Maio/agosto 2011
Ano XXXIII - N.º 135
Os velhos vícios da intolerância religiosa .......................
Editorial
EDITORIAL
Os velhos vícios da intolerância religiosa Por que tanto rancor e antipatia entre os religiosos se o fundamento maior de todas as crenças é a fraternidade? Para que servem os templos e os textos sagrados? Para que servem os apelos e os exemplos das grandes almas, sob a coordenação divina do Cristo? Ainda que pairem diferenças de entendimento, jamais deveria haver animosidade entre aqueles que se propõem a construir o reino de concórdia na Terra. Nos ambientes dos nossos lares, nas ruas, nas empresas, onde quer que estejamos, há diferenças sem que haja, em condições normais, choques que levem a ofensas ou agressões. Nos meios religiosos, poderíamos encontrar os modelos para as nossas vidas, mas é exatamente onde mais se percebem os atritos da intolerância. Jesus condenou todas formas de violência física e verbal, instituindo a sublimidade do perdão, por buscar uma nova forma de relação ética entre as pessoas e os povos. Não investiu contra a pena de talião do “olho por olho”, do “dente por dente”, de maneira agressiva. Apenas propôs um novo entendimento das leis de Deus, que abominam o ódio e a vingança. Apiedou-se de coxos, louCharles Richet cos, prostitutas, doentes de todos os matizes, sacerdotes ignorantes, como testemunho de extremada misericórdia, erguendo em cada coração um altar de bondade e tolerância. Lucas, o evangelista, tem razão quando nos fala da contradição de que o Senhor seria alvo, em seu capítulo 2, versículo 34, que trata do Cântico de Simeão. Séculos de degradação do pensamento evangélico levam a Maio/agosto - 2011
uma contínua e crescente recusa das religiões, alavancando o materialismo e a permissividade. Foi por isso que a Revolução Francesa instituiu a deusa-razão em substituição ao deus despótico dos governantes desonestos e dos religiosos dogmáticos e corruptos da época. Sob a inspiração da revolta coletiva dos povos europeus, Carl Marx lançou seu manifesto comunista, em 1848, dizendo serem as religiões o ópio do povo. Niestsche não hesitou em gritar que “Deus está morto”. A mesma bandeira ergueu o célebre Bertrand Russel, Prêmio Nobel da Paz em 1950, que ao escrever “Porque não sou Cristão” condenou as crenças por serem inúteis e prejudiciais. Mais recentemente, na França, o filósofo Michel Onfray publicou o seu “Tratado de Ateologia”, fazendo colocações constrangedoras, como “Deus está nu”, “Deus é incompatível com a alegria de viver” e que as religiões Cristianismo, Judaísmo e Islamismo devem ser desmascaradas por serem inservíveis à harmonia social. É um sucesso absoluto de vendas com quase duzentos mil exemplares vendidos em dois meses e está sendo traduzido para mais de vinte idiomas. O Espiritismo é a grande esperança da Humanidade, afirmounos o Prêmio Nobel de Medicina, em 1913, e criador da Metapsíquica, Charles Richet (foto pág.3), após verificar a eternidade da alma e a comunicação com os “mortos”. Não há mais espaço para a hipocrisia, para a mentira, para a intolerância, para os dogmas irracionais, para os paramentos, para os rituais... para tudo o que desfigura a beleza e a simplicidade do Evangelho. Para nós espíritas, fica a advertência do Espírito de Verdade em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, no capítulo XX - Obreiros do Senhor: “Deus procede, neste momento, ao censo dos seus servidores fiéis e já marcou com o dedo aqueles cujo devotamento é apenas aparente (...)”, o que nos remete para a indignação do Cristo, quando pronunciou: “Afastai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt, 7:23), deixando claro que “(...) haverá choro e ranger de dentes” (Mt, 13:50) para todos os maus religiosos, principalmente.
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Acordar e erguer-se Presença de Emmanuel/Chico Xavier
“Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e o Cristo te iluminará”. Paulo (Efésios, 5:14) Há milhares de companheiros nossos que dormem, indefinidamente, enquanto se alonga debalde para eles o glorioso dia de experiência sobre a Terra. Percebem vagamente a produção incessante da Natureza, mas não se recordam da obrigação de algo fazer em benefício do progresso coletivo. Diante da árvore que se cobre de frutos ou da abelha que tece o favo de mel, não se lembram do comezinho dever de contribuir para a prosperidade comum. De maneira geral, assemelham-se a mortos preciosamente adornados. Chega, porém, um dia em que acordam e começam a louvar o Senhor, em êxtase admirável... Isso, no entanto, é insuficiente. Há muitos irmãos de olhos abertos, guardando, porém, a alma na posição horizontal da ociosidade. É preciso que os corações despertos se ergam para a vida, se levantem para trabalhar na sementeira e na seara do Bem, a fim de que o Mestre os ilumine. Esforcemo-nos por alertar os nossos companheiros adormecidos, mas não olvidemos a necessidade de auxiliá-los no soerguimento. É imprescindível saibamos improvisar os recursos indispensáveis em auxílio dos nossos afeiçoados ou não que precisam levantar-se para as bênçãos de Jesus. Não basta recomendar. Emmanuel Quem receita serviço e virtude ao próximo, sem antes preparar-lhes o entendimento, através do espírito de fraternidade, identifica-se com o instrutor exigente que reclama do aluno integral conhecimento acerca de determinado e valioso livro, sem antes ensiná-lo a ler. Disse Paulo: “Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e o Cristo te iluminará”. E nós repetimos: “Acordemos para a vida superior e levantemo-nos na execução das boas obras e o Senhor nos ajudará, para que possamos ajudar os outros”. Livro “Fonte Viva”, capítulo 66, Editora FEB. Maio/agosto - 2011
Bezerra de Menezes
Pensamentos Doutrinários XVII Da série publicada no jornal O PAIZ, no Rio de Janeiro, a partir de 1886.
Excertos da página “O FALSO PRINCÍPIO DA VIDA ÚNICA” Orígenes elevou-se a tão grande altura, no intuito de justificar a Providência, de explicar a origem do bem e do mal e de revelar a lei do destino humano, que não pôde ser compreendido pela Humanidade de seu tempo. É preciso que todos saibam que não vamos consultar o simples filósofo, mesmo a um filósofo cristão, mas sim a um que foi padre da Igreja e um de seus mais brilhantes luminares. Em seu livro “De principiis”, capítulo IX, artigo 7°, Orígenes sustenta: “Que as causas da variedade das condições humanas provêm de existências anteriores, porque a justiça do Criador deve aparecer em todas as coisas”. Como pode manifestar-se a justiça do Senhor em um cego de nascença e na variedade de condições humanas? Muito simplesmente como ensina Orígenes: considerandose a união da alma a um corpo como punição. E como brilhar a justiça do
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Senhor, diante do fato de nascer um cego, mudo, surdo, em razão do pecado original, sem aqueles estigmas? Em vez de justiça, tais diferenças revelam clamorosa injustiça! Explique, pois, a Igreja, se é capaz, o ensino de Jesus, mantendo o princípio da vida única. O que disse Jesus e foi reproduzido por Orígenes, não passará de uma estultícia, se é verdade que só temos esta existência como ensina a Igreja. Só isto basta ao que crê em Deus e na verdade da revelação do Cristo, para repelir, como falso, o princípio da vida única da Igreja.
Layout do jornal O PAIZ
Obsessão............
Para os nossos leitores e admiradores do extraordinário trabalho literário de Bezerra de Menezes, reproduzimos trechos do capítulo III, do livro “A Loucura sob Novo Prisma”, que são extremamentes elucidativos sobre a problemática da obsessão, que vem causando sofrimento a muitos irmãos nossos, estando, conforme nos ensina o Espiritismo, na raiz de grande parte das depressões, angústias e transtornos psicológicos da atualidade. “(...) Pelos meios espíritas, que nos dão a ciência da loucura por obsessão, é que podemos fazer, com segurança, o diagnóstico diferencial desta espécie, ainda desconhecida da Medicina, que a confunde com a loucura por lesão cerebral. E, uma vez feito aquele diagnóstico, cumpre aplicar-se à obsessão um tratamento especial, como é de lógica rigorosa. Esse tratamento é misto, isto é, moral e terapêutico, principalmente moral. No princípio, enquanto os fluidos maléficos do obsessor não têm produzido lesão cerebral, deve-se procurar elevar os sentimentos do obsidiado, incutindolhe na alma a paciência, a resignação e o perdão para seu perseguidor, e o desejo humilde de obtê-lo, se em outra existência foi ele o ofensor. Alcançado este desiderato, pela evocação do espírito encarnado, deve-se evocar o do obsessor, e trabalhar com ele no sentido de removê-lo da perseguição, fazendo-o conhecer a lei pela qual terá de pagar, em dores, todas as que têm feito sua vítima sofrer, sem o que jamais poderá tomar a via que conduz às regiões da felicidade. (...) Quando, porém, a ação fluídica do obsessor tem castigado por muito tempo o aparelho material da vítima, produzindo lesões orgânicas em uma ou mais vísceras, o tratamento deve compreender a moralização acima prescrita, quer do obsidiado, quer do obsessor, e, conjuntamente, as aplicações terapêuticas, para a cura das lesões orgânicas. Em geral, esta parte da cura, mesmo quando o perseguidor tem abandonado sua vítima, é longa, porque se tem de reconstituir quase todo o organismo. Perseverança e fé vencerão todas as dificuldades, como acontece sempre que combatemos uma enfermidade inveterada por longo abandono. O que mais sobressai nestes casos de obsessão, cuja causa já foi removida, é a depressão cerebral, que leva o indivíduo a uma indiferença desesperadora. Perseverança e fé, e tudo cederá, e a reação, embora lenta, coroará nossos esforços. (...)” “A Loucura sob Novo Prisma”, Adolfo Bezerra de Menezes, Federação Espírita do Estado São Paulo - FEESP, ano 1920, capítulo III - Obsessão. Maio/agosto - 2011
Pesquisa bíblica Algumas citações sobre o passe Em suma, o passe na versão espírita consiste na simples imposição das mãos acompanhada da prece sincera objetivando a doação de energias positivas. O mesmo não carece de encenações e gesticulações, infelizmente, presentes em muitos centros espíritas brasileiros. Para esses que insistem em ridicularizar o passe, recomendamos o estudo e a reflexão sérios. Prática usada e ensinada por Jesus, como se vê nos Evangelhos, possui um curioso passado histórico. Vale ressaltar que esta pequena pesquisa ajuda a desmontar a tese defendida por detratores do Espiritismo que insistem em afirmar que o passe é uma invenção espírita. A Doutrina apenas estuda o magnetismo, suas aplicações, causas e efeitos maximizando, desta forma, seu benéfico potencial. Abaixo seguem algumas citações que nos dão a dimensão e a importância do passe: -“Naamã, porém, muito se indignou, e se foi, dizendo: Pensava eu que ele sairia a ter comigo, por-se-ia de pé, invocaria o nome do SENHOR seu Deus, moveria a mão sobre o lugar da lepra, e restauraria o leproso.”1 -“Josué, filho de Num, estava
cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés havia posto sobre ele as suas mãos: assim os filhos de Israel lhe deram ouvidos, e fizeram como o SENHOR ordenara a Moisés. (...) E no tocante a todas as obras de sua poderosa mão, e aos grandes e terríveis feitos que operou Moisés à vista de todo o Israel.”2 -“E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo de sua lepra.”3 -“Então Ananias foi e, entrando na casa, impôs sobre ele as mãos dizendo: Saulo, irmão, o SENHOR me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista e fiques cheio do Espírito Santo.”4 II Reis, 5:10 e 11. Deuteronômio, 33:9 e 12. 3 Mateus, 8:3. 4 Atos, 9:17. 1 2
“(...) o passe é a transmissão de uma força psíquica e espiritual,
dispensando qualquer contacto físico na sua aplicação.” Livro: “O Consolador”, questão 99 Autor: Emmanuel - Médium: Chico Xavier - Editora: FEB
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Vianna de Carvalho responde ATUALIDADE DO PENSAMENTO ESPÍRITA Médium: Divaldo Pereira Franco Pergunta1: Sabemos muito pouco a respeito da vida de Jesus. Chegaremos a ter acesso ao conhecimento de tudo que diz respeito a Ele e a Sua Obra?
Como Ele é o Caminho da Verdade e da Vida, é compreensível que Sua vida e Sua obra se tornem cada vez mais conhecidas e vividas. Chegará o momento em que todos tomaremos conhecimento pleno das Suas realizações e da Sua grandeza moral e espiritual. Enquanto isso não sucede, poderemos, entretanto, deixar-nos penetrar pela prática do Primeiro Mandamento, que se resume no amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Partindo-se desse princípio, chega-se a outra etapa, que é não fazer ao próximo aquilo que não se deseja que outrem lhe faça, como decorrência natural do amor. Tudo o mais virá por acréscimo de misericórdia. Pergunta1I: O desenvolvimento tecnológico provocará alterações nos princípios religiosos atuais?
O ser humano, mesmo sem dar-se conta, aproxima-se cada vez mais de Deus. Ao identificar o macrocosmo e todos os seus desafios, ao penetrar no microcosmo e todas as suas interrogações, conclui que o acaso não pode ter produzido tão intrincada rede de equilíbrio e perfeição que se manifesta mesmo no aparente caos. O materialismo desfalece ante a ausência da matéria nos termos em que sempre foi concebida, enquanto o Espiritualismo ressurge em outras dimensões mais compatíveis com o conhecimento e a razão. É inevitável, portanto, que o avanço tecnológico conduza a mente humana à Divindade e, portanto, os princípios religiosos ingênuos das velhas tradições cedam lugar aos postulados eloquentes da imortalidade e da reencarnação, da pluralidade dos mundos habitados e da majestade de Deus, que são os alicerces da Doutrina Espírita, cuja mensagem é de sabor eterno.
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CU R I O S I DAD ES Q U E E D I F I CA M Extraídas da obra “NOSSO LAR” - autoria de André Luiz
O UMBRAL (cap. 12) - Se estende da crosta terrestre por quilômetros espaço afora, em dimensão vibratória inalcansável às acuidades auditivas e visuais dos seres encarnados. É zona de retenção espiritual para aqueles que lesaram as leis de Deus, violentaram as regras sociais, ferindo os interesses de seus irmãos. “Concentra-se, aí, tudo o que não tem finalidade para a vida superior”. VAMPIRISMO - Ação desenvolvida por espíritos preguiçosos que se alimentam de recursos mentais e materiais de outros seres. Nada tem a ver com as lendas humanas popularizadas em filmes de horror. Os vampiros da espiritualidade inferior são almas criminosas que perambulam em busca de meios que atendam suas necessidades imediatas e animalizadas sem medir os prejuízos que impõem às suas vítimas. AERÓBUS - Espécie de ônibus movimentado à energia magnética que serve para transporte de massa em Nosso Lar. A versão, em formato de trem, já está chegando na esfera física, conhecido como MAGLEV, em países desenvolvidos como a Alemanha, Japão, Suíça e EUA. FLORES ILUMINADAS - André Luiz descreve as belíssimas flores que retém a luz do Sol nas regiões superiores onde habita sua mãe. Recentemente, o filme AVATAR, dirigido por James Cameron, exibiu vegetações irradiando luz. Mais 10 Maio/agosto - 2011
tarde, ele diria, em um dos programas de televisão mais vistos nos EUA, da apresentadora Oprah Winfrey, que inspirou-se num desdobramento que teve. TV À DISTÂNCIA - No capítulo 48 – “Culto familiar”André descreve a comunicação Retrato do espírito André Luiz à distância por aparelho de “grande globo cristalino, de altura de dois metros presumíveis, envolvido, na parte inferior, em longa série de fios que se ligavam a pequeno aparelho, idêntico aos nossos auto-falantes”. “(...) o globo se cobria, interiormente, de substância leitosaacinzentada, apresentando, logo em seguida, a figura simpática de um homem na idade madura. Era Ricardo”. Ricardo é o esposo de D. Laura, personagem da obra. Percebe-se que Ricardo via as pessoas no ambiente onde a espécie de “TV” estava instalada, à semelhança do sistema SKYPE da atual internet. TELEPATIA - Nos planos espirituais mais elevados os benfeitores se comunicam pelo pensamento, num processo avançado de telepatia que, somente agora, está sendo estudado com critérios científicos em diversos países, como nos EUA, com as experiências iniciadas pelo Dr. Joseph Banks Rhine, da Universidade de Duke. PLANTAS MEDICINAIS - Narcisa, enfermeira de Nosso Lar, socorre André Luiz em seus esforços para curar Dr. Ernesto, atual marido de Zélia, sua esposa quando encarnado. Utiliza-se de mangueiras e eucaliptos para extrair substâncias curativas aplicadas pelas vias respiratórias e pelos poros.
FRASES MARCANTES DA OBRA
“Quando o servidor está pronto, o serviço aparece.” “Buscai a verdade agora, antes que a verdade vos surpreenda.” “Suai agora, para não chorardes depois.” Maio/agosto - 2011
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Publicado há 28 anos
A importância da pureza doutrinária Para uns, a pureza doutrinária é a defesa intransigente dos postulados espíritas, sem maior observância das normas evangélicas; para outros, é a rígida igualdade de tipos de comportamentos, sem a devida consideração aos níveis diferenciados de evolução em que estagiam as criaturas. Alguns, não obstante, a interpretam com o sentido profundo legado por Kardec e os espíritos. Chico Xavier, em entrevista a um jornal de São Paulo, lembrou que o excesso de rigor na defesa de nossos princípios e a imposição de métodos podem levar à reedição de graves erros religiosos e entronizar uma nova faixa de extremismos injustificáveis, que provocarão divisões incabíveis numa Doutrina de fraternidade. Divaldo Franco, também em entrevista, advertiu sobre o perigo de se converter a pureza doutrinária em uniformização de atitudes que fatalmente estrangulará o processo de criatividade espiritual e de amadurecimento da liberdade de ação. Estes dois médiuns espíritas, que se fizeram credenciar em nosso respeito, pela correção moral com que se conduzem, repelem os extremos mas não abrem mão da vigilância exigida 12 Maio/agosto - 2011
pela pureza doutrinária e não hesitam, quando se impõe a necessidade, em orientar a seara sobre a fidelidade que devemos a Jesus e a Kardec. Isto nos obriga a deduzir que o problema não é de forma, mas de fundo. Não é a pureza que se discute e sim a maneira de aplicá-la. A prova disto está nas obras clássicas do Espiritismo onde, sem exceção, encontramos chamamentos quanto à obrigatoriedade da manutenção da pureza do nosso credo. André Luiz afirma, em “Conduta Espírita”, cap.11, que “A pureza da prática da Doutrina Espírita deve ser preservada a todo custo”. Emmanuel é também enfático neste aspecto, no livro “Religião dos Espíritos”, cap. 80, ao escrever: “(...) se buscaste a Doutrina Espírita, não lhe negues fidelidade”. Kardec aconselhou em “O Livro dos Médiuns” que recusássemos dez verdades a ter que aceitar uma única mentira entre elas e colocou no frontispício da Mensagem Consoladora: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”. Fidelidade à pureza doutrinária quer dizer gratidão, res-
ponsabilidade, estudo, disciplina, trabalho, elevação... nos níveis de dignidade propostos, sem quaisquer conotações com o fanatismo que tudo proíbe ou com a falsa tolerância que leva à aceitação indiscriminada de absurdos. Para nós, espíritas, o melhor está na Doutrina Espírita. Por que então mesclá-la com ideias e conceitos duvidosos e obras de valor discutível? Ser puro doutrinariamente, não é somente pregar com austeridade os pontos básicos do Espiritismo, mas também viver consoante as determinações evangélicas. Pregar a pureza sem vivê-la é estabelecer focos de perturbação, ditando normas para os outros, descurados do próprio comportamento. É ver o “argueiro” nos olhos alheios com as
Retrato mediúnico de Jesus Cristo
vistas espirituais enceguecidas pela “trave”. Sejamos puros primeiramente no exemplo e todos se inclinarão para receber, com alegria, a pureza doutrinária que temos para ofertar.
Artigo publicado na REVISTA O ESPÍRITA, número XXVII, 1983.
A paz que as coisas não têm
Em sua sabedoria, o Cristo pregou a paz e a vivenciou, “não como o mundo a conhece”. Com o advento do Espiritismo, que é o Consolador, o Espírito da Verdade, o Paracleto Divino, que Ele nos trouxe, cumprindo sua promessa registrada por João (caps. 14 a 16), podemos compreender o sentido de suas exortações. Hoje, a Humanidade começa despertar para a verdadeira paz. Daqui e dali começam a surgir alertas, em diversos formatos, quanto aos aspectos fundamentais desse sentimento indispensável à nossa realização espiritual e à harmonia social. Da revista VIDA SIMPLES (fev. 2011), extraí mos precioso texto elaborado pelo poeta, compositor e artista plástico Arnaldo Antunes que diz: “As coisas têm peso, massa, volume, tamanho, tempo, forma, cor, posição, textura, duração, densidade, cheiro, valor, consistência, profundidade, contorno, temperatura, função, aparência, preço, destino, idade, sentido, as coisas não têm paz”. Maio/agosto - 2011
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Verificação de Conhecimentos
Doutrinários
Baseada na literatura espírita consagrada por Allan Kardec, Léon Denis, Bezerra de Menezes, Bittencourt Sampaio, Emmanuel, André Luiz, Humberto de Campos, Joanna de Ângelis, Yvonne A. Pereira, Cairbar Schutel, Vianna de Carvalho entre outros.
Assinale a opção correta e confira o resultado na página 24: 1. Dos espíritos degredados de Capela para a Terra, qual a raça que mais se destacou na prática do bem e no culto da verdade? Arianos Semitas Egípcios Hindus 2. Aos 29 nove dias de vida, teve sua morte decretada por sufocação, mas na verdade tratava-se de catalepsia, permanecendo neste estado por 6 horas. Estamos falando de: Yvonne A. Pereira. Eurípedes Barsanulfo.
Cairbar Schutel. Zilda Gama.
3. Quem ficou conhecido como o “Apóstolo da Caridade”?
Bezerra de Menezes Eurípedes Barsanulfo
Fabiano de Cristo Chico Xavier
4. Na monumental obra “A Caminho da Luz”, o autor Emmanuel diz que a revelação do Deus Único, Pai de todas as criaturas e Providência de todos os seres é devida ao povo:
Judeu. Romano.
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Hebreu. Hindu.
5. Convidado por Joanna de Ângelis, para trazer o seu contributo em torno da mediunidade, da obsessão e desobsessão, ficou quase trinta anos realizando estudos e elaborando trabalhos que mais tarde iriam enfeixar em esclarecedores livros. Nos referimos aqui ao autor espiritual:
Manoel Philomeno de Miranda. Humberto de Campos. Cairbar Schutel. Ségio Sinotti.
6. No ano em que o codificador Allan Kardec desencarnou, 1869, surgia o primeiro periódico espírita brasileiro intitulado:
O Eco de Além-Túmulo. Correio Espírita.
Reformador. Gazeta de Além-Túmulo.
7. Humberto de Campos, em “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho” (foto), revela que ao desencarnar de maneira tão dolorosa, Tiradentes (Joaquim José da Silva Xavier) resgatou:
suas mazelas como escravagista. suas perseguições aos indígenas rebeldes. seus delitos cruéis como inquisidor. suas crueldades realizadas na Guerra de Canudos.
8. Dom Pedro I, durante a proclamação da independência do Brasil, recebeu, segundo Humberto de Campos, o importante auxílio espiritual de(a):
José Bonifácio. Princesa Isabel.
Tiradentes. Manuel da Nóbrega.
9. Qual o nome do talentoso cientista sueco que, no século 18, muito antes de Kardec, falava e escrevia sobre a alma, mundo invisível, comunicação com os mortos e embasava suas teses com conhecimentos científicos?
William Crookes Emanuel Swedenborg
Michael Faraday Franz Anton Mesmer Maio/agosto - 2011
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Parábola do semeador (Mateus, 13:1- 9)
Certo dia, o Mestre Jesus Encontrava-se à beira do mar, E uma multidão reuniu-se Para ouvi-lo, então, falar.
Uma outra quantidade, Entre as pedras, tombou E, por haver pouca terra, Rapidamente germinou...
Ele subiu numa barca Onde, afinal, se assentou. O povo que ali estava Na margem do mar ficou.
Tinha acabado de nascer E, de pronto, o sol a queimou; E, como não possuía raízes, Pereceu e, por fim, secou.
Falando com carinho, Muitas coisas ensinou E deixou-nos de presente A Parábola do Semeador:
Entre os espinheiros Outras sementes deitaram, Mas os espinhos cresceram E, depois, as sufocaram.
− Saiu aquele que semeia Procurando semear E enquanto semeava Não pôde observar
Outras, enfim, caíram em boa terra Que davam fruto muito bem, Rendendo trinta por um; Outras, sessenta; outras, cem...
Que algumas sementes Pelo caminho caíram, E os pássaros do céu Vieram e as consumiram.
E, assim, disse-nos Jesus Para que pudéssemos refletir: − Que ouça aquele que tem Ouvidos prontos a ouvir.
16 Maio/agosto - 2011
Ataques ao Espiritismo. Como reagir? “A verdade é filha do tempo, e não da autoridade.”
Frase atribuída ao grande gênio da Humanidade, Galileu Galilei, que foi perseguido pela Igreja Católica no século XVI.
Todos nós, mormente dirigentes, articulistas e palestrantes espíritas, precisamos, para o bem da Verdade, amadurecermos rapidamente nas bases seguras dos ensinamentos que professamos em nome do Cristo e sofrearmos o nosso orgulho. Temos visto, lamentavelmente, alguns debates (falados, escritos, televisivos) com a participação de confrades nossos na defesa sincera, não duvidamos, do Espiritismo frente aos injustos e frequentes ataques oriundos, principalmente, de representantes de outros credos. No entanto, tais “confrontos” na maioria das vezes se mostram inúteis, desmedidos e personalistas. Destacamos trechos da matéria “Polêmica Espírita” publicada na REVISTA ESPÍRITA de 1858, da lavra do Mestre Lionês, que deve servir não só de reflexão, mais de roteiro para o Movimento Espírita ante os ataques que ainda por muitas décadas virão: “(...) Acreditamos que o silêncio, em certos casos, é a melhor resposta. Aliás, há um gênero de polêmica do qual tomamos por norma nos abstermos: é aquela que pode degenerar em personalismo; não somente ela nos repugna, como nos tomaria um tempo que podemos empregar mais utilmente, o que seria muito pouco interessante para os nossos leitores, que assinam a Revista para se instruírem, e não para ouvirem diatribes mais ou menos espirituosas. Ora, uma vez engajado nesse caminho, difícil seria dele sair, razão por que preferimos nele não entrar, com o que o Espiritismo só tem a ganhar em dignidade. (...) Entretanto, há polêmica e polêmica; uma há diante da qual não recuaremos jamais: é a discussão séria dos princípios que professamos. Todavia, mesmo aqui há uma importante distinção a fazer; se se trata apenas de ataques gerais, dirigidos contra a Doutrina, sem um fim determinado, além do de criticar, e se partem de pessoas que rejeitam por antecipação tudo quanto não compreendem, não merecem maior atenção; o terreno ganho diariamente pelo Espiritismo é uma resposta suficientemente peremptória e que lhes deve provar que seus sarcasmos não têm produzido grande efeito; também notamos que os gracejos intermináveis de que até pouco tempo eram vítimas os partidários da Doutrina pouco a pouco se extinguem.” Trechos da matéria “Polêmica Espírita” da REVISTA ESPÍRITA, novembro de 1858, Allan Kardec, Ed. FEB, páginas 443-445. Maio/agosto - 2011
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Extraídas da obra “Emmanuel”, autoria de Emmanuel e psicografia de Chico Xavier.
Frases que merecem
meditação
“Jesus foi a manifestação do amor outros, todos os seus bens são de Deus, a personificação de sua oriundos do bem que espalhou debondade infinita.” sinteressadamente.” “A doutrina de Jesus, concentrandose a força na cidade dos Césares, aí permaneceu como encarcerada pelo poder humano e, passando por consecutivas reformas, perdeu a simplicidade encantadora das suas origens, transformando-se num edifício de pomposas exterioridades.”
“Esperemos, confiantes, a alvorada luminosa que se aproxima, porque, depois das grandes sombras e das grandes dores que envolverão a face da Terra, o Evangelho há de criar, no mundo inteiro, a verdadeira Cristandade.” “Trabalhemos sempre com o pensamento voltado para Jesus, reconhecendo que a preguiça, a suscetibilidade e a impaciência nunca foram atributos das almas desassombradas e valorosas.”
“No futuro, viverá a Humanidade fora desse ambiente de animosidade entre a Ciência e a Religião e julgo mesmo que em nenhuma civilização pode a primeira substituir a “A evolução, sob todos os seus segunda.” aspectos, deve ser procurada com “A morte não existe e o espírito é afinco, pois é dentro dessa aspiraa única realidade imutável da exis- ção que vemos a verdade da afirtência.” mação evangélica – ‘a quem mais tiver, mais será dado’ .” “O quadro material que existe na Terra não foi formado pela vonta- “Quando todos os homens comde do Altíssimo; ele é o reflexo da preenderem o sentido de suas mente humana, desvairada pela magníficas lições, o vosso planeta ambição e pelo egoísmo.” terá atingido uma nova fase evolutiva e o Espiritismo terá concluído, “Toda a felicidade do espírito pro- entre vós, a sua sagrada e gloriosa vém da felicidade que deu aos missão.” 18 Maio/agosto - 2011
Tribuna Livre Pergunta: O Espiritismo tem muitas restrições relacionadas ao Antigo Testamento. Venho de outra religião que afirma ser ele divino, incontestável, que tudo nele é perfeito... Com quem está a razão? Resposta: Em muitos dos seus aspectos, o Antigo Testamento é uma fonte de inspiração que jorrou da mediunidade, como hoje tão bem conhecemos. No entanto, os médiuns não são e nunca foram perfeitos, como tão bem explica a Doutrina Espírita, de forma incontestável. Exemplo vivo disso foi Moisés. Trouxe-nos os dez mandamentos, que, em um de seus itens, afirmou: “Não matarás”, produziu leis que organizaram a estrutura socioeconômica e religiosa do seu povo, premiou-nos a razão com o Deus único, combateu a idolatria, chaga do paganismo,... O notável condutor do povo hebraico, em seu lado humano, derrapou no solo escorregadio da contradição. Em Êxodo - 21:29, manda matar o boi e o dono do boi que ferir alguém. No capítulo 32:25 a 28, Moisés manda executar impiedosamente 3.000 idólatras, deixando milhares de órfãos e viúvas. Em Números, capítulo 31, diz que Deus mandou vingar os filhos de Israel, pedindo a morte de mulheres e crianças madianitas...Há outros disparates dessa natureza na obra do libertador dos hebreus do cativeiro egípcio.
O ESPÍRITA responde Davi, que nos deu a maravilha dos salmos, apaixonou-se por sua escrava Betsabé e mandou matar seu esposo Urias para com ela adulterar (II Samuel, 11). Neste mesmo livro de Samuel, os filhos de Davi produzem um drama terrível, envergonhante. Amnom ama Tamar e comete incesto (capítulo 13). Absalão, o outro filho, mata o próprio irmão. Salomão, inteligentíssimo, mas humano, que produziu a extraordinária beleza dos Provérbios, do Eclesiastes, dos Cantares, “tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas; que lhe perverteram o coração” (I Reis, 11). Elias, que mais tarde seria João Batista, determinou o extermínio de 450 sacerdotes de Baal no vale de Cison (I Reis, 18:40). Foi considerado um dos maiores profetas da raça. Há uma quantidade imensa de contradições que não desfilaremos por economia de espaço, ficando apenas numa: No início, consoante Gênesis, o primeiro livro do Antigo Testamento, só existiam Adão e Eva, que geraram Abel e Caim. Caim, por inveja, matou Abel. No capítulo 4 encontramos “E saiu Caim diante da face do Senhor e habitou na terra de Node, da banda do oriente do Éden. E conheceu Caim a sua mulher que concebeu a Enoque (...)”. Se só ficaram Adão, Eva e Caim, de onde saiu a esposa de Caim? Como explicar a existência do povo na terra de Node? Deus de absoluta justiça e misericórdia, como todos concebem, jamais geraria esses absurdos. Tudo que de errado encontramos na Bíblia é de origem humana. Maio/agosto - 2011
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Aborto,
uma prática impiedosa Jorge Hessen - DF
Os matadouros de bebês estão espalhados na sociedade como hediondos balcões de trucidamento de nenéns. Seus donos estão endinheirados na Terra, no entanto indigentes ante o Código Divino. Entre 1995 e 2007, “a curetagem depois do procedimento de aborto foi a cirurgia mais realizada pelo SUS: 3,1 milhões de registros, contra 1,8 milhão de cirurgias de correção de hérnia”1. Isso significa um trágico impacto na saúde pública de nosso País. A taxa de interrupção de gravidez é extremamente alta, como mostram estudos sobre o tema. Por esta e outras o Brasil ostenta uma posição destacada no contexto mundial da prática abortista. Nesse dantesco cenário brotam grupos dispostos a convalidar o aborto, torná-lo simples, acessível, asseado, juridicamente adequado. Todavia, não nos enganemos, o aborto ilegal ou legalizado ad aeternum (para todo o sempre) será um CRIME perante as Leis de Deus! Menos mal “o número de brasileiros que acham a prática do aborto muito grave aumentou de 61% para 71% e que, atualmente, apenas 3% dos brasileiros consideram o aborto moralmente aceitável”.2 Descriminalizar o aborto, sob quaisquer conjunturas, é e sempre será um significativo marco de estagnação espiritual na história do homem. Será que todos os obstetras estariam disponíveis à prática abortiva? Será possível, no âmbito da ética médica, conciliar uma medicina que propõe valorizar a vida com uma medicina homicida? Não nos ludibriemos, a medicina que executa o aborto nos países que já legitimaram o trucidamento do bebê no ventre materno é uma medicina criminosa. Somente num caso a Doutrina Espírita admite o aborto: quando a gestação coloca em risco a vida da gestante; pois disseram os espíritos a Allan Kardec, em ‘’O Livro dos Espíritos’’, questão 359, que é “preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe”. No caso específico de uma mulher ser violentada sexualmente redundando na gravidez, mas não se sinta com estrutura psicológica para criar o filho, entendemos que a legislação precisaria promover e instigar a adoção do ser que nasce nessas circunstâncias, ao invés de agenciar o seu extermínio legal. O Espiritismo recomenda à mãe violentada levar adiante a gravidez e até mesmo a criação do rebento, suplantando o traumatismo do abuso sofrido, porque o espírito reencarnante terá, provavelmente, um endividamento passado com a progenitora. 20 Maio/agosto - 2011
As Leis naturais atuam inexoravelmente sobre os que alucinadamente provocam o aborto. Fixam essas leis no tribunal das próprias consciências culpadas os tenebrosos processos de resgate que podem conduzir a dolorosas moléstias, como a metrite, o vaginismo, a metralgia, o enfarte uterino ou a tumoração cancerosa, agora ou mais tarde. É imperioso também reconhecermos nos abortos delituosos um dos grandes determinantes das enfermidades de etiologia obscura e das obsessões arroláveis na patologia da mente (esquizofrenias), atravancando amplos setores de casas de saúde e presídios. Não espalhamos aqui recriminação àqueles que jazem submersos no corredor tenebroso do desacerto já consumado, até para que não caiam na sarjeta profunda da desesperança. Apregoamos opiniões, cujo intuito é iluminá-los com o farol do esclarecimento, para que divisem mais adiante, elegendo por trabalhar em prol dos necessitados e, sobretudo, numa demonstração inconteste de amor ao próximo, acolhendo filhos abandonados que, hoje em dia, aglomeram-se nos orfanatos. Jamais esqueçamos que o erro promove aprendizado. Assim, ao invés de nos atermos à contrição, necessitamos consagrar a experiência como uma adequada ocasião para discernimento futuro. A Lei de Deus não é caolha e nos seus dispositivos há espaços para reparações, proporcionando ensejo interminável para que todos possamos penitenciar-nos dos enganos cometidos. “É urgente abandonar o culto ao remorso imobilizador, a culpa autodestrutiva e a ilusória busca de amparo na legislação humana, procurando a reparação, mediante reelaboração do conteúdo traumático e novo direcionamento na ação comportamental, o que promoverá a liberação da consciência através do trabalho no bem, da prática da caridade e da dedicação ao próximo necessitado, capazes de edificar a vida em todas as suas dimensões”.3 Atuando assim, desviamo-nos de todas as sequelas melancólicas que o aborto desencadeia, ainda que acobertado por uma legalização ilusória. Certo é que “o amor cobre a multidão de pecados”.4 Pesquisa do Instituto do Coração da Universidade de São Paulo. Publicado no Jornal Folha de São Paulo, 07/10/2007. 3 O borto na visão espírita, publicado na Revista Reformador, 21/07/2011. 4 Pedro, I Epístola, 4:8. 1 2
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Pedintes da Evolução
“No mundo tereis aflições.” Jesus (Jo, 16:33) Rogério Coelho - MG
Como que desenhando o perfil dessa assertiva de Jesus, Augusto Silva escreve: “Suportas em casa inumeráveis flagelações, qual se te visses em praça inimiga, carregando o coração cravejado de farpas... Conturbas-te à frente dos filhos que te parecem agressivos e ingratos... Anelas chegar ao termo das agruras da Terra, supondo que a cessação brusca do presente quadro familiar te faculte tranquilidade penosamente aguardada... Padeces constrangimentos sociais que se te afiguram infindáveis... Desesperas-te no corpo enfermo e mutilado, aguardando a desencarnação, no suplício de quem se aflige por desvencilhar de um fardo... Atormentas-te renteando aflições, aborrecimentos, desgostos, deserções...”1. Segundo Emmanuel: “(...) muitas criaturas retornam ao proscênio terrestre para desfazer quanto fizeram na semeadura de equívocos; e somente constrói sem necessidade de reparação ou corrigenda, aquele que se inspira no padrão de Jesus para criar o bem”2. Se hoje a nossa vida não é um “mar de rosas” e apresenta-se-nos à semelhança de terra sáfara, inçada de cardos e silvas ferintes em corolários de acerbas e cruciantes dores, tenhamos a convicção de que, no Mais Além, existem inúmeros espíritos acicatados pela dor e remorso que anelam pela nossa situação, e, quais mendigos da evolução, disputam um corpo qual o nosso, em que possam alcançar a própria regeneração ardentemente esperada. Meditemos sobre o seguinte conselho de Augusto Silva: “Acalma-te, recon22 Maio/agosto - 2011
siderando atitudes. Quem se reencarna abraça, de certo modo, apreciável notoriedade espiritual perante a humanidade desencarnada, experimentando destaque de quem se vê guindado às culminâncias da vida pública, à vista de todos os habitantes das esferas invisíveis que rodeiam a Terra, com a obrigação de responder positivamente pelas oportunidades benditas de elevação e trabalho no digno encargo que recebeu. Medita e reajusta-te na gestão do corpo de carne em que te movimentas sob os focos luminosos de mil pupilas que te observam nas responsabilidades humanas. Reencarnação em serviço equivale a honroso estágio numa bolsa de estudo. Tua posição na sombra de hoje, por mais terrível, compõe o caminho ideal para a felicidade inalterada e perene que te lançará na luz de amanhã”1 . Aduz lázaro: “(...) A obediência e a resignação, ensinada em todos os pontos da Doutrina de Jesus, carregam o fardo das provações que a revolta insensata sempre deixa cair...”3. Daí a certeza de Emmanuel, ao conclamar-nos: “(...) Obedeçamos, por nossa vez, conscientes de nossa destinação e convictos de que o Senhor nos espera, além da nossa cruz, nos cimos resplandecentes da eterna ressurreição”4. Augusto Silva/Vieira, W. “Seareiros de Volta”- FEB. Emmanuel/Xavier, F.C. “Fonte Viva”- Cap. 2 - FEB. 3 Kardec, A. “O Evangelho segundo o Espiritismo” – Cap. IX, item 8 - FEB. 4 Emmanuel/Xavier, F. C. “Fonte Viva”- Cap. 3 - FEB . 1 2
Notícias comentadas Papa comandará perdão em massa por aborto
“A Arquidiocese de Madri outorgou aos padres o direito de perdoar o pecado do aborto quando ouvirem as confissões de milhares de jovens peregrinas que devem participar da missa que o Papa Bento XVI celebrará no sábado. (...) Com base na lei católica, o aborto é um pecado punido com a excomunhão. (...) Esta concessão visa tornar mais fácil para os fiéis que participam do Dia Mundial de Juventude conseguirem os frutos da graça divina, declarou a Arquidiocese, em seu website.” (O Estado de São Paulo - 18/8/2011). “O Livro dos Espíritos” - LE, na questão 358, afirma: “Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando”. Faz uma concessão: o aborto é consentido apenas com fins terapêuticos em que a vida da mãe corre risco com o prosseguimento da gestação, nesse caso “Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe” (LE, Q. 359). Fora dessa esfera, é defeso ao ser humano dispor da vida de outro ser humano. Compreende-se, no entanto, que a responsabilização pelo ato esteja vinculada às condições em que a mãe o praticou. Somente a Justiça Divina tem o poder e autoridade para a dosimetria da pena a ser imposta a essa mãe, nunca o homem, e menos ainda perdoar algo que está além de seus poderes. A mãe que se encontrar incursa nesse capítulo, lembre-se de suplicar a Jesus de todo o seu coração, em humildade e arrependimento, para que sobre seus ombros o fardo da reparação seja suave e o jugo seja leve... De onde vem o mal “A cura para a maldade deixou de ser ficção científica. Ela hoje está presente no cotidiano de dezenas de centros de pesquisa pelo mundo. (...) Como resultado, a ciência encontrou áreas cerebrais envolvidas no controle da maldade, genes relacionados à crueldade e situações em que até mesmo os mais bondosos podem se transformar em torturadores. (...) As pesquisas Maio/agosto - 2011
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mostram que fazer o mal pode não ser uma questão de livre-arbítrio. Pessoas fizeram atos de crueldade não porque escolheram, mas porque apresentaram uma deficiência no cérebro”, sugere o Ph.D. em psicologia e professor da Universidade de Cambridge, Simon Baron-Cohen. (Revista Galileu - 31/7/2011). Deus jamais priva o homem do seu livre-arbítrio: se deste faz ele mau uso, sofre as consequências (LE Q.1006). Analisando a influência dos órgãos e questionado se havia relação com o desenvolvimento do cérebro com as faculdades morais e intelectuais na questão 370 (LE), os espíritos superiores foram enfáticos: “Não confundais o efeito com a causa. O espírito dispõe sempre das faculdades que lhe são próprias. Ora, não são os órgãos que dão as faculdades, e sim estas que impulsionam o desenvolvimento dos órgãos. (...) Cumpre, porém, se leve em conta a influência da matéria, que mais ou menos lhe cerceia o exercício de suas faculdades”. Três assertivas sobressaem: Deus nunca priva o homem de seu livre-arbítrio, senão seríamos simples marionetes; o espírito é que preside as funções no corpo, sem o que o corpo é que formaria a personalidade; a matéria exerce influência cerceando mais ou menos as faculdades do espírito. O meio também é fator de forte influência no comportamento da criatura. Cérebros deficientes concorrem para vários comportamentos patológicos, inclusive o mal, mas é condição necessária que o espírito encarnado tenha esses pendores em sua personalidade espiritual. Não é a matéria a causa do mal, ela pode ser concorrente, no entanto, o mal nasce no espírito.
Respostas
Verificação de conhecimentos doutrinários Páginas 14 e 15
Q.8 - Tiradentes. Q.9 - Emanuel Swedenborg
Q.1 - Egípcios Q.2 - Yvonne A. Pereira. Q.3 - Eurípedes Barsanulfo Q.4 - Hebreu. Q.5 - Manoel Philomeno de Miranda. Q.6 - O Eco de Além-Túmulo. Q.7 - seus delitos cruéis como inquisidor. 24 Maio/agosto - 2011
Carta ao atual e futuro
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Sugestão de Leitura
Assuntos Abordados O livro é dividido em duas partes: a primeira aborda as tradições religiosas e a evolução da fé no contexto histórico, a segunda explana sobre assuntos científicos sob a ótica do Espiritismo. O autor discorre sobre temas, tais como: A Ascendência do Evangelho; As Pretensões Católicas; As Vidas Sucessivas e os Mundos; A Ideia da Imortalidade; A Decadência Intelectual dos Tempos Modernos dentre outros... Objetivo da Obra Compreender, pelos caminhos da Ciência, da Filosofia e da Religião, as lições do Evangelho. Emmanuel, no capítulo 1 do livro ensina: “(...) A crença deve ser a bússola, o farol nas obscuridades que o rodeiem na existência passageira e a prece deve ser cultivada, (…), mas a fim de que a coragem e a paciência inundem o coração de fortaleza nas lutas ásperas, porém necessárias”.
Livro: “Emmanuel” Autor: Emmanuel Médium: Chico Xavier Editora: FEB
Sumário Descritivo Publicada em 1938, possui 36 capítulos. Repositório de dissertações mediúnicas, aborda assuntos que envolvem as preocupações mais prementes da atualidade, levando-nos a reflexões sérias sobre a destinação do Planeta. Na introdução do livro, Emmanuel afirma: “O essencial é meter as mãos à obra, aperfeiçoando, cada qual, o seu próprio coração primeiramente, afinando-o com a lição de humildade e de amor do Evangelho, transformando em seguida os seus lares, as suas cidades e os seus países, a fim de que tudo na Terra respire a mesma felicidade e a mesma beleza dos orbes elevados, conforme as nossas narrativas do Infinito”.
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“O Espiritismo é a senda que conduz à renovação, porque destrói os dois maiores obstáculos que se opõem a essa renovação: a incredulidade e o fanatismo; porque faculta uma fé sólida e esclarecida; desenvolve todos os sentimentos e todas as idéias que correspondem aos modos de ver da nova geração, pelo que, no coração dos representantes desta, ele se achará inato e em estado de intuição. Assim, pois, a era nova vê-lo-á engrandecer-se e prosperar pela força mesma das coisas. Tornar-se-á a base de todas as crenças, o ponto de apoio de todas as instituições.” “Regeneração da Humanidade”, Paris, 25 de abril de 1866. Segunda parte do livro “Obras Póstumas”, Allan Kardec, Ed. FEB.
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