Petrobras

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Natureza garantida Histórias que mostram um Brasil que produz energia de ponta, com responsabilidade e sustentabilidade

PATROCÍNIO:

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APOIO:

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SUMÁRIO

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Amazônia: Exploração e cuidados com a floresta

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Entrevista: José Sergio Gabrielli fala so bre projetos atuais e futuros

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Biodiesel: Aposta nos combustíveis renováveis

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Cultura: Cidadania pela arte

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Fome Zero: Programa social transformou vidas Mariella Lazaretti Fábio Santos • EDITORA Fábia Prates ASSISTENTE DE ARTE Eduardo Galdieri • REVISÃO Paulo Pompêo COORDENAÇÃO EDITORIAL

DIREÇÃO DE ARTE

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A BRASILEIRA ENGAJADA esde sua criação em 1953, a Petrobras cresceu, ampliou sua área de atuação para outros 27 países, tornou-se referência mundial no setor de energia e conquistou internamente respaldo da sociedade brasileira. Hoje, ela é identificada por especialistas e Ongs como a principal empresa na área de responsabilidade social corporativa do país. A empresa lidera o ranking do relatório Responsabilidade Social Corporativa (RSC) 2007, que mede a sensibilidade dos brasileiros às empresas com melhores práticas nessa área. A percepção dos 800 entrevistados pela Market Analysis, em oito capitais, parceria com os institutos Ethos e Acatu, está alinhada com o reconhecimento internacional que a Petrobras conquistou. Por atender aos padrões internacionais de responsabilidade social e ambiental, a empresa integra o Dow Jones Sustainability Index (DJSI) e o Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa, o que a deixa entre as oito companhias mundiais de petróleo e gás, e uma das seis empresas brasileiras mais engajadas na questão da sustentabilidade ambiental. “O reconhecimento do brasileiro e da comunidade internacional tem razão de ser. Ao longo dos seus pouco mais de 50 anos de vida, a Petrobras perseguiu excelência e auto-suficiência na produção de petróleo e gás, e na busca de novas alternativas energéticas”, explica o gerenteexecutivo de Comunicação Institucional, Wilson Santarosa. Ao mesmo tempo, cercou-se de um amplo cuidado para tratar as questões sociais e ambientais das comunidades onde atua. A missão da empresa já contempla essa preocupação; “Atuar de forma segura e rentável, com responsabilidade social e ambiental, nos mercados nacional e internacional, fornecendo produtos e serviços adequados às necessidades dos clientes e contribuindo para o desenvolvimento do Brasil e dos demais países onde está presente”, reforça Santarosa.

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A excelência da Petrobras ultrapassa a produção de combustíveis e hoje atinge os mais altos padrões internacionais de responsabilidade social Muito antes de o conceito de sustentabilidade tornar-se obrigatório para qualquer empresa séria e que projeta vida longa para seus negócios, a Petrobras já trabalhava dessa forma. Há inúmeros exemplos disso, mas uma boa vitrine desse esforço são as ações desenvolvidas na Amazônia em torno do centro de produção de petróleo e gás de Urucu, no município de Coari. Os cuidados ambientais e sociais estão presentes desde o primeiro momento em que o ouro negro jorrou pela primeira vez daquelas terras, em 1986. De lá pra cá, essas ações seguem firmes em projetos locais com as muitas comunidades vizinhas e num grandioso levantamento de informações da região, hoje um dos maiores estudos ambientais em curso no Brasil. O projeto Piatam respalda as tomadas de decisões e as ações da empresa na região e subsidia o Brasil com dados fundamentais para a ocupação da Amazônia. Portanto, é também um projeto de soberania do país. A atuação da Petrobras na área de sustentabilidade não se restringe às grandes intervenções, mas também aceita o desafio de manter uma base produtiva no coração da floresta. Essa presença dissemina-se em projetos espalhados por todas as regiões brasileiras e com penetração muito além das fronteiras da produção energética.

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“Ela é, por exemplo, a maior patrocinadora de cultura do país, apoiando propostas na área de cinema, música, dança, teatro, artes plásticas e literatura. Por intermédio do Programa Petrobras Cultural, atua tanto na viabilização de novas produções como na recuperação de acervos e peças do patrimônio histórico nacional. É isso que ocorre, por exemplo, com o acervo do cineasta Glauber Rocha, recuperado graças aos recursos da Petrobras”, detalha Santarosa. Numa relação de importância, a obra do baiano Glauber está para o cinema nacional assim como a Amazônia está para a biodiversidade do país. Ambas são fundamentais. A empresa reserva recursos ainda para inúmeras outras ações de sustentabilidade. O Programa Petrobras Ambiental, por exemplo, apóia projetos de preservação de espécies e tem-se concentrado desde 2003 em medidas que privilegiem a gestão dos recursos hídricos. “Cuidar da água doce e do mar com sua biodiversidade é estratégia fundamental num momento em que se discute a finitude desse bem. Igualmente importantes são os projetos de patrocínio social, como foi o Petrobras Fome Zero, realizado entre 2003 e 2006, e que será relançado com novo nome e novas regras neste ano. Nesse período, foram quase R$ 386 milhões investidos em projetos de geração de trabalho e renda; de educação e qualificação profissional de jovens e adultos; e de garantia dos direitos da criança e do adolescente”, afirma Santarosa. Há ainda recursos destinados para o estímulo ao esporte. Tanto em grandes nomes, como para as seleções brasileiras de handebol, masculina e feminina (ganhadoras da medalha de ouro do Panamericano Rio 2007), como para pequenos projetos criados para estimular a inserção social. Em 2006, os recursos destinados para investimentos em projetos sociais, ambientais, culturais e esportivos chegaram a quase R$ 591 milhões. Neste encarte especial, conheceremos alguns projetos viabilizados pelas mãos da empresa.

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AMAZÔNIA

AMAZÔNIA, DESAFIOVENCIDO Com comunidades e o meio ambiente preservados, a produção de petróleo na Base de Operações em Urucu é um exemplo internacional A exploração e produção de petróleo e gás na província petrolífera de Urucu, no coração da Amazônia, é um dos melhores exemplos de que é possível conciliar desenvolvimento econômico com preservação ambiental. Instalada na região desde a sua criação, em 1953, a Petrobras desenvolveu, ali, um modelo de produção sofisticado, concebido por equipe multidisciplinar integrada por técnicos e cientistas de várias áreas, cuja principal preocupação foi garantir ao limite a convivência harmoniosa entre a atividade econômica e o meio ambiente. Esse modelo único, idealizado desde os primeiros passos da empresa no interior da maior floresta do mundo é, hoje, referência internacional estudada por profissionais e acadêmicos de vários países. Um modelo que vem desde os anos 80, quando um grupo de dez cientistas renomados foi convidado para estabelecer um plano de ocupaFuncionários da empresa trabalham na Amazônia

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ção da área que não interferisse no ecossistema. E que vem se aperfeiçoando ao longo dos anos, culminando, em 2006, com a elaboração de um novo Plano Diretor de Sustentabilidade para as atividades da companhia na região. Assim como aconteceu nos anos 80, a Petrobras decidiu mais uma vez abrir o tema para uma ampla discussão pública, no mesmo ano, reunindo personalidades com reconhecida atuação na área ambiental e envolvidas com o projeto de construção de uma sociedade econômica e socialmente sustentável na Amazônia. Nesse encontro, foram debatidos assuntos relacionados ao gerenciamento da produção, à segurança, às tecnologias e ao andamento da ocupação econômica e social da região. A partir daí, foram definidas 67 diretrizes que passaram a balizar o futuro das atividades da companhia na região. Uma preocupação mais que justificável, já que na província de Urucu, no município de Coari, a Petrobras localizou a maior reserva brasileira de gás natural em terra e um dos mais importantes mananciais de óleo leve, de alta qualidade e valor comercial. Hoje a Petrobras produz, na base de Urucu, localizada 680 quilômetros a sudoeste de Manaus, em plena selva, uma média de 10 milhões de metros cúbicos de gás e 53 mil barris de óleo e condensado de pe-

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foto: divulgação petrobras

tróleo por dia. Além disso, Urucu responde pela produção diária de aproximadamente 1,2 tonelada de gás liquefeito de petróleo (GLP), volume capaz de abastecer sete estados da região Norte e parte do Nordeste. Esse volume faz do Estado do Amazonas o maior produtor terrestre de gás natural. Conciliar o desenvolvimento da produção de acumulações minerais tão importantes para o país quanto o gás e o óleo leve de Urucu com a delicadeza e a biodiversidade da maior reserva florestal do planeta foi, e continua sendo, o maior desafio da Petrobras na Amazônia. “A orientação era fazer a ocupação com respeito total à região e sem alterar a vida das comunidades nativas”, lembra José Carlos Laurindo de Farias, gerente de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) da área de Exploração e Produção da companhia. Um das maiores preocupações na interferência que se faria no meio ambiente foi evitar um ciclo migratório desordenado para as áreas vizinhas às instalações da empresa na selva. Grandes obras de infra-estrutura geralmente atraem população flutuante que depois tende a se fixar no local, o

que gera impactos sociais e, no caso específico da Amazônia, danos ambientais irreparáveis, ressalta Laurindo. Diante disso, em vez de criar acampamentos ao redor da área, a empresa decidiu usar mão-de-obra local. “Conseguimos instalar um sistema industrial que hoje está isolado no meio da floresta” afirma ele. “Com isso evitamos a abertura de estradas, um dos principais problemas para o meio ambiente, não só pela agressão da estrada em si, quanto pelo fluxo migratório que normalmente ela promove. Esse é um bom exemplo de que é possível ganhar dinheiro sem ferir o meio ambiente, já que o acesso às instalações de Urucu é feito exclusivamente por barco ou avião”, complementa. As diretrizes incorporadas ao novo Plano Diretor pela discussão pública promovida em 2006 estão, acima de tudo, voltadas para melhorias constantes na área de SMS. Entre elas a proteção à biodiversidade; a ecoeficiência das atividades e operações; o controle de contingências e a ampliação da interface social, econômica e cultural das atividades. Um dos pontos mais importantes, entre outras coisas, será o rearranjo das ins-

Vista aérea de Urucu. Unidade funciona isolada no meio da maior floresta tropical do mundo

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AMAZÔNIA

talações, com o objetivo de reduzir as áreas ocupadas pelas instalações, com agrupamento de atividades similares. As áreas desocupadas serão reflorestadas, devolvendo à floresta o máximo de seu ambiente natural. Ali já funciona, para esse fim, um viveiro com mais 80 mil mudas de espécies nativas. Com 20 anos de experiência bem sucedida no local, a Petrobras trabalha para tornar a produção de petróleo em Urucu um parâmetro internacional de desenvolvimento sustentável.

ENERGIA LIMPA PARA MANAUS E ECONOMIA NAS CONTAS DE TODO O PAÍS Os benefícios gerados pelo complexo de Urucu poderão ser sentidos no bolso de todos os brasileiros a partir do próximo ano. Com a inauguração do gasoduto Urucu– Manaus, prevista para ocorrer em abril, a capital amazonense e todos os municípios que abrigam parte dos cerca de 670 quilômetros de tubos terão a matriz energética modificada. O gás natural substituirá o óleo diesel e o óleo combustível na geração da energia elétrica que abastece a região com

fotos: divulgação petrobras

Robô Chico Mendes ajuda a monitorar a biodiversidade da região

cerca de 1,7 milhão de habitantes. O impacto positivo para quem vive além das linhas do Norte é a redução na conta de energia elétrica. O sistema de abastecimento da região, exatamente por ser dependente de termelétricas movidas a diesel, é hoje o mais caro do Brasil. E todo o país ajuda a custear a diferença, por força da chamada Conta Consumo Combustível (CCC), criada em 1973 para financiar a geração de energia à base de combustíveis fósseis. O saldo dessa conta beira R$ 4 bilhões anuais. “A conta dos brasileiros deve ser reduzida em cerca de R$ 1 bilhão por ano” afirma Ildo Sauer, diretor de Gás e Energia da Petrobras. Outro ganho igualmente importante é a redução da emissão de gases poluentes na atmosfera, especialmente do gás carbônico, principal responsável pelo aumento do efeito estufa e, conseqüentemente, pelo aquecimento global. A substituição do diesel pelo gás natural diminui em pelo menos 30% a emissão de gás carbônico. A redução prevista apenas para Manaus é estimada em 1 milhão de toneladas por ano, com a substituição da matriz energética. O gasoduto, que consumirá recursos da ordem de R$ 2,5 bilhões, transportará inicialmente 5,5 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, praticamente a metade da capacidade total. O gás será entregue à Companhia de Gás do Estado do Amazonas, que repassará 5 milhões de metros cúbicos à Manaus Energia para o abastecimento das termelétricas. Usará o restante para estimular o consumo em outras frentes, como no abastecimento de barcos e no atendimento à frota de táxi da cidade. A expectativa da Petrobras é que a inauguração do gasoduto gere 7 mil empregos diretos e 10 mil indiretos. A construção da tubulação para levar gás a Manaus era planejada desde a descoberta da reserva, mas a obra foi viabilizada a partir de 2004. Antes

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- divulgação petrobras foto: bruNo veiga

O gás produzido em Urucu modificará a matriz energética da capital do Amazonas e de cidades ribeirinhas próximas ao gasoduto Urucu–Manaus disso, havia sido construído um duto ligando a província de Urucu ao município de Coari em 1998. O trecho que está em conclusão liga Coari à capital. Toda a intervenção no trecho cruzado pelo gasoduto seguiu rigorosamente as orientações de cientista do projeto Piatam (ver mais sobre o projeto na página 11) para que a obra tivesse o mínimo impacto ambiental. Mas como a lei de licenciamento ambiental prevê, a Petrobras firmou parceria com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas para executar o Programa de Desenvolvimento Sustentável do Gasoduto Coari–Manaus. A empresa já liberou R$ 28 milhões dos R$ 42 milhões contratados no convênio que beneficiará 100 comunidades localizadas no raio de influência do gasoduto. A utilização desses recursos também está sendo feita de forma sustentada, a partir do Programa Zona Franca Verde, apoiado no sistema socioambiental sustentável Acesso Regularização Capacitação e Orga-

nização Social (Arco). Embora pareça simples, investimentos vultosos são dificilmente bem aplicados em um ambiente inóspito como a selva, onde um orelhão é alcançado a quilômetros de barco e onde poucos cidadãos têm acesso a bancos. “O crescimento social fica comprometido quando a comunidade local não tem acesso ao capital de compensação que passa a circular na região”, diz o ambientalista e empresário Georges Schnyder, criador do sistema Arco. O sistema, que demonstrou êxito em um projeto na Ilha de Marajó e foi aplicado em iniciativas no Estado do Pará, consiste em “transportar” comunidades isoladas rumo à cidadania. Degrau a degrau, de uma matriz de sustentabilidade seguida a partir das necessidades de cada comunidade, o sistema conduz toda a população a novos status. Trabalham na operação monitores treinados, que passam a viver no local, atuando com o apoio oficial das autoridades locais. Assim, todas as famílias da região do gasoduto passaram a existir – foram registradas

A EMPRESA LIBEROU R$ 28 MILHÕES DOS R$ 42 MILHÕES QUE BENEFICIARÃO

100 COMUNIDADES LOCAIS

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foto: georges sCHNYder

AMAZÔNIA

Arco (quadro abaixo) colocado em prática: comunidades entendem em qual estágio de desenvolvimento estão e aonde querem chegar e localizadas no mapa por GPS e consultadas sobre suas principais necessidades. Comboios “sociais” lavraram certidões de nascimento e registros de identidades no meio da selva. “Não há como oferecer investimentos a pessoas que não têm como se mover na sociedade civil”, diz Schnyder. Em um segundo momento, os cidadãos foram introduzidos em programas de geração de renda e orientados na busca de crédito para suas produções artesanais e montagem de cooperativas locais. “A idéia é a de que a comunidade construa seu próprio caminho com sustentabilidade”, diz ele. A partir desse levantamento, ainda, foi identificada a carência das moradias, a dificuldade de acesso à água potável e a interrupção de estudos entre crianças e jovens, já que o ensino se limitava às primeiras séries do ensino fundamental. Além de muitos problemas de saúde que afetavam principalmente as crianças. A partir daí, escolas, postos de saúde, equipamentos de raio-x e ultra-sonografia foram instalados em muitas comunida-

des. Nas áreas ribeirinhas, o barco Zona Franca Verde, administrado pelo governo do Amazonas, funciona como um posto multiuso: é ambulatório, posto de saúde, clínica de atendimento médico e cartório. Em seu deque, ocorreram cerca de 90 mil atendimentos em saúde e 22 mil documentos expedidos. Como deve ser em intervenções como essa, as comunidades da área de abrangência do gasoduto foram ouvidas em inúmeras audiências públicas que antecederam o início das obras. Foi daí que surgiu a demanda de irradiar o gás levado à capital para essas comunidades, com o acréscimo 125 quilômetros de dutos ao custo de R$ 70 milhões. Como o controle integral do sistema de segurança de transporte de gás exige a instalação de fibras óticas no trajeto, a medida acabou contemplando também a inclusão dos moradores na era digital.

OLHO NO FUTURO E RECUPERAÇÃO DA HISTÓRIA No primeiro semestre de 2005, a equipe de

Ao lado, a matriz que prevê quatro estágios de ações para levar as comunidades à independência com sustentabilidade

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construção do gasoduto Coari-Manaus, formada por civis e militares do 2º Grupamento de Engenharia de Construção do Exército, estava na metade do trabalho de abertura e limpeza das 35 clareiras - necessárias para construção do poliduto e armazenamento de equipamentos e tubulações - quando tiveram que interromper o trabalho. A suspensão foi por causa nobre. Arqueólogos que acompanhavam a intervenção identificaram um sítio arqueológico, exatamente no espaço que abrigaria a clareira de número 18 para estocagem de tubulações. A estocagem teve que ser transferida para outro lugar, já que a preservação desses sítios, considerados patrimônio da humanidade, sombreados ainda por árvores centenárias, como a castanheira, era prioridade na execução das clareiras de 140 metros de extensão por 90 metros de largura. Os estudos arqueológicos na região Amazônica, iniciados no século XIX e interrompidos por falta de recursos na década de 70, retomaram força com o incentivo da Petrobras. Pesquisas mostraram detalhes da vida dos ocupantes da Amazônia antes da colonização do Brasil e trouxeram novas informações sobre a organização das tribos indígenas que viviam ali no passado. De um total de 100 sítios catalogados na confluência dos rios Negro e Solimões, mais de 40 foram descobertos por estudos patrocinados pela empresa. Muitos deles abrigavam fragmentos de cerâmicas, que datam do século VIII ao XV. Arqueólogos da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), convidados pela empresa para investigar a Amazônia, integram o projeto Piatam (Monitoramento das Áreas de Atuação da Petrobras: Potenciais Impactos e Riscos Ambientais da Indústria do Petróleo e Gás no Amazonas). Conduzido pela Universidade Federal do Amazonas e adotado pela Petrobras desde 2001, o projeto envolve mais de 100 pesquisadores no levantamento de uma rede de

informações minuciosas sobre os ecossistemas da região. Eles integram 16 grupos de pesquisas, entre os quais arqueologia, sócioeconomia, história e meio ambiente, doenças tropicais, solos, flora, modelagem e sensoriamento remoto e outros. Dentro da Petrobras, o Piatam é ligado ao Centro de Excelência Ambiental da Petrobras na Amazônia (CEAP Amazônia). Originalmente, o interesse da empresa era se municiar de informações precisas para manter subsídios em eventuais planos de contingência na região. O resultado, no entanto, extrapolou essa finalidade e se constituiu em um amplo mapeamento do ambiente complexo da maior floresta tropical úmida do mundo e um monitoramento sócio-ambiental sistemático da região, antes inexistente. Os pesquisadores do Piatam fazem quatro expedições anuais pela região. Além das investigações em terra, eles percorrem os 400 quilômetros do rio Solimões, por onde o petróleo é transportado, em quatro diferentes ciclos hidrológicos – seca, enchente, cheia e vazante. Em cada um desses momentos a paisagem da floresta e o comportamento das águas são diferentes. Conhecer essas diferenças é fundamental para atenuar impactos em caso de acidentes. “O projeto fornece subsídios científicos para as ações de responsabilidade social e ambiental. É um projeto de soberania, fundado no conhecimento”, diz o geólogo Fernando Pellon de Miranda, consultor sênior do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Cenpes) e coordenador do Piatam pela Petrobras. O projeto Piatam deu tão certo, que duas novas versões para estudos exclusivos das regiões costeira e oceânica já estão em curso: o Piatam Mar e o Piatam Oceano. Um detalhe curioso faz parte do charme deste projeto. Ele reflete a nova visão do futuro de negócio da Petrobras: o Piatam usa robôs para alcançar lugares de difícil acesso - eles são movidos a bateria elétrica recarregável com energia solar.

foto: divulgação petrobras

A IDÉIA É QUE A COMUNIDADE CONSTRUA SEUS PRÓPRIOS CAMINHOS COM SUSTENTABILIDADE

Acima, pescador da região. Abaixo, análise em busca de tesouros arqueológicos

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ENTREVISTA

FOCO NOS NEGÓCIOS

E NAS PESSOAS Atuação responsável é credencial para que empresas consigam licença social, respeito e credibilidade entre seus públicos

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dministrar uma empresa gigante e complexa como é a Petrobras exige ações sistemáticas que unam ação e, ousando uma palavra pouco usual no meio, exercício poético. A Petrobras, afinal, não se resume a cumprir com excelência sua atividade fim, com resultados positivos, ou a desempenhar um papel desbravador no setor de biocombustíveis. Ela age também como uma visionária social, ambiental e cultural. Não por acaso, a empresa, que lucrou quase R$ 26 bilhões no ano passado e administra um exército de mais de 60 mil empregados, é vista com respeito tanto pelas comunidades onde está presente como por organismos internacionais. Na Petrobras, rentabilidade, segurança, responsabilidade social e ambiental andam juntas. É sobre tudo isso, além de detalhes dessa megaoperação, que José Sergio Gabrielli de Azevedo, presidente da companhia, fala na entrevista a seguir.

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foto: stÉferson faria

- diVULgaÇÃo Petrobras

ENTREVISTA

Acima, plataforma da Petrobras em alto-mar. Ao lado, Gabrielli e o presidente Lula observam uma amostra de H-BIO

dem ser medidos em valor monetário, mas são tão expressivos como os operacionais e financeiros e traduzem nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável do Brasil. Há previsão de aumento desses investimentos? Até 2012 a companhia vai investir US$ 1,5 bilhão no segmento de biocombustíveis e US$ 8,6 bilhões em projetos de melhoria da qualidade dos combustíveis, principalmente gasolina e diesel, visando reduzir o teor de enxofre e outros poluentes. Estão em implantação unidades de hidrotratamento (HDTs) em nove refinarias. O tratamento com hidrogênio reduz o teor de enxofre dos derivados. Com isso os produtos da Petrobras se tornarão mais competitivos, especialmente entre os países da Bacia do Atlântico, que são o principal foco mercadológico da empresa

neste momento. Esses investimentos também atenderão a um mercado interno em crescimento e mais exigente. Os projetos envolvem plantas de biodiesel, adaptações nas refinarias para processar óleo vegetal no processo HBIO, alcooldutos, energia eólica e solar, entre outras fontes de energias renováveis. A meta corporativa da empresa, com essas iniciativas, é evitar a emissão de 3,93 milhões de toneladas de gás carbônico em 2012. Como a empresa se posiciona nesse debate atual sobre as mudanças climáticas? O Plano Estratégico 2020 da Petrobras aborda a questão das mudanças climáticas como um desafio de gestão. Recentemente, durante a Conferência de Líderes do Pacto Global, propusemos a criação de um fórum de debates para aprofundar a discussão sobre as formas de reduzir as emissões de carbono

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A META CORPORATIVA É EVITAR A EMISSÃO DE 3,93 MILHÕES DE TONELADAS DE GÁS CARBÔNICO nas atividades das empresas signatárias. A Petrobras já colocou em práticas várias ações no sentido de contribuir para a mitigação das mudanças climáticas. Nessa linha está nosso programa de atuação no negócio de biocombustíveis. Entre as estratégias para esse segmento está a ampliação de nossa presença no negócio etanol, participando da cadeia produtiva voltada para o desenvolvimento de mercados internacionais, com foco em logística e comercialização. No segmento de biodiesel queremos liderar a produção nacional e desenvolver tecnologias que assegurem nossa liderança mundial na produção de biocombustíveis. Em outros países onde atua, a empresa desenvolve ações semelhantes? Os ativos, operações e negócios da Petrobras no exterior estendem-se hoje a 27 países. O desenho de nossa missão prevê atuação de forma segura e rentável, com responsabilidade social e ambiental, no Brasil e no exterior, contribuindo para nosso desenvolvimento e o dos países onde estamos presentes. As principais linhas de atuação em projetos de responsabilidade social e ambiental na América Latina estabelecem a garantia do direito da criança e do adolescente e a água – doce e do mar –, incluindo sua biodiversidade. A Petrobras desenvolve ações de responsabilidade social voltadas, principalmente, para as áreas de educação e saúde, busca melhorar os níveis de inclusão e integração social, principalmente das crianças, adolescentes e jovens, por meio de programas de caráter social, ambiental e cultural. E no Brasil, quais os principais resultados obtidos com as ações de sustentabilidade? O projeto-piloto da Usina Eólica de Macau, no Rio Grande do Norte, está reduzindo a emissão de gás carbônico em 1,3 mil toneladas/

ano, com a substituição de três geradores a diesel por aerogeradores. O empreendimento é o primeiro da companhia a obter o registro de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) segundo as regras do Protocolo de Quioto e representa importante passo da companhia no mercado de créditos de carbono. Outras regiões do país já são alvo de estudos para a implantação de empreendimentos semelhantes. Em abril do ano passado, o senhor passou a integrar o Conselho Internacional do Pacto Global. Qual a importância disso e que ações da empresa estão associadas a essa participação? Desde 2003, a Petrobras é signatária do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), iniciativa que envolve diversas instituições na promoção da responsabilidade social e ambiental corporativa, através de princípios ligados a direitos humanos, meio ambiente, práticas de trabalho e transparência. A participação da companhia no pacto baseia-se em seu compromisso de incorporar esses princípios à sua estratégia de atuação nos países onde está presente. Em abril de 2006, fui convidado a integrar o conselho do pacto, composto de 25 membros que incluem representantes de empresas, associações empresariais e de trabalhadores e outras organizações da sociedade civil. A companhia é a primeira empresa da América Latina a integrar o grupo. No Brasil, a Petrobras participa do Comitê Brasileiro para o Pacto desde 2003 e, também em 2006, passou a ocupar sua vice-presidência empresarial. O Balanço Social e Ambiental é a ferramenta a partir da qual a companhia comunica seus progressos como participante do pacto global. Estamos orgulhosos de termos nosso balanço reconhecido, pela segunda vez consecutiva, como benchmarking mundial pela ONU.

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AEMPRESA RECUSA CONCORRÊNCIA DESLEALE OUTRAS PRÁTICAS CONTRÁRIAS À ÉTICA

- diVULgaÇÃo Petrobras foto: stÉferson faria

ENTREVISTA

Quando a gente fala em responsabilidade social e ambiental da Petrobras imediatamente lembra das seleções públicas que a empresa faz para patrocinar projetos dessa natureza. Mas a participação da empresa não se limita a isso. O que o senhor destacaria como principais ações de sustentabilidade internamente? As ações de sustentabilidade desenvolvidas internamente abrangem desde as atividades administrativas, com coleta seletiva de lixo em grande parte das unidades operacionais, até grandes processos de reuso de água desenvolvidos em plataformas e refinarias. A cada dia, são incluídas na rotina da Petrobras pequenas atividades que complementam as grandes ações na busca da sustentabilidade. Isso é o resultado de um trabalho de conscientização de empregados, colaboradores e fornecedores. Que avanços a empresa já conquistou na busca de combustíveis renováveis? O ano de 2006 foi um marco na definição de nosso foco na produção de biocombustíveis, com a meta de atingir a liderança na produção de biodiesel no Brasil e expandir a comercialização de etanol. As metas de nosso planejamento estratégico prevê, até 2012, a disponibilização de 938 milhões de litros de biodiesel por ano, o que permitirá que se evite a emissão de 1,03 milhão de toneladas de gás carbônico equivalente na atmosfera. Até 2015 nossa produção de biodiesel será de 1,2 bilhão de litros por ano. Ainda no segmento de biocombustíveis vamos elevar a capacidade de processamento de óleo vegetal para 1,6 bilhão de litros anuais com a aplicação da tecnologia do HBIO de produção de óleo diesel em nossas refinarias e exportar 4,7 bilhões de litros de etanol por ano. Simultaneamente, a companhia investe na produção e logística de distribuição de gás natural, uma fonte de energia menos intensiva em carbono. A Petrobras estima que o consumo de gás natural

A Petrobras e a comunidade internacional: o presidente Bush visita terminal em Guarulhos no Brasil deverá crescer cerca de 19,4% ao ano e prepara-se para atender a essa expansão. Na pesquisa tecnológica para o desenvolvimento de alternativas energéticas renováveis, o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) tem papel decisivo. Programa Tecnológico de Energias Renováveis (Proger) envolve pesquisa, desenvolvimento, demonstração, aperfeiçoamento, aquisição e transferência de tecnologias para viabilizar e otimizar o uso de fontes alternativas. Junto com a Refap SA participamos de todos os leilões de biodiesel realizados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) e cerca de 5 mil postos da Petrobras pelo Brasil já estão revendendo o novo combustível. Como a empresa envolve funcionários e fornecedores na sustentabilidade? O Programa de Gestão de Fornecedores (Progefe), criado pela área de Engenharia da empresa, com base na aplicação dos indicadores Ethos e de critérios de segurança, meio ambiente e saúde para avaliar os fornecedores, foi ampliado para o uso em toda a Petrobras, sendo incorporado à gestão geral da aquisição de materiais, passando a valer como regras de qualificação ao ingresso no Cadastro Único de Materiais. Com o programa, foram estipuladas cláusulas como a obrigatoriedade de não permitir práticas de trabalho infantil, trabalho forçado ou medidas como coerção física, mental, hierárquica, abuso verbal, entre outras. A Petrobras também exige de todos os seus fornecedores um perfil ético em sua prática de gestão e de responsabilidade social e ambiental e recusa práticas de concorrência desleal, trabalho infantil, trabalho forçado ou compulsório e outras práticas contrárias aos princípios de seu Código de Ética. A companhia suspende contratos com a empresa ou com a cadeia produtiva de fornecedores flagrados com qualquer tipo de trabalho degradante que não esteja de acordo com seus princípios e critérios.

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BIODIESEL

A mamona é nossa!

Três usinas de biodiesel estão em construção: o objetivo é alcançar a produção de 855 milhões de litros de combustível do bem

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FOTO: ROGÉRIO REIS

A Petrobras aposta nos biocombustíveis oriundos de oleaginosas, como a mamona e o girassol

- DIVULGAÇÃO PETROBRAS

FOTO: STÉFERSON FARIA

tecnológico, a produção comercial do biodiesel e sua disponibilidade nos postos de combustíveis. O programa já está lançando mão da agricultura familiar, como modo de evitar impacto social e melhorar a renda de pequenos produtores rurais. Desde o início do Projeto de Biocombustíveis, em 2004, cerca de 2.500 famílias envolveram-se no processo de cultivo de 500 hectares de mamona e 1.000 hectares de girassol, para a usina piloto de Guamaré (RN). Esses números devem crescer rapidamente nos próximos anos – estão em construção três usinas de produção industrial em Candeias (BA), Montes Claros (MG) e Quixadá (CE). Com investimentos de R$ 277 milhões, cada uma delas terá capacidade para produzir até 57 milhões de litros de biocombustível por ano. “Estamos prevendo o surgimento de cerca de mil novos postos de trabalho”, diz Gabrielli.

FOTO: DIVULGAÇÃO PETROBRAS

Petrobras investe forte no estudo e desenvolvimento dos chamados combustíveis limpos e renováveis. A exemplo do que fez nos anos 70 para o desenvolvimento do programa Pró-Álcool no Brasil, a empresa aposta as fichas agora nos biocombustíveis, com a utilização de sementes oleaginosas. O objetivo é alcançar a produção de 855 milhões de litros de biodiesel em 2011. Com esse volume, a empresa pode evitar as emissões de 1,03 milhão de toneladas de gás carbônico na atmosfera. Até 2008, segundo José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras, a gasolina representará 40% do consumo do mercado – o restante será suprido pelo álccol e pelo gás veicular. Em um futuro próximo,o petróleo estará direcionado para outros setores, como na fabricação de plástico biodegradável. Até lá, a empresa pretende ter total controle sobre outras matrizes energéticas substitutas, que garantirão posição igual ou melhor à que a Petrobras tem no mercado. “No aniversário de 50 anos, a Petrobras comemorava a auto-suficiência em petróleo. Na comemoração do centenário, teremos muito pouco petróleo, mas muita energia”, afirma Ildo Sauer, diretor de energia e gás da Petrobras. Há cerca de 1.500 estudos de combustíveis alternativos correndo no Centro de Pesquisa da Petrobras, o Cenpes – um dos mais respeitados centros de novas tecnologias do mundo. Também é com a cooperação do Cenpes que a Petrobras pretende tornar viável o completo desenvolvimento

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foto: thiago bernardes

Gabrielli ao lado, e projetado no telão durante apresentação

Como a preocupação com a sustentabilidade se projeta no planejamento da Petrobras? A companhia elabora seu planejamento estratégico e estabelece suas metas cada vez mais afinada com a idéia de que, ao interagir com o meio ambiente e utilizar seus recursos naturais, deve prestar contas à sociedade dos impactos ambientais de suas atividades. Não dissociamos a busca da rentabilidade da atuação segura, social e ambientalmente responsável, nem da contribuição para a melhoria da qualidade de vida da população. Por isso, a companhia dedica igual atenção ao seu desenvolvimento tecnológico e aos aspectos de proteção ao meio ambiente e inclusão social nas comunidades onde atua. Qual a importância de as empresas estarem afinadas atualmente com o conceito de sustentabilidade? Em um cenário empresarial cada vez mais

globalizado e competitivo, a reputação das corporações está relacionada ao aprimoramento da qualidade, minimização de impactos ao meio ambiente e segurança do homem e do patrimônio, como fatores decisivos para o aumento da produtividade dos trabalhadores. A crescente conscientização da sociedade quanto à importância da preservação ou aproveitamento sustentável dos recursos naturais se torna a credencial para que apenas as empresas reconhecidas como capazes de atuar com responsabilidade obtenham o que se chama de licença social, ganhando respeito e credibilidade entre seus públicos. Qual o volume de recursos que a empresa destina a essas ações? A Petrobras aplicou R$ 3,2 bilhões no desenvolvimento de sua política de segurança, meio ambiente e saúde em 2006. A estratégia da companhia de preservação do meio ambiente sustenta-se na redução das emissões de poluentes na atmosfera, na ampliação da ecoeficiência de seus processos internos de produção e no desenvolvimento de fontes alternativas de energia, como biocombustíveis e energias renováveis. Nosso plano de negócios estabelece metas corporativas anuais que permitirão evitar, até 2012, a emissão de 18,5 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente na atmosfera. Outro ponto importante são as ações internas e externas da Petrobras na área de conservação de energia. Externamente, a companhia fornece os recursos técnicos, administrativos e financeiros para o Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados de Petróleo e do Gás Natural (Conpet), cujo objetivo é incentivar o uso eficiente dessas fontes de energia no país. Internamente a empresa implantou, há mais de dez anos, o Programa de Conservação de Energia. Em 2006 foram investidos R$ 35 milhões no programa, cujas ações permitiram a redução de 171 mil toneladas na emissão de carbono equivalente e economia de 2.500 barris de óleo por dia. Em projetos sociais, ambientais, culturais e esportivos investimos, no ano passado, cerca de R$ 590 milhões, com resultados que não po-

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na CULTURa, MUITOGÁS! O grupo de dança Ivaldo Bertazzo é um dos muitos beneficiados pelos recursos do Programa Petrobras Cultural

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fotos: priscila prade

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O Patrocínio Cultural da Petrobras, que investiu R$ 288 milhões no ano passado, prima pela sustentabilidade social e faz da empresa a maior patrocinadora do país

que o acervo do cineasta Glauber Rocha tem a ver com o Museu de Arqueologia de Xingó, com a Mostra Internacional de Música de Olinda, com o Grupo Corpo, com o AfroReggae e com o Pagode do Trem? E o que tudo isso tem a ver com sustentabilidade? Todos integram a carteira de patrocínios culturais da Petrobras, juntamente com uma série de outros projetos espalhados por todos os cantos do Brasil, que se viabilizam ou se solidificam graças aos recursos da empresa. Do ponto de vista de sustentabilidade, os programas culturais têm, de acordo com a filosofia da empresa, um papel fundamental no desenvolvimento de comunidades, no fortalecimento da identidade nacional e, sobretudo, na inserção social que a arte promove. A amplitude dessa política faz da Petrobras a maior patrocinadora de cultura do país, marca conquistada na década de 1990, mas fortalecida nos últimos anos com a ampliação dos recursos investidos. Só em 2006, foram R$ 288 milhões, volume recorde possibilitado pelo maior lucro líquido da história obtido pela companhia naquele ano. A reunião dos inúmeros segmentos de financiamento no Programa Petrobras Cultural, com edital de seleção pública anual, a partir de 2003, deu maior visibilidade e

estabeleceu regularidade aos programas. As ações de patrocínio cultural da Petrobras e Petrobras Distribuidora, antes independentes, foram consolidadas nessa ocasião. Hoje, o modelo é referência para os países vizinhos. Nos últimos 30 dias, representantes dos ministérios culturais da Colômbia e do Equador visitaram a sede da empresa, no Rio de Janeiro, para conhecer detalhes do processo, interessados em reproduzir a experiência por lá. Uma das novidades estabelecidas a partir de 2003 foi a criação do Conselho Petrobras Cultural e a inclusão de comissões externas, compostas por acadêmicos, críticos e realizadores, para ajudarem na análise dos projetos. Para cada área de seleção pública há seis ou sete pessoas de diversos setores da cultura participando da avaliação “As comissões passaram a ser regra a partir de 2001, quando começamos a trabalhar com seleções públicas. Isso envolve a sociedade civil e torna o processo mais democrático. Contribui para o equilíbrio regional e étnico”, diz Eliane Costa, gerente de Patrocínios da Petrobras. Uma área em que o respaldo da empresa torna-se muito visível é a produção audiovisual. Raras são as produções de longa ou curta-metragem de ficção ou documental que não tenham o selo da empresa. Mas o apoio ao cinema brasileiro não se restringe aos re-

Áreas de atuação • Cinema • Música • Artes cênicas • Patrimônio imaterial • Memória das artes • Apoio a museus • Arquivos e bibliotecas • Literatura • Formação para as artes • Restauro de patrimônio edificado • Artes visuais

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O grupo de dança Corpo, o Museu de Arqueologia do Xingó, o grupo AfroReggae e a Companhia de Dança Ivaldo Bertazzo são outros exemplos de projetos que recebem recursos contínuos, dada a relevância das ações que desenvolvem. Nos dois últimos casos, são projetos que, além da graça estética e artística, carregam o mérito de prever a inserção social, oferecendo oportunidades para crianças e adolescentes. “A política cultural da Petrobras está alinhada com o planejamento estratégico da companhia. A empresa empenha-se em defender e valorizar a cultura brasileira por meio de uma política de patrocínios de alcance social, articulada com as políticas públicas para o setor e focada na afirmação da identidade brasileira”, afirma Eliane.

fotos: diVUlGaÇÃo petroBras

cursos para viabilizar a produção. O patrocínio nessa área atua também na recuperação de acervos. Foi essa verba que ajudou a recuperar as obras de Glauber Rocha, de Joaquim Pedro de Andrade e de Nelson Pereira dos Santos. Porém, de nada adiantaria financiar a produção de cinema se ninguém a visse ou se a exibição se limitasse a públicos restritos. Um programa de formação de público, extensivo a outras áreas dos patrocínios culturais, ampliou a exibição e multiplicou os espectadores pelo Brasil. Esse trabalho é geralmente feito sob a forma de patrocínios dirigidos a festivais e mostras de cinema – a Petrobras coloca recursos regulares em 15 festivais e mostras realizadas de Norte a Sul do país. São os chamados projetos de continuidade, que também não se limitam ao audiovisual.

O Museu de Arqueologia de Xingó consegue manter a estrutura graças ao patrocínio da Petrobras

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depoimentos “O Corpo tem muita identidade com a Petrobras. Ambos são exemplos de brasileiros que deram certo e de sucesso internacional. Quando a empresa começou a patrocinar o grupo, já fazíamos turnês internacionais, mas a nossa agenda aumentou muito depois disso. Só no ano passado, fizemos 94 apresentações.” Paulo Pederneiras – Grupo Corpo “Somos (nossos terrenos arqueológicos) um patrimônio da humanidade, mas temos muitos problemas com recursos para manutenção. Quem segura a barra é a Petrobras. O patrimônio está intacto graças à empresa.” Niéde Guidon – Museu de Arqueologia de Xingó “Com o patrocínio da Petrobras conseguimos melhorar a formação artística que está se dando em duas vias: competências técnicas-artísticas e aperfeiçoamento individual, com aulas de português, por exemplo.

Há ainda atividades complementares como ida a cinemas, museus e apresentações musicais.” Carlos Cavalcanti – AfroReggae “Graças ao patrocínio, estamos finalmente restaurando a obra completa de Glauber Rocha, um sonho de mais de 30 anos. Com essa iniciativa, a Petrobras concretiza o maior desejo de Glauber que era o de democratizar o acesso a sua obra e permite que o Tempo Glauber ofereça atendimento gratuito ao público.” Paloma Rocha – Tempo Glauber “Desde a 2ª edição, a Mostra Internacional de Música em Olinda (Mimo) conta com o patrocínio da Petrobras. A empresa foi fundamental para o crescimento, e mesmo para a manutenção do projeto. Começou com cinco concertos em 2004, e na edição 2007 apresentou 21, de um total de quase 50 atividades previstas.” Lu Araújo - Mimo

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Fome Zero

DESENVOLVIMENTO COM

CIDADANIA foto: divulgação

Petrobras financia projetos transformadores que geram sustentabilidade, oportunidades de trabalho e educação

Jornais, embalagens de leite e refrigerantes transformam-se em móveis (acima)

uando começou, há cerca de 10 anos, a Ong Guardiões do Mar buscava formas de proteger o meio ambiente convencendo famílias de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, no Rio de Janeiro, a darem destino mais nobre ao lixo. Era um trabalho dividido em duas etapas. Uma de convencimento dos moradores a separar as peças recicláveis. Outra de agrupar famílias carentes que transformassem essas peças em novos materiais. Até conseguir o patrocínio da Petrobras, o universo de atendidos era de aproximadamente dez famílias. Hoje são 220 famílias, que conseguiram aumentar a renda média mensal de meio salário mínimo para R$ 500. As famílias estão divididas nos projetos Re-Cooperar, Modelarte e Manguezarte. A turma do Modelarte transforma garrafas pet em móveis e pufes. As peças estão fazendo tanto sucesso, que uma rede de móveis as colocará à venda nos próximos meses. No Manguezarte, os integrantes do projeto fazem mosaicos a partir de folhas de jornal. No Re-Cooperar, os cooperados fazem a separação do lixo reciclado recebido de residências, escolas e empresas das três cidades. “Não tenho palavras para definir a importância da Petrobras nessas conquistas”, diz Pedro Belga, presidente da Guardiões do Mar. “Muitas pessoas entraram no mercado de trabalho e no mercado de con-

sumo – e, mais do que isso, tiveram resgatadas sua cidadania e auto-estima.” A Ong obteve patrocínio da empresa por intermédio do Petrobras Fome Zero, programa social que vigorou de 2003 a 2006, e que está sendo substituído por um novo programa, que será lançado brevemente. A escolha desses projetos privilegia propostas que tenham condições de se tornarem sustentáveis com o término do patrocínio. “No campo social, a melhor maneira de proporcionar autonomia é criar ações geradoras de trabalho e renda”, diz Wilson Santarosa, gerente executivo de Comunicação Institucional e coordenador do Comitê de Gestão de Responsabilidade Social da Petrobras. Todo o programa, segundo ele, foi elaborado para propiciar ações de transformação social nas comunidades atendidas, – a partir de um conceitochave: o “desenvolvimento com cidadania”. Entre 2003 e 2006, o Petrobras Fome Zero investiu R$ 385,7 milhões em ações sociais que contemplaram três segmentos: 1) Geração de trabalho e renda; 2) Educação e qualificação profissional de jovens e adultos; 3) Garantia dos direitos da criança e do adolescente. Os projetos desenvolvidos em 2.300 municípios atenderam a mais de 10 milhões de pessoas direta e indiretamente. Nos projetos Re-cooperar, Modelarte e Manguezarte, coligados pela Guardiões do Mar, por exem-

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- divulgação petrobras fotos: stéferson faria foto: divulgação

plo, a Petrobras disponibilizou recursos que ajudaram na construção de galpões de trabalho, na aquisição de materiais de consumo e no pagamento de profissionais. O novo objetivo é agregar mais 200 famílias aos projetos até janeiro de 2008. Na educação, a parceria com o Instituto Paulo Freire e com a Federação Única dos Petroleiros (FUP), permitiu a realização do projeto Mova-Brasil – Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos. “Para a Petrobras, que tem como lema ‘O desafio é a nossa energia’ desenvolver o Mova-Brasil é um dos maiores exemplos de que é possível mudar a história de desigualdades e exclusão deste país”, diz Salete Valesan, diretora de Relações Institucionais do Instituto Paulo Freire. “Desejo e utopia são as energias que movem o projeto e fazem dele um exemplo para o desenvolvimento de políticas públicas do governo”, afirma. O Programa Petrobras Fome Zero destinou recursos também para projetos que valessem como multiplicadores das três linhas de ação propostas. Um exemplo disso é o “Siga Bem Criança”, uma parceria entre a Petrobras e a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, que visa reduzir o trabalho infantil e a exploração sexual de crianças e adolescentes. No Siga Bem Criança, houve um trabalho de conscientização de caminhoneiros, uma vez que muitas crianças saem de casa rumo às grandes cidades pegando carona em boléias de caminhões. A estratégia nesse caso foi veicular reportagens de conscientização em programas de rádio e TV, sobretudo no Siga Bem Caminhoneiro, que vai ao ar pelo SBT atingindo 5,5 milhões de pessoas aos domingos. “Começamos dizendo aos caminhoneiros que criança na beira de estrada não é normal, que dar carona para crianças poderia resultar em prisão e que eles poderiam ser os grandes aliados para tirar crianças e adolescentes dessa situação de risco”, afirma Théa Cortês, produtora dos programas de TV e rádio. Os caminhoneiros foram orientados a, em vez de oferecer carona a crianças na estrada, denunciar a situação fazendo uma ligação para o número 100, disponibilizado

pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos. Segundo Cortês, o número de denúncias já passou de um milhão. Todos os pr­ojetos passam por avaliações periódicas dos gestores e no ano passado a empresa contratou a consultoria do Instituto Fonte para verificação dos resultados obtidos e para aprimorar os processos de medição, gestão e monitoramento.

Ao transformarem garrafas pets em peças de bom gosto, participantes do Modelarte aumentaram a renda familiar

Petrobras Fome Zero Resultados • Investimento de R$ 385,7 milhões • Atendimento direto a 2,4 milhões de pessoas • Atendimento total de 10,7 milhões de pessoas • Formação de mais de 18 mil parcerias • Projetos em 2,3 mil municípios de todos os Estados

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