Esi flad agosto 2015

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Energy Security Insight Agosto de 2015

GNL offshore: eliminar o risco geopolítico O papel da NATO na segurança energética Estatísticas em foco

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GNL offshore: eliminar o risco geopolítico

O

gás natural liquefeito (GNL), transportado por via marítima, já representa 25% do mercado mundial desta fonte energética e as projecções de diversas entidades internacionais apontam para o seu crescimento.

Contudo, os investimentos industriais para a criação de uma central de GNL onshore são elevadamente intensivos em capital. Por exemplo, segundo um estudo do centro de investigação Oxford Energy Studies, o custo de liquefacção do gás natural (o processo de transformação de estado gasoso para líquido) cresceu 400% na última década, de US$300/tpa em 2000 para US$1200/tpa. Neste sentido, uma das opções tecnológicas que mais tem ganho adeptos nos últimos tempos para optimização de Fonte: KPMG, 2014 custos é a das centrais de GNL offshore, vulgo termo técni1 co na indústria Floating Liquid Natural Gas (FLNG) . SegunStorage and Regasification Unit—FSRU), para assim elimido um recente relatório da KPMG, o potencial de corte de custos poderá atingir 30% dos atuais, se o projeto for bem nar a dependência energética extrema daqueles países face aos gasodutos russos. Contudo, a sustentabilidade econóexecutado. mica a prazo desta solução é algo que ainda terá de ser O maior projeto de FLNG e primeira central de extracção e provado no terreno. produção GNL offshore do mundo é o Prelude, por iniciatiMas com o regresso do Irão aos mercados energéticos, a va da Shell, que irá operar na Austrália. A escala é absolutaopção FLNG estará certamente na mesa. Não só acelerará a mente gigantesca: possui 500 metros de comprimento, ou produção de GNL, mas também mitigará o risco político. Se seja, é possível (teoricamente) colocar a Torre Eiffel (310 as condições geopolíticas se alterarem, será pelo menos m) ou o Empire State Building (443 m) no seu interior. A possível recuperar uma parte do investimento e reutilizar a funcionar, será capaz de produzir 3,6 milhões de toneladas capacidade industrial noutra região. de GNL por ano. Com efeito, na perspectiva da segurança energética, o FLNG não só aumenta a sustentabilidade ambiental (pois concentra toda a operação num único local, não exige a instalação de muita infraestrutura no leito submarino e o seu desmantelamento no final do ciclo de vida não comporta grande nível de complexidade), mas também contribui para o crescimento da disponibilidade de recursos energéticos. Isto porque possibilita a exploração de campos de gás de menor dimensão, devido à facilidade de relocalização do FLNG para outras zonas de produção. Algo que não é possível realizar com uma infraestrutura onshore.

Referências: 1 http://www.oxfordenergy.org/wpcms/wp-content/uploads/2014/02/NG -83.pdf 2 https://www.kpmg.com/Global/en/IssuesAndInsights/ ArticlesPublications/floating-lng/Documents/floating-LNG-evolution-andrevolution-for-the-global-industry.pdf 3 http://www.bloomberg.com/news/articles/2015-04-14/yemen-lng-halts -production-as-fighting-worsens-security-at-plant 4 http://www.petrostrategies.org/Learning_Center/libya.htm

Mas ainda há outra vantagem: o FLNG ajuda a mitigar e em algumas situações até elimina o risco geopolítico. Como a estrutura industrial está em ambiente marítimo, será muito mais imune aos impactos de conflitos armados. Os projetos de GNL onshore no Iémen3 e na Líbia4 foram parados devido à instabilidade política. Com uma solução offshore, seria viável a sua continuidade. Além disso, este conceito offshore também já está a ser utilizado na Lituânia (e restantes países bálticos), mas só para regasificação e armazenamento marítimos (Floating

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O papel da NATO na segurança energética A segurança energética tornou-se num tema estratégico para a NATO. Isto devido ao facto da maioria dos Estadosmembros não serem auto-suficientes em energia (com exceção dos EUA, Canadá e Dinamarca) e do fornecimento de petróleo e gás nos membros situados no Leste europeu ser, em média, abastecido em 80% pela Rússia. Por exemplo, na Roménia e na Bulgária, 100% do gás natural consumido provém das fontes controladas pelo Kremlin, sem existir qualquer alternativa infra-estrutural de transportes aos gasodutos existentes.

turar a iniciativa «Smart Energy» da NATO5, que realizou recentemente um exercício de jogos de guerra na Hungria para testar a resiliência das tecnologias de energias renováveis e armazenamento energético em teatros de conflito. Com efeito, a segurança energética é uma das temáticas principais do Science for Peace and Security Programme da NATO.

Portanto, a organização parece estar a encontrar a sua função nos domínios da gestão e da inovação tecnológica para a energia operacional das suas forças militares. Contudo, o Com efeito, a NATO apenas possui no seu espaço 7% das pilar da dimensão estratégico está menos definido. reservas provadas de petróleo e 6% das de gás natural. É verdade que a NATO poderá desempenhar um papel releMas consome, respectivamente, 37% e 34% da quantidade vante na proteção das infraestruturas energéticas dos seus global daqueles hidrocarbonetos. membros (redes elétricas, pipelines, refinarias, tanques de Por isso, a questão da segurança energética para a NATO armazenamento), mas falta definir os moldes de cooperanão se coloca apenas na dimensão operacional (o abasteci- ção e de interacção com os atores privados e entidades mento e a gestão da energia das suas forças armadas), mas civis que as têm à sua responsabilidade. também na dimensão estratégica dos seus EstadosOutra dimensão em que a NATO poderá potencialmente membros. ter um papel importante é o do transporte energético. De A partir de 2010, a NATO inscreveu a segurança energética facto, uma das mais importantes redes de pipelines na Euno seu Conceito Estratégico1, consagrada na Declaração da ropa é gerida pela NATO, construída em 1950 por altura da Cimeira de Lisboa desse mesmo ano, onde se estabeleceu Guerra Fria. Cobre cerca de 11.500 km, operando em 13 que «a segurança energética será integrada nas políticas e países. Oito destes são sistemas nacionais (Portugal possui iniciativas da NATO». Nesse sentido, foi criada a a Energy um) e dois são transnacionais: o North European Pipeline Security Section2 na Emerging Security Challenges Division System (NEPS) – Noruega e Dinamarca – e o Central Eurona sede da NATO, bem como realizada a acreditação do pean Pipeline System (CEPS), que abrange Bélgica, França, NATO Energy Security Centre of Excellence 3 (este sedeado Alemanha, Luxemburgo e Holanda, num total de 5200 km. em Vilnius, na Lituânia). Face ao actual contexto estratégico, provavelmente será Todavia, a definição do papel da NATO na segurança ener- útil a NATO analisar não só como essa rede de pipelines gética ainda se encontra num estado algo impreciso e vago. poderá ser actualizada e aprofundada na sua integração A organização não pode intervir no mercado energético, transnacional, mas também estudar a construção de uma pois os preços e as transacções comerciais são livremente infraestrutura similar no leste europeu que ajude a diversiestabelecidas entre os atores privados. A organização tam- ficar as fontes de importação de gás natural. bém não tem mandato para proteger as fontes energéticas, pois a maioria destas situam-se em países que não são membros da NATO. Mas algumas peças já se estão a definir. Desde o início desta década que a NATO desempenha um papel central na segurança do transporte marítimo de petróleo e gás, ao fazer parte integrante das missões de cooperação de combate à pirataria no Golfo de Áden4, uma actividade que poderá ser estendida para um contexto similar no Golfo da Guiné. Por sua vez, o NATO Energy Security Centre of Excellence tem vindo não só a desenvolver cursos de formação sobre o conceito de segurança energética, como ajudou a estru-

Referências: 1 http://www.nato.int/cps/en/natohq/topics_82705.htm 2 http://www.nato.int/docu/review/topics/EN/emerging-securitychallenges.htm 3 http://www.enseccoe.org/en/home.html 4 http://www.nato.int/cps/en/natohq/topics_48815.htm 5 http://www.nato.int/cps/en/natohq/news_120481.htm

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Estatísticas em foco Produção de Shale Oil e Shale Gas dos EUA reage ao potencial regresso do Irão

Fonte: Drilling Productivity Report, August 2015, Energy Information Administration

Os produtores de shale dos EUA já estão a reagir ao provável regresso do Irão aos mercados e começaram a ‘travar a fundo’ na produção, sobretudo do petróleo— na região de Eagle Ford a diminuição quase atinge os 60%, conforme atesta o último Drilling Report da Energy Information Administration. A diminuição da produção de gás é menor, dada a maior resiliência à volatilidade dos preços desta fonte energética, devido à regionalização do seu ’pricing’.

Investimento mundial aumenta nas energias renováveis O investimento na economia mundial nas energias renováveis aumentou em 2014, regressando perto do maior nível alcançado em 2011: cerca de 270,2 biliões de dólares. A maior fatia foi para o desenvolvimento de novos projetos em energia solar, seguida da energia eólica. Um dos motores deste crescimento é a diminuição de custos de produção da energia solar fotovoltaica e da maturidade tecnológica da energia eólica onshore. Contudo, quando se analisa os custos de produção de eletricidade renovável na Europa, segundo os dados da International Renewable Energy Agency, o custo médio de produção energética da energia solar (0,170 kwh) ainda é praticamente o dobro do da energia eólica (0,080 kwh). Fonte: IRENA, 2015


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