O mito das 4 séries de 10

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O MITO DAS 4 SÉRIES DE 10 REPETIÇÕES Quem pratica musculação ou pretende começar, com certeza teve dúvidas com relação ao melhor treino para ganhar massa muscular (hipertrofia). Dentro das academias e até fora delas (no Google, por exemplo) acontecem diversas discussões sobre o tema. Dentro desse contexto, um dos treinos mais realizados e indicados para esse objetivo são as famosas 4 séries de 10 repetições[1].

Mas será esse o treino mais eficaz para hipertrofiar seu músculo? Este artigo foi escrito, justamente para convidar os praticantes de musculação a saberem o que a ciência do esporte tem a dizer sobre esse tema. Muitos estudos já comprovaram que um dos principais responsáveis pelo processo de ganho de massa muscular é o "estresse mecânico" gerado pela própria contração muscular[2-4]. Em outras palavras, o que nos faz crescer é o desgaste muscular ocasionado pelas séries e repetições dos exercícios que realizamos na musculação, gerando respostas químicas dentro das fibras musculares e tendo como resultado final a estimulação e produção de novas proteínas. E são essas proteínas as responsáveis pelo aumento do volume muscular [2]. Baseados nas informações de que o "estresse mecânico" é extremamente importante para o processo de hipertrofia, estudos científicos investigaram os efeitos do alto número de repetições (alto volume de treino) na hipertrofia muscular (por exemplo, séries com mais de 15 repetições)[2]. Nesses estudos[2-7] os cientistas comprovaram o grande potencial em gerar hipertrofia muscular dos treinos com alto número de repetições. Segundo os pesquisadores, esse tipo de treino é um dos responsáveis pela liberação de hormônios chaves no processo anabólico (IGF-1, Testosterona e GH) e da ativação de fatores de crescimento (mTOR, p70S6k) que interferem na expressão de genes relacionados a hipertrofia [2, 6]. De certa forma, essa descoberta já era praticada pelos fisiculturistas, que em alguns treinos, realizavam de 5-8 séries de 15-30 repetições com intervalos curtos. No entanto, na maioria das academias, contin-

uamos vendo as 4 séries de 10, sendo frequentemente usada para “ganhar músculos”, enquanto treinos mais volumosos, como os mais de 15 repetições, acabam sendo indicados para diminuir medidas, ou “secar”. Cientificamente falando, treinos com alto volume de repetições, priorizam a produção de ATP (composto energético utilizado pelo músculo para realizar a contração) de maneira rápida. Para isso nosso organismo utiliza a reserva de glicose da musculatura (glicogênio) de maneira anaeróbia (sem a utilização de oxigênio), levando a produção do “famoso” lactato[2] Durante esse tipo de treinamento, as contrações musculares pressionam as artérias e veias que prejudicam o transporte de oxigênio para o músculo. Esses dois eventos (produção de lactato de falta de oxigênio no músculo) contribuem para o aumento na secreção de hormônios (IGF-1, Testosterona e GH)) e de outros fatores de crescimento (mTOR, p70S6k) responsáveis pelo processo de hipertrofia[2].


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