Cyrela nº2

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REVISTA CYRELA • ANO I • N O 2 . DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

P A R A Q U E M REVISTA S A BCYRELA E V• ANO I VI E• NR2 O

CHICO ONTEM...

CIDADE DO CABO

DO KITSCH AO CULT

IVALDO BERTAZZO

IDÉIAS DA CASA COR


...CHICO HOJE

A TRAJETÓRIA ÍNTIMA DO COMPOSITOR. DE REBELDE RESERVADO, A “VOÍCO” DOS DIAS DE HOJE



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Saladeestar |

A TRAJETÓRIA DE CHICO BUARQUE EM UM RELATO PRIVILEGIADO DE SEU BIÓGRAFO, HUMBERTO WERNECK

Sumário | REVISTA CYRELA • ANO I • NO 2 |

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Grande Estilo |

O FOTÓGRAFO RENATO DOS ANJOS NOS MOSTRA SUA PARATI E A CHEGADA NO BRASIL DA HONDA GL 1800 GOLD WING, A MOTO DOS AVENTUREIROS

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Muitos Mimos |

CORES FORTES E FORMAS GEOMÉTRICAS: OS MÓVEIS QUE DÃO O QUE FALAR

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Tecnopop |

UM DVD À PROVA DE MULTAS E O CELULAR MAIS FINO DO MUNDO

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Ponto de Fuga |

DESCUBRA CAPE TOWN, A CIDADE MARAVILHOSA DA ÁFRICA DO SUL

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Estilo |

SAIBA DESCOBRIR O CULT NO MEIO DO KITSCH


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Espaço e Idéias |

TONS RÓSEOS NAS PAREDES E UM QUARTO QUE CABE NUM MÓVEL: O QUE FICA DA 20A EDIÇÃO DA CASA COR

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Closet |

MODA REQUINTADA PARA OS DIAS FRIOS DE INVERNO

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Eu Prefiro |

A CARIOCA DENISE FRAGA REVELA SEUS CANTINHOS EM SÃO PAULO

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Esboços |

TODOS OS JARDINS DO PAISAGISTA BENEDITO ABBUD

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Garfo e Taça |

BEL MARQUES, DA BANDA CHICLETE COM BANANA, HOMENAGEIA SUA MULHER COM VINHOS

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Social Já |

ENCONTRO COM A ALEGRIA DOS MENINOS QUE DANÇAM NO COMPASSO DO COREÓGRAFO IVALDO BERTAZZO

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Caravela |

INVENÇÕES DO DESIGNER SANTOS DUMONT NUMA EXPOSIÇÃO ORGANIZADA POR GUTO LACAZ

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GiraGira |

FESTAS PARA OS DESTAQUES DO MERCADO IMOBILIÁRIO, DA GASTRONOMIA E DA DECORAÇÃO

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Cyrela |

OS ENCANTOS ITALIANOS DA MOOCA. FACILITIES, UM NOVO CONCEITO PARA MORAR BEM, E O AR PURO EM SANTANA

C O L U N I S T A S 96 • 114 •

PONTO DE VISTA . COMO PREPARAR UM JANTAR PERFEITO, POR ALICE CARTA PONTO FINAL . O VALOR DAS COISAS, POR RICARDO GALUPPO


Grandeestilo

C O N S U M O

LUXOS, COMPORTAMENTO E ARTE | POR MIRIAM KÊNIA

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TURISMO EM DUAS RODAS tão esperada americana Honda GL 1800 Gold Wing chegou,enfim,ao mercado brasileiro. Desde o seu lançamento,há 30 anos, a moto caiu nas graças dos adeptos do turismo em duas rodas pelo mundo.Com um motor de 1.832 centímetros cúbicos, seis cilindros e injeção eletrônica,ela garante respostas rápidas,em perfeita harmonia entre conjunto e piloto,para percorrer longas distâncias.A sua potência é semelhante à de um automóvel de porte médio,com a vantagem de que a motocicleta tem a seu favor um peso bem menor.A alta tecnologia está presente em itens como o sistema antitravamento de freios ABS e do controle eletrônico de velocidade,equipamento que a mantém estável. Por se tratar de uma verdadeira motocicleta de turismo, a Gold Wing tem três compartimentos para bagagem (um traseiro e dois laterais) com capacidade de carga total de 147 litros.Todos possuem travas, que podem ser acionadas à distância por meio de um controle remoto. Para tornar o roteiro mais agradável,a moto possui um conjunto de áudio, que tem pré-sintonização de 12 estações de emissoras de rádio AM/FM,compensador automático de volume e silenciador automático.Os comandos ficam no console,localizados abaixo do painel de instrumentos.Do lado esquerdo do guidão é possível acionar os controles básicos do sistema de som. A motocicleta vem equipada de série com sistema antifurto Honda Ignition Security System (HISS),que consiste em corte da ignição e no reconhecimento da chave original com indicação em um LED colocado no painel.

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Preço médio: U$ 41.399 mil


Grandeestilo

LUXOS, COMPORTAMENTO E ARTE Obras de Tarsila do Amaral (abaixo à esq.), Di Cavalcanti (“Mulheres na Janela”), Volpi e João Câmara (à esq.): exemplos da incrível coleção, agora em cartaz

E X P O S I Ç Ã O

NEMIROVSKY TEM ENDEREÇO FIXO o fim da década de 50,o médico e empresário paulista José Nemirovsky comprou a sua primeira peça de arte: um busto barroco tido como de autoria do mestre Aleijadinho... mas era falsificado. Os enganos de principiante não o desanimaram. Nemirovsky continuou investindo. Em meados dos anos 60, adquiriu a emblemática obra “Antropofagia”, de Tarsila do Amaral. Logo depois, “O Beijo”, de Brecheret. Alternou relíquias do mobiliário colonial com peças de Di Cavalcanti e foi até um quadro de Ana Horta, dos anos 80. Assim, ao longo de pouco mais de 30 anos,ele cristalizou a maior coleção particular de obras brasileiras de que se tem notícia.Cobiçada por vários museus,grande parte do conjunto,que ficava,até então,na casa da família no bairro Jardins em São Paulo,passou a ter um endereço fixo pelos próximos dois anos: a Estação Pinacoteca.A mostra “Acervo da Fundação Nemirovsky – O Olhar do Colecionador”, que reúne 122 peças da coleção, passou a ocupar o segundo andar do prédio e ficará por lá até 2008. A apresentação é resultado de um acordo de comodato selado pela fundação e o Estado de São Paulo.“Visitar a exposição é uma forma de conhecer uma síntese da arte brasileira”, define a curadora da mostra, a historiadora Maria Alice Milliet, diretora técnica da Fundação Nemirovsky. No centro da exposição, há ainda uma vitrine com artesanatos de barro.“O olhar e gosto do colecionador eram ecléticos”, completa Milliet. Nos projetos da curadora estão previstos ainda a criação de uma biblioteca e de uma videoteca no mesmo espaço da mostra na Pinacoteca,com referências biográficas dos artistas da coleção de Nemirovsky.

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Acervo da Fundação Nemirovsky Estação Pinacoteca – Largo General Osório, 66 Horário: terça a domingo, das 10 às 18 horas

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LUXOS, COMPORTAMENTO E ARTE

Vista do Ponta dos Ganchos Resort, em Santa Catarina: luxo para os amantes do bom garfo

ESTRELAS DA COZINHA G A S T R O N O M I A

Encontro de chefs com a vista paradisíaca do mar de Santa Catarina onsagrados nomes da gastronomia nacional e internacional vão se reunir na paradisíaca ilha do Ponta dos Ganchos Resort em Santa Catarina entre junho e agosto. A cada fim de semana,chefs como o paulistano Alex Atala,Paulo Martins,Jean Paul Bondoux e outros vão assinar o cardápio do jantar para dos hóspedes do resort.“Eles terão carta branca para usar e abusar na criatividade dos menus”,afirma Nicolas Peluffo,diretor-geral do resort.O grande destaque do evento é a participação de um dos mitos da cozinha francesa moderna,Pierre Troisgros.No mundo da gastronomia,Troisgros consegue a façanha de manter as suas três estrelas,o status máximo no respeitável guia “Michelin”,por mais de 35 anos. Detalhe: ininterruptamente. Na cozinha do Ponta dos Ganchos,o chef francês estará acompanhado do seu filho Claude Troisgros,dono do restaurante Roanne na capital paulista. Os seus pratos serão acompanhados da champanhe Veuve Clicquot.O encontro gastronômico da ilha será para poucos,apenas os 19 casais hospedados no resort terão o privilégio. As atrações do resort não param por ali.A ilha, que fica a cerca de 40 minutos de Florianópolis,tem o cenário ideal para quem quer curtir um clima de romance,cer-

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cado de uma beleza natural rara. Não é por acaso que o hotel está incluído na seleta lista do Relais & Chateus, associação francesa que reúne pequenos hotéis de luxo espalhados pelo mundo. No espaço de mais de 80.000 metros quadrados de área verde, banhados pelas tranqüilas águas da costa do sul, também foram montadas três tendas ao ar livre do badalado spa itinerante da grife francesa Dior. Informações: www.pontadosganchos.com.br reservas@pontadosganchos.com.br


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LUXOS, COMPORTAMENTO E ARTE

VISÃO PRIVILEGIADA

F O T O

Os recantos mais charmosos e inusitados de Parati nos flagrantes de Renato dos Anjos casario colonial a partir de um ângulo inusitado, paisagens deslumbrantes vistas da janela de uma antiga construção, a beleza de um flagrante do cotidiano de personagens da região em seus afazeres. O fotógrafo Renato dos Anjos, de 54 anos, apaixonou-se por Parati nos anos 70. Em 2004, decidiu transformar esse encanto em imagens e morou na pequena cidade colonial. Complementou o trabalho em várias viagens, realizadas entre 2005 e 2006. Com esse profundo conhecimento da região, acabou com uma rica e complexa coleção de temas inusitados, como a cultura caiçara, imagens de antigas rodas de alambiques e cenas do mangue. O resultado,uma coletânea inédita e inesperada de instantâneos com visões surpreendentes das 300 praias e 65 ilhas do município, fará parte do livro “Parati: Patrimônio Histórico da Humanidade” (Editora DBA, 108 páginas, 80 fotos).

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Riquezas naturais e históricas: as fotos registram personagens do local, como o menino com peixe na Praia do Corumbê, a primeira igreja do município e o Saco do Mamanguá

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MUITOS MIMOS

PEÇAS CHEIAS DE ESTILO

FUSCA NA SALA Os aficionados do velho modelo da Volkswagen agora podem instalar um pedaço dele bem no meio da sala de estar. Os designers Alessandro Jordão e Kiko Sobrino, da Mãos Contemporary Art, criaram a poltrona Capô de Fusca inspirados no ícone nacional, usando uma parte do carro para compor a peça. Além do aço inox original, é feita em couro, espuma moldada e botões. Altura: 10 cm. Largura: 1,15 m. Profundidade: 1,10 m.

R$ 6.200,00

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TEL.: (11) 5561-3115

Cores e geometria PREGUIÇA, CHEGUEI

Revestido com o exclusivo tecido tecnomax em vermelho, o divã Flipper, do designer Fernando Jaeger de que classe não precisa ser sinônimo de discrição. Produzido em madeira maciça, de reflorestamento, tem pés tubulares cromados e rodízios que permitem um fácil deslocamento. Altura: 71 cm. Largura: 92 cm ou 100 cm. Profundidade: 1,45 m

R $ 1 . 6 1 8 | (11) 5532-0010 WWW.FERNANDOJAEGER.COM.BR

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TRADIÇÃO E OUSADIA Nascido em uma família de ebanistas mineiros que trabalha com movelaria há quatro gerações, o designer e arquiteto Fabrício Costa cria com um olho no passado e outro no futuro. O banco Baby Float é um bom exemplo de suas obras: feito em braúna maciça reaproveitada de cercas de fazendas e laca brilhante, pode ser usado como banqueta ou apoio lateral para sala de estar. Altura: 26 cm. Largura 26 cm. Profundidade: 26 cm.

R$ 550 TEL.: (11) 3898-1606 WWW.HAPP.COM.BR

CLÁSSICO DO ORIENTE

ALEGRIA, ALEGRIA A luminária Bienal, feita pelo designer Fernando Jaeger, traz os tons do pôr-do-sol para dentro de casa. Ganhou o prêmio Top Ten da exposição ”Brasil Faz Design”, evento paralelo à feira de Milão, em 2002. Um globo em plástico branco é coberto por espaguetes coloridos. Diâmetros: 30 cm, 38 cm ou 56 cm.

R$ 484, R$ 552, R$ 652 TEL.: (11) 5532-0010 WWW.FERNANDOJAEGER.COM.BR

A mesa de centro Classic China, com acabamento em madeira e laca, reflete a elegância da ancestral cultura chinesa. Suas linhas tradicionais e a cor, símbolo de sorte no país, são garantia de estilo e qualidade Altura: 40 cm. Largura: 1,40 m. Profundidade: 1,10 m.

R$ 4.958 |

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MUITOS MIMOS

PEÇAS CHEIAS DE ESTILO

SEDUÇÃO EM CURVAS

Com pés em madeira, estrutura em aço cromado e concha em fibra de vidro, La Chaise Longue é um convite ao olhar e ao ócio. Largura: 91 cm. Altura: 42 cm. Profundidade: 1,34 m.

R$4.800 | WWW.CASA21.COM.BR

LEGO PARA ADULTOS

Com design do francês Alain Blatché, o pufe Moo tem um lado lúdico que vai agradar aos mais criativos. Seus módulos (55 cm de altura, 88 de largura e 95 de profundidade) podem ser agregados de várias maneiras, permitindo a criação de várias composições e formas de sentar. É feito em aço inox polido, madeira compensada e espuma revestida com capa de lycra.

R$4.145 CADA MÓDULO | TEL.: (11) 3043-9159 | WWW.DPOT.COM.BR

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TEL.: (11) 3088-9698


DISCRETO CHARME

Com linhas elegantes e requintadas, a poltrona Aulla tem um recorte no encosto que faz toda a diferença em seu design. O modelo da foto, com 74 cm de largura, 90 cm de profundidade e 79 cm de altura é em imbuia e tecido ratier boucle valencia avejado.

R$2.993,76 | TEL.: (11) 3087-7000 WWW.ARTEFACTO.COM.BR

ECOS DE VERSALHES O designer Philippe Starck desenhou a cadeira Kong inspirado nos móveis usados pela nobreza da França, no famoso Castelo de Versalhes. O alumínio tratado é três vezes mais forte do que aço e tem um acabamento que evita qualquer tipo de mancha. Altura 88 cm. Largura: 39 cm. Profundidade: 44 cm.

R$ 6.040 |

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FORMAS EM HARMONIA

A mesa lateral Agona, com acabamento em pau ferro, revela a formação pouco usual do designer Sérgio Fahrer. Estudante de música nos Estados Unidos, ele aprendeu a confeccionar instrumentos musicais, experiência que acabou explorando na criação de móveis. E o melhor: só trabalha com madeiras ecologicamente certificadas. Dimensões: 60 cm de diâmetro e 55 cm de altura.

R$ 2.625 |

TEL.: (11) 5507-3172 | WWW.BRENTWOOD.COM.BR


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OLHOS

VERDES MADUROS As tantas hist贸rias do escritor Humberto Werneck,que viu o Chico Buarque de ontem,quando ele se fez passar por Nelida Pi帽on em Cuba,e o de hoje,que reluta em ser chamado de vov么... POR HUMBERTO WERNECK | FOTOS ARQUIVO PESSOAL

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FOTO: BRUNO VEIGA


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TRÊS HISTORINHAS DO ARTISTA QUANDO JOVEM:

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Novembro de 1985. É madrugada quando o idoso Ilyiushin IL-62 da Cubana de Aviación, tão russo quanto ruço, pousa na década de 50 — mais exatamente,no antiquado aeroporto José Martí,em Havana.Somos uns 80 brasileiros,convida-

São Paulo, 1989. Entramos, Chico e um pequeno grupo, no restaurante La Cocagne, nos Jardins, meio vazio a esta altura da noite. Uns tantos casais finos, distribuídos pelos cantos, não haveriam de se permitir manifes-

dos a participar de um evento contra,é claro, o imperialismo americano. Como o nosso país ainda não restabeleceu relações diplomáticas com o regime de Fidel Castro,o que só irá acontecer em ju-

tações de tietagem explícita,mas pouco a pouco vêm chegando,pela mão dos garçons, os pedidos de autógrafo. Em meio a eles, a antipatia de um torpedo ideológico:“O que faz um so-

nho de 1986,tivemos de ir a Buenos Aires para embarcar no periclitante avião, que, sedento de querosene, pediu para descer em Lima e na Cidade do Panamá antes de aterrissar em Cuba.E agora aqui estamos,sob o céu ainda escuro do Caribe,no pátio do Hotel Riviera,à espera de que uma burocrata nos acomode.Dois por apartamento, como convém ao socialismo hoteleiro.A chamada chega a duas ausentes — a escritora Nélida Pinõn, que só virá daqui a uns dias, e alguém que desistiu da viagem.“¡Soy yo!” — entoa uma voz masculina muito conhecida.“¿Usted es Nélida Piñon?”— espanta-se a funcionária,arrebitando as sobrancelhas e os pontos de interrogação

cialista num restaurante de luxo?”Entretido com o couvert,Chico rabisca de bate-pronto:“Come!”— e volta ao pãozinho, que está excelente.

da língua espanhola.“Si,soy yo”— confirma muito sério Chico Buarque,o único de nós que terá,assim,o conforto de um apartamento só para ele.

hesitam antes de girar o pescoço e conferir: não, não é possível que seja ele, Chico Buarque de Hollanda, ali naquele cantinho!

São Paulo, início dos anos 90.Aguardando mesa na cantina Jardim di Napoli, em Higienópolis. Se fosse Caetano Veloso, bem antes da entrada apoteótica todo o restaurante saberia que lá vinha ele — semostrador, Caetano parece estar sempre precedido de estridentes batedores.Chico, não, Chico se posta a um canto, perfil baixo. O espetáculo, constato, não é ele, são os outros, que vêm passando, passam, estacam pouco adiante,


O centroavante do Politheama já não sabe quantos gols fez na vida: “Depois dos mil gols, parei de contar”


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Celebridade musical, Chico responde com ironia à crítica literária: “Minha vingança é ler os livros deles” As três histórias já não são recentes, captam nosso personagem na faixa dos 40 anos — mas serviriam para mostrar quem ele continua sendo, aos 62: uma estrela sem estrelismo, um saudável moleque por detrás da equivocada fama de homem tímido, que, repare bem, anda bem mais soltinho ultimamente, e até soltíssimo, como no documentário sobre Vinicius de Moraes. Muita coisa, é óbvio, mudou nessas duas décadas. O jovem ganhou cabelos brancos de senhor, mas ainda leva jeito de “você”. Não está gostando nada de envelhecer, mas já desconfiava de que deixar de ser rapaz ia acabar acontecendo. Em vez de ficar chorando a passagem do tempo, pretende usálo bem: mais uns discos, mais uns livros, por exemplo. Ele nem precisa, aliás, se lamuriar, pois também fisicamente Chico continua em ótima forma. Mesmo quando casado, nunca se deixou invadir pela banha conjugal. Para seu perfil enxuto contribuiu uma súbita e de certa forma involuntária freada etílica, aí por 1980. Ele bebia pesado, sobretudo uísque, mas costumava dar uma pausa anual de 30 dias,para desintoxicar — e foi para tornar mais suportável um daqueles parênteses de abstinência que ele recorreu aos serviços de um personagem chamado Lourival de Freitas. Mais conhecido nos meios artísticos cariocas da época como“Bruxo”,esse Lourival, que significativamente rimava com paranormal,fazia jus ao apelido graças às cirurgias que,não sendo médico,realizava com sucesso.Foi ele quem deu jeito num joelho avariado de Miúcha, por exemplo. Como anestesia, não utilizava mais do que música — sim,música,executada ao vivo por “anestesistas”como Tom Jobim e o próprio Chico. A fama do Bruxo decorria também de sua capacidade de fazer secar a vontade de beber,bastando mastigar,pela manhã,misteriosas ervas que ele fazia vir da Amazônia. Chico não queria tanto,só aliviar sua trégua alcoólica,e não fez fé quando o Lourival lhe avisou que ele ia perder o gosto pelos destilados. Não deu outra, conta o compositor, cujo consumo etílico consiste desde então em moderadas taças de vinho e numa grapa eventual.Em matéria de vícios,os confessáveis

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FACES DE UMA ESTRELA: Com Bob Marley, no intervalo de uma partida de futebol (à esq.), e no palco entre Nara Leão e Maria Bethânia (acima)

qual costuma referir-se alternativamente como Centro Recreativo Vinicius de Moraes,Gigante do Recreio ou Colosso

pelo menos,resta-lhe hoje o tabagismo,praticado,ainda assim,com moderação desde 1988.E,nesse caso,não haverá erva milagrosa que o faça apagar um último cigarro,pois há cinco anos Chico deu a questão por resolvida:não vai parar de fumar.Decisão,explica,nada fácil de levar adiante,pois num mundo cada vez mais antitabagista“decidir continuar é às vezes tão difícil quanto parar de fumar”. As artes do Bruxo contribuíram para que Chico praticamente pendurasse o copo, trocando o boteco pelo restaurante — com especial prazer,naturalmente,nas cada vez mais freqüentes temporadas em Paris,cidade onde comprou um apartamento no charmoso bairro do Marais e no qual costuma se enfurnar para escrever. Pendurou o copo,mas não as chuteiras.O centroavante do Politheama — denominação de seu clube,que tem não apenas uniforme como hino e até instalações próprias,

da Barra. Diz que já não sabe quantos gols marcou,e certa ocasião,recebendo a visita de Pelé no campinho,veio com esta:“Depois dos mil,parei de contar”. Em 1997,Chico viu chegar ao fim um casamento jamais formalizado em igreja ou cartório,porém resistente o bastante para atravessar três décadas.Mas não jogou fora a ligação afetuosa com Marieta Severo,cuja casa continua freqüentando.Parece ser um desses casos raros em que o verbo separar-se ganha inusitada regência: separar-se com.É uma separação mais bem-sucedida do que muito casamento.Tanto que ele teve a ajuda de Marieta para montar o seu primeiro apar-

na Barra da Tijuca — quebrou um pé e passou por uma cirurgia de varizes. É natural que já não tenha o pique de outrora,mas nada o impede,três vezes por semana,de vestir a jaqueta verde-anil do Politheama e bater uma bola fina no Campinho, o modesto porém caprichado estádio que construiu na zona sul do Rio no fim dos anos 70 e ao

tamento de solteiro,no Jardim Botânico, do qual se mudaria em 1999 para o atual, encastelado nas alturas do Leblon. Sozinho pela primeira vez desde 1966,


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PAIXÕES DE TODA VIDA: Na foto oficial do Politheama (acima, à dir.) e com o violão, no início de carreira (acima)

não há notícia de que Chico Buarque tenha se atirado à gandaia afoita de macho devolvido à solteirice.Também nesse particular,ele é discretíssimo,não dá chance ao voyeurismo das revistas e colunas de fofocas — a não ser naquele dia em que uma câmera abelhuda o flagrou aos beijos com uma morena nas águas do Leblon,em março do ano passado.Na maré que as fotos de seus amores anfíbios levantaram,ele não abriu o bico — ao contrário,curiosamente,do marido da sereia morena. Nos últimos anos,Chico viu Sílvia,Helena e Luísa,suas meninas,fazerem dele o orgulhoso“voíco”de Chiquinho,Lia e Irene.Inventado por Lelê (Helena),o

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rótulo veio livrá-lo do desconforto,esse sim,assumido,de ser chamado de vovô — palavra que acredita estar reservada apenas para os pais de seus três genros. O amadurecimento veio permitir que Chico florescesse também em outro território de seus talentos. Já havia publicado livros, como “A Fazenda Modelo”, mas foi a partir do romance “Estorvo”, de 1991, a que seguiram “Benjamin” (1995) e “Budapeste” (2004), que ele assumiu plenamente a vocação de escritor que trazia a tiracolo desde a época do “Verbâmidas”, o jornalzinho, por ele batizado, do Colégio Santa Cruz.É uma atividade que Chico vem alternando com a de compositor,sempre em regime de absoluta monogamia criadora: nunca está fazendo música e escrevendo ao mesmo tempo. Best-seller no Brasil, pode ser lido em várias línguas, e em pelo menos um país, a Noruega, é conhecido apenas como romancista. Quando lá esteve para o lançamento da tradução de “Estorvo”, um repórter quis saber: era verdade que ele fazia também umas canções e cantava em shows? Celebridade musical,não lhe foi fácil ganhar a atenção e o respeito de seus pares e da crítica literária.Já não se chateia tanto com o corporativismo de escritores que fingem ignorá-lo,tratando-o como estranho no ninho da literatura.“Eu poderia dar troco e ignorar esses caras”,diz Chico — e gargalha:“Mas faço pior,a minha vingança é ler os livros deles...” O bom humor vem atestar que Chico, no essencial, continua o mesmo — o que já não é pouco, sabendo-se dos estragos que o tempo costuma fazer na alma, até bem mais do que no corpo,cobrindo-a de rugas e amargor.Já era assim,moleque,quando o vi pela primeira vez, em março de 1966, meses antes do festival que o consagraria com “A Banda”. Chico, que ainda morava em São Paulo, tinha musicado os versos de “Morte e Vida Severina”,de João Cabral de Melo Neto,e foi nessa condição que viajou a Belo Horizonte — de Kombi —, um pouco como coadjuvante do cacique daquele programa de índios a dois,o escritor Roberto Freire,que além de ter produzido o espetáculo fazia sucesso com um romance,“Cleo e Daniel”. Num esquema bem estudantil, coube a mim e a colegas meus de faculdade providenciar hospedagem,no apartamento de amigos,num treme-treme do centro da cidade, para o ainda escassamente conhecido autor de “Pedro Pedreiro”— um sujeito de


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No Estúdio, onde compõe suas melhores canções (à esq.) e na Mangueira (acima): FOTO: BRUNO VEIGA

Maturidade sem perder os velhos hábitos

poucas palavras mas já de belas músicas,como a recém-composta “Olê Olá”,que para frisson unânime ele cantou certa noite no pátio da PUC de Minas. O cara não combinava muito com a história gaiata que Roberto Freire nos contou: nas paradas à beira da estrada,Chico pedia um“Hollanda”,e fingia estranhar que o balconista nunca tivesse ouvido falar do sanduíche — queijo, tomate e orégano — cuja autoria reivindicava e que esperava tornar famoso como o bauru,criado em 1934 pelo cidadão bauruense Casimiro Pinto Neto.Chico acabou mais conhecido como compositor, cantor e escritor, mas até fechar as portas, no início de 2006, o legendário bar Riviera,de São Paulo,servia um apreciado Hollanda. Fui reencontrá-lo em 1978,quando fiz com ele uma daquelas entrevistas fluviais da “Playboy”,perguntação que lá pelas tantas o irritou,por achar psicanalítico demais o meu interesse por suas então ambíguas relações,de desejo e de repulsa (assim me parecia),com o sucesso.Depois voamos naquele espartano Ilyiushin rumo a Cuba,e nos reencontramos mais adiante, quando fui convidado para escrever o texto biográfico que se chamou Gol de letras,no songbook“Chico Buarque Letra e Música”— ao qual, aliás,voltei recentemente,a pedido do editor,para um prazeroso trabalho de atualização que outra vez nos pôs em contato. Não era o caso,agora,de repetir os muitos encontros de trabalho que Gol de letras demandou em 1989,mas algumas horas de papo em seu apartamento,pouco tempo atrás, bastaram para confirmar a impressão de que Chico Buarque amadureceu admiravelmente bem e que,sem passadismo,conserva alguns hábitos antigos.Por exemplo,o de

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registrar idéias musicais e desenvolvêlas com a ajuda de um gravadorzinho barato.Ou de entrar no estúdio (estava às voltas com o que viria a ser o CD“Carioca”) sem munição para encher meio disco,pois é lá dentro,no estimulante clima de gravação, que nascem várias de suas melhores canções. Três vezes por semana,quando não é dia de futebol, ele pode ser visto a caminhar,em ritmo acelerado (a pressa, costuma dizer, é sotaque paulistano, herança dos anos que viveu em Sampa, dos 2 aos 22), na calçada da praia do Leblon.Não convém abordálo, em especial se tiver usando fones de walkman (não, ainda não chegou ao iPod), pois, ao contrário de você ou de mim, Chico Buarque não está flanando à beira-mar, nem em trâmites aeróbicos — ele está trabalhando, acredite,gestando alguma dessas jóias que há mais de 40 anos nos encantam e ajudam a viver.


POP

TECNO

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O QUE HÁ DE NOVO EM TECNOLOGIA

LIVRE DAS MULTAS Mesmo que queiram,os proprietários do novo DVD Player automotivo da Pioneer, o AVHP5750DVD,não conseguem infringir as normas de trânsito. Integrado à linha nacional High End 2006/2007,o aparelho tem produção 100% nacional e conta com exclusivo dispositivo de segurança.A tela instalada no painel do carro só funciona com o freio de mão puxado.

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CINEMINHA EXCLUSIVO

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Lançamento da Bang & Olufsen,a televisão BeoVision 7 é perfeita para quem não abre mão das vantagens do cinema nem da privacidade da sala de casa. Tem home entertainment completo, com DVD player integrado, surround sound digital e um inovador sistema de alto-falantes.Na versão de 32 polegadas, apresenta exclusiva tecnologia de auto-adaptação à luz dos ambientes,além de mais de 17 milhões de cores e sistema de anti-reflexo na tela.

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O MAIS FINO DO MUNDO Com apenas 66 gramas e 6,9 milímetros, o novo Samsung X820 foi uma das sensações da Expo Comm 2006 em Moscou e chegará ao Brasil nos próximos meses.Apesar de ser considerado o celular mais fino do mundo, o aparelho conta com câmera de foto e vídeo de 2.0 megapixels.

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Pontodefuga

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PÉROLA

AFRICANA Um mundo fascinante nos espera na Cidade do Cabo, A POR LETICIA ROCHA | FOTOS TADEU BRUNELLI

s montanhas protegem o mar azul como uma moldura. Entre as paisagens exuberantes da costa estão belas praias,muito agito e até bondinho.Mas,afinal,que lugar é esse? Rio de Janeiro? As comparações são inevitáveis,mas essa “cidade maravilhosa”está em solo africano. Não é exagero dizer que a Cidade do Cabo é um dos lugares mais belos do mundo.A descrição,por si só,já é fascinante:está situada na encosta de uma montanha (a Table Mountain), numa região de vales e cânion, e uma parte dela está entre os oceanos Índico e Atlântico.Dá acesso à península do Cabo da Boa Esperança e na parte alta estão as vinícolas mais famosas do país,de onde sai o incomparável Cabernet Sauvignon sul-africano.A Cidade do Cabo está recheada de roteiros surpreendentes, onde é possível tomar sol na praia com pingüins ao redor e curtir uma noite tão cosmopolita quanto em qualquer capital européia.

A cidade mais charmosa da África do Sul é a prova que o país superou o período de apartheid – o mais cruel dos sistemas políticos do século 20 que negou,por mais de 42 anos,direitos civis aos negros.Felizmente,o apartheid é coisa do passado.Há 12 anos,Nelson Mandela,principal líder negro do século,assumia como presidente da África do Sul na primeira eleição geral e livre,ou seja,com a participação dos negros,maioria entre os 44 milhões de habitantes.Entender como o país não se transformou num celeiro de vingança significa compreender a força de Mandela como líder e,principalmente,a essên-

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FOTO: ROGÉRIO VOLTAN

um destino de paisagens exuberantes e um eterno clima de festa

A nativa em seus trajes coloridos: boa convivĂŞncia entre negros e brancos


Pontodefuga

Na Cidade é factível tomar sol numa praia ao lado de pingüins e curtir a noite cosmopolita 36 37 C Y R E L A

cia desse povo,pacífico e festivo.A África do Sul se mostra agora como um país em paz e em pleno desenvolvimento. Claro que ainda existem problemas sociais graves, como altos índices de violência urbana, pobreza e um certo rancor nas relações entre negros e brancos, mas a magia do lugar transcende tudo isso.Não à toa esse é hoje um dos destinos mais procurados pelos turistas seja pela inegável curiosidade pelo mundo selvagem dos safáris ou pelos impressionantes atrativos urbanos de uma região vibrante, cheia de cor e vida.


A montanha é visível dos quatro cantos da cidade,mas chegar ao topo é um passeio obrigatório.A subida é feita por um bondinho,nos moldes do nosso Pão de Açúcar,no Rio (aqui está um dos motivos da comparação!). Do alto dá para ver toda a cidade e aquele mar que parece não ter fim.Os guias locais alertam: vá logo no começo da viagem,porque se o tempo estiver nublado,não dá para ver nada e,nesse caso,você ainda tem uns dias pela frente para poder viver essa experiência incrível. Outro marco é o Waterfront,o antigo porto que foi restaurado e abriga um complexo com shoppings,bares,restaurantes.É o local perfeito para um happy hour,enquanto se observa leões-marinhos descansando no píer e se contempla o pôr-do-sol africano – um dos mais belos do planeta.Se preferir assistir o cair do dia na praia,vá à Sunset Beach, no bairro de Bloubergstrand.Pouco a pouco,o sol cai no mar e o visual é de tirar o fôlego... sem falar que esse ponto é conhecido como Table View,o melhor local da cidade para ver a Table Mountain.Para passar o dia na praia,com direito a banho de mar,vá ao Camps Bay. O bairro é badalado e cheio de gente bonita,seja na areia,no calçadão ou pelos cafés, bares e restaurantes à beira-mar. Se você tiver sorte ainda pode cruzar com celebridades como Tom Cruise,que tem uma mansão daquelas por lá. Uma viagem à África tem de ter história.Uma dica interessante e que foge dos roteiros tradicionais e cheios de turistas é o Gold Africa Museum (Museu do Ouro),um banho de cultura que mostra a riqueza das civilizações antigas.As peças,todas em ouro maciço,são ina-

O cair do dia em Sunset Beach (à esq.), vista urbana da Cidade do Cabo (acima) e peças do Museu do Ouro: vida agitada com jeito de metrópole

PELA CIDADE... Antes de iniciar o tour,porém,é importante tomar consciência das dimensões.O país tem 1,22 milhão de quilômetros quadrados,extensão equivalente a cinco vezes a Grã-Bretanha.Resumindo:não dá para conhecer tudo numa viagem de dez dias.E já que é preciso selecionar destinos,aceite minha sugestão e deguste,sem moderação,a Cidade do Cabo.Então prepare o tênis para muitas caminhadas.A cidade convida a longos passeios,seja pela orla,pelos parques ou pela Table Mountain,de onde é possível ter a melhor vista da cidade 1.086 metros acima do nível do mar.

creditáveis – de jóias e espadas a chapéu e chinelo,todos em tamanho natural.Essa viagem fascinante foi um dos pontos que mais chamaram a atenção de Paulo Borges,organizador do São Paulo Fashion Week,que fará a próxima edição do evento inspirada na África. Entre um passeio e outro, vale uma pausa no Boo Kaap, um bairro muçulmano, cujo povo refugiou-se na África em busca de dias melhores.Hoje,eles ainda vivem por lá e preservam as suas raízes – é bonito andar pelas ladeiras, entre casinhas coloridas e mesquitas e se deparar com os moradores e seus costumes, seja nas vestes, na alimentação ou na religião.


Pontodefuga A mesa africana é um festival de sabores,sempre com receitas que privilegiam as criações agridoces,com muita pimenta e especiarias.Os astros dos cardápios são o kingklip,um peixe muito característico da região;o springbok,um tipo de impala e o see food plate,um tipo de menu degustação com frutos do mar em abundância,de ostras,lagostins e lagosta.Em alguns restaurantes,você ainda é recebido com novos hábitos – enquanto contempla as danças de tribos locais,uma simpática africana vem à mesa e sugere pintar o seu rosto.Aceite.O desenho é sempre uma surpresa que,segundo dizem,vem da inspiração do momento e da idéia que elas têm do que combina com cada pessoa.Ao menos as pinturas não se repetem nas mesas ao lado.Pode parecer algo simples demais,mas é como se você mergulhasse no mundo desse povo tão alegre e

No Moyo Restaurante, danças típicas e pintura no rosto (acima)

rico.Antes de começar a refeição,elas voltam para lavar as suas mãos com água bem quentinha.Para encerrar o banquete, chegam à mesa balinhas que são um mimo. E até esse agrado tem uma explicação: segundo reza a tradição, sempre depois da comida apimentada é educado servir algo bem refrescante.E,sim,a comida africana é sempre muito picante. Os notívagos não vão ficar sem programa.A noite da Cidade do Cabo é a mais famosa do país. Para quem quer muito agito, o endereço certo é a Long Street,uma rua cheia de clubes que fervem a noite toda. Quem prefere ouvir um legítimo jazz africano deve optar pelos bares no Waterfront.Já para as compras,o melhor lugar é o Green Market.É uma praça,que reúne o trabalho de artistas da região – artesanato,jóias,música,roupa,calçados e os tradicionais suvenires africanos.

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Novo hábito: rosto pintado à mesa, de acordo com o que as africanas captam de sua pessoa Máscaras à venda no Green Market


Pontodefuga Pelos arredores:

WINELANDS VALLEY Conceituada em todo o mundo,a região vinícola sul-africana fica a apenas uma hora de carro de Cape Town.É um passeio delicioso,que já começa com a bela paisagem dos vinhedos na beira da estrada.Cerca de cem vinícolas situam-se pelos arredores de cidadezinhas muito charmosas, como a Franschhoek, tem influência francesa e a Stellenbosh,holandesa.Se tiver tempo,vale reservar alguns dias para desfrutar de toda a beleza da região. Opções de hospedagem não faltam – há bons hotéis, confortáveis pousadas instaladas nas próprias vinícolas e até um spa de luxo, que concentra todas as suas atividades na vinhoterapia, da gastronomia aos tratamentos de estética. É importante ligar antes para agendar a visita às vinícolas,pois algumas fecham ao público em épocas de grande produção.E enfim,renda-se às degustações desses grandes vinhos. Se ficar em dúvida entre qual levar para casa,opte pelos rótulos de pinotage,uma uva híbrida de pinot noir e hermitage,marca registrada do país.

ROBBEN ISLAND Uma característica dos sul-africanos é não deixar o passado para trás. E isso se reflete no turismo.Todos fazem questão de apresentar a história do país,por mais sofridas que sejam essas recordações.O passeio a Robben Island é,digamos assim, o ponto alto desse roteiro consciente.A visita à ilha que foi por décadas o principal presídio do país,onde Mandela passou 20 dos 27 anos em que foi prisioneiro do governo sul-africano,durante o apartheid,é um passeio emocionante. O presídio, considerado patrimônio histórico nacional, foi desativado e deu

Uma cidade de muitas faces: região vinícola, de onde sai o incomparável Cabernet Sauvignon sul-africano (acima), e a comunidade muçulmana no bairro Boo Kap (à esq.)

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SERVIÇOS COMO CHEGAR Algumas agências, em São Paulo, são especializadas em África do Sul. Há alguns pacotes fechados, mas todas operam com a comodidade de montar o seu roteiro exclusivo. Viagens & Cia: (11) 6941-8871. New Age: (11) 3138-4888. Raidho Turismo: (11) 3704-3111. Kangaroo Tours: (11) 3066-0266. Há vôo diário saindo de São Paulo da South African Airways (SAA) até Johannesburgo, que leva cerca de oito horas. De lá, há conexões até Cape Town - mais duas horas de vôo. Dica: se tiver tempo, fique um dia em Johannesburgo. É uma cidade bonita, que tem ótimas opções, entre cassinos, restaurantes e o histórico Soweto, bairro negro onde viveu Nelson Mandela. E que tal se hospedar no único hotel seis estrelas do mundo? O The Palace, uma réplica de um palácio, com muito luxo por todos os cantos. Fica a 190 quilômetros de Johannesburgo, no Sun City, um complexo com teatro, cinema, restaurantes, cassino e você ainda pode se aventurar em um safári de balão. ONDE FICAR EM JOHANNESBURGO: Sandton Sun Ótima opção para quem ficar um pouco em Johannesburgo. Anexo a um shopping center que garante boas compras. Tel. 27 11 975 1121 - www.suninternacional.com

Walterfront (acima), o mercado mais glamoroso de Cape Town

lugar a um museu, que retrata a história da luta pela liberdade desse povo e seu líder mais famoso. Para chegar lá,é preciso viajar de barco por 20 minutos saindo de Milnerton,mais precisamente do Nelson Mandela Gateway. A embarcação é confortável e tem sempre a companhia extra de leõesmarinhos que nadam próximos ou se espreguiçam nas rochas a caminho da ilha.A história da construção é contada,atualmente,por ex-presidiários que foram transformados em guias turísticos.Mais de 8.000 pessoas estiveram presas ali, numa época em que o número de cartas e visitas era limitado a duas por ano e até o cardápio era distinto para brancos e não-brancos.

CABO DA BOA ESPERANÇA O encontro dos oceanos Atlântico e Índico entrou para a história em 1488,quando Bartolomeu Dias descobriu o Cabo das Tormentas,um ponto estratégico na rota para a Índia e ponto fundamental na história da navegação.Partindo da Cidade do Cabo são 70 quilômetros pela Chapman’s Peak Drive,uma estrada à beira de um desfiladeiro,com belas encostas e algumas surpresinhas no caminho,

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como um comboio de búfalas no meio da estrada,visitas à fazenda de criação de avestruz e a incrível Bolder Beach, uma praia onde você disputa um lugar ao sol ao lado de uma turminha simpática de pingüins. Por tudo isso, vá sem pressa para descobrir esses pedacinhos mágicos da África do Sul.

INFORMAÇÕES ÚTEIS Não é preciso visto de entrada na África do Sul para brasileiros. O passaporte deve ter duas folhas em branco. A única exigência é o certificado de vacinação contra febre amarela, que deve ser tomada no mínimo dez dias antes da viagem. Disponível em postos de saúde, gratuitamente. Há 11 idiomas oficiais, mas não se assuste, o inglês é um dos mais usados. A moeda sul-africana é o rand (R). Só para uma rápida conversão, a conta é aproximadamente R$ 1 = 3 R. O código internacional da África do Sul é 27 e mais: 11 para Johannesburgo ou 21 para a Cidade do Cabo. Os meios de transporte (avião, trem e ônibus) têm ótima infra-estrutura. As estradas são modernas e se for alugar um carro lembre-se de que a direção é mão inglesa e o país exige carteira de motorista internacional. Não deixe de visitar a África por medo ou preconceito. O país mostra-se em pleno desenvolvimento, e em alguns casos está em condições bem superiores às do Brasil. Com relação à violência, é só ter os cuidados que tomamos por aqui. Em 2010, será a sede da Copa do Mundo de futebol.

The Palace of the Lost City O famoso único seis estrelas do mundo. É um verdadeiro luxo. Faz parte do complexo de Sun City. Tel. 27 11 780 7878 - www.suninternacional.com NA CIDADE DO CABO: Table Bay Instalado em um dos melhores pontos da Cidade do Cabo, bem no complexo Victoria & Alfred Waterfront. Tel. 27 21 406 5000 - www.suninternacional.com Urban Chic Hotel novo e bem moderno, perfeito para quem procura uma opção de alto nível no centro da Cidade do Cabo. Tel. 27 21 426 6119 - www.urbanchic.co.za Santé Winelands Spa-hotel localizado na região vinícola da Cidade do Cabo. Tudo por lá segue os princípios da vinhoterapia. Está na lista dos 16 melhores spas do mundo, eleição promovida pela revista “Elle” inglesa. Tel. 27 21 875 8111 - www.santewelness.co.za RESTAURANTES Moyo Entre a Cidade do Cabo e a região vinícola de Stellenbosch está este endereço que é muito mais do que um restaurante. No caminho até lá, se tiver sorte como tivemos, você pode contemplar animais em seu hábitat - zebra, avestruz gnu e órix, todos brincando e correndo pelos campos. Próximo ao Moyo também há uma reserva de chitas. Chegue no fim da tarde para contemplar o pôr-do-sol deitado em espreguiçadeiras que ficam embaixo de uma árvore gigante e centenária, dezenas de redes ao ar livre, danças típicas e fogueiras. Há estações de degustação com o melhor da cozinha africana pelas diversas tendas. Tem uma filial em Johnnesburgo muito charmosa, no badalado bairro de Melrose Arch. Tel. 27 21 809 1137. Blues Restaurant Bem no burburinho da Cidade do Cabo, em Camps Bay. Todo de vidro, permite uma das melhores vistas do agito da praia, enquanto prova deliciosos frutos do mar. Tel. 27 438 2040. BARES Mamma África O local ideal para conferir o agito da noite da Long Street. Tel. 27 21 424 8634. Manenbergs Jazz Café Endereço certo para ouvir um legítimo jazz sul-africano, bem no Waterfront. Tel. 27 21 421 5639. Café Capriche Um café cheio de charme, perfeito para o fim de tarde de frente para a praia de Camps Bay. Tel. 27 21 438 8315. SAIBA MAIS: www.southafrica.net AGRADECIMENTOS A equipe viajou a convite da South African Tourism, South African Airways e Sun International.


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DO KITSCH

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itsch Design é o nome de um premiado escritório de criação visual sediado na África do Sul e que tem como lema “O que é kitsch para um é cool para outros”. Será? Ou é melhor dizer que o kitsch de ontem é o cult de amanhã? Gosto não se discute,já dizia alguém que teve sérios problemas de adequação social. Pois neste exato momento há quem esteja vasculhando um bricabraque à procura de bonecas chinesas, cinzeiros de alumínio com tampo em disco giratório, jar-

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ras térmicas feitas em Taiwan e (por que não?) o brasilino que vinha de presente em uma compra na Fábrica de Móveis Brasil.Tá? Os móveis e objetos que eram prafrentex há 30 anos ou mais saíram de produção para se tornar itens de colecionador.Ganharam uma espécie de aura cult – algo que não possuíam quando estavam ali na nossa cara, todos os dias. Claro que nem tudo que foi feito no passado é valioso só por ter cara de antiguinho.“Justamente os objetos que tiveram pouca absorção em sua época ganharam uma nova chance de serem avaliados”, acredita Daniela Nogueira, professora do laboratório de tendências do Istituto Europeo di Design.Para ela,também não é preciso que o item saia de linha para se tornar mais apreciado.“Veja as sandálias Havainas, que não faziam parte do look da classe média por serem consideradas bregas e hoje são ‘key iten’ internacional”, exemplifica. A designer Baba Vaccaro, diretora de criação da Dpot e da Dominici, entende que o fato de alguns objetos voltarem à moda de tempos em tempos reflete uma especificidade do gosto brasileiro. “Nosso mercado é realmente ‘novidadeiro’. Na Itália e na Escandinávia, onde o design tem raízes muito antigas, os bons produtos estão em fabricação desde sua criação, independentemente de modismos. O que é bom fica e é consumido por cada vez mais pessoas no mundo”, diz. Ainda que os bons sobrevivam, há uma imensidão de itens que, a exemplo dos bons vinhos, vão melhorando conforme envelhecem. Por que isso acontece?

FOTOS: TADEU BRUNELLI

A jarra de suco em forma de abacaxi,o pufe de pelúcia e até o cãozinho de porcelana estão com tudo. Entenda o revival dos objetos com um toque de humor e saiba o que pode virar moda no futuro

POR CELSO MASSON


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O kitsch é rebuscado, usa cores fortes e texturas exageradas, num mix de idéias CLÁSSICO, VINTAGE E RETRÔ Símbolos de épocas passadas,os objetos ligados à nossa memória afetiva nos trazem mais informação conhecida do que uma simples forma nova,à qual ainda es-

sa memória afetiva,eles têm um significado que vai além do uso.Pode ser uma mesa pé palito,um aparelho de som Marantz, uma licoreira de cristal, uma co-

tamos pouco familiarizados.A palavra família,aliás,é chave nessa questão:o que lembra a casa da avó ou a dos tios sempre contribui com algum tipo de emoção,o que ajuda a compor nosso gosto. Mesmo que não fossem confortáveis, aquelas poltronas de vinil da casa de praia tinham um certo estilo,sobre a mesa de fórmica marmorizada da copa foram servidas refeições deliciosas,o pin-

leção de soldadinhos de chumbo. São eles as vedetes dos mercados de pulgas e feirinhas de “antiguidade”. Mais que ser de antanho,porém,o que importa é a capacidade de manter-se original. O vintage é aparentado do retrô,design de época que remete aos anos 50 e 60 e não tem vergonha de ser nostálgico. O PT Cruiser, automóvel lançado pela Chrysler há alguns anos,tem design re-

güim acima da Frigidaire esverdeada lembra o gosto de um pudim que a mamãe fez com carinho.Essas informações“grudam”em cada ícone do passado,que assim se torna mais valioso.Mas nem só de saudosismo vivem os objetos. Provando que um clássico nunca sai de moda,o Karmann-Ghia é o típico carro que foi um charme no passado e assim continua,ao contrário de tantos outros que de top de linha passaram a ferro-velho. O isqueiro Zippo e as motos Harley Davidson são clássicos.Há também os objetos vintage,que atingem sua nobreza com o passar dos anos,provando ter novas qualidades conforme o olhar sobre eles se renova.Ligados à nos-

trô, mesmo sendo um projeto contemporâneo. Os móveis de Fernando Jaeger, designer que tem como assinatura “um traçado que atravessa o tempo”, também seguem essa tendência. Mas nada disso deve ser confundido com o kitsch, o supra-sumo do objeto inadequado, carregado de emoção e com grande apelo visual.O kitsch é rebuscado,usa cores fortes,recorre a texturas exageradas (áspero,rugoso,amassado ou liso demais) e reúne um mix de idéias em um único produto,quase sempre desviando seu uso real da finalidade que o originou.Por exemplo:um abridor de garrafas gigante,por ser pouco prático, acaba virando peça deco-

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rativa na cozinha. Isso é kitsch. Em geral,esses produtos de baixo custo não revelam nenhuma preocupação com o design. E nem precisam ser de época.Vaquinhas de porcelana são feitas ainda hoje e não perdem o status kitsch. Só que um kitsch do passado,a exemplo do vintage,costuma valer mais que o zero-quilômetro. Curtir o kitsch é para poucos, geralmente pessoas com maior abertura para o humor nonsense. Se você não vê graça alguma em animais de louça, então o kitsch não é a sua praia. Mas não se preocupe. Ninguém vai pôr uma Nossa Senhora de gesso na sala apenas porque está na moda.Do mesmo modo,cobrir eletrodomésticos com toalhinhas pode parecer cafona, mas a chaleirinha de porcelana que já vêm com roupa de crochê assinada pela Droog Design,de Amsterdã,é o máximo. Para Daniela Nogueira, a volta do kitsch tem muito a ver com a atual afirmação do gosto popular – e com o fato de o próprio design querer se popularizar.“Designers lembram das estantes das mães, cheias de objetos sem muita edição,e vêem nessa lembrança uma inspiração”,conclui.O lado divertido do kitsch é outro fator que o favorece.Como deixar uma casa irreverente quando a decoração é toda clean? Basta dispor estrategicamente alguns objetos kitsch. Um vaso de Murano no canto da sala, um relógio em forma de torrada na parede da copa,uma vaquinha

daquelas que desmontam quando a base é pressionada...Só tome cuidado para não exagerar.Em vez de engraçada,sua casa corre o risco de ficar ridícula.

HOJE UM MICO, AMANHÃ UM MUST Façamos um pouco de especulação.Dos objetos produzidos hoje,quais têm mais chance de virar cult no futuro? Talvez o bonequinho do Super 15 substitua o velho e bom brasilino.O relógio de pulso que Hans Donner desenhou em comemoração aos 500 anos do Brasil pode virar uma preciosidade algum dia.Daniela Nogueira aposta nos objetos multifuncionais, como os óculos que tocam MP3.Já Baba Vaccaro prefere acreditar que o futuro nos permitirá consumir cada vez mais só o que nos faz bem.“Aquilo que nos preenche nas necessidades mais subjetivas, que nos traz conforto emocional. O bom design faz isso pelas pessoas”,afirma.Alguém arriscaria o Sofá Bed 5 em 1 inflável vendido pela Polishop?

ETERNAMENTE KITSCH Anão de jardim • Andorinha de parede • Bola de vidro com “flocos de neve” dentro • Caneca de cerveja da Oktoberfest (e todo suvenir parecido) • Casal de noivos em cerâmica para bolo de casamento • Flores de plástico • Jarra térmica com pintura chinesa • Pingüim de geladeira • Qualquer LP do ABBA • Telefone em forma de calhambeque

O KITSCH DE AMANHÃ

Boneco Super 15 • Óculos com MP3 • Relógio Brasil 500 anos de Hans Donner • Sofa Bed ONDE ENCONTRAR | Vintage

R. Rodésia, 74/76. Tel.: (11) 3815-8480 E-mail: vintage@vintage.com.br


Espaçoeidéias C A S A

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O QUE VEM POR AÍ

Tons róseos nas paredes,uma casa que cabe num móvel e uma calçada inteligente...novidades que marcam a 20a edição da Casa Cor ara que serve uma mostra de arquitetura e decoração se não para apontar caminhos e, nos deixar com água na boca pelo que virá. Há 20 anos, a Casa Cor é o termômetro dos profissionais mais inventivos do país, que encontram a chance de colocar em prática o que nem sempre cabe nos projetos moldados ao gosto do cliente. É só graças a essa liberdade de criação que podemos deslumbrar como seria São Paulo, ou qualquer outra capital urbana do país,com as calçadas “vivas”de Benedito Abbud (veja na pág.72).Ou o quarto que cabe num único móvel, sonhado por João Armentano.Ou mesmo o exotismo oriental dosado com delicadeza no spa pensado por Débora Aguiar. Enfim,uma festa para os sentidos que, mais do que inspiração,nos aponta o caminho da arquitetura brasileira.Selecionamos alguns dos melhores projetos da mostra deste ano para você se deliciar em idéias e sugestões, ou simples-mente para ver para onde caminha a arquitetura brasileira.

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ESTER GIOBBI Uma tendência que aparece uniforme em quase todos os projetos da Casa Cor 2006 é a utilização de cores cruas e fibras naturais nos tecidos. A decoradora Ester Giobbi apostou nesses tons no observatório que projetou. E não foi apenas nas paredes. O ambiente foi todo pensado com base na utilização de madeira em tom róseo – que promete ganhar espaço nas casas modernas a partir deste ano.


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DÉBORA AGUIAR No spa projetado por Débora Aguiar, o milenar conceito de centro de relaxamento foi resgatado com a criação de um espaço capaz de envolver qualquer um numa atmosfera de magia e exotismo. Tradições ancestrais e modernas tecnologias estão em equilíbrio. Ou seja, os equipamentos estão inseridos de maneira natural. “Afinal, eles precisam se destacar pela eficiência e pela funcionalidade.” São nove ambientações, entre lounge de entrada, sala de massagem com pedras quentes, sala de shiatsu e reflexologia, banho com cascata e cromoterapia e piscina com ponte e espelho-d’água. O tom exótico está garantido com a luz indireta embutida na piscina, no espelho-d’água e nas plantas.


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SIG BERGAMIN Na sala de jogos e de música, assinada por Sig Bergamin, o espaço pequeno (apenas 60 metros quadrados) ganhou um quê de ambientação clássica, fazendo uma ponte entre a estética dos séculos 19 e 20. Imperam os tons cinza, bege, preto e marrom em paredes forradas em figueira e na cortina em risca de giz. Poltronas Charles Eames,

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Barcelona e Egg dão o clima moderno. “O conceito foi fazer uma sala intimista, aconchegante, bem vivida, onde o conforto é fundamental”, diz Sig. O luxo está nos detalhes: arandelas de Murano transparente com dourado da Renée Behar, lustre francês de estilo Império em bronze dourado do século 19 e fotos de Tucca Reines.


ANA MARIA E CAMILA VIEIRA DOS SANTOS A concepção do terraço, do hall de entrada e do elevador uniu mãe e filha na mesma prancheta. Ana Maria de Vieira Santos e sua filha Camila Vieira Santos trabalham no mesmo escritório, porém separadamente, há mais de dez anos. Cada uma com sua equipe e seus clientes. “Resolvemos somar forças na Casa Cor por considerar isso um desafio”, conta Ana Maria. A produção em família deu certo. O terraço tem uma cobertura de vidro, com duas minilareiras. O elevador tem paredes de espelho e ripas de madeira ebanizadas em café. Na parede em mármore do hall escorre água, que acaba concentrada no centro da peça emoldurada por madeira rústica mel. Ainda no hall, destaque para as esculturas pré-colombianas em ferro cortado, dispostas nos recortes da parede cinza.


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JOÃO ARMENTANO Para quem gosta de se surpreender, eis o projeto para a suíte do casal do badalado João Armentano. O arquiteto aproveitou o espaço de 80 metros quadrados para apresentar sua proposta de casa que cabe num móvel. Isso mesmo, um móvel de 3mx2mx1m, desenvolvido em parceria com a Ornare, que é o retrato do futuro – com

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todas as polêmicas que isso possa significar. A proposta é reduzir a casa ao mínimo necessário, além de diminuir os problemas com a limpeza doméstica, já que tudo pode ficar fechado como uma caixa. Se aberto, o móvel expõe dormitório, jantar, cozinha, banheiro e escritório. Para quem gosta de praticidade, e aceita abrir mão de espaço, talvez aqui esteja um caminho.



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IEDA E SÍLVIO KORMAN A idéia de pensar num espaço que fosse, ao mesmo tempo, estúdio e área de descanso encorajou a família Korman a trabalhar com uma ambientação intimista, com tons em fendi e areia e iluminação indireta. Uma lareira central divide a área de trabalho e de relaxamento, servindo ainda

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de bancada de apoio. A mesa de trabalho é toda em cristal, com iluminação em pendentes articuláveis, o que traz leveza à saleta da dona de casa. Várias peças foram projetadas especialmente para esta sala, como o tapete peludo, os móveis em laca, o aparador em aço e couro, os painéis em madeira e a chaise em fibra natural.



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Gilberto Elkis O jardim assinado por Gilberto Elkis é um convite à contemplação. A vegetação tropical (palmeiras azuis, palmeiras draco e dracenas) foi organizada como um quadro, contribuindo para a atmosfera luminosa e acolhedora. O desafio, neste projeto, foi lidar com os desníveis do terreno (originalmente, um estacionamento asfaltado com oito vagas). “Em alguns locais, o desnível atingia 1 metro e meio”, conta Elkis. O

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destaque deste projeto está nas surpresas que revela. Há vários nichos de convivência, grandes cubos vazados em madeira e pequenos espaços de recolhimento envolvidos em cortinas, com camas e sofás. Os sete espelhos- d’água, revestidos em verde-esmeralda e com pedras naturais Palimanan (importadas de Bali), servem de vitrine para as vitórias-régias. Outra referência de Bali são os vasos de diferentes proporções, distribuídos pelo jardim.


LUCIANA TEPERMAN O conceito do espaço projetado por Luciana Teperman foi de construir uma área independente dentro da casa. Ou seja, uma sala que ser visse de apoio aos hóspedes, pudesse ser interpretada como um espaço autônomo, mas sem quebrar a unidade com o resto do imóvel. Até uma lavanderia foi instalada ali, esperta-

mente escondida por trás de uma porta de correr. No aparador, espaço para guardar malas e duas caves Avant-Guarde, com capacidade para 25 garrafas cada uma. As paredes ganharam cores discretas e pintura trompe l’oeil, de Nathalie Morhange. A iluminação, indireta, está embutida nas estantes. E o piso, de cumaru, tem veios de madeira que formam losangos.


AVEC MODA: USE SEM MODERAÇÃO

Uma moda requintada para quem sabe que edredom é só uma face do inverno

A ELEG NCE

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o frio, a vontade que dá é se enrolar num edredom e ficar ali, quietinho, sentindo a vida passar.Mas,convenhamos,essa não é a maneira mais elegante de viver o inverno. Sofisticação e conforto, eis o segredo da beleza nessa estação. Como? Os homens com tons clássicos e cortes contemporâneos. As mulheres com vestidos em tecidos fluidos e também invernais, como veludo e tricô. E, porque não, ternos, modernos e para todos. Eles experimentam a elegância de um corte de alfaiataria.Elas quebram a sobriedade com camisas de babados, costas nuas e nuances de sensualidade. As cores estão permitidas, mais ainda se tiverem um quê de cintilante.Tecidos ilustrados com flores psicodélicas também têm seu espaço.Cortes geométricos,que podem ou não terem continuidade na estampa, dão o ar de modernidade que você precisa. Agora, se não correr riscos, vá de preto e branco. Sim, o duo continua com a corda toda, capaz de esquentar até os mais gélidos dias de inverno.

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FOTOS: PRISCILA PRADE - WWW.PRISCILAPRADE.COM.BR | COORDENAÇÃO E EDIÇÃO DE MODA: LUANA PRADE - WWW.LUANAPRADE.COM.BR | MAQUIAGEM E CABELO:ROBERTO FERNANDES MODELOS: DAN WAINER E FRANCINE BECKHAUSER- LEQUIPE AGENCE | AGRADECIMENTO (LOCAÇÃO): CASA DAS ROSAS- (11) 3285-6986 -WWW.CASADASROSAS.SP.GOV.BR

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Ela usa vestido longo e casaco verde Alcaรงuz, sandรกlia TNG, colares e brincos Francesca Romana Ele usa camisa bege, gravata e terno de seda Versace


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MODA: USE SEM MODERAÇÃO

Ela usa calça Lita Mortari, blusa Scala e casaco Elisa Chanan

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Ela usa vestido Pilar, casaco Lita Mortari, brincos Vivara, pendente que vira broche da coleção Stars Sapphires e anel Coleção Highlight Stars - H.Stern, sandália Vibi Leadi Ele usa terno, camisa, gravata e sapato Ricardo Almeida


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MODA: USE SEM MODERAÇÃO

Dan usa terno, malha, chapéu e echarpe de couro Ricardo Almeida e camisa Versace

Francine usa casaco com cinto Corporeum, brincos Vivara e cachecol Parresh

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Ela usa calça de lã, camisa e casaco Clube Chocolate, peep toe com broche Schultz, broche Paola e Catherine e brincos Diferenza


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MODA: USE SEM MODERAÇÃO

Francine usa vestido estampado com lenço e casaqueto de tricot Corporeum, brincos coleção Rua das Pedras H.Stern, anéis Vivara, sandália Dumond e boina Acessorize

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Ele usa smoking Versus, camisa Versace

AGRADECIMENTOS | CORPOREUM - (21) 2511-1141 • H STERN – (11) 3068- 8082 • VIVARA - (11) 3085-3887 / SAC 0800-726-2000 • DUMOND -(51) 3599-885 • ACESSORIZE - (11) 3812-6110 • VERSACE - (11) 3088-8602 • VERSUS - (11) 3088-8588 • FRANCESCA ROMANA - (11) 3061-1868 • TNG - (11) 3083-7350 • ALCAÇUZ - (11) 3845-0855 • PARRESH -(11) 3081-9701 • RICARDO ALMEIDA - (11) 3012-6947 • LITA MORTARI -(11) 3064-3021 • SCALA - (11) 6487-2000 • ELISA CHANAN -(51) 3388-7047 • CLUBE CHOCOLATE - (11) 3084-1500 • SCHULTZ - (11) 3086-3021 • PAOLA E CATHERINE - (11) 3743-0150 • DIFERENZA - (11) 3061-3437 • PILAR - (11) 3285-2876 • VIBI LEARDI - (11) 3081-3453


Euprefiro...

UMA

PAULISTANA DO RIO

Moradora de São Paulo desde 1991,a atriz Denise Fraga consegue levar uma vida de bairro na metrópole mais agitada do país la é a mais paulistana das cariocas. Depois de um namoro de dois anos – em que enfrentava a ponte aérea todas as semanas para apresentar o gran-

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de sucesso Trair e Coçar É Só Começar” nos teatros – a atriz Denise Fraga mudouse para a capital paulista em 1991.Casou, com o atual diretor de seu quadro no “Fantástico”,Luiz Villaça,teve dois filhos, Nino,de 8 anos,e Pedro,de 6,e virou quase paulistana.“Adoro morar aqui, acho que sou um caso raro de carioca que gosta de São Paulo. Esta é uma cidade de cantos, você tem de gostar deles. E tem também as pessoas, fiz ótimos amigos aqui.O que faz a gente ficar são as pessoas”,derrama-se a atriz,atualmente em cartaz no Teatro Faap com a tragédia shakespeariana “Ricardo III”, em que interpreta a rainha Elisabete.A ilustre moradora do bairro de Higienópolis,na região central, não abre mão de longas caminhadas.“Aqui a gente conhece o jornaleiro,faz as coisas a pé”,conta.“Ou seja, a gente tem uma vida de bairro.”

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FOTO: JEFFERSON PANCIERI SP TURIS

Em sentido horário: Pinacoteca, sala do Espaço Unibanco, Avenida Paulista e o restaurante Piselli

EU PREFIRO... UM BAIRRO | Vila Romana.Gravo muito o “Retrato Falado”(seu quadro no“Fantástico”) na Vila Romana e fiquei encantada com as casas antigas de lá.São como as de nossas avós,com uma jabuticabeira no quintal, dá para pendurar as roupas no varal.Muitas têm um pedaço de terra nos fundos,já gravamos em várias desse tipo.Adoraria morar numa delas... UMA RUA | Apesar de parecer típico de turista, acho que a Avenida Paulista é o lugar em que realmente temos a impressão de estar em São Paulo.Andar pela avenida é ótimo, tem várias opções de lazer,como as feirinhas do Trianon e do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o próprio museu. UM MUSEU | A Pinacoteca do Estado é o melhor,por tudo:qualidade das exposições,a

nos da faculdade sempre circulando,com aquela curiosidade de estudantes. UM RESTAURANTE | O Piselli,na Padre João Manoel.O dono (Juscelino) é muito bacana, a comida italiana é de altíssima qualidade.O melhor de São Paulo é essa colonização italiana,o que é uma garantia de qualidade.Na dúvida,escolho sempre um italiano... UM PARQUE | Gosto muito de ir com meus filhos ao Parque da Água Branca.Acho que tem um quê de romantismo nas construções,e adoro os cavalos.Parece uma volta à infância,com aqueles brinquedinhos antigos,e os meninos gostam de andar nas charretinhas.É uma maravilha ficar andando por lá,tem múltiplos espaços. UMA PRAÇA |Visito sempre a Praça Buenos Aires.Caminho,corro,tomo água-de-coco. ROUPAS | Não tenho um lugar definido para comprar.Uma loja que gosto de visitar sempre é a Fit,e também costumo freqüentar o Shopping Pátio Higienópolis,porque é perto de casa.O resto varia muito. CINEMA | O Espaço Unibanco continua sendo o meu preferido.Também gosto do Frei Caneca Unibanco Artplex.Se você erra o horário,sempre tem outro filme interessante para assistir, e o espaço é confortável. Prefiro as salas que têm um café, ir ao cine-

localização,com o Parque da Luz ao lado, o café que tem vista para as árvores...

ma vira um ritualzinho, você pode tomar um expresso, comer um pão de queijo... Os Cinemarks também são interessantes.

UM TEATRO | O da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado).Além de ser muito bem cuidado,é ótimo porque tem a vida da universidade perto, os meni-

LAZER | Um dos meus programas prediletos é jogar boliche com meus filhos.Adoro quando eles aceitam,passamos horas jogando.Às vezes vamos à pista do Shopping Eldorado. PARA NAMORAR | Temos um restaurante para as nossas datas:o francês La Casserole,no Largo do Arouche.Sou fã de vários pratos de lá,especialmente um cordeiro com feijão branco.


Esboços

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MUITO ALÉM DO JARDIM

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POR CELSO MASSON

Mais de 3.500 projetos de paisagismo no Brasil e no mundo têm a assinatura de Benedito Abbud. “calçada viva”que Benedito Abbud apresenta até meados de julho na Casa Cor 2006, este ano instalada no Jockey Club de São Paulo, propõe revitalizar os passeios públicos para melhorar a qualidade de vida nas grandes cidades. Parece bem simples, mas quem vê os detalhes do projeto percebe o tamanho desse desafio. Muito além de embelezar áreas de grande perímetro murado, como a que circunda o próprio Jockey, a calçada viva reivindica a função de um verdadeiro parque,com as vantagens de ser inteligente,saudável,ecológica,verde, acessível, mobiliada e cultural.Agora já não parece tão simples, certo? Integrar todos esses itens de forma harmoniosa exige talento e tem um impacto extremamente positivo para o espaço urbano. É exatamente essa a preocupação que orienta todas as criações de Benê, um dos maiores paisagistas do Brasil, com 35 anos de profissão e mais de 3.500 projetos no currículo. Para ele, qualidade de vida é muito mais que poder usufruir de uma área verde. É sentir-se relaxado, recompensando os cinco sentidos com emoções capazes de neutralizar o estresse que a vida moderna causa, e que pode ser nocivo tanto para quem mora em Manaus, no coração da Amazônia, ou em Luanda, na África. Pensando assim, os projetos de Benedito Abbud buscam atingir não só o sentido da visão,premiado com uma riqueza de cores,luzes,sombras,alternância de claro e escuro e de espaços abertos e fechados.No percurso sensorial que ele costuma criar,

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ma de espécies frutíferas,além de chás e temperos.E a audição? Bem,feche os olhos e imagine o farfalhar do vento nas folhagens,o murmurar da água que jorra de fontes e escorre por entre em cascatas...“Além de calmante,ameniza o barulho da rua”,diz Benedito. Aguçar os sentidos,surpreender,emocionar,relaxar.É pensando em tudo o que um ambiente pode proporcionar de melhor que esse paisagista formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo lida com os elementos da natureza.Até o fogo tem um papel fundamental,aparecendo em piras,tochas e fogueiras.Os recursos parecem não ter limite:“Em um projeto que prevê áreas românticas para casais de namorados,estamos reproduzindo com lâmpadas insta-

o tato também é evocado,graças ao de diferentes texturas,seja das espécies vegetais ou dos objetos escolhidos.E não é só.O olfato e o paladar são estimulados pelo aro-

ladas nas copas das árvores o efeito da iluminação de uma noite de luar”,afirma.

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Entenda por que,para ele,o verde é apenas um detalhe

FOTO: MÁRCIA MINILO

Projetos que ultrapassam o sentido da visão, com riqueza de cores e luzes: assim pensa e trabalha Abbud


Esboços Sol, chuva e história. Tudo serve de ponto de partida para um projeto

BOLHAS DE AR Durante o tempo em que deu aulas de paisagismo, tanto na FAU-USP quanto na PUC de Campinas, Bendito costumava provocar seus alunos com alguns conceitos intrigantes. Diante do desafio de encarar um papel em branco para dar início a um croqui, costumava dizer que não há espaço em branco. “Em qualquer que seja o local onde o projeto será implementado,existe alguma coisa. Pode não haver vegetação, nem água, nem mesmo edificações. Mas há o sol, a chuva, as variações de temperatura das estações do ano.Tudo isso serve de ponto de partida,de referência,assim como a história do lugar.” Um exemplo de como a história pode interferir na criação aparece claramente no condomínio Amoraeville,em Florianópolis. No passado, ali viveram índios amoraes,e Benê foi buscar na cestaria e no artesanato daquele grupo indígena os padrões para paginar detalhes do empreendimento. Forçando seus alunos a visualizar o espaço com a merecida reverência,o então professor sugeria a seus alunos que fizessem maquetes usando como base uma lâmina de isopor,na qual espetariam formas tridimensionais.Palitos de dente com chumaços de Bombril,por exemplo,representavam as árvores.Numa etapa adiante,pedia que aquelas copas cinzentas fossem pintadas com tinta guache.“O verde não é a única cor da natureza.Além da folhagem há flores e frutos, que fornecem outro colorido à paisagem.” Munidos dessas ferramentas básicas de maquetaria,os estudantes formulavam suas propostas e só então passavam a pesquisar as espécies que garantissem o resultado visual esperado, já sabendo que, ao longo do ano, as plantas

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mudam de cara, as folhas caem, vêm a florada, as folhas renascem.“Algumas árvores criam sombras densas no verão, o que é muito refrescante, pois assim filtram o sol. Já no inverno, com menos folhas, as mesmas árvores deixam o pouco de calor passar.Tudo isso deve ser pensado no paisagismo”, explica. Outro conceito interessante de Benê é o das bolhas de ar. Para ele, cada espaço a ser projetado paisagisticamente deve ser encarado com uma bolha que contém determinada quantidade de ar,“a única coisa pela qual não pagamos para obter”, como ele mesmo diz.Esse volume de ar simbólico deve ser dosado de acordo com a sensação que se deseja causar.Um corredor estreito e fechado que conduz a um átrio de pé-direito triplo,por exemplo,é um recurso para que a sensação de amplitude ali seja ainda maior.“Cada bolha de ar deve ser enriquecida com o que melhor se adapta àquele espaço, desde a luz até o aroma”, acredita. Desenho de calçada viva, pensada para Casa Cor 2006 (à esq.) e verde na entrada de um escritório (abaixo): uma nova perspectiva dos espaços públicos


Esboços DA A R E A UÇÃO R CmOquNe BeSnedTito VERDE é um tos e

Espaço democrático: equipamentos de ginástica na rua (acima)

Benedito vive de projetar áreas externas e de lazer que atendam às mais diversas exigências,às vezes,simultaneamente.Em condomínios residenciais,por exemplo,podem conviver bebês recém-nascidos,jovens solteiros e casais de idosos.Em um hotel,pode-se hospedar uma família em férias ou um executivo, em viagens de negócios. E todos têm demandas específicas, sobretudo do que se refere à expectativa de lazer e relaxamento. Por isso,Benedito entende que o bom paisagismo deve agregar valor ao projeto arquitetônico não só do ponto de vista da funcionalidade e da beleza, mas também pelo que acrescenta em termos de status.“Até em conjuntos habitacionais como o Cingapura,onde eu também já trabalhei,os moradores querem aparentar que vivem bem. É uma questão de qualidade de vida.” E que pode estar no nosso dia-a-dia,seja em casa,no trabalho,no momento de lazer.Ter algo aprazível ao alcance dos sentidos é sempre uma satisfação. Disso, Benedito não abre mão.

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ente proje Um dos rabalha atualm bras para t o Abbud rio da Petr l à base de ó laborat de combustíve a energia a is u ar um q s e p islumbr de impacto v r o P . água sem gran ício está if limpa, al, todo o ed cológicos. t e n s ambie de cuidado , o centro o d n a o c r r p to o Green ce estiver o, Quando um certificad ISO 9000 á r d a ie h c pé e icamente gan g , uma es Building truções ecolo o ainda é s n e o c c n co it ma das s. “Esse rasil. Mas é u o, a t e r r o B c d o e n n e o B it ov muito n ia mundial”, diz a como o ir tendênc o-se à mane s naturais, o d referin proveita recurs ia, além do a r o e t n je e o a g ão de lixo pr ç água e d caso da sobre a produ a vida de , le ê o v r t e con o. Como s dim. m do jar e esgot a vai muito alé t paisagis



Garfo e taça O MELHOR DA

GASTRONOMIA E DICAS PARA A COZINHA

OS

VINHOS DO CHICLETE COM BANANA POR RICARDO CASTILHO* cantor Bell Marques, líder da banda Chiclete com Banana, resolveu incrementar os negócios e,desde o ano passado,passou a dividir seu tempo com uma loja e uma importadora de vinhos,a Ana Import. O nome é uma homenagem a sua mulher,Aninha Marques, que é quem toca o dia-a-dia do negócio.Disposto a apostar em um rótulo próprio, a dupla foi atrás do enólogo argentino Mauricio Lorca,profissional dos mais tarimbados,da Bodega Enrique Foster,e selecionou seus vinhos para receberem o nome de Chicleteiro,numa alusão a banda.O catálogo da importadora,porém,conta com outras jóias. É o caso do Gran Reserva Syrah da casa Tuniche,empresa familiar que está instalada no Vale de Cachapoal,no Chile;e o Altos de Ardelia,um delicioso Petit Verdot,feito em Alto Agrello,na Argentina. www.anaimport.com.br

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epois de colocar o D.O.M. na lista dos 50 melhores do mundo,na eleição da revista inglesa “Restaurant”, foi a vez de Atala abocanhar os principais prêmios da gastronomia nacional.Ele acaba de ser eleito o chef do ano e o D.O.M.o restaurante do ano,na concorrida premiação da revista “Prazeres da Mesa”. Enquanto escreve um novo livro,sobre reflexões da cozinha,terroir e culinária brasileira,ele preparou uma receita exclusiva para os leitores de“Cyrela”.

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SORBET DE JABUTICABA COM WASABI

FOTO: ROGÉRIO VOLTAN

PARA 1,5 LITRO DE SORBET

O IMBATÍVEL

ATALA

PARA A CALDA DE JABUTICABA * 1 kg de jabuticaba 500 g de açúcar Água o quanto baste PARA O SORBET 350 g de calda de jabuticaba* 100 ml de água 140 g de açúcar 20 ml de vinagre de framboesa (comprado pronto) 20 ml de suco de limão 10 g de wasabi em pasta 140 g de claras de ovo Tire as cascas das jabuticabas (não descarte as cascas). Passe a polpa das jabuticabas pela peneira (para separar as sementes) e reserve o suco. Coloque em uma panela as cascas, o açúcar e o suco da jabuticaba. Se o suco da jabuticaba não for suficiente para que a quantidade de líquido atinja 1 litro, acrescente água para completar. Cozinhe em fogo baixo, sem ferver, por cerca de 30 minutos ou até que a calda engrosse ligeiramente e pegue bastante cor (sem ficar com sabor muito adstringente). SORBET Misture todos os ingredientes e bata na máquina de sorvete. Receita de Alex Atala D.O.M. Restaurante Rua Barão de Capanema, 549, São Paulo (SP), tel. (11) 3088-0761 Ricardo Castilho é diretor da revista Prazeres da Mesa


Garfo e taça

GASTRONOMIA E DICAS PARA A COZINHA

FOTOS: GUILHERME ANDRADE

O MELHOR DA

PIZZA NO JARDIM

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s meninos do Pirajá,como ficaram conhecidos, um grupo de empresários do segmento de bares e restaurantes dos mais competentes, acabam de marcar mais um belo gol.Trata-se na nova pizzaria Quintal do Braz,umas das casas mais bonitas já feitas em São Paulo. Ela está instalada em um casarão no bairro da Vila Mariana,e um de seus principais atrativos é o grande quintal,repleto de árvores e muito verde. O salão, com seus janelões e muita madeira,é charmoso e aconchegante,mas é da cozinha que saem os aromas e sabores que vão fazer sua visita valer a pena.O craque das redondas André Lima, preparou um car-

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dápio de delícias que começa pela Burrata (mussarela de búfala grande e cremosa) e pelo Pique Nique,rolinhos de massa de pizza bem finos e recheados com mussarela,tomate e orégano,com filés de aliche ou ainda com calabresa moída e alecrim. Na seqüência, o grau de dificuldade para se fazer a escolha é grande.Apostas certeiras -- e que mostram todo o talento de André ao criar as coberturas -- são a Quintal (mussarela,queijo taleggio,aspargos,presunto cru e ovos estrelados); e a Do Contadino (mussarela coberta por calabresa moída e radicchio cortado bem fininho).É para virar freguês de carteirinha. Quintal do Braz Rua Gandavo, 447 Vila Mariana – (11) 5082-3800


SOBRAL COM O CORAÇÃO DIVIDIDO

chef português Vitor Sobral continua sendo o grande embaixador da cozinha portuguesa pelo mundo,mas seu coração está cada vez mais dividido entre sua terra natal e o Brasil.Seu sonho de montar um restaurante em São Paulo está cada vez mais perto de ser concretizado e não será surpresa se surgir algo novo até o fim deste ano. Porém,enquanto isso não se transforma em realidade,a dica é,indo a Lisboa,não deixar de conhecer o seu Terreiro do Paço,um dos endereços mais elegantes e conceituados da capital de Portugal.De sua cozinha saem iguarias como o foie gras fresco caramelizado e a raia confitada em azeite extravirgem.Aliás, diga-se de passagem, Sobral é um mestre na arte de usar corretamente um bom azeite.Programa imperdível.

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Terreiro do Paço Praça do Comércio, Lisboa Welcome Center, Chiado Tel. (21) 031-2850 – www.terreiropaco.com


Pontodevista A ARTE DE CONVIVER

COMO FAZER UM JANTAR PERFEITO... ode parecer algo muito complicado fazer um jantar perfeito para alguns convidados,mas se você sempre pensar em MENOS é mais fácil acertar do que errar. Vamos fazer uma lista do que não pode faltar em hipótese nenhuma: 1- Marcar uma data que seja conveniente em geral,quero dizer,nada perto de um feriado ou de algum acontecimento na cidade que brigue com seu convite. Dependendo do tipo de jantar,pense no melhor dia para os convidados:se for um jantar de negócios,melhor durante semana.Se for um aniversário ou simplesmente um jantar de amigos,aí você poderá fazer sexta-feira à noite ou no sábado.E aí abrimos a possibilidade do jantar tornar-se também um almoço de sábado ou de domingo. 2- Quem convidar,depende de você.Mas lembre-se,a mistura é muito importante,aliás, é o sucesso de qualquer festa.Pode ser um jantar de 12 pessoas,de 30,ou até de 100.Mas o que torna um jantar chato,mesmo com boa comida e bebida? Você não ter com quem conversar,ora! Essa química quem produz é o anfitrião. Ao chegar um casal amigo que não conhece os outros,é obrigação da dona da casa apresentá-lo a outros convidados, e de preferência iniciar um assunto que seja de interesse dos interlocutores.Num jantar maior,preocupe-se em vistoriar o ambiente e detectar se há alguém deslocado. 3- O apartamento deve estar preparado com flores, mesa bem posta, lavabo perfumado e toalhas individuais.Copeiras ou garçons devem estar a postos três horas antes,pelo menos,cuidando do gelo,das taças e dos detalhes que surgirem.O serviço não deve comprometer sua atenção durante a festa,então esteja bem assessorada. 4- O cardápio deve ter um prato que seja a especialidade da casa, mas é importante ter opções com mais de uma salada e mais de um prato principal. Mesa farta é gostoso, mas nada de exageros. Não se esqueça de combinar a bebida que será servida na ocasião.Se for verão,lembre-se de ter muito gelo em casa para gelar bebidas e servir com o uísque.Ao servir um peixe tenha sempre um vinho branco bem gelado; carne exige um vinho tinto especial. Espumante nacional é uma glória e pode ser servido do começo ao fim de uma festa. Se o jantar for sentado e harmonizado com vinhos mais seriamente,aí o espumante fica bem com a entrada e a sobremesa. 5- Manobristas. Como eu moro num apartamento cuja rua é movimentada, sempre digo que é mais importante ter manobristas para estacionar o carro dos convidados do que ficar servindo caviar. Ok, é uma brincadeira, mas dependendo do que você pode gastar pense nesse conforto. Ninguém sai de casa só para comer e beber, mas sobretudo para encontrar gente interessante,se divertir e ser bem tratado. 6- Música é algo que não deve faltar,pois dá alma à festa.Ponha o i-Pod com músicas gostosas, que não atrapalhem o papo. Se você quer que o pessoal dance, se preocupe em contratar um conjunto (se o ambiente admitir) ou banque um DJ com as músicas que vão agradar a faixa etária da festa. Se a idade for mesclada,

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ALICE CARTA É PROMOTER E EMPRESÁRIA CULTURAL DAS MAIS RESPEITADAS DO PAÍS E AUTORA DO LIVRO “NINGUÉM É PERFEITO, MAS PODE MELHORAR”

a música deve variar da mesma maneira. Sempre há clássicos dance que agradam a todos. 7- O horário é bem importante. Se for uma festa-baile as pessoas vão chegando e você não se preocupe,pois o clima vai aquecendo até a hora em que todos já estão soltos para dançar. Caso seja necessário, combine com seu companheiro e cada um tira um amigo/a para inaugurar a pista.Se for um jantar de pé não fique esperando os muito atrasados, pois os que chegaram na hora,que você mesma convidou,estão certos.É ridículo servir muito tarde em dia de semana; todos têm os seus compromissos.Quem chegou tarde que se adapte.

AGORA, COMO DESFAZER UM JANTAR... Outro dia organizei um jantar para 60 pessoas com todos os itens que acabo de participar a vocês e aconteceu um incidente – o terror dos atos do PCC na cidade.Eram quatro da tarde,quando notei que o caos estava instalado em São Paulo,no entanto,as copeiras já tinham chegado, flores, bebida gelando,mesa sendo arrumada,sem falar da comida toda em ordem só para os acabamentos finais. Alguns casais começaram a desmarcar,liguei para o homenageado,desmarquei os manobristas e os convidados. Remarquei para uma nova data. Tive prejuízos,claro,mas antes esse desgaste do que protagonizar uma festa micada.Deus me livre!



Social

INTEGRAÇÃO

PELA

DANÇA POR MARTA BARBOSA | FOTOS MARCIA MINILLO

Enquanto sonha com a recuperação da essência dos gestos humanos,

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ão sei explicar bem por que, mas a primeira impressão que tive, logo nos primeiros minutos na Escola de Reeducação do Movimento Ivaldo Bertazzo, foi que aquele é um lugar de gente feliz.Talvez tenha a ver com o espaço

físico:uma belíssima construção em concreto aparente e vidro suspensa por pilotis, assinada pela arquiteta Camila Fabrini. Um eco da escola brutalista paulista charmosamente localizada no fim de uma rua sem saída na Vila Pompéia, na zona oeste de São Paulo. Enfim, por algum motivo que foge à compreensão racional imaginei que,a parte de todos os (inevitáveis) dramas pessoais,a gente ali é feliz.E expressa isso com o olhar,com os gestos,com o corpo.Sim,faz todo sentido (afinal, a razão de existir do local é a recuperação da essência dos gestos humanos). Mas eu só fui entender isso de verdade um dia depois, quando voltei à escola para conversar com o personagem principal desse pequeno império da felicidade:Ivaldo Bertazzo, professor e coreógrafo dos mais respeitados na cena cultural brasileira.

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Ivaldo Bertazzo faz de meninos da periferia bailarinos profissionais

Cena de “Milágrimas”: espetáculo de 1,2 milhão de reais e muita determinação


Social

Antes de qualquer pergunta,Bertazzo se apressa em dizer que não faz projeto social. É bem verdade que ele é o responsável por um grupo de dança

O Brasil vivia os loucos anos 1970 e o coreógrafo paulistano resolveu que podia quebrar a lógica de que palco é para bailarinos.Começava a ganhar forma o conceito de“cidadãodançante”– gente comum,como você ou eu,que passou a integrar o grupo.E nem pense que se trata de montagens artesanais,daquelas que a gente aplaude mais pelo sentido

formado,há três anos,por adolescentes de comunidades carentes de São Paulo. Mas seu trabalho com esses jovens ultrapassa e muito o limite do“socialmente responsável”.O que ele faz,e se orgulha, é integração social.“Não concordo com essa visão limitada de que é necessário levar cultura à periferia”, explica o paulistano nascido na Mooca.“Prefiro acreditar em ações que permitam à periferia interagir com a sociedade, ou seja,ter acesso à cultura,esteja ela onde estiver.” E quem é capaz de duvidar que ele faz essa integração? Os hoje 37 bailarinos profissionais (todos acabam de

da ação do que pelo resultado de fato.São megaproduções,com muito impacto artístico, elogiadas pela crítica e sucessos de bilheteria.“Meus espetáculos são produções teatrais que acompanham os avanços tecnológicos de iluminação, por isso se tornam, inevitavelmente,projetos caros”,diz Bertazzo.O último deles,“Milágrimas”,em turnê pelo interior de São Paulo,custou R$ 1,2 milhão. Os “cidadãos-dançantes”ainda existem,mas já não estão no foco dos refletores de Bertazzo. Não desde 2003, quando o coreógrafo montou o grupo de dança com adolescentes de comunidades carentes.Para chegar aos 41 nomes (quatro desistiram no primeiro ano) foi feita uma seleção com jovens indicados por ONGs e centros sociais. Os aprovados passaram a receber uma bolsa mensal de R$ 550 para ensaiar quatro vezes por semana,de quinta a domingo.Desses ensaios nasceu“Dança da Maré” (2002),“Samwaad”(2003/2204) e “Milágrimas”(2205/2006). É óbvio que Bertazzo é o modelo (talvez o ídolo) desses meninos, mas não pense que a afetividade por lá é colocada num plano assistencialista.Todos têm obrigações como qualquer outro profissional. E são cobrados com o mesmo rigor, diga-se de passagem.“E os que não

obter o registro da Delegacia Regional do Trabalho – DRT) não apenas conquistaram

aceitam essa postura profissional estão fora”,diz Bertazzo. Até chegar ao palco e aos aplausos, muita estrada foi percorrida.Além de ensaiar,

uma formação, como conseguem a incrível façanha de,no Brasil,viver de arte. Já são 30 anos, no tempo da dança, desde o primeiro espetáculo de Bertazzo.

eles fazem trabalho de respiração, recebem noções de fisioterapia, aula de canto e música e até de português.Os meninos do grupo são o melhor exemplo de aplicação da técnica de reeducação do corpo proposta por Bertazzo e sua equipe.“Tenho sete profissionais trabalhando comigo há dez anos no desenvolvimento dessa metodologia.”

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Profissão bailarino: agenda de ensaios rigorosa e disciplina até mesmo na forma de falar. Abaixo, Anderson Silva, que até já dá aulas

No que consiste? Numa completa reformulação da maneira de ver e interpretar o próprio corpo.Trocando em miúdos: a idéia do espetáculo é mostrar o corpo em movimento com preocupações espaciais e em comunhão com esse espaço.É uma voz contrária à uniformização corporal que os tempos modernos nos exigem.Exagero? Então escute o que Bertazzo observa nos adolescentes que,sem nem perceber,cedem às exigências estéticas da novela das 8 ou do grupo musical que aparece na televisão.As meninas de 12 anos,preocupadas em manter a postura da moda,desenvolvem hiperlordose e uma excessiva dilatação da barriga.Os meninos seguem o mesmo caminho e acabam com uma hipertensão no pescoço e uma abertura exagerada das pernas,por projetarem o corpo para frente em sinal de reafirmação.“O que proponho é repensar a forma que educamos o corpo,a começar pela alfabetização.”Aliás,a alfabetização é um capítulo à parte na proposta educacional de Bertazzo.Para ele,nosso corpo começa a seguir o caminho errado quando aprendemos a escrever sentados.“A criança precisava aprender a escrever em pé,como se estivesse pintando,para sentir a palavra pelo movimento do corpo.” A proposta faz parte da metodologia criada por Bertazzo, toda registrada em livros, e que aos poucos começa a entrar pela porta da frente de escolas públicas de São Paulo.“Meu sonho é ver essa metodologia em uso no país.” Enquanto isso não acontece,os meninos do Bertazzo dão a lição. Anderson Dias da Silva, 21 anos, morador do Jardim Monte Azul, zona sul de São Paulo. Foi um susto para a família de Anderson ouvir dele,aos 16 anos,que o sonho de ser jogador de futebol,compartilhado por quase todos os amigos do bairro,ficaria para trás. Na época, ele ainda não imaginava a dança como profissão, mas estava certo que se era para movimentar o corpo não seria num campo de futebol.“Comecei


Social

fazendo dança de rua na ONG Sarambaque, gostei tanto que logo já participava de apresentações do grupo e fui convidado para fazer o teste da escola do Bertazzo.” Já são três anos com o grupo. Tempo suficiente para destacar-se a ponto de ser convidado para dar aulas.Duas vezes por semana,ele é o professor de reeducação do movimento da escola de Ivaldo Bertazzo.Anderson ainda repete o curso em sua comunidade. Ele voltou à ONG onde foi apresentado à dança, mas agora como professor.O que espera do futuro?“Quero fazer Educação Física para ter uma formação mais completa e segura e trabalhar com artes cênicas.” Angélica Cristhien Pursino, 14 anos, moradora da Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo. Na casa de Angélica, dançar faz parte.A mãe, Maria José Pereira, podia ter sido uma bailarina. Ela fez balé quando adolescente e até hoje dá aulas de jazz na ONG Ação Comunitária,a mesma onde Angélica deu os primeiros balançoires da vida.Não havia dúvida que seu caminho seria o da dança.Aos 8 anos,fez o primeiro teste para o Balé do Teatro Municipal de São Paulo e passou.Seguiu nos dois grupos,do Municipal e de Bertazzo,por alguns anos até que teve de escolher um.“Precisava viajar em turnê pelos dois e tive de decidir qual caminho queria para mim”,conta,do alto dos seus 14 anos. Escolheu Bertazzo,porque se identifica com a mentalidade do trabalho.“Ele me ensinou outra linguagem corporal, me fez mudar como pessoa... Bertazzo é um modelo que quero seguir”,derrete-se.O pai,que trabalha como segurança,aprovou e apóia a decisão

Luana Santos Silva, 20 anos, moradora de Cidade Ademar,

da filha.“Ele é meu maior fã.”A única coisa que Angélica lamenta é a sensação de ser diferente das amigas de sua idade.“Sou mais responsável, mais madura mesmo, nem parece que temos a mesma idade.” Tudo bem. Isso não chega a ser problema para a menina que sonha em ser bailarina de uma grande companhia nacional,quem sabe internacional,quem sabe na Rússia.

zona sul de São Paulo. Luana queria ser atriz.Fazia dança,mas não imaginava que os passinhos de balé pudessem se transformar em profissão. Mas se transformaram.“Participei

Angélica Pursino (abaixo) e Luana Silva (acima, à dir.): mudança de rumo na vida e planos de uma carreira depois de conhecer Bertazzo

Levar cultura à periferia não garante integração social 88

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do teste para o grupo do Bertazzo,mas na verdade nem sabia quem era ele, não entendia sua importância.”A ficha caiu quando ela se viu em meio a outros tantos garotos da sua idade aprendendo a interpretar o próprio corpo. “Quando entrei aqui, passei a ter uma visão mais ampla do corpo humano e da necessidade de cuidados que ele tem”,conta.Daí para a faculdade de fisioterapia foi uma questão de tempo e

César Dias Cirqueira, 17 anos, morador de São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo. César tinha 9 anos quando começou a praticar tae kwon do na ONG Parque Ecológico do Tietê. Levava tão a sério que resolveu fazer aula de dança para conseguir mais flexibilidade – seu ponto fraco, quando era esportista.Mas ele gostou tanto do balé que nem as três medalhas já conquista-

determinação.“Quero trabalhar com três eixos: dança,fisioterapia e um terceiro que junte as duas linguagens,dança e fisioterapia.” Para chegar lá,Luana acorda todos os dias às 4h45 da manhã.Tem aula pela manhã, almoça na faculdade e segue para a escola,onde ensaia no mínimo até às 8 da noite. “Quase não vejo meus amigos que não fazem dança, nos comunicamos pela

das com o tae kwon do lhe seguraram no tatame.“O difícil foi convencer a família”,conta.A princípio,tios e mãe foram uma voz contrária à virada profissional.“Mas bastou minha mãe assistir minha primeira apresentação para não só aceitar, como incentivar totalmente.” Os planos de César incluem uma faculdade – “quem sabe de moda”– e um grupo de dan-

internet, mas nada disso me incomoda.” O que mais precisa, o apoio da família,ela tem de sobra.O pai,que é vendedor,e a mãe,dona-de-casa,sempre a encaminharam para o mundo das artes.“Quando eles assistem a um espetáculo e percebem que eu errei,me dão

ça internacional. Agora que tem registro de bailarino profissional,César se sente pronto para voar sozinho. “Acho que já posso participar de teste em grandes com-panhias, mas confesso que a idéia me assusta”,diz. “Pensar em perder a retaguarda do

a maior bronca.”

Ivaldo dá medo.”

“O que proponho é repensar a forma que educamos o corpo, a começar pela alfabetização”, diz Bertazzo (abaixo). Acima, à esq., César Cirqueira, que trocou o tae kwon do pela dança


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MODERNIDADE 90 91 C Y R E L A

CEM ANOS APÓS O VÔO DO 14-BIS,

AS CRIAÇÕES DE SANTOS DUMONT COMO INVENTOR E DESIGNER CONTINUAM CAUSANDO IMPACTO. É O QUE MOSTRA UMA EXPOSIÇÃO ORGANIZADA POR GUTO LACAZ


EXPOSIÇÃO

astou uma década na vida de Alberto Santos Dumont para que 22 aeronaves fossem por ele projetadas e construídas. O período mais fértil de sua criatividade incomum durou dos 25 aos 35 anos, e se deu numa época em que voar ainda era um sonho impossível para a grande maioria dos homens. É verdade que o pioneiro da aviação sofreu acidentes com todos os modelos que pilotou, mas nenhum deles o impediu de seguir voando - ao contrário de outros 200 aviadores que arriscaram a vida na tentativa de decolar a bordo de engenhocas que não venciam a gravidade. Além da obstinação pelo ato de voar, o que garantiu o êxito de Santos Dumont (e que parece ter faltado a seus colegas fracassados) foi o talento para encontrar, no desenho, soluções para problemas da física e da engenharia. Aceleração e desaceleração, aerodinâmica, dirigibilidade, tudo foi resolvido por Santos Dumont na prancheta, e com linhas muito elegantes. Por isso, além do título que o consagrou como pai da aviação, ele merece ser conhecido também como pioneiro do design no Brasil. Essa é a idéia defendida pelo artista plástico Guto Lacaz, curador da exposição Santos=Dumont Designer, que per-

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O artista plástico Guto Lacaz e a vedete da exposição: réplicas e cadernos de desenho para entender o Dumont designer

manece até 10 de agosto no Museu da Casa Brasileira. “Ele viveu em uma época de grande inovação tecnológica. Viu nascer o motor a gasolina, a eletricidade, o telefone. Com todas essas novidades e com seu olhar de designer, ele usou o aço, o alumínio e até bambu para fazer suas aeronaves, todas com desenho muito elegante”, diz o curador. “Santos Dumont reuniu um conjunto de possibilidades técnicas que sua época permitia e gerou um paradigma de como um avião poderia ser.” E funcionou. Guto, que também cria muitas de suas obras com base em achados tecnológicos e industriais, apaixonou-se pelo legado de Santos Dumont há 15 anos, quando ganhou de presente uma edição do livro “Os Meus Balões”, um dos três volumes escritos pelo mineiro de Cabangu que se tornaria o primeiro homem a contornar Torre Eiffel, em Paris, em uma máquina voadora. Lendo o livro, o artista passou a entender o processo criativo de Santos Dumont, desde o primeiro croqui até o projeto mecânico, passando pela maquete em escala. “O que o torna um grande designer é a harmonia entre o desenho e o desenvolvimento de soluções que o conjunto de sua obra revela”, afirma o curador.


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PATENTE LIBERADA Antes de idealizar a exposição, Guto Lacaz havia concebido um espetáculo musical para narrar a aventura de seu ídolo na conquista do espaço. “Seria algo como Santos Dumont In Concert”, recorda, afirmando que a idéia foi logo engavetada. Para chegar à exposição atualmente em cartaz, Guto precisou de paciência e dedicação. Estudou cada um dos projetos assinados por Santos Dumont, recriando todos eles - não só os ligados à aviação, como também os de mobiliário. Há na mostra um conjunto de mesa e cadeiras altíssimas (e nada práticas) e até um chuveiro com misturador de água quente e fria, algo inédito para a época. Também são contados bastidores da criação do relógio de pulso, que facilitava a consulta do piloto durante o vôo. Outras peças do figurino que o aviador desenhou para si próprio, até mesmo sapatos de salto alto, também são mencionadas.

Algumas das peças exibidas não tinham qualquer referência visual. Nem foto, nem desenho, nem maquete. Foram construídas especialmente pela equipe encarregada da montagem com base nas descrições feitas textualmente por Santos Dumont. É o caso de um hidroplano, o primeiro do gênero e jamais executado. Outra curiosidade a respeito da obra de Santos Dumont é o fato de ele ter publicado o projeto de seu avião de número 19 em uma revista especializada, liberando a patente para quem quisesse reproduzi-lo. Foi isso que pequenas fábricas, oficinas mecânicas e até particulares fizeram. Graças à liberação, o Demoiselle, como foi chamado pelos franceses, tornou-se o primeiro avião do mundo produzido em larga escala. Cerca de 200 unidades foram produzidas. “Além disso, o Demoiselle é o modelo que vai influenciar todos os projetos de avião feitos em seguida”, afirma Guto. Curiosamente, o Brasil levaria 50 anos para produzir seus primeiros aviões, com a criação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos. E pensar que o primeiro balão da história, ainda que não tripulado, também foi concebido por um brasileiro, Bartolomeu de Gusmão, ainda no início do século 18. SERVIÇO Santos=Dumont Designer | Museu da Casa Brasileira. Av. Brigadeiro Faria Lima, 2.705 Visitação: de 3/5/06 a 10/8/06, de terça a domingo, das 10 às 18 horas. Entrada: R$ 4,00

Antes da exposição, Guto Lacaz (acima), pensou num musical “Seria algo como Santos Dumont in Concert”

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MÚSICA

NA LINHAGEM DO GINGADO BLUES, SAMBA E SOUL ESTÃO NO NOVO DISCO DE MAX DE CASTRO, “BALANÇO DAS HORAS”

ax de Castro carrega no DNA a vocação para o balanço. Filho de Wilson Simonal, ele prefere não usar o sobrenome que herdou, a exemplo de Luciana Mello e Jair Oliveira, ambos filhos de Jair Rodrigues. Músico dedicado, Max transita bem por uma variedade de estilos que têm no aspecto rítmico o maior apelo. Não por acaso, ele é um ídolo para o pessoal do hip hop, que chega a cantar rap tendo como base algumas de suas criações. À frente das guitarras e teclados, Max toca blues, samba e soul com a mesma desenvoltura. É um craque. Neste novo disco, escolheu apenas composições de sua autoria, num total de 11. Elas se comunicam entre si, a ponto de um mesmo refrão (“Tempo é dinheiro/E nós não temos tempo pra perder”) surgir em duas faixas, a sexta e a sétima. Na ótima “Samba Jóia”, a questão volta: “A lição que importa na vida é não fazer dívidas”. Descontada a pressão financeira que Max parece estar sentindo de algum agiota, o que ele canta é sempre gostoso de ouvir. Em “Rindo se Diz Coisas Sérias”, Max encerra o disco com uma declaração à praça: “Não vou mentir/Possivelmente nunca fui tão feliz”. Pelo que se ouve em “Balanço das Horas”, ele parece mesmo estar de bem com a vida. Pena que, às vezes, o tal balanço apareça como sinônimo de contabilidade.

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BALANÇO DAS HORAS MAX DE CASTRO TRAMA R$ 30


WONDERLAND BADI ASSAD UNIVERSAL MUSIC R$ 35

ONDE TUDO É POSSÍVEL DE SAMBA A GROOVE, AS INFLUÊNCIAS MUSICAIS DE BADI ASSAD

oi o cantor e compositor Chico César quem sugeriu a Badi Assad a leitura de “Alice No País das Maravilhas”, a obra fantástica do escritor Lewis Carroll. Badi já estava no meio do processo de criação de seu novo trabalho, mas aí, tudo mudou. Cantora e violonista de talento transbordante, Badi Assad seguiu os passos de uma Alice imaginária para chegar ao seu próprio país das maravilhas, ou Wonderland, como ela preferiu afinal. O repertório vai de um samba de Billy Blanco ao groove eletrônico do Asian Dub Foundation, passando por uma canção suave de Tori Amos, outra de Gonzaguinha, e a “Estrada do Sole”, de Tom Jobim e Dolores Duran – em uma gravação do tempo em que Badi ainda era menina. Badi também compõe, sozinha ou na companhia de Chico César, e sabe escolher a dedo os músicos para acompanhá-la. Neste CD, conta com o violoncelo de Jaques Morelembaum, a percussão desconcertante de Marcos Suzano, e outros colegas músicos em arranjos tão sofisticados quanto surpreendentes. Alguns são de Jaques, outros de Badi e de seus parentes, caso do irmão Sérgio (do Duo Assad) e da sobrinha Clarice. Apesar do número reduzido de instrumentistas, a versatilidade deles faz com que cada faixa soe de um jeito. Como ela mesma escreveu no encarte do disco “Wonderland... um lugar de fantasias e sonhos... um lugar onde, aparentemente, tudo faz sentido, dentro da impossibilidade”. É isso aí, como diria Seu Jorge – que aliás também está presente no disco, em dueto com Badi na faixa “Vacilão”, já gravada por Zeca Pagodinho.

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ITENS DE COLECIONADOR GRAVAÇÕES ANTOLÓGICAS DE JAZZ E BLUES CHEGAM PARA AMPLIAR A DISCOTECA BÁSICA DOS DOIS GÊNEROS Os selos Verve e Impulse!, que hoje pertencem à gravadora Universal Music, lançaram preciosidades da música instrumental dos Estados Unidos entre as décadas de 1940 e 1960. Muita coisa boa daquela safra já saiu em CD, mas ainda falta outro tanto para que o acervo fique completo. Agora a Universal criou três coleções de peso para deleite dos colecionadores. Os CDs são vendidos individualmente e passaram por um processo de restauração meticuloso. Destacamos três deles para quem deseja ampliar seus horizontes musicais. “Back to Back” (Verve Master Edition) reúne o piano de Duke Ellington e o sax de Johnny Hodges em uma gravação de fevereiro de 1959. Duke Ellington, de quem Billie Holiday gravou dezenas de canções, foi um dos gênios da música negra no século 20 – e o disco faz jus à reputação do compositor. O órgão de Jimmy Smith e a guitarra de Wes Montgomery duelam no CD “The Dynamic Duo” (Verve Originals), gravado em 1966. Os dois improvisam desafiando um ao outro de forma contagiante. Para finalizar, “Sonny Rollins on Impulse! ” traz cinco temas a cargo do brilhante saxofonista de jazz, em interpretações comoventes gravadas em 1965. Pura emoção.

SONNY ROLLINS ON IMPULSE! | BACK TO BACK | THE DYNAMIC DUO UNIVERSAL | PREÇO MÉDIO: R$ 45 CADA UM.


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LIVROS

NOSSA MAIOR ARQUITETA LEGADO DE LINA BO BARDI É A MATÉRIA-PRIMA DE “SUTIS SUBSTÂNCIAS DA ARQUITETURA”, OBRA COM 400 PÁGINAS LANÇADA SIMULTANEAMENTE NO BRASIL E NA ESPANHA

chillina Bo nasceu em Roma, em 1914. Mas foi no Brasil que ela produziu a maior parte de sua arquitetura ousada, que tem no Museu de Arte de São Paulo (Masp) seu ícone mais significativo. Ela se mudou de Milão para Salvador em 1946, mesmo ano de seu casamento com Pietro Maria Bardi, que seria convidado por Assis Chateaubriand para dirigir o mesmo Masp projetado por Lina. Mas foi na capital baiana que nasceram os primeiros projetos brasileiros da arquiteta, como a Casa do Chame-Chame (1958), o Solar do Unhão (1961-63) e o Plano de Recuperação do Centro Histórico de Salvador (1986-88). É lá também que sua – sua magnética personalidade atraiu alguns dos mais representativos personagens da cultura baiana, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Torquato Neto e Glauber Rocha e muitos outros. Até sua morte, em 1992, Lina daria a São Paulo não só projetos extraordinários (além do Masp, destaca-se o Sesc Fábrica da Pompéia (1977-82), como uma variedade de criações cenográficas, objetos utilitários, exposições e até uma revista, a “Habitat”, que editaria por diversos anos. A vida e a obra de Lina Bo Bardi estão esmiuçadas no livro da também arquiteta Olivia de Oliveira, paulistana formada em Salvador e doutora pela Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Barcelona (2002). Atualmente sócia do escritório Butikofer & de Oliveira, sediado em Lausanne, Suíça, Olivia tem projetos premiados em concursos locais e internacionais. Mais que descrever a obra de Lina, Olivia a analisa sob a perspectiva de quem a estudou em profundidade. Nas 400 páginas de seu livro, ilustrado com desenhos e fotografias, as definições são precisas, tanto quanto as concepções incomuns de sua personagem. Afinal, foi a própria Lina quem disse a seguinte frase: “Eu nunca quis ser jovem. O que queria era ter história. Com 25 anos queria escrever memórias, mas não tinha matéria”. Pois sua memória está aí, escrita por Olivia de Oliveira.

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LINA BO BARDI SUTIS SUBSTÂNCIAS DA ARQUITETURA ROMANO GUERRA EDITORA / EDITORAL GUSTAVO GILLI 400 PÁGINAS, R$ 142

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A FACE MAIS ITALIANA DE SAMPA A Mooca é um bairro em plena transformação, que cresce e se moderniza, mas não perde o sotaque paulistano

uem passeia pelo italianíssimo bairro da Mooca,na zona leste de São Paulo,pode flagrar uma paisagem urbana em plena transformação.“O bairro está vivendo de novo, acordando,de uns dois anos para cá”,sintetiza o artista gráfico Milton Rodrigues Alves, autor do livro “Casas Paulistanas,Pequenos Tesouros da Mooca na Transformação de São Paulo”(Casa Paulistana de Comunicação, 1998).As ruas, antes tomadas pelas antigas e charmosas casas de imigrantes e grandes galpões de fábricas,começam a abrir espaço para novos empreendimentos,numa interessante mistura de tradição e modernidade. Um dos melhores exemplos de que o progresso não necessariamente significa colocar abaixo os vestígios da história e construir sem se preocupar com a harmonia entre o novo e o velho é o Vilarejo São Paulo.Lá,seis fachadas de sobrados erguidos nos anos 10 e 20 do século passado foram preservadas enquanto o interior era remodelado para abrigar bares,restaurantes,hotel,pizzaria e doceria.Quem visita o lugar,na Rua Curupacê, 420,é transportado a um passado em que São Paulo exalava charme e elegância,com direito a um museu de carros antigos de dar inveja a qualquer colecionador.

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Se depender da Associação dos Moradores e Amigos da Mooca (AMO),o bairro, que completa 450 anos em agosto, seguirá esse padrão de mudanças. Foi graças à mobilização da entidade que um dos marcos da região, o prédio principal do Cotonifício Crespi,fundado em 1986,teve sua fachada preservada e passou a abrigar um grande hipermercado. E os projetos não param de surgir.Na 6a Bienal Internacional de Arquitetura,ocorrida em 2005 em São Paulo,três profissionais ganharam a Menção Honrosa (o equivalente ao segundo lugar) com um trabalho que prevê a restauração de vários antigos galpões de fábricas da Mooca.Sandra Landi,Sumaia Lima e Ernesto Almeida Neto fizeram um extenso estudo que prevê a ocupação das construções abandonadas com lofts para moradia,escritórios,serviços e até um clube de campo,com piscina e salas para ginástica.É uma iniciativa que segue a tendência internacional de revitalização de áreas urbanas,como ocorreu no Porto Madero, em Buenos Aires.Lá,antigos galpões de armazenagem de produtos abrigam um verdadeiro centro de diversões,com restaurantes,cinemas,cafés,hotéis e museu. E a Mooca tem muita história para contar.Com quase a mesma idade da cidade de São Paulo,o bairro foi fundado em 17 de agosto de 1556,quando os jesuítas construíram uma ponte sobre o Rio Tamanduateí.O nome Mooca vem do tupi-guarani e significa “faz-casa”.Até meados do século 19,a região praticamente era tomada por chácaras e residências. Com a chegada dos italianos, dos trilhos da Estrada de Ferro e a inauguração do Clube Paulista de Corrida de Cavalos,semente do atual Jockey Club, o bairro virou um centro de diversão dos paulistanos no fim do século 19. Antes, por volta de 1870, instalaram-se no bairro as fábricas de massas, depois seguidas

pela Companhia Antarctica Paulista e a Cervejaria Bavária. No início do século 20, fábricas e mais fábricas adotaram o bairro. Em pleno século 21, essa memória resiste tanto nas construções e ruínas das antigas fábricas quanto no sotaque característico do bairro e nas festas tradicionais. Todo ano, as mammas italianas, munidas de suas caçarolas, rolos de massa e colheres de pau,fazem a alegria das mais de 100 mil pessoas que costumam freqüentar a famosa festa de San Gennaro.Em setembro,mês do santo, em média 400 devotos da Paróquia de São Januário esmeram-se para produzir o macarrão e a pizza e servir o vinho aos visitantes. Uma tradição que promete resistir e conviver com harmonia com os novos ares de progresso que tomam a região. Então aceite nosso convite e explore a Mooca.

FOTO: EUGENIO VIEIRA/SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA

O Memorial do Imigrante: documentos, passeios de maria-fumaça e objetos dos antepassados


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urbana do bairro.São vários ambientes decorados à moda das antigas casas do norte da Itália,formando um conjunto que lembra as vilas italianas.Os clientes,além de degustarem as saborosas massas e perfumados molhos, contam com um verdadeiro refúgio de tranqüilidade para saborear suas refeições.Leves e produzidas pela própria casa,as massas são as pérolas do cardápio.Vale provar o raviolone de moranga,prato típico do Vêneto.

DI CUNTO Rua Borges de Figueiredo, 61 Tel.: (11) 6292-7522 As delícias preparadas pela doceria desde 1935 atraem até moradores de outros bairros,que não se importam de atravessar a cidade para degustar alguns dos mais de mil itens, entre doces e salgados, à disposição.Entre as delícias ainda hoje preparadas de forma artesanal estão o sfogliatelle (R$ 4,00 a unidade),cannoli (R$ 3,50) e o panforte (R$ 4,00).Os clientes podem encontrar o panetone,feito com fermentação natural,o ano inteiro.

MEMORIAL DO IMIGRANTE Rua Visconde de Parnaíba, 1.316 Tel.: (11) 6692-7804 O Memorial do Imigrante é uma verdadeira viagem ao tempo em que São Paulo recebia grandes levas de imigrantes de várias nacionalidades.

Avenida Paes de Barros, 955 Tel.: (11) 6605-8007 Os mooquenses orgulham-se de seu teatro, que teve seu foyer restaurado,ganhando um piso novo e lustres da época.As poltronas da platéia foram reformadas,mas o grande destaque fica por conta do lustre monumental que se movimenta por meio de equipamentos eletrônicos.

DON CARLINI Rua Dona Ana Néri, 265 Tels.: (11) 3207-7621, (11) 3208-2024 Aberto desde 1985, o restaurante harmoniza-se à perfeição com a paisagem

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FOTO: EUGENIO VIEIRA/SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA

THEATRO ARTHUR AZEVEDO

Instalado no local onde entre 1887 e 1978 funcionou a Hospedaria dos Imigrantes, o museu tem fotos,documentos e objetos trazidos pelos estrangeiros que edificaram a metrópole.A Sala de Navegação tem um cenário imitando o convés de um navio e mostra as principais rotas dos navios que transportaram os imigrantes. A São Paulo Antiga reproduz a capital no início do século 20. Além de poder pesquisar os arquivos e descobrir quando seus antepassados chegaram à cidade, os visitantes também contam com dois passeios aos domingos e feriados, um numa maria-fumaça de 1914 e outro de bonde.Abre de terça-feira a domingo,das 10 às 17 horas.Ingressos a R$ 4,00,R$ 2,00 (estudantes) e grátis (menores de 7 anos e maiores de 60).


Natureza e tecnologia: os apartamentos têm vista para o parque; abaixo, o spa, sauna e bar e o home cinema

CENTRAL PARK MOOCA Rua Sapucaia, 326 – Mooca Tel.: (011) 6698-1951 Você em algum momento sonhou morar num daqueles maravilhosos edifícios com vista para o Central Park,em Nova York? Pois a Mooca vai ganhar um condomínio que lembra um pouco o famoso espaço verde da Big Apple.Num terreno de 47.400 metros quadrados,o Central Park Mooca terá um grande parque central privativo implantado em solo natural, com direito até a um lago no centro. Entre as inúme-

ras atrações, o empreendimento tem quadras poli-esportiva, de tênis e coberta,cancha de bocha,anfiteatro,pista de skate, piscina semi-olímpica coberta e aquecida, ateliê de artes plásticas, e ainda o inédito I Club, um espaço com pista, bar, lounge e palco com isolamento acústico para as festas mais barulhentas. Há opções de apartamento de três e quatro dormitórios, com áreas de 115, 157 e 202 metros quadrados,além de coberturas.A Penthouse,com 235 metros quadrados; e dois tipos de dúplex,com 274 e 343. Na internet: www.centralparkmooca.com.br


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TUDO SEMPRE À MÃO

Da central de atendimento 24h aos serviços de limpeza,os condomínios que contam com o“conceito Facilities”resolvem a vida dos moradores ão faz muito tempo,a administradora Mariane Cester esqueceu as chaves de seu apartamento no trabalho.A seqüência dessa história,para qualquer morador de grandes cidades,seria a mesma. Chegar ao prédio, chamar um chaveiro,esperar até que ele chegue (o que pode tardar mais que a nossa paciência suporta) e faça o trabalho... No Home Stay Paulistano,onde Mariane mora,a história desenrola-se de maneira muito diversa.Ela teve apenas de falar com a concierge do prédio,que prontamente chamou um funcionário e resolveu o problema. Esse é apenas um entre vários exemplos dos serviços prestados por edifícios que contam com o Facilities, um conceito criado pelo Grupo Cyrela Brazil Realty que,como o nome define,facilita muito a vida dos condôminos. Os moradores e executivos sempre apressados, além de não terem que se preocupar quando a chave insiste em ficar no escritório, também podem mandar buscar em casa o laptop ou a agenda que não levaram ao sair.“Temos um acordo com uma empresa de táxis, e

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mandamos entregar os objetos nos escritórios dos moradores com absoluta segurança”,conta a concierge Nilda Oliveira, que trabalha no Home Stay desde a inauguração do prédio,no fim de 2004. O edifício,próximo ao Shopping Paulista, tem 250 apartamentos de um e dois dormitórios.Com uma equipe enxuta de funcionários terceirizados e muito bem treinados pela própria Facilities,o prédio oferece desde serviços básicos diários – as arrumadeiras fazem a cama, tiram o lixo ,limpam os banheiros ,além de serviços de manutenção e pequenos reparos – até uma rede de fornecedores (pay per use) para todo o tipo de trabalho,de mecânicos a babás e faxineiras.As tarefas básicas estão inclusas no preço do condomínio, que gira em torno de R$ 300,em média.Os outros serviços podem ser contratados direto pelo portal de serviços do edifício via internet,que já fornece os preços e descrição dos mesmos, ou pelo telefone. A gestora do conceito Facilities,Vânia Reis, conta que o principal segredo do bom funcionamento dos serviços é o in-


consumiam um tempo precioso de seu dia-a-dia.“Posso dizer,sem exagero,que chego a economizar duas horas por dia com os serviços”, conta a administradora.Ela destaca o serviço da lavanderia,que permite a um custo mais competitivo e maior rapidez a retirada e a entrega no próprio prédio. Outra vantagem do Facilities é a garantia de conservação das áreas comuns. A gestão de quatro anos oferecida pela Cyrela e o conseqüente controle de qualidade do trabalho permitem que piscinas,salões de festas,academias de ginástica, espaços gourmets e toda a área funcional não fiquem com aquele visual descuidado que chega a assustar os mora-

dores de alguns edifícios.E,como não poderia deixar de ser,o padrão de qualidade chega até a prestação de contas. As constantes atualizações da tecnologia utilizada pelo facilities garantem o bom funcionamento do conceito permitindo que o morador tenha acesso a todas as informações condominiais e se comunique com o prédio de qualquer lugar do mundo. As pastas bem organizadas e de fácil compreensão ficam à disposição do morador,que pode conferir em que foi gasta a verba do prédio.Esse mesmo conceito estará presente no Via Paulista Home Stay, também localizado nas imediações do Shopping Center Paulista.

Mariane Cester economiza um tempo precioso com os serviços do Home Stay Paulistano

FOTO: JOSETI CAPUSSO

vestimento constante no pessoal.Como exemplo, ela mostra uma reportagem gravada de um programa jornalístico sobre assaltos a condomínios que foi exibida aos funcionários para melhorar a segurança.“A nossa matéria-prima é gente, então investimos muito em treinamento”, explica. Eles aprendem desde a manter os uniformes sempre impecáveis até a forma correta de dirigir-se aos moradores.É essa eficiência que permite que apenas 16 funcionários possam prestar um atendimento que combina o glamour dos hotéis com a exclusividade de um residencial. Mariane conta que morar no Home Stay eliminou uma boa dose de tarefas que


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VIA PAULISTA HOME STAY Perspectiva ilustrada da fachada e, à direita, foto do apartamento modelo decorado

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Rua Martiniano de Carvalho, 807 Com localização perfeita para quem não abre mão de modernidade, sofisticação,lazer e serviços e próximo de alguns dos melhores cinemas da cidade – Reserva Cultural, Espaço Unibanco e Bristol,entre outros –,livrarias conceituadas, lojas de grifes de luxo e restaurantes de alta gastronomia, o condomínio Via Paulista também oferecerá aos moradores o serviço Facilities.Com projeto arquitetônico de Itamar Berezin,paisagismo de Benedito Abbud e decoração de áreas comuns de Débora Aguiar, o prédio terá fachada em estilo contemporâneo,pórtico em granito e coroamento em vidro.Os moradores terão à disposição um amplo salão de festas Gourmet Dancing, com isolamento acústico, piscinas coberta e descoberta com cascata, business center,terraço gourmet,sauna e academia de ginástica, além de outras facilidades.Há opções de apartamento de um dormitório ( 54 metros quadrados) e dois dormitórios (75 metros quadrados). Na internet: www.cyrela.com.br/viapaulista Tel.: (11) 3283-1413



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ATMOSFERA PENÍNSULA GOLF VILLAGE GRAND LIFE BOTAFOGO LANAI LE MONDE OFFICE LE PARC - PLACE DE CONCORDE LE PARC - PLACE L´ ETOILE LE PARC - PLACE DES VOSGES LE PARC - PLACE ROYALE LE PARC - PLACE DES PYRAMIDES LE PARC - PLACE MADELEINE LE PARC - PLACE VENDÔME LE PARC - PLACE ST. GERMAIN LE PARC - PLACE TUILLERIES LE PARC - PLACE LA VILLETE LE PARC - PLACE L´OPERA LE PARC - PLACE MONTMARTRE LE PARC - PLACE MONTPARNASSE MANDARIM PENÍNSULA BARRA COSMOPOLITAN BARRA FAMILY RESORT FRONT LAKE

RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ RJ

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ENTREGA

PINTURA E LIMPEZA

ACABAMENTOS

INSTALAÇÕES

FACHADA

VEDAÇÕES

ESTRUTURA

P A U L O

CYRELA BRAZIL REALTY / TECNISA / KLABIN SEGALL CYRELA BRAZIL REALTY / AGRA CYRELA BRAZIL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY / SOUEN NAHAS CYRELA BRAZIL REALTY / VIVENDA NOBRE CYRELA BRAZIL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY / KLABIN SEGALL CYRELA BRAZIL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY / QUEIROZ GALVÃO CYRELA BRAZIL REALTY / MAGIK CYRELA BRAZIL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY / SCHAHIN / MAGIK CYRELA BRAZIL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY / MAC CYRELA BRAZIL REALTY / MAGIK / TECNISA/ GENERAL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY / MAC CYRELA BRAZIL REALTY / TECNISA CYRELA BRAZIL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY / MAC CYRELA BRAZIL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY / MAC CYRELA BRAZIL REALTY CYRELA BRAZIL REALTY / NAMOUR CYRELA BRAZIL REALTY / KLABIN SEGALL / TECNUM CYRELA BRAZIL REALTY / LUCIO ENGENHARIA / BIG CITY/ MAC

R I O

FUNDAÇÃO

INCORPORAÇÃO

S Ã O ACERVO ATMOSFERA VILA OLÍMPIA BELADDOCK JARDINS CENNARIO CHÁCARA DOS PÁSSAROS ÇIRAGAN CONTEMPORÂNEO MOEMA EVIDENCE FARIA LIMA SQUARE HLI 120 HUMANARI NOVA MOOCA ON THE PARK PARC EVIAN PARQUE ALFREDO VOLPI PAULISTÂNIA PLATEAU JARDINS PREMIÈRE ANÁLIA FRANCO THE CITY THE COLONY THE PARLIAMENT VARANDA PAULISTA VENTANA VEREDA PARAÍSO VIVAI MOEMA PATEO POMPEIA WALK VILA NOVA CONCEIÇÃO GRAND LIFE BOSQUE SAÚDE VEREDA IPIRANGA SARAU PINHEIROS NOVA KLABIN ALLORI VILA ROMANA VIA PAULISTA HOME STAY ÁPICE SANTANA CENTRAL PARK MOOCA

PREPARO DO TERRENO

ESTADO

EMPREENDIMENTO

Valores em % 100 100 100 5 20 100 100 100 100 10 50 100 100 50 100 65 25 100 100 100 5 100 50 100 100

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J A N E I R O

CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ/ GULF INCORPORAÇÕES CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ / KLABIN SEGALL CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ CYRELA BRAZIL REALTY / RJZ

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Referência: Jun/2006



Cyrela

AQUI VOCÊ ENCONTRA SEU IMÓVEL

VERDES ARES

AO PÉ DA SERRA FOTOS: JOSÉ JORGE NETO/CETESB

Morar em Santana é garantir uma boa vida próxima à natureza,e bem perto do centro

Horto Florestal, (acima e à dir.), e Parque da Cantareira (à esq.): floresta nativa e ar puro

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uxo mesmo, em tempos de horizontes escondidos e avaliação de qualidade do ar de inadequada para baixo, é poder olhar pela janela, ver uma grande área verde e respirar aquele ar puro que acaricia os pulmões.Essa qualidade de vida está mudando a paisagem de Santana, na zona norte, uma região antes considerada o patinho feio da cidade e hoje objeto do desejo de paulistanos em busca de tranqüilidade e conforto. E não é para menos. O local é vizinho próximo, mas muito próximo mesmo,do Parque da Cantareira,considerado a maior floresta urbana nativa do mundo, e também do Horto Florestal. Em 2005,o bairro ficou entre os melhores da cidade em infra-estrutura e qualidade de ocupação.Números do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) indicam que de janeiro a novembro do ano passado 13 empreendimentos foram lançados na região,num crescimento de 430% em relação ao mesmo período do ano anterior – quando foram registrados apenas três. Esse interesse de construtoras e paulistanos por essa área da ca-

L


ÁPICE SANTANA Avenida do Guacá, 859 Localizado no ponto mais alto de Santana, o condomínio tem, à frente, o Horto Florestal e a Serra da Cantareira.No terreno de 10.600 metros quadrados,os moradores terão à disposição desde um spa até um lounge com vista para o Belvedere da Cantareira. Serão quatro piscinas:com deck molhado,coberta com raia de 25 metros, infantil e para a prática de biriball.O projeto arquitetônico de Marcio Curi e Azevedo Antunes tem fachada em estilo contemporâneo e três torres,os edifícios Cantareira,Guacá e Horto.A paisagista Martha Gavião conseguiu integrar com harmonia as áreas comuns e as praças à disposição dos moradores.Entre as várias opções de lazer,estão as salas de jogos para adultos e lan house juvenil, Espaço Mulher, salões de festas,quadra coberta, fitness center,brinquedoteca e churrasqueira.Há duas opções de apartamento: com três ou quatro dormitórios,121 metros quadrados. Na internet: www.apicesantana.com.br Tel.: (11) 6971-1803 Edifício, de fachada contemporânea, fica no ponto mais alto do bairro

pital não se explica apenas pela grande oferta de espaços verdes.As facilidades oferecidas pela completa estrutura de serviços e conveniências, a proximidade e a facilidade de transporte para a região central também são decisivos nesse boom vivido pelo bairro. No excelente pólo comercial é possível encontrar grandes supermercados,academias e escolas.A poucos minutos de carro, chega-se ao Shopping Center Norte. A nutricionista Sandra Martinez é um bom exemplo de quem chegou antes. A paulistana,nascida no Sumaré,local bem próximo ao Centro e à Paulista,mu-

dou-se para Santana há dois anos.Acostumou-se tanto com a qualidade de vida que nem cogitaria voltar a morar em regiões centrais.“É como se eu estivesse morando no interior.Quando vou para o Centro,sinto a diferença,fico até um pouco estressada”,conta.Sua rotina inclui pelo menos três passeios semanais às áreas verdes. E sempre há algo novo a conhecer nos parques.O da Cantareira,por exemplo, tem uma infinidade de caminhos e paisagens a explorar. Só para caminhadas são três trilhas básicas,pontos de partida para muitas variações.A das Figueiras, com 1.200 metros, da Bica,

com 1.500 metros, e a da Pedra Grande, com 9.500 metros. A última exige um pouco de preparo físico, mas no fim os cansados caminhantes são recompensados por uma deslumbrante vista da cidade de São Paulo que em dias de clima favorável se estende até a Serra do Mar.Antônio Cafalho, guarda do parque há 49 anos, é quem recepciona os visitantes nesse núcleo, que tem anfiteatro,trilhas leves,museu e áreas para piqueniques.“Boa é a vida do mato, minha segunda família”, diz seu Toninho,que aprendeu com o pai a conviver com os animais selvagens que vivem na mata.


Pontofinal

O VALOR DAS COISAS “Q

ualquer um paga mil dólares por ela,Marly.É só pedir!”Os olhos de minha mãe brilharam quando dona Aparecida pôs preço na samambaia-chorona que enfeitava a sala de nossa casa.A planta de estimação,uma legítima Polypodium subauriculatum, até aquele dia,nunca tinha sido vista como algo que pudesse ser posto à venda.Era praticamente parte da família.Toda manhã,minha mãe investia pelo menos meia hora em diálogos com a planta e aproveitava para fazer carinho nas folhagens de mais de 2,5 metros.Sobre um pedestal de ferro,a planta ficava num canto da sala – de onde recebia luz sem ser alcançada pelos raios do sol,conforme determinam as normas do bom cultivo de samambaias.Na base do xaxim,três pedras do puríssimo cristal de Corinto a protegiam dos efeitos devastadores do mau-olhado.A planta era mesmo uma maravilha e, com o tempo,a fama de sua beleza se alastrou pela vizinhança. “Samambaia igual à sua ninguém tem,Marly.Não existe”,disse dona Sílvia,outra amiga.“É só pôr o anúncio e esperar.Mil dólares é para começo de conversa.” No princípio, minha mãe hesitou.“Vender minha samambaia? Onde já se viu! Não vendo por preço nenhum!”Na verdade,ela não queria era tratar daquele assunto na frente da planta.Afinal – todo mundo sabe –,samambaia tem sentimentos e poderia ficar magoada. Minha mãe ainda conversou com mais duas ou três amigas antes de tomar a decisão. Numa quarta-feira, ela entrou no meu quarto e, como se quisesse dividir um segredo, me entregou uma folha de papel e algumas cédulas do dinheiro da época. “Meu filho, vá ao jornal e ponha esse anúncio. É para domingo.” Desdobrei a folha e não acreditei quando li, na caligrafia impecável de minha mãe:“Vende-se belíssima samambaia-chorona.Folhagem de 2 metros.Ótimo estado.Preço: mil dólares.Telefone: 37-1377.”Voltei para casa com a missão cumprida e entreguei a minha mãe o recibo e o troco.Ela leu o recibo e me devolveu o dinheiro – talvez já como um adiantamento de parte do que me caberia no instante em que fosse distribuída entre os filhos alguns dos dólares que receberia em troca da samambaia. Nos dias anteriores à publicação do anúncio,não se falou de outro assunto em nossa casa.O domingo amanheceu magnífico,sem uma nuvem.Quando me levantei,já encontrei minha mãe na sala,com o jornal na mão.“Saiu,meu filho,o anúncio saiu.Será que vai dar certo?”Eu e meus irmãos a encorajamos:“Claro,mãe,quem é que não vai querer uma samambaia linda como a nossa?”Nossa,deixávamos bem claro.Àquela altura,a samambaia de mil dólares já não era apenas da minha mãe.Era patrimônio da família.Até meu pai,que nunca havia entendimento direito os diálogos com a planta (para ser sincero,eu também não entendia),já havia escolhido o presente que gostaria de ganhar.Se não me engano,um toca-fitas para o carro – novidade caríssima naquele tempo. O domingo avançava e,a partir de um determinado momento,começamos a desconfiar que a fila prevista por dona Silva não seria assim tão longa. Nenhuma ligação antes do meio-dia. Pela hora do almoço, finalmente, o aparelho chamou. Fizemos figa e silêncio, enquanto minha mãe se levantou para atender. Não se tratava de um interessado – mas minha tia Marlene,curiosa.“Muita gente já ligou?”,perguntou.“O telefone não pára”, mentiu minha mãe.

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RICARDO GALUPPO JORNALISTA E SÓCIO DA TOTUM EXCELÊNCIA EDITORIAL ricardo@totumex.com.br

Acabamos de almoçar e cada um foi tratar de refazer seus planos.Meu pai apanhou um livro, eu fui ouvir música no quarto,alguns de meus irmãos saíram enquanto os mais novos pararam diante da televisão.Minha mãe sentou ao lado do telefone,e se pôs a tecer uma colcha de crochê.A tarde avançava e todas as ligações que chegaram eram de parentes interessados em saber das negociações. Até que,ali por volta das cinco,cinco e meia da tarde,o aparelho tocou. “Foi daí que anunciaram uma samambaia-chorona?”,quis saber alguém, do outro lado da linha.“Foi, sim”, disse ela,se ajeitando na cadeira.“A senhora quer mil dólares,não é isso?”,insistiu o interessado.“Isso mesmo, mil dólares”, repetiu minha mãe,já sem muito entusiasmo,com voz de que,se ouvisse qualquer proposta,vendia na hora.E a proposta veio:“É o seguinte,minha senhora. Eu tenho um casal de curíó e cada um deles vale 500 dólares. São lindos, cantam que é uma maravilha.Tenho certeza de que a senhora nunca ouviu nada igual.Eu gostaria de propor uma troca”. Parecia justo. Uma samambaia de mil dólares em troca de dois curiós de 500 dólares cada um. Minha mãe agradeceu,mas não estava interessada.Voltou ao crochê e, depois daquele dia,nunca mais falou em vender a samambaia-chorona – que, por muito tempo ainda,enfeitou a sala de nossa casa. Para as amigas que vinham lhe dizer que aquela planta valia, por baixo, uns mil dólares, ela lançava um sorriso de desdém antes de responder:“Não vendo por dinheiro nenhum”,dizia.“E nem troco.”


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