BI 43

Page 1

segundo quadrimestre 2008 Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Distribuição gratuita

o Universo FEUP ESTÁ MAIOR

Faculdade de Engenharia conta agora com o INEGI no seu Campus

Em foco

Criado em 1986, o Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI) está desde o início de 2008 no Campus da FEUP. Conheça melhor este instituto de interface da faculdade, cujas novas instalações serão inauguradas em breve.

À conversa com…

Em entrevista ao BiFEUP, o presidente da Martifer, Carlos Martins, revela a ambição de vir a ser um dos principais players dos sistemas para energias renováveis. Uma área estratégica que conta já com o INEGI como parceiro.

I&D

INEB, IBMC e IPATIMUP uniram esforços e criaram um super-instituto. Contando já com 600 investigadores, o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde promete revolucionar a forma de olhar para a saúde em Portugal.

43


Fazemos Futuro

Para ir mais longe ?

Formação contínua - edição 08/09

. Frequência de disciplinas . Cursos de curta ou média duração . Cursos de especialização . Estudos avançados

Mais informações em www.fe.up.pt/candidato


SUMáRIO

EDITORIAL

04

AGENDA

06

Agosto a Novembro

Universo FEUP 07

EM FOCO

Criado em 1986, o Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI) está desde o início de 2008 no Campus da FEUP. Conheça melhor alguns dos projectos deste instituto de interface da faculdade, cujas novas instalações serão inauguradas em breve. À CONVERSA COM… CARLOS MARTINS

11

Em entrevista ao BiFEUP, o presidente da Martifer, Carlos Martins, revela a ambição de vir a ser um dos principais players dos sistemas para energias renováveis. Uma área estratégica que conta já com o INEGI como parceiro. 14

INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

INEB, IBMC e IPATIMUP uniram esforços e criaram um super-instituto. Contando já com 600 investigadores, o Instituto de Investigação e inovação em Saúde promete revolucionar a forma de olhar para a saúde em Portugal. OPINIÃO

À frente do leme do INEGI já há seis anos, Augusto Barata da Rocha traça aqui o estado de arte deste instituto de interface e dos desafios futuros. FEUP POR DENTRO

De Março a Julho, muitas foram as iniciativas realizadas na FEUP. Conheça alguns dos muitos eventos, prémios e projectos que mereceram maior destaque.

17

19

07

11

3

14

19


Editorial

IDMEC/INEGI: cooperar para melhor competir Os Institutos de Interface são uma das muitas vertentes da dinâmica que a Faculdade de Engenharia tem protagonizado nas últimas décadas. O INEGI e o IDMEC são dois exemplos dessa dinâmica. Criados em períodos diferentes e por motivações diversas, têm contribuido para promover a imagem da FEUP, tanto a nível nacional como internacional, funcionando simultaneamente como potenciadores das actividades de ensino, investigação e apoio à comunidade. A capacidade de intervenção de qualquer organização depende essencialmente dos seus meios humanos. No entanto, o ambiente em que operam pode contribuir significativamente para melhorar a sua criatividade e eficiência. Ambos os Institutos - e em particular o INEGI - sofreram, desde a sua criação, da falta de instalações modernas e funcionais. Os novos edifícios INEGI/IDMEC vieram preencher essa grave lacuna, podendo afirmar-se que a sua entrada em funcionamento constitui um marco histórico na vida dos dois Institutos. Trata-se de um projecto cuja concretização só foi possivel mercê da conjugação mútua de esforços para reunir os meios financeiros e outros que permitissem levar a bom termo a obra. O IDMEC e o INEGI, tendo embora áreas de intervenção semelhantes, têm tido um percurso que os diferencia, deixando contudo antever a possibilidade de uma intervenção mais concertada (como já acontece no caso do Laboratório Associado LAETA) e alargada no futuro, com ganhos das sinergias daí resultantes. O IDMEC, nascido em 1990 no âmbito do Programa Ciência, resultou de uma acção conjunta dos dois Departamentos de Engenharia Mecânica com maior dimensão e expressão a nível nacional (da FEUP e do IST). O Instituto tem sido, desde a sua fundação, um espaço aberto a todos os docentes de engenharia mecânica e gestão industrial da FEUP, IST e outras Universidades e Escolas Superiores, que vejam no Instituto um meio complementar que potencie o seu desenvolvimento como investigadores e, indirectamente, como professores. Daí o IDMEC privilegiar a realização de actividades de I&D no âmbito de projectos nacionais ou internacionais financiados

Edição Divisão de Comunicação e Imagem da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto dci@fe.up.pt Conselho editorial Ana Martins, Carlos Oliveira, Paulo Jesus e Raquel Pires Redacção Ana Martins e Raquel Pires noticias@fe.up.pt Design e Produção César Sanches design@fe.up.pt Fotografia Rui A. Cardoso

no seguimento de concursos competitivos (em geral avaliados pelos seus pares), tendo menor peso a prestação de serviços a empresas (em que o INEGI tem maior expressão). Aquele tipo de projectos permite a sua implementação por equipas mais reduzidas, lideradas em geral por investigadores doutorados mais jovens, constituindo muitas vezes o germen de novas áreas de investigação em temas emergentes. Dado o seu carácter pre-competitivo, a sua disseminação mais alargada no meio empresarial fica, no entanto, muitas vezes comprometida. A criação de parcerias e redes de cooperação (por exemplo, sob a forma de consórcios) com outros Institutos, em particular da FEUP, permitiria criar as condições para uma exploração comercial dos resultados mais eficaz, fazendo reverter para a sociedade as mais-valias do investimento feito. A partilha de instalações entre o INEGI e o IDMEC deverá ser um ponto de partida para a implementação dessa politica, tendo presente que se trata de um património que envolveu um esforço financeiro que, sem ajudas externas, seria impossível de conseguir e que por isso deve ser rentabilizado. É necessário criar nos seus utilizadores a consciência de que o seu usufruto não é algo que é dado mas que tem que ser constantemente ganho, como acontece cada vez mais, hoje em dia, com todos os negócios. Neste contexto lembra-se que no sistema de produção “lean” (inventado pela Toyota) a gestão dos espaços é um elemento considerado primordial para reduzir os desperdícios que tornam o sistema ineficiente e pouco competitivo. Para finalizar, uma palavra de apreço pelo trabalho desenvolvido pela Direcção do INEGI e por todas as equipas de projecto, construção, gestão e acompanhamento da obra: sem o seu empenhamento, dedicação e profissionalismo não teria sido possivel concluí-la com sucesso, nos prazos previstos. Ao viabilizar a implementação do projecto, através da cedência do terreno e outros activos corpóreos, o IDMEC orgulha-se de ter contribuido decisivamente para a construção de um equipamento que se espera vir a ter um impacto assinalável não só nas actividades dos dois Institutos como da FEUP.

Colaboram nesta edição: Cláudia Ribeiro, Filipe Paiva e Susana Neves

Fotografia de Rui A. Cardoso

Faculdade de Engenharia Universidade do Porto 4

António Augusto Fernandes*

“A criação de parcerias e redes de cooperação (por exemplo, sob a forma de consórcios) com outros Institutos, em particular da FEUP, permitiria uma exploração comercial dos resultados mais eficaz, fazendo reverter para a sociedade as mais-valias do investimento feito. A partilha de instalações entre o INEGI e o IDMEC deverá ser um ponto de partida para a implementação dessa política.” * Director do Instituto de Engenharia Mecânica (IDMEC) e Professor Catedrático da FEUP

Impressão www.marca-ag.com Porto 07 - 2008

Publicidade Domingos Pereira publicidade@fe.up.pt

Periocidade Quadrimestral

Propriedade Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Tiragem 4000 exemplares

Sede FEUP, Rua Dr. Roberto Frias, 4200-465 - Porto Tel: 225 081 400 Fax: 225 081 503 e-mail: dci@fe.up.pt url: www.fe.up.pt

Depósito legal



AGENDA

A não perder Faculdade de Engenharia Universidade do Porto

D.R.

Exposição “A Descrição do Lugar”

A magia da topografia está patente na sala de exposições da Biblioteca da FEUP até 5 de Outubro de 2008. Denominada “A Descrição do Lugar”, esta mostra pretende dar continuidade à divulgação do abundante património museológico da FEUP, dos respectivos contextos de utilização e do valor que possuem enquanto colecção de Ciência e Técnica. Trata-se de uma excelente oportunidade de admirar um conjunto de instrumentos adquiridos pela Faculdade e pelas instituições que a antecederam, numa colecção em torno da prática pedagógica da Topografia.

MIETE organiza palestra no Em meados de Setembro o Mestrado em Inovação e Empreendedorismo Tecnológico da FEUP (MIETE) vai organizar uma palestra no seu espaço na ‘ilha’ da U.Porto no Second Life (SL). Trata-se da segunda iniciativa do género. A primeira, realizada a 17 de Julho, contou com a participação, a partir dos EUA, de Robert Meyer, Membro do Conselho Consultivo do MIETE, numa conversa inworld moderada desde a Holanda por Milton Sousa, colaborador no MIETE. Com duração de 15 minutos, o tema debatido foi “Formação em Comercialização de Tecnologia”. Esteja atento ao site do MIETE (www.fe.up.pt/miete) e não perca esta nova oportunidade de participar numa palestra no Second Life.

Inscreva-se já

6

D.R.

Workshop “Noise and Vibration on High Speed Railways”

As exigências que as vias de alta velocidade impõem, desde os aspectos de segurança aos novos tipos de equipamentos e soluções construtivas, envolvendo as mais recentes e sofisticadas tecnologias, obrigam a novos desafios da engenharia que é urgente preparar. Nesse sentido a FEUP vai organizar um workshop subordinado ao tema Ruído e Vibrações em Vias Férreas de Alta Velocidade nos dias 2 e 3 de Outubro, convidando, para o efeito, vários especialistas internacionais nesta matéria, oriundos de países em que a rede ferroviária de alta velocidade se encontra mais avançada. Com o intuito de partilharem com a comunidade técnica e científica os seus conhecimentos e experiências neste domínio, na mesa estará a discussão do desempenho das soluções implementadas e os seus potenciais melhoramentos. www.fe.up.pt/HSRNV

Se é adepto dos wikis, não perca este evento. Nos próximos dias 8, 9 e 10 de Setembro a FEUP realiza o simpósio internacional “Wikisysm 2008”, uma iniciativa que vai reunir os maiores especialistas mundiais em “wikis” e software social. O evento abrangerá um vasto conjunto de tópicos desde software social - actualmente muito discutida - até estudos de utilização de “wikis” para fins educativos, gestão de conhecimentos e inovação, incluindo também questões tecnológicas. Para além de palestras, artigos, painéis, workshops, posters, demonstrações e tertúlias, pela primeira vez nesta edição haverá um fórum específico para estudantes de doutoramento - o DoctoralSpace - e uma sessão destinada à troca de experiências para adopção de “wikis”: a WikiFest. No dia a seguir ao evento, a 11 de Outubro, será ainda realizada uma iniciativa única a nível mundial: o WikiWalk. Junte-se a esta caminhada pela cidade do Porto e aproveite para colocar aos peritos todas as dúvidas que tenha sobre esta temática. www.wikisysm.org/ws2008

Tendo em vista a contínua promoção da cooperação universidade/empresa a FEUP volta a organizar, nos dias 7, 8 e 9 de Outubro de 2008, o Fórum Empresas. Trata-se já de um evento incontornável na dinamização de contactos entre Empresas, a Escola, alunos, finalistas e graduados desta Faculdade. Composto por conferências, workshops e espaço expositivo, o Fórum Empresas aposta este ano em algumas iniciativas inovadoras como o Business Dating Labs (encontros entre empresas, institutos, laboratórios e centros de I&D), o Quick Job Hunting (encontros rápidos e directos entre empresas e potenciais colaboradores) e o “Chat-RoomSessões de Encontro com empresas” (sessões informais entre alunos e empresas), entre muitas outras actividades. www.fe.up.pt/ForumEmpresas2008

BEST Entrepreneurship Day O BEST Porto - Board of European Students of Technology - está a organizar um evento de Empreendedorismo, o BEST Entrepreneurship Day, que vai ter lugar dia 8 de Setembro na FEUP. De manhã arranca com um colóquio sobre “Empreendedorismo Jovem”, durante a tarde prossegue com uma apresentação da Change Partners sobre “Empreendedorismo e Capital de Risco em Portugal” e encerra mais tarde com um colóquio sobre “Ser um Empreendedor Global”. O evento vai ser todo falado em inglês e conta com a participação de profissionais reconhecidos na área, tais como, o Prof. Doutor Barbedo de Magalhães (Coordenador Projectos PESC/Lidera da FEUP), a Dra. Caroline Staedtler (Program Manager do Graduate Programme da Junior Achievment Portugal), o Engº Rui Lopes (Administrador Executivo da Change Partners) entre outros, e é dirigido aos jovens, professores e a toda a comunidade académica. A inscrição é gratuita e pode ser feita através do site do evento. www.bestporto.org/bed www.best.eu.org

ERRATA Por lapso, no BIFEUP 42 o Professor Gabriel David era apontado com responsável pelo Programa Doutoral em Engenharia Informática da FEUP. Este docente é director do Doutoramento em Informática, sendo o Programa Doutoral em Engenharia Informática dirigido pelo Professor Eugénio Oliveira. Aos visados e aos nossos leitores, as nossas desculpas.


EM FOCO

Edifício do IDMEC/INEGI será inaugurado oficialmente em breve

Nova casa, novos desafios Reportagem de Raquel Pires Fotografias de Rui A. Cardoso e INEGI

Com uma área total de oito mil metros quadrados, as novas instalações do Instituto de Engenharia Mecânica (IDMEC) e do Instituto Nacional de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI) no campus da FEUP são uma clara aposta na investigação de qualidade. Encarada como “fundamental”, esta mudança do INEGI para o pólo universitário da Asprela é uma lufada de ar fresco no desenvolvimento de projectos industriais de topo, que assim têm melhores condições para se afirmarem nos grandes mercados internacionais e marcarem uma posição face à concorrência. Com um custo total avaliado em seis milhões de euros, o desafio é enorme: rentabilizar todo o capital investido e conquistar novos parceiros que possam dar visibilidade à investigação que por ali se faz. Conheça alguns dos projectos mais emblemáticos do INEGI e fique a par das últimas novidades na área da engenharia mecânica.

O novo edifício surge, imponente, para quem vem da A3 em direcção ao campus da FEUP: a torre destaca-se no aglomerado de departamentos e institutos que compõem o espaço em volta, num sinal claro de que a aposta continua a ser no capítulo da inovação. É nesta nova casa que os projectos arrojados e até premiados além fronteiras desenvolvidos no Instituto Nacional de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI) se acumulam ao longo dos 20 anos de existência do instituto e encorajam os jovens investigadores que diariamente procuram respostas no decorrer de inúmeras pesquisas laboratoriais, a prosseguir o seu trabalho. Foi o que aconteceu com Hugo Faria, 27 anos, ex-aluno FEUP e colaborador do INEGI desde 2003, que tem dedicado grande parte da sua tese de doutoramento ao desenvolvimento de uma câmara hiperbárica em material compósito para simulação de ambientes subaquáticos. A ideia é aplicar o sistema hiperbárico utilizado em medicina no tratamento de certas doenças ou em desportos de mergulho para despressurização lenta, à simulação em laboratório do ambiente oceanográfico a profundidade de dois mil metros. Designado por “SeaFloor”, o sistema hiperbárico foi instalado com sucesso e encontra-se em funcionamento junto a fontes termais no arquipélago dos Açores, onde é utilizado no estudo biológico de organismos que habitam o fundo do mar. “Os projectos em que tenho participado desde que sou colaborador do INEGI têm sempre representa-

do desafios interessantes e motivadores para mim. Mais do que a maior ou menor complexidade técnica, são projectos que introduzem algo de novo e que contribuem directamente para a competitividade e criação de riqueza das empresas e instituições que os procuram. Como costumo dizer, são projectos que estão no lado positivo da balança”, esclarece Hugo Faria. Desenvolvido em estreita colaboração com o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), que integra os institutos CIMAR (UP) e o IMAR (UAçores), o protótipo apresenta como principais inovações a utilização de materiais compósitos (o que lhe permite ser três vezes mais leve do que os sistemas convencionais), a biocompatibilidade com o meio simulado no interior da câmara e a resistência contra ataques químicos severos. Trata-se de um projecto com grandes potencialidades de aplicação: o facto de se tratar de uma tecnologia leve faz com que seja “portátil” e muito apreciada em aplicações de laboratórios móveis, em locais remotos, em campanhas itinerantes, quer em estudos de observação biológica ou até em casos de monitorização de condições ambientais simuladas. Na opinião de Hugo Faria o trabalho de estudo fundamental que actualmente desenvolve, no intuito de melhor apreender esta tecnologia, “tem um horizonte de aplicação real, e que será uma parte importante de um conhecimento composto de experiência prática e de teoria”. Essa será, aliás, “a forma mais eficiente de exercer uma engenharia promotora de inovação e capaz de competir com sucesso no mercado internacional onde queremos actuar”, num futuro que se prevê nada longínquo para esta equipa da Unidade de Materiais Compósitos do INEGI. Mas não é só no alto mar que o instituto tem dado cartas, bem pelo contrário. Também ao nível da indústria aeronáutica se têm alcançado marcos importantes - veja-se, a título de exemplo, o projecto CASAM que pretende desenvolver um dispositivo capaz de proteger as aeronaves comerciais contra os “MANPADS” (man portable air defense systems), pequenos mísseis que podem ser lançados a partir de lançadores portáteis, facilmente transportáveis e descartáveis, que estão a ser utilizados cada vez mais por grupos terroristas junto aos aeroportos. Embora de alcance reduzido, estes mísseis são razoavelmente eficazes e perigosos aquando da descolagem e aterragem de aviões. Normalmente são guiados por uma sonda de raios infravermelhos que segue o rasto quente dos motores dos

7


EM FOCO

Faculdade de Engenharia Universidade do Porto

aviões. “Uma vez atingido o avião, o dano pode ser mais ou menos grave, dependendo da zona atingida, que pode resultar no abate da aeronave”, avança Joaquim Silva Gomes, responsável pelo projecto. Face à ameaça crescente de grupos terroristas nos dias que correm, tratase de um projecto que assume uma importância estratégica na defesa do espaço aéreo. Cabe ao INEGI, enquanto entidade proponente do projecto CASAM, desenvolver um sistema óptico para detecção dos “MANPADS”, utilizando sensores capazes de detectar a emissão dos raios infravermelhos pelo propulsor do míssil. Trata-se de um sistema opto-mecânico de elevada precisão, com exigências muito apertadas em termos de peso e estabilidade. Após a detecção do míssil pelo sistema óptico a ser desenvolvido pelo INEGI, é então activado um sistema laser de potência alojado no sistema CASAM que emite uma fonte de calor adicional que, desta forma, falha o alvo. De acordo com o professor Joaquim Silva Gomes, da Unidade de Investigação de Mecânica Experimental e Novos Materiais, “depois de despoletado todo o sistema, o míssil cai no terreno onde, mesmo que cause outro tipo de dano, será sempre bem menos gravoso do que se tivesse atingido o avião”. Outra particularidade apresentada pelo dispositivo é o facto do período de resposta do sistema, desde o momento de detecção do lançamento até ao seu desvio, demorar apenas 4 segundos. Com um orçamento de nove milhões de euros, o CASAM arrancou em Janeiro de 2006 e terá uma duração de 30 meses. O consórcio responsável pelo projecto CASAM envolve nomes fortes da indústria aeronáutica europeia como as francesas SAGEM, Thales e ONERA, e as alemãs Lufthansa, EADS e DIEHL-BGT. O protótipo está quase pronto para ensaios em laboratório e espera-se, numa segunda fase, avançar com ensaios em aeronaves operacionais e aperfeiçoamentos pontuais no âmbito de uma extensão do projecto a ser apoiada pelo 7º Programa Quadro de I&D da Comissão Europeia.

Simulação estrutural do comportamento mecânico da câmara hiperbárica

A aposta no sector energético

A indústria energética passa actualmente por uma fase de reflexão face às recentes subidas no custo dos combustíveis fósseis o que leva ao reequacionamento do papel das tecnologias tradicionais. Por outro lado, as exigências de redução/eliminação de emissões gasosas que contribuem para o efeito de estufa (como CO2) põem em causa as actuais plataformas energéticas e obrigam à procura de novas soluções de abastecimento de energia não dependentes de combustíveis fósseis, criando-se assim um novo paradigma energético onde o hidrogénio vai ter necessariamente, no futuro, um papel preponderante. Para além de um potencial vector da energia absolutamente limpo, o hidrogénio tem um poder calorífico três vezes superior ao do petróleo e “a sua utilização contribuirá para a

Sabia que… O novo edifício do IDMEC/INEGI tem um sistema automático que regula a inclinação dos estores atendendo à luminosidade e velocidade do vento? Apesar de se encontrar ainda numa fase de experimentação, o grande objectivo é garantir a máxima eficiência energética aproveitando os recursos atmosféricos existentes.

satisfação da mencionada directriz de redução/eliminação de emissões gasosas tornando-se, assim, fundamental divulgar e dar a conhecer o hidrogénio como fonte de energia inesgotável, limpa e renovável que permitirá minimizar todos os problemas económicos, políticos e ambientais que advêm da utilização excessiva dos combustíveis fósseis, explica Ricardo Barbosa do INEGI. É neste contexto que surge o projecto EDEN - Endogeneizar o Desenvolvimento de Energias Novas, cujo objectivo primordial passa pela criação de uma plataforma tecnológica nacional habilitada a uma intervenção/ participação activa da comunidade científica, tecnológica e económica no processo de mudança dos actuais modelos energéticos para um novo, no qual o hidrogénio desempenhará um dos principais papéis. Pretendese também promover um projecto de demonstração na cidade do Porto (actividade liderada pelo INEGI mas que conta com o apoio de inúmeras instituições portuguesas ligadas o sector da energia), onde será instalada uma pilha de combustível de óxido sólido (SOFC), de 5 Kw de potência eléctrica, que irá funcionar nas novas instalações do INEGI. É a primeira vez que uma pilha com esta tecnologia irá funcionar no nosso país e as expectativas são grandes, já que se pretende demonstrar as vantagens e facilidade de implementação da tecnologia das pilhas de combustível de alta temperatura. Na ilha de Porto Santo (Madeira) está prevista a instalação de um sistema integrado na produção “in loco” de hidrogénio - a partir de uma fonte renovável eólica já disponível no local - para alimentação de uma pilha de combustível. Será igualmente fundamental desenvolver tecnologias de produção, armazenagem e logística de hidrogénio. Segundo Ricardo Barbosa “este projecto é muito importante não só pelos resultados e produtos obtidos mas essencialmente pelas dúvidas levantadas aquando do levantamento do estado da arte em diferentes áreas relacionadas com o uso do hidrogénio como vector energético (logística, produção de hidrogénio, armazenamento de hidrogénio, pilhas de combustível) que permitiu desenvolver competências e capacidades e acima de tudo ganhar poder de crítica e análise que ajudem a optar por linhas de investigação no futuro” destacando que se trata de uma forma de “ajudar a contribuir para a resolução de problemas relacionados com a energia (fontes de energia, vectores energéticos e consumo de energia)”.

A engenharia ao serviço da medicina

Os contributos da engenharia têm sido particularmente importantes em áreas como a medicina: tudo o que possa contribuir para minimizar a dor e garantir um diagnóstico conclusivo é um enorme avanço para a vida dos cidadãos. O projecto PET Mamografia é um caso que ilustra bem a relação entre estes dois mundos, que à partida estariam de costas voltadas. O PET é uma técnica de imagem utilizada correntemente em medicina nuclear. O princípio é relativamente simples: injectam-se na circulação

O INEGI em números 8

* 22 anos de existência * 4,3 milhões de euros de volume de negócios registados em 2007 * 6 milhões de euros investidos no novo edifício IDMEC/INEGI * 3 milhões dos quais foram financiados pelo programa Prime, tendo contado também com o apoio dos parceiros industriais * 7609 metros quadrados de área total das novas instalações O novo edifício é composto por: * Torre (apoio técnico e unidades de serviços e consultoria) * Corpo (onde se trabalha em áreas que vão desde o desenvolvimento de produto aos materiais compósitos) * Nave (de cariz mais industrial e com condições para a instalação de equipamentos de grande porte)


EM FOCO

Alguns projectos que marcaram a história do INEGI Ao longo destes 22 anos, muitos foram os projectos de Investigação & Desenvolvimento criados pelo INEGI. Tratam-se de soluções inovadoras criadas como resposta a desafios lançados pelo tecido empresarial e industrial e que ainda hoje são referências nacionais e internacionais. Actuando em áreas de negócio tão distintas como a energia, o multimédia, os transportes e os novos materiais, entre outros, o INEGI tem vindo a dar cartas em várias frentes. Conheça de perto alguns dos “produtos estrela” que projectaram este Instituto de Interface da FEUP no caminho da competitividade.

Portal Infovini

É o maior reservatório de informação sobre o universo vitivinícola português, e foi desenvolvido por uma equipa de investigadores do INEGI. Apresentado oficialmente em 2007, o portal apresenta-se como uma poderosa ferramenta online de promoção e divulgação do vinho português e da cultura do sector. Pretende-se formar uma comunidade alargada constituída por pessoas ligadas a esta área, nunca esquecendo o consumidor comum que esteja à procura de aprogundar conhecimentos e partilhar experiências relacionadas com o vinho e os negócios que lhe estão associados: enoturismo, provas de vinhos, garrafeiras especializadas e locais de compra e venda de produtos específicos, etc.

Garrafa Pluma

“Mais segura. Mais Leve. Mais Sofisticada” - era este o slogan promocional da nova garrafa da Galp Gás, lançada no mercado em Outubro de 2005. Para além da leveza e da possibilidade de reciclagem, a nova garrafa apresenta uma maior segurança quando comparada com os sistemas convencionais. Premiado internacionalmente, o projecto foi um sucesso não só em termos comerciais, mas no que toca à relação entre a universidade/indústria, tendo sido envolvidas a AMTROL-ALFA (Portugal), Saint Gobain Vetrotex International (França), INEGI (Portugal) e o Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros da Universidade do Minho - PIEP (Portugal).

Litebus

O projecto tem como principal objectivo a redução do peso das carroçarias de autocarros e a diminuição das emissões de compostos orgânicos voláteis para a atmosfera. Para tal, serão implementadas tecnologias inovadoras como o uso de matérias compósitos “sandwich” reforçados com pultrudidos para garantir elevada rigidez à flexão e torsional, bem como elevada resistência ao impacto em caso de acidente e elevada resistência à corrosão. Outro aspecto inovador passa pela integração de sistemas sensoriais de monitorização do estado da estrutura. Com um financiamento de 2 milhões de euros da Comissão Europeia, o projecto envolve verbas na ordem dos 3.5 milhões de euros, e um consórcio que reúne 13 parceiros de universidades e empresas de 6 países da União Europeia, sendo liderado pelo INEGI.

Guitarra inovadora

Ideia.M - assim se designou o trabalho desenvolvido por seis alunos da FEUP, no âmbito dos projectos PESC (uma iniciativa extra-curricular que pretende incentivar os alunos a criar soluções de engenharia para as mais diversas aplicações no dia-a-dia). Trata-se de um projecto que tem como finalidade conceber, fabricar e ensaiar acessórios, componentes e instrumentos sem alterar as suas características básicas em termos acústicos, utilizando novos materiais como a fibra de carbono, surgindo assim como alternativa aos tradicionalmente utilizados pela indústria musical. Desenvolvido desde 2004, o projecto foi oficialmente apresentado em 2007, tendo já captado inúmeras reacções positivas de algumas empresas internacionais ligadas ao panorama musical, casos da Guitarras Alhambra (Espanha), Premier-Percussions (Grã-Bretanha), Steinway & Sons (Alemanha), Renner (Alemanha) e Knowles Acoustics (EUA), Titanium Industries, Inc, (EUA/Inglaterra) e a L.R.Baggs (EUA).

Pilhas de Hidrogénio

HW 125 é o nome da primeira pilha de combustível a hidrogénio concebida e produzida em Portugal. Desenvolvida em 2005 pela empresa SRE - Soluções Racionais de Energia, em parceria com outras entidades, como o INEGI, a pilha entrou no mercado mundial ao fim de três anos de investigação tecnológica. Com várias aplicações, como back up para falhas de energia, potenciadora de maior autonomia em UPS’s e fonte de iluminação de emergência, a HW 125 visa segmentos de mercado que abrangem actividades e áreas económicas tão diversas como os das telecomunicações, vídeo vigilância, náutica de recreio ou caravanismo.

9


EM FOCO

Faculdade de Engenharia Universidade do Porto 10

nham o projecto desde o princípio. Garantimos assim que o desenvolvimento tecnológico responde a uma real necessidade clínica. Definimos objectivos ambiciosos, ou seja construir um sistema PET de alta resolução e alta sensibilidade, extremamente compacto, baseado em novas tecnologias de detecção, único a nível mundial”. Ao mesmo tempo, “provou-se que é possível agregar recursos para executar projectos tecnológicos complexos. Conseguiu-se definir uma estratégia de valorização dos resultados que passou pela criação da start-up PETsys. Mas ainda falta percorrer muito caminho até ao objectivo final que é a utilização generalizada deste equipamento nos hospitais e centro clínicos”, admite o investigador do INEGI.

Equipa INEGI/FEUP vence na European Shell Eco-Marathon 2008 Simulação do funcionamento da tecnologia PET

sanguínea moléculas com afinidade com as células cancerígenas - por exemplo a glicose, um açúcar - sendo que moléculas de glicose são previamente marcadas com um átomo radioactivo. Depois, por métodos químicos consegue-se criar uma molécula que além da glicose contém um átomo de fluor-18, um emissor de positrões (esta substância designa-se por FDG, está disponível comercialmente e é utilizada correntemente nos serviços de medicina nuclear equipados com PET). A radiação detectada permite localizar as zonas de emissão dentro do organismo, em particular os tumores cancerígenos, e formar uma imagem em computador. Para João Varela, investigador do INEGI e director do projecto PET, “a inovação realizada em Portugal deu-se nos detectores de fotões e nos sistemas associados, em particular na microelectrónica. A tecnologia PET actual aplicada a sistemas de corpo inteiro tem uma resolução de imagem típica de 8-10 mm, que nos equipamentos mais sofisticados atinge cerca de 5 mm no centro do scanner. No PET Mamografia decidimos encostar os detectores à mama para ter a maior sensibilidade possível”. Com alguns ajustes pelo meio, os resultados não tardaram em surgir: “Conseguimos um instrumento bastante mais preciso e mais sensível, e também substancialmente mais compacto, o que permite a sua aplicação à detecção do cancro da mama ou de outros tumores cancerígenos locais”, explica o investigador. Os testes já realizados com os PET actuais mostraram uma capacidade de detecção do cancro da mama superior à mamografia tradicional, o que na opinião de João Varela “se compreende já que a mamografia de raios-X apenas diz se os tecidos da mama são mais ou menos densos, e a densidade é um fraco indicador de cancro. A taxa de fixação da glicose nas células é um indicador mais fiável. A tecnologia PET que desenvolvemos, adaptada à glândula mamária, deverá naturalmente permitir resultados clínicos melhores. Em particular será sensível a tumores milimétricos, o que não acontece com os PET actuais”, remata. Devido aos custos ainda elevados do FDG esta tecnologia não visa substituir de imediato a mamografia de raios-X na despistagem de cancro da mama. Será aplicada nos casos em que há suspeitas derivadas do exame clássico ou a populações de risco. Um aspecto muito positivo desta nova tecnologia é a possibilidade de permitir diminuir drasticamente o número de biopsias. A mamografia de raios-X tem uma taxa de falsos positivos muito elevada e este facto resulta num grande número de biopsias desnecessárias. E os números comprovam-no: cerca de 70% das biopsias realizadas no seguimento de uma indicação positiva por imagem de raios X não correspondem a uma patologia maligna. Nestes casos um exame PET Mamografia teria com grande probabilidade evitado a biopsia. Apesar dos excelentes resultados alcançados, não se espera que o projecto termine aqui. Está já em fase de construção um segundo protótipo do PET mamografia para integrar com um equipamento de ecografia da mama e espera-se que esta combinação de informação do PET com as imagens por ultrasons aumente a capacidade de diagnóstico do equipamento. O protótipo - que está a ser desenvolvido em colaboração com a European Organization for Nuclear Research (CERN) e alguns institutos franceses - será testado no Hospital de Marselha. Está a ser estudada também, neste momento, a possibilidade de utilização da tecnologia PET em associação com ressonância magnética para exames do cérebro, em colaboração com um instituto na Suíça. Para João Varela, o balanço deste projecto é claramente positivo: “identificamos um problema de saúde, o diagnóstico do cancro da mama, em conjunto com parceiros clínicos no país e no estrangeiro, que acompa-

Incentivar os alunos para a investigação: utopia ou realidade? Captar alunos para as áreas de engenharia é um dos maiores desafios que se coloca a todas as instituições de ensino superior com formação nesta área. Dar a conhecer o que de melhor se faz nestas escolas, pode simplesmente funcionar como elemento catalisador de novos alunos. Consciente desta realidade, a FEUP aposta forte na interacção com os seus estudantes: exemplo disso é o envolvimento nos projectos PESC (Projectar, Empreender, Saber, Conhecer) - trabalhos extra-curriculares que pretendem dotar os alunos de competências importantes no desenvolvimento de projectos de investigação. Um dos projectos mais bem sucedidos nesta matéria foi o que envolveu a criação de um protótipo de baixo consumo e que tem competido por diversas vezes, no circuito de Nogaro, em França. A equipa INEGI/FEUP voltou a ocupar o primeiro lugar do pódio na classe UrbanConcept da European Shell Eco-Marathon 2008, que decorreu entre 22 e 24 de Maio, no circuito de Nogaro, França. O EcoINEGI foi o primeiro classificado na classe dos veículos a gasolina, tendo percorrido 291 quilómetros com um litro de gasolina superando os 289 quilómetros da edição anterior. Em termos práticos a participação em eventos do género tem como grande vantagem a “formação prática dos alunos de engenharia, que podem aplicar os conhecimentos adquiridos com base teórica na sua formação de engenheiros, quer em actividades curriculares ou extra curriculares, assim como permitir ao INEGI desenvolver investigação nas áreas da engenharia automóvel, consumos energéticos, e redução da emissão de gases poluentes”, salienta José Esteves, o investigador do INEGI e docente da FEUP responsável pelo projecto.


À CONVERSA COM Carlos Martins

entrevista de Ana Martins Fotografias Cedidas pela Martifer

Carlos Martins, CEO da Martifer

“Queremos ser um dos principais players nos sistemas para energias renováveis” Formado pela FEUP, Carlos Martins fundou em 1990 a Martifer, hoje a empresa mãe de um grupo de cerca de 120 empresas, divididas por quatro segmentos básicos de actividade: Construção, Equipamentos para a Energia, Biocombustíveis e Energia Eléctrica. A crescente aposta do Grupo passa pelas renováveis e pela pesquisa de novas fontes de energia, como a energia das ondas, e conta já com o INEGI como parceiro. Na calha estão ainda projectos em parceria com a FEUP.

Em 1990 criou a Martifer, na altura uma pequena empresa vocacionada para as fundações metálicas. Hoje, o negócio está presente em mais de 15 países nos cinco continentes e estende-se aos biocombustíveis, às energias renováveis e aos sistemas de energia. Qual será o próximo passo? O futuro da Martifer passa pela internacionalização crescente das áreas de negócio do Grupo, os resultados de 2007 foram de encontro às nossas expectativas e o objectivo é continuar a crescer. Apesar do ambiente claramente menos favorável em termos macro económicos, encaramos o futuro com um optimismo realista. Com a sólida situação financeira, a incontestável reputação no mercado e o contributo imprescindível do nosso maior recurso, as nossas pessoas, o Grupo Martifer encontra-se em condições de tirar partido das oportunidades que surgem. Neste momento já estamos em 18 países, nos cinco continentes, podemos falar da Martifer à escala global. Entrámos no mercado australiano, norte-americano e indiano e queremos apostar nestas presenças, quer com o nosso pilar base, que são as estruturas metálicas, quer no segmento das energias renováveis. Em Portugal estamos a concluir mais três fábricas que entram em operação até ao final do ano, a Martifer Solar, onde vamos produzir os nossos próprios módulos fotovoltaicos, e duas unidades que integram o cluster português do vento, e no qual a Martifer tem um papel fundamental, enquanto elemento do consórcio Ventinveste. O encaixe financeiro obtido pela entrada em Bolsa, há um ano atrás, permite agora que tipo de investimentos? O IPO permitiu um encaixe de cerca de 200 M€. Desde então, a Martifer encontra-se a desenvolver o plano de negócios apresentado por altura do seu IPO, sendo de destacar a execução dos investimentos no cluster industrial eólico em Portugal, o inicio da actividade de instalação de parques solares fotovoltaicos chave-na-mão, o inicio da actividade de produção de biodiesel na Roménia e em Aveiro e o alargamento do seu portfolio de activos em operação e em desenvolvimento na actividade de geração eléctrica a partir de fontes renováveis.

11


À CONVERSA COM Carlos Martins

Quem é Carlos Martins

Faculdade de Engenharia Universidade do Porto

Nascido a 27 de Maio de 1963 em Pessegueiro do Vouga, Sever do Vouga, no distrito de Aveiro, Carlos Martins é hoje presidente do Conselho de Administração da Martifer - SGPS, SA (função que ocupa desde a sua constituição, em 2004) e CEO deste Grupo desde Abril de 2008, cargos que acumula com a presidência do Conselho de Administração da Prio SGPS e CEO da mesma sociedade. Licenciado em Engenharia Mecânica pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto onde terminou o curso no ano lectivo de 1986/1987 - ano em que iniciou a sua actividade profissional em 1987 na Empresa Carvalho & Nogueira, Lda, como Director de produção no sector do ferro -, Carlos Martins é ainda um dos sócios fundadores do Grupo Martifer, nascida a partir da criação, em 1990, da sociedade Martifer Construções Metalomecânicas, SA, da qual foi igualmente Presidente do Conselho de Administração até 2008.

Para além da Martifer Presidente da Martifer, porquê? Porque ambicionava um projecto pessoal Se não fosse presidente da Martifer, o que seria? Seria Presidente da Martifer. O seu livro de eleição: “O Sétimo Selo” de José Rodrigues dos Santos O melhor filme que já viu: Tenho muitos, prefiro os que tenham sentido de humor Um projecto pessoal de que se orgulha: A Martifer.

12

Na II Jornada do Roteiro para a Ciência, realizada no ano passado por Cavaco Silva, o Presidente da República considerou que os portugueses têm de melhorar a sua eficiência energética e produzir de forma diferente, lembrando que Portugal é dos países europeus com maior dependência externa em relação ao petróleo. Face a estas declarações e à recente subida do petróleo, qual é, na sua opinião, a melhor estratégia a seguir pelo nosso país a curto e médio prazo? Como temos vindo a fazer no Grupo, penso que a estratégia terá de passar pela diversificação, de forma a diminuir a dependência. Temos de saber procurar alternativas. A crescente aposta do Grupo nas renováveis, e na pesquisa de novas fontes de energia, como é o caso da energia das ondas, demonstra bem o nosso interesse e estratégia. Os países acordaram para essa necessidade e estão a regulamentar metas neste sentido e nós, na Martifer, estamos a posicionarmo-nos para aproveitar as oportunidades de mercado que surgem a partir das alterações na indústria energética.

Queremos afirmarmo-nos como um dos principais players no fornecimento de sistemas para energias renováveis, rentabilizando ao máximo as sinergias das várias áreas de negócio do Grupo. Um dos trunfos da Martifer reside na inovação desenvolvida pelo vosso Núcleo de Investigação e Desenvolvimento. Em termos de I&D, sei que a Martifer tem algumas actividades com a FEUP quer com o INEGI. Em que consistem estas parcerias? Os projectos com a FEUP estão em fase de estudo. O INEGI é parceiro da MT Energy Systems em assuntos relacionados com a energia das ondas. Com o INEGI também temos outros projectos em estudo. Um dos mais recentes cursos de 3º ciclo da FEUP criados no âmbito da parceria MIT-Portugal - o Programa Doutoral em Sistemas Sustentáveis de Energia -, também tem a colaboração da Martifer. De que forma está a empresa a colaborar com este curso? O Grupo Martifer tem interesse em ter colaboradores seus a frequentar estes cursos, não só na área dos sistemas sustentáveis de energia, mas também numa das outras áreas de actuação do MIT - EDAM (Engineering Design and Advanced Manufacturing). Estas e outras parcerias estão em avaliação. São cursos que apostam em áreas estratégicas para a Martifer. Acha que este tipo de formação é determinante na competitividade das empresas? Este tipo de formação, e estes programas de pós-graduação, são importantes para a competi-

“[Os engenheiros FEUP] são engenheiros formados para a liderança, para a competitividade. Têm uma sólida formação técnico-científica, estão vocacionados para a concepção e implementação e operação de sistemas empresariais (...)”

tividade das empresas porque se trata de reunir o que de melhor se faz nas principais universidades portuguesas à experiência e ao reconhecimento do MIT (Massachussets Institute of Technology). Além disso são espaços de formação onde se reúnem várias nacionalidades e onde se promovem os contactos e a troca de experiências. Constitui uma associação sem precedentes para oferecer uma formação multidisciplinar e contribuindo para fazer do país um lugar de referência internacional para o estudo e a investigação, com vista a reforçar a prioridade nas pessoas, no conhecimento e nas ideias. Logo trata-se de uma boa notícia para as empresas que se associaram ao projecto, como é o caso da Martifer.


A Martifer foi considerada uma das melhores empresas para trabalhar em Portugal. Acredita que as pessoas fazem a diferença nas organizações? Desde sempre que o Grupo Martifer tem nos seus colaboradores um dos seus activos mais importantes, são eles que mais contribuem para a diferenciação e para o sucesso organizacional. O capital humano constitui importância vital para gerar vantagens competitivas numa arena cada vez mais turbulenta. É das pessoas que nasce a inovação, a criatividade, a capacidade realizadora, e é através delas que se constrói um futuro com sucesso. O facto de estarmos a crescer faz com que a cada dia entrem três novas pessoas. Quem cá trabalha sabe que se privilegia quem está cá dentro, há uma perspectiva de carreira, e isso motiva as pessoas. Por outro lado, a dinâmica da empresa é inspiradora. E, claro, temos programas de motivação constantes. Olhando mais para a sua experiência pessoal, licenciou-se em engenharia Mecânica, na FEUP, há 21 anos. De que forma a FEUP o preparou para o seu percurso profissional? A formação académica é muito importante, e o percurso na FEUP deu-me conhecimentos essenciais, o que também é importante, mas a diferença faz-se no activo e aí precisamos de arriscar, ser empreendedores, correr riscos e meter mãos à obra, foi o que fiz. Num mundo laboral cada vez mais exigente e competitivo é necessário mais do que formação académica: é crucial juntar inteligência, suor e decisão. Como costumo dizer aos colaboradores da Martifer, não basta ser melhor é preciso ser muito melhor!

Uma empresa, várias apostas Martifer Construções Líder Ibérico e um dos principais players europeus no sector das Estruturas Metálicas, reúne uma vasta experiência na construção de Edifícios, Fábricas, Pontes, Torres, Estádios e Aeroportos, garantindo excelência e rapidez na execução de todas as suas obras.

Martifer Energy Systems Ambiciona ser dos principais players no fornecimento de equipamentos para a produção de energia, a partir de fontes renováveis. Aproveitando as oportunidades no mercado das energias alternativas, posiciona-se como um fornecedor integrado de projectos chave na mão.

Martifer Renewables Presente no mercado da produção de electricidade através das tecnologias solar, hídrica, eólica e maremotriz, tem vindo a reforçar a sua presença em vários países desenvolvendo activos de produção de energia a partir de fontes renováveis.

A Martifer costuma recrutar engenheiros FEUP? Na Martifer recrutamos bons profissionais e contamos obviamente com engenheiros da FEUP entre os mais de 2800 de trabalhadores que já temos. Olhando hoje para o engenheiros recém-formados na FEUP, que qualidades lhes reconhece? São profissionais formados por uma escola que é uma referência entre as escolas de engenharia nacionais e internacionais. São engenheiros formados para a liderança, para a competitividade. Têm uma sólida formação técnico-científica, estão vocacionados para a concepção e implementação e operação de sistemas empresariais, são pessoas interessadas e normalmente interessantes, com espírito de que a formação se vai revendo e aumentado ao longo da vida profissional.

Prio As preocupações ambientais são tema de agenda da economia mundial e do cidadão comum. Atenta a esta tendência, a Martifer entrou no mercado dos biocombustíveis com a marca Prio, iniciando o processo na agricultura e culminando na distribuição do biodiesel.

Cronologia 1990 . Fundação com a área de construções metálicas.

“O Grupo Martifer tem interesse em ter colaboradores seus a frequentar estes cursos [da FEUP], não só na área dos Sistemas Sustentáveis de Energia, mas também do MIT - EDAM (Engineering Design and Advanced Manufacturing)”

1996 . Início de actividade da Martifer Inox. 1999 . Início de actividade da Martifer Alumínios. 1999 . Início do processo de internacionalização com a entrada em Espanha. 2004 . Início de actividade da Martifer Energy Systems.

2005 . Início de actividade da Martifer Renewables e Prio Biocombustíveis; . Criação da Repower Portugal. 2006 . Início de actividade da Prio na Roménia 2007 . Início de actividade da Martifer Solar; . Entrada Mercado de Cotações Oficiais; . Vitória fase B do concurso eólico nacional (400MW).

13


Investigação & Desenvolvimento

INEB, IBMC e IPATIMUP uniram esforços e criaram o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde

“Super-Instituto” revoluciona investigação na Saúde Faculdade de Engenharia Universidade do Porto

Fotografias: D.R.

Em Janeiro de 2008 arrancou oficialmente o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S), um consórcio que resulta da conjugação de esforços entre os institutos de Biologia Molecular e Celular (IBMC), de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) e Instituto de Engenharia Biomédica (INEB). Trata-se de um “Super-Instituto” que envolve já 600 investigadores, unidos pela vontade de revolucionar a investigação pluridisciplinar na área da Saúde. Perceber quais os factores genéticos, evolutivos e ambientais que determinam a progressão das doenças e o que pode existir nelas de comum é o desígnio que os une. Assinatura do protocolo do Consórcio de Investigação para a Saúde (I3S), em Janeiro

14

O Instituto de Engenharia Biomédica (INEB) tem, desde a sua fundação, em 1989, privilegiado a investigação na interface entre áreas do conhecimento. A engenharia biomédica é, por natureza, uma área interdisciplinar, mas o INEB tem procurado reforçar o papel da interdisciplinaridade na mudança de hábitos que constituem barreiras ao avanço do conhecimento e da formação universitária em novas áreas. Em 1992, quando decidiu ter laboratórios conjuntos com o Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), ao mesmo tempo que manteve uma forte presença na FEUP, o INEB previa uma importância crescente da biologia e da engenharia no desenvolvimento de novos biomateriais e sistemas de diagnóstico. Nessa altura, a opção foi a de não ter instalações únicas, de modo a poder contribuir para o estabelecimento de novas pontes dentro da Universidade do Porto. Outro passo dado no sentido de vincar esta estratégia foi a criação do Mestrado e do Programa Doutoral em Engenharia Biomédica, em 1996, na qual os investigadores do INEB estiveram fortemente implicados. Mais recentemente a criação do Mestrado Integrado em Bioengenharia, em

2006, veio reforçar a ideia base que esteve na origem da constituição do INEB: quebrar barreiras à colaboração entre áreas do conhecimento e entre instituições universitárias. A colaboração entre a FEUP e o ICBAS fez com que o curso de Bioengenharia da Universidade do Porto fosse um dos mais procurados em Portugal. É, também, o curso que dá uma formação mais ampla, incluindo especializações em engenharia biomédica, biotecnologia molecular e engenharia biológica. A existência de um ambiente único no Porto para o desenvolvimento das ciências da saúde possibilitou, também, a criação do I3S (Instituto de Investigação e Inovação em Saúde). O I3S resulta de uma parceria entre o IBMC, o IPATIMUP (Instituto de Patologia e Imunologia Molecular) e o INEB, provando que é possível tornar cada vez mais largo o caminho da colaboração entre instituições e pessoas. O I3S foi formalmente constituído no dia 28 de Janeiro deste ano, mas antes já tinha havido um longo caminho percorrido, através de vários anos de colaborações em projectos, orientações de estudantes de pós-graduação, aquisição de equipamentos e acções de divulgação científica. O I3S vem corporizar a necessidade de


José Sócrates elogia a “nova ambição na ciência portuguesa” com a criação deste super-instituto

evoluirmos para novas formas de organização, mais ambiciosas do que as existentes, num processo que mimetize o desenvolvimento de sistemas vivos. Ou seja, o I3S é apenas o ponto de partida para outros patamares do conhecimento científico, da colaboração com as entidades do sistema de saúde e com empresas. As áreas de desenvolvimento do I3S deverão basear-se nas capacidades existentes nas três instituições, reforçando-as através da criação de novas equipas. Muitas doenças têm uma origem multi-factorial, nomeadamente as degenerativas, as metabólicas, as cardiovasculares, o cancro, as doenças infecciosas, e várias patologias associadas ao envelhecimento (como a osteoporose e a doença de Alzheimer). A possibilidade de dispormos de diagnósticos mais precoces e menos invasivos, o recurso a células estaminais para fins terapêuticos, nomeadamente para medicina regenerativa, e as potencialidades abertas pela nanomedicina, colocam desafios que exigem um novo paradigma de organização da actividade científica. Por isso, só um tipo de abordagem multidisciplinar será capaz de dar resposta a estes problemas, cuja origem é genética, evolutiva e ambiental. Os factores sociais são também reconhecidos

Sobrinho Simões (IPATIMUP), Alexandre Quintanilha (ICBAS) e Mário Barbosa (INEB): os mentores do I3S

como fundamentais na alteração dos padrões de saúde das populações. Por estas questões, e também por acreditarmos que as barreiras ao desenvolvimento do conhecimento são muitas vezes artificiais e de natureza administrativa, o I3S nasceu como um instituto aberto à participação de outros grupos de investigação.

A ligação do I3S à Universidade do Porto

O I3S e os institutos que o constituem têm uma raiz universitária, tanto na origem como na actividade actual. A Universidade do Porto é o seu terreno de implantação física, científica e humana. Os estudantes de doutoramento e mestrado da Universidade do Porto encontram no I3S as condições laboratoriais que lhes permitem realizar os seus trabalhos de investigação num ambiente de colaborações internacionais e com meios que são equivalentes aos de laboratórios estrangeiros conceituados. Muitos alunos de pré-graduação também realizam estágios no I3S, integrando-se no dia-a-dia de um instituto de investigação, nas suas rotinas de sucessos e insucessos experimentais, nas indispensáveis discussões científicas, nas incertezas das hipóteses, na desproporção entre o número de perguntas e o número de respostas que a investigação alberga. Sobretudo, aprendem que as barreiras que lhes impõem os programas das disciplinas são mais artificiais do que supunham e que a integração de conhecimentos é imprescindível. O I3S, tal como outros institutos da Universidade do Porto, contribui para que esta tenha uma função cada vez mais importante na

pós-graduação e no treino pela investigação. Se este papel for reforçado, é previsível que todas estas estruturas venham a ter um papel cada vez mais importante na missão da universidade. Uma outra interface que o I3S pretende reforçar é o da ligação à sociedade e às empresas. As acções de promoção da cultura científica já fazem parte das actividades regulares do IBMC, do IPATIMUP e do INEB. Com o consórcio passamos a dispor de uma maior capacidade de articulação, de promoção de eventos de maior dimensão e de atingirmos um número e uma diversidade maior de públicos, contribuindo para um melhor esclarecimento da sociedade sobre questões de saúde. Através do I3S será possível reforçar as actuais ligações dos institutos aos hospitais, apostando em programas de investigação de translação e criando oportunidades para a participação conjunta num número maior de projectos de investigação clínica. Para isso, será preciso alterar o actual paradigma de financiamento da investigação, baseado em projectos de pequena dimensão e com prazos de execução muito curtos. A constituição recente do Health Cluster Portugal veio permitir a congregação de esforços por parte de empresas, universidades e institutos de investigação, através de uma rede que se estende a todo o País mas que teve a sua origem na região Norte. Mais de 80 entidades fazem parte desta Pólo de Competitividade, tendo o I3S assumido um papel fundamental na sua criação. Um dos aspectos mais estimulantes neste processo é a sua origem: a vontade das pessoas. Não foi nenhum incentivo financeiro imediato que as fez pensar para além das suas paredes actuais. O normal é as pessoas unirem-se porque há um financiamento que as estimula a fazê-lo. É habitual perguntarem-nos se não perderemos autonomia, identidade e coisas do género. Num país de quintinhas é normal que nos façam essas perguntas. Esperemos que nos comecem a colocar outras questões.

Texto da responsabilidade do professor Mário Barbosa, Coordenador Científico do INEB e docente da FEUP. O I3S reúne cerca de 600 investigadores empenhados em fazer história no campo da saúde em Portugal

15


OPINIÃO

O Papel dos Institutos de Interface na Faculdade de Engenharia Augusto Barata da Rocha*

Com base nestes pressupostos, compete à FEUP fornecer uma formação avançada em Engenharia aos jovens que saem do ensino secundário, bem como aos quadros de empresas que pretendem uma formação contínua ao longo da sua carreira, e interagir com a sociedade, através da colocação das suas competências ao serviço de Projectos de Investigação, Desenvolvimento e Inovação, com vista ao progresso económico e social do País. Inseridos nesta estratégia, aos Professores Universitários cabe o desempenho da sua actividade nas vertentes Pedagógica, Científica e de Extensão Universitária. Estas três vertentes têm estádios de desenvolvimento e maturidades diferentes na FEUP. Se a componente pedagógica foi sempre um ponto forte na história da FEUP, a componente científica só emergiu, com dinâmica internacional, na década de 70, enquanto que a Extensão Universitária é bem mais recente, surgindo no final da década de 80, através da criação de vários Institutos de Interface, incubados no seio da FEUP, para ultrapassar dificuldades burocráticas e flexibilizar a ligação ao mundo empresarial. Alguns destes Institutos atingiram ao longo destes últimos anos uma dimensão apreciável e autonomizaram-se fazendo parcerias públicoprivadas para assim prosseguir melhor a missão a que estão destinados, contribuir para o desenvolvimento do tecido industrial através da Investigação e Desenvolvimento e Transferência de Tecnologia.

16

A existência de Institutos de Interface na FEUP foi uma iniciativa meritória da FEUP, que os criou e apoiou, vendo neles um enorme potencial, quer ao nível do ensino, quer ao nível da formação dos seus docentes. Pretendia-se assim promover um contacto directo dos docentes com problemas industriais, exercendo a sua actividade “fazendo e ensinando”, em vez de “ensinar sem nunca fazer”... As vantagens de ter Institutos de Interface fortes na FEUP são inúmeras, mas convém salientar as mais importantes. Por um lado, a realização de Projectos de Investigação em parceria com

Fotografia de Rui A. Cardoso

Faculdade de Engenharia Universidade do Porto

A palavra Engenharia, que deriva do latim “ingenium”, significa fazer nascer, criar ou gerar. A Engenharia faz o uso prático e concreto do conhecimento científico e de recursos tecnológicos para propor e resolver problemas reais, úteis à sociedade. A Missão da FEUP é a “formação de profissionais de Engenharia de nível internacional, sustentada em Investigação e Desenvolvimento de excelência, contemplando as vertentes científica, técnica, ética e cultural”. Na definição da sua Visão, a FEUP pretende ser “… um parceiro privilegiado de entidades de outros países em actividades de I&D e um elemento essencial ao desenvolvimento do meio envolvente”.

empresas permite o envolvimento de alunos dos últimos anos em projectos reais, de Investigação e Desenvolvimento, preparando-os melhor para a sua actividade profissional futura. Muitos ficam logo integrados nestas empresas. Esta vivência científica e tecnológica é fundamental para um bom desempenho numa economia fortemente competitiva e global. Por outro lado, como já referido, a participação ou coordenação destes projectos é extremamente gratificante para o Professor Universitário, já que assim pode pôr em prática os conhecimentos científicos adquiridos, testá-los e aprender uma vertente industrial que os “bancos” da Faculdade ou os livros nunca lhe poderão ensinar. Por último, e não menos importante, o aspecto económico. Os recentes e os expectáveis futuros cortes orçamentais de verbas públicas destinadas ao ensino superior poderão só encontrar solução através da realização de contratos de Investigação, Desenvolvimento e Inovação quer com Instituições do Sistema Científico e Tecnológico Nacional ou Europeu, quer directamente com empresas. Estas verbas serão úteis para recrutar alunos de mestrado e doutoramento, adquirir equipamento laboratorial e tecnológico, fundamentais para a prática da Engenharia.

As vantagens de ter Institutos de Interface fortes na FEUP são inúmeras. (...). Esta vivência científica e tecnológica é fundamental para um bom desempenho numa economia fortemente competitiva e global.

O modelo de sucesso de alguns destes Institutos de Interface assenta em princípios simples. A capacidade que têm de formar equipas flexíveis e multidisciplinares com doutorados da FEUP altamente qualificados, garante a qualidade científica e tecnológica dos resultados. Por outro lado, a existência de quadros próprios seniores nos Institutos, responsáveis por conduzir grande


17


OPINIÃO

Faculdade de Engenharia Universidade do Porto

parte do trabalho, garante o preenchimento de um dos requisitos fundamentais do sucesso de um projecto industrial, que é o escrupuloso cumprimento do seu prazo de execução. Aos Universitários compete assim o papel de “consultor”, permitindo-lhes realizar a sua actividade académica em paralelo. Por outro lado, o recurso a financiamentos vedados à FEUP tem permitido aos Institutos dotarem-se de importantes e modernas infra-estruturas tecnológicas, complementares ou inexistentes na FEUP, em múltiplas áreas da Engenharia, o que representa uma enorme mais-valia para a realização destes projectos e também para a formação dos seus alunos. Parece assim ter sido encontrado um modelo de sucesso, numa solução composta entre a Universidade e os seus centros de I&D, que permite ensinar, investigar e inovar, colocando ao serviço da sociedade o enorme potencial de conhecimento que existe na FEUP. A Universidade gera conhecimento e os Institutos de Interface fazem-no fluir, como um rio, para o mar industrial. A gestão dos Institutos é uma tarefa de grande responsabilidade, muito absorvente, que envolve a gestão de ciência e tecnologia, mas também tem que incorporar modelos de gestão empresarial, que permitam um saldo de exploração anual positivo e uma produtividade elevada. Infelizmente, apesar de o seu papel no seio da FEUP ser reconhecido por muitos e o nome da FEUP estar associado a grandes sucessos industriais com relevância também mediática, contribuindo assim para o seu prestígio, quer a nível nacional, quer a nível internacional, os Institutos de Interface deparam-se com enormes dificuldades ao nível do recrutamento de pessoal docente para colaborar nas suas actividades, o que poderá, no futuro, comprometer irremediavelmente um percurso inovador que se encetou há mais de 20 anos...

18

Parece assim ter sido encontrado um modelo de sucesso, numa solução composta entre a Universidade e os seus centros de I&D, que permite ensinar, investigar e inovar, colocando ao serviço da sociedade o enorme potencial de conhecimento que existe na FEUP. Esta situação resulta, fundamentalmente, do facto de esta evolução do paradigma universitário (de Instituição eminentemente pedagógica para uma instituição parceira activa das políticas de desenvolvimento tecnológico, económico e social) não ter sido acompanhada

pela correspondente evolução do Estatuto da Carreira Docente. Os Professores Universitários desempenham, hoje, uma diversidade de funções assinalável (ao nível pedagógico, científico, de participação em projectos Investigação e Desenvolvimento, de gestão de projectos e de Instituições de transferência de tecnologia) que, no seu conjunto, resultam numa diversidade de competências fundamentais para a transmissão de conhecimentos, gerando, simultaneamente, recursos económicos e técnicos para a prossecução, com qualidade, das actividades universitárias. Mas o Estatuto da Carreira Docente continua a privilegiar as actividades tradicionais (pedagógicas e de produção científica - consubstanciada na produção de artigos científicos), desvalorizando a participação em projectos desenvolvidos em conjunto com o tecido empresarial.

batida através da ponderação com equivalente dignidade, da componente pedagógica, científica e de extensão universitária. É esta a visão que os países tecnologicamente mais avançados têm do papel e da responsabilidade do Universitário na sociedade, que se deve pautar por ensinar aos alunos aquilo que se “sabe”, e, no caso particular da Engenharia, aquilo que se “sabe fazer”.

Com este cenário, o Professor Universitário pondera seriamente se a sua actividade deve basearse na (desvalorizada em termos de progressão académica) participação nestes projectos ou se deve direccionar-se para a produção de artigos científicos susceptíveis de, em futuras provas, serem contabilizados como aspectos a valorizar em termos de carreira.

Os Professores Universitários desempenham, hoje, uma diversidade de funções assinalável (ao nível pedagógico, científico, de participação em projectos Investigação e Desenvolvimento, de gestão de projectos e de Instituições de transferência de tecnologia) que, no seu conjunto, resultam numa diversidade de competências fundamentais para a transmissão de conhecimentos.

Neste modelo de cooperação Universidade / Indústria, o papel de consultor do Professor Universitário é determinante, já que garante credibilidade, mérito científico e tecnológico e traz um acréscimo de conhecimento, sem o qual o projecto de investigação e desenvolvimento rapidamente se transformaria num mero trabalho de remodelação industrial. É pois vital que a FEUP debata frontalmente esta questão, designadamente numa altura em que os sucessivos cortes orçamentais no financiamento do Estado às Universidades coloca em cima da mesa a necessidade de obtenção de financiamentos alternativos. Incentivar e valorizar trabalhos de Investigação e Desenvolvimento realizados pelos seus Professores Universitários no âmbito de Projectos Industriais é um objectivo que merece unanimidade em conversas de corredor e reuniões informais. Mas a verdade é que na prática este objectivo não é depois acarinhado (antes pelo contrário…) na fase de avaliação dos seus principais protagonistas, fruto do espírito do Estatuto da Carreira Docente, mas também da interpretação fundamentalista que dele é feito por sectores mais conservadores da nossa Escola.

Não invertendo o rumo actual, a FEUP pode recuar décadas, regressando aos tempos em que a Universidade era elitista e fechada, desperdiçando um enorme potencial e um percurso de abertura ao exterior, em que foi pioneira.

É necessário repor urgentemente o equilíbrio entre as diferentes vertentes, a pedagógica, científica e de extensão universitária, percebendo que a riqueza de uma Universidade ou de qualquer Instituição reside na sua diversidade. A FEUP deve ponderar este aspecto, se pretende, no futuro, ser um elemento essencial ao desenvolvimento do “meio envolvente”, tal como enunciado na sua “Visão”.

De facto, os sinais dados nos últimos anos por alguns Júris de Concursos para progressão na carreira docente, disseminaram a ideia de que a componente científica dos seus currículos era a única a ser valorizada, pelo que o tempo dispendido em desafios industriais era simplesmente inútil, totalmente desvalorizado ou omitido no momento da avaliação. Esta imagem conduziu a um “carreirismo” crescente no seio de alguns Departamentos, em que a progressão se deveu ao saber “escrever”, enquanto outros, preteridos, para além de saberem “escrever”, despenderam grande parte do seu tempo a aprender a saber “fazer”... Esta postura de arrogância científica, no momento da avaliação académica deve ser com-

* Presidente da Direcção do INEGI e professor associado da FEUP


FEUP POR DENTRO

Conheça alguns dos muitos eventos, prémios e projectos que mereceram maior destaque, de Março de 2008 a Julho de 2008, na FEUP

Breves . Breves . Breves FEUP FIRST JOB traz empresas à FEUP A Divisão de Cooperação da FEUP (DCOOP) organizou nos dias 5 e 6 de Março de 2008 o “FEUP First Job” - Programas de Estágios: um salto para o mercado de trabalho” cujo principal objectivo consistiu em dar a conhecer aos alunos e recém-graduados da FEUP os vários programas e ofertas de estágios nacionais e internacionais. Trata-se de um 1.º passo na transição para a vida activa, já que além de possibilitar que alunos e recém-graduados conheçam os vários programas de estágios a decorrer no panorama nacional e internacional, permite ainda que as empresas presentes oferçam oportunidades únicas aos estagiários FEUP. http://www.fe.up.pt/firstjob

FASt - FEUP Autonomous Sailboat

FEUP desenvolve barco à vela não tripulado

Qual o papel das universidades na economia?

“Acústica depois da Casa da Música” em debate Renz van Luxemburg, projectista de acústica da Casa da Música, conhecido internacionalmente por ter já obra feita nos cinco continentes, esteve na FEUP a moderar um debate onde foram divulgadas as mais recentes obras e soluções no fenómeno da acústica de edifícios. Com especial enfoque no projecto de condicionamento acústico da Casa da Música, a iniciativa reuniu alguns especialistas na matéria e também alguns curiosos. Desde a conclusão da Casa da Música muitos avanços ocorreram quer ao nível dos métodos de cálculo, quer ao nível da concepção de soluções que estão a ser implementadas em obras por todo o mundo. Foi esse o principal motivo que levou o Núcleo de Investigação & Desenvolvimento em Engenharia Acústica (NI&DEA), liderado pelo professor Rui Calejo Rodrigues, a organizar esta palestra.

FEUP elege Raul Vidal para director do DEI Raul Moreira Vidal, professor associado da FEUP desde 1982, é o primeiro Director do Departamento de Engenharia Informática (DEI) da FEUP. Para trás fica a direcção do Mestrado Integrado em Engenharia Informática e de Computação (MIEIC), assumida agora por António de Sousa. Licenciado em Engenharia Electrotécnica (FEUP, 1972) Mestre em Engenharia de Comunicações (UMIST, 1974), “Ph.D. in Computer Engineering” (UMIST, 1978), Raul Vidal é membro da Assembleia de Representantes da FEUP desde 1990, tendo sido o seu presidente de 1990 a 1996. Foi fundador e Director dos mestrados em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, assim como da Licenciatura em Engenharia Informática e Computação. Membro sénior do IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers, a maior sociedade técnica mundial), recebeu, em 2000, a “third Millenium Medal” pelos “outstanding achievements and contributions” durante a sua presidência da secção Portuguesa do IEEE (entre 1993 e 1998). Em 1999 foi Vice-Presidente da Região 8 do IEEE. Membro sénior da Ordem dos Engenheiros, foi Coordenador regional dos Colégios de Engenharia Electrotécnica e de Engenharia Informática, integrando hoje a Assembleia de Representantes da OE.

D.R.

Sendo o sector da Inovação um dos principais impulsionadores da economia e as universidades contribuintes em grande escala para esta área, Tony Knopp veio à FEUP descrever a sua experiência do Massachussetts Institute of Technology (MIT). A palestra - organizada pela área de “Investigação & Desenvolvimento e Inovação”, da Divisão de Cooperação da FEUP - foi baseada nas competências de Knopp na área de gestão de projectos, registo de patentes, licenciamento de direitos, interface com empresas e apoio ao empreendedorismo. Tony Knopp é um dos responsáveis pelo Industrial Liaison Program no MIT, com vasta experiência no sector da valorização económica do conhecimento científico.

Embarcação vai largar em Outubro para uma travessia do oceano Atlântico, a partir de Viana do Castelo e até às Caraíbas A FEUP acaba de desenvolver um veleiro autónomo não tripulado, denominado FASt (FEUP Autonomous Sailboat). Iniciado em Janeiro de 2007, o projecto tem como objectivo participar numa competição internacional de embarcações à vela não tripuladas, intitulada Microtransat, e que visa a realização de uma regata de travessia do oceano Atlântico. O FASt apresenta-se como um veleiro autónomo com 2,5 metros de comprimento, inspirado no desenho típico de veleiros actuais de competição oceânica. A embarcação foi parcialmente construída na FEUP em materiais compósitos, com o apoio do construtor de kayaks de competição “Élio-Kayaks”. A equipa da FEUP - docentes e alunos do Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores - desenvolveu o sistema electrónico de controlo: o veleiro é capaz de velejar autonomamente, sendo controlado por um pequeno computador e por actuadores eléctricos para manobrar o leme e orientar as velas. A energia eléctrica é assegurada por um painel solar e armazenada em baterias. Em alto mar, a comunicação com o veleiro acontece via satélite, permitindo conhecer a sua posição geográfica e dados elementares de navegação. Esta será a primeira tentativa de travessia do Atlântico em veleiros não tripulados, cabendo à FEUP a organização local do evento, contando para já com o apoio do Iate Clube de Viana. A largada acontecerá em Viana do Castelo, no início do próximo mês de Outubro, e será precedida de provas preparatórias, afinações e demonstrações das embarcações participantes. De momento, estão inscritas nove equipas da Europa, Estados Unidos da América e Canadá que terão de realizar a travessia de forma completamente autónoma, não sendo permitido qualquer tipo de actuação ou ajuda externa. O objectivo a atingir será cruzar o meridiano 60ºW, dentro de um intervalo de latitude que inclui as Caraíbas. Refira-se que, recentemente, uma equipa da FEUP esteve presente no primeiro campeonato mundial de veleiros autónomos, que teve lugar no lago Neusiedlersee, Áustria, tendo esta prova funcionado como um primeiro ensaio. A competição contou igualmente com a Universidade de Queens (Canadá), Universidade de Aberystwyth (Reino Unido) e a associação INNOC (Áustria). www.fe.up.pt/fast


FEUP por Dentro

LPG Challenge 2008 - Linking Great Partners

Alunos criam soluções para empresas

Fotografia de Rui A. Cardoso

A apresentação pública do resultado final foi feita a 25 de Junho, no auditório da FEUP, onde as 10 “empresas” criadas pelos alunos apresentaram as suas soluções aos seus clientes. Deste modo, os alunos do MIEIC tiveram a oportunidade de mostrar os seus projectos de intervenção, em contexto real, às empresas parceiras da FEUP. Os

trabalhos - desenvolvidos ao longo do segundo semestre - incidiram na área de software, tendo as empresas acompanhado o evoluir dos vários projectos. Pela segunda vez, as equipas da Faculdade de Engenharia colaboraram com uma equipa de finalistas da licenciatura em Design de Comunicação da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, que incrementou a comunicação das diferentes soluções. Denominado “LGP Challenge 2008 - Linking Great Partners”, o evento deste ano contou com os seguintes parceiros: Qimonda Portugal, CSide - CentralCasa, Critical Software, ClusterMedia Labs, Sage Portugal, Novabase - Octal 2 Mobile, CPCIT4ALL, PT Inovação, Agilus I+D e Primavera Business Software Solutions.

Engenharia de Serviços e Gestão em debate na FEUP Subordinado ao tema “Engenharia e Inovação nos Serviços”, a FEUP realizou nos dias 3 e 4 de Junho o I Congresso em Engenharia de Serviços e Gestão, reunindo especialistas de renome internacional como Raymond Fisk (Texas State University, EUA), Jorge Santos Carneiro (SAGE Portugal), Diem Ho (IBM), César Marto (Delloite), Daniel Bessa (Escola de Gestão do Porto), Rui Guimarães (COTEC), Alexandra Caramalho (Kaizen Institute) e Jorge Sequeira (Siemens Medical Solutions). Com o objectivo de abordar as questões ligadas ao sector terciário, em concreto às vertentes de Gestão, Marketing, Engenharia, Tecnologia e Sistemas de Informação, o congresso foi organizado pela comissão do Mestrado em Engenharia de Serviços e Gestão (MESG) da FEUP e destinou-se a empresas públicas e privadas, a toda a comunidade académica e a organizações interessadas em evoluir nesta área.

Criado no âmbito de Bolonha e pioneiro em Portugal e na Europa) o MESG vai partir já para a segunda edição em 2008/2009, depois do enorme êxito verificado no ano de estreia. Refirase que este mestrado tem o apoio de empresas como a IBM, o BPI, a Sonae e a Critical Software, entre outras. Trata-se de um mestrado que permite complementar a formação de base em Economia ou Gestão, com competências direccionadas à concepção, desenvolvimento, implementação e operação de sistemas de serviços - elementos decisivos na formação em Engenharia. Este ano lectivo, o MESG da FEUP participou no desenvolvimento de um Mestrado Europeu na área da Engenharia de Serviços, envolvendo-se com mais oito universidades numa iniciativa denominada DELLISS - “Designing Lifelong Learning for Innovation in Information Services”. www.fe.up.pt/mesg

Fotografia de Rui A. Cardoso

Faculdade de Engenharia Universidade do Porto

São soluções reais para empresas verdadeiras. O desafio colocado aos alunos da disciplina Laboratório de Gestão de Projectos (LGP) - do quarto ano do Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação (MIEIC) da FEUP, consistiu na criação de produtos concretos, na área da engenharia informática, solicitados por empresas.

incentiva investigação escolar 20

Algumas das escolas básicas e secundárias que integram o Projecto ENEAS estão a superar as metas da monitorização ambiental, avançando para a investigação. Lançado em 2007, o projecto ENEAS (European Network for Environment Assessment and Services) está a superar todas as expectativas dos seus promotores. Mais do que monitorizar o ambiente, algumas escolas estão a lançar-se em projectos de investigação interdisciplinar, mais comuns a nível universitário. É o caso da Escola Secundária de Arouca que, entre outras actividades, está a fazer determinação de poluentes oriundos de antigas minas de volfrâmio da Serra da Freita e a estudar o efeito do pH das chuvas no desen-

volvimento de plantas. Também a escola EB 2,3 Paços José de Guifões (Matosinhos) vai arrancar em Setembro com um projecto piloto de criação de mapas de risco (ambiental, rodoviário, social, etc) elaborados pelos alunos com base nas suas percepções de risco. Trata-se de uma experiência de aplicação de técnicas de Sistemas Participativos de Informação Geográfica com carácter extremamente inovador em Portugal. Financiado em um milhão de euros (85 % pelo Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu e 15 % pela FEUP) o ENEAS consiste na criação de uma rede transeuropeia de escolas secundárias, universidades e autarquias que recolhem, tratam e fornecem dados ambientais cientificamente validados em áreas como a atmosfera,

a hidrologia, solos, etc. No final do processo de recolha, os dados serão tratados e transmitidos para agências europeias como a Agência Europeia do Ambiente. Deste modo, a rede ENEAS servirá de base à análise ambiental do país, dando assim cumprimento aos pressupostos da Agenda 21 (local e escolar). A FEUP é a instituição proponente e líder deste projecto, tendo para já como parceiros o International Institute for Geo-Information Science and Earth Observation (sedeado na Holanda), a Universidade de Évora, 22 escolas secundárias e as câmaras municipais de Póvoa de Lanhoso e Mirandela. Em 2009 o ENEAS vai avançar com parcerias em escolas estrangeiras. www.eneas.com.pt


FEUP por Dentro

Secretário de Estado inaugura Design Studio da FEUP

Fotografia de Rui A. Cardoso

Uma nova filosofia de ensino, que motiva os alunos para além da sala de aula e estimula a criação de protótipos inovadores: esta é a realidade que a FEUP deu a conhecer a 8 de Abril ao secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor (na foto). Pela primeira vez e in loco foi também possível observar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido por alguns estudantes do MIT (Massachussets Institute of Technology) de Portugal. Exclusivamente direccionado a alunos, a criação deste laboratório de ideias resulta da determinação da FEUP em possuir uma estrutura de projectos em ambiente integrado, vocacionada para as vertentes de design, engineering e management. O objectivo é desenvolver protótipos com o intuito de captar a atenção do tecido empresarial para soluções inovadoras. Na prática, o Design Studio é um local no qual os alunos podem discutir e procurar soluções para os problemas do mundo real. Por isso, os projectos de investigação (a concepção e o desenvolvimento do produto ou o estudo de novas tecnologias e a avaliação de novos processos) contam com a estreita colaboração de parceiros industriais.

Desafio Único corre em Vila Real O Challenge Desafio Único regressou ao asfalto, desta vez para a competição que decorreu a 22 de Junho no mítico Circuito de Vila Real.

mente uma elevada fiabilidade mecânica. Por fim, refira-se que já foi seleccionado o piloto feminino para a próxima prova, a ter lugar em Braga, a 13 e 14 de Setembro: trata-se de Quirina Oliveira, aluna do Segundo ano do Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão que integrará a equipa feminina da Q&F. www.fe.up.pt/desafio

Fotografia de Rui A. Cardoso

Em competição estiveram 50 automóveis e 100 pilotos. Recorde-se que o Challenge Desafio Único é uma prova organizada pelo Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial da FEUP, com o apoio da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK). A competição abrange automóveis da marca Fiat, modelo Uno 45 S, por se revelarem veículos económicos, com grande oferta no mercado, apresentando igual-

Quantos quilos aguenta uma ponte de esparguete?

Fotografia de Rui A. Cardoso

Foi para responder a esta questão que no passado dia 21 de Maio 10 grupos de alunos do Mestrado Integrado em Engenharia Civil puseram literalmente as mãos na massa. Com o objectivo de fomentar o interesse dos alunos pela investigação e pela aplicação prática de soluções engenhosas, este evento, da iniciativa dos alunos, arrancou no dia 21 com a construção das pontes e terminou no

dia 28, data em que foram avaliadas pelo júri. Constituído por Raimundo Delgado (professor do Departamento de Engenharia Civil da FEUP), Jorge Moreira da Costa (director do Mestrado Integrado em Engenharia Civil da FEUP), Fernando Brandão Alves (professor do Departamento de Engenharia Civil da FEUP) e Luís Afonso (da empresa Soares da Costa), o júri avaliou primeiro as diversas pontes no que toca à sua estrutura e beleza, tendo estas depois sido submetidas a testes de resistência. Munidos de apenas uma embalagem de esparguerte comercial e cola térmica corrente, o desafio passava por construir uma ponte com apenas 350 gramas que resistisse com o máximo de peso. O record mundial - que está nos 60 quilos - não foi quebrado, mas quase: 51, 2 quilos foi quanto a ponte de João Lameiras, Ricardo Teixeira Pinto e Pedro de Seixas Duarte aguentou.

21


FEUP por Dentro

Presidente da TAP é Professor convidado da FEUP vezes condecorado, no Brasil e em Portugal, a mais recente das quais como Grande Oficial da Ordem de Mérito da República Portuguesa. O presidente executivo da TAP está desde já convidado para mais palestras, enquadradas nas disciplinas de Gestão Estratégica e de Gestão de Recursos Humanos do Mestrado Integrado em Engenharia Industrial e Gestão, bem como de Materiais Compósitos do Mestrado Integrado de Engenharia Mecânica. Apesar do estatuto de professor convidado, Fernando Pinto não vai leccionar, antes dar o seu precioso contributo para algumas das áreas nas quais é especialista de renome internacional. Esta é uma mais-valia para a FEUP, em geral, e para os alunos, em particular, não apenas em termos de saber académico, como também no que se refere à análise crítica que poderá fazer acerca da oferta de formação aqui feita.

Fotografia de Rui A. Cardoso

Faculdade de Engenharia Universidade do Porto

A FEUP passou a contar em Junho com mais um elemento de grande valia no lote do seu corpo docente. Trata-se de Fernando Pinto (presidente executivo da TAP), que, enquanto professor convidado, proferiu já na FEUP a palestra “Desafios da gestão de uma empresa de transporte aéreo no contexto da globalização”. A intervenção ocorreu no âmbito da disciplina de Gestão de Recursos Humanos do Mestrado Integrado em Engenharia e Gestão Industrial da FEUP. Fernando Pinto, de 59 anos, é licenciado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil), tendo apresentado, como projecto de formatura, um protótipo do primeiro hovercraft feito no Brasil, com tecnologia oriunda de Inglaterra (estagiou em fábricas inglesas da ilha de Wight). Além de diversos outros cursos ao longo da sua carreira, Fernando Pinto foi várias

Nova Directiva Europeia vai mexer com a vida das autarquias

FEUP lança “Manual de Redução de Ruído” No passado dia 15 de Abril de 2008, decorreu na FEUP a primeira apresentação pública a nível nacional do “Manual Técnico para Elaboração de Planos Municipais de Redução de Ruído”. O documento, da autoria do professor Oliveira Carvalho (responsável pelo Laboratório de Acústica da FEUP) e de Cecília Rocha (co-autora), servirá de apoio às autarquias na elaboração dos seus planos municipais de redução de ruído. Trata-se de um guia de apoio metodológico sobre a problemática legal e técnica destes planos e ainda o desenvolvimento de exemplos práticos da sua aplicação. Estes planos apresentam-se como instrumentos importantes de promoção da melhoria do ambiente sonoro para a população em geral, com particular relevo para as zonas urbanas, requerendo um empenho alargado a várias entidades para o seu efectivo sucesso. Refira-se que a 1ª Directiva Comunitária relativa à avaliação e gestão

do ruído ambiente estabeleceu novos indicadores de ruído ambiente, tendo criado um regime especial para as grandes infra-estruturas de transporte rodoviário, ferroviário e aéreo e para as aglomerações de maior expressão populacional. As entidades gestoras dessas infra-estruturas e aglomerações têm a responsabilidade de realizar os respectivos mapas estratégicos de ruído e planos de acção, os quais devem conter as medidas necessárias à redução do ruído ambiente, com prazos de execução a partir de 2007. Na sessão de apresentação do manual técnico que decorreu na FEUP foram distribuídos gratuitamente cerca de 750 exemplares em formato digital. Esta obra do Laboratório de Acústica da FEUP reveste-se de grande importância já que implicou uma colaboração próxima com a Agência Portuguesa do Ambiente, incluindo a respectiva troca de experiências e de conhecimentos. De realçar o aumento crescente do número de trabalhos feitos para o exterior da FEUP pelo Laboratório de Acústica, num aumento médio

continuado de 24 por cento ao ano, entre 2001 e 2007. No ano passado, o laboratório registou um total de 131 trabalhos de consultoria externa.

Sabia que... Com origem na década de 1960 no então denominado Laboratório de Acústica e UltraSons, o actual Laboratório de Acústica da FEUP conta já com uma larga experiência nesta área: foi responsável pelos ensaios acústicos na Casa da Música, as exigências acústicas para a nova igreja de Fátima, normas para as estações do Metropolitano de Lisboa, bem como os projectos acústicos da Igreja de Santo Ovídio, do Teatro Helena Sá e Costa e do pavilhão Rosa Mota, entre outros.

Robots que se comportam como 22

Chama-se Marco Dorigo e é um dos maiores especialistas mundiais em matemática e algoritmos baseados no comportamento dos insectos, com aplicação prática na resolução de problemas informáticos. A sua presença em Portugal é assinalável, já que este investigador italiano é uma referência internacional quando o tema é a inteligência artificial. Marco Dorigo esteve no dia 14 de Maio na FEUP no âmbito das “NItalks”, um ciclo de conferências multidisciplinares na área das novas tecnologias, inovação e empreendedorismo organizado pelo

Núcleo de Informática da Associação de Estudantes da FEUP onde Dorigo abordou questões relacionadas com a simulação do comportamento das formigas feito por robots. Este investigador italiano coordenou o projecto “Swarm-bots”, baseado num estudo que analisou o comportamento social e a organização demonstrados por insectos sociais e outras sociedades animais. O objectivo científico é depois poder aplicar o resultado dessas observações no design e na criação de robots, feitos, por exemplo, com materiais de baixo custo e capazes de se adaptar e

?

organizar ao meio ambiente. Estes robots simulam o comportamento das formigas em muitos aspectos. Foi a partir da observação do comportamento dos insectos que Marco Dorigo desenvolveu o método “Ant Colony Optimization”, segundo o qual os humanos exercem as mais variadas actividades de acordo com um modelo-padrão - o movimento “formiga”. Esta “Ant Colony Optimization” é a mais bem sucedida e reconhecida fórmula algorítmica técnica baseada no comportamento das formigas.



FEUP por Dentro

D.R.

A Reter...

D.R.

D.R.

Faculdade de Engenharia Universidade do Porto 24

Alfredo Soeiro, Professor Associado da FEUP, foi agraciado com o título de“EDEN (European Distance and E-Learning Network) Fellow”, sendo a primeira vez que um docente da U.Porto recebe este prémio. Tratase de um galardão que reconhece o mérito profissional dos membros da NAP (Network of Academics and Professionals) que demonstraram excelência no ensino aberto e à distância. Alfredo Soeiro está envolvido nesta área como docente desde 1992, tendo também colaborado em projectos europeus de e-learning do Gabinete de Apoio para as Novas Tecnologias na Educação da Universidade do Porto (GATIUP). Participou em nove projectos Europeus de e-learning e como consultor em dois outros projectos, tendo sido ainda por três vezes convidado pela Comissão Europeia como perito e consultor. Acompanhou ainda a criação e as actividades do GAEDIST (Gabinete de Apoio ao Ensino à Distância da U.Porto - 1999 a 2002) e do GATIUP na Reitoria para a promoção do e-learning. José Mota Freitas, Professor catedrático convidado da FEUP, onde lecciona desde 1968, foi o vencedor do Prémio SECIL Engenharia Civil 2007. A SECIL distinguiu a Igreja da Santíssima Trindade, em Fátima, com projecto de estruturas de Mota Freitas, no âmbito da empresa de projectos ETEC Lda., da qual o docente é sócio gerente. Com uma vastíssima publicação de apontamentos, José Mota Freitas é uma referência incontornável para várias gerações de engenheiros formados nesta escola, sendo agora reconhecido com o galardão de referência na Engenharia Civil portuguesa. A distinção conta com o Alto Patrocínio da Presidência da República e distingue a mais significativa solução de engenharia civil aplicada no biénio a que respeita. José Mota freitas é autor de variadíssimas obras como o Pavilhão do Futuro da Expo 98, o “Business Park da Maia” e as coberturas do auditório do Centro Pastoral Paulo VI e da Capelinha das Aparições” (localizadas no Santuário de Fátima), entre outras. Romualdo Salcedo, professor catedrático da FEUP, obteve o Prémio Nacional de Inovação Ambiental (que conta com o Alto Patrocínio da Presidência da República) pela criação de um sistema de ciclones para captura de partículas finas, emitidas por processos industriais. Altamente prejudiciais para a saúde, estas partículas podem conduzir a doenças graves e até mesmo mortais, do foro respiratório e circulatório. Denominado “ReCyclone Electrostático”, o invento agora premiado está ainda nomeado para o European Environmental Press (EEP Award). Romualdo Salcedo é também investigador e membro permanente do Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente e Energia (LEPAE) da FEUP, e administrador da Advanced Cyclone Systems SA, que desenvolve e comercializa o sistema “ReCyclone Electrostático” a nível internacional.

na FEUP As estruturas Sandwich - cujas aplicações vão desde a indústria aeronáutica, à naval, passando pela energia eólica - estiveram em destaque na FEUP em Maio. Denominada VIII Conferência Internacional de Estruturas Sandwich, esta iniciativa dirigiu-se a académicos e industriais e abordou temas de extrema importância ligados à aplicação industrial de novos materiais, de projectos, concepção e caracterização mecânica. As suas aplicações práticas vão desde as estruturas de materiais para a indústria aeronáutica e marítima, até às pás de energia eólica. Recorde-se que as “Estruturas Sandwich” são elementos estruturais, laminados, nos quais um

núcleo de material espesso, leve e flexível separa duas partes mais rígidas e fortes. Estas estruturas estão a ser utilizadas com sucesso numa variedade enorme de aplicações, como acima referido. Destaque-se que a conferência conta com a participação de especialistas mundiais de diversas áreas, nomeadamente energia eólica, marinha americana, materiais celulares e aplicações militares. O evento contou com o apoio de entidades como a Universidade do Porto, FEUP, Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial, EVONIKROHM, ALCAN Composites, pelo ONR - Office of Naval Research e Fundação para a Ciência e a Tecnologia. www.fe.up.pt/~icss8

“Química & Inovação” em debate A FEUP acolheu, de 11 a 13 de Junho, o XXI Encontro Nacional da Sociedade Portuguesa de Química. O palco do simpósio foi o auditório da Faculdade e a organização ficou a cabo da Delegação do Porto da Sociedade, em colaboração com o Departamento de Engenharia Química da FEUP e com o Laboratório Associado (Laboratório de Processos de Separação e Reacção e Laboratório de Catálise e Materiais). Sob o tema principal do encontro - “Química & Inovação” - foram debatidos os novos desafios colocados pelos avanços na indústria, o desenvolvimento de novos produtos, novas tecnologias e processos, bem como a interacção com as restantes ciências. Os temas em cima da mesa foram diversos: “Novas Fronteiras da Química (Saúde,

Materiais, Ambiente e Energia)”, “Inovação na Indústria Química” e “Inovação no Ensino da Química e da Engenharia Química”. A iniciativa contou com a presença de diversos especialistas internacionais, como Philippe Serp, professor catedrático na Ecole Nationale Supérieure d’Ingénieurs en Arts Chimiques et Technologiques, em Toulouse, Nazario Martín, professor convidado da Universidad Complutense de Madrid ou John Moore, professor catedrático de Química na University of Wisconsin-Madison, nos EUA. Importa ainda destacar o know-how da FEUP nesta área, nomeadamente do Departamento de Engenharia Química (DEQ), que ultimamente se tem empenhado no desenvolvimento de produtos e processos inovadores. www.fe.up.pt/xxien

A FEUP na Imprensa Tendo registado 1492 notícias de Janeiro a Junho de 2008, foram vários os eventos e projectos divulgados pela FEUP ao longo deste primeiro semestre. Destaque para o impacto que divulgação da criação do satélite para a ESA, o Vorsat, resultou em cerca de 20 notícias, em todos os meios: imprensa escrita, televisão, rádio e online. Como se pode ver pelo título desta notícia, a FEUP está de volta ao Espaço. A convite da Agência Espacial Europeia (ESA), um grupo de 20 alunos está a desenvolver o VORSat, um satélite de órbita baixa, de dimensões padronizadas de 10x10x10 cm e peso até 1 kg que, caso seja aceite pela ESA, será colocado em órbita. Um enorme desafio, já que Portugal é dos poucos países membros que não tem representação na ESA a nível destes pequenos satélites.


FEUP por Dentro

Patente já submetida pela U.Porto

FEUP inova na medição de gordura corporal

D.R.

Na prática, este aparelho portátil permite determinar a gordura corporal de um indivíduo através da medição das pregas subcutâneas, agora de forma rápida, eficaz e rigorosa. A solução foi apresentada à Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica, durante o seu “X Congresso Anual”, onde o trabalho submetido - “Instrumentação virtual para avaliação automática de gordura corporal com tecnologia wireless” - foi distinguido como melhor comunicação livre. A instrumentação do lipocalibrador, o software para automatização do processo de medição e a comunicação wireless com o computador, foram concebidos por uma equipa de docentes/investigadores da FEUP, liderada por Teresa Restivo. O projecto foi desenvolvido em parceria com as Faculdades de Ciências da Nutrição e Alimentação e de Desporto da Universidade do Porto (U.Porto), nomeadamente ao nível dos testes e da validação dos resultados. O dispositivo - denominado Adipsmeter - permite a sensorização sem contacto e a comunicação de dados sem fios, em tempo real, através de uma aplicação de software com base de dados integrada. Assim, esta medição não invasiva é feita de forma rigorosa e rápida,

IBERGRID na FEUP Organizado pela Universidade do Porto (com co-organização da FEUP) decorreu em Maio a segunda edição da IBERGRID (Iberian Grid Infrastructure Conference) no auditório da faculdade. O evento - inaugurado por Mariano Gago, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - visou tornar possível a partilha dos mais recentes avanços no desenvolvimento e implementação das infra-estruturas, tecnologias e aplicações de grid computing utilizadas nas principais instituições da Península Ibérica e América Latina. A IBERGRID aconteceu, pelo segundo ano consecutivo, na sequência dos protocolos de cooperação científica e tecnológica, assinados em Novembro de 2003, entre Portugal e Espanha, com o objectivo de formar uma comunidade ibérica e fomentar a troca de informações nos campos da grid computing e da supercomputação. Recorde-se que o trabalho em rede é vital para a resolução de alguns dos problemas mais complicados nas áreas da ciência e da engenharia, ganhando importância vital nos negócios, na saúde e em questões ambientais, entre outras. http://grid.fe.up.pt

Sabia que... A FEUP foi a primeira instituição do ensino superior a nível Ibérico a associar-se à World Community Grid. Um reconhecimento que se deve ao know-how que tem nesta área: lançada em 2005, a GRIDFEUP é usada por muitos investigadores e tem contribuído para uma crescente investigação científica. Por outro lado, a FEUP faz parte da Rede Nacional de Computação Avançada que visa a criação da primeira rede nacional de GRID Computing.

permitindo a avaliação imediata dos resultados e a custos muito reduzidos. O inovador equipamento - criado a partir da estrutura mecânica de um lipocalibrador existente no mercado - tem potencialidades muito superiores às soluções actualmente disponíveis já que garante flexibilidade na automatização do processo de medição, resultados eficazes e registo em base de dados. Com autonomia de nove horas, pode ser recarregável por USB, AC ou bateria de automóvel. Além disso, este lipocalibrador apenas necessita de um técnico sem um nível elevado de especialização, ao contrário das exigências dos equipamentos tradicionais. O seu desempenho foi já comparado ao sistema DEXA (Dual-Energy X-ray Absorptiometry), tido como referência. Com patente já submetida pela U.Porto em Maio de 2007, este trabalho está inserido num outro mais vasto, denominado “Virtual instrumentation for monitoring, digital recording and assessing body composition”, desenvolvido pelo Laboratório de Instrumentação para Medição da FEUP, em parceria com as instituições já referidas e alunos das três faculdades. O projecto conta ainda com uma parceria com o CATIM - Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica, com apoio da firma Labesfal e enquadrado no âmbito de um projecto financiado pela U.Porto e Caixa Geral de Depósitos. www.fe.up.pt/lim

“Profissão Engenheiro” atraiu mais de 1100 alunos Com uma nova designação e espírito renovado, a semana aberta da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) - agora conhecida como “Profissão Engenheiro” - abriu as portas aos alunos do ensino secundário durante os dias 12, 13 e 14 de Março. A grande novidade da edição deste ano foi a criação de cinco grandes clusters temáticos, que traduziram a multidisciplinaridade da engenharia em cada uma das áreas apresentadas, num exercício concertado que atraiu mais de mil participantes, entre professores e alunos de diversas escolas do país. Um saldo bastante positivo, e que permitiu que os alunos do ensino secundário pudessem contactar de perto com a realidade dos diversos cursos da FEUP e respectivas saídas profissionais. O objectivo é sempre o mesmo: promover a escolha consciente do caminho a seguir no futuro próximo, e entusiasmar os jovens para o universo multifacetado da engenharia. www.fe.up.pt/profissaoengenheiro

Fotografia de Cláudia Ribeiro

A tarefa de medir a gordura corporal está mais facilitada com a instrumentação inovadora de um lipocalibrador desenvolvida pela FEUP.


FEUP por Dentro

A XII edição do Dia da Graduação da FEUP contou este ano com um convidado especial. Ex-aluno da FEUP e hoje coordenador do magazine científico “2010”, da RTP, Vasco Trigo foi o orador deste ano. Aqui na foto o jornalista revive velhos tempos com o Director da FEUP, Carlos Costa (à esq.), e o reitor da U. Porto, José Marques dos Santos.

Acordo representa aposta conjunta na arquitectura de processadores para circuitos integrados

Americana MIPS elege FEUP para primeira parceria na Europa A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) acaba de se tornar na primeira instituição de ensino superior europeia a assinar um acordo de cooperação com uma das maiores empresas de design de semicondutores do mundo - a MIPS Technologies, Inc.

26

O objectivo deste protocolo passa pelo desenvolvimento de instrumentos e materiais de ensino destinados a promover o estudo da arquitectura e projecto de processadores em universidades de todo o mundo. A vigorar desde 28 de Abril de 2008, o acordo de cooperação que envolve a multinacional norteamericana e a FEUP assinalou na história recente da faculdade um importante marco: ao tornar-se a primeira instituição em toda a Europa a assinar este protocolo, a FEUP destaca-se das restantes escolas de engenharia ao proporcionar aos alunos do Programa Doutoral e do Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores o acesso a uma tecnologia essencial, permitindo-lhes adquirir competências valiosas para o desenvolvimento de novas aplicações e produtos. Por seu lado, os docentes e investigadores podem contactar de perto com know how fundamental sobre a organização e arquitectura de uma classe importante de circuitos integrados. A FEUP pode, desta forma, tirar partido da tecnologia disponibilizada pela MIPS, abrindo-as a áreas em que o seu domínio é já reconhecido, mas também no que diz respeito a aplicações novas nas áreas da gestão de energia, da automação, da robótica e das comunicações. Ao mesmo tempo, a parceria abre a porta à cooperação com interesse directo para a MIPS Technologies, ao proporcionar uma profunda e intensa troca de conhecimentos entre os engenheiros da multinacional e os alunos e professores da FEUP. Com este acordo, a FEUP e a MIPS estreitam os laços existentes, dado que a faculdade tem vindo a colaborar com a Chipidea - empresa

que constitui, actualmente, o Analog Business Group da MIPS Technologies. Esta parceria com a MIPS traduz-se, assim, num salto qualitativo no progresso do ensino e da investigação e na diminuição do fosso entre a indústria e o mundo académico, ao fortalecer os laços com uma empresa que está na liderança mundial de design de semicondutores.

Sabia que... A MIPS Technologies é um dos maiores fornecedores mundiais de cores de processadores digitais e de blocos analógicos, contando com mais de 250 clientes em todo o mundo. A sua oferta está incluída numa quantidade considerável de produtos populares de electrónica de consumo, comunicação de banda larga e wireless, bem como em dispositivos de entretenimento e comunicação portáteis - Linksys, Sony, Pioneer, Motorola, Cisco, MicroshipTe-

chnology ou Hewlett-Packard são algumas das marcas nas quais a MIPS está presente comos seus produtos. A MIPS foi fundada em 1998 e tem sede na Califórnia (Estados Unidos da América). O Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores (DEEC) da FEUP cobre as principais áreas da moderna Engenharia Electrotécnica, com ênfase nos Sistemas de Energia, Automação, Controlo, Electrónica, Sistemas Digitais e Comunicações. O seu corpo docente de 80 Doutorados está fortemente envolvido no ensino num Mestrado Integrado (5 anos) e num Programa Doutoral em Engenharia Electrotécnica e de Computadores. A investigação realizada no Departamento é enquadrada por três Institutos de Investigação: INESC Porto (Sistemas de Energia, Sistemas de Informação, Microelectrónica, Optoelectrónica, Comunicações e Multimédia), ISR (Sistemas e Robótica) e INEB (Engenharia Biomédica).

Fotografia de Rui A. Cardoso

Faculdade de Engenharia Universidade do Porto

Fotografia de Filipe Paiva

FEUP em festa no Dia da Graduação 2008

Radhika Thekkath (Dir. de Negócio e Planeamento Estratégico da MIPS Technologies), Carlos Costa (Dir. da FEUP), Epifânio da Franca (Pres. e Dir. Geral da Chipidea - Analog Business Group da MIPS Technologies) e José Silva Matos (Dir. do DEEC)


FEUP por Dentro

Dupla vitória nos Prémios SECIL 2007

Após ter sido distinguida em diversas edições, esta instituição recebe novamente o Prémio Secil Engenharia - através do projecto da Igreja da Santíssima Trindade, em Fátima, projectado pelo professor Mota Freitas (ver “Quadro de Honra”, nestas páginas) - e o Prémio Secil Universidades, desta feita um trabalho levado a cabo por finalistas de Engenharia Civil e intitulado “Projecto de Ponte Pedonal Móvel, na Marina de Viana do Castelo”. Criada por Carlos Albuquerque, Diana Peres, Magda de Macedo, Nuno dos Santos e Sílvio Gonçalves, a proposta vencedora da categoria Universidades surge no âmbito da disciplina “Projecto de Estruturas”, do período lectivo 2006/07. O estudo apresenta uma solução alternativa à actual Ponte Pedonal Móvel de Viana do Castelo, que permite a continuidade da ciclovia marginal, entre o antigo complexo da marina e as docas de recreio da cidade. Com base no cenário já existente, os estudantes criaram uma alternativa (na imagem) que preenche os requisitos de segurança, economia e estética, sendo ao mesmo tempo inovadora do ponto de vista da Engenharia Civil e estimulante do ponto de vista académico, tendo presente a ligação coerente entre o projecto e a realidade. O trabalho apresenta a possibilidade de as embarcações sem mastro, de pequena dimensão, acederem à marina sem necessidade de

D.R.

A FEUP acaba de ser premiada com o Prémio Secil Engenharia 2007 e o Prémio SECIL Universidades 2007 (concurso de Engenharia Civil), galardão atribuído pela cimenteira SECIL, em colaboração com a Ordem dos Engenheiros.

Sabia que...

movimentar a ponte, não inviabilizando a passagem de peões. O projecto permite, de igual modo, a passagem pontual de embarcações de maior dimensão (eventualmente com mastro, com altura até aos 14 metros). Outra das preocupações desta proposta passa por não alterar significativamente a disposição em planta da entrada da marina, assim como encontrar uma solução enquadrada harmoniosamente com o espaço envolvente.

O Prémio SECIL Universidades é atribuído anualmente nas categorias “Arquitectura” e “Engenharia Civil” e visa incentivar a qualidade do trabalho académico e promover o reconhecimento público de jovens provenientes das várias escolas portuguesas de Engenharia Civil. Os vencedores do prémio receberam um diploma e a quantia de cinco mil euros. A entrega do galardão decorreu no passado dia 9 de Abril, na Aula Magna da Universidade de Lisboa, em Lisboa, numa cerimónia que contou com a presença do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

Ferramenta inovadora premiada internacionalmente

FEUP revoluciona criação de e-books A FEUP acaba de lançar uma plataforma revolucionária destinada a converter material didáctico em e-books (formato XHTML ou PDF) para uso de toda a comunidade da faculdade. De forma fácil e rápida, alunos e professores podem aceder aos conteúdos inseridos na plataforma pelo corpo docente, bastando que o utilizador possua um web browser. A parte inovadora desta plataforma, denominada de

Ferramenta de Prototipagem Rápida de E-books, é que a estrutura e o conteúdo estão separados da formatação, podendo os docentes proceder a constantes actualizações da matéria. Na prática, os docentes criam e-books à medida que as suas investigações produzem resultados passíveis de serem acrescentados. Apresentada oficialmente na conferência internacional IATUL 2006 - Embedding Libraries in Learning and Research, esta ferramenta obteve

o prémio de “Melhor Comunicação” já que, para além de possuir um carácter inovador de nível internacional no que diz respeito à área tecnológica, a Ferramenta de Prototipagem Rápida de E-books permite que os docentes elaborem diferentes versões de “livros”, de acordo com o contexto de ensino e aprendizagem pretendidos. Com base na tecnologia XML, os e-books podem, assim, ser adaptados a qualquer norma de publicação electrónica, da mesma família.

Fotografia de Rui A. Cardoso

Inovagaia debate construção na FEUP No passado dia 3 de Abril decorreu no Departamento de Engenharia Civil (DEC) da FEUP uma reunião de trabalho dedicada às novas tecnologias de construção e reabilitação urbana sustentável, promovida pela Universidade do Porto, em colaboração com a Inova.Gaia. O evento, organizado pelo DEC e pela Divisão de Cooperação da FEUP, consistiu na apresentação de competências da U.Porto na construção e reabilitação urbana sustentável e no debate das necessidades, desafios e ideias para projectos de

I+D+I no sector da construção civil e obras públicas. A Inova.Gaia tem como finalidade desenvolver uma plataforma de partilha de conhecimentos bem como incubar projectos tecnológicos na área da construção civil e obras públicas. Conta na sua estrutura societária com a CM de Gaia, o Grupo Mota Engil, o Grupo Teixeira Duarte, o Grupo Soares da Costa, o Grupo Salvador Caetano assim como o Instituto Politécnico do Porto, a Universidade do Porto, a Universidade de Aveiro, a AEP, ANJE e ACIGAIA.

27


FEUP por Dentro

Disciplinas e cursos de especialização conferem ECTS

FEUP reforça formação de profissionais e empresas Faculdade de Engenharia Universidade do Porto

A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) vai arrancar já no ano lectivo de 2008/2009 com um programa de Formação Contínua inovador, criado para suprir as necessidades dos profissionais e empresas de diversas áreas. Trata-se de uma oferta formativa que possibilita, ao nível do 2º e 3º ciclos, a aquisição de conhecimentos avançados em engenharia e áreas afins. A frequência de unidades curriculares (disciplinas) ou dos novos cursos de pós-graduação (especialização e estudos avançados) confere créditos (ECTS), possibilitando o reconhecimento europeu das competências adquiridas. Recorde-se que, com Bolonha, é missão das instituições do ensino superior proporcionar aos profissionais da sua área de intervenção o acesso flexível à sua oferta formativa. Neste sentido, a

FEUP vai não só disponibilizar o acesso a disciplinas já existentes nos seus planos curriculares mas também a cursos de curta duração que foram estruturados a pensar nas necessidades imediatas do mercado de trabalho. Assumindo-se cada vez mais como Escola de estudos avançados de engenharia - para este ano lectivo serão abertas cerca de 1500 vagas de 2º e 3º ciclo - a FEUP reforça desta forma também a sua ligação com o tecido empresarial. Na calha está a integração de parceiros empresariais na concepção, validação de cursos e conteúdos, que funcionarão como consultores e patrocinadores ou mesmo participantes na docência. Apostando na actualização de conhecimentos dos quadros e profissionais liberais de diversos sectores, o público-alvo desta nova oferta formativa abarca não só os engenheiros mas também gestores, arquitectos, biólogos, etc.

Estes profissionais podem frequentar disciplinas tão diversas como Nanomateriais, Robótica ou Comportamento Organizacional e Liderança, etc. Ao nível dos cursos, podem-se encontrar também diversas áreas, como Biotecnologia Industrial, Gestão de Sistemas Ambientais, Engenharia de Software, Empreendedorismo e Sustentabilidade ou Manutenção Industrial, entre outros. Dez anos depois de se ter tornado na primeira faculdade da Universidade do Porto a oferecer formação contínua e formação à medida, a FEUP volta a reforçar a aposta nesta área. Destinandose não só a Portugal como à comunidade portuguesa no estrangeiro, esta formação contínua tem em atenção a necessidade de horários compatíveis com a actividade profissional, sendo que a aprendizagem será feita, caso seja necessário, com recurso a b-learning. www.fe.up.pt/candidato

Projecto apresentado em tese de mestrado integrado aguarda investidores

Dois alunos finalistas do Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores (MIEEC) acabam de apresentar um robot autónomo - o Cleanrob - que, como o nome indica, faz limpezas. Trata-se de uma inovação que nasce de um projecto financiado em 2004 pelo Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores (DEEC) e pelo Instituto de Sistemas e Robótica do Porto (ISR-Porto), tendo depois sido desenvolvido por diversos alunos de licenciatura e de mestrado integrado desde então para cá. Coube a Pedro Miguel Gomes e a Daniel Coutinho finalizarem este projecto, que está aberto ao interesse de investidores em comercializarem o Cleanrob. Docente da FEUP e um dos membros da 5DPO, equipa várias vezes campeã de futebol robótico, Armando Sousa começou a pensar na criação deste robot há quatro anos. Resumindo-se essencialmente a um PC vulgar com rodas cujos motores são controlados por pequenos processadores que recebem ordens do PC, o Cleanrob

www.fe.up.pt/cleanrob

Curso de Engenharia Químico-Industrial de 68 visita a FEUP O grupo de finalistas do curso de Engenharia Químico-Industrial de 1968 (Cenquim68) - do qual fazem parte os professores Rui Boaventura, Alírio Rodrigues e José Luís Figueiredo, entre outros, visitou a FEUP a 17 de Maio, no âmbito do seu 40º aniversário. Recebidos pelo Director da FEUP, Carlos Costa - que falou da da Faculdade, do seu desempenho e dos novos desafios que se apresentam aos Engenheiros - estes antigos

alunos visitarem a FEUP, passando pela Biblioteca e terminando no Departamento de Engenharia Química (DEQ), onde se visitaram laboratórios de ensino e de investigação. Foi ainda descerrada uma placa comemorativa, na presença do director do DEQ, Sebastião Feyo de Azevedo. No final da visita, o grupo rumou a Esposende para um jantar de convívio no Hotel Suave Mar, precisamente onde há 40 anos celebraram a conclusão do Curso.

D.R.

28

dispõe também de sensores que lhe permitem ler códigos de barras, identificando assim o local onde está e para onde se deve dirigir. Por outro lado, este invento está equipado com duas câmaras firewire idênticas às comcorders que qualquer um pode ter em sua casa. Tal como um computador portátil, que pode funcionar ligado por um fio a 220V ou pode movimentar-se autonomamente através de baterias internas, este robot está também inserido na FEUPNet (a rede sem fios da FEUP), sendo que o supervisor do robot pode consultar o seu estado e dar-lhe comandos remotamente em qualquer instante e em qualquer sítio com acesso à internet. Pensado para fazer limpeza - embora também possa entregar cartas ou outro material entre um armazém e um laboratório, etc - este projecto demonstra a capacidade de os alunos da FEUP saberem fazer, permitindo trabalhos académicos em zonas de elevada tecnologia mas também zonas de elevado interesse científico.

D.R.

FEUP cria robot autónomo de limpeza

José Luís Figueiredo entrega placa comemorativa ao Director da FEUP


FEUP por Dentro

Susana Neves

Simone de Oliveira e Vítor de Sousa, acompanhados ao piano por Nuno Feist, estiveram no auditório da Faculdade de Engenharia no passado dia 18 de Abril, para mais um espectáculo integrado na tornée “Conversas de Camarim”. Este espectáculo, organizado em colaboração com o Comissariado Cultural da FEUP, é uma produção do projecto “Porto, Bairro a Bairro” desenvolvido pela Câmara Municipal do Porto. Ao longo dos últimos três anos, e apostando numa programação variada e de qualidade, o projecto tem vindo a afirmar-se de forma crescente, tendo já cativado e fidelizado um público diverso, constituído pela generalidade da população portuense.

Primeiro e-book com acesso directo a laboratórios remotos A FEUP criou o primeiro e-book com acesso a laboratórios remotos e virtuais. Lançada recentemente pela Editora UP, a obra foi apresentado no dia 30 de Junho, na FNAC do Centro Comercial Colombo, em Lisboa. O e-book, designado “Laboratórios de Instrumentação para Medição/Laboratories of Instrumentation for Measurement”, é da autoria de cinco docentes e investigadores da FEUP: Maria Teresa Restivo, Fernando Gomes de Almeida, Maria de Fátima Chousal, Joaquim Gabriel Mendes e

António Mendes Lopes. A apresentação do livro na capital esteve a cargo de José Marquitos, vicepresidente da RTP, e antigo docente da FEUP. Esta é uma obra que permite o acesso remoto à experimentação on-line do Laboratório de Instrumentação para Medição da FEUP. A introdução a conceitos, metodologias e técnicas de medição - com exemplos, imagens, animações, vídeos, simulações e experimentação - é uma constante nesta obra que procura colmatar uma falha na literatura técnico-científica nacional.

Últimos avanços explicados por especialistas internacionais

FEUP promove know-how sobre ferrovias de alta velocidade Definida como uma opção estratégica do país, a instalação da rede ferroviária de alta velocidade em Portugal esteve em destaque na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) nos próximos dias 7 e 8 de Julho. Organizado pelo Centro de Saber da Ferrovia da FEUP, foi lançado um Ciclo de Formação Avançada com o objectivo de propiciar a técnicos e gestores de actividades relacionadas com a Ferrovia - especialmente na área da Alta Velocidade - os conhecimentos mais actuais sobre o projecto, a execução e a manutenção de obras ferroviárias. Contando com a presença de diversos peritos internacionais nesta temática - como Philippe Ramondenc, responsável máximo por todo o projecto e construção do sistema TGV francês, entre outros -, a FEUP debateu as exigências que as vias de alta velocidade impõem, desde os aspectos de segurança aos novos tipos de equipamentos e soluções construtivas, envolvendo as

mais recentes e sofisticadas tecnologias. Recorde-se que a FEUP tem longa tradição de prestação de serviços e know-how científico nesta temática, tendo sido responsável, por exemplo, pela organização, nos últimos quatro anos, de cinco workshops no âmbito da Alta Velocidade, com reputados especialistas internacionais, pela realização de diversos estudos técnicos para a RAVE e pelo desenvolvimento de estudos especiais para empresas no âmbito de protocolos estabelecidos. A decorrer está, entre outros, o projecto de I&D “Metodologias avançadas de avaliação do comportamento dinâmico de pontes ferroviárias em linhas de alta velocidade” que conta com a RAVE e a REFER como instituições parceiras. Patrocinado oficialmente pela RAVE, este ciclo de formação é a primeira iniciativa oficial do Centro de Saber da Ferrovia, organismo recentemente criado e que alia várias engenharias - Civil, Mecânica e Electrotécnica -, vários grupos de investigação e laboratórios da FEUP, assim como

institutos de interface do seu universo: Instituto da Construção (IC), Instituto de Engenharia Mecânica (IDMEC), INEGI e INESC-Porto. www.fe.up.pt/csf

29


FEUP por Dentro

D.R.

30

Filipa Moura. A Microsoft Portugal acaba de distinguir Filipa Moura, aluna do 4º ano do Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação (MIEIC), da FEUP, com o 1º lugar no pódio do concurso “Great Minds, Great Efforts” (GMGE). O prémio, destinado a alunos de tecnologias de informação que se destaquem pela dinâmica e pelo valor acrescentado à comunidade civil e académica em que se inserem, foi atribuído a Filipa Moura pelo papel preponderante que desempenhou na criação do Grupo Estudantil de Engenharia de Software (GEES) da FEUP. Também Tiago Pinto Fernandes, aluno do 3º ano do MIEIC, foi distinguido com uma menção honrosa no “Great Minds, Great Efforts”, pela criação do Núcleo Estudantil de Computação Gráfica (NeCG) da FEUP, em 2006, desempenhando hoje o cargo de presidente do núcleo.

Pedro Martins, doutorado pelo Departamento de Engenharia Química da FEUP e actualmente investigador no IBMC foi recentemente distinguido com o prémio “EFCE Excellence Award in Industrial Crystallization 2008” com a tese “Modelling Crystal Growth from Pure and Impure Solutions - A Case Study on Sucrose”, atribuído pela European Federation of Chemical Engineering (EFCE). É a primeira edição deste prémio que visa distinguir a melhor Tese de Doutoramento na área da cristalização no período de três anos que precede a atribuição. O prémio, no valor de 1500 euros, comporta também um certificado e uma bolsa de viagem e acomodação para participação no 17th International Symposium on Industrial Crystallization - ISIC 17 - que irá realizar-se de 14 a 17 de Setembro 2008 em Maastricht, na Holanda. Neste congresso, o vencedor apresentará um resumo do seu trabalho numa Sessão Plenária. A tese foi orientada pelo Professor Fernando Alberto Rocha (DEQ/FEUP) e financiada por uma bolsa de doutoramento da FCT.

José Miguel Cardoso Ferreira voltou a colocar a FEUP no topo do pódio do “Prémio REN”. O conceituado galardão, entregue pela REN - Redes Energéticas Nacionais, SGPS, S.A., distinguiu o trabalho “Projecto e Simulação de um Controlador FACTS para Maximização da Controlabilidade e Capacidade de Transmissão do Sistema Eléctrico de Transmissão de Potência”, o que valeu ao aluno um prémio monetário de 12 500 euros. A orientação deste trabalho - que explica as alternativas à construção ou aumento de capacidade de linhas e corredores de transporte de energia eléctrica - do estudante do Mestrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores esteve a cargo do Professor Doutor António Pina Martins.

Brasil visita a FEUP... No âmbito de uma visita oficial à Universidade do Porto, a reitora da Universidade de S. Paulo (USP) esteve no passado dia 9 de Julho na FEUP, onde ficou a conhecer melhor o programa de mobilidade MOBILE (entre a FEUP e o Brasil), o Departamento de Engenharia Química e a Biblioteca. Suely Vilela assistiu também a uma sessão da Universidade Júnior (na foto) e chegou a participar em algumas experiências, cumprindo assim os objectivos da sua visita de três dias à U. Porto: conhecer de perto o funcionamento da Universidade Júnior e aprofundar parcerias para o ensino, a investigação científica e o empreendedorismo. Considerando ser “missão pública” da Universidade “contribuir com responsabilidade e excelência para o desenvolvimento cultural da sociedade contemporânea”, a reitora da USP apontou a necessidade de procurar nas relações internacionais “parcerias inovadoras para o ensino, a pesquisa científica e o empreendedorismo orientado para o desenvolvimento social e económico”. Neste sentido, vê no fortalecimento das relações com a U. Porto, “instituição de ensino e pesquisa de reconhecido prestígio internacional, um passo importante rumo ao cumprimento desta missão”. De notar que a USP é uma das mais prestigiadas universidades brasileiras, tendo cerca de 56 mil estudantes distribuídos por 220 cursos e 40 unidades de ensino. Representa 28% da produção científica brasileira que, em 2006, ocupava a 15ª posição a nível mundial.

... e a FEUP viaja até Mato Grosso do Sul A XX Reunião do Fórum de Assessorias das Universidades Brasileiras para Assuntos Internacionais, que decorreu de 15 a 18 de Abril em Bonito (Estado de Mato Grosso do Sul, no Brasil), contou este ano com a FEUP. Representada pelo director da faculdade, Carlos Costa, pelo responsável pelo Programa de MOBILE (Mobilidade de Alunos do Ensino Superior entre a FEUP e Instituições Congéneres do Brasil), João Falcão e Cunha, e pela responsável pela Cooperação Inter-Universitária e Intercâmbio, Carla Rocha, a FEUP contactou com os directores de relações internacionais (RI) de muitas instituições de ensino superior do Brasil. Em cima da mesa estiveram vários temas sobre a realidade brasileira e internacional ao nível de intercâmbio de estudantes, programas de mobilidade e outras formas de cooperação académica entre instituições de ensino superior. No âmbito destas temáticas, a FEUP divulgou o programa MOBILE e estreitou laços com os responsáveis pelas RI de algumas das universidades brasileiras parceiras, bem como com outras instituições de ensino superior interessadas em cooperar com a FEUP.

Fotografia de Carlos Oliveira

D.R.

Faculdade de Engenharia Universidade do Porto

D.R.

A Reter...

I&D mais acessível às PME A partir de agora, as PME podem recorrer aos serviços de investigação e inovação da FEUP em condições muito competitivas. Trata-se de uma medida dos dois programas de incentivos do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) que financiam 75% do custo de aquisição de serviços de investigação e de consultoria de inovação pelas PMEs aos laboratórios nacionais e cujo prazo de candidatura terminou a 16 de Junho. Com uma longa tradição na prestação de serviços e transferência de tecnologia junto do tecido empresarial a FEUP viu mais uma vez a excelência das suas unidades de investigação reconhecida. Das 128 entidades certificadas a nível nacional, 26 pertencem à Universidade do Porto e, destas, mais de metade - 14 - são unidades do universo da Faculdade de Engenharia: Centro de Estudos

de Fenómenos de Transportes (CEFT), Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais (DEEM), Instituto de Engenharia Mecânica (IDMEC), Instituto de Hidráulica e Recursos Hídricos (IHRH), Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI), Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto (INESC-PORTO), Instituto de Sistemas e Robótica do Porto (ISR-Porto), Laboratório da Tecnologia do Betão e do Comportamento Estrutural (LABEST), Laboratório Associado LSRE-LCM, Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente e Energia (LEPAE), Laboratório de Física das Construções (LFC), Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência de Computadores (LIIAC), Laboratório de Vibrações e Monitorização (VIBEST). www.incentivos.qren.pt.




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.