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BOM

Pacote que propõe mudanças no sistema tributário brasileiro corrige distorções e simplifica cobrança de impostos

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PARA A INDÚSTRIA

BOM PARA OS ESTADOS

Emperrada desde 2003, o início da tramitação da reforma tributária no Congresso Nacional, por si só, é considerado uma vitória. Mas a forma como o pacote de projetos está sendo analisada também é uma conquista im- portante para o setor produtivo e para a sociedade como um todo: governadores, e o próprio setor empresarial, estão partici- pando ativamente das discussões sobre as mudanças propostas, e ganham fôlego para lutar contra eventuais perdas ocasionadas pe- las mudanças.

“É um sinal muito positivo a maneira como o Congresso e o governo federal estão conduzindo essa discussão. Os projetos que estão tramitando são, em linhas gerais, muito benéficos tanto para a indústria, quanto para a sociedade em geral. Sabemos que eles ainda podem passar por grandes alterações, isso faz parte do processo democrático, mas tudo indica que estados e o próprio setor empresarial terão voz ativa”, comemora o presidente da Fiems, Sérgio Longen.

OS PRINCIPAIS PONTOS ABORDADOS EM CADA PROJETO:

PEC 110/2019 SENADO

ICMS

- Prevê a unificação das regras do ICMS, com as mesmas cinco alíquotas para todo o país: 7%, 12%, 15%, 18%, 21% e 25%. Atualmente, existem 44 diferentes alíquotas para o imposto - Não foi estabelecido ainda sobre quais produtos incidirá cada alíquota, porque essa definição caberá ao Senado (Casa representativa dos estados) e aos próprios estados. É certo, no entanto, que os produtos da cesta básica serão tributados pela menor alíquota. RESTRICAO PARA A CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS FISCAIS PELOS GOVERNOS ESTADUAIS: A ideia é reduzir e restringir a concessão de benefícios fiscais pelos governos estaduais. Está em discussão a criação de um fundo de compensação, no qual estados receberiam, por 20 anos, valores relativos a eventuais perdas. Paralelo a este fundo, discute-se a instituição de um Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional, composto, de acordo com o texto aprovado no Senado, de 0,8% das receitas do IPI e do Imposto de Renda.

FPM

A proposta também deverá aumentar em um ponto percentual os repasses às prefeituras do Fundo de Participação dos Municípios, que passa de 22,5% para 23,5% da parcela do IPI e do Imposto de Renda que a União transfere para os estados, para os municípios e para o Distrito Federal. Essa parcela, que hoje equivale a 47% das receitas dos dois impostos, sobe para 48%.

Outro destaque positivo, apontado pelo líder industrial, é a pre- visão de descentralização da re- ceita prevista na PEC/145, um dos três projetos que integram o pacote da reforma tributária (saiba mais sobre cada projeto no box). “Não podemos mais ter essa concentração nas mãos da União, deixando Estados e municípios à deriva, aguardando a boa vonta- de política do Governo Federal”, destacou.

Atualmente, três textos dis- tintos, mas que vão resultar em mudanças no sistema tributário brasileiro, tramitam no Congres- so Nacional – a PEC 45/2019, da Câmara dos Deputados, a PEC 110/2019, do Senado e um pro- jeto do Governo Federal, apre- sentado pelo ministro da Econo- mia, Paulo Guedes, e entregue aos respectivos presidentes das casas.

A reforma de Guedes concentrou-se em propor mudanças nas tributações de competência federal, como PIS/Pasep, Cofins e IPI, enquanto os parlamentares vão apresentar as mudanças relacionadas ao ICMS (estadual) e ISS (municipal), por exemplo, mas

9 TRIBUTOS VIRAM 2

O projeto do Senado propõe a extinção de nove tributos e a criação de dois novos impostos.

Seriam extintos: Federais: IPI, IOF, PIS, Pasep, Cofins, salário-educação e CIDE Estadual: ICMS Municipal: ISS

Todos eles seriam substituídos por dois novos tributos,

do tipo IVA (Imposto sobre valor agregado): IBS

(Imposto sobre operações com bens e serviços), de competência estadual, e Imposto seletivo, de competência federal e que incidiria sobre bens e serviços específicos, como bebidas alcóolicas.

também têm competência para rever os impostos federais.

Neste especial, vamos apresentar as principais mudanças que constam em cada um dos três projetos, e apresentar a visão do governo de Mato Grosso do Sul, por meio do secretário estadual de Fazenda, Felipe Mattos, e do consultor tributário da Fiems e conselheiro do Comitê Tributário da CNI, Gilvanci Levi Najman Sousa, sobre o pacote que tramita no Congresso.

PROJETO ENTREGUE PELO MINISTRO PAULO GUEDES AO CONGRESSO

- PIS/Pasep e Cofins serão aglutinados em um só imposto, que passa a se chamar CBS (Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços), que terá uma alíquota única de 12% e terá como base de cálculo a receita bruta das empresas e põe fim ao “imposto sobre imposto”. A CBS é um imposto não-cumulativo, ao contrário do PIS/Pasep e da Cofins que, atualmente, incidem sobre o valor total em todas as etapas da cadeia de produção ou de comercialização, inclusive sobre o próprio pagamento do tributo na etapa anterior.

- Guedes anunciou que novas mudanças serão encaminhadas ao Congresso, como no Imposto de Renda e no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Até o fechamento desta edição, as propostas não tinham sido enviadas.

O que o Governo do Estado espera com as mudanças no sistema tributário previstas na reforma que tramita no Congresso?

Acredito que a PEC 45 é a que mais atende o setor produtivo e da sociedade como um todo, porque ele simplifica, desburocratiza. Essa reforma tributária, que está no Congresso, não é uma reforma que visa beneficiar os Poderes Públicos, Estado e União, tanto que não se discute um centavo de mudança em arrecadação. A ideia é uma simplificação para acabar com ICMS, PIS, Confis, IPI, ISS, além de uma série de discussões.

O Governo anseia por aumento/perda da arrecadação com as mudanças previstas para o ICMS?

Todas as reformas tributárias têm como ponto comum o fato que a tributação passa a ser para o Estado de destino do produto. Muda a lógica tributaria do ICMS, que agora vai chamar IBS. Como

“TODOS OS ESTADOS PERDEDORES (DE RECEITA) SÃO A FAVOR DA REFORMA POR CONTA DA SIMPLIFICAÇÃO” - FELIPE MATTOS

SECRETÁRIO ESTADUAL DE FAZENDA

MS produz mais e manda para fora do Estado, do que importa, nossa balança comercial é positiva. Assim, tudo o que a gente produz passa a ser do Estado de destino. Nós somos um dos estados perdedores. MS vai perder significativos valores. Todos os Estados perdedores são a favor da reforma, por conta da simplificação. Mas o que foi exigido por nós é que exista uma previsão constitucional, que o Estado seja compensado financeiramente por essa perda. Isso está em discussão, que seria criado um fundo de compensação que receberia por 20 anos o valor dessa perda. Como a transição do imposto vai ser de 10 anos, ou seja, vamos conviver com todos os impostos mais o IBS, somente após esse período o estado começaria a receber. Mas essa garantia tem que estar na Constituição, senão os Estados perdedores não aprovam.

Como o Governo enxerga a possibilidade de mudanças nas concessões de benefícios fiscais?

Vai haver uma mudança imensa na concessão de benefícios fiscais. Essa foi uma medida importantíssima para MS se desenvolver, se industrializar e ainda é. Mas entendemos que essa concessão virou uma guerra fiscal, na qual todos os Estados perdem. Um exemplo clássico é o querosene de aviação. Todos os Estados cobravam 12%, agora na O projeto de reforma, que tramita no congresso, beneficia a indústria? O projeto enviado pelo Governo Federal unifica o Pis/ Cofins, criando a Contribuição Social sobre Operações de Bens e Servicos-CBS, que aumenta a alíquota de 9,25% para 12%, mas permite o crédito sobre custos e despesas operacionais. É uma medida paliativa que ataca apenas parte do problema, já que os demais tributos, como ICMS e IPI, continuarão a penalizar a indústria. Dos 3 setores (indústria, comércio e serviços), a indústria seria a mais beneficiada na redução de carga tributária, havendo aumento moderado para o setor de comércio e penalizando fortemente o setor de serviços. Já no Congresso, a PEC 45/2019, da Câmara, que unifica IOF, Pis, disputa para trazer voos a alíquota baixou para 2%, 2,5%, 3,5%, ou seja, todos os Estados acabaram perdendo.

A criação de um chamado “Fundo de desenvolvimento regional”, para suprir eventuais perdas com as mudanças previstas nas regras de concessão de benefícios, é considerada suficiente?

JUDICIALIZAÇÃO

TRIBUTÁRIO DA CNI Cofins, ICMS e ISS, também trará redução significativa de carga tributária para a indústria, sem prejuízo dos incentivos fiscais já concedidos e vigentes, e a PEC 110/2019, do Senado, que unifica 9 tributos, também trará redução significativa de carga tributária para a indústria. Atualmente, muitas empresas judicializam a questão dos tributos por não haver solução administrativa junto à Receita Federal. Porque isso acontece e de que forma o projeto da reforma corrige isso? A Receita Federal regulamenta os tributos federais com base na legislação vigente, ocorre que o STF (Supremo Tribunal Federal) julgou, em março de 2017, inconstitucional a inclusão do ICMS na base O fundo de desenvolvimento regional, que não é o fundo de compensação, tem outra matriz de visão financeira. Contudo, ainda não está formatado. Temos estudos avançados, o secretário de fazenda de Mato Grosso, Rogerio Gallo, está responsável por esse trabalho no Centro-oeste, já passamos os dados, mas ainda está em

PEC/145: OS BENEFÍCIOS PARA A INDÚSTRIA E O FIM DA - GILVANCI LEVI NAJMAN SOUSA

CONSULTOR TRIBUTÁRIO DA FIEMS E CONSELHEIRO DO COMITÊ

processo de discussão. de cálculo das contribuições de Pis/Cofins e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) estendeu o conceito de insumos para fins de tomada de créditos dessas contribuições.

Como isso não ocorreu através de ação direta de inconstitucionalidade, só tem esse benefício as empresas que ajuizaram a ação correspondente. Portanto, a Receita Federal não pode, de ofício, aplicar esse benefício para todas as empresas. A proposta do Governo Federal, com a CBS, corrige essa distorção já prevendo a exclusão de tributos da própria base de cálculo. Também as PEC 45/2019 e 110/2019 reduzirão muito o volume de ações tributárias, já que buscam uma equidade que abrangerá todas as empresas.

CAPA

RETOMADA DO CRESCIMENTO

Apesar da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), MS registra bons índices econômicos, mas momento ainda é delicado e exige cuidado

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esde que a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) chegou ao BraD sil e ao Mato Grosso do Sul, Governo, prefeituras e setor produtivo tiveram que se desdobrar para que a crise econômica decorrente do isolamento social, proposto como forma de reduzir o contágio da doença, não fosse tão séria e com graves impactos. Não foi fácil para os empresários lidar com a redução do consumo e ver as vendas caírem, assim como não foi fácil para o Governo do Estado ver a arrecadação diminuindo.

No entanto, essa realidade, aos poucos, vai dando espaço para uma outra, com números um pouco melhores. Levantamento realizado pela Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems, com base nos dados do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), do Ministério da Economia, apontou que Mato Grosso do Sul teve uma alta de 7,6% na arrecadação de ICMS, durante o primeiro semestre de 2020, na comparação com o mesmo período de 2019.

Em valores, de janeiro a julho de 2020, são R$ 6,024 bilhões arrecadados com o ICMS em Mato Grosso do Sul, contra R$ 5,597 bilhões no mesmo intervalo do ano passado. Os números também são positivos quando se leva em consideração a exportação. No acumulado de janeiro a julho de 2020, a receita total, com a exportação de produtos industriais, alcançou US$ 2,162 bilhões, indicando aumento de 2,2% em relação ao mesmo período de 2019, quando o valor ficou em US$ 2,116 bilhões, sendo o melhor resultado para o acumulado de janeiro

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a julho da série histórica para o Estado.

Já com relação à geração de novos empregos, a indústria estadual encerrou o mês de julho com 129.033 trabalhadores diretamente empregados, indicando crescimento de 1,78%, quando comparado com o mesmo mês do ano passado. Somente em julho, a indústria foi responsável pela abertura de 1.568 postos formais de trabalho em Mato Grosso do Sul, resultado de 4.983 contratações e 3.415 demissões. No acumulado do ano, são 4.018 vagas abertas pela indústria, resultado de 34.495 contratações e 30.477 demissões.

NECESSIDADE DE

ANÁLISE - Na avaliação do presidente da Fiems, Sérgio Longen, os números refletem as ações tomadas pelo Governo do Estado em parceria com o setor produtivo. “Temos avaliado os números e temos tentado construir ações que tragam apoio para as empresas se recuperarem. Os meses de abril e maio foram muito ruins e vimos que era necessário tomarmos algumas ações”, afirmou.

Para isso, o Sistema Fiems colocou toda a sua estrutura à disposição das empresas, com ações na área de biossegurança, qualificação profissional para alguns setores e consultorias para gestão de crise, além de apoio técnico financeiro para as empresas, por meio de financiamentos. “Vemos que alguns setores têm retomado ações que trazem melhoras no desempenho e vêm evoluindo sa tisfa toria mente. Nessa evolução, a gente também precisa começar a construir algo mais sólido, para manter esses setores que de certa forma vêm

ENTENDA O PROGRAMA PROSSEGUIR

Tendo como pilares estratégicos a Saúde, a Economia e Recomendações de Flexibilização, a metodologia do Prosseguir utiliza os elementos de monitoramento indicados pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e, por consequência, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), reforçando a prioridade do governo em adotar parâmetros científicos, como destaca Riedel. “Dialogamos com todos os municípios, com o único intuito de manter nossa economia andando, mas protegendo a vida das pessoas, com base na ciência”, enfatizou. A metodologia prevê o cruzamento de indicadores de três áreas: Vigilância Epidemiológica, Saúde e Impacto Econômico estipulando, por meio de faixas de cores – que variam do verde ao preto, o grau de risco da saúde da região (se baixo, tolerável, médio, alto ou extremo). Seguindo a classificação por cor também são definidas as medidas de flexibilização ou restrição das atividades econômicas, de acordo com a classificação de risco de cada uma delas (se baixo, médio ou alto risco).

melhorando sua performance, e também avaliar os que não tem melhorado e o motivo”, destacou Sérgio Longen.

Ele reforça, contudo, que o momento que o País vive ainda é delicado, apesar dos bons indicadores em alguns Estados. “Vivemos um momento de recessão no Brasil. Alguns setores vêm despontando, como o agro e a agroindústria, mas o cenário é preocupante. O ano de 2020 é um ano que requer muitos cuidados, mesmo entre os setores que avançam positivamente. A economia não vai bem, o dólar atinge um patamar altíssimo, temos falta de matéria-prima em muitas atividades da economia, muitas empresas demitiram como forma de se manter no mercado e não conseguiram contratar com a mesma facilidade. Então é um momento delicado e uma nova fase a que vivemos”, ponderou.

Para o líder industrial, a retomada da economia depende de uma análise detalhada sobre todos os setores econômico. “Temos um cenário de retomada

Dados de 28/08 a 11/09

que exige muita cautela. O empresário está receoso, então precisamos de uma análise completa de todos os indicadores. Além disso, a Reforma Tributária é fundamental para atravessarmos esse período e realmente sairmos dele da melhor forma possível”, completou.

SAÚDE E ECONOMIA – Para conseguir superar a crise causada pelo coronavírus, que envolve saúde, economia e questão social, Mato Grosso do Sul se espelhou em outros países e Estados do Brasil. Como em 16 de março de 2020 tínhamos apenas dois casos de Covid-19 confirmados, enquanto outras regiões já enfrentavam uma crise muito maior, foi possível nos organizarmos de forma mais efetiva para desenvolver ações que freariam os impactos da pandemia.

“Nós elaboramos um grupo de estudo para entender as experiências de outras regiões. Tudo ainda ocorria com muita incerteza e não conhecíamos muito bem as consequências das ações a serem tomadas. Montamos um comitê de ações emergenciais focado na saúde, mas nunca escolhemos entre economia ou saúde. Para nós, as duas áreas eram fundamentais e tínhamos certeza de que precisaríamos estruturar a rede de saúde e criar uma ferramenta técnica que nos norteasse nas ações”, recorda o secretário estadual de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel.

Entre as ações, destaca-se o Programa Prosseguir, desenvolvido pelo Governo do Estado,

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com o objetivo de manter as atividades socioeconômicas, sem riscos à saúde e até a possibilidade de lockdown, que permitiu que os municípios pudessem se organizar de forma mais efetiva e a economia pudesse se recuperar.

“Entendemos que a saúde e a economia deviam andar juntas e ser prioridade. Claro que se os índices relacionados à saúde não fossem bons, teríamos que fechar alguns serviços e empresas, mas para se ter uma ideia, mesmo em nossa opção mais drástica, que é a de lockdown, 57 atividades econômicas continuariam funcionado como essenciais, desde que respeitando os protocolos de biossegurança”, explicou Eduardo Ridel.

Para ele, essa preocupação, tanto com a saúde, quanto com a economia e a questão social, permitiu que Mato Grosso do Sul olhasse sempre para frente e conseguisse, aos poucos, ir retomando suas atividades. “Nós não focávamos em quantas pessoas já haviam sido infectadas, mas nas ações tomadas naquele momento e a partir dali”, ressaltou.

As recomendações do Prosseguir foram tomadas de forma positiva por todos os municípios, que começaram a entender os indicadores e atuar com relação a eles. “A partir do momento em que um município começa a atuar sobre um determinado parâmetro para melhorar seu indicador, ele está combatendo a pandemia. E a consequência é o bom desempenho de Mato Grosso do Sul com relação ao número de casos confirmados de Covid-19 a cada 100 mil habitantes, e também número de óbitos a cada 100 mil habitantes”, salientou.

“Entendemos que a saúde e a economia deviam andar juntas e ser prioridade. Claro que se os índices relacionados à saúde não fossem bons, teríamos que fechar alguns serviços e empresas”

- EDUARDO RIEDEL

Secretário de Estado de

Gestão Estratégica

NA ONDA DA RETOMADA, INDÚSTRIAS DO ESTADO SE ADEQUAM PARA NÃO PREJUDICAR PRODUÇÃO

Assim que o coronavírus chegou ao Brasil e, consequentemente, ao Mato Grosso do Sul, os empresários passaram a se equilibrar numa corda-bamba. Inicialmente, diversas atividades econômicas tiveram de ser suspensas e a atividade industrial, de algumas plantas, teve de ser reduzida para se encaixar nas normas de biossegurança. Aos poucos, contudo, as empresas estão voltando à sua rotina e capacidade total de produção, mas sem deixar de cuidar da saúde dos colaboradores e clientes.

Em Campo Grande (MS), a Cativa MS Têxtil reduziu o número de funcionários e os salários, em conformidade com a Medida Provisória 936 do Governo Federal, para manter empregos durante a pandemia do novo coronavírus em abril e, no início de julho, comunicou o retorno de sua capacidade total de produção.

Na segunda quinzena de março, quando o surto da Covid-19, no Brasil, começou a aumentar, e Estados e municípios decretaram a paralisação de diversas atividades, a indústria sofreu um grande baque com a inadimplência da maioria dos clientes e, como única saída diante da redução repentina de receita e redução das vendas, utilizou a MP 936. “Nossas vendas foram praticamente todas suspensas”, relatou o gerentegeral da Cativa MS Têxtil, Israel de Azevedo.

Ele acrescenta que algumas empresas que a Cativa MS Têxtil atende já tinham feito solicitação de produtos e, na última hora, disseram que iriam devolver tudo, enquanto outras cancelaram os pedidos que ainda iriam para a produção. “Então, a nossa equipe ficou ociosa. Por isso, tivemos que conceder férias coletivas para todos por 15 dias e, em abril, com MP permitindo redução de salário e jornada, nós conseguimos encontrar uma solução. Reduzimos inicialmente 70%, e depois 50%, a nossa linha de produção”, recordou.

Dos 350 trabalhadores, a indústria demitiu 90 funcionários e, com o pedido de desligamento de outros colaboradores, reduziu a equipe para 204 pessoas. “Conseguimos passar por esse período crítico mantendo boa parte do nosso quadro. Poderíamos continuar com a redução de salário e jornada, já que o Governo estendeu os efeitos da MP 936 até o fim do ano, mas, como nossas vendas voltaram a crescer, decidimos que voltaríamos a operar com toda a capacidade”, informou Israel de Azevedo.

O gerente-geral da Cativa MS Têxtil completa que, a partir desta segundafeira (13/07), a indústria passa a produzir 10 mil peças por dia, um aumento de 100% em relação com as 5 mil peças diárias que estavam produzindo durante os últimos três meses. “Ainda estamos com previsão de contratar mais pessoas para retomar a nossa produção de antes do início da pandemia”, revelou.

Para isso, a empresa teve que tomar todas as medidas de biossegurança necessárias para garantir a segurança dos colaboradores e um médico do trabalho, que integra o quadro de funcionários, ajudou na elaboração do plano de biossegurança. Todos, antes de entrar no prédio, têm a temperatura aferida, é obrigatória a utilização de máscaras de proteção facial, além da colocação de frascos de álcool em gel por toda a fábrica. “Também tivemos alteração no refeitório. As refeições eram servidas no sistema de buffet e agora os pratos já vêm prontos. Além disso, fizemos vários horários de almoço, para que haja menos funcionários no refeitório”, detalhou o gerente-geral da Cativa MS Têxtil.

ESCALAS DE TRABALHO - O Grupo Asperbras, da qual a indústria moveleira Greenplac, localizada em Água Clara (MS), faz parte, também se adequou para que todas as suas empresas sigam, rigorosamente, as diretrizes e cuidados recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde.

Na Greenplac, escalas de trabalho foram alteradas, para evitar aglomerações; estabeleceu-se a distância de 2 metros entre funcionários, quando há transporte até a fábrica; proibiu-se a entrada de terceiros; determinou-se que as mesas fiquem separadas individualmente, com distância mínima de 1,5 metros

Na avaliação do secretário, é justamente por ter colocado os olhos tanto na saúde, como na economia, sem exigir medidas radicais de isolamento, sem antes conhecer os números, que Mato Grosso do Sul conseguiu passar uma mensagem de equilíbrio entre as duas áreas. “Os indicadores tinham que dar o tom do peso a ser aplicado, porque essa mensagem é muito importante e poderosa, com efeitos na economia. O Estado sempre seguiu recomendações técnicas de um comitê montado para definir as bases para a tomada de decisão”, detalhou.

ESTRATÉGIA PARA RETO

MADA – Nessa linha, Mato Grosso do Sul esteve entre os cinco Estados com alta na arrecadação de ICMS, puxada pela exportação que foi favorecida pelo cenário internacional. “Nós poderíamos ter fechado o Estado por algum motivo. Então, se não tivéssemos tomado essas atitudes, talvez não tivéssemos aproveitado a questão do câmbio e desse bom momento de exportação. Assim o Governo do Estado foi muito feliz ao decidir, estrategicamente, não interferir na gestão dos municípios com relação ao que abriria ou não”, comentou o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck.

Para ele, é possível dizer que o Estado tem passado bem pela pandemia do coronavírus. A estratégia foi utilizar as referências do Programa Prosseguir, que busca fazer a gestão da pandemia. Agora, contudo, o momento é definir como será de fato a retomada econômica. “Temos usado a palavra retomada de forma circunstancial, mas ainda estamos no âmbito da gestão de

“Quando penso em retomada, eu me refiro a uma gestão da pandemia, mas ao mesmo tempo criar condições para o desenvolvimento da economia. Não dá para esperar acabar a pandemia para pensar em retomada”

- JAIME VERRUCK

Secretário estadual de Meio Ambiente,

Desenvolvimento Econômico, Produção e

Agricultura Familiar

nos refeitórios; e também deixou em casa funcionários com banco de horas ou férias. Os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) são obrigatórios em todos os ambientes do complexo industrial da empresa, bem como a medição de temperatura de todos os colaboradores ao chegarem à fábrica e escritório. Álcool em gel foi disponibilizado em todos os ambientes, para a higienização das mãos.

Após extensa pesquisa, a empresa também investiu em uma cabine de desinfecção pulverizadora completa. Instalada na entrada da fábrica, a cabina pulveriza o Antisséptico Hidratante, autorizado e registrado na ANVISA para uso humano. Com acionamento automático, através de um sensor de presença, o produto usado é biodegradável, não irrita pele e mucosas, além de proporcionar excelente cobertura e pulverização.

Além das medidas de prevenção, a empresa utiliza newsletters internas para conscientização dos colaboradores. Nas comunicações internas, são reforçadas medidas como lavar as mãos com frequência, usando sabão, água e álcool 70%; não tocar olhos, nariz ou boca; quando tossir ou espirrar, cobrir o nariz e a boca com cotovelo dobrado ou com um tecido; ficar em casa se acordar indisposto; se tiver febre, tosse ou dificuldade para respirar, procurar assistência médica.

“A pandemia, de alguma forma, surpreendeu e nos fez mudar em muitos aspectos. Só o fato de termos alterado escalas para diminuir o fluxo de funcionários, a mudança nos horários de atendimentos, além de muitas outras adaptações no dia a dia da fábrica, para a garantia da segurança de todos os colaboradores, foram fatores que afetaram nossa produtividade. Porém, passamos por um processo de aprendizagem nos últimos meses, sem diminuir os nossos investimentos e nem a nossa produção, mantendo todos os colaboradores seguros”, informou a Greenplac, por meio de sua assessoria.

NOVA ROTINA - Preocupada em garantir, acima de tudo, a saúde e segurança dos colaboradores, a Eldorado Brasil, indústria de celulose instalada em Três Lagoas (MS), também teve que tomar medidas para conter a propagação da Covid-19, tão logo o vírus começou a circular no Brasil. “Nossa primeira medida foi criar um protocolo específico para

“Ao sabermos que o estado teve uma manutenção, e até mesmo um certo aumento da arrecadação, podemos destacar que grande parte disso vem do agronegócio”

- PAULO CORRÊA

Deputado Estadual -

Presidente da Assembleia

Legislativa abertura e fechamento de atividades. Quando penso em retomada, eu me refiro a uma gestão da pandemia, mas ao mesmo tempo criar condições para o desenvolvimento da economia. Não dá para esperar acabar a pandemia para pensar em retomada”, ressaltou.

Por isso, é fundamental que haja uma união de ações entre o Governo do Estado e o Sistema S, como Sesi, Senai e Sebrae, para apoiar as empresas nesse momento, para se reestruturarem e investirem em produtos e serviços inovadores. “A crise econômica da pandemia ainda vai ser sentida de hoje até pelo menos uns dois anos. Precisamos promover ações que pensem a curto prazo, para salvar as empresas nesse momento, mas também para dar condições para que elas se mantenham no mercado a longo prazo”, ressaltou.

CAUTELA – O presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Paulo Corrêa, destacou o bom desempenho de Mato Grosso do Sul diante da crise do coronavírus, mas ponderou que é necessário tomar cuidados. Nesse cenário, reforçou a importância da parceria do Governo do Estado com as entidades do setor produtivo, para possibilitar essa retomada e o funcionamento das empresas.

“Ao sabermos que o estado teve uma manutenção, e até mesmo um certo aumento da arrecadação, podemos destacar que grande parte disso vem do agronegócio. O produtor rural de Mato Grosso do Sul está de parabéns, e fez com que as commodities, a saca de milho, a arroba do boi estivessem com preço melhor. A indústria também teve seu papel, cumprindo todas as medidas de biossegurança, e não precisou parar, os frigoríficos continuaram funcionando, as carretas

estão circulando normalmente nas rodovias, o que é sinônimo de progresso, desenvolvimento real”, salientou Paulo Corrêa.

essa situação, em acordo com as diretrizes brasileiras e internacionais de enfrentamento ao vírus”, afirmou o diretor de Recursos Humanos, Sustentabilidade e Comunicação Interna da Eldorado Brasil Celulose, Elcio Trajano Junior.

Todos os profissionais que pertencem a grupos mais vulneráveis à doença, como os maiores de 60 anos, as gestantes e os que têm doenças respiratórias ou crônicas, foram postos em atividade domiciliar, assim como aqueles cujas atividades são compatíveis com a modalidade de home office. Além disso, todos os colaboradores têm recebido, periodicamente, equipamentos de proteção individual, como máscaras e álcool gel.

“Alteramos nossa rotina de trabalho, em todas as operações industriais, florestais e logísticas no terminal portuário, para assegurar o distanciamento. As equipes e escalas de trabalho foram redimensionadas, e os refeitórios e meios de transportes da empresa passaram a operar com capacidade reduzida, de modo a evitar aglomerações”, detalhou Elcio Trajano.

Ele acrescentou que a pandemia do coronavírus tem sido um desafio inédito para cidadãos, governos e empresas do mundo todo, mas é importante buscar dar respostas rápidas a cada situação. “Criamos um comitê multidisciplinar de saúde, sob coordenação da minha diretoria, para alinhar, internamente, todas as ações necessárias ao enfrentamento da doença e garantir assistência integral a todos os colaboradores”, comentou.

Graças a essas medidas, foi possível continuar colhendo florestas, transportando madeira para a fábrica, produzindo celulose e escoando a produção para o Brasil e diversos países no mundo. “A disciplina e a dedicação dos nossos colaboradores têm sido decisivas para isso. E no momento em que o mundo precisa de cada vez mais produtos de higiene e limpeza, feitos a partir da celulose, o trabalho dos nossos mais de 4.500 colaboradores se torna ainda mais importante”, destacou.

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