Revista Cooperando - Unimed - Edição 103

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Cooperando Revista

Transparência na gestão Ano VIII

Medicina de alto custo Tecnologia médica aumenta despesas assistenciais

Nº 103

Set 09



Palavra do Presidente

Rua Mipibu, 511 Petrópolis - Natal - RN - CEP 59020-250 Tel.: (84) 3220.6200 - Fax: (84) 3211.3769 imprensa@unimednatal.com.br Conselho Administrativo Presidente Dr. Antônio Francisco de Araújo Vice-Presidente Dr. Marcos Antonio Tavares Jácome da Costa Britto Diretor Técnico Dr. José Gurgel do Amaral Valente Filho Conselheiros Suplentes

O desafio de conciliar os benefícios trazidos pela alta tecnologia com os custos gerados por ela

Dr. Antônio Araújo Presidente da Unimed Natal

Dr. Paulo Xavier Trindade Dra. Maria Carvalho de Souza Spinelli Conselheiros Vogais Dr. Fábio Luiz Soares de Macêdo Dr. Absalão Pinheiro Filho Dra. Almerinda Fernandes de Queiroz Dr. Gutenberg do Amaral Gurgel Conselho Fiscal Dra. Elvira Maria Mafalda Soares Dr. Edson Gutemberg de Souza Dra. Romeika Maria de Souza Bezerra Nelson Dra. Raquel Araújo Costa Uchôa Dr. Leonardo Carlos Gonçalves Rêgo Dra. Yvanna Ferreira Machado Conselho Editorial José Gurgel do Amaral Valente Filho Marcos Antonio Tavares Jácome da Costa Britto Maria Dalva Araújo Rodrigo Barros

Redação

Rua Pastor Jerônimo Gueiros, 1400 Tirol - Natal - RN - CEP 59020-660 Tel.: (84) 3201.0501 e 3211.5304 www.oficinadanoticia.com.br Editor Responsável Rilder Medeiros Editora Executiva Marília Tinôco Texto Vinícius Menna Marília Tinôco Tiragem 2.000 exemplares Impressão Impressão Gráfica e Editora

Projeto gráfico e diagramação Firenzze Comunicação Estratégica

A Saúde Suplementar no Brasil enfrenta uma elevação nas despesas assistenciais, em consequência da utilização excessiva da tecnologia e de materiais e medicamentos de alto custo. A inflação causada pela alta tecnologia médica encarece a Medicina e aumenta o faturamento da Indústria Médica. Como conciliar os benefícios trazidos pela alta tecnologia com os custos que ela gera? Este é o assunto da matéria de capa desta edição da Cooperando. Veja a história de sucesso e crescimento do Hospital da Unimed e, na seção Redução de Custos, descubra como a Unimed Natal pretende reduzir R$ 150 mil por mês, nos custos com quimioterápicos. A ONG Atitude Cooperação precisa da adesão dos

cooperados para continuar a crescer e manter o trabalho de responsabilidade social na comunidade do Bom Pastor. Conheça as conquistas e necessidades da entidade. Em homenagem ao Dia do Médico, comemorado em 18 de outubro, publicamos um artigo do presidente do Conselho Regional de Medicina do RN, Dr. Luis Eduardo Barbalho de Mello, “Dilema Ético”, onde ele aborda as dificuldades do exercício da Medicina diante da falta de estrutura e péssimas condições de trabalho enfrentadas pelos profissionais médicos. Boa leitura Antônio Araújo

Índice

05.

Redução de custos Unimed Natal propõe protocolo para Quimioterápicos

13. Especial ONG Atitude Cooperação pede ajuda dos cooperados

06.

07.

08.

Em Foco Hospital da Unimed: cinco anos de sucesso e crescimento

Raio - X O que acontece nos diversos setores da cooperativa

Capa Medicina de alto custo Tecnologia aumenta despesas assistenciais

15.

16.

14. Artigo Médico Dilema Ético

Coluna do Jurídico Justiça nega pedido de cooperado em ação judicial contra a Unimed

História da Medicina do RN Memorial da Medicina

Capa: Visita Médica, Jan Steen (1626 - 1679). Victoria and Albert Museum, Londres, 1663. Os quadros de Jan Steen, pintor holandês muito prolífico, em geral são cheios de simbolismos retratando cenas do cotidiano e neste caso, uma visita médica, à moda antiga. No século XVII as ferramentas diagnósticas do médico eram limitadas em geral ao exame da urina e do pulso, contudo o artista retrata também a questão social e moral. A paciente deve estar sofrendo “maladie d’amour”, em vista da criança com sugestões para cupido e o quadro na parede posterior, retratando uma cena de amor (Vênus e Adonis). www.unimednatal.com.br

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“O valor da consulta bonificada com incentivo, paga pela Unimed Natal em Agosto foi de R$ 44,40.”

Produção Médica

Sinistralidade na Unimed Natal - Indicadores / Agosto 2009 Custos com quimioterápicos - Hospital Unimed (mês) Através dos indicadores de sinistralidade expostos nesta seção, é possível acompanhar mensalmente a evolução dos números relativos aos vários tipos de consultas realizadas pelos médicos cooperados. Os gráficos informam a quantidade total de consultas, as consultas eletivas e as consultas de urgência dos dois últimos meses. Comparando-se os números dos

68.813

meses de Julho e Agosto, observa-se

55.609

77.654

que o valor médio repassado pelas

65.082

Custos com oncologia (média mensal)

de total de consultas realizadas em

16.770

68.702

81.549

do que o valor de Julho. A quantida-

16.314

61.340

85.472

consultas eletivas, foi 0,30% menor

13.204

16.467

Custos com quimioterápicos Hospital Unimed (mês)

Redução de custos em oncologia com protocolo (mês)

Agosto foi 4,81% superior à de Julho, assim como o número de Consultas

legenda

Eletivas que cresceu 5,56%. As Con-

sultas de Urgência apresentaram

uma queda de 1,84%.

Julho 2009 Agosto 2009

Média anual Meta

Consultas Eletivas - Natal REFERÊNCIA CBHPM - R$ 33,60 CATEGORIA Consulta Bonificada Outras Consultas

QUANTIDADE

%

VALOR REPASSADO

Com Incentivo*

16.477

25%

R$ 44,40

Sem Incentivo

25.680

39%

R$ 34,40

Com Incentivo*

3.925

6%

R$ 36,40

Sem Incentivo

19.666

30%

TOTAL DE CONSULTAS

65.748

R$ 26,40

Valor Médio Repassado R$ 34,63

* Cooperado que não agrega SADT à consulta.

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PRO-RATA GERAL

26,78%

ÍNDICE DE SINISTRALIDADE (Ideal - 70 a 80%)

84,82%

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Redução de Custos

“Hoje, a Unimed Natal fornece aproximadamente R$ 180 mil em quimioterápicos, através de sua Central de Compras” - Dr. José Gurgel, diretor técnico.

Augusto Rattis

CUSTOS COM ONCOLOGIA (MÉDIA MENSAL)

2002 R$ 290.118,00 2007 R$ 713.709,00 2009* R$ 825.663,00 *(JANEIRO A AGOSTO)

CUSTOS COM QUIMIOTERÁTICOS HOSPITAL UNIMED(MES)

R$ 115.000,00 * *COM LIMINARES

R$ 180.000,00 * *TOTAL

REDUÇÃO DE CUSTOS EM ONCOLOGIA COM PROTOCOLO (MÊS)

R$ 150.000,00

Unimed Natal propõe protocolo para Quimioterápicos Com base no protocolo da Unimed do Brasil para o uso racional de quimioterápicos, será estabelecido o Protocolo da Unimed Natal, que aponta para uma redução de pelo menos R$ 150 mil por mês nos custos. O crescimento das doenças crônicas é uma ameaça no mundo contemporâneo, mal que já corresponde a 75% dos custos com saúde. O tratamento contra o câncer já chega à quinta posição entre os tratamentos mais caros. O crescimento dos custos com doenças crônicas também é uma realidade para a Unimed Natal. Diante disso, a diretoria da cooperativa propôs discutir soluções para a redução dos custos na área da Oncologia. Com base no protocolo da Unimed do Brasil para a utilização racional de quimioterápicos, será estabelecido o Protocolo da Unimed Natal que, segundo a diretoria técnica, aponta para uma redução de pelo menos R$ 150 mil por mês. O aumento do número de casos de neoplasias malignas associado a novas modalidades de tratamento – de custos mais elevados – são fatores preponderantes para o aumento das despesas na especialidade de Oncologia. Para se ter uma

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idéia, em 2002, a Unimed Natal gastava por mês, uma média de R$ 290.118,00. De 2002 a 2007, essa média subiu para R$ 713.709,00, um aumento de 146%. Se observados os gastos da cooperativa com quimioterápicos até o mês de agosto de 2009, calcula-se uma despesa média mensal de R$ 825.663,00. Na tentativa de reduzir os custos em Oncologia, a Unimed Natal organizou cinco encontros com representantes de clínicas da especialidade, onde o assunto foi discutido, tendo como base o protocolo da Unimed do Brasil. As reuniões serviram para fundamentar um Protocolo para a Unimed Natal de uso racional dos quimioterápicos. “Hoje, a Unimed Natal fornece aproximadamente R$ 180 mil em quimioterápicos, através de sua Central de Compras. Disso, cerca de R$ 115 mil são medicamentos fornecidos via liminares. A adoção do protocolo tem como objetivo extinguir tais ações. Espera-se uma redução de pelo menos

R$ 150 mil por mês”, afirma o diretor técnico da Unimed, Dr. José Gurgel. Um exemplo de que é possível reduzir os custos seguindo o protocolo é o caso de um paciente com Neoplasia Maligna do Cólon, que via liminar utiliza Oxaliplatina + Fluoruracila + Cetuximab, cujo custo médio mensal é de R$ 16.539,92. Conforme o protocolo, é possível utilizar o Oxaliplatina + Fluoruracila + Folinato de Cálcio, o que representaria um custo de apenas R$ 3.032,49. A redução nesse caso seria de 82%, ou seja, R$ 13.507,43. Em um caso de Neoplasia de Mama, o custo médio mensal com o esquema atual – via liminar – é de R$ 22.055,31, com o tratamento à base de Ac Zoledronico + Placlitaxel + Bevacizumabe. O protocolo aponta para a utilização de Ac Zoledronico + Doxorrubicina + Ciclofosfamida, cujo gasto mensal seria de R$ 5.288,88. A diferença mensal seria de R$ 16.766,43, uma redução de 76% nos custos só desse paciente.

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A média de cirurgias realizadas mensalmente no Hospital da Unimed é de 480.

Em Foco

Fotos: Vinícius Menna

HOSPITAL DA UNIMED Número de Leitos:

2004

2009 66

20 15

7 Leitos

Leitos de UTI

Leitos

Leitos de UTI

Taxa de Ocupação: 75% Taxa de Ocupação da UTI: 90% Cirurgias/Mês: 480

Hospital da Unimed: cinco anos de sucesso e crescimento Mensalmente, 35% das internações da cooperativa vão para o Hospital da Unimed. A taxa mensal de ocupação é de 75%. Mais do que um hospital, uma estratégia que deu certo. Chegando ao seu quinto ano de vida no dia 18 de outubro, o Hospital da Unimed Natal tem se consolidado como um investimento que não só cobre os custos, como continuamente acrescenta lucros à cooperativa. Isso se reflete na preferência dos médicos cooperados, que preferem realizar as internações de seus pacientes na unidade. Atualmente, a cada mês, o Hospital da Unimed contabiliza 35% das internações da cooperativa. Quando iniciou suas atividades, a unidade contava com apenas 20 leitos, além de outros sete de UTI. “Agora vamos ter 81 leitos, contando com a Unidade Coronariana, sendo 66 leitos e mais 15 de UTI”, explica o superintendente do hospital, Dr. Domício Arruda, urologista com especialização em Gestão Hospitalar.

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O hospital tem demonstrado sua lucratividade. A taxa de permanência – média de quatro dias – é a menor de toda a rede. Em outros hospitais esse número passa do dobro. A taxa de ocupação da unidade é de 75% e nele são realizadas, mensalmente, uma média de 480 cirurgias. Além disso, tem conseguido reduzir sensivelmente seus custos em vários procedimentos. “Temos hoje o hospital com maior experiência em cirurgias de redução de estômago, cuja complexidade é alta”, argumenta Dr. Domício Arruda. Hoje, a Unimed dispõe de plantão em clínica médica com ortopedia e neurocirurgia. As especialidades com maior número de atendimentos são ortopedia, cirurgia geral videolaparoscópica, cirurgia de cabeça e pescoço, urologia e cirurgia vascular.

Dr. Domício Arruda

“Os serviços estratégicos do hospital estão relacionados à alta complexidade. Nossa UTI mantém uma taxa de ocupação de 90%. Outra estratégia importante é o aumento dos procedimentos de Hemodinâmica, que atualmente são de 20%, mas devem chegar a 50%”, afirma o superintendente.

Saiba Mais O hospital com a certificação de qualidade da Organização Nacional de Acreditação serve ainda como potencial mercado de trabalho para os médicos natalenses. Cerca de 100 médicos trabalham na unidade.

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Augusto Rattis

Aléx Régis

Raios X

PÓS-GRADUAÇÃO EM AUDITORIA E MECANISMOS DE REGULAÇÃO EM SAÚDE EM NATAL As ações de regulamentação, verificação e controle sobre a produção de serviços no setor de saúde transformaram a auditoria em ferramenta essencial e criaram a necessidade de preparar melhor os profissionais que trabalham nesta área. Pensando nisso, a Unimed Natal, em parceria com a Fundação Unimed, está oferecendo um curso de pósgraduação em Auditoria e Mecanismos de Regulação em Saúde, destinado a profissionais de nível superior em saúde. As aulas começam no dia 13 de novembro e as inscrições estão abertas. Informações no Comitê Educativo da Unimed Natal pelo telefone 3220 6279.

PREFEITA DE NATAL RECEBE REPRESENTANTES DA ONG ATITUDE COOPERAÇÃO A prefeita Micarla de Souza recebeu em audiência, no final do mês de agosto, representantes da ONG Atitude Cooperação. Durante o encontro, a presidente da entidade, Dra. Edailna Melo, juntamente com Dr. Gley Nogueira, Dra. Maria Spinelli e Dra. Carla Karini conversaram com a prefeita sobre os projetos da ONG junto à comunidade do Bom Pastor e a necessidade de apoio da prefeitura para a continuidade deste trabalho. A prefeita se mostrou disposta a colaborar e, para conhecer melhor o trabalho desenvolvido pela Atitude Cooperação, prometeu agendar uma visita à comunidade.

BIOMETRIA PARA MÉDICOS COOPERADOS A Unimed Natal está realizando o cadastro da biometria dos médicos cooperados. Visando mais comodidade e segurança para os sócios, em breve, o controle de acesso a cursos, assembléias e demais eventos promovidos pela cooperativa será realizado através da leitura das digitais. Procure o Unimed Personal e cadastre a sua digital com antecedência.

Coluna do Conselho Técnico C A partir desta edição, o Conselho Técnico conta com este espaço para

descumprimento do art. 6º do Regimento Interno, por parte de médicos afastados.

divulgar suas atividades entre os cooperados.

Também foram encaminhadas sugestões para a reforma estatutária, para modifi-

Entre 20 de abril e 01 de setembro de 2009, os conselheiros realizaram

cações nas normas técnicas para mudança de especialidade e para regularização

14 reuniões onde foram discutidos, entre outros temas, incorporação de

da situação de médicos não cooperados na escala de plantão do HU.

novas tecnologias, pedidos de afastamento, mudança de especialidade, so-

O Conselho está em alerta diante de denúncias de pacientes de que alguns

licitação de inclusão de serviços e de extensão de credenciamento, etc.

cooperados estariam cobrando, indevidamente, a primeira consulta como

Merecem destaque ainda a presença de um representante do conselho nas reu-

particular. Os colegas já foram avisados de que esta prática não condiz com

niões mensais com a administração do Hospital da Unimed e na reunião conjun-

o código de prestação de serviços da Unimed. Estamos de olho!

ta entre os três conselhos; encaminhamento ao Conselho de Administração de sugestão para a formação do comitê de ética e apuração de denúncias sobre o

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Conselho Técnico

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Capa

Medicina de Alto Custo As despesas resultantes da utilização excessiva da tecnologia médica e de materiais e medicamentos acarretam um aumento nos custos da assistência médica. O crescimento dos recursos tecnológicos tem influído em todas as áreas do conhecimento e, principalmente na conduta de muitos profissionais. A medicina é uma das áreas do conhecimento humano onde mais se percebe o impacto do desenvolvimento de novas tecnologias, tanto

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na área do diagnóstico como na implantação de novas técnicas de tratamento. Inicialmente, para chegar a um diagnóstico, o médico só dispunha de seus sentidos básicos aliados à experiência prévia. Com a visão observava o doente, com o tato realizava a palpação e a tomada de pulso; com a audição

ouvia as queixas e os ruídos anormais e, finalmente, com o olfato podia sentir os odores característicos.

NOVA TÉCNICAS Ao longo dos séculos foram surgindo vários tipos de exames, mas a tecnologia médica

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“Saúde não tem preço, mas tem custo.”

“Mesmo com toda a tecnologia disponível, o médico deve saber diagnosticar qualquer doença utilizando apenas os sentidos”. Dr. Iaperi Araújo

propriamente dita se desenvolveu no século XX com o surgimento do diagnóstico por imagens, endoscopia, métodos gráficos, exames de laboratório e provas funcionais. O marco inicial desta era foi a descoberta dos raios X, em 1895, causando grande impacto entre cientistas e leigos. Em sequência vieram exames como a cintilografia, ultrassonografia, endoscopia, tomografia computadorizada, ressonância magnética etc. A cada dia, novos exames e técnicas são incorporadas aos recursos auxiliares ao diagnóstico. A utilização destes recursos traz muitas vantagens. Entre os inquestionáveis benefícios, estão diagnósticos precoces e precisos que resultam em mais segurança para o médico e menos riscos e desconforto para o paciente. O surgimento dos novos métodos de diagnóstico por imagem, sorológicos, anatomopatológicos, resultou também em uma supervalorização dos exames complementares sobre o diagnóstico clínico, gerando um abalo na relação médico-paciente. Por vezes surgem relatos que os profissionais estão mais técnicos e menos humanos. Eles investem menos energia e tempo no contato com o paciente, na ilusão de que as máquinas possam dar o diagnóstico. Estima-se que 70% dos diagnósticos possam ser firmados, com boa margem de segurança, somente com uma boa história clínica e um exame físico detalhado.

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IMPORTÂNCIA DO EXAME CLÍNICO A anamnese e o exame físico são a base do diagnóstico clínico e constituem os elementos orientadores da indicação de exames complementares. De acordo com López M., em Introdução ao diagnóstico clínico (1990), só existe uma razão plenamente justificada para a solicitação de exames complementares de diagnóstico: “... é a de responder a uma questão específica que surgiu como conseqüência do exame clínico ou para atender a exigência de natureza terapêutica”. O exame complementar não substitui o exame clínico porque a indicação correta de um

procedimento complementar depende também, e muito, de um exame clínico bem feito. Para um diagnóstico bem feito e um tratamento bem conduzido, o mais importante é um profissional competente que mantem uma boa relação médico-paciente e um bom raciocínio clínico. Para o ginecologista e obstetra, Iaperi Araújo, também pesquisador e professor universitário, a medicina hoje não pode desprezar a alta tecnologia, mas também não deve desprezar a propedêutica clássica. “Sem a anamnese o médico não faz nada”, alerta. Dr. Iaperi lembra que antes por falta de condições, as consultas eram feitas de forma mais

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Capa

simples. Ele considera que com a difusão da tecnologia e até a pressão da indústria, muitos profissionais já partem para os exames mais complexos, desprezando a essência da Medicina que é o contato pessoal com o paciente para chegar mais facilmente ao diagnóstico, encaminhar o tratamento e, até mesmo, à cura. “Não somos contra a tecnologia, mas o médico deve começar com os exames mais simples para depois partir para o apoio do aparato tecnológico. Mesmo com toda esta tecnologia, ele tem que saber diagnosticar qualquer doença utilizando apenas os sentidos”, conclui o professor Iaperi.

A MEDICINA DEFENSIVA

“O exame complementar pode e deve ser pedido na dúvida diagnóstica ou quando, eventualmente, possa modificar ou influenciar a decisão de plano terapêutico”

A mesma opinião tem o cirurgião e professor universitário, Dr. Ernani Rosado, para quem hoje, seguramente, o profissional lança mão de um recurso complementar. Isso acontece porque, pressionado para não errar, o médico se utiliza, de forma justificada e desejável, deste recurso para confirmar sua suspeita. Dr. Ernani credita esta necessidade tanto à divulgação de novas técnicas, o que faz com que alguns pacientes fascinados pela tecnologia, tentem induzir o médico a utilizá-la, como também, a uma auto-defesa do profissional frente à possibilidade de erro e de ser tachado de antigo, desatualizado, pelos pacientes. Neste último caso, devido à tendência de copiar que

acontece nos Estados Unidos, onde qualquer pequena farpa na relação médico-paciente é levada à justiça, médicos e hospitais necessitam se cercar de todos os artifícios para prevenir acusações de malpractice ou má prática. Em seu artigo, O Uso da Tecnologia no Diagnóstico Médico (2002), o médico gastroenterologista e professor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, Joffre M. de Rezende, revela que um inquérito realizado pelo Colégio Americano de Cirurgiões, entre 16 mil membros, constatou que cerca de metade dos exames solicitados era reconhecidamente dispensável, porém foram feitos como autoproteção do médico contra possíveis processos de malpractice. Para Dr. Ernani, os recursos devem ser usados com parcimônia. “O exame complementar pode e deve ser pedido na dúvida diagnóstica ou quando, eventualmente, possa modificar ou influenciar a decisão de plano terapêutico”, esclarece.

CUSTOS DA ALTA TECNOLOGIA Outro desafio é como conciliar os benefícios trazidos pela alta tecnologia com os custos que ela gera? As despesas decorrentes da utilização excessiva da tecnologia médica e de materiais e medicamentos – as OPMES vêm acarretando uma contínua elevação dos custos da assistência médica.

Dr. Ernani Rosado

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DESPESAS ASSISTENCIAIS - AGOSTO/2009 PATOLOGIA CLÍNICA LABORATÓRIO

1.539.616,81 168.346 517.160,92

ULTRA-SONOGRAFIA 6.726 254.647,34

TOMOGRAFIA 919

229.181,69

RESSONÂNCIA 455 LEGENDA:

VALOR

O custeio da assistência à saúde é motivo de preocupação para todos os países. Os EUA é o país que mais gasta com saúde no mundo, cerca de 16% do PIB, U$ 2,2 trilhões. As despesas médicas no país cresceram mais rapidamente do que os índices de preços e do que o PIB. Esse aumento acelerado tem como principal fator a incorporação tecnológica, com novos equipamentos de diagnóstico, novos procedimentos e medicamentos. De acordo com o diretor Técnico da Unimed Natal, José Gurgel do Amaral Filho, na cooperativa são gastos, mensalmente, R$ 4,5 milhões com exames diagnósticos e entre R$ 8 e R$10 milhões com gastos hospitalares. “Entre os

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QUANTIDADE custos hospitalares, metade é consumida com materiais e medicamentos, incluindo as OPMES – Órteses, Próteses e Medicamentos”, explica. Essa afirmação pode ser comprovada comparando-se os valores gastos entre 2002 e 2009 com stents, gastroplastias, órteses/ próteses e marcapassos. Neste período, os custos com marcapasso, por exemplo, aumentaram quase 3.000%, um percentual absurdo quando comparado à inflação e aos aumentos concedidos pela ANS para as Operadoras de Saúde, no mesmo período (ver gráficos).

CUSTO DAS MENSALIDADES Os planos de saúde privados são diretamente

afetados pela inflação causada pela alta tecnologia, que não é computada quando são realizadas as previsões de custos para o cálculo das mensalidades. Entre as características que influenciam neste cálculo estão a forma de contratação, segmentação assistencial, abrangência geográfica, acomodação hospitalar, faixas etárias e Mecanismos de Controle dos Riscos. A segmentação assistencial, onde são estabelecidas as coberturas contratuais dos serviços a que o usuário tem direito, é a característica mais importante do plano, porque é a variável que mais influencia nos cálculos dos custos e, consequentemente, nas contraprestações pecuniárias, lembrando ainda que, com o advento da regulamentação, as despesas administrativas e operacionais (consultorias obrigatórias, auditorias independentes, e provisões) tiveram um grande incremento, causando maior impacto no total dos custos. De acordo com a Gerente de Controles Estatísticos da Unimed Natal, Tereza Lisboa, com base em estudo realizado por ela em 2008, dentro da segmentação assistencial, a distribuição etária da população é um dos principais fatores de impacto em custos de saúde na similar natalense. O estudo também mostra que os Serviços

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Capa

Auxiliares de Diagnose e Terapia (S.A.D.T.) ou simplesmente, exames e terapias, são considerados outro item de grande impacto nos custos assistenciais, com 29,2% do total das despesas assistenciais da cooperativa. As despesas ambulatoriais, são responsáveis por cerca de 56% do total de despesas assistenciais, sendo que, nesse segmento, o item de maior representatividade ainda é a consulta médica. As despesas hospitalares, que giram em torno de 44% do total das despesas assistenciais, têm como principal componente os materiais e medicamentos, responsáveis por 40% das despesas hospitalares e 17,5% do total dos gastos assistenciais. O aumento acumulado concedido pela ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar, entre 2004 e 2008 foi de 51,61%, contra uma inflação médica equivalente a 54,15%, no mesmo período. É do correto estabelecimento dos preços de um plano de assistência à saúde que depende o equilíbrio financeiro da operadora. Mas como mensurar e alterar os cálculos de uma mensalidade de plano de saúde diante da introdução de novas tecnologias, materiais e medicamentos? E quem arca com esta diferença? A fatura é cobrada a todos, desde o cooperado até o usuário que, apesar de subdimensionado, percebe que houve um aumento em

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suas mensalidades. Para o Diretor Técnico, a saída para uma cooperativa forte e apta a enfrentar os desafios dos crescentes custos da medicina está nas mãos dos próprios médicos. Ele explica que para zerar o pro-rata, os custos assistenciais deverão ter uma redução de 20 a 35%. Para cada R$ 1,00 de queda no pro-rata, é necessária uma racionalização mensal de R$ 230 mil. “Está na hora de cada colega se perguntar no final do dia qual o percentual dos exames por ele solicitados que apresentaram resultados normais, ou que pouco auxiliaram na elucidação do caso clínico em questão”, sugere Dr. Gurgel.

Como um exemplo do crescimento no número de exames, Dr. Gurgel cita o tratamento de uma pneumonia estafilocóccica com derrame pleural que, há 30 anos, envolvia um Raio-X de tórax, uma possível drenagem pleural e antibioticioterapia. Hoje, ao mesmo tratamento acrescenta-se ultrasonografias, tomografia e em alguns casos, uma pleuroscopia. Casos como este se repetem com frequência. Um setor muito importante a ser levado em conta neste desafio pela sustentabilidade do sistema, e que nem sempre é lembrado ou chamado para dialogar, é a indústria. Em todo este processo, negociar com os fornecedores é questão de vida ou morte já que a inflação causada pela alta tecnologia médica encareceu a Medicina nos últimos 17 anos. Neste período, a Indústria Médica aumentou seu faturamento de 14 bilhões para 220 bilhões de dólares. Só no Brasil, segundo o IBGE, o aumento do consumo de materiais e equipamentos hospitalares, cresceu de R$ 59 para R$ 110 milhões. Dr. Gurgel alerta ainda que é preciso acabar com a noção errada de que medicina armada é a melhor medicina. Agindo desta forma, o médico demonstra insegurança e despreparo, além de causar riscos desnecessários aos pacientes. “O melhor médico é aquele que faz o diagnóstico e trata num menor espaço de tempo, com menos recursos e riscos para o paciente”, conclui.

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Iniciativa de responsabilidade social visa trazer melhorias para a comunidade do bairro Bom Pastor, na Zona Oeste de Natal.

Especial

“O desafio agora é a busca pela adesão dos médicos cooperados da Unimed Natal para o crescimento da instituição.”

Fotos: Vinícius Menna

Edailna Melo

ONG Atitude Cooperação pede ajuda dos cooperados Com novo galpão, cedido pela Unimed Natal, ONG aumentou as atividades e ganhou espaço para armazenar produtos doados para reciclagem. “A gente precisa trazer o médico para o nosso lado”. Esse é o apelo da Dra. Edailna Melo, que há aproximadamente três anos coordena as atividades da ONG Atitude Cooperação, uma iniciativa de responsabilidade social que visa trazer melhorias para a comunidade do bairro Bom Pastor, na Zona Oeste de Natal. Com um novo galpão, cedido pela Unimed Natal, as mulheres da comunidade atendida pela ONG puderam aumentar os trabalhos, além de ganharem espaço para armazenar os produtos doados. O desafio agora é a busca pela adesão dos médicos cooperados da Unimed Natal para o crescimento da instituição. Esta adesão dos médicos só tem aumentado, mostrando que o trabalho da ONG tem sido visto com bons olhos pelos cooperados. Exemplo disso foi a festa de São João que a Atitude Cooperação organizou, sempre buscando o contato mais efetivo com os médicos da Unimed. Inicialmente preparado para receber cerca de 600 pessoas, o evento acabou reunindo 1700. Conectada com o trabalho da ONG, a diretoria da Unimed está fazendo sua parte. Além de

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conseguir o galpão para a organização, a diretoria contribuiu com a comunidade do Bom Pastor transformando duas escolas públicas do bairro em Área Protegida Unimed, através do SOS Unimed, mantendo seguros cerca de 4 mil alunos que não tem acesso a planos de saúde. Atualmente, a Atitude Cooperação vem desenvolvendo um trabalho que é modelo de responsabilidade social e ambiental. Através de doações de diversas empresas, a ONG está coletando papéis usados para reciclagem. Além disso, um trabalho de coleta de óleo junto a empresas e à própria comunidade visa o aproveitamento do material para a produção de sabão e sabonete. A coleta de garrafas plásticas também ajuda a instituição, que utiliza o material para a fabricação de vassouras. “Já estamos com dois convites por parte da Associação dos Supermercados para colocar nossos produtos à venda”, conta Dra. Edailna Melo.

FRUTOS Tanto trabalho gerou frutos. Além de envolver as

mulheres da comunidade em atividades diversas, a ação serve para arrecadar fundos com o intuito de trazer melhorias para a comunidade. Dentre os trabalhos desenvolvidos junto ao bairro do Bom Pastor, que utilizam esses recursos, estão o Projeto Celeiro, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, cuja finalidade é treinar crianças da comunidade em modalidades esportivas como voleibol e judô. Há ainda o projeto “De Olho no Futuro”, que treina os professores das escolas públicas do bairro para identificar as crianças entre 7 e 14 anos que possuem problemas oftalmológicos. Em parceria com as Óticas Diniz, a ONG promove a doação de óculos para as crianças que possuem esses problemas. Outro projeto desenvolvido pela ONG diz respeito à Inclusão Digital. O projeto começou treinando 80 crianças para utilizar as ferramentas digitais e hoje, já atende a 200 alunos. A iniciativa surgiu de uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Secoop).

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Artigo Médico

Dilema Ético O difícil exercício da Medicina diante da falta de estrutura e péssimas condições de trabalho enfrentadas pelos profissionais médicos. um leito de hospital, e se adaptar com o A medicina brasileira, sobretudo a pública, fato de que a legislação brasileira prevê a vive um dilema ético: como compatibilizar responsabilidade civil e penal dos médicos? o falido sistema de saúde pública com toda Como adequar uma realidade tão devastaa responsabilidade legal que envolve o diadora como é a da saúde pública brasileira, à dia da atividade? norma fria e escrita dos códigos? Ainda hoje o curso de Medicina é um dos O Médico não tem obrigação de resultamais procurados na maioria dos vestibulado, mas sim prestar a assistência, de forma res do país, seja por influência de opiniões, atenciosa e aplicada. Sua obrigação não é seja por pura vocação. Além de ser uma de curar o paciente, mas sim das mais antigas profissões de usar de toda a técnica e codo mundo, a Medicina é uma nhecimentos para, da melhor paixão, algo pelo qual muitas forma possível, atingir o resulpessoas almejam anos à fio, e tado da cura. sentem o resultado positivo Ignora-se a situação cruel ende suas escolhas. O exercício frentada pelos médicos, que da Medicina no seu o dia-dia, exaurem seu talento e seus idese traduz em uma atividade ais ao trabalhar em unidades de extremamente querida pela saúde públicas caóticas, onde população, seja pelo laço de Autor: Luís Eduardo escasseiam ou inexistem equiafeto na relação médico-paBarbalho de Mello pamentos, materiais os mais ciente, seja pelo valor abnePresidente do primários e medicamentos os gado das vidas que são salvas CRM-RN Especialista em mais simples, onde se desgaspelos médicos. Cirurgia de Cabeça tam tratando das doenças sem Entretanto, o que se vê hoje, é e Pescoço pelo a devida resolutividade. um contraste fortuito: jovens Instituto Nacional É desconfortável saber que de médicos que recém saídos de Câncer, 2º Vice-Presidente acordo com dados do CFM, cerdas faculdades, sonham com da Sociedade ca 95% dos médicos brasileiros um futuro brilhante em uma Brasileira de são assalariados, prestando profissão dourada, mas que Cirurgia de Cabeça e Pescoço. serviços a entidades privadas encontram a realidade de um de assistência, que contribuem sistema de saúde pública falido para o desânimo ao cercear a e um sistema de saúde supleautonomia e criar restrições exageradas e mentar que o escraviza e que não oferece perigosas às ações médicas. a mínima condição de trabalho ao médico. Paradoxalmente, vivemos numa sociedaComo aceitar o dia-dia de pessoas morrende onde a informação está facilmente ao do sem atendimento, ou a triste decisão que alcance de todos e a disponibilidade dos muitos médicos, têm de fazer, ao decidirem avanços tecnológicos são apresentados à qual caso é mais grave e, por isso, merece

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população de forma avalassadora com a consequente cobrança de que o médico necessita estar atualizado. De maneira que, constantemente, aumenta a nossa responsabilidade e a necessidade do custeio dessa atualização. Por outro lado, O progresso científico e o avanço tecnológico da medicina, aliados à evolução do pensamento e dos costumes, trouxeram novos conceitos e novos aspectos relativos à ética médica. Atualmente, há que se compatibilizar com a Bioética e adaptar-se à problemática decorrente da prática médica, com o objetivo de evitar a conivência dos médicos com as falhas dos atuais sistemas de saúde, sempre que houver prejuízo para os doentes, e com os interesses financeiros da indústria farmacêutica e de equipamentos médicos, que procuram influenciar a conduta do médico. Por fim, acreditando nos médicos e no fortalecimento da Medicina, destaco parte do texto da Declaração de Genebra da Associação Médica Mundial - 194 8, a mais antiga e conhecida de todas. “A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação. Respeitarei os segredos a mim confiados. Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão médica. Meus colegas serão meus irmãos. Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes. “Faço estas promessas, solene e livremente, pela minha própria honra.”

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O médico é dono da cooperativa e por isso, deve lutar em seu favor e nunca contra ela.

COLUNA DO JURÍDICO

Justiça nega pedido de cooperado em ação judicial contra a Unimed Nas últimas revistas “Cooperando” foram abordados alguns temas relacionados à ingerência da Justiça nas relações contratuais da Cooperativa com seus usuários, bem como as conseqüências de ordem financeira causada pelo excesso de liminares infundadas concedidas equivocadamente pelos magistrados e como influenciam na remuneração do ato médico. Nesta oportunidade, nos referiremos a um caso específico em que um MÉDICO COOPERADO ingressou com uma ação judicial contra a cooperativa, inconformado com as medidas adotadas pelo Conselho de Administração para reduzir os altos custos da produção médica. A ação judicial proposta pelo médico em referência tinha como objetivo o pagamento da produção integral do médico, “sem glosar qualquer consulta, exame, serviço prestado ou tratamento médico cirúrgico individual”.

O Juiz para quem foi distribuído o processo, antes de apreciar o pedido de liminar, concedeu o prazo de 48 horas para que a Unimed Natal se pronunciasse. Ao pesquisar os dados necessários à elaboração da defesa, constatou-se que o médico era o campeão na geração de despesas na sua especialidade, produzindo um custo médio, por usuário, três vezes maior do que os demais cooperados na mesma especialidade. Após os esclarecimentos apresentados pela Unimed Natal o magistrado negou o pedido do cooperado, argumentando que “...as medidas adotadas pela Unimed Natal, ora demandada, visam à racionalização do número de solicitações de exames e procedimentos... e fazem parte de, uma política de adequação de custos por especialidade...”, e que “a Unimed Natal constitui uma cooperativa de trabalho médico que atua em prol dos médicos cooperados, os quais devem

submeter-se às regras previstas no Estatuto e Regimento Interno da mesma, bem assim às suas disposições internas, devendo prevalecer, em qualquer situação, o princípio da livre oportunidade para todos os associados, inclusive o ora demandante, como bem estabelece o art. 7°, letra “a” do Estatuto Social da demandada.” Ressalte-se que os médicos que integram os quadros desta Cooperativa têm a obrigação ética, moral e estatutária de zelar pelos interesses da coletividade, não colocando os seus em primeiro lugar, em detrimento dos demais colegas. É válido reforçar, por fim, a idéia de que o médico é dono da cooperativa e por isso deve lutar em seu favor e nunca contra ela, e que somente a união, a convergência de ideais e o esforço comum poderão garantir os objetivos buscados: a garantia de mercado de trabalho para o médico e uma remuneração justa!

Conselho fiscal Atendendo sugestão do Conselho Fiscal, nos dias 02 e 03 de outubro, aconteceu o Curso para formação de Conselheiros Fiscais, proferido pelos professores José Bento de Oliveira e Ricardo Campos, competentes técnicos da Fundação Unimed. Havia 42 pessoas inscritas, porém só compareceram pouco mais de 20, o que lamentamos, pois neste momento, necessitamos ampliar o envolvimento dos cooperados com a sua cooperativa.

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O curso foi muito proveitoso e foi dada a sugestão para que ele seja realizado 2 vezes por ano, no intuito de que mais cooperados participem do referido curso, e, desse modo, possam entender melhor o funcionamento da cooperativa, como também tomar conhecimento dos direitos, deveres e obrigações de uma cooperativa e de seus cooperados .

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História da Medicina no RN

Memorial da Medicina do Rio Grande do Norte Com um acervo formado por fotografias,registros históricos,diplomas originais e reproduções, objetos, instrumentos médicos e mobiliários do século passado, o memorial é referência para discussão e reflexão sobre o itinerário sócio-histórico da medicina no RN. O Memorial da Medicina do Rio Grande do Norte é uma extensão do Conselho Regional de Medicina do RN (CREMERN), e nasceu a partir da idéia do Conselheiro Dr. Rubens dos Santos Silva, encampada pelo então Presidente do CREMERN, Dr. Newman Figueiredo de Macedo e sua Diretoria, entre 1995 e 1996. É aberto ao público e funciona diariamente das segundas às sextas feiras, no horário de expediente, e com acesso pelo CREMERN.

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Em 04 de março de 1996 foi inaugurando nas dependências do CREMERN, à época situada na Av. Café Filho, Praia do Meio, data marcada com uma exposição de fotografias organizadas pelo Prof. Olímpio Maciel, e uma exposição retrospectiva de quadros do médico e pintor Prof. Leopoldo Nelson de Souza Leite (in memorian), originando assim a pinacoteca, cujo nome fora aprovado em Assembléia do CREMERN, em 14 de fevereiro de 1996. Estas obras, do acervo particular da

família, foram expostas entre os dias 04 e 08 de março de 1996, marcando a abertura do Memorial. O acervo fotográfico traz o nome do Prof. José Jorge Maciel, que já colecionava fotografias históricas da medicina do RN em seu acervo particular, junto ao Instituto de Radiologia de Natal, posteriormente continuada pelo seu filho, Dr. Olímpio Maciel, ex-presidente e hoje membro do Conselho Curador do Memorial. Em 2003, o acervo bibliográfico passou a chamar-se Prof. Getúlio de Oliveira Sales (in memorian), em homenagem ao poliglota, professor de patologia e um dos organizadores da UFRN, do curso de medicina, e da Academia de Medicina do RN. Em 18 de outubro de 1996, dia do Médico, cujo patrono é São Lucas, o Memorial pro-

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No início, o Memorial funcionou como “Gabinete de Curiosidades” devido à diversidade de objetos doados para o acervo.

A sede definitiva do Memorial foi doada pelo Conselho Federal de Medicina em 2001. O prédio tombado, foi restaurado e inaugurado em 18 de setembro de 2002. moveu uma exposição retrospectiva do médico pintor Dr. Jussier Magalhães, de saudosa memória, entre os dias 18 e 25 de outubro de 1996, como parte das comemorações da Semana do Médico daquele ano. Adquirida em 2001, a sede definitiva do Memorial, doada pelo Conselho Federal de Medicina em edificação tombada, foi restaurada e inaugurada em 18 de setembro de 2002. O projeto de restauração teve a autoria do arquiteto Dr. Ubirajara Galvão. Hoje o Memorial funciona na Av. Rio Branco 388 – Centro. Para inauguração da nova sede foi montada uma exposição temporária com objetos pessoais do Prof. Onofre Lopes da Silva, incluindo a veste talar usada nos seus doze anos enquanto Reitor da UFRN, diplomas e objetos pessoais, postos em sala reservada junto ao pedestal de granito onde repousa o seu coração. O coração do Dr. Onofre foi retirado logo após o seu falecimento, em 1984, a pedido do seu filho, Prof. Onofre Lopes da Silva Júnior, que encarregou o então Prof. de Anatomia, Prof. Hiram Diogo Fernandes (in memorian), de tal missão. O coração, formolizado e acondicionado em frasco apropriado, ficou alguns anos na sede da III Disciplina de Clínica Cirúrgica, do Cur-

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so de Medicina da UFRN, sob a guarda do Prof. Hiram, e depois foi levado ao CREMERN, onde permanece exposto. Os objetos pessoais, após a exposição, foram devolvidos para guarda da família. A Lei de criação dos Conselhos de Medicina no Brasil data de 1958, e quem fundou o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte foi o Prof. Onofre Lopes da Silva. Ele teve o registro no Conselho (CRM) de Nº 1. Entre 2003 e 2004 o Memorial permaneceu fechado, obedecendo orientação do Conselho Regional de Engenharia, por motivo de segurança, devido à construção da sede própria do Conselho Regional de Medicina, um edifício vizinho, de 5 pavimentos. Em princípio, o Memorial funcionou como “Gabinete de Curiosidades” devido à diversidade de objetos doados para o acervo, quando foi iniciado o trabalho de catalogação e formação de coleções. Em 2007 foi reinaugurado, depois de passar por uma reestruturação, sob orientação técnica da especialista em museologia Rosemary Lins Barreto. No acervo do Memorial é possível encontrar fotografias de expoentes e partícipes da medicina do RN, registros históricos, diplomas originais e reproduções, objetos, instrumen-

tos médicos e mobiliários de consultórios usados na metade do século passado. A administração continua aceitando doações. O material recebido passa por uma triagem e depois, catalogação. O Memorial é receptivo à formação médica do RN e recebe, em visita técnica, alunos dos três cursos de medicina do estado: UFRN, UERN e UnP. É um momento dedicado à visitação, discussão e reflexão sobre o itinerário sócio-histórico da medicina no RN. Em seu acervo constam ainda convites de formaturas de turmas concluintes da UFRN além de uma miniatura original da placa comemorativa da primeira turma de médicos formados pela UFRN, em 1961, doada pela médica concluinte daquele ano e professora aposentada de ginecologia e obstetrícia da UFRN, Dra. Lúcia Bezerra de Melo.

Atualmente o auditório do CREMERN/Memorial, com capacidade para 120 pessoas, é palco de cursos de educação médica continuada promovidos pelo CREMERN, palestras e discussões mensais sobre dilemas éticos, além de estar disponível para a realização de jornadas médicas e outros eventos da área. Em conjunto com a Academia de Medicina do RN tem recebido não apenas médicos, mas a sociedade potiguar em solenidade magna.

Autora: Dra. Emilia Maria Trigueiro Morais de Paiva. Coloproctologista

Visite o Site: http://www.unimednatal.com.br/cooperado

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Variedades

Dica de livro

39ª Convenção Nacional Unimed

XVIII Congresso Brasileiro de Cancerologia

Data: 28 a 31 de outubro de 2009

Data: 28 a 31 de outubro de 2009

Local: Vitória/ES

Local: Curitiba/PR

Informações: www.unimed.com.br

Informações: www.concan2009.com

Congresso da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular

53º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia - CBGO

Data: 04 a 07 de novembro de 2009 Local: São Paulo/SP

“Trata-se de um livro que descreve o método de trabalho do sombrio serviço secreto de espionagem (Santa Aliança) mantido pelo Vaticano desde 1566. O autor relata a participação da Igreja Católica e de quarenta papados em alguns dos principais acontecimentos dos últimos séculos. Há uma descrição de fatos intrigantes da história, desde assassinatos de reis como Henrique IV da França; o apoio a golpes de Estado; proteção a nazistas criminosos de guerra e manipulação de operações financeiras. O livro é escrito em uma linguagem envolvente e trata-se de um ensaio político histórico, descrevendo a Santa Aliança, cuja existência continua sendo negada em Roma”.

Local: Belo Horizonte/MG Informações: www.itarget.com.br/newclients/ congressoginecologia2009.com.br/2008/

XIV Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI)

XVII Congresso Brasileiro de Diabetes Data: 18 a 21 de novembro de 2009 Local: Fortaleza/CE

Local: São Paulo/SP Informações: www.cbmi.com.br

Dr. Armando Otávio Vilar de Araújo neurologista

Data: 14 a 17 de novembro de 2009

Informações: www.sobrice2009.com.br/

Data: 11 a 14 de novembro de 2009

foto: Augusto Ratis

Agenda de eventos

Informações: www.diabetes2009.com.br

Coluna do Auditor A Auditoria Médica da UNIMED-Natal tem como objetivo acompanhar a assistência ao paciente e contribuir para que ela seja de boa qualidade. Dos instrumentos utilizados, esclareceremos sobre as

Peruano nascido em Lima, em 1963, Eric Frattini é escritor e jornalista. Publicou dezenas de livros como The Mafia, S. A. (2002) e Secretos Vaticanos (2004).

autorizações de medicamentos. Os fármacos que necessitam de autorização não o são apenas por possuírem alto custo, mas por funcionarem como sinalizadores de possíveis complicações. Para ilustrar, citaremos o Metronidazol injetável, cuja dose custa apenas R$ 6,26 e é bastante utilizado em cirurgias abdominais. Quando, num pós-operatório, é prescrito como terapêutico (uso por mais de 24 horas) pode indicar para o auditor ou há risco de estar o paciente evoluindo com uma infecção relacionada à assistência à saúde (nova denominação da Infecção Hospitalar). Se o médico vai utilizar o antimicrobiano por mais de 48 horas ele deverá solicitá-lo em formulário

foto: Augusto Ratis

duas situações: ou foram encontrados indícios, no ato cirúrgico, de uma infecção antes não detectada

específico, sempre justificando o seu uso. O exemplo citado mostra como o Controle de Antimicrobianos da auditoria da Unimed pode auxiliar na detecção das Infecções Hospitalares e na adoção de medidas de controle pelas instituições hospitalares, desta forma, contribuindo para a melhoria na assistência oferecida ao paciente. Nos últimos anos, a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e o Centro de Controle de Doenças

Livro: A Santa Aliança - Cinco Séculos de espionagem no Vaticano

(CDC) dos EUA participam ativamente do esforço mundial para uso racional de antimicrobianos pro-

Autor: Eric Frattini

movendo campanhas de esclarecimento em vários países do mundo. Precisamos todos estar atentos

Editora: Boitempo Editorial

aos primeiros indícios para que as medidas adotadas possam ser eficazes. Nº de Páginas: 447 Equipe de auditoria da Unimed Natal

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Preço: R$ 54,00

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