ID: 62254360
12-12-2015 | Economia
Tiragem: 98880
Pág: 13
País: Portugal
Cores: Preto e Branco
Period.: Semanal
Área: 28,20 x 34,13 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 2
INVESTIMENTO
Alertas de fraude em alta
Nos últimos dois anos, a CMVM e o Banco de Portugal emitiram 49 alertas em Portugal, o que está acima de valores de anos anteriores Além dos grandes escândalos financeiros nacionais, como os do Banco Espírito Santo e do BPN, há todo um mundo de tentativas de fraude. Nos últimos dois anos, o Banco de Portugal (BdP) e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) emitiram 49 alertas sobre entidades ou pessoas não autorizadas a prestar determinados serviços de índole financeira. No caso do BdP, os alertas emitidos abrangem um total de 48 pessoas ou entidades. São diversas as tentativas de ficar com dinheiro de investidores mais desprevenidos ou pessoas endividadas ou em situação de desemprego. Algumas empresas mencionadas nos alertas não estão sequer inscritas nas Finanças. Outras não são o que parecem. Uma das preocupações do BdP prende-se com os esquemas de pirâmide e ofertas de rentabilização de capitais por pessoas ou entidades não autorizadas, sobretudo nos mercados monetário ou cambial. “Não obstante os vários alertas que têm sido difundidos pelas autoridades de supervisão do sistema financeiro, o BdP tem conhecimento de inúmeras situações em que os clientes deste tipo de
atividade ilícita, apesar de já terem sofrido elevados prejuízos, persistem em contratar produtos e serviços disponibilizados por entidades com a mesma natureza”, diz fonte oficial do supervisor. “De igual modo, têm sido detetados alguns casos em que os alegados autores de atividade financeira ilícita persistem na continuação da referida atividade, muitas vezes recorrendo a expedientes
A Profit Point foi uma das empresas que foram alvo de um alerta por parte da CMVM no passado mês de novembro. A empresa nega que faça intermediação financeira. Mas oferece formação de traders sem estar certificada que tendem a camuflar a sua identidade”, frisa.
Dissimular O último alerta efetuado pela CMVM no seu site é relativo à Profit Master-Invest, atuando sob a designação Profit Point, por “não estar autorizada a exercer qualquer atividade de intermediação financeira em Portugal”. A CMVM advertia
também que “aquelas entidades não se encontram legalmente habilitadas para realizar publicidade ou prospeção de clientes dirigida à celebração de contratos de intermediação financeira”. A empresa foi constituída em novembro de 2013 e tem registado prejuízos, que em 2014 chegaram a €15.700, sem contabilizar qualquer valor em vendas. Segundo Arménio Matias, sócio e gerente da socie-
2015
dade, não está a ser cometida nenhuma ilegalidade. “A Profit nunca fez intermediação financeira, é uma entidade de formação e não um intermediário”, diz. E acrescenta que a empresa dá formação em negociação em mercados financeiros. Mas também recruta traders, e os candidatos podem, “se quiserem”, pagar €200 para “ter 30 horas de formação prática”. Tudo sem qualquer certificação até agora. Na sua página na rede social profissional, Linkedin, Arménio Matias surge como trader e gestor da sociedade TeleTrade, na Roménia. Outros alertas emitidos pela CMVM este ano incluem uma empresa registada no Belize, a Horizont Dimension, a sociedade Cifradefinitiva e a Mais Vantagem, que oferece “soluções financeiras globais”. No caso desta, consiste apenas num site de angariação de clientes para venda de seguros mas também de produtos financeiros e seguros de capitalização. Apesar dos alertas, desde 1991 até 2014, a CMVM apenas contabiliza 24 processos de contraordenação por intermediação financeira não autorizada.
EXPRESSO
etavares@expresso.impresa.pt
TOTAL DE 82 ALERTAS DE ATIVIDADE NÃO AUTORIZADA EM CINCO ANOS Valores em unidades
584
BANCO DE PORTUGAL CMVM
17 15
SUPERVISORES ESTRANGEIROS
500
13 10
400
9 7
7
300
4
0
0 2011
227
200 2012
2013
2014
2015
2011
2012
2013
2014
Cuidados a ter É conveniente adotar sempre uma posição defensiva e crítica perante promessas de lucros ou créditos fáceis. Qualquer oferta que parece boa de mais para ser verdade provavelmente não é mesmo verdade. Jamais deve ser entregue dinheiro a desconhecidos para que estes o apliquem nem feitas transferências bancárias para números de conta de instituições ou pessoas desconhecidas. Deve haver sempre a certeza de que as entidades ou pessoas em causa estão registadas e têm autorização para operar na respetiva atividade. Podem ser consultadas as listas de entidades autorizadas nos sites da CMVM e do Banco de Portugal.
Elisabete Tavares
FONTE: BANCO DE PORTUGAL E CMVM
SINAIS DE ALERTA Pressa e ganhos elevados Há uma tentativa de apressar uma tomada de decisão e a promessa de ganhos elevados
Ligação a mercados exóticos O autor da fraude identificase como sendo nacional de um país com uma conotação exótica ou conhecido como um paraíso fiscal
Confidencialidade É prometida confidencialidade e indicado que o investidor faz parte de um grupo de pessoas previamente selecionadas
Não precisa de licença É afirmado pelo autor da fraude que não é necessária uma autorização ou registo da CMVM para desenvolver a sua atividade
Pedido de pequeno depósito inicial Há uma insistência para que o investidor disponibilize uma pequena quantia inicial
Investimento em produtos atípicos É sugerido um investimento em produtos atípicos, nomeadamente produtos de componente mista ou estruturada
ID: 62254360
12-12-2015 | Economia
Tiragem: 98880
Pág: 1
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Semanal
Área: 4,68 x 3,47 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 2 de 2
ALERTAS DE FRAUDE Nos últimos dois anos, o Banco de Portugal e a CMVM emitiram 49 alertas sobre entidades a prestar serviços financeiros E13