultados, otimização da equipe tanto no ambiente corporativo quanto familiar. Você teve de lidar com algum tipo de pressão? Acho que o grande desafio é realmente suceder grandes líderes. Quando sucedemos pessoas comuns os desafios são mais comuns: aprender o dia a dia da empresa, talvez isso fosse mais fácil, mas quando você sucede alguém brilhante as cobranças e os focos são maiores.


Sarita Rodas (à esquerda), e a mãe Teresa: desafio de suceder o pai.

É preciso ficar atento a duas coisas: a primeira é se desvincular do brilhantismo e tentar mostrar as suas habilidades e a maior de todas é mostrar para a equipe que você também é capaz. Ao longo do tempo fomos construindo todo esse processo de sucessão com a equipe, mostrando as suas habilidades, mostrando que você é capaz. Esse foi o maior sucesso que tivemos, ter conseguido isso junto com a equipe, com a passagem do meu pai. Quando isso aconteceu, tínhamos a certeza que teríamos de nos unir muito para fazer acontecer – para ser quem ele era. Isso deu muito resultado, é o que a gente acredita e gostaria que as pessoas fizessem em seus negócios. E os desafios mais práticos de se comandar a empresa, por pertencer a uma nova geração, haver outro dinamismo? As novas gerações têm muito a agregar, assim como as gerações antigas têm muito a ensinar. Infelizmente não convivi muito com meu pai no ambiente para pegar a experiência dele. Mas as novas gerações, apesar de contestadas, agregam valor. Trazemos dinamismo, comunicação assertiva, comunicação ágil e no nosso

caso, que com o falecimento de meu pai passou a ter vários donos, agregou valores para empresa no sentido em que a comunicação entre os sócios se tornasse mais clara, transparente e proporcionou mais união até hoje e manterá unido por três, quatro gerações, se Deus quiser. Há diferenças em suceder um posto familiar daquele em uma empresa com a qual você não tem um vínculo tão íntimo? Ser da família tem dois lados – um que levamos o emocional para a empresa, podendo ser ruim quando uma questão não vai bem e pelo emocional você ainda insiste. Mas há também o amor que você nutre porque desde criança ouviu seus pais falarem daquilo. De saber que eles criaram aquele negócio – o comprometimento é maior sim – não digo que não exista no mundo corporativo comum. Mas o grande diferencial de uma empresa familiar é o compromisso com o legado de quem a criou, deu tudo de si para que fosse consolidada, que foi a empresa fundada pelo seu pai. Mas é claro que não podemos deixar a emoção nos fazer cometer erros que levem a empresa para baixo.

Qual o maior desafio para o agronegócio diante da concorrência globalizada? O grande desafio é manter a união para sobreviver nesse mundo globalizado, onde precisamos manter a escala. Costumo falar que trabalho para minha família, e somente para ela, e meu grande desafio é gerir a união familiar, a harmonia, para que continuemos juntos nos negócios. É o maior desafio: manter a união para ser grande, ganhar escala e se manter no negócio. Qual a perspectiva da citricultura? Acredito na citricultura, sou apaixonada, nasci nela. Nasci e a Montecitrus foi fundada – a minha vida sempre foi falar de citros dentro de casa, um dos grandes desafios é se profissionalizar, ganhar escala, porque o negócio é altamente arriscado, de alto investimento e desafios sanitários muitos delicados, o que faz as margens serem apertadas e leva a citricultura para a escala. Só se mantém quem é organizado, é grande, mantém o controle fitossanitário, porque as doenças são muito devastadoras. Por mais que tenhamos esperanças, temos que trabalhar com as armas que temos e hoje a escala, o porte da fazenda e a expertise da agronomia técnica é fundamental para a sobrevivência.

9


MANEJO

Marcos Merzel

Uso de Condicionador de solo e Organominerais concentrados em substâncias húmicas visando o aumento do sistema radicular e maior eficiência energética e longevidade em cana-de-açúcar Substâncias húmicas (SH) na Cana-deAçúcar Culturas perenes e semi perenes tem sua eficiência e longevidade intimamente ligada a profundidade das raízes e ao vigor de desenvolvimento das raízes laterais. O maior volume do sistema radicular proporciona um melhor equilíbrio hormonal das plantas e maior resistências das mesmas aos estresses ambientais como por exemplo déficit hídrico e excesso de temperatura. A manutenção de um sistema radicular vigoroso está intimamente relacionada com a produtividade e com a longevidade da soqueira. Neste artigo vamos tratar da utilização de substâncias húmicas na produção de cana-de-açúcar, abordando os benefícios que esta tecnologia traz para o produtor. Quando aplicamos SH ao sistema produtivo estamos enriquecendo o solo com a fração mais ativa da matéria orgânica. A matéria orgânica pode ser dividida em dois grandes grupos: fração húmica e não húmica, sendo a fração húmica a de maior valor agronômico por contar com maior concentração de grupos carbônicos funcionais. Os produtores de cana há muito conhecem os benéficos da matéria orgânica no sistema de produção. Em áreas próximas a usinas se utiliza muito a torta de filtro que deve ser aplicada em grandes volumes já que é um resíduo pobre em substâncias húmicas, este fator limita o raio em torno da usina em que se torna viável a sua utilização. A utilização de produtos altamente concentrados em Substâncias Húmicas permite utilizar uma dose por hectare muito menor em relação aos resíduos e estercos com resultado superior isto viabiliza a sua utilização em áreas onde o uso da Torta ou de algum esterco é inviável economicamente. Por serem bastante heterogêneas com diferentes grupos funcionais as SH participam de diversos processos tanto na planta (efeitos diretos) como no solo (efeitos indiretos). Elas contribuem com a CTC do solo, estimulam o desenvolvimento radicular das plantas, ativam diversos genes

10

relacionados ao metabolismo nutricional, energético e de fotossíntese da planta, melhoram a estrutura do solo e proporcionam melhor ambiente para o desenvolvimento de microrganismos benéficos. Solos de floresta intocados naturalmente possuem níveis elevados de substâncias húmicas, mas em sistemas agrícolas, principalmente em ambientes tropicais existe uma forte tendência de uma diminuição gradual dos níveis destas substâncias, conduzindo a um empobrecimento deste solo e causando sérias consequências para a eficiência agrícola. A recuperação do nível de SH e posterior manutenção dos mesmos são um desafio para todos os produtores, que devem ser enfrentados com diferentes ações integradas para conseguir este objetivo. Condicionadores de solo e fertilizantes organominerais ricos em substâncias húmicas são excelentes recursos para atingir este objetivo, pois permitem elevar mais rapidamente os níveis de ácidos húmicos, fúlvicos e huminas no solo já que fornecemos estes componentes prontos sem a necessidade de nenhum processamento do carbono orgânico no solo, que além de tomar tempo consome energia e nutrientes do sistema.

em carbono funcional é necessário que estas cadeias sejam quebradas e processadas por microrganismos, havendo perda de carbono e consumo de energia. Estima-se que apenas 7% do carbono de substâncias não húmicas se transformarão em carbono húmico, o tempo de transformação pode variar de meses a anos dependendo das condições de ambiente e do material de origem. Já as SH residem no solo e permanecem ativas por longos períodos. Isto explica por que podemos trabalhar com menores doses quando trabalhamos materiais ricos em SH quando comparado a estercos, compostos e outros resíduos, materiais pobres em SH. Quando aplicamos substâncias húmicas visando recuperar a fertilidade do solo devemos considerar que apesar de termos resultados logo nos primeiros meses após a aplicação, os efeitos são cumulativos e a melhora será gradativa e dependerá das doses aplicadas a cada ano, principalmente quando pensamos em características físicas e químicas do solo como estrutura e CTC. Todos estes benefícios combinados produzem plantas com maior volume de raízes, e mais equilibradas fisiologicamente e desta forma maior resistência contra estresses ambientais e biológicos.

Carbono Orgânico versus Substâncias Húmicas (Quantidade x Qualidade) A medição de carbono orgânico total é um bom método para quantificar a matéria orgânica de um dado material, mas não distingue entre carbono funcional e estrutural ou mesmo carbono recalcitrante que pode permanecer inerte no solo por milhares de anos e, portanto, não tem interesse agronômico. O carbono orgânico estrutural (ex.: Lignina, hemicelulose, celulose), como o próprio nome diz, participa da estrutura da planta e é inerte. Se apresenta em longas cadeias com poucos grupos funcionais. O carbono funcional é formado por moléculas menores, e apresenta diversos grupos funcionais, como por exemplo fenóis e ácidos carboxílicos, que participam de diversos processos metabólicos na planta e também no solo. Para que haja a transformação

Linha ORGAMAX A linha Orgamax é composta de um condicionador com alta concentração de substâncias húmicas (30%) elevada CTC (900 mmolc/kg) e excelente relação CTC/C (5,3), relação esta que indica estabilidade do produto no solo e concentração de carbono funcional. A partir deste produto foi desenvolvida uma série de Organominerais, todos utilizando fontes de nutrientes solúveis de alta qualidade. Podemos destacar para a cultura da Cana o ORGAMAX PHOS (3-1500) para o plantio e fornecimento de fósforo para soqueira e o Orgamax NK + S (8-00-10 + 8,5 S) para cobertura de plantas adultas. A utilização destes produtos permite uma melhor eficiência na utilização dos nutrientes minerais, além de proporcionar todas as vantagens das SH já descritas acima.


GRÃOS

11


CANA

MPB: economia no plantio e alto rendimento na colheita Sistema desenvolvido em 2012 se tornou protagonista entre o setor produtivo da cana-de-açúcar

12

‘‘

O custo-benefício foi muito interessante, visto que conseguimos economia e, lá na frente, na colheita, podemos ter uma margem maior de produtividade, já que o canavial parte de uma muda sadia

‘‘

Na cultura brasileira, a MPB é conhecida por ser um estilo musical já consagrado como Música Popular Brasileira. Mas no agronegócio, especificamente o setor de cana, a MPB é a sigla de tecnologia derivada do programa de melhoramento de cana-deaçúcar que gera grandes benefícios de custo e produtividade que também soa como música aos ouvidos do produtor. A Muda Pré-Brotada (MPB) foi lançada pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) em 2012 (depois de 10 anos de pesquisa e desenvolvimento), se tornou protagonista da cadeia produtiva do etanol, açúcar e energia no Brasil e em diversos países também da América Central que plantam cana. Além disso, um fator que atrai o produtor para o uso desta nova tecnologia é que a Muda Pré-Brotada elimina processos que são primordiais no plantio convencional, otimizando-os com a redução dos gastos com automação mecânica e de mão-deobra, gerando economia em torno de 50% dos custos na implantação do canavial. A Agro Machado se deixou seduzir por esse sistema justamente por ser uma alternativa economicamente viável ao plantio convencional. O engenheiro agrônomo Jonas Tadeu Barbosa Junior explica que a empresa reduziu custos em torno de 40% no plantio e que agora busca maior rendimento na colheita. Em setembro de 2015, a Agro Machado plantou 20 hectares com Mudas PréBrotadas. Em março do ano seguinte, duplicou com um replantio de 200 ha – atenção para o fato de que o replantio é justamente a técnica que confere mais praticidade para o agricultor neste processo. O plantio se mostrou tão eficiente que a empresa já dobrou sua área plantada em 400 ha e, no ano que vem, passará toda sua


reforma para meiosi a partir de MPB. “Foi um processo muito tranquilo, reduzindo o número de máquinas e de mão-de-obra em todo o plantio. O custobenefício foi muito interessante, visto que conseguimos economia e, lá na frente, na colheita, podemos ter uma margem maior de produtividade, já que o canavial parte de uma muda sadia”, explicou o agrônomo. A Agro Machado fará sua primeira colheita no mês de agosto – o rendimento da produtividade ainda é um dado que será observado com muito cuidado e curiosidade por Jonas, mas ele só rende elogios às variedades de cana que foram plantadas por meio do MPB.

“Visualmente essas canas estão muito mais vigorosas e a expectativa é que a produção será maior do que as quadras plantadas no método convencional”, aponta. Muda sadia, produtividade em alta A MPB confere mudas sadias em relação às convencionais, retiradas de canaviais que podem apresentar problemas sanitários, como a doença do raquitismo. A muda – cuja gema é trabalhada em processos térmicos e com produtos fitossanitários – está livre deste problema. “É uma grande solução diante do raquitismo, uma das doenças que mais

atrapalham a produtividade, visto que a cana vai perdendo o potencial produtivo ao longo do ciclo”, afirmou. Com uma planta livre da doença, sem passa-la aos seus pares no plantio e replantio, a longevidade da cultura é mantida e os ganhos são maiores na hora do corte. A dica que fica ao produtor que não conhece essa tecnologia é ser racional. “É preciso que analise os custos do plantio convencional e do MPB para ver que é muito atraente, e que busquem sempre inovações para que seus canaviais possam ser mais produtivos para aumentar a rentabilidade do negócio”, finaliza Jonas.

13


NOSSA GENTE

Rotatividade Rotação de Culturas é técnica para cuidar do solo e evitar pragas na lavoura Cultivar cana de açúcar exige paciência. A cultura tem um ciclo longo, normalmente de 5 a 6 anos, dependendo da variedade plantada. Além do ciclo longo, a área de plantação recebe um intenso trânsito de tráfico de máquinas e equipamentos, causando danos ao solo, como a compactação e a erosão. Todo o processo de manejo canavieiro exige, depois, um cuidado mais acurado com o solo – já que há grande necessidade de reposição de nutrientes. No entanto, há uma técnica bastante eficiente para reduzir os riscos de problemas no solo e ela se chama Rotação de Culturas feita com a soja. A técnica já é bastante difundida entre o setor produtor de cana-de-açúcar – mas ainda é preciso alertar a toda a cadeia que a Rotação de Culturas necessita ser feita com bastante cuidado e um planejamento. Especialista no assunto, o engenheiro agrônomo Marcos Augusto Pavani, o Guto, e gerente da unidade de Catanduva da Safra Rica, explica como realizar esse planejamento de forma eficiente. Ele ainda afirma que a soja se mostra como a opção ideal para essa rotação, com benefícios tanto comerciais como agronômicos. Quando se trata do cultivo de canade-açúcar, qual a necessidade de se realizar rotação de culturas? São dois os benefícios da rotação de culturas: benefícios agronômicos e benefícios financeiros. Os benefícios agronômicos estão relacionados principalmente a preservação do solo, pois a soja possui uma raiz extremamente agressiva que ajuda na descompactação, melhorando a infiltração da água e aeração do solo. A soja plantada no final do ano desenvolve no período chuvoso, protegendo o solo da erosão. Também contribui para o aumento da matéria orgânica e quebra do ciclo de pragas, doenças e plantas daninhas na área.

14

Entre os benefícios financeiros além da venda da própria soja, destaca-se o menor custo de preparo de solo, pois se adota nesse sistema de rotação o plantio direto na palha da cana. Também temos redução nas doses de adubação nitrogenada, pois a soja fixa o nitrogênio do ar no solo e disponibiliza este para a futura planta de cana. Todos esses benefícios favorecem o desenvolvimento de um canavial mais sadio e produtivo, além de aumentar a sua longevidade. Como traçar um planejamento capaz de se obter o máximo de eficiência? Para o sucesso da rotação de culturas, além dos benefícios agronômicos e financeiros, é muito importante que a cultura escolhida se encaixe no manejo da canade-açúcar, sendo importante não atrasar o plantio da cana. Pensando no ciclo da cultura, a soja tem demonstrado grande vantagem perante o amendoim, pois o clima não interfere na sua colheita, fazendo com que o plantio da cana ocorra no período ideal para desenvolvimento da cultura, não ocorrendo atrasos. Quando se traça um planejamento para a rotação, é preciso escolher também uma variedade que promova ganho comercial para o produtor? Dentre as opções que o produtor tem para fazer rotação de culturas, a soja é a que tem apresentado a maior rentabilidade e satisfação pelos produtores. As variedades de soja mais precoce são as mais usadas pelo motivo de serem colhidas mais cedo que variedades de ciclo mais longo, sendo assim não interferem no período de plantio da cana, liberando a área cedo. Outro ponto importante é a opção por variedades transgênicas, com resistência ao ataque de lagartas desfolhadoras. As variedades conhecidas como Intacta são as mais plantadas, e vem garantindo boas produtividades.

Marcos Augusto Pavani GERENTE DA UNIDADE DE CATANDUVA

A rotação de culturas dispensa o uso de defensivos agrícolas? Não. A rotação serve para desalojar pragas, acabar com a fonte de inóculo de pragas e doenças e oferece benefícios ao solo. Na rotação de culturas, quais os procedimentos em que o produtor deve ficar atento? A escolha da variedade é muito importante antes do plantio da soja em área de reforma de cana. Essa soja precisa ser adaptada para as condições de clima e solo da região, além de apresentar um ciclo de vida compatível ao plantio da cana. Sendo assim é muito importante que o produtor conheça bem suas áreas e a região onde quer fazer a rotação de culturas. É importante também ter conhecimento de compradores de soja e principalmente de prestadores de serviço para plantio e colheita, caso o produtor não tenha estrutura de máquinas. É indicado que o produtor trabalhe junto com uma consultoria técnica de uma revenda que fornecerá todo apoio e orientação necessários para o sucesso do negócio.


15


16


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.