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EDUARDO RIEDEL

SECRETÁRIO DE ESTADO DE GESTÃO ESTRATÉGICA

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“Equilibrar a manutenção das atividades econômicas com as medidas preventivas de propagação do contágio tem sido o grande desafio”

Secretário de Estado de Gestão Estratégica, pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Eduardo Corrêa Riedel, é graduado em Ciênespecialista nas áreas de Gestão Empresarial, pela cias Biológicas pela Universidade Federal do Fundação Getúlio Vargas, e Gestão Estratégica para Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Zootecnia Dirigentes Empresariais, pelo Instituto Francês

INSEAD, de Fontainebleau. Em entrevista exclusiva à MS Industrial, ele fala sobre os impactos da pandemia do coronavírus na economia do Estado, as ações adotadas para reduzir a crise econômica, como o Programa Prosseguir, e a importância da organização do setor industrial para ajudar no combate à Covid-19.

Como o governo estadual tem trabalhado para diminuir os impactos da pandemia do coronavírus na economia?

Equilibrar a manutenção das atividades econômicas com as medidas preventivas de propagação do contágio tem sido o grande desafio do nosso governo. Por esse motivo lançamos, em julho, o Programa PROSSEGUIR, com parâmetros objetivos baseados em critérios técnico-científicos, para nortear os gestores públicos na tomada de decisões. Nosso intuito é justamente conter a evolução da pandemia, com adoção de medidas no tempo certo, para que as atividades econômicas não sofram medidas muito restritivas mais para frente.

Temos a exata dimensão de que a pandemia é socioeconômica. Ao mesmo tempo em que tomamos medidas relativas à prevenção e estruturação do nosso sistema de saúde, estamos cientes no impacto econômico que os empregos que estão deixando de existir causam em nosso estado. Nestas horas muitos perguntam: uma coisa se opõe à outra? A resposta é não, trata-se de uma crise só.

E neste sentido o poder público precisou encontrar as medidas adequadas e justas, ou mais justas possíveis, sem deixar que as pressões de interesses específicos interferissem nisso. Em situações como esta, cada um olha um pedaço da história, mas nós, como governo, tivemos que olhar ‘o

De março a julho houve redução na arrecadação do Estado? Como o governo está lidando com essa questão?

Se compararmos com o segundo trimestre do ano passado, nossa arrecadação com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) apresentou uma redução de 3% (R$ 63,433 milhões). Tivemos a segunda menor queda do país, só perdendo para Mato Grosso.

Nossa maior perda foi regis- trada no mês de abril (de R$ 265 milhões), com recuperação gradual nos meses seguintes. Esse fôlego tem sido fundamental para continuarmos a honrar nossos compromissos, incluindo o pagamento dos 79 mil servidores estaduais que injetam mensalmente cerca de R$ 396,5 milhões na economia.

O momento requer muita cautela e controle, motivo pelos quais também estamos fazendo nosso dever de casa. Para isso instituímos um Plano de Contingenciamento de Gastos (decreto nº 15.414), para suspensão de

“Ao mesmo tempo em que tomamos medidas relativas à prevenção e estruturação do nosso sistema de saúde, estamos cientes do impacto econômico que os empregos que estão deixando de existir causam em nosso Estado.”

- EDUARDO RIEDEL

Secretário de Estado de Gestão Estratégica

alguns contratos e diárias, entre outras despesas, com estimativa de economizar cerca de R$ 30 milhões por mês.

O Programa Prosseguir foi uma das medidas apresentadas para manter as atividades econômicas sem comprometer a saúde. Já é possível sentir os resultados do programa?

Sim. Se compararmos o resultado da terceira com a segunda classificação, 31 municípios melhoraram seu grau de risco, 41 mantiveram e apenas sete pioraram. E se tivemos municípios que melhoraram, foi porque enxergaram no nosso Programa de Saúde e Segurança na Economia (Prosseguir) alguns indicadores que precisavam ser trabalhados, e esse era o nosso objetivo.

Agora uma consideração importante é que não se trata de sugerir ou não lockdown. A discussão é muito mais ampla do que isso. Até mesmo porque na faixa de risco mais extrema, de bandeira preta, o programa prevê o funcionamento de 57 atividades tidas como essenciais.

E a grande vantagem deste programa, que segue a metodologia preconizada pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), é justamente fornecer critérios técnico-científicos para subsidiar a tomada de decisões frente às variações periódicas, uma vez que o monitoramento é permanente.

Qual o maior desafio com relação à conscientização da população sobre a importância do isolamento e do distanciamento social, para evitar o contágio do coronavírus?

Toda situação que requer consciência coletiva é complexa. Nem todo mundo está disposto a ceder, abrir mão de um hábito ou comportamento em prol do bem coletivo. E essa pandemia deixou muito evidente essa necessidade de cada um fazer a sua parte pelo bem comum. Se não tivermos bom senso, e não tomarmos as medidas preventivas para controle, especialmente no que diz respeito às aglomerações, colheremos os frutos amargos desta atitude, com a demora na contenção da pandemia.

Em Mato Grosso do Sul, o setor industrial realizou diversas ações e doou insumos e equipamentos para ajudar no combate ao Covid-19. Como avalia essa organização e qual a importância dessas iniciativas?

A indústria de Mato Grosso do Sul, mais uma vez, se mostrou parceira do governo, respondendo com agilidade, eficiência e forte senso de solidariedade. Por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), levantamos as necessidades dos municípios e da Secretaria Estadual de Saúde, criando uma grande rede de solidariedade com os principais setores econômicos do Estado.

Inicialmente, atendemos com mais de 300 mil litros de álcool 70 e, na sequência, seguimos com alimentos, Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) e testes rápidos, entre outros itens.

Recebemos doações da Biosul, Bamboa, Refriko, Suzano, Eldorado Brasil, Famasul, Sindicato Rural de Campo Grande, FIEMS, Senai, Sesi, Fecomércio, Sesc, Energisa, Cortex, Paper Excellence, IFMS, UFMS, Fundação Banco do Brasil e Associação dos Produtores Orgânicos de MS, entre outras instituições.

“Toda situação que requer consciência coletiva é complexa. Nem todo mundo está disposto a ceder, abrir mão de um hábito ou comportamento em prol do bem coletivo”

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