Educação e práticas comunitárias indígenas e quilombolas

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2. EDUCAÇÃO, ADVERSIDADES, RE-EXISTÊNCIA André Lázaro1

1. EDUCAÇÃO, IGUALDADE, DIFERENÇAS Esta publicação pretende ser uma homenagem à potência da educação. Ela reconhece a excelência de determinadas práticas realizadas em escolas indígenas e quilombolas, em assentamentos e acampamentos da reforma agrária e também em unidades que se localizam na fronteira norte do país e acolhem imigrantes. Mesmo em situações de extrema adversidade, professoras e professores, estudantes, familiares, comunidades, pesquisadoras e pesquisadores, gestores e gestoras organizam iniciativas que promovem aprendizagens muito além das disciplinas curriculares, sem ignorá-las. Desse modo, garantem que o acesso à tradição e sua transmissão sejam processos de fortalecimento das comunidades, valorização de suas heranças e construção de futuros. “Extrema adversidade” não é uma expressão fantasiosa para descrever como vivem comunidades do campo, quilombola, indígenas e pessoas que transitam entre fronteiras internacionais. Esses grupos enfrentam ameaças objetivas e sofrem pressões subjetivas para abandonarem suas formas de vida, suas percepções de si mesmos e de suas trajetórias coletivas. Em muitos casos são obrigados a migrar para periferias urbanas onde irão engrossar o contingente de desempregados e subempregados, empurrados para situações de pobreza e miséria. Muitos povos, comunidades e coletivos, apesar das adversidades, resistem. Resistir significa, nesses casos, garantir condições para a sobrevivência física da atual e das próximas gerações, manter uma percepção digna de si, de sua cultura e memórias, ter autoconfiança para construir e realizar suas visões de futuro. Como pode a educação contribuir para que, mesmo em condições adversas, mantenham sua força criativa, sua alegria de viver, fortaleçam a capacidade de criar riquezas e de compartilhá-las com as comunidades onde essa educação se enraíza e frutifica? Essa é uma das questões que motivou a pesquisa “Educação e práticas comunitárias” realizada pela Flacso em parceria com a Porticus. Para identificar e reconhecer a potência da educação, é preciso perguntar com que parâmetros ela pode ser avaliada. A escolha do título traz uma hipótese:

1 Pesquisador da Flacso Brasil. Diretor de Políticas Públicas da Fundação Santillana. Integrante do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. SUMÁRIO

FLACSO BRASIL • EDUCAÇÃO E PRÁTICAS COMUNITÁRIAS


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