REVISTA eh! MORUMBI • ANO 2 • N 0 10 • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA . WWW.EHSAOPAULO.COM.BR
QUEM, O QUE, ONDE E QUANDO NO SEU BAIRRO ANO 2 • N 0 10 • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA • WWW.EHSAOPAULO.COM.BR
B ESTUDO REVELA
ESCOLA BILÍNGUE AJUDA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA B TERREIRO URBANO ÍNDIOS FAZEM DANÇA RITUAL NA COMUNIDADE REAL PARQUE B CASA DE VIDRO REFORMADA E ABERTA A VISITAÇÃO
MONOTRILHO O TREM DA DISCÓRDIA AGORA SAI?
COM O MARIDO, RICCELLI, BRUNA LOMBARDI LANÇA A COMÉDIA ONDE ESTÁ A FELICIDADE? E ABRE ESPAÇO PARA A PERGUNTA: AFINAL, COMO E ONDE VIVE ESSA DUPLA MISTERIOSA A MAIOR PARTE DO TEMPO?
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OLHOS ATENTOS
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Uma das principais tarefas de nossa equipe é andar pelo bairro com olhos atentos e mente esperta, sempre em busca de fatos, lugares e notícias que possam deixar sua vida mais interessante e gostosa. Ana Paula Kuntz descobriu, visitou e checou alguns encantos escondidos do Morumbi. Na Casa de Vidro, projetada por Lina Bo Bardi, encontrou um conceito inovador – a residência é sustentada por tubos de aço e tem um vão, assim como o Masp –, móveis originais da época em que a arquiteta e seu marido, Pietro Bardi, moravam lá, e objetos de arte. Com olhos atentos, Ana também percebeu que os cemitérios-jardins do Morumbi podem ser uma boa opção de lazer e passeio, observação que as fotos de Ricardo D´Angelo comprovam. O fotógrafo, aliás, demonstra seu foco certeiro nos cliques que fez de Bruna Lombardi e Carlos Alberto Riccelli para a capa da revista. “Esta é a melhor foto que fiz nos últimos tempos”, disse a atriz ao ver a imagem no visor da máquina. Para alguém que vive iluminada por flashes, nada mal. A editora Rosane Aubin conversou com o casal, que está lançando o filme Onde Está a Felicidade?, durante um almoço e descobriu seu segredo de felicidade (e beleza): muito trabalho, amor e generosidade. Eles passaram a entrevista inteira um elogiando o outro, numa sintonia de dar inveja. Marília Pedroso, outra fotógrafa ponta firme, flagrou, com sua câmera sensível, um ritual indígena que – pasmem! – é realizado dentro da Favela Real Parque. Ela acompanhou Rosane em uma verdadeira expedição ao local, num domingo pela manhã, e registrou a dança do toré, que os pancararus realizam para reafirmar sua identidade. Detalhe: eles são 603, com moradia fixa na área, e nos anos 1950 ajudaram a construir o Estádio do Morumbi. E sua revista ainda tem uma reportagem completa sobre as escolas bilíngues do bairro, em que Vivian Carrer Elias conta que pesquisadores americanos fizeram um estudo apontando as vantagens de estudar num colégio desse tipo. A repórter também fez um roteiro esperto para o Dia dos Pais. E, para que você não fique por fora do que se fala no bairro, Ana Paula desvenda os prós e os contras do polêmico monotrilho. Ainda na área de locomoção urbana, nosso colunista-ciclista Felipe Aragonez explica: bicicleta é veículo de transporte, está no Código Nacional de Trânsito e tem de ser respeitada. Bons passeios!
Diretora Responsável Mariella Lazaretti
Rua Andrade Fernandes, 283 CEP 05449-050, São Paulo, SP Telefax (11) 3023-5509 E-mail: ehmorumbi@4capas.com.br Projeto Editorial 4 Capas Editora Conselho Editorial Mariella Lazaretti Ricardo Castilho Georges Schnyder REDAÇÃO Direção de Arte – Fábio Santos Designer – Paula Portella Editora – Rosane Aubin Repórteres – Ana Paula Kuntz e Vivian Carrer Elias COLABORADORES Fotos – Ricardo D‘Angelo, Carol Gherardi e Marília Pedroso Texto – Felipe Aragonez Revisão – Gil Bertolino e Ruth Figueiredo PUBLICIDADE Diretor comercial – Georges Schnyder georges@4capas.com.br Gerente de marketing – Ana Kekligian anakekligian@4capas.com.br Diretora de publicidade – Fátima Lopes fatima.ehmorumbi@4capas.com.br Gerente de publicidade – Verônica Coto veronica.ehmorumbi@4capas.com.br Executiva de contas – Amanda Freire amanda.ehmorumbi@4capas.com.br Gerente de produto – Sadako Sigematu sadako@4capas.com.br Gerente de circulação – Palmira Valino palmiravalino@prazeresdamesa.com.br Assistente – Patricia Teodoro patricia@4capas.com.br IMPRESSÃO Prol Editora Gráfica A revista não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. As pessoas não listadas no expediente não estão autorizadas a falar em nome da revista ou a retirar qualquer tipo de material sem prévia autorização emitida pela redação ou pelo departamento de marketing da revista eh! Morumbi. Os preços citados nesta edição estão sujeitos a alterações sem aviso prévio, bem como os estoques dos produtos são limitados.
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sumário
08_QUEM
Nado sincronizado em alta 10_O QUE
Moça Bonita: um boteco no shopping 26_COLÉGIOS
Escola bilíngue traz mais vantagem aos alunos 32_REPORTAGEM
Índios dançam o toré na comunidade Real Parque 38_DIÁRIOS DE BICICLETA
46_TRANSPORTE
Justiça aprova licitação para o monotrilho 50_TUDO DE BOM
• Especial Dia dos Pais • Novidades em restaurantes • Pizzarias • Outlets 65_VERDADES URBANAS
Casa-museu suspensa sobre tubos de aço reabre
FOTO DE CAPA: RICARDO D’ANGELO
Atenção aos menores: veículos devem respeitar ciclistas e pedestres
40_REPORTAGEM 2
Cemitérios-jardins são oásis de paz e verde
16_CAPA BRUNA LOMBARDI E RICCELLI: DE VOLTA NA PREFERÊNCIA DO PÚBLICO
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• L A R A E N AYA R A •
FORÇA PARA BRILHAR Lara e Nayara, as melhores atletas do nado
sincronizado do Brasil, vivem e treinam no Morumbi para as competições internacionais
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B Dentro dos 11 milhões de metros quadrados que ocupa a região do Morumbi, incrustada nos 120.000 metros quadrados do clube Paineiras, há uma área de 1.250 metros quadrados frequentada diariamente por duas feras aquáticas. É nessa piscina olímpica que Lara Figueira e Nayara Teixeira, as melhores atletas do nado sincronizado do Brasil, treinam e ensaiam as coreografias. E foi ali que elas passaram as últimas semanas preparando o número que apresentaram no Mundial de Esportes Aquáticos, em Xangai, realizado em julho, em que se classificaram entre as 12 finalistas. Junto há apenas quatro anos, o dueto está elevando o padrão do nado sincronizado nacional. É o que dizem os especialistas, e os re-
sultados das competições: no ano passado, foram vice-campeãs do Aberto da Itália e do Aberto da Espanha e conquistaram o tricampeonato do SulAmericano (leia o quadro com todos os títulos). A notoriedade internacional deu impulso e coragem para as meninas de corpo esbelto e sorriso meigo buscarem a realização de uma ideia ousada para o figurino. Elas convidaram o badalado e internacionalmente assediado Romero Britto para criar a estampa dos maiôs. O artista, que tem obras em mais de 100 galerias do mundo todo, já expôs até no Museu do Louvre, em Paris, e levou sua arte para ruas, carros, utensílios domésticos e até a proa de um navio, topou colocar seu traço forte e colorido vibrante no uniforme da dupla. “Sempre fui fã do Britto e queria ter uma obra dele em casa. Agora, temos um trabalho exclusivo, não só para admirar, mas para vestir – é demais”, diz Nayara, animada com a primeira prova da roupa. A dupla treinou com o novo figurino apenas uma semana antes de partir para a China. Repletos de cristais coloridos, os maiôs ficaram lindos, brilhantes, chamativos, mas pesando quase meio quilo cada um. “Cobri cerca de 80% da área com pedraria, colando uma a uma manualmente. E me pediram para não exagerar, pois o peso pode atrapalhar a performance das meninas”, afirma a estilista Verônica Franco, responsável pela confecção dos uniformes dos atletas do nado sincronizado, da ginástica olímpica e do volteio, entre outros. Nara e Nayara têm uma jornada de 7 horas diárias de treino no clube, entre exercício na água e na academia, de segunda-feira a
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sábado. E garantem que o figurino pesado não vai atrapalhar. “Faz uma diferença pequena. Em nosso preparo físico na água, usamos cintos de 4 quilos, então esse meio quilo do maiô não vai ser um problema”, diz Lara. Como são peças únicas, feitas sob medida (nada de tamanhos P, M ou G, pois a estilista corta cada um de acordo com o molde do corpo de cada atleta), e de alto valor artístico, pessoal e profissional, as nadadoras não devem despachá-las na bagagem, mas levá-las a tiracolo. A próxima exibição será durante os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, em outubro.
HISTÓRICO DOS TÍTULOS Lara e Nayara integraram a seleção que disputou os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007, e conquistaram medalha de bronze. Depois da competição, Lara, carioca, nascida em 26 de novembro de 1987, precisava de uma nova dupla para disputar os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. E foi aí que Nayara, paulistana, nascida em 9 de junho de 1988, foi escolhida em uma rigorosa seletiva. “O que se avalia, principalmente, é a técnica. Eles buscam as duas melhores da modalidade, mas é importante também que a gente se dê bem fora da piscina”, diz Nayara. “Gostamos de sair para tomar café e ficar conversando, pegar um cineminha, jantar em restaurante japonês. Como não sou daqui, a Nayara me leva para fazer uns passeios, conhecer a cidade, já me sinto em casa”, afirma Lara, que fez esse mesmo papel durante os dois anos em que a parceira morou no Rio. • 2010 Vice-campeãs no Aberto da Espanha Troféu Infantas de Espanha Vice-campeãs no Aberto da Itália Loano Synchro Open Tricampeãs Sul-Americana Dueto e Equipe – Medellín/Colômbia 7° lugar no Open do Japão, Tóquio Dueto • 2009 Campeãs do Campeonato Canadense Open do Canadá – Dueto 10° lugar no Mundial de Esportes Aquáticos Dueto (resultado inédito para o Brasil) Roma/Itália 8° lugar no World Trophy Dueto e Equipe – Montreal/Canadá • 2008 13° lugar Jogos Olímpicos de Pequim Dueto Bicampeãs sul-americanas – Dueto São Paulo/Brasil 4° lugar Aberto de Roma, Itália, 2008 Dueto 10° lugar Pré-Olímpico de Nado Sincronizado Dueto Pequim/China
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PONTO DE FUGA MASCULINO Empresário cria bar para entreter maridos, enquanto suas mulheres fazem compras
Esse é um problema que, se mal administrado, pode causar muita briga. Muitos homens acham um tédio acompanhar as mulheres nas compras e ficam de mau humor só de pensar. Os empresários Marcus Ramalho, que já teve dez bares e restaurantes, e Roberta Botti Dias decidiram dar uma pequena contribuição para a paz entre os casais com o bar Moça Bonita, aberto recentemente no Shopping Jardim Sul. Enquanto as mulheres partem em expedições de consumo, os homens podem se deliciar com petiscos do boteco, que tem um forte viés gastronômico. Ramalho, que já teve pizzaria, restaurante com carnes de caça e bar, como o Rabo de Peixe, diz que usou todo o conhecimento adquirido nos vários empreendimentos para criar o cardápio. “Faço pastéis há 16 anos, mas nunca tão gostosos como os de hoje. Começa pela massa, que preparamos aqui, e é aerada, levinha. Depois, vem o volume do recheio, caprichado, e também a qualidade dos ingredientes. A carne é moída aqui, escolhemos uma mais magra e depois adicionamos um pouquinho de gordura para dar o ponto”, diz. Do Maré Alta, bar de frutos do mar que comandou durante um período, ele trouxe a ideia de servir ostras frescas em um balcão especial às sextas-feiras, sábados e domingos. Foi por causa das ostras, aliás, que ele conheceu sua sócia, Roberta. “Elas sempre foram meu fraco”, diz a empresária. Outros que caíram nas graças dos frequentadores são um peixe vietnamita preparado ao vapor, e o bacalhau, que está entre os preferidos de Roberta. E não para por aí. “Outra coisa que estamos fazendo direitinho é a feijoada tradicional, na cumbu-
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Marcus Ramalho, na página ao lado, e o ambiente do Moça Bonita: empresário leva para o shopping o estilo e o padrão de serviço dos botecos de rua
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ca. Consegui um feijão diferente, sujo, que custa o triplo do preço do convencional e dá um caldo e um sabor fora de série”, afirma Marcus. Também fazem sucesso o picadinho e a costela com molho barbecue, cuja receita você confere na próxima página. Marcus, que faz questão de abrir e fechar o bar diariamente, conta que já fez uma alteração no cardápio. Extenso no começo, hoje é mais sintético. “Mudo os pratos do almoço todos os dias, uso produtos da estação, que são mais saborosos e têm preços melhores. E mantenho no cardápio os mais pedidos.” Com isso, ele atrai, além dos maridos em fuga, também as mulheres, que chegam depois das compras, famintas e cheias de sacolas. Marcus, que mora com a mulher, Flávia, e os dois filhos no
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12 MOÇA BONITA RIBS BARBECUE (2 porções)
COSTELA
INGREDIENTES: • 1 rack de costelinhas de porco de aproximadamente 750 g, com 8 a 13 ossos, sem o tecido esbranquiçado que recobre a carne; • 20 g de alho picado; • 100 ml de suco de limão; • 2 folhas de louro; • Sal e pimenta a gosto; PREPARO: Esfregue bem a mistura de ingredientes na carne e deixe marinando na geladeira, em vasilhame coberto por, no mínimo, 24 horas. Coloque as costelas, embrulhadas em papel-alumínio, numa forma refratária untada com óleo. Leve ao forno preaquecido a 250 °C (forno caseiro). Asse por 1h30 a 2 h. O ponto exato é quando se podem ver as pontas dos ossos aparecendo. Retire do forno, embrulhe em filme plástico e leve à geladeira. Antes de servir, desembrulhe a costelinha do plástico e leve ao forno alto por 15 minutos. Antes, cubra com o molho barbecue e embale-as novamente com o papelalumínio. A costela estará pronta para ser servida.
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Morumbi há dez anos, e Roberta, que residia no bairro e recentemente mudou-se para o Brooklin, também querem transformar em oportunidade de negócio um problema que sentiram na pele – ou melhor, no estômago. Vão criar um delivery de comida, com vários pratos diferentes e embalagens especiais. “O bairro pede isso, porque os restaurantes da região não fazem esse serviço. Vamos dar um upgrade no cardápio, incluindo massas, assados e guarnições. Vamos entregar pastéis prontinhos, em uma embalagem criada para eles, para que a pessoa possa fritá-los em casa”, diz Marcus. Cheios de planos, os sócios também querem lançar uma cachaça com o nome Moça Bonita e uma franquia. “Estamos criando uma metodologia para que o cliente tenha garantias de que vai comer o mesmo pastel em qualquer casa da rede. Vamos padronizar tudo”, afirma Marcus. Informações no site www.mocabonitabar.com.br.
INGREDIENTES: • 2 colheres (sopa) de pimenta vermelha em pó; • 1 colher (chá) de pimenta-do-reino moída; • 1 colher (chá) de sal; • 2 xícaras (chá) de ketchup; • 1/2 xícara (chá) de mostarda amarela comum; • 1/2 xícara (chá) de vinagre de maçã; • 1/3 de xícara (chá) de molho inglês; • 1/4 de xícara (chá) de suco de limão; • 1/4 de xícara (chá) de steak sauce (do tipo HP); • 1/4 de xícara (chá) de melado escuro; • 1/4 de xícara (chá) de mel; • 1 colher (chá) de molho de pimenta; • 2 colheres (sopa) de açúcar mascavo; • 3 colheres (sopa) de óleo vegetal; • 1 cebola média, bem picada; • 4 dentes de alho ralados PREPARO: Misture numa vasilha pequena o sal e as pimentas. Em outra vasilha maior, misture o ketchup, a mostarda, o vinagre, o molho inglês, o suco de limão, o steak sauce, o melado, o mel, o molho de pimenta e o açúcar mascavo. Mexa grosseiramente. Aqueça o óleo em fogo médio, numa panela grande. Salteie a cebola por 5 minutos até ficar translúcida, junte o alho e cozinhe mais 1 minuto. Junte a mistura de sal e pimentas e leve ao fogo, mexendo sempre, por 2 minutos. Adicione a mistura dos outros ingredientes. Deixe cozinhar em fogo médio por 15 minutos, com a panela tampada, até engrossar um pouco. Espere esfriar e leve à geladeira de um dia para o outro. Se preferir, passe por uma peneira para ter uma textura mais uniforme. Conserve em vidro esterilizado. Dura um mês na geladeira.
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VOLTA HOLOFOTES AOS
Bruna e Riccelli lançam supercomédia popular e ganham prêmio do público. Afinal, como e onde vive essa dupla misteriosa?
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POR ROSANE AUBIN
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a vida deles tudo está junto e misturado. Casados há mais de 30 anos, Bruna Lombardi e Carlos Alberto Riccelli lançam seu filme mais recente, Onde Está a Felicidade?, programado para estrear no dia 19 de agosto, em meio a um turbilhão de compromissos. Só de olhar já dá para imaginar que a felicidade deles deve estar espalhada por aí, tamanha a azáfama em que vivem. Chegaram, lindos e apressados, para a entrevista em um restaurante do Shopping Cidade Jardim, que fica perto de sua casa, em São Paulo. Eles estão entre os primeiros moradores do Morumbi, onde vivem – mas só quando não estão na casa de Los Angeles ou filmando pelo mundo – em meio a árvores e pássaros. Bruna escreveu o roteiro do filme, que mostra uma mulher em crise depois de descobrir uma traição virtual do marido e perder o emprego; Riccelli dirigiu, fazendo as vezes de “capitão do navio”; e o filho deles, Kim, hoje com 30 anos, foi assistente de direção. “Formamos um supertime criativo”, diz Bruna. Filmado na Espanha, no Caminho de Santiago de Compostela, no Piauí e em estúdios, o filme é uma comédia popular. Apresentado no Festival de Cinema de Paulínia, no começo de julho, ganhou o prêmio do público e foi aplaudido em cena aberta oito vezes durante a exibição. Da trilha sonora, com várias músicas compostas por Riccelli e cantadas por figurões, como Gilberto Gil, Adriana Calcanhotto e Arnaldo Antunes, até o elenco, que tem atores talentosos como Dan Stulbach em pontas que duram menos de 1 minuto, a equipe envolvida na produção é de primeira qualidade. Como fazer para reunir tanta gente ocupada? A única explicação possível é carisma e profissionalismo. Marcello Airoldi, um ator que ganhou fama como o conquistador trapalhão Gustavo na novela Viver a Vida, interpreta Zeca, um diretor de TV ambicioso e também meio bobão que viaja para a Espanha com a personagem de Bruna, chamada Teo. “Eu ainda estava gravando a novela no Rio quando filmamos, então, eles armaram um esquema muito profissional e competente”, diz o ator, que quando embarcava para a Espanha era o último a entrar no avião, uma vez que a produção mandava alguém na frente para fazer o check-in por ele. Geórgia Costa Araújo, produtora da comédia e dona da Coração da Selva, que já havia trabalhado com eles no filme O Signo da Cidade, faz coro com Airoldi. “Eles são muito sérios, trabalhadores e talentosos.” Bruna e Riccelli traçaram uma trajetória muito original e própria no show business nacional. Bonitos e assediados por canais de TV, fizeram trabalhos marcantes em novelas e minisséries, mas sempre tiveram outros projetos em paralelo. A produtora Pulsar, deles, criou o programa Gente de Expressão, que conseguiu a façanha de entrevistar personalidades como Dustin Hoffmann e Jim Carrey, entre outros. E Bruna, como se não bastasse, também é poeta e escreveu um tocante relato das gravações da minissérie Grande Sertão: Veredas, em que interpretou Diadorim. Além de fazer filmes, criar um filho e fazer programas de TV, Bruna e Riccelli ainda encontram tempo para plantar árvores, construir casas e até preparar geleias com as frutas que colhem em seus jardins. Confira a entrevista que concederam a eh! durante um almoço em que comeram como passarinho, mas com muito gosto – ela um salmão, ele um frango grelhado, ambos acompanhados de saladas e batatas.
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eh! morumbi – Bruna escreve e atua, Riccelli dirige, Kim é assistente de direção... Como é essa intensa vida juntos, na vida e no trabalho? Carlos Alberto Riccelli – Trabalhamos juntos em teatro, e na TV fizemos Gente de Expressão durante dez anos. Viajávamos pelo mundo os três e contratávamos uma equipe local. Funcionava muito bem, um ajudando o outro... eh! – Tem um que lida melhor com questões práticas e o outro que é mais artista? Bruna Lombardi – É bem dividido. Eu lido com roteiro, preparação, coloco a ideia no papel. Durante o processo, divido com eles conceitos, pensamentos e tal, mas aquela mão de obra brutal que é escrever um roteiro é minha. eh! – E os negócios? Quem capta o dinheiro para as produções? Riccelli – Bruna é a cabeça também. Bruna – Eu e minha sócia, Geórgia, trabalhamos mais nessa parte da produção administrativa. O Ri tem o trabalho de diretor. Riccelli – O segredo de um bom filme é a preparação. Na hora de filmar, você tem uma equipe muito grande, tem um manuseio gigante, é a hora em que não se pode errar, tudo precisa estar previsto. Bruna – É um filme de estrada, on the road, envolveu dois países, várias cidades. Ele é o capitão do navio, se
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divide em muitas tarefas, em todos os departamentos, escolhe fornecedores, locações, enfim, tudo converge para o diretor.. É muito pesado. Cada pessoa é fundamental, o filme não é um trabalho isolado, se transforma na hora em que cada um vai criar sua parte. O Ri é bom nisso, ele consegue extrair o melhor de cada um. Ele tem um jeito calmo, consegue manter uma serenidade, uma relação amorosa no set. O pessoal fica feliz, e rende muito. É um set sem grito. Riccelli – Adoro ouvir todos, eles se sentem contribuindo, sabem que podem dar ideias, e, se eu não concordo, acho que não são pertinentes para o momento, eles sabem receber um não. Se o cara sente que não é ouvido, fica desmotivado. Bruna – Todos trabalham apaixonadamente, até o cabo man. É um ambiente muito saudável e feliz. É difícil conseguir isso, já trabalhei em muitos sets. Sempre surgem os imprevistos.
Kim e Riccelli nos bastidores do filme: harmonia na família e no set
eh! – Mas, com essa democracia toda, não tem um momento em que se perde o controle? Riccelli – Não acontece. As decisões têm de ser muito rápidas, a gente está sempre correndo atrás do tempo. Quando chegamos à locação, sabemos que o ator estará maquiado às 7h30 e temos de estar prontos para filmar. Bruna – Às 7 da manhã é eufemismo. Ele está mentindo para você, fingindo que é às 7. Os atores chegam às 5 da matina, acordam às 4h30, esta é a verdade.
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SOU CIGANA NO MUNDO. TEMOS MUITOS PROJETOS, NÃO SÓ DE CINEMA: CONSTRUÍMOS CASAS E PLANTAMOS ÁRVORES EH!MORUMBI
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21 Riccelli – Tem todos os assistentes de produção que ficam em cima do cabeleireiro, da maquiadora: “mais 15 minutos, hein?” Cobrando, porque têm de entrar no set em determinada hora, aí, se aparece alguma coisa fora do previsto, tem de ser rápido. Você sabe que precisa terminar a cena até determinada hora e depois fazer a próxima, porque alguns atores só estão disponíveis naquele dia e horário, estão filmando ou gravando também em outro lugar. eh! – E se acontece um imprevisto? Riccelli – Nessa hora é bom ter muitas ideias, para escolher a melhor. Mas jamais se discute a autoridade do diretor.. É claro que, se eles respeitam o diretor, têm carinho e amizade, fazem tudo para que a coisa funcione da melhor forma possível. A logística era muito complicada. Tínhamos duas bases, em La Coruna e em Santiago. Era um comboio, uma caravana gigante, mais de 300 pessoas, mais equipamentos e figurinos. Bruna – A gente luta pela excelência no nosso trabalho, em tudo, e o resultado está na tela, é um filme com um visual raro de ver. eh! – O cuidado com o visual do filme é realmente um destaque... Bruna – As pessoas aplaudiram em cena aberta em Paulínia oito vezes foi pela excelência, as pessoas viram quanto o filme buscou o melhor: as paisagens mais deslumbrantes, as cenas mais engraçadas, o elenco mais talentoso. Riccelli – A Bruna pensou desde sempre que o visual deveria ser muito colorido. Tínhamos feito um filme mais sombrio, queríamos fazer algo mais luminoso e colorido, isso se reflete em toda a direção de arte, nos figurinos, nos locais e na fotografia dos lugares. Bruna – O Ri é muito bom para a narrativa, excepcional, ele conhece o ritmo. Ele é um maestro, um bom diretor tem de ser um maestro. Ele sabe onde ralentar, onde correr, ele tem essa música. E os atores são ótimos, não só os brasileiros, como os espanhóis. São estrelas de altíssimo nível. eh! – Como vocês conseguiram reunir atores tão bons? Bruna – Bons papéis! Riccelli – Todos os que participam do jantar inicial (cena com Dan Stulbach , Luis Miranda, Fernando Alves Pinto e Sandra Corveloni, entre outros) são amigos que conhecem nosso trabalho. Bruna – Foi uma participação amorosa. Eu adoro ator,
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capa amo, sou apaixonada. O bom ator sabe que não existem papéis grandes ou pequenos, existe o bom e o que não traz nada, não tem nada para fazer. Tenho uma filosofia muito clara que vem desde o primeiro filme. O Signo da Cidade é um exemplo, tem participações brilhantes, não tem uma pessoa que entre no filme, seja numa ponta, seja num trabalho mais longo, que não brilhe. Todas as falas são pensadas para que quem atue tenha seu momento de glória, mesmo que seja efêmero. Em Onde Está a Felicidade? tem uma atriz espanhola que gravou no meio da madrugada, em Santiago de Compostela, com a temperatura quase a zero grau, para dizer apenas uma fala: “Mostra, mostra!”, mais nada. E, só com isso, a plateia gargalhou. eh! – Vocês vivem parte do ano em Los Angeles e parte no Brasil? Bruna – Eu sou cigana no mundo, vivo viajando, mas somos muito unidos, o Ri, o Kim e eu temos cabeça e valores parecidos, gostamos das mesmas coisas. Cada um tem sua opinião, às vezes até discutimos, mas acabamos indo para um lugar que é ótimo. Eu acho que a gente faz um supertime criativo, não importa onde ele esteja, seja em São Paulo, no Piauí, seja em Marrakesh, leva sua criação junto, este é o básico de nossa união. Fora o amor, né? eh! – A casa-base de vocês é onde? Riccelli – É aqui, no Morumbi. Sempre foi, somos os primeiros moradores do bairro e continuamos no mesmo lugar. Não temos uma regra para ficar aqui ou lá, eu até gostaria de só passar verões, sem invernos. Mas, às vezes, pelo trabalho, a gente só passa o inverno. Bruna – O dia a dia é sempre muito diferente, a gente não consegue ter uma rotina. Temos muitos projetos sempre, não só de cinema como de casas. A gente constrói, faz um monte de coisas. Plantamos no nosso jardim, escolhemos pessoalmente as árvores, não somos daquele tipo que liga e manda trazer. Somos pessoais no que fazemos, seja para comprar o que for, assuntos de trabalho, na entrevista. Na minha vida nada vai no piloto automático, nunca, tudo é de verdade. Gostamos de pessoas, somos curiosos, lemos muito, vamos ao cinema e ao teatro ver os colegas que a gente ama. Temos uma vida, mas corremos muito para cumprir nossa agenda. Não dá tempo para mais nada. A televisão chama e a gente não consegue. Eu adoro televisão, as pessoas pensam que sou contra, de jeito nenhum. Fiz grandes
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Juan Morgade Priscila Prade Priscila Prade
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Zen e engraçado: 1) Bruna e Marta no caminho. 2) A personagem bêbada. 3) Peregrinando com Marcello Airoldi. 4) Discutindo com Bruno Garcia e, na última foto, com María, a estrela espanhola
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Onde Está a Felicidade? é um filme colorido, alegre e descomplicado. Em vez de conselhos típicos de autoajuda ou pensatas filosóficas cheias de ceticismo, Bruna Lombardi escolhe um caminho mais divertido e repleto de piadas, mas nem por isso menos carinhoso com seus personagens. Teo, interpretada por ela, é uma chef que apresenta um programa de TV com receitas afrodisíacas. Casada com Nando (Bruno Garcia), ela descobre uma traição virtual do marido, perde o emprego e decide, a conselho de sua maquiadora, Aura (numa interpretação hilária da atriz espanhola María Pujalte), fazer o Caminho de Santiago de Compostela. Encontra a sobrinha de Aura, Milena (Marta Larralde, do grupo de teatro La Fura dels Baus), e as duas seguem, com o diretor de TV Zeca (Marcello Airoldi), para a peregrinação. O filme tem participação especial dos humoristas Marcelo Adnet e Dani Calabresa, Luis Miranda e Wandi Doratiotto, entre muitos outros.
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23 trabalhos dos quais me orgulho. E o Ri está aí, com Vale Tudo (que estava sendo exibida com recordes de audiência no canal Viva até meados de julho), arrebentando a boca do balão em uma grande novela, e ele está maravilhoso. eh! – Qual é a prioridade de vocês? Bruna – O filho é prioridade absoluta! O Kim fica dez casas na frente. Depois passa uma, passam dez, vem o resto. Pelo Kim, eu paro tudo, não quero saber de nada. Sempre fui assim. Claro, tem gente que prioriza a carreira, cada um faz o que deve. Eu sempre priorizei minha vida pessoal, a família. Se você olhar minha trajetória, vai ver isso. Deixei de fazer trabalhos por meu filho, coloco a vida e nós em primeiro lugar. Depois, claro, para preencher essa vida com tudo o que a gente ama, entram trabalho, saúde, qualidade de vida, jardim, casa, plantação, animais, que eu amo, pego na rua e ponho dentro de casa. Temos árvores que dão frutas, tiramos e fazemos geleia em casa, é essa nossa vida, tem tudo isso junto. E os amigos, queridos, com quem eu estou sempre meio em falta. eh! – Em uma cena do filme, o Zeca faz uma confusão tentando explicar a um espanhol, no banheiro, em seu portunhol selvagem, que não é gay. Os colegas de Nando, que são comentaristas de futebol, também têm tiradas engraçadas. De onde você tirou a inspiração para esses diálogos tão engraçados e masculinos? Bruna – Não entendo nada de futebol, nada. Eu me oriento pelo personagem, pela observação. O humor que gosto de fazer é o de observação, não aquele de grosseria. É gostoso, as pessoas se identificam e rolam de rir, é disso que eu gosto. eh! – É um olhar carinhoso... Bruna – É amoroso. Eu amo as pessoas, como é que eu vou ridicularizar? O Ri sabe quanto eu amo gente. eh! – Mesmo o Zeca, que é um pouco malandro, tem uma ingenuidade... Bruna – Eu queria mostrar uma mulher em crise e um cara ambicioso, com o rei na barriga. Riccelli – Uma mulher que quer olhar para dentro, e um cara que quer olhar para fora. Bruna – É isso, Ri! Riccelli – Ele não tem a menor interiorização. Só pensa: “Vou ficar milionário”.
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capa Bruna – Ele é o cara que diz: “Não importam os fatos, e sim a versão dos fatos”. Você falou uma coisa que eu nunca tinha pensado, ela quer olhar para dentro e ele quer olhar para fora. Muito legal. Riccelli – É por isso que a viagem funciona, a outra menina também não está interessada em se espiritualizar. É uma pergunta do filme: se espiritualizar num templo budista no Nepal, o.k. Mas se espiritualizar no meio do caos urbano em que a gente vive, com a pressão do chefe, o filho na escola, os milhões de coisas que qualquer mulher tem de fazer todo dia? É com isso que todo mundo se identifica, porque o filme fala para as mulheres e para os homens, inclusive mostra essa divisão entre feminino e masculino, as diferenças. O Nando representa os homens, com seu jeito de ser. Os dois estão em transformação. eh! – E nada melhor que o Caminho de Santiago para o cenário dessa transformação... Bruna – Eu tinha paixão pelo Caminho, sempre quis fazer. O Ri falou uma coisa muito linda, dedicou a exibição de Paulínia a todos os peregrinos. Todos nós somos peregrinos de algum caminho, no dia a dia, mesmo que seja na Avenida 9 de Julho. Nosso dia a dia é uma jornada. eh! – Vocês fizeram o Caminho antes de começar o projeto? Bruna – Fui conhecer quando já estava escrevendo, fizemos só uma etapa. Durante o filme, acabamos fazendo-o tantas vezes, de tantos jeitos, que fizemos trocentos caminhos. O filme em si é uma enorme peregrinação. Foi ficando cada vez maior. eh! – São peregrinos em busca da felicidade... Bruna – É uma coisa linda: a gente pegou um tema que está na alma de todo mundo. Todos querem ser felizes. Eu quero fazer as pessoas rir. Em O Signo da Cidade, que é mais intenso e emotivo, as pessoas choram. Aí, eu decidi: vou fazer o equilíbrio do universo. Vou fazer as pessoas sair bem do cinema. A sessão de Paulínia foi ótima, não esperava isso, tinha uma fila que dava voltas, sessão extra à meia-noite. As pessoas unanimemente falavam: “Nossa, saí do filme tão feliz”. Sabe a sensação de dever cumprido? Queria que saíssem mais felizes do que entraram. Consegui. Isso é tudo para mim.
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Quando foi convidado por Bruna e Riccelli para fazer uma leitura do roteiro do filme, o ator Marcelo Airoldi não sabia qual personagem iria interpretar. “Eu ria muito na leitura, fiquei apaixonado pelo personagem Zeca”, diz ele. Quando Riccelli telefonou ao ator para contar o resultado do teste, brincou e fez suspense antes de anunciar que ele faria o diretor de TV. Airoldi, que vai fazer um dos personagens centrais da próxima novela das 6 da TV Globo, (A Vida da Gente), afirma que todos os seus diálogos engraçados vieram prontos no roteiro de Bruna. “Ela escreveu cada pedacinho, é tudo muito preciso, cada palavra cabe na boca do personagem.”
eh! – Todos que assistem ao filme comentam que você está linda. Qual é a fórmula? Bruna – Estou gostando de ouvir (risos). Olha, agradeço esse olhar, mas eu me vejo como personagem. A beleza não era fundamental. O importante era ela mostrar aquela crise. Ela está perdida, em desespero.com, então é um personagem difícil de fazer. Ela me enlouqueceu bastante. A Teo me deixava tão louca, a mim e à maquiadora, que a gente não conseguia fechar as malas. Eu dizia: “Preciso tirar a Teo deste quarto”. Em alguns momentos você mergulha num oceano de emoções, a personagem é uma montanha-russa, e eu só sei fazer mergulhando de cabeça. Entro com tudo. Mergulho. Quem conhece a minha carreira sabe: vai olhar o Diadorim, mergulhou; Memórias de Gigolô, Avenida Paulista... São trabalhos que considero bons na televisão. eh! – E você também é uma montanha-russa? Bruna – Sou. Tento controlar, administrar, mas sou. Não acho ruim, a emoção é boa, a vida é bela porque ela emociona, a gente não tem de cortar as emoções, tem de vivê-las. Buscar mais leveza, ser serena e zen no dia a dia. Até para administrar tanta diversidade. Acredito na emoção como um farol, algo que conduz. eh! – Isso transparece no que você escreve. Bruna – A emoção, os sentimentos e a humanidade são a matéria-prima do artista. É com isso que ele tece a trama dele na vida. Esse é nosso trabalho.
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Juan Morgade
“FIQUEI APAIXONADO PELO ZECA”
Tudo o que já fiz hoje está na internet, pessoas que eu nunca conhecerei estão lá publicando, trocando e curtindo minhas poesias. Assim como outras pessoas que escreveram fizeram esse efeito em mim, estou fazendo para os próximos. Assim como as árvores. Quando estou à beira de uma árvore maravilhosa, frondosa, uma mangueira linda, penso que alguém plantou aquela árvore para a gente. Hoje, elas estão gigantes e lindas porque antes alguém pensou no futuro desconhecido, em plantar para os que virão. Para não quebrar essa corrente, é preciso plantar para os que virão, então planto centenas de árvores. Nossa paixão é plantar. Eu quero São Paulo mais verde, luto por isso. A cidade é muito carente, precisa disso. Também luto pelos animais abandonados, acho que é uma causa que todos deveriam abraçar, adotar um animal. E seria muito lindo a gente compensar o ar carregado de poluição e de trabalho com oxigênio, árvore, verde. eh! – Vocês plantam árvores onde? Riccelli – Aqui em São Paulo (temos um jardim grande) e na nossa casa em Trancoso. Bruna – E também na minha rua inteira, na dos outros, não estou nem aí onde planto, ninguém fala não para uma árvore. Eu falo: “Posso plantar aqui neste cantinho, tem uma terrinha boa?”. “Pode.” Eu posso. Em Trancoso, na Bahia, temos um sítio cheio de mata nativa que nós nunca cortamos. Tem macaquinho, tem fauna e flora da melhor qualidade.
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MUITO
POR VIVIAN CARRER ELIAS
ALÉM DO BOOK IS ON THE TABLE
Estudo mostra que educação bilíngue melhora a atenção, memória e capacidade para resolver problemas
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27 m um mundo cada vez mais globalizado, todo pai sabe que aprender uma ou mais línguas estrangeiras é item obrigatório. Além das escolas de idiomas, os colégios bilíngues são opção para garantir o aprendizado de uma nova língua aos pequenos estudantes. Um estudo feito em 2010 por quatro pesquisadores americanos que examinou 63 pesquisas feitas sobre o assunto, envolvendo 6.022 participantes, indica várias vantagens desse tipo de educação. Os professores Olusola Adesope, da Washington State University, Charles Ungerleider, da University of British Columbia, e os especialistas em educação Tracy Lavin e Terri Thompson, do Directions Evidence and Policy Research Group, chegaram à conclusão de que a educação bilíngue traz avanços em três diferentes áreas no estudo publicado na Review of Educational Research. Uma delas está relacionada com atenção e memória: “A habilidade que uma criança bilíngue tem em administrar duas línguas, separando o vocabulário e a gramática de cada uma delas, faz com que ela tenha maior controle dessas duas competências”, afirma Antonieta Megale, coordenadora de língua inglesa da Escola Brasileira Israelita Chaim Nachman Bialik e membro do Grupo de Estudos sobre Educação Bilíngue da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Outra vantagem indicada pelo estudo é que crianças expostas a duas
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línguas desenvolvem maior facilidade para a aprendizagem de um terceiro ou quarto idioma. “Criatividade e resolução de problemas também são pontos positivos apresentados pelos participantes da pesquisa, já que a constante alternância entre duas línguas e duas diferentes perspectivas contribui para um maior desenvolvimento cognitivo (capacidade de adquirir conhecimento)”, diz a coordenadora. Além de fazer bem para as atividades do cérebro, uma educação desse tipo pode formar um ser humano melhor. “Ao entrar em contato com mundos diferentes, o aluno torna-se um sujeito aberto à pluralidade cultural, que sabe respeitar as diferenças e enfrentar o mundo globalizado em que vivemos”, afirma Luciana Cristino, professora do curso sobre bilinguismo oferecido pela PUC-SP. As duas especialistas afirmam que não há idade mínima para que uma criança comece a receber uma educação bilíngue nem problemas acarretados com o início precoce do aprendizado. “Na verdade, quanto mais cedo, melhor, pois a criança tem, segundo estudos da neurolinguística e neurociência, predisposição a absorver com mais facilidade e rapidez novas informações”, diz Luciana Cristino. GRANDES, TRADICIONAIS E MULTICULTURAIS Escolas que oferecem esse tipo de educação são cada vez mais numerosas nas grandes cidades. Elas se diferenciam desde a infraestrutura e idiomas trabalhados até a grade curricular dos níveis de ensino oferecidos. Não existe uma legislação que defina a linha pedagógica dessas instituições, mas elas se assemelham por oferecer educação em duas ou mais línguas simultaneamente. “Não se trata de ensinar apenas o idioma, mas, sim, utilizá-lo para apresentar conteúdos de diferentes áreas”, afirma Antonieta Megale. No Morumbi, é possível encontrar alguns dos colégios bilíngues mais tradicionais da cidade. São instituições como o Colégio Miguel de Cervantes, o Humboldt, o Porto Seguro e a Scuola Italiana Eugenio Montale. De maneira geral, foram criadas para atender a uma comunidade de imigrantes. Com o tempo, porém, os alunos brasileiros passaram a ser maioria, e essa “invasão” é tão significativa que fez com que a Eugenio Montale, fundada há 30 anos por trabalhadores italianos, trocasse o calendário de seu ano letivo, que antes seguia o modelo europeu. “Antes havia mais alunos italianos, que ficavam no Brasil por alguns anos e retornavam à Itália. Agora, cerca de 75% dos estudantes são brasileiros, então faz mais sentido seguirmos o calendário daqui”, afirma Giuseppe d’Anna, recém-nomeado presidente da escola. A Scuola Italiana oferece algumas aulas, como língua portuguesa, história e geografia do Brasil, em português, e o restante em italiano. “A língua italiana é usada como ferramenta para passar o conhecimento, que é mundial. Portanto, os alunos não saem prejudicados de nenhuma maneira, e isso inclui o vestibular”, diz a diretora didática do colégio, Sílvia Adrião. A dirigente escolar da instituição, a italiana Paola Capraro, há 15 anos no colégio, acompanhou o desenvolvimento de muitos alunos. “É possível observar que eles se tornam pessoas mais abertas, com uma grande
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bagagem cultural e capacidade de se relacionar com todo tipo de pessoa.” A escola segue os critérios exigidos pelos ministérios dos dois países, possibilitando que o aluno ingresse em universidades brasileiras e italianas. Outra instituição instalada no Morumbi é o Colégio Visconde de Porto Seguro, que oferece currículos brasileiro e bilíngue, com aulas em português e alemão. Os alunos têm a opção de permanecer no colégio por mais um ano após a conclusão do ensino médio para fazer o Abitur, exame de conclusão que dá acesso a universidades alemãs, além de algumas europeias e dos Estados Unidos. “Geralmente os pais que optam por esse currículo para os filhos são nativos da Alemanha, de descendência alemã ou desejam que seus filhos cursem universidades internacionais”, diz a diretora-geral do colégio, Celina Cattini. “Nos últimos anos, mais de 70% dos alunos do currículo bilíngue foram estudar em universidades fora do Brasil, principalmente as alemãs.” A escola promove festas típicas alemãs e intercâmbios de alunos.
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Colégio Bilíngue Brazilian International Integration School Educação bilíngue e multicultural em português e inglês para os ensinos infantil e fundamental. Desde pequenos, os alunos entram em contato com o idioma estrangeiro por meio de visitas à biblioteca, excursões, atividades no laboratório de informática e aulas de música,
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No Miguel de Cervantes, os alunos têm várias atividades relacionadas com a cultura espanhola
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artes, teatro, educação física e culinária. O colégio tem parcerias para a aplicação dos exames de língua inglesa de Cambridge. Rua Barão de Cotegipe, 111, Granja Julieta. Tel. (11) 5548-5551 Colégio Humboldt A escola é bilíngue e bicultural, brasileira e alemã, e tem desde o ensino infantil até o médio. Oferece dois currículos: um, destinado àqueles que não têm total domínio do alemão, adota o português como língua de comunicação. O outro é para quem tem domínio do alemão e utiliza o idioma como instrumento de aprendizado de diferentes disciplinas. Os alunos podem ingressar no curso de qualificação Abitur. Av. Eng. Alberto Kuhlmann, 525. Tel. (11) 5686-4055
Colégio Miguel de Cervantes Recebe alunos do ensino infantil ao médio, propondo um currículo multicultural, bilíngue e misto. Os estudos são equivalentes aos do sistema espanhol e reconhecidos tanto pelos ministérios de Educação da Espanha e do Brasil. Av. Jorge João Saad, 905. Tel. (11) 3779-7800 Colégio Visconde de Porto Seguro Oferece três currículos, mas somente um é bilíngue. Nele, português e alemão são utilizados como língua materna e as aulas de inglês são obrigatórias. Aulas de francês, espanhol e mandarim são opcionais. Os alunos podem fazer intercâmbios e viagens culturais. Unidade Morumbi: Rua Floriano Pei-
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xoto Santos, 55. Tel. (11) 3749-3250 Unidade Panamby: Rua Itapaiúna, 1355. Tel. (11) 3746-1600 Escola Cidade Jardim - Playpen Ensino infantil e fundamental, com aulas em inglês e português. Com crianças de até 5 anos, os professores se comunicam somente em inglês, e depois é introduzido o português. O ensino fundamental já conta com um currículo integrado em português e inglês. Praça Professor Américo de Moura, 101. Tel (11) 3812-9122
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Eugenio Montale: brincadeiras e aulas de culinária colocam os alunos em contato com a história e a língua italianas
Integration School Escola bilíngue de educação infantil e fundamental I (até o quarto ano). O inglês está presente em todas as atividades extraclasse, como as musicais, artísticas, de teatro ou educação física. Rua São Pedro Fourier, 189. Tel. (11) 3742-6100 Kinder Kampus Ensino infantil e fundamental, com educação socioconstrutivista e aulas em português e inglês. Oferece aulas de reforço para alunos que se matriculam sem conhecimento da língua inglesa. Ensino infantil: Rua Dep. João Sussumo Hirata, 480. Tel. (11) 3743-7552 Ensino fundamental: Rua Dep. João Sussumo Hirata, 750. Tel. (11) 3501-4066
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Little’s Cool Oferece educação infantil bilíngue, baseada no socioconstrutivismo e com aulas em inglês e português. A alfabetização é feita em português, depois é inserido o idioma estrangeiro. Rua Domingos Lopes Silva, 4. Tel. (11) 3501-4076
Scuola Italiana Eugenio Montale Ensino infantil, médio e fundamental que obedecem às normas dos ministérios de Educação italiano e brasileiro. Há aulas em italiano para crianças a partir de 2 anos. O diploma do ensino médio possibilita o ingresso em universidades da Itália e em algumas da União Europeia. Rua Dr. José Gustavo Busch, 75, Panamby. Tel. (11) 3759-5959
See Saw Ensino infantil e fundamental bilíngue com aulas em português e inglês. Nos três primeiros anos da educação infantil, os alunos passam por um programa de imersão em inglês para que se familiarizar com o idioma. A partir do ensino fundamental são dadas aulas de diversas disciplinas nas duas línguas. R. Visconte de Nacar, 86, Real Parque. Tel. (11) 3758-2241
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PROGRAMA DE ÍNDIO POR ROSANE AUBIN
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FOTOS MARÍLIA PEDROSO
Pancararus mantêm vivas suas tradições na Favela Real Parque praticando a dança do toré
menina de pouco mais de 2 anos faz beicinho e diz: “Estou com medo dos praiás”. Tia Lídia, a agente de saúde Maria Lídia da Silva, que segura a garota vestida de cor-de-rosa dos pés à cabeça, explica que ela não precisa ficar assustada com os homens que dançam e cantam com uma vestimenta ritual. “Está vendo por que precisamos praticar a dança do toré? Senão, essas pessoinhas vão esquecer suas origens, pensar que são da cidade grande”, afirma Lídia. Estávamos em um pátio interno entre edifícios do projeto Cingapura na comunidade Real Parque, uma área coalhada de barracos e espremida entre a Marginal Pinheiros e condomínios de luxo do bairro do Morumbi. Era um domingo, e cinco índios pancararus que moram no local realizavam uma dança vestidos com os sagrados “praiás”, confeccionadas de acordo com as tradições na aldeia de Brejo dos Padres, em Pernambuco, de onde vieram os índios que moram por ali. A indumentária, confeccionada com uma palha semelhante ao sisal, esconde totalmente a pessoa que a veste, e só tem dois pequenos buracos na área dos olhos. Essa roupa tem um significado muito especial para os pancararus: quando é usada numa cerimônia, ela representa os encantados, entidades que, segundo sua crença, zelam pelo bem-estar dos índios da tribo. Antes de trazer a roupa a São Paulo, os moradores da Real Parque tiveram de fazer uma longa negociação com os líderes, em Pernambuco. Em sua maioria, os 603 índios de 120 famílias que moram de forma permanente na comunidade do Real Parque têm um pé lá e outro cá. “Nós procuramos manter sempre a ligação entre a aldeia e a cidade. Meu filho Ítalo, de 13 anos, que foi criado aqui sempre convivendo com meu pai e minha mãe, agora quer ir morar lá, porque meus pais se mudaram para Pernambuco”, diz Maria das Dores
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33 da Conceição Pereira do Prado, de 36 anos, a Dora Pankararu. Ela é mãe também de Ingrid, de 11 anos; nasceu na aldeia e vive aqui há 26 anos, pensando no que pode acontecer amanhã:“Vou acabar ficando sozinha aqui...” Ela herdou de seu pai, Manoel Alexandre Sobrinho, que se aposentou em São Paulo, em 2010, a liderança de sua tribo urbana. É presidente da Associação SOS Comunidade Indígena Pankararu, criada em 1994. Sua sede existe hoje em um terreno desapropriado para a construção de apartamentos, mas pretende ga-
nhar espaço fixo em uma área no projeto de reurbanização da favela. Durante a entrevista, na Rua Paulo Bourroul, foi abordada por moradores pedindo ajuda, deu instruções sobre um processo jurídico, avisou a uma mãe que ela deveria levar seu bebê segunda-feira ao posto de saúde para a pesagem e analisou com objetividade a situação dos índios na capital. Pedagoga, ela trabalha na Casa de Apoio à Saúde do Índio, que dá suporte a indígenas doentes que vêm de várias regiões do país fazer tratamento em São Paulo. Dora foi nossa anfitriã na visita
Crianças da Real Parque assistem à dança do toré: o ritual é uma afirmação da identidade e virou espetáculo
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e organizou a dança do toré, que, logo percebemos, era um acontecimento na comunidade Real Parque. Mais de uma centena de crianças estavam sentadas em volta do terreiro. Logo que começou o ritual, toda a vizinhança dos cinco prédios apareceu na janela dos apartamentos: nenhuma ficou vaga.
PRIMEIRO A REZA, DEPOIS O MÉDICO Lídia é agente de saúde e vice-presidente da associação. Tem 44 anos e veio para São Paulo há 14 porque, na aldeia, não conseguia sustentar os cinco filhos. Trabalhou durante sete anos como auxiliar de limpeza em uma grande empresa na Marginal Pinheiros. Com o dinheiro da rescisão comprou por 13.000 reais o barraco de cinco cômodos – com uma área para lavanderia, uma sala grande e dois quartos – em que mora. Ela só reclama de não ter espaço para cultivar plantas, e dos dias de chuva: “Quando chove, parece que estou na rua”. É chamada de Tia Lídia por todos e tem o papel de uma espécie de pajé para esta comunidade indígena. “É difícil para eles acreditar no médico. Sempre querem primeiro passar por mim, para fazer a cura espiritual.” Desde criança, na aldeia, ela participava dos rituais com rezas e chás, um papel que é atribuído apenas àqueles que “nascem com o dom” de curar. “Faço pajelança, preparo chás, mando pedir ervas lá na aldeia”, diz. Como funcionária do posto de saúde da região, ela aprendeu a importância de conhecer alguns sintomas e de encaminhar os problemas de saúde mais graves para os médicos. Desistiu de ter uma horta no quintal do posto de saúde, onde plantava as ervas usadas pelos
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As vestimentas, chamadas praiás, vieram da aldeia pancararu; abaixo, Dora e Lídia, as guardiãs dos índios índios, porque alguém comentou que ela poderia estar cultivando plantas que provocam aborto. “Se fosse verdade, os índios não teriam tantos filhos”, afirma. Lídia tem o cuidado de jamais usar tratamento dos índios em outros moradores da favela. Ela sabe que a mistura de culturas pode causar problemas. “Metade dos índios que moram na Real Parque tem hipertensão e obesidade”, diz. Ela mesma fez dieta depois que aprendeu a importância de se alimentar bem. “Quando criança, eu era feliz e não sabia”, afirma. Na aldeia, comia o que sua mãe e avó preparavam, comidas à base de mandioca, milho, batata e peixe. “Pão era para ocasiões especiais. Quando ia à cidade com minha mãe para vender pinhas e mangas, via aquelas pessoas comendo massas, pastéis, doces e pensava: ‘Eles é que são felizes’. Hoje, vejo os índios comendo hambúrguer e pastel e sei que isso não tem nada a ver com a gente.”
UM DELICADO EQUILÍBRIO Na cidade, os indígenas ficam expostos a muitas situações com as quais não estão habituados a lidar. Segundo dados preliminares
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O final do ritual é democrático: todos são convidados a ir para o centro da roda do Censo 2010, só na capital residem 12.977 pessoas que se declararam indígenas; no Estado, são 41.794; e no país, 817.963. A rede de solidariedade que Dora, Lídia, Manoel e vários outros criaram para receber e amparar os pancararus na Real Parque é essencial para que eles tenham os direitos básicos respeitados. A dança do toré tem grande importância na afirmação de sua identidade. “A gente aprende a ser aquilo que a gente é. O índio aprende a ser índio. Esses momentos especiais fazem com que eles exercitem esse aprendizado, é um ritual absolutamente fundamental”, diz o historiador e antropólogo José Maurício Arruti, que escreveu uma tese sobre os pancararus do Nordeste e é professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. No caso dos pancararus, o ritual é ainda mais valioso. Eles foram uma espécie de guardiões dessa tradição. Em 1870, todos os integrantes de tribos do Nordeste perderam sua categoria jurídica de indígenas, porque estariam miscigenados com outras etnias. “Por volta de 1930, reivindica-
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COMO FORAM PARAR ALI O primeiro registro de pancararus à beira do Rio Pinheiros, na região em que está localizada a Real Parque, é de 1933. No começo, os índios acampavam na área, que era de chácaras, com plantações de mandioca. Nos anos 1950, a migração intensificou-se e vários pancararus participaram da construção do Estádio do Morumbi como operários, ajudando a construir um dos marcos do bairro. “Temos registros, inclusive com carteiras profissionais dos índios”, diz Dora. O que expulsava os indígenas de suas aldeias era o conflito com os posseiros, além das parcas condições de sobrevivência. “Os mais antigos sofreram tanto com os conflitos que decidiram parar de falar nossa língua, porque a dificuldade de se comunicar em português deixava
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Mistura: as cintas da vestimenta mostram a interferência do catolicismo na cultura pancararu; ao lado, cantores e dançarinos posam com Dora; acima, à direita, a sede da associação, que depois será transferida para a área de parques da favela
ram sua condição, mas não eram mais considerados os índios que a etnologia clássica esperava encontrar”, diz Arruti. Aí entram os pancararus: como eles preservaram o ritual, passaram a ensinar outros grupos, ganhando importância política. Os encantados, que os dançarinos encarnam nos rituais, são entidades vivas que representam a vitória dos índios sobre a morte. Eles zelam pelos índios. “Eles não são o panteão dos gregos, não são um céu de anjos nem ancestrais mortos, são índios reais que descobriram o segredo para não morrer”, afirma o antropólogo.
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nosso povo ainda mais fraco”, diz Lídia. Hoje, eles lembram apenas de alguns nomes de objetos e situações cotidianas, mas a gramática de sua língua se perdeu. Nos anos 1970, a migração aumentou, com homens e famílias que vinham ganhar dinheiro com o objetivo definido de voltar para o Brejo dos Padres. Hoje, afirma Dora, os que ficam têm como intuito ganhar dinheiro e voltar, tratar problemas de saúde ou estudar. Vários indígenas fazem curso universitário. O filho de Dora, já sabemos, quer voltar para a aldeia. Mas a filha, Ingrid, que dançava com os homens vestidos de praiás numa parte do ritual aberta à participação de todos, ainda não decidiu. Se ficar, carregará a tarefa de manter a vida eterna aos pancararus.
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38 FELIPE ARAGONEZ BENEVIDES * www.ehsaopaulo.com.br
diários de bicicleta
O MAIOR CUIDA DO MENOR
Fui xingado por motoristas sem consciência de que bicicleta é meio de transporte de acordo com Código de Trânsito Brasileiro
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Vou contar dois fatos que aconteceram no Morumbi, envolvendo pequenos confrontos entre ciclistas e motoristas de carros. O primeiro aconteceu comigo, enquanto ia para uma reunião na Berrini. Enquanto pedalava na Avenida Giovanni Gronchi, um carro me fechou e acabou me acertando de leve. Esse simples toque foi capaz de me derrubar, mas ainda bem que caí para o lado da calçada. O motorista não fugiu e ficou me esperando à frente. Fui conversar, e ele me disse que outro veículo o havia fechado. Respondi que ele deveria ter esperado um pouco para não me fechar, pois sou uma vida sem proteção. Ele não gostou, me xingou e me mandou andar na calçada. Falou e foi embora. O outro confronto aconteceu recentemente com a moradora do Morumbi Cláudia Franco, do site CicloFemini. Ela estava treinando pelo bairro e pedalando na Rua Deputado Laércio Corte, quando foi surpreendida por uma forte buzina e ultrapassada a menos de 30 centímetros pelo carro que havia buzinado. Isso assustou Cláudia, fazendo com que perdesse o equilíbrio. E depois de quase ter atropelado a ciclista, a motorista ainda disse a seguinte frase: “Depois vocês morrem
e não sabem por que, ciclista só atrapalha o trânsito.” Cláudia ainda tentou conversar com a motorista, que tinha um SUV prata e ainda portava uma cadeirinha de criança no banco de trás, mas acabou ouvindo mais xingamentos. Cláudia agora está elaborando um projeto chamado “Amo bike na rua”, que é uma palestra motivacional para os moradores do Morumbi visando incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte. Agora, vamos analisar os acontecimentos acima de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro. Desde 1998, a bicicleta está inserida no Código como um veículo de transporte e deve ser respeitada como tal. De acordo com o artigo 58, quando não houver ciclovia, ciclofaixa ou acostamento, a bicicleta deve andar na rua. Um artigo muito importante, que pouca gente conhece, inclusive esses dois motoristas que quase causaram fatalidades, é o 201, que é bem claro: “Deixar de guardar a distância lateral de 1 metro e 50 centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta é infração média e passível de multa”. Ou seja, os dois motoristas não obedeceram o limite mínimo ao ultrapassar e deveriam ser multados. E também temos o artigo 220, que obriga o motorista a reduzir a velocidade ao ultrapassar um ciclista. O Código de Trânsito Brasi-
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39 leiro é bem claro e, se todos conhecessem a lei, com certeza as ruas seriam mais pacíficas. Também é importante lembrar que os ciclistas, além dos direitos, têm deveres. Como nunca pedalar na calçada, pois ali é lugar de pedestres. Não andar na contramão, respeitar os semáforos, não parar na faixa de pedestre e sempre sinalizar o que vão fazer a seguir. E o mais importante de tudo é que o maior sempre deve zelar pelo menor, por isso ônibus e caminhões devem dar a preferência para os carros, que devem cuidar das motos, que cuidam dos ciclistas e que vão tomar cuidado com pedestres e cadeirantes. Se tivermos essa consciência, com certeza teremos um trânsito mais agradável e menos violento.
MORUMBI COM MENOS VERDE Estas fotos foram tiradas no início no ano e mostram a triste realidade do nosso bairro. Cada vez mais perdemos espaço verde para dar lugar ao concreto. A Vila Andrade foi o bairro que mais derrubou árvores em 2010. Se continuarmos nesse ritmo, a fama de ser um bairro arborizado irá acabar e ficar apenas em registros fotográficos. NOVIDADES NA CICLOFAIXA DE LAZER A ciclofaixa de lazer está mais perto do Morumbi. O seu traçado foi estendido e agora passa pelas avenidas Engenheiro Luis Carlos Berrini e Roberto Marinho, perto da Ponte do Morumbi. Outra novidade é a extensão do horário: agora, ela funciona aos domingos, das 7 h às 16 h. É um ótimo programa de fim de semana para toda família que quer pedalar. Somando os trajetos de ida e volta, o percurso tem 45 quilômetros.
* Felipe Aragonez Benevides é jornalista, tem 25 anos, mora na Vila Andrade, Morumbi, trabalha como bike repórter das rádios Eldorado Brasil 3000 e Estadão/ESPN e dirige o Instituto CicloBR de Fomento à Mobilidade Sustentável. Além de usar a bicicleta para se locomover na cidade, é cicloturista com várias viagens na bagagem.
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DO CÉU Em vez de histórias fúnebres, os cemitérios-jardins do Morumbi se tornaram áreas para a contemplação e caminhadas diárias dos moradores da região
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gramado bem aparado vai até o horizonte, nas altas árvores repousam ninhos de dezenas de espécies de pássaros, e flores multicoloridas completam o cenário. Não se engane: estamos falando de um cemitério. Muito diferente do que habita o imaginário coletivo, em que paisagens fúnebres são tomadas por túmulos sinistros, imagens de anjos dramáticos e confusão de cruzes e lápides, os cemitériosjardins têm jeitão de bosque. Na prática, por serem seguros e bonitos, tornaram-se parques onde os moradores da região vão para fazer ca-
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minhadas, exercícios e para a contemplação da natureza. O conceito foi criado nos Estados Unidos pelos protestantes, que defendiam a igualdade entre os homens mesmo depois da morte. Assim, nada de uma família querer um mausoléu mais majestoso que a outra ou espaço para homenagens póstumas megalomaníacas. Em um cemitério-jardim são permitidas apenas plaquetas de identificação e algumas flores ou pequenos enfeites sobre cada jazigo. E com ressalvas: fincar cataventos na terra, instalar casa para passarinhos e hospedar
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Jeito de parque: o Cemitério da Paz (ao lado), o Gethsêmani (acima) e o do Morumbi são arborizados e cheios de vida anões de jardim, como tentam alguns, é proibido. “Interfere no paisagismo”, diz Armando Magalhães, há 16 anos cumprindo o cargo de administrador do Cemitério da Paz, o primeiro cemitériojardim do Brasil, integrante da Acempro. “Em respeito aos sentimentos dessas pessoas até deixamos esses acessórios um tempo lá, mas logo os retiramos”, diz. Inaugurado em 1965, o cemitério foi concebido pelo engenheiro Flávio Magalhães, tendo como principal referência o Memorial Park, em Memphis, Estados Unidos. “Vi a capa do catálogo desse cemitério e
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reparei que não havia sepulturas de alvenaria. Achei muito interessante, pois com esse projeto eu poderia construir o cemitério e ao mesmo tempo plantar árvores, reflorestando o terreno”, afirma. Hoje, a manutenção é feita por 12 jardineiros que cuidam das araucárias, das palmeiras e das árvores frutíferas como jabuticabeira, abacateiro, pitangueira e mangueira, em torno de mais de 15.000 sepulturas e 35.000 sepultados. Durante o horário de visitação (das 7 às 18 h), há quem frequente o local mesmo sem ter a qual túmulo visitar. “Algumas pessoas vêm fazer caminhada, outras se sentam nos bancos das alamedas para ler. Usam o espaço como um parque mesmo, um lugar cheio de vida”, diz Armando. Há também os curiosos que querem ver onde estão sepultadas as celebridades. No Cemitério da Paz, algumas delas são o compositor Adoniran Barbosa, o locutor de rádio Narciso Vernizzi (o “Homem do Tempo”), o ex-presidente Jânio Quadros, Valdemar Seyssel (o palhaço Arrelia), o músico Marcelo Fromer (dos Titãs), o jornalista Júlio de Mesquita Neto (do jornal O Estado de S.Paulo), o professor Paulo Freire e o jogador de futebol Leônidas da Silva (inventor da jogada conhecida como bicicleta).
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Ali perto, a cantora Elis Regina, o político Orestes Quércia, o ator Ronald Golias, o apresentador Clodovil Hernandes e o piloto Ayrton Senna da Silva descansam no Cemitério do Morumbi, outra área florida, com área de 300.000 metros quadrados e ares de reserva verde. O bairro tem ainda um terceiro cemitério-jardim, o Gethsêmani, onde estão enterrados os políticos Franco Montoro e Celso Pitta, e a esposa do cantor Roberto Carlos, Maria Rita. Semanalmente, chegam vasos de orquídeas brancas que são colocadas sobre o seu jazigo que, mesmo sem identificação, é facilmente reconhecido. “Ela foi sepultada em um cemitério da Aclimação e dois meses depois trasladada para cá”, afirma o administrador Nilson de Almeida Oliveira.
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Lidar com tietes e penetras em cortejos é, na verdade, a tarefa mais agitada do pedaço. Para isso, esses cemitérios criaram diretrizes de segurança e equipe de trabalho. “Enterros de celebridades são sempre tumultuados. Mas enterros de parentes de celebridades são ainda piores; os fãs invadem o cortejo sem respeitar o momento de dor da perda de seu ídolo”, diz. Para esses casos há salas para ve-
Os canteiros e as regras da casa: flores e jardinagem,sim; casas de passarinhos, e outros enfeites, não!
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CEMITÉRIO PARA TURISTA VER lórios privados e equipe treinada em reconhecer – e se necessário barrar – penetras desvairados. De modo geral, porém, reina a calmaria. Das 6 às 18 horas, no Gethsêmani, frequentadores passeiam entre 2.500 árvores e mais de 14.000 túmulos disfarçados com os gramados. O lugar é seguro, seja da ação dos vivos ou dos mortos. “O maior susto entre os funcionários daqui foi um passarinho fazendo sombra numa luminária”, diz o administrador. “Mas como não há esculturas, crucifixos nem monumentos, ninguém fica com medo de ver uma estátua se mexer, um vulto sair de trás de um túmulo e ouvir vozes do além. A verdade é que tanta calmaria, passarinhos e verde fazem a gente se sentir num pedacinho do céu”, diz ele.
CEMENTERIO DE LA RECOLETA • Argentina São quatro quarteirões de área pública, em Buenos Aires, com obras de arte esculpidas em bronze e mármore. É a necrópole mais luxuosa da América Latina e o passeio consta de diversos roteiros e guias de viagem. O túmulo mais visitado é o de Eva Perón. CEMITÉRIO DO PÈRE LACHAISE • França Paris é romântica até nos lugares mais improváveis. Passeios de mãos dadas, piqueniques e muitas fotos são comuns entre os túmulos de Jim Morrison, Allan Kardec, Balzac, La Fontaine, Molière, Sarah Bernhardt, Proust, Oscar Wilde, Danton, Edith Piaf, Irmãos Lumière, Isadora Duncan e Chopin. SPOOKY CEMETERIES • Estados Unidos Em Nova Orleans, as visitas guiadas levam a cenários de histórias de mortos vivos. São tours muito populares na cidade. Como o solo é muito encharcado, os caixões não podem ser enterrados, ficando em “casinhas” sobre o chão. O St. Louis #1 é o mais antigo da cidade, aberto em 1789. No Cemitério Lafayette foram filmadas cenas do filme Entrevista com Vampiro. E pelas ruas do French Quarter se tomam conhecimento de hitórias de fantasmas e de espíritos “residentes”.
Pedidos e flores para Eva Perón, lágrimas para Jim Morrison ou histórias de assombração: muitos motivos levam curiosos a cemitérios
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DA DISCÓRDIA Nova liminar dá continuidade ao projeto da Linha 17 – Ouro, do Metrô. Saiba por que o caso está na Justiça
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ão complicado quanto chegar a um consenso entre milhares de pessoas, cada uma com uma opinião e interesse próprio, é exercer a democracia. O debate sobre a construção da Linha 17 – Ouro, do Metrô, é uma dessas situações em que, seja qual for a solução, dificilmente agradará a gregos e troianos. Tanto que a discussão virou caso de justiça. A princípio, o Tribunal de Justiça (TJ) concedeu uma liminar que paralisou a licitação, mas, em segunda instância, no mês de julho, os juízes deram ganho de causa ao Metrô, permitindo a continuidade do projeto. Os argumentos são vários e incluem a preocupação com o meio ambiente. “Na verdade, a questão antes não era ambiental. Ainda não há nada que possa autorizar uma conclusão definitiva sobre os impactos da obra. Contudo, o juiz de primeiro grau entendeu conveniente paralisar a licitação, pois havia periculum in mora (irreparabilidade do mal, se não fosse paralisada), atuando de acordo com os princípios de prevenção e precaução”, afirma o desembargador Renato Nalini, da Câmara Reservada ao Meio Ambiente, do TJ, que compôs a equipe julgadora do caso. O que levou à decisão em favor do Metrô foi uma análise do cotejo entre
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os valores em questão. “O que é pior para São Paulo: permitir o adensamento do trânsito, fazer com que milhares de carros continuem a ocupar aquelas ruas do Morumbi ou viabilizar um veículo que se promete silencioso, não poluente, capaz de reduzir o tráfego?”, diz Nalini. Para ele, trata-se de uma questão de “mal menor”. “Não há possibilidade de qualquer intervenção na cidade que deixe de representar uma agressão ao ambiente, mas é possível escolher o caminho do mínimo prejuízo ambiental”, afirma o desembargador. “É preciso colocar sobre os pratos da balança o interesse da população, que le-
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47 gitimamente defende a beleza e o verde do Morumbi, e o interesse de toda uma comunidade que extrapola os limites do bairro.” ENTENDA O CASO Com 17,9 quilômetros de extensão, de ponta a ponta, e 18 estações, o trecho em monotrilho vai ligar a Linha 1 – Azul, a partir da Estação Jabaquara, à Linha 4 – Amarela, na futura Estação São Paulo-Morumbi. E vai colocar o aeroporto de São Paulo, com a construção da Estação Congonhas, no circuito do transporte público sobre trilhos. A proposta é que ela ainda cruze as avenidas Roberto Marinho e Washington Luís, atravesse a Marginal Pinheiros, passe pela Avenida Jorge João Saad e acompanhe parte da Avenida Perimetral na direção do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, do São Paulo Futebol Clube. Técnicos do Metrô preveem que o primeiro trecho da linha, de Congonhas à Estação Morumbi (Linha 9 – Esmeralda,
O S P R Ó S • Coloca o aeroporto de Congonhas no circuito do transporte público sobre trilhos. • Emite menos ruídos que o metrô, por usar tração elétrica e pneus de borracha, e não polui o ar. • Tem prazo para construção mais rápido que o metrô, que necessita de obras subterrâneas. O S C O N T R A S • Por passar por cima do solo, intervém na paisagem urbana e em áreas verdes. • Transporta cerca de 50% menos pessoas que o metrô. • Pelo mesmo valor (cerca de 4 bilhões de reais), poderiam ser construídos dez vezes mais corredores de ônibus.
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da CPTM), entre em operação em 2014. Mas até lá há muitas questões em discussão. transporte Uma delas é a eficiência do sistema. O monotrilho constituise em um trem com tração elétrica e sustentação por pneus, que se desloca sobre e “abraçado” a uma viga-guia de concreto. Por cima das ruas, e não por baixo da terra como o metrô, suportado por pilares. “A principal diferença está na capacidade de transporte, entre 20.000 e 40.000 usuários por hora por sentido, ante a capacidade mínima empregada para a escolha do sistema convencional de metrô, que é de 60.000 usuários por hora por sentido”, diz o coordenador de projetos do Metrô, Ivan Piccoli. Em 2014, seriam 252.000 pessoas atendidas por dia. “Essa capacidade é adequada à demanda, com as mesmas qualidades tecnológicas e de conforto e segurança do sistema convencional. Sendo que o monotrilho tem prazo de implantação reduzido, não emite gases e provoca ruído muito inferior ao do metrô.” A previsão é que em 2030 o número de pessoas atendidas diariamente passará a ser de 425.000, com o funcionamento pleno da linha. O pesquisador do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo Adalberto Maluf, porém, tem argumentos contrários. Começando pelo custo. A previsão atual é que a obra demande 3,1 bilhões de reais, mas Maluf acredita que ela deve acabar absorvendo perto de 4 bilhões de reais. “Com o mesmo valor seria possível construir dez vezes mais quilômetros de corredores de ônibus, que têm capacidade para 30.000 pessoas por hora por sentido, integrando toda a região metropolitana de São Paulo, onde há 15 milhões de pessoas que usam esse tipo de transporte diariamente”, afirma. “O investimento tem de gerar eficiência.” PLATAFORMA SUSTENTÁVEL Maluf admite que, como não polui nem emite ruídos, o sistema é muito bom ambientalmente. “Porém, se considerarmos a sustentabilidade financeira do empreendimento, certamente a conta ambiental não fechará”, diz o pesquisador. Ele explica que, se o sistema for deficitário, as tarifas do monotrilho (e dos ônibus, consequentemente) terão de subir todos os anos, fazendo com que mais pessoas abandonem o transporte público, migrando para motos e carros velhos. “Os monotrilhos podem funcionar para aplicações internas em aeroportos ou parques de diversão, que necessitam de transporte de menor capacidade e podem cobrar altas tarifas. Mas no caso da Linha 17 – Ouro, por que não investir em ônibus híbridos e elétricos e ajudar a indústria nacional a desenvolver as novas tecnologias do futuro?” Outra polêmica, que se refre à questão ambiental, está relacionada ao trajeto. O projeto alternativo do vereador José Rolim (PSDB), que tem escritório político sediado na comunidade de Paraisópolis, sugere que o caminho passe pela Avenida João Dias e siga em direção ao Estádio do Morumbi, percorrendo toda a extensão da Perimetral. “Assim, seria evitada a intervenção em áreas verdes (perto do supermercado Extra da Marginal Pinheiros) que está incomodando muitos moradores.” Nos bastidores, dizem que o real motivo da reclamação é que o traçado proposto pelo Metrô colocaria a “minhoca de metal” no ângulo de visão dos moradores dos prédios de alto padrão – e os colocaria na mira dos passageiros que ousarem olhar pela janelinha do vagão, que circulará por vias suspensas.
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Ilustração mostra o paisagismo que será aplicado à linha: corredores verdes e locais de lazer
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O vereador ainda afirma que, dessa forma, o trajeto passaria pela Estação Capão Redondo, da Linha 5 – Lilás, aumentando o número de usuários, pois atenderia as pessoas que desembarcam no terminal de ônibus junto a essa estação. Mas Piccoli diz que não é bem assim, que essa alternativa foi descartada em razão de não agregar número tão significativo de usuários. “Além disso, se implantada, a proposta impactaria significativamente no aumento do tempo de viagem da maioria dos usuários por fazer um percurso maior do que o necessário ao atendimento da demanda da região de Paraisópolis e Morumbi. E aumentariam os custos operacionais e de manutenção, pois haveria a necessidade de crescimento da frota de trens.” Rolim também defende uma reivindicação da população de baixa renda: uma estação próxima ao CEU Paraisópolis. Conforme o diretor de planejamento e expan-
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DESAPROPRIAÇÕES A definição do trajeto também deve levar em consideração as desapropriações que serão necessárias. No caso de ser aprovada uma estação junto ao CEU Paraisópolis, com um traçado que cortasse a comunidade, aumentaria o número de desapropriados. E de problemas para resolver. Afinal, tirar as pessoas de onde moram é sempre desagradável e costuma gerar muitos conflitos. “O expropriado não pode se recusar a sair do imóvel. Nesse caso, pode ser usado o reforço policial, para que o morador desocupe, ainda que contra sua vontade. Mas é importante levar em consideração que as desapropriações possuem caráter social, buscam um bem maior da coletividade. É por isso que o interesse particular não pode se sobrepor ao público”, afirma
o advogado especialista em desapropriação Lucas Patto de Melo e Sousa. “O proprietário tem direito de exigir o pagamento da indenização mais justa e condizente com a realidade imobiliária local, não podendo, entretanto, voltar-se contra a desapropriação.” Ele diz que o primeiro passo é fazer uma avaliação do imóvel. Para isso, é preciso recorrer a empresas de engenharia especializadas, que fazem a avaliação do imóvel ou terreno que será desapropriado e oferecem essa quantia ao particular-expropriado (dono do imóvel). “Nossa experiência mostra que esse valor normalmente é abaixo da realidade imobiliária e, por isso, é importante que o proprietário do imóvel esteja bem assessorado, para que seja alcançado o valor mais próximo ao de mercado.”
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49 LINHA 17 - OURO são do Metrô, Mauro Biazotti, a área será atendida com as duas estações previstas no projeto atual. “A Linha 17 – Ouro terá a Estação Paraisópolis e a Estação Américo Mourano, com acesso pela Perimetral, nas duas extremidades da comunidade. Elas têm 800 metros de distância entre si, mais curta que o padrão de 1 quilômetro, e por isso não faz sentido fazer mais uma estação entre elas, ou deslocar a Estação Américo Mourano para mais perto do CEU”, afirma Biazotti. “Além disso, elevaria muito o número de desapropriações.” (Mais informações na página ao lado). Os porta-vozes do Metrô afirmam que as principais diretrizes urbanas estabelecidas para a Linha 17 – Ouro são coincidentes com as premissas e posturas adotadas na implantação de outras linhas e estações na cidade, como o aterramento das redes elétricas nas áreas diretamente afetadas; constituição de paisagismo e locais de lazer nas áreas remanescentes e de acesso público, que valorizem essas regiões e se integrem aos projetos municipais pela criação de corredores verdes ao longo do percurso da linha; instalação de proteção visual e acústica em trechos da linha, quando necessário; e construção de estruturas com exploração de transparências, com desenho inovador. “A comunidade precisa, sim, se inteirar dos métodos pretendidos pelo Metrô, verificar se é impossível mesmo o metrô subterrâneo, ter acesso aos estudos que recomendaram essa opção. Ficar atenta e redefinir trajetos, se for o caso. Mas, em última instância, prevalecerá o interesse da maioria. É essa a lei da democracia”, diz o desembargador Nalini.
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Salto de asa-delta a partir da Pedra Grande: por R$ 260, voos que duram de 15 a 40 minutos
Academia de Voo Livre de Atibaia Oferece voos duplos de asa-delta e paraglider, que podem durar de 15 a 40 minutos, em um cenário que proporciona uma vista privilegiada da cidade serrana, Pedra Grande. O passeio de asadelta custa a partir de R$ 260 e de paraglider R$ 170. É necessário agendar pelo telefone.
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Cervejaria Nacional Um economista, um publicitário, um chef de cozinha e um consultor em restaurantes se juntaram e resolveram montar um negócio para quem entende (e gosta) de cerveja. A casa é uma fábrica-bar de três andares, que oferece petiscos, sanduíches, carne na brasa e bebidas de todo tipo e, claro, muita cerveja. No
primeiro andar, os clientes podem ver a fabricação das cinco bebidas produzidas lá. Os chopes variam de R$ 6 a R$ 12.
R. Augusta, 1129. Tel. (11) 2615-1129. De qua. a dom., a partir das 18 h. Couvert artístico: R$ 30. Menores de 18 anos devem ser acompanhados por um responsável
R. Pedroso de Morais, 604, Pinheiros. Tel. (11) 3628-5000. Dom., ter. e qua., das 18 às 23 h; qui., das 18 à 0 h; sex. e sáb., das 18 h à 1h30
Grand Hyatt São Paulo
Comedians Comedy Club O clube nasceu da vontade dos comediantes Rafinha Bastos e Danilo Gentilli de ter um espaço próprio para shows. É a primeira casa no Brasil a seguir o formato legítimo de um comedy club americano: além de bar e restaurante, é um teatro que recebe apresentações de stand-up comedy. Vários artistas se apresentam a cada noite. O couvert artístico custa R$ 30. No Dia dos Pais, a programação inclui shows de Bruno Motta, Rafinha Bastos, Nando Viana e Robson Nunes, a partir das 19 horas.
O hotel preparou um dia especial, que começa com o brunch, que será servido das 12h30 às 16 horas, e inclui bebidas não alcoólicas, caipirinha e cerveja, a R$ Amanary Spa: Pacote Zen inclui massagem thai e escalda-pés
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51 150 por pessoa. O Grand Caffè oferecerá um churrasco nos jardins com carnes tradicionais e bufê completo. No Eau French Grill serão preparados pratos, como vieiras em tartar com algas servidas na casca, risoto cremoso com ervilhas e açafrão e Saint Peter acebolado. Além disso, o hotel tem a sugestão de presente especial para os pais no Amanary Spa: o Pacote Zen tem escalda-pés, reflexologia e massagem thai, a R$ 304.
Av. das Nações Unidas, 13301. Tel. (11) 2838-1234 Kart In Que tal realizar o sonho daquele pai que já desejou ser um grande nome do kart? Maior circuito fechado do país, o Kart In tem pistas para os pequenos com mais de 6 anos e até 1,40 metro e para os adultos, além de jogos eletrônicos interativos e fliperama. É preciso ligar para reservar.
Av. Jaguaré, 1133, Jaguaré. Tel. (11) 37144386. De seg. a sex., das 14 h às 23h30; sáb., dom. e feriados, das 9 h às 22h30. Preços: período de meia hora na pista infantil a R$ 32; na adulta, de R$ 52 a R$ 83
Praça Charles Miller – Estádio do Pacaembu. Tel. (11) 3664-3848. De ter. a dom., das 9 às 18 h. Ingresso: R$ 6; é grátis às quintas-feiras Playcenter Quem escolher o Playcenter para passar o domingo do dia 14 contará com 35 atrações, incluindo três montanhas-russas. Até o mês de outubro, sediará a 25a edição das Noites do Terror, com o tema Profecias Macabras. A brincadeira enfocará as previsões do fim do mundo segundo os maias, Nostradamus e os ciganos.
R. José Gomes Falcão, 20, Barra Funda. Tel. (11) 2244-7529. Sáb., dom. e feriados, das 12 às 21 h. Ingresso: R$ 55 (adultos); R$ 32 (crianças de 3 a 10 anos); crianças de até 11 meses e os maiores de 60 anos não pagam. Estacionamento: R$ 25. Cc: Master e Visa Restaurante Emiliano O restaurante oferece, no dia 14, um brunch com 10 tipos de finger food, como a novidade toast de berinjela agridoce e menta. Além disso, tem pratos à la carte, com
destaque para o pernil de cabrito assado com passata de brócolis. No menu também há sobremesas, espumante, bebidas não alcoólicas, vinhos branco e tinto da casa. Pratos e bebidas são servidos à vontade a R$ 165 por pessoa.
R. Oscar Freire, 384, Jardins. Tel. (11) 3068-4390 Unique Garden SPA & Resort Referência em hospedagem de luxo, o hotel oferece pacote especial para o Dia dos Pais entre os dias 12 e 14. Inclui café da manhã e almoço, acesso às piscinas, jacuzzi, campo de golfe, estúdio de Pilates, quadras de tênis e outras atividades do fitness center. O chef Daniel Aquino preparou um almoço especial para o domingo, que será acompanhado de show do duo Ana Brasil e Ronaldo Peres. Os hóspedes contarão ainda com uma estação de coquetéis. A partir de R$ 2.930 o casal, com duas noites.
Estrada Laramara, 3500, Mairiporã, SP. Tel. (11) 4486-8708. www.uniquegarden.com.br
Museu do Futebol: interatividade e alta tecnologia para pais e filhos
Museu do Futebol O museu já recebeu a visita de mais de 1 milhão de pessoas, número capaz de lotar 12 estádios como o Maracanã ou 25 como o Pacaembu. Tem 15 salas temáticas, como a dos Gols, a de Rádio e TV, dos heróis e das Copas do Mundo, que contam a história do futebol por meio de fotografias, objetos antigos, vídeos e projeções. O museu também abriga o Bar do Torcedor, um espaço inspirado no esporte.
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Funghi misto: funghi e shiitake com creme de leite fresco Acquarello Irmão mais novo do Bananeira, o Acquarello pertence ao mesmo chef, Mauricio Ganzarolli, e deseja ser um “italiano de qualidade no bairro”. Os dois restaurantes funcionam lado a lado e dividem o estacionamento. A comida e os ambientes são leves e despretensiosos. Só abre para o jantar. Boas pedidas: o risoto de alcachofrinhas com o lombo de cordeiro (R$ 59). Outra boa pedida é partir para o menu com uma entrada, três degustações e sobremesa, por R$ 59.
R. Marechal Hastimphilo de Moura, 419. Tel. (11) 3507-5001. Ter. a sex., das 19 à 0 h; sáb., das 12 às 16 h e das 19 à 0 h; dom. e feriados, das 12 às 17 h. Cc: todos Almanara O restaurante serve, há mais de 60 anos, pratos típicos da culinária árabe com toques da gastronomia brasileira. No cardápio, uma grande variedade de opções, como o homus (R$ 16,65), o quibe cru (R$ 25,80) e o tabule (R$ 24,90).
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MorumbiShopping – Av. Roque Petroni Jr.,
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1089. Tel. (11) 5181-7770. Todos os dias, das 11h30 às 23 h. Cc.: todos
Atmosphere Bistrô e Bar Reinaugurado há pouco tempo, o charmoso bistrô renova constantemente seu menu. Agora, oferece cinco opções de cremes e sopas, dentre elas o creme de funghi misto, por R$ 26. Outra novidade é o Pastel de Choclos, uma tradicional receita chilena com milho-verde, carne, frango, azeitona, uva-passa e cobertura de açúcar queimado, a R$ 18. A casa também oferece almoço executivo, happy hour, jantar e chá da tarde.
R. Marechal Hastimphilo de Moura, 233. Tel. (11) 3743-6039. Dom. a qui., das 11 à 0 h; sex. e sáb., das 11 à 1 h. Cc: Visa, Amex e Master Bananeira Oferece uma viagem gustativa e olfativa por diversas regiões brasileiras. A construção, de madeira e sapê, lembra os bangalôs de Trancoso. Os pratos são preparados
com ingredientes típicos nacionais e seguem um conceito de simplicidade, buscando exaltar os sabores genuínos. A costela de tambaqui na brasa é um dos hits, e a bapioca (mistura de banana com tapioca) é a sobremesa mais famosa da casa. As novas versões da caipirinha inventadas por lá ganharam um toque picante com pimenta-biquinho, xarope de banana e tangerina.
R. Mal. Hastimphilo de Moura, 417. Tel. (11) 3542-4630. Ter. a sex., das 19 a 0 h; sáb., das 12 a 0 h; dom., das 12 às 18 h. Cc.: todos Casa da Fazenda Casarão construído no século XIX, com mais de 8.000 metros quadrados de jardim, oferece pratos clássicos paulistanos durante o almoço, como a Virada Paulista (R$ 42), às segundas-feiras, e o bife à parmegiana, às quintas-feiras (R$ 45). Sopas, saladas, massas, risotos, carnes e sobremesas compõem o menu, que tem como destaque o prato de carneseca com quibebe (R$ 59).
Av. Morumbi, 5594. Dom. e seg., das 12 às 17 h; ter. a sáb., das 12 às 17 h e das 19 às 23 h. Cc: Amex, Dinner, Master e Visa
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TUDODEBOM RESTAURANTES gue e miúdos suínos) e o carneiro. A casa oferece mais de 30 opções de acompanhamentos no bufê. Almoço, R$ 64,90; jantar, R$ 59,90.
Av. Dr. Guilherme D. Villares, 2394. Tel. (11) 3744-7450. Seg. a qui., das 11 às 15 h e das 18 às 23 h; sex. e sáb., das 11 a 0 h; dom., das 11 às 22 h. Cc: todos
Due Cuochi Cucina Espaço aconchegante e dedicado à cozinha italiana. Entre os pratos, destacam-se o ravióli de maçã e shimeji ao creme de gorgonzola (R$ 53,50), o coelho assado com tagliolinni na manteiga (R$ 59,50) e a lasanha de bacalhau aos três pimentões e brócolis (R$ 56). Paulo de Barros, responsável pela cozinha, ganhou o prêmio Chef do Ano da revista Prazeres da Mesa em 2008. Recomenda-se fazer reserva.
Shopping Cidade Jardim - Av. Magalhães de Castro, 1200. Tel. (11) 3758-2731. Seg. a sáb., das 12 às 16 h e das 19h30 à 0 h; dom., das 12 às 20 h. Cc: Visa, Master, Diners, Amex e VR Smart Lasanha de bacalhau Caviar do restaurante Chalezinho
Chalezinho
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Famoso por servir fondues o ano inteiro, tem como grande novidade a fondue de caviar Petrossian, servido com queijos de alta qualidade, pães e molhos. Serve duas pessoas e sai por R$ 350. No cardápio, também vale provar a especialidade da casa, as fondues preparadas em consomê de vinho acompanhadas com cesto de torradas e os nove molhos chalezinho (R$ 98, para duas pessoas).
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R. Itapimirum, 11, Panamby. Tel. (11) 3501-9322. Dom. a qui., das 18 à 0 h; sex. e sáb., das 18 às 2 h. Cc: Visa, Master, Amex e Dinners Churrascaria Pancho Verde Fundada por gaúchos há mais de 20 anos, é consagrada pela qualidade das carnes, preparadas de forma a combinar tradição com as modernas técnicas. Entre os grelhados se destacam o bife ancho, a morcilha espanhola (chouriço feito com san-
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Inside Grill & Salad Com decoração moderna e cosmopolita, inspirada pelas casas de Nova York e Chicago, a Steak House combina objetos retrôs, elementos contemporâneos e menu variado, que acaba de ser reformulado. Vale provar novidades como o Shrimp Sofiole, massa recheada com bobó de camarão, servida ao molho branco, a R$ 32, e o King Ribs, costelinha suína grelhada servida com molho barbecue, acompanhada de mashed potato, nachos de milho e mix de queijos, por R$ 64.
R. Pasquale Gallupi, 39, Morumbi. Tel. (11) 3501-5748. Seg. a sex., das 12 h às 15h30 e das 17h30 à 1 h; sáb., dom. e feriados, das 12 à 1 h. Cc: todos Mabella & TonTon: o delicioso Phily Burguer Taco Burguer do restaurante Inside
Foto Tadeu Brunelli
Mabella & TonTon
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Vale uma visita à steakhouse depois da reforma no ambiente e no menu. Além dos tradicionais, o cardápio ganhou pratos mais leves, como os que levam peixe e salada. Um deles é o atum com purê de mandioquinha (R$ 51). Os cortes de carne especiais são a marca da casa e ganharam nova opção: o Kobe Beef argentino, carne produzida especialmente para a casa e que é oferecida tanto em picanha (R$ 85) quanto em costela (R$ 65).
R. Jerônimo Veiga, 153, Itaim Bibi. Tel. (11) 3079-1049. Seg. a qui., das 12 às 15 h e das 19 às 23 h; sex. e sáb., das 12 à 0 h; dom., das 12 às 17 h
Outback A rede, com 800 restaurantes só nos Estados Unidos, simula uma casa interiorana da Austrália. As porções são generosas, como o rib´s on the Barbie, costela de porco defumada e grelhada com molho barbecue. Como entrada, é obrigatório pedir a cebola empanada gigante, servida com pão típico. Há também pratos especiais para crianças até 12 anos, para quem tem colesterol alto, alergia ou outras restrições. De segunda a sexta-feira, das 18 às 20 h, a casa oferece o Billabong Hour, um happy hour especial: a compra de uma bebida alcoólica dá direito a outra igual.
R. Mal. Hastimphilo de Moura, 641. Tel. (11)
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Per Paolo
Per Paolo: costeletas de cordeiro
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A decoração da casa faz referência a uma Itália moderna, com toques de bistrô romano. O cardápio contempla vasta seleção de bruschettas que valem por uma refeição, como a de bacalhau desfiado com azeitonas pretas (R$ 25,30). Os carros-chefes são as massas de produção própria, que vão do tradicional nhoque de batata à bolonhesa (R$ 31,50) a criações especiais, como o ravióli de mascarpone e aspargos (R$ 42,80).
Shopping Jardim Sul – Av. Giovanni Gronchi, 5.819. Tel. (11) 3744-4142. Dom. a qua., das 11h50 às 22 h; qui. a sáb., das 11h50 às 23 h Tadashii O cardápio destaca-se pela variedade de entradas, pratos, temakis e sobremesas. Além dos combinados, há pratos especiais, como o salmão ao molho de maracujá (salmão grelhado ao azeite, gohan com brócolis, shiitake e molho tare) e o curry rice (frango empanado, gohan e legumes ao molho curry).
R. Jamanari, 40. Tel. (11) 2579-7777. Ter. a qui., das 12 às 15 h e das 19 às 23 h; sex., das 12 às 15 h e das 19 a 0 h; sáb., das 13 às 16 h e das 19 a 0 h; dom., das 13 às 16 h e das 19 às 22 h. Cc: todos
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TUDODEBOM PIZZARIAS
Pizza de morango, da 1900
1900 A mais recente das seis unidades da pizzaria, foi inaugurada em abril de 2011, no Morumbi. O ambiente moderno se contrapõe ao cardápio tradicional igual em todas as unidades. Entrega em casa e executa festas e eventos.
R. Dr. Fonseca Brasil, 282, Panamby. Tel. (11) 3129-1900. Dom. a qui., das 18 à 0 h; sex. e sáb., das 18 à 1 h. Cc: todos
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A Esperança A pizzaria “cinquentona” é famosa pela massa, pela variedade de sabores e a qualidade dos ingredientes. Vale a pena experimentar a especialidade, que leva o nome da casa. A Esperança é
feita de molho de tomate, mussarela de búfala, tomate seco, alcaparras, parmesão ralado e manjericão. Faz entrega.
Av. Morumbi, 8185. Tel. (11) 5533-5743. Dom. a qui., das 18 à 0 h; sex. e sáb., das 18 à 1 h. Cc: Master, Visa, Sodexo, Smart, Visa Vale, TR Babbo Giovanni A casa oferece mais de 60 opções de pizzas. Vale conferir a mais exótica, a Venezia, que leva molho de tomate, mussarela e linguiça de javali (R$ 52).
R. Jamanari, 335. Tel (11) 2579-7777 Camelo O carro-chefe da casa, acredite, é
a porção de frango a passarinho (R$ 36,50): nenhum frequentador de longa data sai de lá sem pedir uma. Quanto às pizzas, a especialidade é a Camelo (escarola temperada com aliche, ovos, palmito, bacon e azeitonas pretas, por R$ 57. Casa sempre lotada.
R. Hastimphilo de Moura, 73. Tel. (11) 3747-4450. Dom. a qui., das 18 à 0 h; sex. e sáb., das 18 à 1 h Cia. Brasileira de Pizza A pizzaria, criada em 1995, possui muitos clientes assíduos. São mais de 50 tipos de pizza e calzones, incluindo sabores como salmão e bacalhau. Às quartas, o ambiente fica mais romântico,
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R. dos Três Irmãos, 176. Tel. (11) 3721-2985. Ter. a qui. e dom., das 18 h às 23h30; sex. e sáb., das 18 à 0 h. Cc: todos Empório da Vila A pizzaria-restaurante tem quatro ambientes: dois decks, um bar independente e uma área reservada para pequenas confraternizações. Além de massas, risotos e saladas, oferece mais de 50 tipos de pizza. Não deixe de pedir um dos sabores com queijo brie, como a de abobrinha (R$ 46) e a de funghi (R$ 46). R. Dr. Fonseca Brasil, 108. Tel. (11) 3467-4069.
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Mercatto A casa é resultado da experiência de viagens pelo mundo inteiro e do contato com a cultura e as gastronomias diferentes que o dono, Paulo Maia, adquiriu pela vida. Há as pizzas tradicionais, as especiais, as light e as doces. Criações da casa são boas opções, como a Napoli in Mercatto, com manchas de queijo roquefort sobre molho de tomates frescos e bem temperados (R$ 48).
R. Hastimphilo de Moura, 93. Tel. (11) 3746-6634. Todos os dias, das 18 à 0 h Ambientes da pizzaria Mercatto
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TUDODEBOM OUTLETS Arsenal A ponta de estoque vende acessórios, roupas masculinas e femininas de grandes marcas nacionais e internacionais com descontos de até 70%.
R. José Janarelli, 585. Tel. (11) 37216239. Seg. a sex., das 10 às 19 h; sáb., das 10 às 18 h Ellus Coleções passadas da grife de moda jovem masculina e feminina com 50% de desconto. Às vezes, oferece peças da coleção atual.
Shopping SP Market – Av. das Nações Unidas, 22540. Tel. (11) 5523-2777. Seg. a sáb., das 10 às 22 h; dom., das 14 às 20 h Guaraná Brasil A unidade do SP Market vende apenas coleções passadas da marca de verão, com descontos de até 70%, e inverno, com descontos que chegam a 50%.
Shopping SP Market – Av. das Nações Unidas, 22540. Tel. (11) 5523-2777. Seg. a sáb., das 10 às 22 h; dom., das 14 às 20 h
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Til Off: objetos de decoração e móveis com descontos de até 40%
pela cidade. As clientes podem misturar marcas, tamanhos, cores e tendências.
das, 22540. Tel. (11) 5522-6308. Seg. a sáb., das 10 às 22 h; dom., das 14 às 20 h
Mix Store O maior destaque da loja é a variedade de produtos: roupas de festas, lingeries, sapatos e acessórios para mulheres, homens e crianças. Marcas famosas como Zara, Iódice, Calvin Klein e Tommy Hilfiger enchem as prateleiras e araras.
R. Regente Leon Keniefsky, 731, loja 11. Tel. (11) 2894-4243. Seg. a sex., das 9 às 19 h; sáb, das 9 às 18 h
Til Off A loja é a ponta de estoque do Espaço Til e trabalha com tapeçaria, mobiliário e decoração. Lá, almofadas, tapetes, poltronas e mesas têm descontos de 30% a 40% sobre os preços originais.
R. Jamanari, 330. Tel. (11) 3501-6513. Seg. a sex., das 9h30 às 19 h; sáb., das 9h30 às 18 h; dom., das 12 às 18 h
Av. Guilherme Dummond Villares, 693. Tel. (11) 3502-3665. Seg. a sex, das 9h30 às 19h30; sáb., das 9h30 às 18 h
Outlet Lingerie Descontos de até 70% em calcinhas, sutiãs, pijamas, meias e camisolas de marcas como Scala, Forum Lingerie, Hope e Puket. O outlet se consagrou como o maior do ramo e tem várias lojas
Reebook Mais de 3.000 itens em ofertas de tênis, camisetas, jaquetas, agasalhos, roupas de ginástica, bolsas, mochilas e outros acessórios da marca, fabricados no Brasil pela Vulcabrás.
Ponta de Estoque Donna Dorff Junto à coleção nova, sapatos, sandálias e sapatilhas de coleções antigas da marca são vendidos com descontos de 20% a 50%.
Shopping SP Market – Av. das Nações Uni-
R. Dr. Fonseca Brasil, 221. Tel. (11) 37467044. Seg. a sex., das 9h30 às 19 h; sáb., das 10 às 18 h Victor Hugo Bolsas, carteiras e cintos de coleções antigas com até 80% de desconto. Peças atuais com pequenos defeitos na loja também são vendidas com descontos.
Shopping SP Market – Av. das Nações Unidas, 22540. Tel. (11) 5681-9161. Seg. a sáb., das 10 às 22 h; dom., das 14 às 20 h
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TRANSPARENTE E SOLTA NO AR Bem ali na Avenida Morumbi, escondida sob frondosas árvores, está um ícone da arquitetura modernista: a casa flutuante de Lina Bo Bardi. Reformada e aberta a visitação Por Ana Paula Kuntz | Fotos Carol Gherardi
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Sessentona: concluída nos anos 50, a residência guarda vestígios da vida pessoal dos antigos moradores, como o quarto do casal
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izem que ela foi a primeira residência construída no Jardim Morumbi. Mas não é isso que faz dela uma obra famosa. A importância artística e arquitetônica da Casa de Vidro é reconhecida muito além das margens do Rio Pinheiros. Concluído há exatos 60 anos, o projeto supermoderno da arquiteta italiana Lina Bo Bardi (1914-1992) ganhou notoriedade internacional pela ousadia de sua forma e estrutura, que, além de proporcionar uma integração incomum com o meio externo, ainda dão a impressão de que a casa está levitando. Após uma reforma de manutenção, a casa em que viveu Lina e o marido, Pietro Maria Bardi (1900-1999), pode ser vista em toda a sua clareza, transparência e elegância em visitas préagendadas. Sustentada por tubos de
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aço e com laje de concreto armado, o imóvel tem as laterais envidraçadas do chão ao teto. Somente a ala dos quartos tem paredes de alvenaria. De dentro da sala, a sensação é de se estar em um aquário. Ou em uma casa na árvore. Quando foi construída em um terreno de quase 7.000 metros quadrados, o bairro ainda era uma região rural, com ares de fazenda. No decorrer dos anos em que Lina viveu lá com o marido, foram crescendo grandes árvores que transformaram o terreno em um pequeno e charmoso bosque. A Casa de Vidro foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e também faz parte do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). E hoje é a sede do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi,
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Muita luz: na sala, com laterais envidraçadas, há móveis projetados por Lina (abaixo) e obras da coleção de Pietro, como a estátua de 2.000 anos trazida da Itália
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abrigando em seu interior vestígios da vida pessoal do casal e um riquíssimo acervo de seu trabalho. Alguns dos móveis da casa ainda são originais: há cadeiras projetadas por Lina e uma estátua de mármore de Carrara, com cerca de 2.000 anos, trazida por Pietro da Itália. Ao lado da lareira, que é acesa nos dias frios, ainda podem ser vistos os discos de vinil junto à vitrola. Nos guarda-roupas do corredor dos dormitórios, pequenos objetos de arte popular brasileira, especialmetne esculturas rústicas de barro e cerâmica, são cuidadosamente mantidos pela diretoria do instituto. “Lina admirava a arte popular e ensinou os brasileiros a valorizar seus artistas. Ela dava a mesma importância para um bonequinho esculpido por artesão ribeirinho e um quadro a óleo feito por um pintor de renome”, afirma a diretora, Anna Carboncini. Da produção profissional de Lina, que veio para o Brasil em 1946, há cerca de 10.000 obras – desenhos, proje-
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tos, gravuras, ilustrações e registros fotográficos. Entre eles é possível ver a história da arquitetura modernista, o desenvolvimento de cada projeto – como o passo a passo da construção do Museu de Arte de São Paulo (Masp), finalizado em 1968 – e até conhecer algumas ideias que nunca saíram do papel, a exemplo do projeto do museu do Instituto Butantan. “Nosso grande desafio é catalogar tudo isso, para facilitar o acesso às informações buscadas por pesquisadores”, diz o diretor do Instituto, Giuseppe D’Anna. “Mais do que visitantes curiosos, recebemos grupos de profissionais de engenharia e arquitetura para estudar as obras de Lina e buscar referências. Recebemos gente da Europa, da Nova Zelândia e de outros países.” Ele deixa claro que a casa não é um museu – nem há essa pretensão. Contudo, está aberta a visitação, contanto que seja feito o agendamento pelo e-mail visita@ institutobardi.com.br. ENDEREÇO: Rua General Almério Moura, 200 (altura do 5500 da Avenida Morumbi) Pequenos valorizados: no armário, a coleção de arte popular brasileira. No piso (detalhe ao lado), o revestimento de pastilhas ainda é o original da época da construção
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