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PAPO CABEÇA
from Flash Vip 87
by Flash Vip
UMA TRISTE REALIDADE
A PANDEMIA DA COVID-19 JÁ FEZ MAIS DE 357 MIL VÍTIMAS FATAIS NO MUNDO, SEGUNDO DADOS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS), ATUALIZADO NO DIA 29 DE MAIO DE 2020. NO BRASIL, NA MESMA DATA, FORAM CONFIRMADOS MAIS DE 465 MIL CASOS DA DOENÇA E O NÚMERO DE MORTES AUMENTA A CADA DIA, CHEGANDO A 27.878, CONFORME INFORMAÇÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE. EM SANTA CATARINA, NO MESMO DIA, FORAM OFICIALIZADOS 8.530 DIAGNÓSTICOS E 134 ÓBITOS. A MÉDICA INFECTOLOGISTA CAROLINA C. PONZI, CONVERSOU COM A EQUIPE DA FV PARA EXPLICAR UM POUCO MAIS SOBRE ESSA DOENÇA QUE DEIXOU O MUNDO ALARMADO.
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Flash Vip. Como surgiu a Covid-19 e como ela é transmitida?
Carolina Ponzi. A Covid-19 é um coronavírus que surgiu de uma mutação, pelo que se sabe, a partir de um vírus que infectava morcegos, aparentemente na cidade de Wuhan, Província de Hubei, China. Começou a perceber casos de uma pneumonia diferente, atípica, que vinha acometendo pessoas, em tese, que teriam frequentado o mesmo mercado de animais vivos nessa cidade, no final de dezembro (2019). Ele é transmitido por via respiratória, de pessoa para pessoa, através de gotículas de saliva ou por contato indireto com superfícies contaminadas, ou seja, ao tocar essas superfícies, o indivíduo não higieniza as mãos e acaba levando-as à boca, nariz e olhos, se infectando.
Qual o perigo da insuficiência respiratória em pacientes com a Covid-19 para que precisem usar os respiradores automáticos, aparelhos em falta nos sistemas de saúde do mundo?
A Covid-19 é uma doença caracterizada por tosse seca, febre e 80% dos casos são leves e a pessoa não vai ter insuficiência respiratória. Em 20% dos casos, a pessoa vai ter insuficiência ventilatória, que é a falta de ar ocasionada por uma inflamação pulmonar bastante grande, que impede a troca gasosa. E essa insuficiência ventilatória tem diversos graus de severidade, podendo ser apenas uma dispneia leve, que responde bem a suplementação pequena de oxigênio, como quadros extremamente dramáticos e gravíssimos, em que a pessoa
precisa ser sedada, colocada em ventilação mecânica até que esse pulmão consiga se recuperar e diminuir todo processo inflamatório pulmonar que esse vírus causa.
No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, até o dia 29 de maio, foram registrados mais de 27 mil óbitos pela doença e 465.166 casos confirmados. Por que foi importante a tomada de decisão de diversos governos estaduais em manter, por decreto, o isolamento social? Muitos especialistas na área da saúde falam sobre a curva de contágio, o que é isso?
Normalmente já temos hospitais sobrecarregados, com falta de leitos, pacientes esperando internação em pronto-socorro, pacientes que precisam fazer cirurgias e não tem vaga, não tem leito. Então isso já é uma realidade brasileira. Quando a gente pega uma doença nova, que pode acometer grande parte da população, e sabendo que 20% desses casos vão precisar de hospital, então temos todo aquele universo que já utilizava o serviço de saúde, mais uma parcela enorme da população que vai ter necessidade de internação. Ou seja, é como se fosse comparar ter pouco banco para as pessoas sentarem. Se tenho 10 bancos e 10 pessoas, 10 pessoas sentam. Se tenho 10 bancos e 20 pessoas, precisarei alternar ou 10 vão ficar de pé, ou ninguém senta, enfim, é por escassez de recurso. Então a importância da tomada de decisão de fazer lockdown, de fazer o isolamento, é exatamente isso, tentar retardar o volume de pessoas que vão precisar de assistência à saúde ao mesmo tempo.
A importância de fazer o isolamento é tentar retardar o volume de pessoas que vão precisar de assistência à saúde ao mesmo tempo.
Desde o dia 24 de abril, quando tínhamos apenas seis casos confirmados do novo coronavírus em Chapecó, esse números subiram significativamente, chegando a 982 casos e quatro óbitos pouco de um mês depois, em 30 de maio, conforme o Boletim de Informações da Prefeitura do município. Na sua opinião, qual o principal motivo desse aumento vertiginoso e quais seriam as principais medidas a serem adotadas para evitar a proliferação do contágio e voltarmos à normalidade o mais rápido possível?
Nós sabemos que a maior parte dos casos podem ser assintomáticos, com sintomas muito leves, só 20% de casos vão necessitar internação e 5% vão precisar de leitos de terapia intensiva. Então é muito possível que sim, nós tenhamos mais casos que não tenham sido diagnosticados, não por omissão dos gestores públicos, de jeito nenhum, mas é porque nós não temos ainda muitos testes disponíveis para fazer em ampla escala, e acabamos sabendo somente dos casos graves, que necessitaram de internação e que foram testados. Sobre as medidas, o ideal seria agir como vimos na Suécia, Alemanha e Nova Zelândia, que são realidades muito distintas e muito diferente do que nós vivemos no Brasil, infelizmente. Esses países conseguiram fazer um isolamento, um distanciamento social, não um lockdown, necessariamente. Ou seja, limitar a capacidade operacional em 50%, colocar em home office quem de fato não precisa estar presencialmente na empresa ou quem é grupo de risco para ter doença grave. Intensificar a limpeza, manter os ambientes arejados, uso universal de máscara para todos, disseminar informações, capacitar e controlar o acesso de pessoas nos estabelecimentos, usar álcool em gel e identificar as pessoas assintomáticas. Sabemos que é difícil, mas também necessário, para que possamos viver em um cenário mais favorável para a economia e a saúde. Mas depende também da adesão e bom senso da população.