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repertório por meio do brincar” , por níveis de qualidade Gráfico 23 - Resultados das observações das “oportunidades de aprendizagens para o cuidado de si,

GRÁFICO 22 - Resultados das observações das “oportunidades de aprendizagens que ampliem o repertório por meio do brincar” , por níveis de qualidade (%)

Fonte: Elaboração própria.

Destacam-se positivamente as práticas de oralidade, classificadas no Nível 4 em 45% dos casos. Este tipo de atividade promove oportunidades de aprendizagens através da conversa, narração, argumentação e brincadeiras com rimas, e seu enquadramento no mais alto nível de qualidade aponta para o uso de perguntas abertas por parte do professor e o estímulo à autonomia das crianças em suas formulações de resposta. Experiências com as linguagens plásticas, práticas sociais com espaços, tempos, objetos e suas relações, bem como atividades que promovem os movimentos amplos e gestos das crianças também foram enquadradas no Nível 4 a uma frequência relevante durante as observações (31%). Por outro lado, nestes três casos, o percentual de turmas em que tais oportunidades de aprendizagens não foram verificadas esteve entre 18% e 34%, respectivamente. Além disso, a classificação de muitas das turmas no Nível 2 de qualidade aponta para um possível espaço de aprimoramento das práticas pedagógicas oferecidas, uma vez que indica que as atividades foram realizadas

apenas de forma repetitiva ou mecânica, sem a promoção do protagonismo da criança. Chama a atenção, também, a ausência de oportunidades de aprendizagens que abordem aspectos relacionados à educação étnico-racial, a qual alcança 90% da amostra. Como exemplos de atividades visando este objetivo, pode-se mencionar o uso de músicas, poemas e contos que utilizam legados das culturas Africana, Afro-brasileira, Indígena e de diferentes povos de forma a valorizá-las, assim como a contação de histórias com personagens de diferentes etnias e raças. Os dados aqui relatados estão em oposição às leis 10.639/03 e 11.645/08, que tornam obrigatório o ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena na Educação Básica. Uma discussão aprofundada a este respeito pode ser conferida no Box 1, ao final desta seção. Experiências com o mundo físico e a natureza e práticas com tecnologias digitais não foram observadas em 67% das turmas. Oportunidades que envolvem a participação das crianças nas atividades cotidianas, por sua vez, não foram verificadas em 49% dos casos.

Cabe destacar, ainda, a disponibilidade de momentos de brincadeira livre, a qual esteve ausente em 42% das observações. De 58% de turmas em que tais momentos ocorreram, em 19% das vezes a liberdade das crianças foi restrita de alguma forma e em 17% a(o) professora(or) não interagiu com as crianças para ampliar suas aprendizagens. O resultado é que em menos de um quarto das turmas (22%) esta atividade atinge seu objetivo de que as crianças tenham aprendizagens ampliadas ao tomar decisões, explorando seus próprios interesses de forma independente. Por fim, observa-se uma enorme desigualdade acerca dos momentos de leitura de livros de história pelo(a) professor(a): em 27% das turmas, esta oportunidade foi verificada ao nível máximo de qualidade, enquanto em 55% delas sequer foi observada. Levantamento realizado pelo Itaú Social (2017) indica que a prática de leitura compartilhada na primeira infância é importante para o desenvolvimento da futura capacidade leitora, além de ganhos na aquisição de vocabulários e consciência fonológica, e traz correlações positivas entre o nível socioeconômico dos adultos e suas habilidades de leitura na infância. Dessa forma, a disparidade de oportunidades de aprendizagens neste quesito deve ser encarada com particular atenção.

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