Revista Humanize

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Humanize

Ano I . N. 1 * SETEMBRO / 2010

www.ligacontraocancer.com.br

Driblando o preconceito Médicos apontam mudança no comportamento masculino e dizem que homens procuram mais os consultórios para fazer exame de próstata

Começa a funcionar novo acelerador linear da Liga Equilíbrio mental é essencial para enfrentamento do câncer Projeto combate desnutrição em pacientes com necessidades dietéticas especiais


Editorial

Para realizar um trabalho diferenciado, é preciso ultrapassar a barreira que separa o comum do inovador, sempre em busca da evolução constante. É possível afirmar com orgulho que a Liga Contra o Câncer não se restringiu ao atendimento a pacientes e evoluiu, desenvolvendo, ao longo de 60 anos de existência, um extenso leque de serviços. Hoje, além de oferecer um tratamento humanizado e de qualidade a pacientes com câncer, a Liga produz conhecimento científico e conta com uma equipe multidisciplinar que atua nas mais diversas áreas. A intenção da revista é concatenar essa evolução. As próximas páginas contam um pouco do que é feito em todas as unidades que compõem a Liga Contra o Câncer, como, por exemplo, a pesquisa de aconselhamento genético, que ajuda a detectar de forma profilática o câncer de mama em familiares de pacientes que possuem a doença. A preocupação com toda a esfera emocional que envolve pacientes com câncer, a modernização da estrutura e dos aparelhos, dentre outras realizações, são evidenciadas na publicação. A revista da Liga Contra o Câncer é mais uma conquista, e serve como vitrine para expor alguns dos avanços conquistados nos últimos anos. É uma forma de divulgar as ações e, ao mesmo tempo, prestar contas a quem contribuiu significativamente para o sucesso da instituição: os pacientes, médicos, residentes, poderes públicos/ privados e a população norteriograndense em geral.

TECnoLoGiA 3

Desvendando o câncer de mama

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ARTiGo CiEnTíFiCo 4

PREvEnção Mudança de hábito

Casa de Apoio Irmã Gabriela Rua Luiz Fernandes, 185 - Quintas CEP: 59035-070 - Natal/RN Tel: (84) 4009-5700 / Fax: (84) 4009-5702 E-mail: casadeapoio@liga.org.br

PESquiSA

TRATAMEnTo Mente sã, corpo são

Liga Norteriograndense Contra o Câncer CECAN, Centro Avançado de Oncologia Av. Miguel Castro, 1355 - Dix-Sept Rosado CEP: 59062-000 - Natal/RN Tel: (84) 4009-5501 / Fax: (84) 4009-5532 E-mail: adm.cecan@liga.org.br

Sumário Acelerando o tratamento

Dr. Maciel de Oliveira Matias Coordenador da Revista da Liga

Genes supressores e suscetibilidade ao câncer 10

HuMAnizAção 6

Dieta da solidariedade

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DIRETOR PRESIDENTE Dr. José Américo dos S. Costa DIRETOR VICE-PRESIDENTE Dr. Leão Pereira Pinto SUPERINTENDENTE EXECUTIVO Dr. Roberto Magnus Duarte Sales COORDENaDORa DO DEPECOM Karla Assunção de Carvalho Emerenciano JORNaLISTa RESPONSÁVEL Davi Araújo EDIÇÃO DE TEXTOS Lorena Gurgel PROJETO GRÁFICO E DIaGRaMaÇÃO Firenzze Comunicação estratégica FOTOGRaFIa Augusto Ratis IMPRESSÃO Impressão Gráfica TIRaGEM 5.000

DEPECOM - Departamento de Ensino, Pesquisa e Educação Comunitária Av. Miguel Castro, 1355 - Dix-Sept Rosado (nas instalações do CECAN) CEP: 59075-740 - Natal/RN Tel: (84) 4009-5567 E-mail: depecom@liga.org.br Hospital Dr. Luiz Antônio Rua Dr. Mário Negócio, 2267 - Quintas CEP: 59040-000 - Natal/RN Tel: (84) 4009-5400 / Fax: (84) 4009-5447 E-mail: adm.hla@liga.org.br Policlínica Rua Sílvio Pélico, 181 - Alecrim CEP:59040-150 - Natal/RN Tel: (84) 4009-5600 / Fax: (84) 4009-5633 E-mail: adm.pol@liga.org.br

Unid. Oncologia do Seridó Perímetro Irrigado Sabugi, S/Número - Paulo VI Anexo do Hospital Regional CEP: 59300-000 - Caicó/RN Tel: (84) 3421-1585 E-mail: adm.uos@liga.org.br


Tecnologia

Acelerando o tratamento

Dra. Rosa Maria Najas, chefe do setor de radioterapia da Liga Contra o Câncer

Com início das operações do novo acelerador linear, Liga Contra o Câncer inicia uma nova fase no setor de radioterapia.

Diminuição do tempo de espera pelo tratamento. Esse foi o principal ganho que pacientes da Liga Contra o Câncer obtiveram com o início das operações do novo acelerador linear, equipamento de radioterapia fundamental para o tratamento do câncer. A aparelhagem – que funciona desde o começo de junho deste ano – chega para fortalecer a estrutura de atendimento e intensificar a absorção da demanda crescente de pacientes. O novo aparelho permite o atendimento de até 400 pacientes por dia, número antes restrito a 280 em média. “Com o novo acelerador, podemos atender nossa demanda de forma muito mais satisfatória, diminuindo o tempo de espera e

melhorando os resultados do tratamento”, afirma a chefe da radioterapia da Liga, Dra. Rosa Maria Najas. O equipamento foi adquirido por meio do projeto Caixa Hospitais, da Caixa Econômica Federal, com recursos liberados pelo Ministério da Saúde. A casamata, feita para abrigar o acelerador, foi construída graças ao repasse de recursos do Governo do Estado. Moderna e totalmente blindada, a estrutura impede um possível vazamento radioativo. Existe ainda a previsão de chegada de outro acelerador em um futuro próximo, o que trará, além de melhorias em nível técnico, a implantação de procedimentos já adotados em outra instituições do país.

Com o novo acelerador, conseguiremos atender nossa demanda atual de forma muito mais satisfatória”.


Tratamento

Mente sã,corpo são A saúde mental e emocional do paciente e dos familiares são aliados fundamentais para o enfrentamento e para a recuperação do câncer

Segundo a psicóloga Ilana Benfica, durante o processo de recuperação e reabilitação, o papel principal é do paciente

O diagnóstico de câncer traz consigo uma série de mudanças que exercem influência direta sobre o estado emocional e psíquico dos pacientes e familiares. Lidar com sentimentos intensos e adversos, como a raiva, a depressão, o temor ao desconhecido e a sensação de finitude, pode desencadear problemas que se refletem nos resultados do tratamento, muitas vezes dificultando a recuperação do paciente ou comprometendo sua qualidade de vida. Por essas razões, há quase dezessete anos, a Liga Contra o Câncer decidiu implantar a equipe de psico-

oncologia, que tem como objetivo criar um ambiente de acolhimento, onde o paciente entra gradualmente em contato com o momento em que ele vive e, assim, desenvolve mecanismos que o auxiliam a transpor os obstáculos inerentes ao diagnóstico, tratamento e reabilitação de câncer. “No processo de recuperação, o papel principal é do paciente”, afirma a psicóloga Ilana Benfica, uma das profissionais da equipe. Para a psicóloga Flávia Roberta, esse contato íntimo com sua própria condição de doente é fundamental para que o paciente tenha a oportunidade de se


restaurar e superar a desestruturação psíquica causada pelo diagnóstico. “Nosso papel, é promover um encontro do paciente com ele mesmo”, afirma. A assistência psicológica é o espaço onde o paciente pode expressar suas dores emocionais que, caso não elaboradas, o “aprisionam” em uma postura passiva e, muitas vezes, prejudicial durante todo o processo. A reorganização interna permite que o paciente desenvolva mecanismos que contribuem para um melhor enfrentamento. Família

Dentro do contexto da atenção oncológica, a família exerce um papel facilitador – em alguns casos fundamental – para o êxito do tratamento do paciente. Para tanto, é necessário que os familiares estejam preparados emocionalmente para lidar com os temores originados no momento do diagnóstico. A angústia causada pelo medo da perda do ente querido, o cotidiano do tratamento e até problemas financeiros causados pelo afastamento do doente são alguns dos vários fatores que podem levar o sistema familiar a experimentar um cenário de desestruturação. “A família precisa estar preparada para se adaptar a uma situação completamente nova e, infelizmente, desfavorável”, explica a psicóloga Flávia Roberta. Também é comum que o diagnóstico e tratamento de câncer exija a inversão de papeis dentro da família, o que pode provocar um processo de profundo

A família precisa estar preparada para se adaptar a uma situação completamente nova”. Flávia Roberta, psicóloga.


Ana Élida, psicóloga da equipe da Liga Contra o Câncer

estresse para os envolvidos. “Muitas vezes, é o chefe da família que está internado, e isso exige que esse papel seja assumido pelos filhos, por exemplo”, explica a psicóloga Ana Élida. Nesses casos, a assistência psicológica à família do paciente com câncer é essencial para que seus membros consigam reconhecer a necessidade de se reorganizar para, assim, enfrentar a situação em que se encontram. Um sistema familiar organizado internamente contribui para que o paciente possa vivenciar o tratamento ou mesmo sua finitude de forma mais harmoniosa. O acompanhamento familiar da Liga Contra o Câncer tem o intuito de promover essa organização, o que facilita o enfrentamento do momento difícil vivido pelos entes queridos de um paciente com câncer. “A família tem todo o suporte necessário para o enfrentamento dessa situação”, afirma a psicóloga Ilana Benfica. A equipe de psico-oncologia atua em conjunto com a equipe multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros, assistentes sociais, nutricionistas, entre outros profissionais. “É importante enxergar o paciente como alguém que possui necessidades que vão além do tratamento do câncer propriamente dito”, explica psicóloga Ana Élida.

Ciclo de reações emocionais do paciente com câncer


Prevenção

Crescimento da expectativa de vida é fator determinante para o aumento de casos de câncer de próstata, acredita o Dr. Elio Barreto

Mudança de hábito Segundo médicos, estatísticas crescentes apontam que homens estão deixando de lado o preconceito em relação ao exame de toque, o que reflete mudança de comportamento

O exame de toque retal, procedimento fundamental para o diagnóstico precoce do câncer de próstata, ainda é um assunto delicado para muitos homens. No entanto, profissionais de saúde têm percebido mudanças no comportamento masculino. Nos últimos anos, registrou-se um crescimento gradual no número de novos casos registrados no Brasil. Em 2010, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima o surgimento de 52.350 novos casos de câncer de próstata. O número

é alarmante, mas, segundo o chefe do setor de uro-oncologia da Liga, Dr. Marcos Amaral, pode não significar necessariamente uma mudança de caráter epidemiológico. Para o médico, o aumento nas estimativas pode ser, entre outros fatores, reflexo das ações de divulgação e campanhas de conscientização referentes à importância da detecção precoce da doença. Segundo ele, homens que evitavam a todo custo o exame clínico da próstata estão procurando preventivamente os


consultórios, o que ajuda a engordar as estatísticas de novos diagnósticos. A opinião é compartilhada pelo cirurgião cancerologista e especialista Elio Barreto, que cita outro fator importante para o crescimento dos índices registrado:o aumento da expectativa de vida da população. “O câncer é uma doença ligada ao envelhecimento, e a população, hoje, vive muito mais do que há vinte anos atrás”, explica. O comportamento das mulheres, culturalmente mais atenciosas em relação à saúde, também tem influenciado indivíduos do sexo masculino a adotarem uma mudança de postura perceptível nos consultórios. “Constantemente, tenho recebido homens de 50, 60 anos completamente assintomáticos para consultas preventivas”, conta Dr. Marcos Amaral. Segundo Dr. Marco Amaral, aumento no número de diagnósticos é fruto da mudança no comportamento dos homens

A detecção precoce, mais fácil de ser realizada quando o indivíduo frequenta o consultório médico com regularidade, ainda é a melhor arma para o combate ao câncer de próstata. Todos os homens a partir de 50 anos de idade devem se submeter ao exame clínico, um procedimento rápido e indolor. Aqueles que possuem casos da doença na família devem começar a prevenção aos 45 anos. O câncer de próstata surge por razões ainda desconhecidas e, na grande maioria das vezes, é uma neoplasia de evolução bastante lenta. Não é raro que indivíduos nunca manifestem os sintomas, mesmo sendo portadores da doença. No entanto, alguns tumores de próstata eventualmente evoluem mais

Quais os sintomas da doença? O câncer de próstata geralmente não apresenta sintomas em sua fase inicial. Na fase avançada, a doença pode apresentar os seguintes sintomas: ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦

Constantemente, tenho recebido homens de 50, 60 anos completamente assintomáticos” Dr. Marcos Amaral, urologista

Anemia; Perda de peso; Dificuldade e/ou sangramento para urinar; Dor óssea; Insuficiência renal; Infecção generalizada.

rápido e podem, inclusive, se espalhar para outras partes do organismo e levar à morte. No Brasil, o câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. A doença é considerada

um câncer da terceira idade, já que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. Uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas são, comprovadamente, formas de reduzir os riscos de desenvolver a doença.


Artigo Científico

Genes supressores e suscetibilidade ao câncer Tirzah Braz Petta Especialista em Biologia Molecular

Suscetibilidade ao câncer tem sido historicamente atribuída a alterações genéticas herdadas. Três décadas atrás, Alfred Knudson, um pioneiro da genética do câncer, propôs um modelo inovador para a tumorigênese, sugerindo que o crescimento do câncer é um resultado da sequência de duas alterações genéticas de um único gene supressor de tumor. Knudson propôs que a supressão do tumor seria uma característica recessiva, em que uma mutação inativadora, presente no nascimento, é acompanhada por uma segunda perda somática no próprio tumor. Como resultado deste modelo visionário de trabalho, um número de gene supressor de tumor que sofre perturbações bi-alélica (nos dois alelos) ou mutações pontuais foram identificadas. Em muitos cânceres, o gene PTEN pode ser perdido ou estar mutado, reduzindo, desta forma, o nível de proteínas produzidas, e causando um impacto na estabilidade genômica. Com o advento da genômica funcional, mudanças sutis nos níveis de expressão de genes supressores de tumor, frequentemente detectados na população, têm sido propostos para ditar suscepti-

bilidade ao câncer. No entanto, essa hipótese carece de evidências experimentais conclusivas. Em artigo publicado na revista Nature Genetics, especialistas mostram que o gene supressor de tumor chamado de PTEN, muito estudado no mundo todo, pode sim influenciar na probabilidade de um individuo desenvolver ou não câncer. Eles geraram camundongos transgênicos que expressaram apenas 80% do gene PTEN, e observaram que mesmo uma diminuição insignificante na expressão de PTEN é suficiente para promover a susceptibilidade ao câncer nestes camundongos. Os camundongos com níveis reduzidos de PTEN viveram menos do que os normais e, além do mais, eles desenvolveram doenças autoimunes. Os camundongos fêmeas desenvolveram câncer de pele muito cedo e depois de 14 meses de vida desenvolveram câncer de mama e do endométrio. Ambos os camundongos macho e fêmea com baixos níveis de PTEN desenvolveram câncer de pulmão e pólipos intestinais. Os resultados mostram que o câncer pode ser promovido pela redução sutil

de um gene supressor de tumor sem a necessidade de um acidente genético adicional no mesmo lócus, de forma tecido-específico. Esta é a primeira evidência experimental de apoio à hipótese de que genes supressores de tumor promovem a suscetibilidade ao câncer. Além disso, nunca foi relatado antes que os tumores iniciados pela redução do nível protéico de um gene supressor de tumor podem progredir na ausência de perda de heterozigose do alelo de tipo selvagem. Nesta base, os autores propõem um novo modelo para a tumorigênese resultante da perda de um gene supressor de tumor. Este modelo revisita e refina o modelo clássico já existente (isto é, tumorigênese através de mutações genéticas graduais baseadas na perda alélica). Os autores propõem um modelo no qual as variações sutis na expressão dos genes supressores de tumor podem ter um impacto profundo na suscetibilidade e na progressão tumoral. Os resultados deste trabalho têm grandes implicações no desenvolvimento de ambas as abordagens específicas e individualizadas para quimioprevenção do câncer e da terapia alvo.


Pesquisa

Desvendando o câncer de mama Pesquisa de aconselhamento genético de câncer de mama desenvolvida na Liga Contra o Câncer busca meios de otimizar a detecção precoce da doença

Apesar de corresponder a apenas 10% dos casos, o câncer de mama de origem familiar é muito agressivo e de mal prognóstico” Tirzah Braz, pesquisadora

A Liga Contra o Câncer iniciou, em abril deste ano, uma pesquisa de aconselhamento genético que promete trazer grandes mudanças para a forma de diagnóstico e tratamento do câncer de mama hereditário no estado. Desenvolvido em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o estudo busca facilitar a detecção precoce da doença em familiares de pacientes diagnosticados e tratados na instituição.


Segundo a pesquisadora Tirzah Braz, identificar mutações genéticas é fundamental para a detecção precoce do câncer de mama hereditário

O aconselhamento genético é o processo pelo qual indivíduos são orientados quanto ao risco de surgimento, natureza, consequência e alternativas de terapia de um distúrbio genético herdado. No caso do estudo de aconselhamento em câncer de mama realizado na Liga, pacientes com histórico familiar da doença e com mutações em determinados genes são alertados sobre o risco de aparecimento de tumores em seus parentes mais próximos. “É importante identificar mutações gênicas em familiares de pacientes, pois o câncer de mama hereditário é muito agressivo e tem evolução rápida”, explica a especialista em biologia molecular Tirzah Braz Petta, responsável pela pesquisa. O rastreamento de anomalias gênicas é possível graças ao sequenciamento de DNA, técnica molecular que permite detectar anormalidades em genes como os BRCA 1 e 2 (Breast Cancer 1 e 2), diretamente associados ao surgimento de câncer de mama e ovário.

Para detectar precocemente o câncer de mama, recomenda-se, além do autoexame, a Mamografia e o Exame Clínico das Mamas


Segundo Tirzah Braz, mutações nesses genes aumentam em até 70% as chances de surgimento de câncer de mama hereditário. “Pessoas que apresentam anormalidades nesses genes estão enquadradas no grupo de alto risco”, afirma a pesquisadora. As pacientes da Liga com histórico familiar de câncer e mutações gênicas comprovadas são abordadas por uma equipe multidisciplinar, que demonstra a importância do trabalho de aconselhamento genético. “Os maiores beneficiários desse trabalho são os familiares do paciente, que podem, por meio do aconselhamento, detectar precocemente a doença”, explica a mastologista Tereza Cristina Andrade. Familiares enquadrados no grupo de alto risco são devidamente orientados e podem optar por se submeter à terapia profiláxica, que vai desde o acompanhamento médico rigoroso e periódico, até procedimentos mais radicais, como a mastectomia redutora de risco. “Nosso dever é oferecer os elementos necessários para que as pessoas aconselhadas tomem uma decisão consciente quanto às medidas a serem tomadas”, afirma a mastologista. A pesquisa de aconselhamento genético em câncer de mama conta com o apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do RN (FAPERN). O projeto, além de desenvolver o diagnóstico biomolecular de câncer de mama, estuda e identifica esse tipo de assinatura genética em uma região geográfica marcada pela miscigenação étnica, como é o caso do Nordeste brasileiro. No Brasil, o câncer de mama é a neoplasia que mais causa mortes entre as mulheres. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que 49.240 novos casos serão registrados no país em 2010. No Rio Grande do Norte, a estimativa é de que sejam registrados 520 novos casos, o que dá mais de um caso registrado por dia durante um ano.

Pessoas que apresentam mutações no gene BRCA 1 apresentam até 70% mais chances de aparecimento de tumores na mama”


Artigo Científico

Irradiação Parcial da Mama Dr. Edilmar de Moura Radioncologista da Liga Contra o Câncer

Artigo: accelerated partial breast irradiation consensus statement from the american society oncology – astro AUTOR PRINCIPAL: Bejamim D. Smith. REVISTA: International Journal of Radiation Oncology Biology and Physiscs. Vol 74, Nº 4, 2009.

RESUMO: INTRODUÇÃO:

Por muitas décadas, a irradiação total da mama (ITM) tem sido usada após cirurgia conservadora. Tal conduta é segura, diminui a recidiva local e aumenta a sobrevida do paciente de forma significativa, segundo diversos estudos já publicados. A irradiação parcial da mama (IPM) vem sendo usada de forma crescente nos últimos anos. Surgiu após o conhecimento de que o maior risco de recidiva tumoral ocorre no leito cirúrgico mamário ou em um raio de até dois centímetros. Assim, a técnica limita-se a irradiar essa área de maior risco. Alguns benefícios são citados em comparação a ITM: diminuição no tempo total de tratamento (1 - 7 dias de tratamento) e diminuição da dose no tecido mamário normal. Algumas desvantagens podem surgir, como a não irradiação de focos tumorais ocultos no resto da mama não irradiada. A IPM fora de protocolos de estudo vem crescendo

pelo mundo; alguns estudos randomizados prospectivos devem ser publicados nos próximos dois anos. Assim, a Associação Americana de Radioncologia escreveu esse artigo com o objetivo de orientar as indicações de tal técnica. METODOLOGIA:

Foi realizado uma revisão sistemática da literatura na base científica PubMed em 30 de maio de 2008, com o termo (Mesh Term) “Breast Neoplasm/Radiotherapy”. Foram identificados inicialmente 3.831 artigos. Um total de 645 artigos possuíam alguma das palavras a seguir: acceleradted, ballon, brachytherapy, catheter, implant, implantation, intersticial, intraoperative, limited, partial, MammoSite ou savi. Foram identificados quatro ensaios clínicos randomizados e 38 estudos prospectivos com um único braço. Desse total, seis foram excluídos, pois eram em sua natureza retrospectivos. Os demais foram validados nos seguintes pontos: critérios de inclusão, método de tratamento, seguimento clínico e toxicidade. RESULTADOS:

O resultado final do estudo foi a divisão dos pacientes portadores de câncer de mama em três grupos, com diferentes recomendações em relação à IPM. Grupo 1 – Pacientes favoráveis para IPM (todos os critérios cumpridos)

Grupo 2 – Pacientes recomendados com restrições para IPM (algum critério cumprido) Grupo 3 – Pacientes não recomendados para IPM (algum critério cumprido) CONCLUSÃO:

A irradiação acelerada parcial da mama é uma nova tecnologia que está evoluindo rapidamente, demonstrando efetividade e segurança semelhante à irradiação de toda a mama. Esses consenso e revisão sugerem o grupo de maior segurança para o procedimento até o momento. COMENTÁRIOS DO RELATOR:

Na LIGA CONTRA O CÂNCER, na cidade do Natal, realizamos tal procedimento através da implantação de cateteres na mama da paciente, em centro cirúrgico. O planejamento radioterápico é feito com tomografia de planejamento, e o cálculo de dose com o sistema ECLIPSE® da VARIAN®. O procedimento é realizado em cinco dias. AIPM ainda não é contemplada pelo Sistema Público de Saúde (SUS). É fato concreto a carência de centros de radioterapia no país para atender nossa população. Os que existem estão sempre lotados. Acreditamos que um programa de detecção precoce dos tumores mamários, associado à IPM, pode diminuir a fila de espera para tratamento e aumentar o número de pacientes atendidos em nosso país.


Humanização

Para Waldheluce Campos, projeto é fundamental para a recuperação nutricional dos pacientes

Dieta da solidariedade

O projeto ‘Mercearia da Liga’ tem como proposta suprir necessidades dietéticas especiais de pacientes carentes em tratamento, combatendo quadro de desnutrição

J.B.S, 48 anos, passou recentemente pelo tratamento de um tumor na cavidade oral, situação que o deixou com dificuldades para ingerir alimentos normalmente. O paciente, que chegou a pesar 48 kg, é mais um dos vários que, devido às sequelas deixadas pela doença e pelos efeitos colaterais da terapia, sofrem sérias restrições alimentares. Nascido há quatro anos, o projeto Mercearia da Liga surgiu da necessidade de melhorar a qualidade de vida de pacientes carentes e com dificuldades de deglutição, situação comum a quem se submete aos tratamentos de câncer. Após passar por uma triagem – na qual são avaliados a deficiência dietética e o quadro socioeconômico – o paciente passa a receber periodicamente uma cesta personalizada com suplementos e itens alimentícios para se reabilitar nutricionalmente.

“Suplementos alimentares são muito caros e a grande maioria dos pacientes da Liga não tem condições financeiras para comprá-los”, afirma a gerente de humanização Waldheluce Campos. Atualmente, a iniciativa distribui 60 kits por mês. Em 2009, o projeto beneficiou 280 pessoas, que receberam mais de 350 cestas. Além de receberem os itens, os pacientes também são monitorados de forma individualizada ao longo de todo o tratamento por profissionais especializados. “Acompanhamos os progressos de todos os participantes desde o início do tratamento. Fazemos pesagens e avaliamos a aceitação da dieta”, afirma a nutricionista Luciana Câmara, uma das participantes do projeto. Entre 40% e 80% dos pacientes com câncer desenvolvem um quadro de desnutrição. Casos de tumores na região

cabeça e pescoço, pulmão, esôfago, estômago, cólon, reto, fígado e pâncreas apresentam maior carência nutricional. A deficiência pode ter impacto clínico significativo nos pacientes com câncer, podendo resultar em aumento da mortalidade, diminuição da qualidade de vida, da sobrevida ou da tolerância ao tratamento.

Como ajudar Contribua com o Mercearia da Liga e alie-se a um projeto de relevância social. Ligue para (84) 4009-7408 e saiba como ajudar.



Agência: CASO DESIGN COMUNICAÇÃO Cliente: PORTO SEGURO


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