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Lorena Noemi

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Livia Carolina

Livia Carolina

Lorena Noemi. Lorena, nome escolhido pela minha mãe, sigраi: "suave". Uma mistura de coisas opostas que resulta numa bagunça agradável (às vezes); marcam 18 anos de experiências e de memórias que não me lembro tão bem. Em mim reina a guerra e a paz, o doce e o amargo, a certeza e a indecisão. Será que o nome composto me separa em duas? Não sei dizer ainda, mas pretendo descobrir. A minha parte brasilei-

tem amor aqui também, tem arte; talvez daí sai a cola que gruda a Noemi e a Lorena. Uma colagem, uns traços, uma pintura aqui e ali e surge eu. A “Eu” tão difícil de lidar mas necessária de amar. Não como obrigação, mas sim evolução. Estou evoluindo.

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Durante a disciplina de Desenho e Paisagem, ministrada pelo professor Fernando Augusto, percebi o fascínio que tenho por representa-

paisagem em suas técnicas. A disciplina foi muito estimulante, com exercícios ótimos para mergulhar no fazer artístico, além de que fomos uma turma muito participativa e orientada com ótimas colocações pelo professor. Particularmente, durante o primeiro contato presencial enquanto eu desenhava uma paisagem, o professor disse que ceberia sozinha. Confesso que me desenhar não era um hábito até o começo da disciplina, e está sendo um processo indescritível fazê-lo e externalizar minhas inúmeras versões em conjunto com paisagens que eu vejo e que sinto que existem dentro de mim. Nesse sentido, o foco dessa avaliação será em torno dos seguintes exercícios: autorretrato e elaboração de paisagens sonoras e naturais. Enfatizo principalmente que essas atividades colaboram para um crescimento pes-

Escutei em mim Tinta guache e acrílica. Papel Cartolina 90g/m. Dimensões: 65 x 48 cm

A obra foi feita em camadas, e começou quando produzi, com pastel seco, uma paisagem sonora: exercício trabalhado em sala que consiste em fechar os olhos e desenhar os sons escutados sobre o papel. Após quinze minutos passados ouvindo e desenhando, realizei um autorretrato por cima da paisagem, utilizando tinta acrílica e gouache. Através da junção desse exercício com a representação da minha imagem quis demonstrar como os sons me afetam. Penso que tudo o que acontece à nossa volta

versa, como se todas as coisas que estivessem aconte-

esse trabalho vai muito além de um exercício, mas sim uma forma de autoconhecimento, já que essa prática trabalha a representação de como você escuta e como você se enxerga naquele momento. Nós temos milhares de versões de nós mesmos e todas em momentos e sonoridades diferentes.

Externalizada Pastel oleoso sobre tela. Dimensões 24 x 18 cm

Nesse momento, eu já sabia que queria continuar na linha dos autorretratos. Já havia feito seis deles, e o sétimo surgiu com uma tela antiga pintada de preto e uma caixa de giz oleoso. Comecei e me mantive em todo o processo buscando minha pró-

pouco distorcida do real e não me culpo por isso, pelo contrário, continua sendo eu, externalizada do meu mais profundo inconsciente. Posto isso, percebo grande relação dos meus trabalhos com a concepção da artista contemporânea Elizabeth Peyton, que foi apresentada pelo professor e logo senti grande admiração. Peyton trabalha com retratos íntimos, assim como foram os meus autorretratos, que surgiram da escuta, auto-observação e busca interior. Assim como ela, procurei não somente uma descrição simples em um retrato, mas sim o profundo e mais íntimo, através das pinceladas e traços que coloquei meus sentimentos, compondo ainda mais o pessoal, buscando a mim mesma e apresentando minha cozinha interna nas obras.

A paisagem que existe em mim Pastel oleoso, pastel seco, aquarela, nanquim e carvão. Sketchbook tamanho A5.

Esse trabalho é a homogeneização dos dois temas que escolhi trabalhar: autorretrato e paisagem. “A paisagem que existe em mim”, representa de forma abstrata minha imagem e os diferentes tipos de paisagens que habitam no meu corpo. Percebo que todas elas têm um sigcionei com memórias e momentos que entendo que existem em mim, e outras partes ainda estão guardadas e serão reveladas em algum momento da minha vida, mas por enquanto permanecem no meu inconsciente. Com esse trabalho, introduzo o próximo tema escolhido: as paisagens em seus diferentes estilos.

Árvores ocultas Caneta bic e nanquim. Sketchbook papel A5 (duas páginas)

Inverno interno Tinta acrílica e aquarela. Dimensões 18 x 27,50 cm

Ilusão Lapis B e 2b sobre papel 200g. Sketchbook papel A5

As paisagens que realizei são muito diferentes entre si, tanto em estilo quanto em técnicas, e gosto disso pois foi assim que me senti durante a disciplina: explorando diferentes técnicas e paisagens. A primeira paisagem foi realizada no primeiro encontro presencial que tive na UFES, que foi um marco muito grande. Fazendo essa obra o professor mencionou a minha mão pesada, e gosto como essa rigidez complementou muito bem a técnica de desenho negativo, que com o nanquim escuro traz um viés mais oculto. O desenho negativo para mim é sair do comum e realizar o desenho de forma inusual, e isso me agrada muito. A segunda obra foi realizada em casa, buscando nos meus pensamentos a vaga memória de infância que tenho dos Alpes Suíços. Realizei uma paisagem que existe dentro da minha pessoa de dupla nacionalidade, e explorei uma técnica de texturização nova. Já a terceira obra foi realizada na praia, observando o mar calmo e as pedras que moram nele, juntando o real e a minha imaginação para fazê-la. Mostrando o desenho ao meu pai, ele imaginou que o mar fossem nuvens e as pedras picos de montanhas vistos da janela de um avião, então atribuiu mais

ar pictórico, um estilo que me chamou muito atenção durante as experimentações das aulas. Portanto, os três trabalhos são representações de diferentes tipos de paisagem, a primeira arbórea e oculta, a segunda de inverno e pessoal e a terceira tropical e ilusória.

Agradeço ao professor Fernando Augusto pela forma que conduziu a disciplina e nos instigou a buscar pelo oculto e o interno nos trabalhos, utilizando métodos diferentes e dando a opção de escolha para com os temas que mais gostásse-

daqui em diante, tanto internamente quanto externamente nas minhas artes. Me sinto realizada em concluir essa disciplina num momento de pandemia onde aprender de forma gou imensuravelmente na minha percepção de vida e meu fazer artístico.

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