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Danilo F. Rohrs
from Desenho e Risco
AUTORRETRATO DESENHO, ESCRITA, E O QUE VIER.
de Gracinha e Seu Luciano. Apesar dos meus 37 anos, posso dizer que na arte sou criança, sempre fui admirador das pessoas que desenham, pintam, escultores, gravuristas, ourives e todos que se dedicam a arte. Porém, deixar o meu papel de espectador para assumir o de aprendiz é algo novo, o que tenho feito com muita energia. Nesse contexto, tudo me entusiasma, principalmente o desenho, que me deixa dizer o que não consigo escrever e nem fotografar. Desenhar me tira um peso das costas, me coloca juízo e me lembra da beleza do mundo.
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DESENHO RÁPIDO COM A MÃO ESQUERA DESENHO DE PAISAGEM NATURAL
Dentre todas as atividades propostas durante o semestre de Desenho II, decidi me dedicar a duas que creio serem as mais importantes para o meu aprendizado. A primeira, o desenho rápido com a mão esquerda, me causou muito impacto. A princípio com a descoberta da mão esquerda no desenho, algo que provavelmente não teria pensado por conta própria muito menos tentado, caso viesse o pensamento. A resposta no papel é rápida, a maior parte é vazio, dado o pouco tempo de desenho,
quem desenha. Nesse sentido pude tirar um pouco do peso da ideia abstrata de perfeição que ainda carrego nas coisas que faço, aprendi que não vem dai a beleza que mais aprecio, que posso desenhar em qualquer lugar, que tenho duas mãos que desenham, que não preciso de materiais caros (basta uma caneta bic). Dessa forma, desenvolvi mais alguns desenhos do tipo que aqui apresento. Mas deixo claro que farão parte de uma serie eterna, acredito que será um tipo de desenho que irá me acompanhar em todo papel e minuto de vontade.
A segunda escolha é o desenho de paisagem natural, ao ver os trabalhos da Christine Enègle, com a sua sensibilidade, percepção dos detalhes e formas dos troncos de árvores, me vem à memória as milhares de lembranças que tenho trabalhando e vivendo na mata. Por quase 7 anos trabalhei em meio a caatinga, mata atlântica, cabruca e o cerrado brasileiros, sinto falta do barulho, do vento, dos cheiros e de estar conectado com aquilo tudo. Também tenho o mesmo sentimento saudosista que incorpora lembranças da minha infância, quando percorria as matas com meu pai, aprendendo sobre cada bicho, planta e tipo de terra. rante minhas passagens pelas matas nordestinas, para desenvolver minha próprias paisagens naturais. Busquei a obra do ceramista Megume Yuasa, incorporando representações de algumas de suas esculturas esféricas nas paisagens, uma referência a tudo que não é tangível e que tem presença forte numa mata. Nesses locais vivem muito mais do que animais e plantas, um breve momento de contemplação basta para chegar a essa conclusão, mas vale a experiência de alguns dias para que outras forças se mostrem.
Os desenhos deste tema foram realizados com modelo vivo,
tempo utilizado foi tomado individualmente. Os trabalhos foram sequenciais.
Tempo: 6 minutos
Tempo: 5 minutos
Tempo: 5 minutos
Os desenhos deste tema foram realizados utilizando diversos materiais,
de madeiras nobres como o Jacarandá Rosa, Jacarandá da Bahia e Peroba foram utilizados para confecção dos pigmentos amarelo, marrom e violáceo presentes nos desenhos.
ARTISTAS CITADOS
Megume Yuasa: Escultor e ceramista, nascido em São Paulo, é autodidata inicia seu trabalho em 1960 e expõe no Brasil e exterior desde então.
Christine Enrègle: Artista parisiense, Phd em Artes Visuais pela Panthéon-Sorbonne University, docente na Escola Condé de Design em Paris.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A disciplina Desenho e Paisagem foi para mim um encontro transformador. Em primeiro momento uma surpresa, esperava da disciplina o padrão quadrado acadêmico, com seus conteúdos didáticos engessados, obrigações e burocracias, como é em quase tudo nas universidades. Mas essa
produto padronizado. Em sentido oposto, a disciplina se mostrou muito além do ensino de uma técnica para o desenho ou a mera informação conceitual de paisagem. Pessoalmente foi um despertar para fazer coisas inusitadas, desenhos que
pensamento antes e durante o desenho, foram para mim uma
mudei o jeito de trabalhar, arrisco mais, experimento mais, penso ainda mais. São coisas que me foram incorporadas e provavelmente estarão presentes por muito tempo em qualquer trabalho que eu desenvolva. Quase tudo o que fazemos é uma escolha, ainda que não pareça ou que as opções não sejam as melhores. Escolhi cursar a matéria, não pertenço ao curso em que está inserida e não teria "obrigação" nisso. Feliz escolha, que o entusiasmo nunca nos falte.