GNARUS|4
Artigo
Por Moisés Bastos
A GUERRA CHEGA AO BRASIL: A CRIAÇÃO DAS TRÊS DIVISÕES DE INFANTARIA EXPEDICIONÁRIA “No início da década de 1940, o ambiente no Brasil era de nervosismo e grandes preocupações. As notícias alarmantes veiculadas nos jornais da época ou transmitidas pelo rádio e os boatos espalhados pelos quinta-colunas amedrontavam e assustavam a população. Por toda a Pátria, muito embora estivéssemos distantes dos campos de batalha em que a humanidade se envolveu, choravam-se as vítimas inocentes dos impetuosos torpedeamentos dos navios mercantes em nosso litoral, enquanto inúmeros lares brasileiros eram assolados pela dor e pelo luto.1”
O
depoimento da capitã Virgínia de
tripulantes.2 Após o Baependi (antes deste navio os
Niemeyer
convocada
alemães já haviam afundado 13 embarcações
como enfermeira para ir à guerra na
brasileiras), e até 23 de agosto de 1943, os alemães
Portocarrero,
Itália, mostra o ambiente vivido pela população
torpedearam
consecutivamente
brasileira no início dos anos quarenta do século
embarcações:
passado. Seu depoimento toca exatamente no
Itagiba, Arará, Jacira, Osório, Lages, Antônio, Porto
ponto de partida para a mudança de atitude por
Alegre, Apalóide, Brasilóide, Afonso Pena, Tutóia,
parte do governo brasileiro em relação ao conflito
Pelotaslóide, Bagé, Itapagé e Campos, num total de
na Europa: o afundamento dos navios mercantes
17 barcos brasileiros e provocando mais de 1400
brasileiros.
vítimas, entre mortos e desaparecidos.3
Araraquara,
as
Aníbal
seguintes Benévolo,
Em 15 de agosto de 1942, a bordo do submarino
Essas atitudes hostis sofridas fizeram com que o
U-507, o capitão de corveta alemão Harro Schat,
Brasil declarasse estado de beligerância, em 22 de
em águas brasileiras, comandou o ataque ao vapor
agosto de 1942, e em 31 de agosto do mesmo ano
Baependi. Lançou dois poderosos torpedos e o navio afundou, matando 215 passageiros e 55
1
MOTTA, A. M. (Coord.) História Oral do Exército na Segunda Guerra Mundial. Tomo 6. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 2001, p. 260. 2 FERRAZ. Francisco César. Os Brasileiros e a Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Jorge Zahar editor, 2005. 3 CASTELO BRANCO, Manoel Thomaz. O Brasil na II guerra mundial. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1960, p. 56.