Felizes
Quase sempre
Projeto Educacional Interdisciplinar Arte e Língua Portuguesa Organização Flávia Gonzales Correia Mayara de Andrade Calqui
Felizes
Quase sempre
Projeto Educacional Interdisciplinar Arte e Língua Portuguesa Organização Flávia Gonzales Correia Mayara de Andrade Calqui EMEIEF Professora Sonia Aparecida Marques Santo André 2022
Apresentação
Os textos desta coletânea foram escritos pelos educandos da Educação de Jovens e Adultos da EMEIEF Professora Sônia Aparecida Marques. Este livro é o resultado de um processo de pesquisa e produção discente, realizado nas aulas de Arte e Língua Portuguesa. Além da escrita de um resumo dos textos originais, seguida por uma continuação inédita, foram criadas ilustrações usando a técnica de aquarela para acompanhá-los. Sabemos que os contos de fadas têm uma longa tradição e, no passado, eram transmitidos oralmente, de geração em geração. Por meio dessas histórias, além de acompanhar as experiências das personagens e de viver com elas suas alegrias e angústias, podemos aprender importantes lições que são levadas para a vida toda. No entanto, nós, adultos, sabemos também que nem sempre o final idealizado pela frase “felizes para sempre” pode existir na realidade. Nos contos que vêm a seguir, cada educando teve a oportunidade de criar um novo desfecho para histórias clássicas. Durante o processo de escrita, eles foram convidados a oferecer uma continuação aos textos, que poderiam ser atualizados, reformados e modificados à vontade – assim como fez Antonio Prata, no livro Felizes quase sempre, inspiração para este projeto. O resultado que você, leitor, tem em mãos agora aponta para os assuntos que cercam o cotidiano dos alunos-autores. Questões como o apreço pela liberdade, problemas conjugais, divisão de tarefas domésticas e a realização de sonhos pessoais são alguns dos temas que se mesclam a fadas, madrastas más e florestas encantadas. Por fim, estes textos apontam, ainda, para a esperança de novos e distintos finais para nossas próprias histórias. Não idealizados, nem perfeitos, mas felizes quase sempre, na medida do possível. Boa leitura! Mayara de Andrade Calqui
Sumário A Bela Adormecida .................................................................................................................. 11 Lucas da Silva Santos
A Bela e a Fera ............................................................................................................................ 13 Antonia Celecina de Carvalho
A Branca de Neve ...................................................................................................................... 14 Nabiha El Khouwayer do Rego
O Gato de Botas ......................................................................................................................... 17 Verônica Nunes de Sousa
João e Maria ................................................................................................................................ 18 Davi Ramos e Silva França
O Patinho Feio ........................................................................................................................... 21 Jorge Antonio Luna
A Pequena Sereia ..................................................................................................................... 23 Marcia Maria da Silva
Pinóquio ....................................................................................................................................... 25 Valter Campelo Junior
Rapunzel ....................................................................................................................................... 27 Elizabete Celecina de Carvalho
O Rei Sapo .................................................................................................................................... 28 Viviane da Silva Costa
Robin Hood ................................................................................................................................. 30 Aleff Lopes da Silva
Parte I Contos
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A Bela Adormecida Lucas da Silva Santos
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s pais de Aurora se esqueceram de convidar uma fada para o banquete especial que dariam e, no batismo da princesa, ela lançou um feitiço sobre a criança. Quando ela chegasse aos dezesseis anos, iria furar o dedo e morrer. Outra fada tentou contornar a situação de modo que ela não morreria, apenas cairia num sono profundo e só despertaria com o beijo do amor verdadeiro. Um príncipe de outro país ficou sabendo do ocorrido e foi até lá salvar o reino. Apaixonado pela beleza da princesa, o jovem a beijou e toda a maldição foi quebrada. O reino todo despertou e eles foram felizes para sempre. Ou melhor, felizes quase sempre. Meses depois eles foram morar juntos no seu castelo e, nesse período, era muita briga e ciúmes entre eles. Um certo dia, Aurora saiu e não avisou o príncipe. Ela foi dar uma volta no seu jardim chorando muito. O príncipe correu até lá e perguntou: ̶ Por que está chorando, minha princesa? Ela respondeu: ̶ Às vezes, me sinto insegura com você. Nós brigamos todos os dias, não posso sair daqui, fico presa o dia todo nesse castelo. Então, ela confessou: ̶ Estou gostando de outra pessoa, não quero mais ficar com você! Assim eles terminaram. Mas eles não sabiam que iriam ter um filho. Depois de meses, Aurora descobriu que estava esperando um bebê do príncipe. Ela foi correndo ao castelo dele para contar a novidade. O príncipe gritou que o filho não era seu e mandou a princesa ir embora do castelo. Ela saiu correndo e escorregou na poça de lama e bateu a barriga, sangrando muito. O príncipe a pegou e levou até o hospital. Chegando lá, a princesa recebeu a notícia de que perdeu o seu bebê. Passadas umas três semanas de recuperação, a princesa voltou para o seu próprio castelo, ainda muito abalada, e o príncipe ficou sozinho. Ambos se tornaram amigos e foram felizes quase sempre.
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A Bela e a Fera Antonia Celecina de Carvalho
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á muitos anos, em uma terra distante, vivia um senhor com suas três filhas. O pai tinha que fazer uma longa viagem e suas filhas lhe pediram para trazer muitos presentes. A Bela sabia que seu querido pai estava sem dinheiro, por isso pediu que lhe trouxesse apenas uma flor. Os dias se passaram e seu pai voltou da viagem, as filhas ficaram muito felizes. Porém, a Bela logo percebeu que seu pai voltou muito triste e quis saber o que tinha acontecido. Então ele lhe contou que, quando colheu a flor, apareceu uma Fera muito brava que lhe pediu uma coisa em troca e, por isso, tinha que voltar para o castelo. Mesmo contra a vontade de seu pai, Bela foi para o castelo em seu lugar. Chegando lá, ficou encantada, pois tudo era muito bonito, o jardim era florido. Ela ficou encantada com tanta beleza; mas, quando a Fera apareceu, ela ficou assustada. Depois, com a convivência, ela ficou amiga da Fera. Eles passeavam pelo jardim e faziam as refeições juntos. E, quando a noite caía e eles se separavam, ele ficava muito triste. Depois de algum tempo, a Bela se declarou, pois percebeu que amava a fera e ele se transformou em um lindo príncipe e foram felizes para sempre. Ou melhor, viveram felizes quase sempre… Quando a Bela e a Fera ficaram juntos e se casaram, tiveram filhos e dividiam as tarefas da casa. Mas a Fera não gostava de lavar a louça, preferia brincar com as crianças no jardim. A Bela ficava brava, e o príncipe falava: ̶ Calma, minha querida, a fera aqui sou eu! Ela ria, mas não deixava que o príncipe fugisse das suas obrigações. Ela falava que ele tinha que dar exemplo para as crianças. Um certo dia, sem que a Bela esperasse, o príncipe pediu que o pai dela viesse morar com eles, pois o castelo era muito grande e tinha lugar para todos. A Bela ficou muito contente e falou para o marido que ele era a melhor pessoa do mundo e tinha um coração cheio de bondade. O príncipe falou para sua amada que só queria que sua família estivesse junta e feliz. A Bela então pensou que jamais iria se arrepender de um dia ter pedido uma flor para o seu pai, pois, se não fosse pela flor, ela jamais teria conhecido a Fera e sua vida não seria tão maravilhosa com ele e sua família. Quando as duas irmãs da Bela vinham visitar a irmã e o pai, ficavam com muita raiva por ela ter tanta sorte, mas a Bela não ligava. Ela sempre soube que as duas tinham muita inveja dela e, como a Bela não tinha maldade, sempre que elas vinham eram muito bem recebidas pela linda Bela, que as amava muito. E assim todos seguiram, sendo felizes quase sempre. 13
A Branca de Neve Nabiha El Khouwayer do Rego
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ra uma vez uma princesa chamada Branca de Neve, que perdeu sua mãe quando criança. E o seu pai logo casou-se com uma madrasta cruel. A madrasta sempre perguntava ao espelho mágico: ̶ Espelho, espelho meu, existe alguém mais linda do que eu? E o espelho respondia que ela era linda, até a Branca de Neve crescer e se tornar uma mocinha… Um dia, a madrasta chamou o caçador e falou para ele matar a Branca de Neve e trazer o pulmão e o fígado dela. Porém, o caçador não teve coragem de matá-la e matou um veado no lugar da jovem, e trouxe o fígado e o pulmão do animal para entregar para a madrasta cruel. Mas como o espelho mágico continuou dizendo que a Branca de Neve era a mais linda e que estava viva junto com os sete anões, a madrasta decidiu que ela mesma ia matar a Branca de Neve. Para isso, ela foi vestida como uma mulher pobre e levou uma maça envenenada como presente. Foi até a casa dos sete anões e deu a maçã para a Branca de Neve. Ela mordeu a maçã e caiu dura no chão. Os sete anões acharam que ela estava morta e a levaram para a floresta. E nisso apareceu um príncipe e apaixonou-se à primeira vista e a beijou. Logo que a princesa Branca de Neve acordou, foi pedida em casamento pelo rapaz. E então foram felizes para sempre. Ou melhor, viveram felizes quase sempre, porque ao despertar com o beijo do príncipe, ela assustou-se com ele e imaginou que fosse mais uma armadilha da sua madrasta. Depois de tudo, a princesa aprendeu a lutar junto com os sete anões, vivia armada e pronta para atirar em quem chegasse perto. Passado algum tempo, o príncipe voltou novamente na casa dos sete anões e falou: ̶ Branca de Neve, por favor, venho pedir que você case comigo, se não morrerei de paixão! E a princesa respondeu: ̶ Se você der mais um passo, eu não respondo por mim! Depois disso, o príncipe foi embora e entrou em depressão e veio a falecer. 14
Algum tempo depois, os sete anões e a princesa começaram a vender pães e doces na vizinhança. E, com o tempo, a madrasta veio trabalhar com a Branca de Neve e vendia muitas variedades. E, com o lucro, viu que poderia comprar alguns cremes para melhorar a sua feição ̶ afinal, a esperança é a última que morre. Que volta que a vida dá… E você imaginaria que é tudo mil maravilhas? Engano… Sempre tinha uma briga com o Zangado, que ficava bravo até com o Atchim, que só espirrava. Mas ela adorava estar ao lado do Feliz, para amenizar a situação. E assim viveram felizes quase sempre.
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O Gato de Botas Verônica Nunes de Sousa
U
m maleiro deixou herança a seus três filhos apenas: o moinho, um asno e um gato. Foi fáci fazer a partilha: o mais velho ficou com o moinho, o segundo com o asno e ao mais novo restou apenas o gato. O gato se comoveu com a herança de seu dono e arrumou um par de botas e foi trabalhar para ajudar seu dono. Saía para a floresta e ficou muitos dias caçando e encontrou um tesouro de muito ouro, que colocou no seu saco e todo orgulhoso dirigiu-se ao castelo. Ao chegar de volta ouviu uma voz: ̶ Socorro, socorro, o senhor Marquês de Carabas está se afogando! O gato ficou muito aflito, entrou na água e salvou seu dono. Enquanto o pobre Marquês era retirado do rio, sumiram suas roupas. O gato foi no castelo e pegou vestes para seu mestre Marquês e depois entregou a fortuna que ele achou. O Marquês recebeu tão educadamente fazendo reverências, aceitou e naquele mesmo dia casou-se com a princesa. O gato tornou-se um grande senhor, não correu mais atrás de camundongos, se não para se divertir. Assim se tornou o rei gato de botas e viveu feliz para sempre. Ou melhor, viveram felizes quase sempre... o rei e a princesa tiveram dois filhos. Eles eram muito rebeldes, não queriam estudar, só pensavam em se divertir. O rei ficava muito aborrecido com a atitude dos filhos. O gato, por sua vez, com sua companheira que era a gata, caçava muito para sobreviver. Até que um dia o gato ficou doente e a sua gata teve que trabalhar muito sozinha e ficava cansada. Nem pros gatos a vida não é feliz para sempre…
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João e Maria Davi Ramos e Silva França
H
avia um carpinteiro que trabalhava muito e era casado com uma bela mulher. Um certo dia, sua mulher teve dois bebês, João e Maria. Eles ajudavam bastante o pai e não faltava comida. Com a chegada da guerra, porém, as coisas foram ficando difíceis. Eles já não tinham o que comer. Com muito tempo só comendo pão mofado e queijo, sua mulher não aguentava mais e decidiu abandonar as crianças. Então tentaram uma vez e não conseguiram, porque João tinha ouvido a conversa e não se perderam graças às pedrinhas que ele deixou na ida. A mãe não gostou muito da volta de João e Maria, só seu pai que ficou feliz, pois não achava aquilo muito certo. Com mais uma semana passada, sua mulher não aguentava mais, então decidiu deixá-los de novo, só que mais e mais longe. Depois de uma noite inteira perdidos na floresta, João sentiu um cheiro muito forte de bolo no ar, então foram seguindo o cheiro e encontraram uma cabana toda de chocolate com as quinas de caramelo. Dali saiu uma senhora muito simpática, que os chamou para dentro da casa. João e Maria, com muita fome, foram sem nem pensar. Eles comeram tanto, tanto, que dormiram. A velha se aproveitou, então pegou João e o colocou numa jaula e a Maria ela amarrou. Quando Maria acordou, a velha a obrigou a trabalhar, enquanto o irmão deveria comer. Ela pedia sempre para ver o dedo de João, pois o queria bem gordo. Passada uma semana, João estava enjoado de comer tanto doce, e Maria já cansada de trabalhar. Foi quando surgiu uma ideia na cabeça dela para se livrarem daquela prisão. Maria não pensou duas vezes e empurrou a velha na fornalha. Depois ela rapidamente se desamarrou e correu para salvar seu irmão. João e Maria saíram da cabana às pressas, então passaram mais uma noite na floresta tentando voltar para casa. João viu um lindo e grande pato e subiram nas costas dele para alcançar o outro lado do rio. Chegando na sua casa, o pai de Maria correu muito rápido, deu-lhes um abraço bem forte e gritou: ̶ Nunca mais vou deixar vocês. Maria não foi besta, antes de sair da casa da bruxa encheu o bolso de pérolas, rubis e ouro, garantindo então a felicidade de sua família de volta. Depois disso, nunca mais passaram fome e viveram felizes para sempre. 18
Ou melhor, viveram felizes quase sempre… Passados cerca de dez anos, João viu que a vida dele não era para ficar deitado com a barriga virada para cima. Então falou: ̶ Maria, vamos ser quem a gente era: caçadores de bruxas! E continuou: ̶ Podemos restaurar as antigas armas do nosso pai. Então os irmãos fizeram o que tinham que fazer. Limparam as armas, tinham MP40, WWI e Tompson. Com isso se arrumaram e começaram a sua jornada salvando vilas e vilarejos, mesmo que nem sempre eles conseguissem salvar muitas vidas. Cinco anos depois, João e Maria acharam a pista da vida deles. Acharam a localização da cabana, ou melhor, do palácio mais bonito, mais enfeitado com doces e jujubas. Assim que eles entraram no palácio, começou uma batalha intensa. A bruxa conseguia desviar dos golpes muito facilmente. João e Maria precisaram lutar com toda sua força. Então João teve uma ideia, ele começou a atirar seguidamente. Mas nem Maria, que atirava melhor, conseguia acertar. Depois de muita batalha, a bruxa jogou João longe e Maria, muito debilitada, não podia mais se levantar. A bruxa, então, lhe disse: ̶ Vou te matar, Maria, vou te fritar e depois… A bruxa nem terminou de falar, João deu logo uma facada no coração dela. Ele caiu no chão junto com a bruxa, com um suspiro de quem estava cansado. Mas não era só isso. João tinha sido esfaqueado ao mesmo tempo em que atingiu a bruxa. Assim que o viu, Maria tentou salvar seu irmão, mas não pode fazer mais nada. Com a morte da bruxa, os vilarejos sumiram. O único que não sumiu foi João, de dentro do coração de Maria.
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O Patinho Feio Jorge Antonio Luna
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m certo dia, uma pata branca chocava seus ovos e, entre eles, um era tão grande que demorou para nascer. Algum tempo depois, a mãe foi passear com toda a família e um dos patinhos percebeu que outros bichos o olhavam e riam dele por ser diferente. Ele ficou no final da fila e todos o chamavam de patinho feio. Um dia no lago, uma família de patos selvagens veio e o chamaram de patinho feio. Então, o patinho resolveu sair dali e entrou na cabana de um velhinho que tinha um gato e uma galinha, na esperança que o aceitassem numa nova família. Mas passados dois dias, o velhinho chegou à conclusão de que seria inútil a sua presença, pois não botava ovos e nem ronronava, não fazia nada. Por isso, o patinho resolveu partir em segundos. Foi sozinho e triste no lago e chorava. Quando viu suas lágrimas caindo no espelho d’água apareceu um grupo de cisnes brancos, grandes e lindos. Então ele resolveu se juntar ao grupo, logo o aceitaram como uma nova família de cisnes e não como patinho feio, e juntos viveram felizes para sempre. Ou melhor, viveram felizes quase sempre... Desde que avisasse aos seus pais adotivos onde fosse, porém gostavam de brincar com novos colegas e passear. Sentindo-se muito sozinho e sem liberdade, então resolveu fugir novamente para ter uma nova família. O patinho relembrava, satisfeito: “Certa noite, meus pais adotivos estavam dormindo, era a única chance de fugir de fato. Consegui. Andando no lago pela manhã apareceu uma família de cisnes brancos”. Dali começou a brincar e se divertir como nunca e sentiu-se feliz com sua liberdade. 21
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A Pequena Sereia Marcia Maria da Silva
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ra uma vez uma princesa muito curiosa que era uma sereia e queria virar humana por causa do seu príncipe, que era humano. Tudo começou quando ele caiu no mar e ela o salvou. Quando ela olhou sobre o rosto dele, ela se apaixonou e deu um lindo beijo, a partir daí ela quis se casar com ele e pensou: “Se eu virar humana, podemos ficar juntos”. Então ela decidiu: “Vou procurar uma feiticeira que possa me ajudar a ser humana”. Logo foi até a feiticeira e falou: ̶ O que posso fazer, senhora feiticeira, para eu virar uma humana? Faço o que quiser. ̶ É sério? Então vou fazer você virar humana, mas com uma condição: se você fizer ele se apaixonar por você, será humana, caso contrário, virará uma espuma branca. A sereia logo respondeu: ̶ Está bem, mas se eu conseguir fazê-lo se apaixonar por mim, vou ser feliz para sempre com o meu príncipe. E a feiticeira concordou, depois a princesa foi ao encontro do príncipe. Ele a viu tão linda e bela que se apaixonou e, em pouco tempo se casaram e foram felizes para sempre. Ou melhor, viveram felizes quase sempre... O príncipe começou a jogar as coisas que fazia por ela na cara, isso começou a deixá-la triste. Ela pensou em arrumar um serviço, assim imaginava que ele ficaria feliz, mas isso não aconteceu, pois ele ficou com ciúmes dela por estar trabalhando. Logo começou a brigar com ela, então a princesa falou: ̶ Ou você para com isso, ou vamos terminar. Você quer isso? O príncipe respondeu que sim e, com a cabeça quente, foi até o mar para relaxar. Quando voltou, a princesa tinha ido embora e o príncipe pensou: “O que eu fiz? Perdi o grande amor da minha vida”. Foi atrás dela, mas não a encontrou. Passaram-se anos e anos e ele nunca mais a viu, ele não se casou mais. E foi viver sozinho em sua casa, ficou velhinho e triste. E a princesa está feliz, abriu um quiosque numa praia linda e apenas quer ser feliz só, com os amigos que ela conheceu. Cada um tem o final que merece. 23
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Pinóquio
Valter Campelo Junior
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inóquio era um boneco de madeira feito por um homem chamado Gepeto, que desejou que ele tivesse vida, pra que pudesse ser o seu filho e o tratar com todo amor e carinho. De repente, o rapaz de madeira ganhou vida. E Gepeto o chamou de Pinóquio. Gepeto o mandou à escola, mas ele desviou o seu caminho, e assim foi enganado por ser ingênuo e depois assaltado, pois foi induzido a enterrar suas moedas de ouro, achando que iriam se tornar uma árvore de dinheiro e, envergonhado, não quis mais voltar para sua casa, e nem se encontrar com seu pai. Sem saber, encontrou a fada azul, e ela disse que o ajudaria. Ao lhe perguntar quem era seu pai, e onde ele morava, ele respondeu: ̶ Não tenho casa e ninguém com quem morar. Então o seu nariz começou a crescer, e, quanto mais mentia, mais o seu nariz crescia. A fada o fez prometer que ele voltaria para casa, e seu nariz ficou normal. Ao voltar para casa, encheu o bucho de gelado no parque de diversão, e se transformou em um burro! Pinóquio foi vendido a um circo, e, após ser muito maltratado, não aguentava mais trabalhar, e assim o dono do circo mandou que o atirassem ao mar. Ao ser jogado no mar, ele voltou a ser de madeira, e uma baleia que por ali passava o engoliu. Surpreendentemente, encontrou ali o seu pai e também um peixe, que disse: ̶ Subam em minhas costas que eu os levarei para casa. Então Pinóquio cuidou do seu pai que estava doente e, como prêmio, a fada o transformou em menino. E foram felizes para sempre. Ou melhor, viveram felizes quase sempre, pois Pinóquio deixou de ser um boneco, e passou a ser um garoto normal, com todos os bônus e ônus, como todos nós. E seu pai passou a cobrá-lo como qualquer pai cobra o seu filho, como boas notas no boletim, passou a pegar no pé para tomar banho... Pinóquio ficou de castigo porque brigou na escola e foi suspenso, entre outros problemas. Além disso, teve que trabalhar como qualquer pessoa e encarar os seus problemas de jovem. E descobrir que ser de carne e osso não era assim tão bom quanto achava. Um dia, brigou com seu pai, pois não quis ir à escola, após um dia de trabalho. Então disse: ̶ Estou muito cansado. Hoje não vou à escola! Retrucou seu pai: ̶ Você pensa que é fácil? Vencer na vida não é nada fácil. Não existem vitórias sem sacrifícios! Desse modo, aprendeu que na vida não se faz aquilo que se quer, e sim o que é certo. E assim eles foram felizes quase sempre. 25
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Rapunzel
Elizabete Celecina de Carvalho
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apunzel foi uma criança muito desejada pelos seus pais. Quando eles descobriram que estavam esperando um filho, ficaram muito felizes. Só que, com o passar do tempo, algo mudou. Isso porque, quando o bebezinho nasceu, foi arrancado dos braços da sua mãe. Uma bruxa má chegou e roubou o bebê. ̶ Meu Deus, o que vamos fazer agora, sem a nossa filha? Perguntava a esposa para o seu marido, que também estava numa tristeza sem igual. Conforme o tempo foi passando, Rapunzel cresceu e ficou uma linda menina, com os seus cabelos loiros. A bruxa não aguentava ver aquela menina tão linda, então cheia de ódio ela resolveu prender a Rapunzel em uma torre bem alta, mas a jovem não se abalou. Mesmo com tudo isso, ela conseguia cantar e dançar sozinha lá em cima daquela torre. Um belo dia, um jovem príncipe estava cavalgando pela floresta e, de repente, escutou uma voz que dizia “Rapunzel, jogue suas tranças!”. Era a voz da bruxa malvada. Ele ficou observando e viu quando a bruxa subiu escalando pelas tranças da menina e ficou encantado com a beleza da garota. Depois, esperou a mulher má ir embora e, quando anoiteceu, ele foi até a torre e imitou a voz da bruxa: “Rapunzel, jogue suas tranças!” E subiu até lá. Quando ela viu o príncipe, também ficou encantada com ele, eles se abraçaram e se apaixonaram. Ficaram se encontrando escondido da bruxa, mas um dia ela descobriu e cortou as tranças da menina. A bruxa ficou com tanta raiva, a ponto de levar a menina para o meio da floresta, largá-la sozinha e voltar para a torre a fim de esperar o príncipe. Quando ele chegou, ela o empurrou para baixo, de modo que ele caiu e perdeu a visão. Depois disso, ficou perambulando sem destino até que, um belo dia, eles se encontraram e viveram felizes para sempre. Ou melhor, viveram felizes quase sempre… Pois é, quase sempre, porque quando o príncipe encontrou a sua amada, ele estava cego. Ela ficou muito triste com a situação e começou a chorar, enquanto ele deitou a cabeça no colo dela. Nesse momento, caiu uma lágrima dentro do olho dele e foi daí em diante que ele voltou a enxergar. Ele ficou feliz porque estava vendo tudo novamente, mas nem tudo é perfeito, porque começou a ficar muito chato e ciumento. Tinha ciúmes até das crianças. Então ela foi pegando bronca daquela ciumeira toda. Rapunzel falava: ̶ Poxa vida, como você está chato, já estou ficando irritada com essa ciumeira sua! Tem que ter paciência, porque agora não somos só nós dois, temos duas crianças e eu tenho que cuidar de tudo sozinha… Caramba, você não faz nada em casa, não me ajuda em nada. O que eu fiz para merecer isso? Depois do desabafo, concluiu: ̶ Não quero brigar com você, meu amor, vamos conversar. ̶ Tá legal, então, vamos sim. Eu também não quero brigar com você, minha Rapunzel. Foi aí que eles se reconciliaram, se abraçaram e continuaram sendo felizes quase sempre. 27
O Rei Sapo
Viviane da Silva Costa
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avia uma floresta perto do castelo do rei e nela tinha uma fonte. A filha do rei ia para a mata e se sentava à beira da fonte e levava sua bola de ouro, ela adorava a brincadeira de jogar a bola pro ar. Quando ela menos esperava, a bola caiu na fonte e a princesa começou a berrar. De repente, um sapo perguntou o que havia acontecido e ela explicou o motivo do choro. Em seguida, o sapo mandou ela ficar sossegada e falou que poderia ajudá-la, mas com uma condição...a princesa respondeu que ele poderia pedir o que quisesse, desde que fosse buscar a sua bolinha de ouro, ela garantiu que daria seus vestidos, suas joias e até a coroa que estava usando. Porém, o sapo falou:
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̶ Não quero nada disso, quero que você prometa gostar de mim e dividir tudo que é seu comigo! ̶ Ah, sim!, disse ela. ̶ Darei tudo o que quiser, desde que traga a bola de ouro! Porém, não parava de pensar: “Esse sapo é estúpido, como poderia acreditar que eu o aceitaria como companheiro?” O sapo passou horas dentro da fonte, até aparecer de volta com a bolinha de ouro. Quando a entregou, a princesa saiu correndo. No dia seguinte, a princesa sentou-se na mesa para jantar com seu pai, quando ouviu alguma coisa estranha subindo pela escada. Viu que era o sapo, fechou a porta com toda a força e o rei percebeu algo estranho e perguntou quem era. A princesa respondeu: ̶ Oh, querido pai, ontem estava brincando ao lado da fonte e minha bolinha caiu dentro dela, chorei tanto que o sapo foi buscá-la para mim. E, como ele insistiu, prometi-lhe que poderia se tornar meu companheiro, nunca pensei que o sapo fosse capaz de sair da água e agora está aí e quer entrar para ficar comigo.” O rei disse: ̶ Se fez uma promessa, então tem que cumprir. Vá e deixe o sapo entrar! A princesa foi abrir a porta, o sapo pulou para dentro da sala e falou: ̶ Coloque-me ao seu lado! Depois, no seu quarto, a princesa o jogou contra a parede com nojo dele. Nesse instante, o feitiço foi quebrado, o sapo se tornou um lindo príncipe. Ele e a princesa se casaram e foram felizes para sempre. Ou melhor, viveram felizes quase sempre... Um dia, o sapo, já transformado em príncipe, fez a princesa se casar com ele. A princesa não queria, mas, mesmo assim, a jovem foi levada para o castelo do príncipe, que falou: ̶ Meu amor, agora você vai sentir o poder da maldição. A princesa respondeu, assustada: ̶ Porque você vai fazer isso comigo? Continuou ele, tranquilamente: ̶ Você não me ajudou na hora que precisei, quando te pedi para cuidar de mim, então você vai passar o que eu passei, agora você é uma sapa e vou te deixar largada no lago para viver junto com os outros, mas sempre vou te visitar, pois o lago é do outro lado do meu castelo. Passados alguns dias, apareceu uma fada e a princesa pediu uma ajuda para a fadinha: ̶ Me ajuda, o príncipe se vingou de mim por que não cuidei dele. ̶ Ah! A fada respondeu: ̶ Oh, querida, porque você não cuidou do pobre príncipe? A sapa, desesperada, ignorou a pergunta e pediu: ̶ Então, você poderia me devolver minha vida de humana? Por favor, diz que sim! O príncipe chegou bem na hora e falou para a fada que tinha uma condição: ̶ Você pode atender ao pedido dela, mas assim que ela se transformar em humana, será minha escrava, irá limpar, cozinhar e ainda cuidar de mim. E assim foi desfeito o feitiço e todos foram quase sempre felizes. 29
Robin Hood Aleff Lopes da Silva
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obin era conhecido como um fora da lei, que roubava da nobreza para dar aos pobres. Robin lutava contra a realeza, pois ele não achava justo a nobreza sempre comer, ter aposentos bons, tudo do bom e do melhor. Então ele vivia como se fosse um bandido, porém um bandido que ajudava as pessoas que não tinham boas condições e fazia rebeliões, roubava ouro e joias valiosas. Ele vivia pela floresta de Sherwood, que era sua casa. Um certo dia, João Pequeno e Robin Hood resolveram fazer uma visita para o Príncipe John. Robin Hood e João Pequeno estavam parados à beira da estrada disfarçados de ciganos, roubaram joias e ouro e o príncipe só descobriu depois que eles estavam longe. Todos sabiam que Robin era o melhor arqueiro de toda a Inglaterra. Em torneios, sempre aparecia disfarçado e, depois, com o dinheiro ganho nesses eventos, ele ajudava os pobres. Com o passar do tempo, Robin Hood conheceu Marian, se apaixonou e acabou casando com ela. Todos seus amigos vieram comemorar e eles viveram felizes para sempre. Ou melhor, viveram felizes quase sempre, pois Robin Hood casou-se com Marian e também com suas responsabilidades de ajudar os mais pobres. Com isso, não deixou de dar atenção para Marian, porém acabou deixando de lado João Pequeno, mas disso vamos falar mais para frente… Marian já estava cansada de sempre tudo acabar bem. Ela estava com saudades de ser a donzela em apuros e que Robin a salvasse de guerrilheiros, gostava da ação. Afinal, ela se apaixonou pelo Robin devido às suas loucuras e técnicas de roubar pessoas da nobreza. Robin já não era tão feliz assim também, lembrava-se de quando era solteiro e podia passar dias e noites bebendo e se divertindo. O rei, por sua vez, se tornou bom, não maltratava mais as pessoas. João Pequeno já não fazia travessuras como antes, junto com Robin. Então, em um belo dia, Marian chamou Robin, o príncipe John e João Pequeno. Eles também queriam que aquilo tudo mudasse, pois ele era o rei e estava sendo chacota do reino, já não era mais temido pelo povo, devido a Robin o humilhar tanto na frente de todo o reino. O príncipe John até ofereceu uma recompensa para alguém virar vilão e começar a fazer coisas ilegais, porque ele não aguentava mais todos tão certinhos, sua masmorra já estava cheia de teias de aranha e ratos. Queria prender alguém e ainda admitiu sentir falta de perseguir Robin. Depois de um longo discurso, o rei foi para o Castelo e chamou Robin, Marian e João Pequeno. Todos infelizes por estarem sempre tão felizes. Então, tentaram um 30
acordo entre si, já que Marian queria ser sequestrada, passar pela adrenalina de poder ser salva por Robin, e João Pequeno queria aprontar junto com seu parceiro Robin. Então, fizeram um trato: “A partir de hoje, vamos fazer de conta que tudo voltou a ser como era antes”. O rei disse: ̶ Oh, posso uma vez só me sair por cima? Quero que o povo tenha orgulho de mim!. Robin aceitou: ̶ Tá bom, mas só uma vez. Você sabe que eu e João Pequeno sempre estaremos na frente… Então todos concordaram e viveram quase felizes para sempre, agora que finalmente iria haver algum tipo de atrito entre eles. Enfim, nunca as coisas rotineiras nos fazem ficar inteiramente felizes, por isso temos que nos reinventar.
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Parte II Registros do processo
Registros do processo
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Felizes
Quase sempre Projeto Interdisciplinar Arte e Língua Portuguesa Projeto Gráfico e direção de arte: Flávia Gonzales Correia Supervisão textual e revisão: Mayara de Andrade Calqui Ilustrações e textos dos educandos: Lucas da Silva Santos; Antonia Celecina de Carvalho; Nabiha El Khouwayer do Rego; Verônica Nunes de Sousa; Pablo Ryan Monteiro da Silva; Davi Ramos e Silva França; Jorge Antonio Luna; Marcia Maria da Silva; Valter Campelo Junior; Elizabete Celecina de Carvalho; Viviane da Silva Costa; Aleff Lopes da Silva. EMEIEF Professora Sonia Aparecida Marques Santo André 2022
Felizes
Quase sempre Projeto Educacional Interdisciplinar Arte e Língua Portuguesa EMEIEF Professora Sonia Aparecida Marques Santo André 2022