Além do Bê Á Bá

Page 1

Diário do Nordeste Fortaleza, Ceará Sábado e domingo, 29 e 30 de abril de 2017

ALÉM DO BÊ-Á-BÁ 10 ANOS DO PAIC: ATRASOS, CONQUISTAS E DESAFIOS

No processo da alfabetização, tudo começa com as primeiras letras, sílabas, palavras, as primeiras frases.Então,a"descoberta"domundodaleitura,da escrita, dos primeiros conhecimentos. No Ceará, até 2007, esse processo era muito aquém do aceitável: de um universo de oito mil crianças, apenas 1.2 mil conseguiam ler e compreender de maneira adequada um texto simples. Além disso, grande parte dos professores não possuía metodologia para alfabetizar, abusava de cópias na lousae usava muito mal o tempo de aula que era bastante

reduzido: aulas começavam tarde, terminavam cedo e tinham intervalos longos. A partir dessa situação, o Estado entendeu que ou focava no problema, não só para resolvê-lo, como também implantar política pública permanente ou não ofertava às suas crianças e jovens condição para uma educação de qualidade. Foi aí que nasceu o ProgramadeAlfabetizaçãonaIdadeCerta(Paic)que completa10anosemmaiopróximo.ODOCdoDiário do Nordeste aborda o assunto e mostra como o Ceará vem transformando o seu mapa e futuro. FOTO: FABIANE DE PAULA


2

Diário do Nordeste Fortaleza, Ceará Sábado e domingo, 29 e 30 de abril de 2017

ALÉM DO BÊ-Á-BÁ Estado tem sucesso na alfabetização de crianças até o 2º ano de escolas públicas FOTOS: FABIANE DE PAULA

Ceará avança e busca adequar aprendizagem O Paic não só ajudou a mudar o cenário da educação no Ceará, como inspirou o MEC a implantá-lo no Brasil Ana Carolina Fernandes não lembra do momento em que começou a ler, entretanto, aos sete anos de idade participou, pela primeira vez, da Bienal do LivrodeFortaleza,comumtexto escrito por ela. A menina é aluna do 2º ano do Ensino FundamentaldaEscolaPúblicaMaria Carvalho Martins, no Itaperi. Na mesma escola, a pequena Ana Miriam Bezerra, de seis anos, do 1º ano, não titubeou nem um instante ao ler, mesmo que devagar, os primeiros parágrafos de um livro escolhidoporelanabibliotecadainstituição onde estuda desde os quatro anos. O garoto Marcos Christian Silva aos sete anos conta que gostadaliteratura,massuapaixão maior é a matemática. O panorama em si, tão cotidiano nosdias atuais,pareciapraticamente impossível no Ceará há uma década. Na época o cenário da educação básica no Estado era calamitoso e o analfabetismo funcional (ler e escreve com extrema dificuldade e não entendeo queler)umarealida-

que mudava um gestor, mudade cruel constatada em pesOTA URA REM IT E L vam também tudo que estava se quisa que não só desvendou E A A ESCRIT na e fazendo”, comenta. o tamanho do problema, cod tu n e v ORIGEM D a ju as Para ela, cinco fatores foram mo também, alertou que era uzindo su ir d e m s ri o p c s ri a gem d s histó a to iz d la n fundamentais na implantação hora de começar a transforre o re d p o in nd - a Segund foi na Ba ssim, expa a s, o e do Paic: a pactuação com os mumar o presente e futuro de ic s g l, a a ló tr o n cio ou. le e arque ade educa id do começ nicípios que, independente de seus crianças e jovens. v tu ti a e d a a n ss id o e bil bilônia a responsa política e mudança de prefeitos, “O primeiro passo do Ceará e só restam d o a d id n c a o a ix ã ss e rg d Hoje, de zar a um ó o compromisso e foco na educafoi firmar compromissos”, Mesopotâde alfabeti a região e n d . s i a la o fo ín sc o ru e v ção não se alterariam; investiapontaa vice-governadora Izolo a p – l u a e n acio gito. S II as insan- educ V v mento na formação de professoda Cela, uma das idealizadoras X mica do E a s lo o u it c u sé s do r de m e te o r n rs A le u c a r re r res; diagnóstico permanente de o e precursoras do programa. Em p a p o nsin mo, ições de e ilização co m a tu iv c ir ti d a aprendizagem; definição de criparalelo, conseguindo com que n d ia s u p o x ç e , arq screver se e agricultura e , o térios técnicos para a seleção de o Programa de Alfabetização na a n lo p ti , m la ia e u x e pa nom ércio, astro um modo o núcleosgestoresescolares,prioIdade Certa (Paic) fosse implanm d e o n d c a , ç n ra l, a a tu c lc a te esse lo l, N e . ív rs ta rizando o mérito e gerenciatadocomopolíticapública,indee ri s v a sc áre - irre direito, e todas as s eiras inscri o c m u mento de planos de ação na pendente de quem esteja no pori o p p s la s ao ou a surgiram e. Isto lev consumar d a a educação infantil, com espader estadual ou municipal, o sed ia ie ir c v i e so n na da ções do qu como Mag a prática s ços adequados, incentivar a gundo, pactuando com municím re u e to d u a to s n gun e “para u q r . o nascime e ra v contaçãodehistórias,literatupios, Associação dos Prefeitos, u re it a esc ária - a le iso, an- (1989) c u e re d revolucion p ra. “É um circuito integrado e Unicef, entre outros, que o proe é d r a e v Antiguid ler e escre alfabeir d perene. Hoje, trabalhamos grama passou, a partir dali se n Ainda na , a re d p a a n ância no tes de mais que, em nossa , juntos, com a corresponsabi(maio de 2007), ser prioridade. ta ri -se import sc e a fa ra e d , tare u o d it a a le c z ri ti a lidadedosmunicípiosemotiE tudo começou a mudar. O d to s o is h çõe zad ade, cabe es civiliza d d n ie c vação da equipe”, diz. Ceará deu um salto nos níveis de ra g so e a an ond ica e a rom - mente à escola”. n Não é à toa a divulgação aprendizagem nos anos iniciais lê e h a o tro com modelo in de recentes resultados: a do Ensino Fundamental, aferim ra a rn se to etapaque vai do 2ºao 5ºano, das dos pelo Índice de Desenvolvi100 melhores escolas públicas mento do Ensino Básico (Ideb), do País, 77 estão no Ceará. O que mede a qualidade da educacançar a meta de alfabetizar to- ranking revela ainda que as prição no Brasil. O Estado amargava, em 2007, desempenhos pés- 12,2% com padrão suficiente. das as crianças até os sete anos e meiras24posiçõessãotodasocusimos na alfabetização, onde “Isso quer dizer que 86,1% de na2ºano–comotambémaquali- padas por escolas cearenses. No 32,8% completavam oito anos nossas crianças até os sete anos dade ea continuidade desse pro- topo do índice, aparecem empasem ler e nem escrever. Além saem do 2º ano alfabetizados”, cesso. “Saímos de uma situação tadas com nota 9,8 as municibemcomplicada:o desempenho pais São Joaquim, localizada no disso, 14,6% eram analfabetos celebra a vice-governadora. doalunoruim,faltade formação município de Coreaú, e a escola escolares. No ano passado, após adequada de professores da re- Emílio Sendim, da cidade de Sotodo o esforço empreendido, os Pactuação números foram outros: 73,9% No entanto, garante, o objetivo de e a falta de comprometimen- bral. “É preciso avançar”, recotêm nível desejado e outros não é apenas a quantidade - al- to dos municípios, pois cada vez nhece Izolda. (LG)

Escola Nota 10 visa alfabetizar 100% Osbonsresultadosalcançadospor Fortaleza nos últimos anos, saindo, por exemplo, na alfabetização no 2º ano, de 30,2 no nível desejável, em 2012, para 57,1, em 2015, refletem o trabalho realizado por escolas como a Maria de Carvalho Martins, no bairro Itaperi. Ali, as criançasdoInfantilà5ªsériedoEnsinoFundamental, contam com a orientação de uma equipe de professores e coordenadores motivados e comprometidos não só com as metas, como também com o desenvolvimento integrado de cada aluno.“O esforço é recompensado quando a gente percebe que meninos e meninas começam a ler, escrever e entender o texto.Éumaalegriamuitograndeeorgulho de ver o progresso deles como cida-

Eveline Carvalho e um grupo de alunos entre seis e sete anos que está no processo de alfabetização: “ambiente propício à leitura ajuda e faz a diferença”, diz

EXPEDIENTE EDITORA VERDES MARES LTDA Praça da Imprensa Chanceler Edson Queiroz - Dionísio Torres - CEP 60135.690 - Fortaleza - Ceará - Telefone: (85) 32669631 | Diretor Editor: Ildefonso Rodrigues Editora de Área Geral: Marta Bruno | Chefe de Produção de Área Geral: Erilene Firmino | Editor de Cidade: Emerson Rodrigues | Textos: Lêda Gonçalves e Marcelino Júnior Fotografias: Fabiane de Paula e Marcelino Júnior | Edição de Arte/projeto gráfico/design: Flávia Pereira Gurgel | Revisão: Vânia Monte

dãos e cidadãs”, emociona-se a diretora da instituição, Eliene Carvalho. A coordenadora Eveline de Andrade comemora os frutos da escola também NotaDez. “Temos um ambiente propício à leitura e ao aprendizado. Temos o contrafluxo para os que apresentam dificuldades, com aulas de reforço. Os alunos têm o cantinho da leitura, matemática ilustrativa. Aqui, até a diretora ensina”, salienta. A missão dos educadores é conseguir melhores resultados. “Temos 96% de proficiêncianoníveldesejadodealfabetização. Nossa meta é, até o fim do ano, alcançarmos 100% ou seja, todas as crianças lendo, entendendo o texto e escrevendo”, assegura. (LG)

WEBDOC Confira conteúdo extra no WEBDOC acessando o link: http://bit.ly/doc-alem-do-beaba


ALÉM DO BÊ-Á-BÁ

Língua Portuguesa e Matemática, os bichos-papões? A 9ª série representa grande desafio, os níveis de proficiência nas disciplinas estão abaixo do adequado A educação cearense avançou nos últimos anos, mas a passos mais lentos do que o esperado. Se na alfabetização de crianças até os sete anos, o Estado vem conseguindo superar metas, do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental, a situação ainda é considerada muito preocupante. De acordo com dados de 2016 do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica (Spaece), a cada 100 alunos, 30 conseguem concluir a 5ª série com nível adequado em Matemática. Em Língua Portuguesa, são 40 para cada centena. Isso coloca o Estado no padrão de proficiência intermediário. No 9º ano, o desafio ainda é maior: apenas 15, a cada grupo de 100, concluem com padrão adequado em Língua Portuguesa e sete em Matemática. O quadro já foi pior, em 2008, era 6,8% e 3,6% respectivamente. No geral, o nível de proficiência

estadual ainda é crítico, com 249,7 pontos na primeira disciplina,cujatabela indicanívelacima de 300 pontos para ser adequado e 251,6 na segunda, onde é preciso mais de 325 pontos para o padrão apropriado. ParaoespecialistadaPlataforma Semiárido do Fundo das NaçõesUnidasparaaInfância(Unicef), Rui Aguiar, houve avanço sim e isso graças ao Paic e ao Paic+5, lançado pelo governo estadual em maio de 2011. Na sua visão, a combinação de assistência técnica, incentivos fiscais e meritocracia são elementos de uma políticapúblicamoderna. “Estes programas são os mais expressivos exemplos de iniciativas de cooperação técnica entre um governo estadual e seus municípios, em um cenário brasileiro aonde persistem competição entre entes federativos.Paraalémdaalfabetização de crianças, direito de aprendizagem básico que abre as portas para outros direitos, os programasestãoassumindogradativamente o objetivo de organizar o ensino fundamental nos

municípios, sobretudo nos aspectos da gestão pedagógica e da formação de professores”. Entretanto, alerta Rui, a ênfaseemLínguaPortuguesaeMatemática, disciplinas importantes para a melhoria dos resultados do Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (Ideb), acabamporinibiremmuitosmunicípios outras possibilidades de aprendizagem das crianças,

com a redução do tempo dedicado a outros conteúdos importantes para a educação integral. E isso, aponta, tem reflexo negativos. “Paradoxalmente, o principal problema do Ensino Médio começa no sexto ano do ensino fundamental, período

Diário do Nordeste Fortaleza, Ceará Sábado e domingo, 29 e 30 de abril de 2017

marcado pelo abandono escolar e pelo ingresso de adolescentes nas mais diversas formas de trabalho infantil e exploração”, diz.

Melhoria ParaAguiar, oEnsinoMédiobrasileiro melhorará na medida em que toda criança que tenha ingressado na Educação Infantil aos quatro anos de idade conclua o Ensino Fundamental aos quatorze. A regularização deste fluxo de atendimento em escolas públicas de qualidade, com padrões básicos de funcionamento e profissionais de educação estimulados com bons salárioseacompanhamentopedagógico adequado, fará com que os adolescentes que cheguem ao EnsinoMédioconcluamaeducação básica com sucesso. Gestores e coordenadores escolares reconhecem dificuldades. A diretora da Escola estadual Valderi Machado de Almeida, em Horizonte, Edvânia Lourenço, admite que o esforço é redobrado, principalmente para quem inicia o Ensino Médio. “Nos deparamos com várias situações, a situação socioeconômica dos alunos, tudo isso reverbera no cotidiano da escola e no aprendizado”, frisa. Aulas no contraturno, orientação psicopedagógica e acompanhamento individual são estratégias da rede estadual para reduzir o abandono. Mesmo assim, muitos concluem o Ensino Fundamental e nem se matriculam no Médio. É o caso de Matias Pereira, de 18 anos. "Tive que deixar os estudos para trabalhar. Acho que não fiz certo. Tenho vontade de voltar, de fazerumafaculdadedeveterinária, de melhorar de vida”. (LG)

3

AVANÇOS EXPRESSIVOS Segundo análise de desempenho realizada pelo Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica (Spaece) em 2016, 86% dos alunos da rede estadual de ensino finalizaram o 2º ano do Ensino Fundamental alfabetizados. O Space aponta que em 2015, 74% dos alunos do 2º ano do Ensino Fundamental registraram nível desejável de alfabetização. Em 2007, ano de início das atividades do Programa Alfabetização na Idade Certa (Paic), 30% dos alunos estavam neste padrão de desempenho. O Spaece também enfatizou que houve redução gradativa nos padrões de crianças não alfabetizadas no Estado, visto que, em 2016, apenas 0,9% dos estudantes estiveram no padrão de não alfabetizado, enquanto em 2007 o registro era de 32,8%. Para concretização da análise, o sistema da Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) avaliou 99,2% das crianças que se encontram no nível do Ensino Fundamental. No ano passado, o Governo do Ceará investiu R$6 milhões para a realização do censo. O Ceará manteve uma avaliação positiva em todos os municípios nesta etapa da educação básica pelo segundo ano seguido. FONTE: SEDUC

Maioria dos alunos sente dificuldades na transição do Ensino Fundamental para o Médio FOTOS: FABIANE DE PAULA

Adaptação difícil, sonhos a realizar OsadolescentesRuiMiguelSilva e Andreina Braga, de 15 anos, ainda buscam se adaptar à rotina do Ensino Médio. Para eles, recém-saídos do Fundamental, as novidades se misturamàsdificuldades,consideradas naturais pela direção da Escola Valderi Machado, de Horizonte. “É tudo novo, mas sei que inicio aqui meios de atingir novas possibilidades”, afirma Rui.Elereconhecequedisciplinas como Língua Portuguesa e Matemática estão entre as mais desafiadoras para todos os alunos. “É preciso estudar, se dedicar, não ficar com dúvidas. Acreditar que é possível. Também não se pode esquecer de outras também importantes”.

Rui e Andreina afirmam que é preciso foco nos estudos

Andreina, mais tímida do que o colega, conta que é complicado morar na zona rural, enfrentar até preconceitos, pressões, barreiras. “Não é só vim para a escola, estudar, se preparar. Tem outras coisas. Tem gente que fica todo tempo desconfiando de nosso talento e querer pelos estudos”, lamenta. Para a titular da Secretaria de Educação de Fortaleza (SME), DalilaSaldanha,omunicípioevoluiu de forma rápida nos últimos anos. “Isso se deve a um trabalho de equipe. Reforçamos na Capital uma cultura para aprendizagem, o gosto pela leitura”, frisa. Aliadoaisso,aformaçãocontinuada dos professores, possibilitando o diálogo da teoria com a prática em sala de aula e um sistema de avaliação própria,

“Emsaladeaula nos deparamoscominúmeros problemasextra-escola e comoasquestões socioeconômicas” EDVÂNIA LOURENÇO Diretoradeescola

com a mesma matriz do Paic. “Omaterialdidático,salasapropriadas, tecnologia aplicada à educação.Éumasomaqueconseguiu alavancar a alfabetização.Atualmente,96%dasescolas alcançaram metas”, diz. (LG)


4

Diário do Nordeste Fortaleza, Ceará Sábado e domingo, 29 e 30 de abril de 2017

ALÉM DO BÊ-Á-BÁ

Sobral: professor é o protagonista O modelo utilizado pelo município serviu de base para a criação do Programa da Alfabetização na Idade Certa (PAIC) Sobral- Localizado no Vale do Acaraú, no semiárido nordestino, o município de Sobral, na região Norte do Ceará, tem colhido, ao longo dos últimos anos, os frutos da importante mudança que impulsionou sua reforma educacional, iniciada há 20 anos, e que hoje é destaque nacional. O modelo deensinoeaprendizagemproposto à época foi tão bem-sucedido que o município se tornou base para o projeto nacional de ensino, que começou a ser implementado em mais de 5.300 outros municípios, a partirde 2013. Uma dasestratégiasresponsáveispelaelevação dos indicadores de qualidade da educação municipal foi focar, inicialmente, na garantia da alfabetização de todas as crianças na idade certa. Outro importante passo foi apostarnumcontínuoaprimoramento dos professores, que se segue até os dias de hoje. Antesdareformaeducacional de Sobral iniciada em 1997, as escolas municipais formavamanalfabetosfuncionais, conclusão a que chegou a pesquisa da Secretaria da Educação Municipal, que afirmou, à época, que “cerca de 50% dos alunos no 3º ano não sabiam ler e escrever”. O levantamento apontou, ainda, que para solucionar esse problema seria necessária uma série de mudanças como a redefinição das rotinas nas salasdeaula;aformaçãomensal para os professores, no aprimoramento do conhecimento;ofimdassalasmultisseriadas; além da realização de concursos para selecionar professores e diretores por competênciaacadêmicaenão porindicação ou por qualquer outro tipo de favorecimento. Antes, o que predominava eram as indicações políticas, acarretando, até, a contratação de diretores de escola semianalfabetos. No ano de 1997 houve um incremento substancial na melhoria da rede física e de insumos. Também foram realizados os pri-

meiros concursos públicos para professores, além de uma ampla oferta de formação superior para os professores sem habilitação. Tudo isso impulsionado pela urgência de se modificar uma rede municipal desestruturada, como ainda ocorre em parte dos municípios brasileiros, com níveis de ineficiência observados nas altas taxas de evasão, de distorçãoidade-série,enaausência de professores habilitados, entre outros problemas. Mesmo com o pacote de mudanças, tendo a aceleração dos alunos defasados como prioridade, a reprovação era contínua, tendo como consequência a perpetuação das distorções no fluxo escolar.

Passo a passo Odiagnóstico inicialcomprovou que o problema estava na falta de alfabetização no 1˚ ano. De acordo com o então secretário de Educação de Sobral e hoje prefeito Ivo Gomes (PDT), “ percebeu-se que era necessário alfabetizar as crianças no 1˚ano, primeiramente, com os recursos disponíveis e, em seguida, com a colaboração de consultoriaexterna.Sobaresponsabilidade do professor e consultor Edgar Linhares (falecido em 28 de março de 2015), a Secretaria desenhou e implementou estratégiasparaasseguraraefetivaalfabetização das crianças no 1˚ ano fundamental”, frisa. Entre as ações necessárias a tornar o discurso realidade narededeensino, estão a

construção de autonomiaescolar (com diretrizes de responsabilização); monitoramento para o desenvolvimento das pessoas (secretaria e escola); valorização do trabalho do professor, com foco no planejamento e nas rotinas de sala de aula e apoio às suas atividades; além da avaliação externa semestral como instrumento de aferiçãododesempenhodosalunos através de avaliações. Nos anos seguintes, a educação em Sobral tomou outros rumos, com apoio de parcerias. (MJ)

Pedro Alan repassa para a filha de dois anos a importância da educação para mudar a própria vida. “Não quero que ela passe pelo que eu passei” FOTOS: MARCELINO JR

Resultado transpõe a escola Em

busca de corrigir a distorção idade-série, problema recorrente até o ano 2000, Sobral participou do programa Acelera Brasil, da Fundação Ayrton Senna.Quemlembrabemdessa época é o expedidor de roupas do Hospital Regional Norte, Pedro Alan dos Santos, 27 anos,quesemudoucomafamília de Fortaleza para Sobral, em 2003, e estava fora da série adequada para a idade quase três anos. Ele recorda como as dificuldadesfamiliaresserefletiram em casa e no seu desempenho escolar.

Autoestima A história de Pedro Alan começou a mudar ao ser matriculado na Escola Municipal Professor Gerardo Rodrigues. Identificada a distorção idade-série, Alan foi apresentado ao Acelera Brasil. “Apesar da dificulda-

de de me manter na sala de aula, eu já tinha certo conhecimento, o que fez com que eu fossematriculado na 3ª série e, com Acelera Brasil, eu também tinha disciplinasda4ª e5ª série.Comoque fui aprendendo, acompanhei e fui ganhando autoestima”, analisa.

Reconhecimento Com os conhecimentos adquiridos, Alan passou a ser monitor e aajudar outrosalunos. “Era uma espécie de troca de saberes”. Assim, ele saiu da estatística de evasão e mudou sua trajetória e relação com os livros, a educação e até com a família. “Minha filha de pouco mais de dois anos já está sendo alfabetizada em casa por mim e pela mãe dela e não passará pelo que eu passei. Devo tudo isso à professora Lira Augusta, que me recebeu de braços abertos na escola e estendeu essa atenção à minha família. Posso dizer que ela foi a base para meu desenvolvimento como pessoa e pai ”, emociona-se. A professora a que Alan se refereéLiraAugustaSoaresSan-

tana, diretora da Escola Emilio Sendim, considerada a melhor da rede pública municipal do Brasil, com média 9.0 no último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), com alunos do 5º ano. “Com a alfabetização na idade certa, a criançasaido1ºanoalfabetizada. Cada série recebe seus alunos com nível satisfatório, partindo do seu nível de conhecimentoatégarantirmosaaprendizagem”, ressalta. Com a metodologia, mais de 95% dos estudantes saem do 1º ano alfabetizados, seguindo até o 5º ano de forma adequada à idade. “Por trás dos números existe riqueza de formação lúdica e atrativa com eficiência na construçãopessoaldentrodoespaço vivo e vibrante, que deve ser a escola”, avalia. O Ideb de Sobral superou a meta federal prevista para 2021, de 6,1 pontos,importantefeitoparaomunicípiocom 51,76% de pessoas vulneráveisàpobreza,comrenda per capita igual ou inferior a R$ 255,00 mensais. (MJ)

A Escola Emilio Sendim é a melhor da rede pública municipal do Brasil, segundo dados do Ideb


ALÉM DO BÊ-Á-BÁ

Diário do Nordeste Fortaleza, Ceará Sábado e domingo, 29 e 30 de abril de 2017

5

ACOMPAN H

AMENTO

A professo A biblioteca da Escola Emílio Sendim é lugar de novas experiências para o estudante Carlos Victor FOTOS: MARCELINO JR ra Ana Fá bia Barbosa lecio A bibliote na na Esc ca da Esc ola Emílio Sendim ola Emíli o S para aluno s do 5º m endim é um dos lo Ano, que cais já chegam ais freq uentados em sala de aula se aluno Ca p guindo a sé elo rlos Vic rie responden tor de te a sua id cor- Sousa Rod rigues, d ade. O a acompanh e dez nos. É ne amento, sse espaço constante, ajuda q m ue o enino solt a potencia a a imagin lizar os conteúdos e mergulh ação exigidos n a em leitu o currículo. Os a ras variad lunos são atendi- V as. Uma vez por sem dos parale ana, ictor, que lamente n deseja ser as disciplinas que arquiteto, con mais nece stantemen ssitam. e A professo te pega mprestado ra algum li desde 200 atua na escola “A vro. qui as pro 9 e confi fessoras se rma os bons resu passam um mpre ltados do a atividad modelo utilizado. e no Ensinam d “ Naquela e uma form va. época fe era muito a dire desafiador, porque g nte. Eu gosto mais eram alun êneros te dos os de idad xtuais, m es mistas. E leva as leio todo tipo ndo em co de tema”, nsid ção esse fa disse, tor, tínham era- enquanto esc olhia um e os que p alfabetizá-l xemlar de mate os na mesm mática pa a pro- se porção. H ra oje, esse n um minário, q ue ele prep ível mudou por co arava para apre mpleto”, g sentar com arante. outros alunos. (M J)

Uma outra trajetória de vida Uma das medidas adotadas é a valorização dos professores, não penas na sua formação, mas financeiramente

As mudanças ocorridas na Educação de Sobral trouxeram bons resultados em escolas não apenas do meio urbano, mas tambémnazonarural,ondesecostuma ter, no País, indicadores educacionais muito baixos. A Escola Massilon Saboia de Albuquerque, na localidade de Olho D'água do Pajé, tem-se mantido em boa colocação no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) desde 2009, quando obteve média 6,5. Láé praticamente zero a defasagem idade-série, com ajuda do trabalho de reforço escolar que tem sido realidade também na Escola Raimundo Pimentel Gomes, que atende 1.650 alunos e tem Ideb 7,2. As 32 salas de aula são diariamente monitoradas por quatro coordenadores, que selecionam as crianças com maior necessidade de reforçoescolar. Normalmente, 10% dos alunos passam por aulas extras; destes, 90% conseguem aprovação depois da ajuda, segundo o coordenador Raimundo Iran Félix da Silva. Sobral também tem investido no professor, que normalmente tem reajuste salarial 5% superior ao das demais categorias. Comotodososalunostêmavaliações mensais, as melhores turmas terminam rendendo prêmios de R$ 250 a R$ 500 (no caso de o professor ter duas turmas) mensais, se a média da turma for superior à do município.

Resultados Ao longo dos anos, em média, o município de Sobral tem distribuído cerca de R$ 454 mil em prêmios para os professores, cuja remuneração também é maior do que o piso nacional da categoria. Com todas essas mu-

NÚMEROS SOBRAL Língua Portuguesa Proficiência média (2015) Estado 181,4 Sobral 220,8 *Acima de 150 em proficiência significa que alunos já conseguem identificar o assunto de um texto, o que indica que já estabelecem ligações entre as suas partes para chegar ao sentido global. Esses alunos, provavelmente, apresentam uma leitura mais autônoma, o que é importante para o prosseguimento de sua trajetória escolar.

Padrões de desempenho em Língua Portuguesa Nível desejado 2012

2015

Estado 57,8% 70,7%

Sobral 94,3% 97,5%

5º ano do Ensino Fundamental - Matemática Proficiência média Estado 227,5 Sobral 294,0 Padrões de desempenho em Matemática Nível desejado 2012

2015

Estado 20,3% 32,2%

Sobral 94,3% 97,5%

FONTE: SEDUC/SPAECE

Em Sobral, o índice das crianças alfabetizadas aos sete anos chega a 95,8% desde o ano de 2007

danças,omunicípiotemalcançado índices que o colocam em situação confortável quando se trata de educação e desempenhos dos alunos. Entreosexemplosestãoaqueda na taxa de evasão escolar, desde 2007, que tem sido menor que um; já em 2012, o percentual de crianças que não sabiam lereescrever no3˚anodoensino fundamental caiu de 48% para 3%, e se mantém nessa média; o número de crianças alfabetizadas aos sete anos de idade no município chega a 95,8%, desde 2007; além do destaque nacionalnosíndicesdoIdeb, que coloca Sobral entre as cidades com mais de 100 mil habitantes com

maior número de escolas públicas melhores qualificadas em todo o País.

O Paic Com base na experiência de Sobral, Ivo Gomes, então deputado,em 2003, propôs a criação de um Comitê Cearense pela Eliminação do Analfabetismo Escolar,quandoforamrealizadosinúmeros diagnósticos e estudos que apontaram o sério problema nos municípios cearenses que se assemelhava à realidade de Sobral em 2001. Em 2007, no início da gestão estadual do ex- governador Cid Gomes, também ex-prefeito de Sobral de 1997 a 2004, houve a decisão de que o

Estado deveria assumir o papel de coordenador da política de alfabetização, definindo diretrizes e metas com apoio e monitoramento, além de implementar os processos continuados de avaliação e garantir incentivos. O Programa da Alfabetização na Idade Certa (PAIC) incluiu, entre outras metas e atividades, o desenvolvimento de um sistema de avaliação(SpaeceAlfacomodesdobramento do Spaece – o sistema de avaliaçãoexistenteno Estado),e um sistema de incentivo aos municípios participantes do processo. É um exemplo de cooperação federativa em que cada ente cumpre o que lhe cabe. (MJ)


6

Diário do Nordeste Fortaleza, Ceará Sábado e domingo, 29 e 30 de abril de 2017

ALÉM DO BÊ-Á-BÁ

Antônio conclui o Ensino Médio esse ano e quer cursar Faculdade de Medicina FOTOS: FABIANE DE PAULA

Ensino Médio precisa mudar além do currículo Combater evasão escolar, com redução tímida nos últimos anos, e atingir proficiência desejada são desafios “Nada se torna impossível quando a pessoa se prepara e supera todas as barreiras socioeconômicas”. A afirmação do aluno Antônio Werberton Lopes da Silva, do 3º ano da Escola Maria Dolores de Alcântara e Silva, o Liceu de Horizonte, representa um novo pensamento que começa a se proliferar entre os que cursam o Ensino Médio no Ceará. Para ele, que sonha em fazer faculdade de Medicina, é preciso foco, dedicação, além da qualidade do ensino público, constatada em instituições como a que estuda, com fila de espera a cada ano, na disputa para quem consegue entrar. “O colégio só oferece 180 vagas por ano. É realizada um seleção por nota. No total, são 500 alunos em regime de tempo integral”, informa a diretora Carolina Matos. No entanto, nem tudo são flores. O gerente de Conteúdo do movimento Todos Pela Educação (TPE), Ricardo Falzetta, ressalta que os entraves do Ensino Médio não começamali. Osanos finais doEnsino Fundamental (EF) não mostram a mesma tendência de melhora nos indicadores do que a observada nos anos iniciais – que mesmo ainda tendo um avanço lento, tem melhorado. Entretanto, as desigualdades ainda são muito grandes entre os diferentes segmentos da população – maisricosemaispobres, brancos e negros, moradores da cidade e do campo. A partir do 6º ano, alerta, aumentam as taxasdereprovaçãoeabandono, e diminuem os percentuais de alunos com aprendizadoadequado,comomostraram os últimos levantamentos feitos pelo TPE. “No Ensino Médio esses entraves se aprofundam”, reafirma. Paraele, as principais mudanças necessárias apontadas por especialistas em Educação dizem respeito ao modelo de escola vigente. Nas duas etapas do Ensino Fundamental, ocorre uma ruptura entre o modelo dos anos iniciais (um professor por turma, um vínculo mais forte com a escola, em que o alunoconhecemelhorseuprofessorevice-versa)eo modelo dos anos finais (vários profes-

AÇÕES E ESTRATÉGIAS Ensino Médio Há dez anos o índice de abandono dos alunos na rede pública era de 21%, e que esse número já foi reduzido para 10,6%, graças aos esforços de todos envolvidos na Educação do Ceará. Escola de Tempo Integral No primeiro ano, em 2015, 26 escolas regulares, e este ano são mais 45. Somadas às 116 escolas profissionalizantes em tempo integral, a cada quatro escolas da rede estadual, uma será em tempo integral. FONTE: SEDUC

sores, várias disciplinas, com pouco tempo para criar vínculo entre alunos e docentes). “Além disso, ocorrem mudanças na vida da própria criança, que vive a entrada na adolescência”. Esse pacote de questões, indica, explica boa parte da queda nodesempenho edoconsequente crescimento das taxas de reprovação e abandono nos anos finais do Fundamental.

Modelo Os problemas se amplificam no Ensino Médio – boa parte dos alunos que consegue passar para essa etapa final da Educação Básicacarregaprofundasdefasagens de aprendizado e, não à toa, o abandono escolar no 1º ano é o mais alto dessa etapa. “O modelo de escola de Ensino Médio que temos até hoje – e que deve mudar se a reforma for

bemimplementadaecorresponderaessedesafio–éaindaengessado, único para um país extremamente diverso, enciclopédico, que não faz sentido para os jovens”, analisa. Assim, salienta, não há uma solução única, uma vez que os desafios são diversos. Porém, estudos recentes têm mostrado que elas não são tão complexas ou inovadoras. O que pesquisas mais recentes com os jovens têm apontado é que, em primeiro lugar, deveriam haver mudanças mais básicas, como garantir uma escola mais segura, professoresmaisvalorizadosebemformados, que não faltem, e uma infraestrutura escolar adequada – desde o oferecimento de laboratóriodeciênciaseinternetbanda larga, passando por questões de acessibilidade para alunos com deficiência. Outro ponto absolutamente fundamental é que haja na escola uma cultura de consideração do jovem. Com isso, explica, duas coisas: um esforço adicional de apoio à parcela em situações mais vulneráveis para que não se sintam abandonados e um diálogo continuado com os estudantes para ouvir suas demandas e opiniões sobre o ambiente e a gestão escolar. “Pensando, inclusive, em quaistrajetórias formativas devem ser oferecidas para atender aos desejosesonhosdajuventude”, defende. (LG)

Tempo integral e escolha de disciplinas A Secretaria de Educação do Ceará (Seduc) reconhece que assim como nos demais estados brasileiros, o Ensino Médio tem se mostrado a etapa mais desafiadora da educação básica. Para reverter esse quadro, o Ceará investe em ações de incentivo à permanência do aluno na escola, aprendizagem adequada e motivação para o Ensino Superior. Investimentos na escola de tempo integral estão transformando o cenário. Atualmente, 187 instituições da rede, entre o regular e ensino profissional, beneficiam 65,5 mil estudantes. Esse ano, por exemplo, serão aplicados R$ 108,8 milhões a mais no Programa. Orecursoseráusadonaampliação, adaptação e aquisição de novos equipamentos, contas públicas, além da alimentação escolar,entreoutras. As estruturas passarão por processosdeadequaçãoessenciais para conversão ao modelodeensino, como a climatização das salas de aula e as reformas de

vestiários e refeitórios. Cada escola oferta uma jornada de nove horas, garantindo três refeições diárias. O currículo é composto por 30 horas semanais de disciplinas da basecomuma todos e15horas na parte flexível, sendo que dez são escolhidas pelos alunos. De acordo com o projeto, a oferta das eletivas deve ser estruturada levando em consideração eixos temáticos de modo a possibilitar aos alunos a organizar cada itinerário formativo e uma reflexão sobre sua trajetória acadêmica, desenhada por suas escolhas e interesses. O Mais Paic é outra estratégia. A medida teve como finalidadeampliarotrabalhodecooperação já existente com os 184 municípios, que, além da Educação Infantil e do 1º ao 5º ano, passou a atender também do 6º ao 9º ano nas escolas públicas cearenses. A iniciativa apoia a aprendizagem dos alunos para que sigam com sucesso, tenham bons resultados e ingressem no Ensino Médio bem preparados. Com isso, uma luz no fim do túnel começa a aparecer. Os dadosrelacionadosaoabandonoescolarapontamumdecréscimo nos últimos anos. No período de 2011 e 2015, passou de 13,0 para 8,1%.

ENTREVISTA - IDILVAN ALENCAR*

Ensino Médio é tragédia nacional, aponta secretário da Educação QualodiferencialdoPaic.Oqueo programatrouxedevalor paraa educaçãocearense?

O modelo de gestão, de governança. No início, em 2007, tivemos a coragem de mostrar a realidade bem preocupante da educação no Estado. Os índices eram muito ruins e precisávamos mudar isso. O Paic trouxe, entre outras, o pacto com os municípios, a cooperação entre escolas. Esse modelo nos permite continuar com o programa mesmo na transição dos ges-

tores municipais. Independentemente do partido que esteja no poder. QuantooEstadoinveste porano?E quaisosdesafios?

São R$ 60 milhões anuais, entre premiação, formação de professores, material. Investimos em um sistema informatizado em que se pode acompanhar o desempenho de cada aluno. Nosso desafio no Ensino Fundamental ainda é a aprendizagem da Matemática no 5º ano. Estamos focados nisso pa-

ra reverter os resultados. O 9º ano já apresenta evolução, mas ainda é necessário alcançar índices desejados. Alémdaeducaçãobásica,oEnsino Médio,competênciadoEstado,apresentaumcenáriobempreocupante. ComooCeará buscamudar essarealidade?

Sem dúvida, o Ensino Médio é uma tragédia nacional. E ainda não podemos comemorar nada, pelo contrário. O governo do Estado investe em escolas de tempo integral, são 26% da

rede ou 187 escolas nesse sistema. Queremos chegar a 40%. Nosso diferencial é oferecer disciplinas eletivas, ou seja, o aluno escolhe o que quer cursar e agora, firmamos convênio com o Instituto Ayrton Senna, a partir de pesquisa do Banco Mundial de Desenvolvimento (BID) sobre esse cenário. Com isso vamos implantar nas escolas oficinas de competências socioemocionais, um novo conceito em educação. *TITULAR DA SEDUC


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.