GESTÃO DE CADEIAS COLABORATIVAS PARA INOVAÇÃO NO AGRO OUTUBRO | 2018
PARCERIA
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COORDENAÇÃO Igor Schultz, sócio da FLOW Executive Finders PROJETO E PRODUÇÃO EDITORIAL TECERE | Gestão da Comunicação PROJETO GRÁFICO TH Studio | Design & Branding
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GESTÃO DE CADEIAS COLABORATIVAS PARA INOVAÇÃO NO AGRO
GESTÃO DE CADEIAS COLABORATIVAS PARA INOVAÇÃO NO AGRO
INOVAÇÃO COLABORATIVA CHEGA PARA REVOLUCIONAR O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO A Era da Inovação Aberta, na qual ideias, projetos e soluções são desenvolvidas de forma colaborativa, vem promovendo uma revolução na agropecuária brasileira. É um movimento ainda jovem, reforçado nos últimos dois anos, quando começaram a surgir startups, aceleradoras e os primeiros hubs tecnológicos especializados na área. Esta nova onda tecnológica despertou também o interesse de grandes empresas na criação de ecossistemas com a participação do meio acadêmico, investidores e empreendedores, a fim de buscar soluções não apenas para suas próprias demandas, mas capazes de repercutir em toda a cadeia do setor, beneficiando a produção nacional e o aumento de rentabilidade para todos os atores do agronegócio brasileiro. É um cenário em que companhias gigantes tomam a iniciativa de conhecer o modus operandi dos pequenos empreendedores digitais e sua vocação para encontrar produtos e serviços não convencionais, em uma velocidade difícil de ser acompanhada por grandes estruturas. AgTechs, como são chamadas as startups
do setor, se multiplicam e se unem em um hub que passa a atrair, de maneira orgânica, os demais agentes do ecossistema que desenha este novo mundo da inovação colaborativa. Aquisições, investimentos, parcerias e novos modelos de estímulo às startups entram nos planos de empresas globais, que assimilam para si uma nova cultura em que a era do código aberto se mostra cada vez mais eficaz para alavancar o mercado como um todo. É um tempo em que grandes corporações se aliam a concorrentes para incentivar jovens empreendedores a transformar ideias em soluções; agricultores passam a solicitar serviços e produtos de acordo com as necessidades observadas na experiência no campo, levando startups a buscarem respostas para estas demandas; produtores e distribuidores que usam de seu conhecimento para se transformarem em provedores de soluções; jovens, que, em
gerações anteriores, só viam futuro fora da área rural e agora querem retornar às propriedades com foco no profissionalismo e nas novas tendências globais. A parceria que acontece entre a FLOW Executive Finders, consultoria especializada em seleção e recrutamento de executivos, e a revista DINHEIRO RURAL, da Editora Três, em busca de entender os processos de liderança, fez uma profunda inserção em longas entrevistas com protagonistas desse mercado em ebulição. Nas próximas páginas estão considerações de lideranças à frente de iniciativas extraordinárias, como o polo tecnológico AgTech Valley, o Vale de Piracicaba, no interior Paulista, e de ações estruturantes em companhias como Syngenta, Cargill, Raízen, Fibria, Bayer, Yara e Genesis Group. Essas companhias, no passo da inovação aberta, estão, ao mesmo tempo, ensinando e aprendendo o futuro na prática. Boa leitura! OUTUBRO | 2018
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SYNGENTA
FRENTES CONECTADAS À ERA DIGITAL Aquisições e parcerias com startups, realização de eventos sobre a era digital no agronegócio, oferta de financiamento e apoio ao desenvolvimento de produtores compõem o menu que conecta a Syngenta, líder mundial no segmento de segurança alimentar, à revolução tecnológica que vem mudando a agricultura no Brasil e no mundo.
A inovação faz parte do DNA da Syngenta. Dez anos atrás já estávamos trabalhando com o foco em digital, buscando agregar valor aos nossos clientes. Em um processo natural, percebemos que fazia sentido agregar valor a toda cadeia e estamos cada vez mais interessados neste caminho. Ariadne Caballero, líder em Agricultura Digital da Syngenta Brasil e LATAM
Ela cita o exemplo de uma plataforma digital, a AgriEdge, criada há dez anos, nos Estados Unidos, com foco em gestão de propriedades no segmento de 4
algodão, que hoje conta com 5 mil produtores trabalhando com diversas variedades de culturas. O projeto conecta os clientes da Syngenta e as indústrias de alimentos ao programa de sustentabilidade da empresa, o que vem promovendo um aprimoramento na capacidade de gestão dos agricultores. Experiências como estas contribuíram para que a empresa estivesse preparada para detectar os primeiros sinais de que a era das inovações abertas havia chegado ao campo, ingressando então nesta primeira onda da revolução tecnológica. Em 2015, a empresa adquiriu a norte-americana Ag Conections, especializada em serviços de dados para produtores rurais, que durante 14 anos havia sido parceira do programa da Syngenta AgriEdge Excelsior, sistema dedicado à integração de produtos, serviços, gestão de risco e tecnologia para produtores. O contrato manteve as duas empresas com operações separadas.
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AQUISIÇÕES Neste ano, a Syngenta comprou a Strider, que desenvolve e comercializa sistemas de software de gerenciamento de fazendas no Brasil, e a FarmShots, startup que monitora imagens de alta resolução por meio de um conjunto de satélites, que permite a integração com as imagens de drones, com a finalidade de proporcionar análises de fitossanidade e condições dos campos baseadas nos padrões de absorção de luz. Além disto, fechou parceria com a AgroSmart, fornecedora de dispositivos e serviços de mineração (data mining) e processamento de dados; a Taranis, plataforma de agricultura de precisão; e a Perfect Flight, startup pioneira na gestão da aplicação aérea no setor agrícola. A parceria compõe uma
plataforma integrada com as soluções mais relevantes para os agricultores. No caso das aquisições, Ariadne pontua que a compra não significa que a empresa passará a atuar dentro da Syngenta. A FarmShots, por ser uma empresa menor, teve seu time inserido na empresa, mas a Strider, empresa já de renome na área digital, se mantém independente. O fato de a Ag Connections e a Strider atuarem como empresas independentes “está agregando muito à Syngenta, seja culturalmente, seja em termos de agilidade”, afirma a executiva, ressaltando as características do mundo das startups. “A Strider conseguiu acessar um mercado muito complexo, trazendo inovação em um momento que o produtor pede redução de
custos. Estamos aprendendo mutuamente e trazendo esses aprendizados para dentro de casa”, afirma. Segundo Ariadne, a partir do momento em que a Syngenta fez a primeira aquisição, entendeu que precisaria ter uma área exclusiva para a agricultura digital. Foi criada então uma organização global específica, na qual está sendo desenvolvido um conjunto de competências sintonizadas com os novos tempos. Foram formadas equipes locais para analisar o mercado em que atuam, entender o que está acontecendo e criar ecossistemas com fundos, startups e aceleradoras, enquanto o time global se concentra em encontrar soluções que possam ser massificadas em diferentes mercados. OUTUBRO | 2018
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SYNGENTA
PERFIL DO TIME A empresa também passou a integrar talentos diferentes às suas equipes, profissionais que enxergam data manager management como uma linha de carreira. Posições e linhas de trabalho que não existiam estão sendo instituídas dentro da Syngenta. Uma das células é de análise de dados, iniciada na unidade da Índia, para trabalhar com as informações de forma mais estratégica. A executiva acrescenta que, no novo cenário, a Syngenta atua em diferentes abordagens de mercado. No braço financeiro, a empresa possui a Syngenta Ventures, cujo objetivo é fazer investimentos 6
em diversos segmentos da agricultura, incluindo o ramo de inovações tecnológicas. Com as aquisições, procura agregar valor às suas ofertas e construir elementos digitais em prol dos clientes. Já as parcerias são vistas como muito importantes no mundo das inovações porque, na visão da empresa, os clientes vão exigir cada vez mais conectividade e soluções digitais.
Syngenta Startup Day, reunindo AgTechs para apresentarem seus projetos, e promovendo debates sobre novos conceitos, como o smartfarming, ou agricultura inteligente, que envolve o uso de um pacote tecnológico para obter a otimização da produção e a redução de riscos, aumentando a rentabilidade para os produtores.
Os eventos também são considerados essenciais para a construção de um ecossistema digital. Além de participar ativamente de fóruns e encontros sobre as novas tendências, a empresa realizou no ano passado o primeiro
Com uma estrutura pujante e avançada em Pesquisa & Desenvolvimento, a Syngenta define entre os critérios para parcerias com startups a avaliação de quão avançadas elas estão. “É preciso existir a combinação entre o problema
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que os clientes precisam resolver, e como obter a solução de forma mais rápida.” O processo também é desafiador. “Preparar nosso time de vendas para este novo mundo, por exemplo, e trazer empresas que nos ajudem a obter soluções mais rapidamente são os principais desafios que temos hoje para poder acompanhar a velocidade com que o mercado se desenvolve”, afirma. No entanto, a Syngenta, diz ela, não está interessada em apenas atingir seus objetivos corporativos. “Queremos estimular o mercado. Somos sponsors do programa global Thought For Food (TFF), cuja meta é incentivar o jovem empreendedor a descobrir como abordar problemáticas que teremos no futuro na linha de segurança alimentar, além de endereçar um dos principais objetivos do nosso Plano de Agricultura Sustentável, que busca as melhores formas de alimentar as 9,8 bilhões de pessoas que habitarão o mundo até 2050”, esclarece. Em julho deste ano, a empresa patrocinou a sexta
edição do Thought for Food (TFF) Summit, realizado pela primeira vez no Brasil, no Rio de Janeiro. Estudantes selecionados em academias do mundo todo, investidores, empreendedores, cientistas, executivos e legisladores brasileiros e estrangeiros foram reunidos para discutir sobre melhores formas de alimentar as 9,8 bilhões de pessoas que habitarão o planeta até 2050. “Das melhores ideias, às vezes surgem empresas. Um exemplo é a jovem Mariana Vasconcelos, hoje CEO da Agrosmart, que há dez anos ganhou o Thought for Food de América Latina e hoje tem como sponsor o nosso CEO corporativo global, Erik Fyrwald”, conta Ariadne. Entre as iniciativas voltadas para o desenvolvimento do mercado, ela menciona ainda a aproximação com aceleradoras por meio do Pulse, hub de inovação da Raízen dedicado exclusivamente ao agronegócio, e os fundos de investimento locais e globais. “São frentes que nos mantêm em contato direto com as startups e as novas tendências do mercado na área digital.
Nossos líderes estão engajados e veem um diferencial dentro da área de digital, com as nossas soluções que trarão benefícios para os nossos clientes, agregando o conhecimento e as habilidades necessárias para atuar na área. Ariadne Caballero, líder em Agricultura Digital da Syngenta Brasil e LATAM
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CARGILL
UMA APOSTA EM MACHINE LEARNING E STARTUPS A Cargill, gigante global no setor de agronegócios, atua internamente com uma série de programas que promovem a busca de soluções diferenciadas, inserindo-se mais recentemente também no mundo da inovação aberta.
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Um movimento importante neste sentido ocorreu neste ano, quando a empresa decidiu adquirir uma participação minoritária na startup irlandesa Cainthus, que concebeu um software de reconhecimento facial de vacas leiteiras com o objetivo de aumentar a produtividade dos animais.
dados na tentativa de detectar padrões que possam guiar a tomada de decisão nas diversas áreas de atuação da empresa.”
O sistema, que já está sendo negociado com clientes brasileiros, é baseado em machine learning e técnicas de imagem para obter informações sobre o comportamento e o apetite das vacas, proporcionando um planejamento e tomadas de decisões mais assertivos.
Também em âmbito global, a Cargill passou a investir, em 2017, na startup Memphis Meat, dos Estados Unidos, especializada na produção de carne a partir da autorreproducão de células animais. Ainda no ano passado, investiu US$ 30 milhões na startup norte-americana Descartes Labs, empresa que, por meio da captação de dados a partir de imagens de satélites, oferece previsões relacionadas à produtividade em diferentes lavouras.
Segundo Luiz Pretti, presidente da Cargill, a empresa está migrando o olhar para tecnologia e dados como um quarto fator de produção. “Apostamos no machine learning, ramo da inteligência artificial que percorre uma gigantesca quantidade de
E, recentemente, se tornou sócio minoritário da Agriness, start up líder em tecnologia na produção de suínos na América Latina. Com o investimento, as empresas se concentrarão em levar soluções para novas geografias, além de expandir para outras espécies,
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incluindo aves e bovinos de leite nos próximos meses. Internamente, a Cargill criou vários Laboratórios Digitais e desenvolve projetos para incentivar a criação de soluções inovadoras entre seus próprios funcionários e com o intuito de valorizar o trabalho de suas
equipes de P&D. O grupo realiza, em âmbito global, o LA Achievers Circle Award, que em sua 16ª edição teve 76 projetos inscritos, sendo 13 provenientes da América do Sul e América Central. No Brasil, realiza o Digital Business Day, cuja última edição reuniu mais de 120
representantes de negócios da Cargill Brasil para debates sobre desafios da “Revolução Digital Empresarial”, desde o recrutamento e retenção de talentos até a mudanças nos modelos de negócios impostos por empresas digitais que competem com as tradicionais.
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RAÍZEN
PULSE, UM HUB DE INOVAÇÃO PARA O AGRONEGÓCIO Atende pelo nome de Pulse o primeiro hub de inovação criado no país que dá atenção especial ao agronegócio brasileiro. Inaugurado em agosto de 2017 pela Raízen, líder nacional na produção de açúcar, etanol e bioenergia, o Pulse é um espaço de coworking e aceleração de startups que promove a conexão entre AgTechs e investidores, universidades, executivos e empresas de agribusiness.
O projeto conta com a parceria da SP Ventures e a aceleradora de startups Nxtp.Labs. “Para a Raízen, é uma oportunidade única de aprender novas formas de trabalho, acessar o que existe de mais moderno e inovador no mercado, discutir ideias, problemas e soluções com um grupo extremamente qualificado de empreendedores, além de fomentar o ecossistema de inovação e desenvolvimento tecnológico do setor sucroenergético, o que beneficia todo o mercado e a sociedade brasileira”, diz Fabio Mota, Head do Pulse. Instalado em frente à sede da Raízen, no Parque Tecnológico de Piracicaba, o Pulse também
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proporciona às startups o acesso a laboratórios de testes para seus produtos e serviços e coloca à disposição os quase 1 milhão de hectares de área agrícola cultivável da companhia. Assim que foi lançado, o projeto atraiu inscrições de 400 startups, que tiveram suas propostas e características analisadas até que restassem 12 finalistas, dentre as quais cinco foram escolhidas para os programas de aceleração: Aimirim, Agribela, Bart Digital, Prefect Flight e Spec Lab. “Já estamos também trabalhando no processo de seleção de startups voltadas à experiência do consumidor, em parceria com a Shell Select, e projetos de conectividade no campo, junto com a Ericsson e a
O empurrão principal para experimentar mais startups veio do board. Apareceram muitos casos de inovações desses empreendedores não só no agronegócio, e o Conselho da empresa percebeu que era necessário atuar nesta área.
Wayra, aceleradora de startups da Vivo.” A Raízen sempre teve entre seus objetivos estratégicos o investimento em inovação e tecnologia, mas, a partir para a criação do Pulse, fez um movimento ousado que a colocou entre as primeiras grandes companhias a ingressar na era de código aberto no agronegócio brasileiro. Empresas gigantes, de estruturas pesadas, até então vinham guardando seus projetos disruptivos em seus cofres tecnológicos, buscando apenas os benefícios para si, sem atentar para o movimento que está varrendo os campos nos últimos anos.
começou a se preocupar em entender melhor como funcionava o mundo das startups. “O primeiro movimento foi conhecer o que eram startups, coworking, aceleradores, como atuavam os investidores; quais eram os papeis e objetivos desses atores que fazem este ecossistema se desenvolver”, diz Mota. Segundo ele, toda a construção de entendimento levou uns seis meses e incluiu a contratação de um especialista em aceleradoras para enriquecer os debates dentro da companhia.
Fabio Mota, Head do Pulse
A Raízen, no entanto, detectou a mudança que vinha ocorrendo em outros setores e há dois anos OUTUBRO | 2018
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Neste novo conceito, o importante é botar para rodar, experimentar, mas se, em algum momento, for preciso mudar de parceiro, não tem problema. A tecnologia permite que hoje o ‘divórcio’ seja menos doloroso.” Fábio Mota, Head do Pulse
“Os dois mundos passaram a caminhar juntos, até que trouxemos, em 2016, a primeira startup, e nos vimos desafiados pela ideia de como colocá-la dentro da empresa. Para minha felicidade, deu tudo errado”, conta, dizendo que a parceira concluiu que não ia dar certo e saiu do projeto. A “felicidade” simboliza, segundo ele, um dos primeiros aprendizados da grande empresa com o novo mundo das inovações tecnológicas, no qual arriscar, falhar, é sinônimo de aprender, o que tem por consequência evoluir, melhorar. “Desistir de um conceito e mudar a rota, sabendo a hora de 12
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abandonar, ou pivotar o projeto, foi uma novidade para nós.” Esta nova visão passou a ser defendida por Mota nas reuniões do Conselho de Administração da empresa. “É preciso trabalhar com vários projetos para, quem sabe, um vingar”, explica. Além disto, as AgTechs trabalham em projetos que sirvam para todas as culturas, não especificamente para a empresa que está demandando uma solução, diz ele. “Na hora em que você pede para mudar o projeto e o empreendedor diz não, é um choque, pois as grandes empresas trabalham
RAÍZEN
para projetos ajustados especificamente às suas necessidades.” Seguindo este trajeto, o trabalho se encaminhou para as parcerias AgTechs, surgindo a necessidade de ter um espaço fora da empresa, a fim de evitar que as startups fossem contaminadas pela cultura corporativa e, aos poucos, inserindo as equipes da Raízen neste novo conceito. É neste momento que surge o Pulse. “A ideia foi ter um espaço com esses empreendedores, promover a integração de nossos executivos com eles e ver como a mágica acontece. Porque, na
cabeça da maioria das corporações, a visão ainda é de que você contrata um fornecedor e essa mágica está feita.” A empresa não divulga o valor investido no Pulse. Segundo Mota, dos 11 projetos-pilotos proporcionados pela iniciativa, quatro estão na etapa de assinatura de contrato. Um dos casos, segundo ele, envolveu a colocação de inteligência artificial no processo produtivo e industrial da Raízen, o que implicou um risco grande, mas acabou proporcionando um ganho enorme para a empresa.
Sem entrar em detalhes, Mota revela que a Raízen tem acompanhado diversos projetos para as mais diferentes áreas, como controle biológico de pragas, gestão e operação mais eficiente no campo e uso de machine learning. “Acreditamos fortemente nessa perspectiva de inovação em toda a cadeia de produção”, afirma.
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AGTECH VALLEY
NO CORAÇÃO DA COLETIVIDADE DISRUPTIVA Mais de 300 startups com soluções inovadoras para o agronegócio – e esse número não para de crescer – espalhadas por todo o Brasil e conectadas em um hub de inovação aberta e empreendedorismo criado pela AgTech Garage no chamado AgTech Valley, em Piracicaba.
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A iniciativa saiu do papel há pouco mais de um ano, na esteira do sucesso obtido pelo AgTech Coworking, que há cinco anos reúne profissionais e cientistas da cadeia do agronegócio no mesmo local. A ideia de criar a AgTech Garage surgiu há dois anos, quando começou a se desenvolver o AgTech Valley, que tem no AgTech Coworking um de seus protagonistas. Seus fundadores perceberam a necessidade de desenvolver um projeto exclusivamente focado em promover a inovação no agronegócio através da conexão entre grandes empresas e startups. “Naquela época, falava-
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se muito em open innovation, mas não com foco em startups. Empresas estavam criando seus hubs e notamos que dessa forma dispersa todos perderiam. Existe um desafio enorme para criar densidade no ecossistema, o que é fundamental para ter diversidade e acelerar serendipity, explica um dos cofundadores da AgTech Garage, José Tomé, que se nomeia como “Chief Ecosystem Officer”. A análise do cenário mostrou a necessidade de concepção de um hub multi stakeholder. “Se temos um poder maior de atração de startups, criamos um ambiente natural e o ecossistema se desenvolve a partir daí”, diz Tomé. Segundo ele, um dos primeiros
passos foi procurar empresas para entender o quanto elas estavam maduras para se relacionar com startups. A conclusão foi que todas queriam, mas ainda não sabiam como fazer. Tem muita coisa que dá para fazer, segundo ele, em termos de parceria, cultura, aceleração de projetos que não necessariamente impliquem aquisições ou nvestimentos. Ainda hoje percebemos que o corporate venture, como investimento direto em startups, não é o plano da maior parte das empresas e só vai acontecer com maior frequência daqui a um ano e meio, dois anos, e mesmo assim será apenas uma das opções”, afirma. Tomé considera que a AgTech Garage está baseada em uma região privilegiada, que deu origem ao AgTech Valley – Vale do Piracicaba, ecossistema de inovação e empreendedorismo formado por diferentes atores entre universidades, com
destaque para ESALQ-USP, que possui a incubadora EsalqTec, espaços de coworking, grandes empresas e uma relevante quantidade de startups AgTech nos diferentes hubs, como o Pulse da Raízen, Usina de Inovação e o recém-lançado Avance, da Coplacana. Todos com foco no agro. Até mesmo o programa do Sebrae SP que é agnóstico em todo o estado, teve na regional de Piracicaba sua primeira versão temática, para o agro obviamente. “A AgTech Garage está inserida neste ecossistema, mas olha o Brasil inteiro”, adverte Tomé. “Nos posicionamos como um hub de conexão e inteligência, sendo o primeiro passo para as empresas que buscam se inserir nesse contexto de inovação aberta com startups. Mantemos relacionamento de médio e longo prazo com as startups, criando confiança e entendendo profundamente os negócios e tecnologias para, em seguida, promover as conexões corretas
com as grandes empresas” diz. Chamadas de Ecosystem Partners, empresas como Arysta, Bayer, Dairy Partners Americas - DPA, Fermentec, GDM Seeds, Genesis Group, John Deere e Ourofino confiam na AgTech Garage a conexão com startups. A AgTech Garage também realiza encontros locais e faz incursões no exterior. Neste ano, levou um grupo de 15 pessoas, entre executivos, investidores, produtores e empreendedores para Saint Louis, Vale do Silício e Salinas, nos Estados Unidos, promovendo uma imersão nas regiões onde estão surgindo oportunidades para AgTechs. Junto com a ESALQ-USP, a AgTech também tomou a iniciativa de realizar o primeiro Censo AgTech Startups Brasil, contribuindo com o fornecimento de dados que mostrem a evolução do mercado, disseminando conhecimento sobre a área e fornecendo subsídios que contribuam para o fomento ao ecossistema no país.
Das 12 startups que apresentamos à Ourofino em um “Circuito de Startups” promovido em novembro do ano passado, quatro estão fazendo negócio com a empresa, um número bem relevante. O sucesso foi tanto que vamos repetir a dose com uma segunda edição em novembro, nesse momento estamos com uma chamada aberta para startups. José Tomé Chief Ecosystem Officer da AgTech Garage OUTUBRO | 2018
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FIBRIA
PLATAFORMA E INVESTIMENTOS PARA O FUTURO
A brasileira Fibria, líder mundial na produção de celulose de eucalipto a partir de florestas plantadas, se manteve atenta às recentes transformações. Em agosto de 2017, lançou uma plataforma de inovação aberta chamada Fibria Insight, por meio da qual seleciona startups que trabalham em desafios propostos pela empresa. No primeiro ano de funcionamento da plataforma, foram lançados desafios ligados 16
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ao desenvolvimento de aplicações para a celulose microfibrilar e busca de soluções para melhoria das embalagens dos fardos de celulose. Os empreendedores que mais se destacam recebem benefícios que vão da mentoria técnica ao suporte financeiro para o desenvolvimento dos projetos, incluindo também apoios nos quesitos comerciais e relacionados ao modelo de negócios. Dois meses após ter sido criada, a Fibria Insight já havia recebido 46 propostas de projetos, dos quais seis foram selecionados para prosseguir na parceria com a Fibria.
“O conceito de open innovation não é novo para a Fibria. Participação em consórcios e projetos com universidade e institutos de pesquisa, além da busca de parcerias com startups, por meio da Fibria Insight, são opções viáveis para ampliar nossa capacidade de inovação”, afirma Fernando Bertolucci, diretor de Tecnologia e Inovação da Fibria. Segundo ele, uma das fortes características da Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D&I) na empresa sempre foi a colaboração em redes, participando ativamente de consórcios em Universidades
e Centros de P&D do Brasil e exterior, e conduzindo projetos nessas instituições. Nos últimos anos, porém, o trabalho de inovação aberta foi intensificado, estruturando o mapeamento de oportunidades de investimento em novas empresas inovadoras e lançando desafios específicos para startups tecnológicas. Em 2012, a Fibria criou um o roadmap tecnológico para nortear a sua diversificação de negócios para além da celulose e da geração de energia, suas atuais fontes de receita. A consolidação
do roadmap foi traduzida em projetos conduzidos nos centros de P&D da empresa, além de investimentos e aquisições de empresas ligadas à bioeconomia, como a Lignol Innovations, no Canadá (atualmente Fibria Innovations), participação acionária na empresa canadense CelluForce, líder mundial na produção de nanocelulose cristalina (CNC) e compra de 18% da empresa Spinnova, startup finlandesa que desenvolve tecnologias sustentáveis a partir de fibras de madeira para a produção de matérias-primas para a indústria têxtil. OUTUBRO | 2018
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BAYER
INOVAÇÕES COM FUNDOS E REDE INTEGRADA DE SERVIÇOS A Bayer, um dos maiores players globais da área de ciências da vida, elaborou programas para estimular criações inovadoras para o agronegócio a partir de propostas externas. Uma das iniciativas é o Grants4Targets, de abrangência mundial, que desde 2016 incentiva pesquisadores de startups, instituições científicas e universidades a encontrar soluções com foco no controle de plantas daninhas, doenças e pragas que prejudicam as lavouras.
é destinado a várias áreas de atuação da empresa, com melhor nível de aprovação das ideias submetidas, cerca de 20%, no segmento de agronegócios, onde se destacam o Grants4Targets e o Grants4Traits. O dado é global, mas Luzzardi ressalta que a América Latina ocupa posição de destaque, com Brasil e México apresentando maior aderência ao programa. “Isto ocorre muito em razão da maturidade dos meios acadêmicos nos países onde a pesquisa agrícola é mais forte.
Entre as ações desenvolvidas, a Bayer global lançou a oferta de apoio de até 50 mil euros para suportar pesquisas inovadoras na área. Segundo o gerente de Alianças da Bayer para a América Latina, Renato Luzzardi, o grupo já recebeu em torno de 300 propostas de todas as partes do mundo, cerca de 30 das quais provenientes do Brasil - segundo país com mais projetos apresentados. Luzzardi explica que o programa Grants4
Além disto, o Brasil tem uma diversidade de cultivo muito grande em ambiente tropical, portanto, uma incidência forte de pragas e plantas daninhas e problemas de resistência, o que leva os pesquisadores a buscarem soluções de maneira muito mais rápida”, explica. A empresa também possui o programa Grants4Apps, que incentiva a criação de aplicativos para o setor agropecuário. O executivo esclarece que o Grants4Targets
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A ideia é avaliada por nossos especialistas globais e, se aprovada, passa a ser um projeto em colaboração. O empreendedor ou pesquisador recebe uma quantia – de até 50 mil euros para desenvolver seu projeto, reportando a cada seis meses o progresso do trabalho, em uma duração total de 48 meses.
Renato Luzzardi, Gerente de Alianças da Bayer
está dentro de um portal de inovação, o Bayer Open Innovation (https://innovate.bayer.com/), que abre possibilidades de colaboração em diferentes áreas do conhecimento humano. Quem visita o site encontra uma variedade de projetos no segmento de agronegócios, podendo apresentar suas propostas e buscar apoio. Por ter sido lançado recentemente, em 2016, os projetos ainda estão na fase de avaliação e análise pela Bayer. Como a maturação dos projetos leva cerca de dois anos, os primeiros a serem beneficiados com a possível continuidade de pesquisa em colaboração devem ser definidos a partir do ano que vem. A Bayer utiliza os contatos realizados nos programas Grants4 para ter acesso a potenciais parceiros, uma vez que a empresa possui o Centro de Expertise em Agricultura Tropical (CEAT), lançando em 2015 para se
dedicar a projetos em colaboração com parceiros externos exclusivos para as demandas da agricultura tropical. “Esses contatos nos permitiram, por exemplo, a assinatura de um acordo de cooperação com a Universidade Federal de Viçosa (MG).” O efeito dessas iniciativas, no entanto, é muito mais amplo, sublinha Luzzardi, uma vez que o objetivo principal da empresa é conectar o meio científico com o agricultor. Neste sentido, a companhia atua no Brasil por meio do CEAT e, globalmente, com a rede de Gestão de Alianças da Bayer, que promove o relacionamento com as startups e o meio acadêmico, transformando suas ideias em projetos e, por fim, em produtos e serviços. “O grande benefício para o agricultor serão produtos, soluções e serviços mais customizados para suas necessidades”, afirma. OUTUBRO | 2018
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BAYER
REDE AGROSERVICES
A Bayer sempre trabalhou com inovação, sendo muito forte em soluções para o campo no que se refere a produtos e, ao longo dos anos, a empresa vem se aperfeiçoando em tudo que faz, buscando atender as necessidades do cliente, o que vai muito além dos produtos em si.Bayer.
“Ao longo do tempo, percebemos que os clientes buscavam muito por serviços, instrução por parte de nossa empresa”. Em resposta, a companhia lançou, em 2011, o AgroServices, programa de relacionamento exclusivo para grandes clientes com oferta de soluções diferenciadas, como consultoria de gestão e de recursos humanos, além de serviços agrícolas, como consultores especialistas em produtividade. A experiência foi tão positiva que em 2015 a Bayer criou a Rede AgroServices, plataforma de relacionamento que oferece também o Programa de Pontos, pelo qual o agricultor acumula pontos com a compra de produtos da marca e pode resgatá-los para obter prestação de serviços. Ela é aberta a todos os produtores brasileiros.
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“A gente percebeu que o mercado não se comportava mais em cadeia. Estava estruturado em rede. Tínhamos o agricultor no centro, e ao redor dele estavam distribuidores, consultores, provedores de serviços, traders, todos relacionando-se uns com os outros”, explica Fábio Prata, Diretor de Marketing da Bayer. Surgiam também as startups específicas do agronegócio. Foi a partir desta constatação que a Bayer criou a Rede, onde a base transacional é o Programa de Pontos, mas a finalidade principal é integrar todos os stakeholders em prol do agricultor. “Os resultados são fantásticos. Temos startups que nasceram da necessidade apresentada pelos agricultores na plataforma, além de agricultores e distribuidores que se tornaram provedores de serviços. Muitos mudaram seu
A Bayer sempre trabalhou com inovação, sendo muito forte em soluções para o campo no que se refere a produtos e, ao longo dos anos, a empresa vem se aperfeiçoando em tudo que faz, buscando atender as necessidades do cliente, o que vai muito além dos produtos em si.
Fábio Prata, Diretor de Marketing da Bayer
modelo de negócios”, relata. “Nosso foco é desenvolver o agronegócio e a rede tem contribuído com este objetivo.” O executivo destaca entre os serviços oferecidos pela empresa dentro da Rede, a consultoria sobre sucessão. “Fazemos um acompanhamento junto com os filhos do proprietário e desenhamos um plano de sucessão para cada um deles”, explica. A sucessão é um dos principais exemplos de que as recentes transformações tecnológicas também têm impacto no perfil dos agricultores. “No passado, o filho de um produtor queria ir para a cidade estudar e não voltar mais para a agricultura. Hoje as novas gerações estão voltando para o campo interconectadas, com muito mais informação e outra visão de gestão”, diz. OUTUBRO | 2018
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YARA
A CAMINHO DA AGRICULTURA DIGITAL PLENA A Yara identificou que, nos últimos anos, o produtor rural vê o fertilizante cada vez mais como uma parte fundamental para o desenvolvimento produtivo e rentável da lavoura. Para o agricultor brasileiro, a nutrição de plantas, por meio da escolha correta dos insumos, é fator preponderante para a lucratividade da lavoura. A companhia percebeu este movimento e desenvolveu diversas ferramentas voltadas à agricultura digital que ajudam a encontrar o programa ideal de nutrição para áreas de cultivo específicas, contribuindo, assim, com os produtores na decisão de quando e quanto aplicar e reagir às variações em diferentes partes de uma área de cultivo.
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A YARA DESENVOLVEU: - CheckIT: Aplicativo gratuito para smartphones e tablets que possibilita aos produtores brasileiros detectarem as deficiências nutricionais da lavoura; - TankmixIT: Aplicativo que conta com banco de dados com resultados de milhares de testes de mistura de um ou mais produtos da Yara com outros produtos pulverizados, como água, pesticidas, herbicidas ou ingredientes ativos; - N-Sensor: Equipamento que determina a demanda de nitrogênio e ajusta a dose exata de nitrato a ser utilizada no momento da aplicação, em tempo real, em que o aparelho é acoplado ao trator e determina a demanda
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de nitrogênio por reflexo de luz (coloração das folhas), ajustando automaticamente a dose para a aplicação exata na cultura; - Megalab: plataforma com sistema digital que realiza uma recomendação personalizada sobre a solução nutricional de plantas a partir da coleta e análise de amostras de solo e folha, resultando na indicação do melhor programa nutricional para o talhão avaliado; - atFarm: plataforma de criação de mapas de aplicação variável de fertilizantes, em uso na Alemanha, França e Argentina; - AdaptN: ferramenta de cálculo e aplicação de nitrogênio com base em informações do campo.
Mais recentemente, a empresa criou uma nova unidade de negócios focada na Agricultura Digital, espalhada em hubs ao redor do mundo, para estar próxima dos principais mercados. Esta iniciativa tem como missão transformar ainda mais a experiência do agricultor em suas interações com o campo, e, desde o ano passado, mobilizou centenas de pessoas em trabalhos de exploração de ideias e construção de ofertas digitais. Dentro de sua estratégia de inovação, a Yara possui um viés empreendedor, com parcerias com startups do setor agrícola, com uma equipe Corporativa voltada a este movimento, um laboratório de inovação e também uma área digital.
A empresa possui o programa ScaleUp Endeavor, realizado no ano passado, em que apoiou doze startups do setor agrícola no Brasil. O país é, inclusive, um dos quatro mercados a possuir o Digital Hub, uma área que tem a missão de criar soluções digitais e inovadoras e atender às demandas globais, tanto voltadas para clientes quanto para as operações próprias da Yara. O Digital Hub integra as ações de transformação cultural e digital da Yara International. A área integra a iniciativa global de Digital Farming e, além do hub fixado no Brasil, conta com outros três hubs globais, localizados na Alemanha, EUA e Cingapura. Os locais foram estrategicamente
escolhidos de acordo com a proximidade aos principais mercados da Yara, permitindo uma inovação global. Os hubs digitais foram projetados como espaços criativos que promovem a inovação e o empreendedorismo. Com o Digital Hub foi implementada uma forma mais ágil de trabalhar baseada na dinâmica de startups digitais bem-sucedidas e centrada na rápida transformação de ideias em conceitos e testes frequentes realizados por usuários, o que resulta em uma abordagem direta com foco no produtor. A aprendizagem rápida é um elemento-chave da cultura que a Yara está implementando.
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GENESIS GROUP
PARCERIAS PARA UMA VISÃO AMPLIADA A Genesis Group vem trilhando um caminho de desenvolvimento tecnológico com base no trabalho conjunto com universidades, comunidades científicas, centros de pesquisa e associações de produtores, no Brasil e exterior, com objetivo de encontrar soluções para a melhoria de qualidade e sustentabilidade nos segmentos de agroalimento e agroenergia. Mais recentemente, porém, ampliou o foco de atuação com a chegada da inovação aberta. A empresa, com sede em Londrina (PR), passou a investir em startups, apoiar hubs de inovação, promover eventos e hackathons, criando ainda um comitê interno dedicado a trabalhar exclusivamente com as novas tendências. Luciano Brito, Direto de Novos Negócios e Inovação da Genesis Lab, relata que a Genesis está trabalhando em uma série de projetos com startups, todos mantidos em sigilo, exceto o mais avançado 24
deles, pois já está em fase de experimentação e deve chegar ao mercado até o fim deste ano. A solução foi projetada pela TBIT, uma empresa que participa da AgTech Garage, hub de startups do qual a Genesis é uma das patrocinadoras. Segundo Brito, a TBIT projetou uma máquina capaz de fazer análise de imagens que detecta a qualidade de produtos, e uma das linhas de trabalho da Genesis é a classificação de grãos por meio de imagens. Ao conhecer a startup, a Genesis decidiu apoiar o projeto desenvolvendo toda a rede neural da máquina, aproveitando sua expertise neste tipo de trabalho. Com isso, a solução tornou-se capaz de substituir o olho humano na análise do grão, de forma automática. “Geralmente é um técnico que faz esta análise, o que incorre em uma certa subjetividade. O que para um técnico está adequado, para outro pode não
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estar. Quando você coloca uma máquina que tem a capacidade de identificar defeitos em um grão, esta análise se torna muito mais precisa”, afirma Brito. Com este recurso, diz ele, a cadeia inteira do agronegócio é beneficiada, pois ganha em tempo de análise, que passa a ser mais rápido; produtividade e maior índice de acerto na tomada de decisões dos compradores. A Genesis tem contrato de exclusividade com a TBIT no fornecimento deste produto.
Com o surgimento de acelerad hubs de inovação, entendemos cenário permite a introdução d para o nosso negócio. Luciano Brito, Diretor de Novos Negócios e Inovação da Genesis Lab
doras, startups, s que este novo de novas ideias
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JOHN DEERE
CONEXÃO COM STARTUPS PARA INTEGRAR TECNOLOGIA E CAMPO
A John Deere está continuamente atuando nas fronteiras tecnológicas para trazer novidades que ainda não fazem parte da realidade dos produtores. A companhia tem liderado o movimento para inserir a inovação no dia a dia do produtor rural brasileiro, independentemente de seu porte, cultura ou localização.
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Para isso, atua em três principais pilares: otimização de máquinas, de operação e no suporte às decisões agronômicas. “A empresa tem como premissa aproveitar ao máximo as possibilidades tecnológicas para ajudar auxiliar o produtor”, afirma João Pontes, diretor de Experiência do Cliente da John Deere América Latina. Neste sentido, foi em 2017 que a companhia iniciou sua aproximação com startups. Ao participar da Campus Party Brasil,
ela se tornou a primeira empresa do setor agrícola a marcar presença na feira. No final do 2018, a John Deere adquiriu a Blue River Technology, startup sediada no Vale do Silício e que desenvolve equipamentos de pulverização utilizando robótica e inteligência artificial. Ampliando o movimento de estar conectada com o universo da inovação colaborativa, a companhia, durante o evento Agrishow de 2018, recebeu em seu
estande 20 startups convidadas para transformar o seu espaço em um ambiente de inovação e engajamento, ao mostrar a total integração entre a tecnologia e o campo. A John Deere investe, diariamente, em todo o mundo, US$ 4 milhões em pesquisa e inovação, sempre buscando oferecer aos seus clientes o que há de mais moderno na agricultura. No Brasil, a companhia inaugurou em 2017 o CAPI (Centro de Agricultura de Precisão e Inovação), em
Campinas (SP), espaço em que integra sistemas produtivos e busca soluções diferenciadas, com base em inovação, para atender as necessidades de seus clientes, totalmente compatíveis com as características do mercado latinoamericano. A companhia conta com uma área global de relacionamento com universidades, discutindo, assim, o futuro da ciência e das tecnologias diretamente com a academia e com profissionais que vão chegando ao mercado.
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SOBRE A FLOW EXECUTIVE FINDERS A FLOW é uma consultoria de seleção de executivos que atua com uma nova abordagem no mercado. O método criado e aplicado pela FLOW permite às empresas não só a redução significativa mas a compreensão do risco financeiro da contratação errada. Ele também leva o candidato a ter mais embasamento para uma correta tomada de decisão de carreira. Há ainda outras vantagens comprovadas com a aplicação do método FLOW nos processos seletivos. Entre elas, estão
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redução do ciclo do próprio processo e do prazo de fechamento da vaga, redução do número de candidatos entrevistados pelo cliente e da taxa de reposição dos profissionais contratados, além do alto desempenho do profissional selecionado e consequente melhora dos resultados do negócio. É com este modelo que a consultoria tem alcançado um índice de 80% de recorrência dos clientes ativos e vem redefinido o mercado de hunting no Brasil.
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SÓCIOS-DIRETORES DA FLOW EXECUTIVE FINDERS BERNARDO CAVOUR bernardo.cavour@flowef.com IGOR SCHULTZ igor.schultz@flowef.com LUIZ GUSTAVO MARIANO luiz.mariano@flowef.com THIAGO PIMENTA thiago.pimenta@flowef.com
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ISENÇÕES DE RESPONSABILIDADE CONFIDENCIALIDADE | A FLOW reconhece de forma integral a sensibilidade de dados de participantes e mantém dados individuais de sociedades e de funcionários em estrito sigilo. Dados de pesquisas apenas são publicados em conjunto e nunca são expostos ou liberados de forma que um profissional específico ou níveis salariais de uma
firma possam ser identificados. RESPONSABILIDADE | A FLOW não será responsável por danos de qualquer tipo decorrentes de ou relacionados ao uso ou omissão de uso destas informações. Estes Índices não devem ser utilizados como fundamento para decisões financeiras. Nenhuma responsabilidade de qualquer
natureza é assumida pela exatidão ou adequabilidade para qualquer objetivo determinado. REPRODUÇÃO | Todos os direitos reservados à FLOW Executive Finders. A reprodução das informações que constam deste documento é permitida, desde que citada a fonte.
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