Ao infinito... e além! by Flávia Gurgel

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DIÁRIO DO NORDESTE FORTALEZA, CEARÁ - QUINTA-FEIRA, 15 DE SETEMBRO DE 2016

CINEMA

Ao infinito... e além! Cineteatro São Luiz exibe até sábado, mostra com filmes de ficção científica que fizeram história DIEGO BENEVIDES Especial para o Caderno 3

iagens espaciais, seres extraterrestres, experimentos científicos e muita imaginação são necessários para elaborar os mais diferentes contextos de uma ficção científica no cinema. No decorrer dos tempos, clássicos do gênero foram preservados e são referenciados até hoje pela nova geração de cineastas. O crítico gaúcho Robledo Milani afirma que a ficção científica é um gênero hollywoodiano por excelência, ao lado do faroeste e do musical. “Ainda que todas as cinematogra-

fias já tenham se aventurado pelo estilo uma vez ou outra no decorrer do último século, foi nos Estados Unidos que ele melhor foi aperfeiçoado, com o investimento massivo em efeitos especiais, tramas mirabolantes e direções engenhosas. Por isso, creio que sua evolução durante todo esse período tenha sido constante e sempre crescente”, conta. Para estabelecer um diálogo nessa linha do tempo, o Cineteatro São Luiz realiza a Mostra Gêneros do Cinema: Ficção Científica, com a exibição de obras que marcaram época. Os ingressos podem ser retirados com 30 minutos antes de cada sessão. Partindo de uma demanda de público que aumentou após a realização de maratonas e exibições especiais de filmes já lançados em circuito, a Mostra Gêneros do Cinema é mais uma iniciativa do São Luiz que visa a popularização do acesso à sétima arte. Mês passado, o primeiro gênero a ser explorado foi o faroeste, com exibições de clássicos assinados por Sergio Leone e John Ford, entre outros nomes representativos.

Recorte Segundo o programador do equipamento, Duarte Dias, o universo vasto da ficção científica, que se mistura a outros gêneros para contar suas histórias, como o suspense e o terror, permitiu um primeiro recorte diversificado de filmes. A mostra começou ontem com o alemão “Metrópolis”, de Fritz Lang. Lançado em 1927, a obra futurista tratava da divisão social entre poderosos e operários que aguardam um salvador para mediar suas diferenças. A partir do filme de Lang, uma viagem no tempo será feita até os dias atuais. “A curadoria chegou a esses oito filmes que atravessam a história para formar essa primeira exibição focada na ficção científica. Como o tema é grande, acreditamos que outros títulos podem ser lembrados nas próximas edições do evento”, conta Dias. Aventuraestelar A programação segue com “Solaris” (1972), do russo Andrei Tarkovsky, que acompanha um psiquiatra em viagem a outro planeta após os tripulantes de uma estação espacial começarem a se comportar de forma estranha. Ele mesmo começa a ter devaneios com a esposa falecida, mas precisa compreender o que está passando fora da Ter-

“Blade Runner – o caçador de androides” (1982), de Ridley Scott, um dos filmes selecionados para a mostra, é outro frequentemente revisitado

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ra e recomendar se ainda é seguro manter a missão espacial nesse planeta. O clássico “2001 – Uma Odisseia no Espaço” (1968), de Stanley Kubrick, considerado por muitos pesquisadores um dos maiores filmes de ficção científica já feitos até hoje, dividirá espaço com o recente “Interestelar” (2014), de Christopher Nolan, estreitando suas semelhanças e diferenças não apenas em abordagem temática, mas também tecnológica. A obra arrebatadora de Kubrick ainda é usada como base para ambientar tramas que envolvem a exploração de astronautas no espaço sideral. “Distrito 9” (2009), de Neill Blomkamp, e “Perdido em Marte” (2015), de Ridley Scott, completam o time de filmes mais recentes que serão reexibidos. Scott é o cineasta mais lembrado desta edição da Mostra Gêneros do Cinema, com três obras na programação. Parece impossível fa-

C O clássico

“2001 – uma Odisseia no espaço” (1968), de Kubrick, ainda hoje é referência do gênero

O curador Duarte Dias aponta uma expectativa de receber cerca de 500 pessoas no São Luiz, com maior fluxo no sábado lar sobre ficção científica sem lembrar da importância de “Alien, o 8º Passageiro” (1979) e “Blade Runner, o Caçador de Andróides” (1982), dois clássicos que, assim como o filme de Kubrick, são revisitados por novos cineastas constantemente. Com capacidade para 1.050 pessoas, Duarte Dias aponta uma expectativa modesta de receber cerca de 500 pessoas no Cineteatro São Luiz, com maior fluxo no sábado, que contará com três sessões. O programador explica que as exibições dos filmes serão feitas em Full HD para possibilitar a máxima experiência de som e imagem. “Os longas não serão exibidos em DCP (‘digital cinema package’, formato de projeção mais utilizado atualmente com alto alcance de performance), pois esse tipo de arquivo é difícil conseguir via distribuidora, no caso dos filmes antigos. O tempo de armazenamento médio desses filmes no DCP é de seis meses”, esclarece Dias. “Como o fluxo de lançamentos é muito grande, então as distribuidoras eliminam os DCPs originais. As que guardam, muitas vezes é preciso entrar em contato com a matriz, fora do Brasil e o custo para conseguir fica oneroso. Mas no acordo que nós temos com as distribuidoras, somos capazes de exibir em Full HD 1080 e som 7.1 ou 5.1”, diz. O curador aproveitou para declarar que em dezembro, possivelmente na primeira quinzena, será lançada uma mostra retrospectiva que reunirá filmes da antiga União Soviética. “Solaris” deve integrar mais uma vez a programação, mas dessa vez com cópias restauradas e em DCP.

Futuropróximo Entre os dias 27 e 30 de setembro, o Cineteatro São Luiz exibirá a Mostra Lume, em parceria com a distribuidora maranhense homônima. Estão programados 10 filmes realizados entre 2010 e 2013, entre eles os nacionais “O Exercício do

Caos”, de Frederico Machado, e “O Que Se Move”, de Caetano Gotardo. Cada sessão da Mostra Lume custará R$6 (inteira) e R$3 (meia), sempre atentos à classificação indicativa de cada obra. Em outubro, será a vez de homenagear a filmografia de Stanley Kubrick, com a exibição gratuita de suas principais obras. De acordo com Dias, a proposta é que as mostras especiais do Cineteatro São Luiz sejam realizadas gratuitamente, já que é um dos compromissos que se tem com o público. Ao ser questionado sobre a relevância de gerar debates com o público após essas exibições especiais, Dias aponta que já foi feito em outros eventos anterior, mas de forma discreta. Existe o interesse em implantar sessões seguidas de debates em um futuro próximo, para que o público não apenas assista ao filmes, mas possa refletir sobre eles.

“Interestelar”, o último longa de Christopher Nolan, aborda viagens no espaço-tempo e teorias da física quântica

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