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M A G A Z I N E
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MERCADO Operadores adaptam-se aos frotistas
DISTRIBUIÇÃO Onde estão os interlocutores?
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OPINIÃO
Pneus budget em alta
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ESPECIAL PNEUS
Pneus e frotistas com mais diálogo O mercado dos pneus está cada vez mais adaptado às necessidades dos frotistas. Quem ainda não tem o seu negócio adaptado para este canal, pensa vir a fazê-lo
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istribuidores. Importadores. Retalhistas. Quando se pretende pneus, temos to dos estes canais. No fim da linha, na ins talação, quando são todos retalhistas, novamen te opções diversas. Há casas com condições especiais de determinados fabricantes, outras pertencem a redes informais de distribuidores e outras a redes pertencentes a uma marca, mas que vendem pneus de outra marca. O mercado automóvel, só por si, é um mer cado com as suas complexidades. Mas, dentro deste, o mercado dos pneus ainda é mais espe cífico. Os operadores dizem que têm visto a pro cura de pneus para frotas aumentar. Os frotistas entrevistados nas edições desta publicação tam bém têm referido este componente como um daqueles onde esperam reduzir custos. Cálculos básicos mostram que este é um mercado de 270 mil pneus por ano só para renting, onde este serviço está tradicionalmente incluído. Mas são cada vez mais as empresas frotistas a procurar a compra de pneus fora do contrato de aluguer operacional. “Nos últimos meses, temos verificado um crescente número de contactos com a neces sidade de verem resolvido o fornecimento de pneus”, diz Manuel Félix, da Eurotyre. Este distri buidor está mesmo a iniciar um projeto, dirigido
aos clientes frotistas, que vai criar um serviço de gestão na área de pneus, a nível ibérico (onde já atua na distribuição). A Alves Bandeira, que se tem posicionado como um grande player na distribuição de pneus, está atenta e encara vir a fazer negociações diretas com os clientes em presariais e frotistas. “É um cliente interessante, embora muito exigente no segmento onde se coloca”, diz Paulo Santos, da divisão comercial. QUEM É O CLIENTE? O mercado de pneus tem uma relação muito forte com os seus instaladores. O “cliente” de uma representação de uma marca ou de um grande distribuidor é o instalador. Nos últimos anos, estas próprias empresas têm vindo a fazer um esforço financeiro para que os instaladores se adeqúem ao cliente dos dias de hoje. Descontos adicionais no produto, prazos de entrega mais curtos para diminuir stock (e, com isso, reduzir o investimento financeiro destas pequenas empresas), materiais de marketing, formação e até comparticipação de equipa mentos ou mesmo de rendas de espaços têm sido algumas das atitudes que os grossistas e importadores têm tomado. Em troca, esperam que os seus pneus sejam vendidos.
Ninguém fica com os pneus em stock próprio. O que as empresas querem é um interlocutor que lhes forneça duas coisas: o produto e o serviço de instalação gestoras que perceberam que esta é uma oportunidade para mais serviços. “Além das normal solicitação de pneus, também nos têm chegado algumas abordagens sobre outros tipos de serviços na área de manutenção de veículos”, diz António Pereira, da Euromaster, a rede da Michelin.
Percebendo a dimensão deste tipo de clien tes, todas as marcas e distribuidores criaram um interlocutor próprio para estes negócios. Tipica mente, os valores por unidade são acordados anualmente e, conforme o volume, melhores con dições se vão conseguindo. O que se tenta asse gurar é disponibilidade de produto e qualidade de serviço. Mas o que os clientes procuram é preço. “Há procura por parte destes clientes, que tentam sempre o negócio que seja mais barato”, diz André Bettencourt, da Bridgestone Portugal. “O preço é um fator importante na hora da escolha de pneus”, diz Manuel Félix. “Mas gos taria de lembrar que um aconselhamento cor reto e fundamentado por parte do agente que coloca os pneus, ainda faz alguma diferença na aquisição”, continua. “O preço é uma questão sensível e as em presas frotistas não são exceção”, diz António Pereira, da Euromaster. “No entanto, não se pode reduzir o negocio exclusivamente ao pre ço, pois como diz a sabedoria popular, o barato sai caro”. Paulo Santos resume tudo em poucas pa lavras: “é um cliente muito complicado em pri cing”.
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Os frotistas alinham nesta cadeia de distri buição, dirigindo-se ao elo final: o instalador. Esta estratégia funciona sobretudo quando exis te pouca dispersão de frota. Mas quando isso acontece, a troca de pneus torna-se mais difícil de gerir. As empresas mais estruturadas já percebe ram. A Continental preferiu não participar neste trabalho porque está a reestruturar todo o seu negócio para este canal. Para comprar Michelin, o interlucutor das empresas é a Euromaster, uma entidade completamente autónoma da marca e que gere a sua rede de instaladores. O seu re presentante diz que um em cada quatro pneus vendidos no sector do renting é através desta empresa. A Bridgestone tem negociações inter nacionais com algumas empresas de referencia da distribuição alimentar. E mesmo a Tiresur, que entrou há pouco tempo no mercado, com a re presentação de uma marca como a GT Radial, preocupou-se logo em constituir uma rede – a Centers Auto – que já vai com 20 associados. Ninguém fica com os pneus em stock pró prio. O que as empresas querem é um interlo cutor que lhes forneça duas coisas: o produto e o serviço de instalação. E houve frotistas e
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A etiqueta Paulo Homem Jornalista
Pneus “budget” em alta
Só 20% dos condutores conhecem as van tagens da etiqueta europeia dos pneus, refere um estudo recentemente divulgado. Apesar de esta iniciativa pretender ajudar os profissionais das oficinas na hora de argumen tar o produto com três elementos chave sobre o pneu, quatro de cada cinco condutores que trocaram os pneus desde Novembro de 2012, data de entrada em vigor da etiqueta – até a data de hoje, dizem não ter recebido o acesso ria em profundidade sobre esta ferramenta. E isso, depois de que todos os sistemas infor máticos dos negócios se adaptaram para poder informar o cliente sobre a aderência em molhado, a poupança de combustível ou o ruído, tal como obriga a legislação.
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que mais modificou o mercado do pneus novos nos últimos dois anos foi a crise, que incentivou a procura de pneus de menor preço, nomeadamente quando se fala em frotas, onde a questão de redução de custos é muito importante. O que acontece agora é que a oferta repartiu-se entre marcas Budget e marcas Premium, isto é, o que se está a vender são marcas de baixo preço (o que não significa propriamente baixa qualidade), que estão a entrar em frotas (nomeadamente de comerciais ligeiros) com uma velocidade estonteante enquanto no extremo oposto, quem pretende garantia de qualidade, opta sempre por uma marca Premium. Com a proliferação de marcas orientais, muitas delas vindas da China, é nesta altura muito fácil perceber que se podem correr riscos quando a opção do frotista é apenas preço. Não será fácil distinguir atualmente quais são as marcas budget que são “low cost” daquelas que possuem alguma qualidade, mas existem de facto opções muito interessantes que apresentam uma excelente relação custo/benefício para a sua utilização em frota (nomeadamente de comerciais ligeiros). Por isso a opção por pneus de menor preço, não tem que ser neste momento uma opção de risco, pelo que o crescimento do negócio de pneus Budget acaba também por ser impulsionado pela melhoria generalizada deste tipo de produto e não apenas pelo seu preço. Muitas frotas, nomeadamente de ligeiros comerciais, utilizam cada vez mais pneus Budget, e os resultados têm sido francamente animadores, quando analisada a relação custo/benefício.
Não será fácil distinguir atualmente quais são as marcas budget que são “low cost” daquelas que possuem alguma qualidade
Os Premium e os chineses
Um estudo comparativo entre os pneus produ zidos na China e um pneu premium produzido na Europa, pela revista AutoBild, mostra que as características de manuseamento dos pneus provenientes do Oriente ficam muito atrás dos equipamentos produzidos na Europa: “Para além disso, em piso molhado, os resultados foram desastrosos” reportam os responsáveis pelos testes. A diferença em distância de travagem a uma velocidade normal para auto-estrada, cerca de 100 km/h, entre os pneus Continental, que servem como modelo de referência premium, e aquele que obteve o pior resultado em piso molhado foi de cerca de 24 metros. O resultado dos testes de aquaplaning foi igualmente pobre. O pior resultado dos pneus chineses entrou em aquaplaning a cerca de 66km/h. Os melhores em teste continuaram com uma boa tracção mesmo acima dos 78km/h. Os especialistas aconselham os consumidores a confirmar se os pneus que estão a adquiri estão aprovados para uso na Europa, factor indicado por um código colocado na lateral - “e4”.
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A distribuição de pneus Não há outro sítio para montar pneus que no instalador. A sua importância nos clientes mais pequenos é imensa. Nos clientes de grandes dimensões, os operadores tentam ter interlocutores especializados
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ntre os distribuidores de pneus, corre o seguinte conceito, invocado quase à força de lei: vendendo directamente aos frotistas locais, faz-se concorrência aos clientes principais. Como tal, alguns distribuidores, sobretudo aqueles que não têm ainda redes constituídas, optam por deixar a negociação dos pneus nos instaladores. É o caso da Aguesport, da Euro tyre ou da Alves Bandeira, por exemplo. Estas empresas continuam a apostar nas tradicionais casas de pneus como o seu “representante”, ainda mais quando se trata de pequenos clien tes. A Eurotyre diz que os canais de distribuição são os mesmos que utiliza para os restantes clientes. Mas que canais são estes? A Alves Bandeira, que é um distribuidor, vende apenas para instaladores de pneus. A Bridgestone, que é um importador, distribui para os instaladores independentes, mas também tem a rede de oficinas Firststop e, além desta, uma empresa específica para gerir este tipo de clientes – a Fleet Point – que funciona como um centro de coordenação. A Michelin, através da Euromaster, tem um sistema semelhante. E, em redes como a Euro master ou a Firststop, vendem-se praticamente
todas as marcas de pneus e não produtos das empresas que detém a rede. As marcas tentam chegar aos clientes com o mínimo de interlocutores possíveis na distribui ção, conseguindo assim simplificar processos. Mas os distribuidores defendem-se dizendo que apesar de tudo, os seus processos ainda são mais simplificados. A agilidade é tudo. Com uma capacidade de armazenamento local e a vantagem de serem multimarca, dizem conse guir um nível de entregas mais rápido que os im portadores das marcas. Por rápido, entenda-se mais simples. “O que fez com que os distribui dores crescessem foi a rapidez de operações”, diz Pedro Conceição, da Aguesport. “Quem quer mudar um pneu, não quer estar à espera, quer uma solução rápida, no momento”. Mesmo nos preços, é frequente encontrar preços mais baratos do que aqueles que as próprias marcas conseguem fazer. O truque de tudo isto está no armazenamento. Com uma grande capacidade logística, estes operadores conseguem compras de pneus com um rappel elevado, que depois transferem para os clientes finais. GRANDES CLIENTES No mercado de pneus, utiliza-se a palavra
As marcas tentam chegar aos clientes com o mínimo de interlocutores na distribuição, conseguindo assim simplificar processos. Os distribuidores defendem-se dizendo que os seus processos ainda são mais simplificados. A agilidade é tudo
de clientes quando criar um novo serviço de dicado às frotas. A Tiresur tem também uma pessoa de contacto directo com os frotistas. A Aguesport garante o mesmo, se tal vier a acontecer. E a Euromaster já conta com isso. “Um interlocutor único, capaz de assessorar e atender todas as necessidades desta tipologia de clientes é para nós fundamental, principal mente em Portugal, pois estamos no ano de arranque, pelo que desde o mês de Julho con tamos um colaborador que terá a responsabi lidade deste sector”.
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“prescritor” e faz-se analogias com o mercado dos medicamentos para exemplificar como o pneu chega ao cliente final. A questão é que os clientes frotistas olham para o pneu numa ótica de custos e são menos vulneráveis à “prescri ção” que esse instalador lhes possa endereçar. Não só por isso, mas também pela dispersão geográfica, procuram outro tipo de interlocutor, sobretudo um que lhes faça a ponte para os demais instaladores a que recorrerão, conforme os locais onde se encontram as viaturas. “Após a negociação com cada gestora a nível central, é fundamental a definição das suas prioridades, dos procedimentos de au torizações e das suas expectativas”, diz Antó nio Pereira, da Euromaster, dando o exemplo do relacionamento com uma gestora. “Toda a rede recebe depois os procedimentos que deve adoptar em cada caso e que será cumprido em todos os membros da rede. Este é um ponto fundamental para o desenvolvimento de uma relação de confiança com a gestora”. Os operadores contactados pela FLEET MAGAZINE assumem todos que, de uma for ma ou outra, têm um interlocutor próprio para estes clientes. A Eurotyre, por exemplo, até diz que irá ter um call-center dedicado a este tipo
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PNEUS
Alguns importadores e distribuidores
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EUROMASTER António Pereira antonio.pereira@euromaster.com 935173355
EUROTYRE Manuel Félix felix@eurotyre.pt 707200946
ALVES BANDEIRA Paulo Santos psantos@a-bandeira.pt 231244200
BRIDGESTO N E P O RT U G A L André Bettencourt andre.bettencourt@bridgestone.eu 212307351
TIRESUR Aldo Machado amachado@tiresur.com 219938120
AGUESPORT Pedro Conceição pedro.aguesport@gmail.com 914006055
GARLAND Jorge Sousa jorge.sousa@garland.pt 229478387
CONTINENTA L Manuel Seabra manuel.seabra@conti.de 252499234