Joaquim Manuel Fernandes Brigas
INFOGRAFIA DAS
GUERRAS
DO
GOLFO E IRAQUE
NA
IMPRENSA IBÉRICA
Prefácio de FERNANDO RAMOS
Media XXI Comunicação, Media e Indústrias Criativas 2012
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FICHA TÉCNICA
Título: Infografia das Guerras do Golfo e Iraque na Imprensa Ibérica Autor: Joaquim Manuel Fernandes Brigas Design e Paginação: Fátima Gonçalves Revisão: Isabel Augusto Editora: Media XXI| Formalpress Coleção: Coleção Media XXI Versão e-book: Media XXI | Formalpress Impressão: Publidisa Reservados todos os direitos de autor. Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida no todo ou em parte, por qualquer processo eletrónico, mecânico, fotocópia, gravação ou outros, sem prévia autorização da Editora e do Autor. Formalpress - Publicações e Marketing, Lda. Rua Dr. Egas Moniz, n.º 11 A, 2675 - 341 Odivelas | Lisboa Telefone: 217 573 459 | Fax: 217 576 316 Internet: www.mediaxxi.com Praça Marquês de Pombal nº70, 4000-390 Porto Telefone: 225 029 137 1ª Edição ISBN: 978-989-729-014-5 Depósito Legal nº
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Índice Índice de Figuras.....................................................................................................................................9 Índice de Gráficos................................................................................................................................ 13 Índice de Quadros................................................................................................................................ 15
Prefácio................................................................................................................ 17
1. Introdução...................................................................................................... 21 1.1. Objetivos, metodologias e estrutura..................................................... 28
2. As guerras do golfo e do iraque na imprensa ibérica........................ 32 2.1 - Os objetivos, hipóteses e metodologia da investigação.................... 32 2.2 - A infografia nos jornais: Jornal de Notícias vs. El Mundo.................... 35 2.2.1 - Análise de conteúdo/morfológica - variáveis............................. 35 2.2.2 - Análise de discurso......................................................................... 47 2.2.3 - Análise de casos - a infografia em exemplos............................... 57
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2.2.3.1 - Análise de infografias do El Mundo: 1991 ............................... 59 2.2.3.2 - Análise de infografias do El Mundo: 2003................................ 73 2.2.3.3 - Análise de infografias do Jornal de Notícias, 1991..................... 81 2.2.3.4 - Análise de infografias do Jornal de Notícias, 2003..................... 86 2.3 - A Infografia nas Revistas: Sábado, Visão e Cambio16......................... 95 2.3.1 - Análise de conteúdo/morfológica................................................ 97 2.3.2 - Análise de discurso....................................................................... 116 2.3.3 - Análise de casos............................................................................ 124 2.3.3.1 - Análise de infografias da Cambio16: 1991 (18 peças)........ 124 2.3.3.2 - Análise de infografias da Cambio16 - 2003 (4 peças)....... 131 2.3.3.3 - Análise de infografias da Sábado: 1991 . ............................. 132 2.3.3.4 - Análise de infografias da Visão: 2003.................................. 139 Conclusões....................................................................................................... 147 Bibliografia....................................................................................................... 161
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Índice de
Figuras Figura 1.1: Exemplo de infografia sobre a Guerra do Golfo....................... 26 Figura 2.1: Logística da batalha terreste.......................................................... 57 Figura 2.2 : “Tablero de operaciones 17-1-1991”.......................................... 61 Figura 2.3: “Tablero de operaciones 24-1-1991”........................................... 62 Figura 2.4: Primeiras horas da guerra do Golfo............................................. 65 Figura 2.5: Características do bombardeiro B-52........................................... 66 Figura 2.6: Infografia sobre o ataque ao refúgio “Al Ameria”..................... 67 Figura 2.7: Logística da batalha terreste.......................................................... 68 Figura 2.8: Negociações diplomáticas entre EUA e Iraque.......................... 71 Figura 2.9: Logística geral da “Invasão”.......................................................... 73
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Figura 2.10: Características dos aviões e material bélico............................... 76 Figura 2.11: Gráficos de opinião sobre a guerra do Iraque.......................... 77 Figura 2.12: Composição da ONU................................................................... 79 Figura 2.13: Mapa da zona de guerra . ............................................................ 80 Figura 2.14: Listagem de reféns da guerra ..................................................... 81 Figura 2.15: Pressão dos EUA e guerra iminente ......................................... 82 Figura 2.16: Mapa de localização da zona de guerra..................................... 83 Figura 2.17: Caracterização do “bunker” de Saddam.................................... 84 Figura 2.18: Geografia, operações e estatísticas da guerra............................ 85 Figura 2.19: Decisão da ONU sobre potencial invasão................................ 87 Figura 2.20: Reação dos mercados à guerra.................................................... 87 Figura 2.21: Caracterização do “Equipamento dos marines”...................... 88 Figura 2.22: Potenciais movimentos no “Teatro de guerra”........................ 90 Figura 2.23: Zona de ataque demarcada pelos EUA..................................... 92 Figura 2.24: Geopolítica do petróleo .............................................................. 93
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Figura 2.25: Potenciais impactos do míssil Scud............................................ 94 Figura 2.26: “Rumbo al Golfo”...................................................................... 124 Figura 2.27: A economia americana e a guerra do Golfo........................... 125 Figura 2.28: “Armas del Siglo XXI”............................................................... 126 Figura 2.29: Potenciais efeitos das armas biológicas................................... 127 Figura 2.30: A batalha das cem horas............................................................ 128 Figura 2.31: “Endeudados”............................................................................. 129 Figura 2.32: Economia da guerra de Bush.................................................... 130 Figura 2.33: Guerra entre os rios Tigris e Eúfrates..................................... 130 Figura 2.34: O “Consejo de la discórdia”...................................................... 131 Figura 2.35: A grande intimidação................................................................. 133 Figura 2.36: Logística e principais alvos da guerra....................................... 134 Figura 2.37: A “Ameaça do terrorismo”........................................................ 134 Figura 2.38: Funcionamento dos mísseis Patriot......................................... 135 Figura 2.39: Mapa e geografia da guerra........................................................ 136
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Figura 2.40: Economia: a m達e das batalhas.................................................. 137 Figura 2.41: Combatentes urbanos................................................................. 138 Figura 2.42: Campo de batalha....................................................................... 139 Figura 2.43: Uma vis達o otimista..................................................................... 140 Figura 2.44: Geografia, mortos e economia da guerra................................ 142 Figura 2.45: Iraque: terra desconhecida......................................................... 142 Figura 2.46: A mesa que manda no mundo.................................................. 144
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Índice de
Gráficos Gráfico 2.1: Frequência de assinaturas no JN e El Mundo............................ 36 Gráfico 2.2: Número de infografias tituladas no JN e El Mundo................. 37 Gráfico 2.3: Tamanho das infografias no JN e El Mundo............................. 38 Gráfico 2.4: Género de infografia no JN e El Mundo.................................... 40 Gráfico 2.5: Tipo de infografia no JN e El Mundo......................................... 44 Gráfico 2.6: Tipo de título das infografias no JN e El Mundo...................... 48 Gráfico 2.7: Temas das infografias no JN....................................................... 50 Gráfico 2.8: Temas das infografias no El Mundo............................................ 53 Gráfico 2.9: Género jornalístico no JN e El Mundo...................................... 54 Gráfico 2.10: Localização das infografias no JN e El Mundo....................... 55
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Gráfico 2.11: Frequência de Assinaturas na Sábado (1990/91) e Visão (2003).......................................................................................... 98 Gráfico 2.12: Frequência de assinaturas na Cambio 16................................. 99 Gráfico 2.13: Número de infografias tituladas na Sábado (1990/91) e na Visão (2003)........................................................................ 100 Gráfico 2.14: Número de peças tituladas na Cambio 16............................. 101 Gráfico 2.15: Tamanho das infografias na Sábado (1990/1991) e Visão (2003)........................................................................................ 102 Gráfico 2.16: Tamanho das infografias na Cambio 16................................ 103 Gráfico 2.17: Tipo de infografia na Sábado (1990/1991) e Visão (2003).105 Gráfico 2.18: Tipo de infografia na Cambio 16 (1991)............................... 107 Gráfico 2.19: Localização das infografias na Sábado (1990/1991) e Visão (2003).............................................................................. 109 Gráfico 2.20: Localização das infografias na Cambio16 (1991)................. 110 Gráfico 2.21: Género jornalístico na Sábado (1991) e Visão (2003)......... 111 Gráfico 2.22: Género jornalístico na Cambio 16 (1991)............................. 112 Gráfico 2.23: Destaque das infografias na Sábado (1990/91) e Visão (2003)........................................................................................ 113
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Gráfico 2.24: Destaque das infografias na Cambio 16 (1991).................... 114 Gráfico 2.25: Função das infografias na Sábado (1990/91) e Visão (2003)........................................................................................ 115 Gráfico 2.26: Género de infografia na Cambio 16 (1991).......................... 116 Gráfico 2.27: Tema das infografias na Sábado (1990/1991) e Visão (2003)........................................................................................ 117 Gráfico 2.28: Temas das infografias na Cambio 16 (1991) ........................ 119 Gráfico 2.29: Tipos de título das infografias na Sábado (1991) e Visão (2003)........................................................................................ 121 Gráfico 2.30: Tipos de títulos das infografias na Cambio 16..................... 123
Índice de
Quadros Quadro 2.1: Tipos de infografia no JN e El Mundo....................................... 42
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introdução
A
infografia1, tema muito antigo, atingiu nas últimas décadas grande relevância no jornalismo. Foram marcantes na história da infografia jornalística acontecimentos como as guerras do Golfo, Iraque, 11 de Setembro, entre outros.
Com a era do computador a dar os primeiros passos desde a década de 80, surge, desde o início dos anos 90, a oportunidade de tirar partido das potencialidades da informática enquanto ferramenta de apoio à prática jornalística. Com a generalização do uso destas ferramentas, a comunicação na imprensa escrita e online tem vindo, nas últimas décadas, a tornar-se cada vez mais visual. Sobre a era da cultura visual 2 , Gonzalo Peltzer refere que: “a visualidade ou cultura visual pode ser, então, a capacidade de 1 - Entende-se por infografia a associação de informação e grafia. Este vocábulo surge da simplificação dos termos informational graphics ou seja informação gráfica ou gráfica informativa. Não significa no entanto que qualquer associação de imagem e texto seja uma infografia. Há consenso em muitos autores no entendimento que a infgrafia pode ser considerada um género informativo próprio (Pablos 1999, Sancho 2001, Casasús 1998, Sojo 2002). 2 - Valero Sancho distingue os vocábulos visual e visualidade, considerando qe o primeiro é o meio e o segundo a observação, e que a visualidade se desenvolve com a experiência. José Luis Valero Sancho, La Infografía. Técnicas, análisis y usos periodísticos, Barcelona, Universitat Autònoma de Barcelona, 2001, pág. 22.
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comunicar através dos códigos visuais, aprendidos e ensinados desde o nascimento”3, numa alusão à importância do universo visual nas sociedades contemporâneas e da facilidade com que o ser humano apreende a informação quando ela é transmitida de uma forma gráfica. É o que se verifica com as reportagens sobre duas guerras recentes. A guerra do Golfo de 1990/1991 e a última guerra do Iraque, que começou em Março de 2003, constituíram, por várias razões, acontecimentos primordiais para maior uso da infografia na imprensa escrita. Sobre a guerra do Golfo afirma Jean-Marie Chappé que: “os jornais do mundo inteiro deparam-se com um evento muito importante, com pouca informação e quase nenhuma fotografia (assim o segredo militar o obriga)”4. Considera ainda que a guerra do Golfo contribuiu para o surgimento, ou ressurgimento de uma forma/técnica de comunicação que é hoje cara ao jornalismo, sobretudo ao de referência. A pertinência da abordagem da temática e análise do tratamento infográfico, relativo aos artigos das duas guerras do Golfo (tanto em 1991 como em 2003) em publicações portuguesas - Sábado, Visão e Jornal de Notícias – e publicações espanholas – Cambio16 e El Mundo - revelou-se de especial interesse pela escassez de estudos sistémicos que contribuam para a fundamentação da infografia em Portugal. Desta conjuntura releva a pertinência de um estudo comparado em publicações de cariz idêntico, ao nível da orientação editorial e compreensão dos diferenciais e aplicabilidade das funcionalidades da infografia na imprensa. Nesse contexto, e de acordo com vários autores (Peltzer 1992, Pablos 1991 e 1999, Sancho 2001) pode dizer-se que atualmente há uma maior aptidão gráfica, que os leitores estão mais habituados aos códigos visuais e que muitas mensagens podem ser transmitidas, com maior eficácia e poder comunicador, de um modo visual. No livro Jornalismo Iconográfico, Peltzer cita um exemplo dado por Wurman: “se eu digo que um acre são 43560 pés quadrados isto é, 3 - Gonzalo Peltzer, Jornalismo Iconográfico, Lisboa, Planeta Editora, 1992, pág. 32. 4 - Jean-Marie Chappé, L’Infografie de Press, (Collection Métier Journaliste), Paris, Victoires Éditions, 2005, pág. 17. Tradução do autor.
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sem dúvida, real, mas não disse o que é um acre. Mas, se eu disser que um acre é aproximadamente um campo de futebol americano (...) não será tão exacto, mas é inteligível”5. É assim mais propício que uma informação, com uma medida abstrata crie uma imagem na cabeça do leitor, através de uma relação gráfica. A base da linguagem visual é o conhecimento e não a informação, isto é, a capacidade de abstrair e conseguir atribuir significado ao gráfico, ou ao desenho, ou ao esquema através da aplicação do nosso conhecimento àquelas formas. O primeiro autor a sintetizar os conhecimentos sobre a aparência visual dos símbolos gráficos foi Jacques Bertin6, na sua obra Sémiologie graphique, de 1967. Para este, a representação gráfica tem como finalidade utilizar a percepção instantânea da imagem para transcrever um conjunto de relações. Define ainda imagem como qualquer forma visual e significativa, perceptível no instante mínimo da visão. Para De Pablos (1999), com a guerra do Golfo Pérsico assistiuse a uma explosão de um novo género informativo que desi-gna de infografia jornalística ou infoperiodismo. Qual a razão do sucesso da infografia a partir da década de 90? Peltzer dá uma das respostas possíveis: “o desenho é visto e compreendido num tempo muito breve, que nos permite falar de uma leitura imediata; deve a sua eficácia à velocidade”7, com que é compreendido, ou melhor, com que a informação que se quer transmitir consegue chegar ao nível de conhecimento do leitor, que junta as peças da infografia de uma forma mais rápida e eficaz, ao mesmo tempo, do que o texto. Foram vários os teóricos que viram a riqueza deste novo formato de comunicação impressa. Em 1996, Maria de las Mercedes Zamarra Lopéz dizia, na sua tese de doutoramento intitulada La Guerra del Golfo en la integración de la infografia en la prensa diária, que: “la infografia tiene un amplio futuro en los medios impresos. La cultura visual se ha impuesto, en el mundo priman las imagénes y 5 - Gonzalo Pelzer, Jornalismo Iconográfico, Lisboa, Planeta Editora, 1992, págs. 84-85. 6 - Jacques Bertin, Sémiologie Graphique. Les diagrammes, les réseaux, les cartes, La Haye, Mouton, Gauthier-Villars, 1967, Paris, EHESS (2e édition : 1973, 3e édition : 1999, 4e édition: 2005). 7 - Idem, pág. 86.
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la infografia es un proceso de produción de estas que no tiene otro limite que el progreso tecnológico, optado por facilitar al máximo la presentación visual de las informaciones”8. Passados todos estes anos, sabe-se que o progresso tecnológico anda a par com o uso corrente de novas técnicas gráficas no jornalismo moderno. Cada vez mais detalhe, cada vez mais qualidade de imagem e cada vez mais especialização fazem da infografia um campo específico dos meios de comunicação social, com redações próprias, que utilizam a tecnologia mais recente como a sua ferramenta mais básica. E depois da guerra do Golfo, qual é o estado da infografia na imprensa? Teria desaparecido, aumentado, regredido? A guerra do Iraque em 2003 surge como acontecimento primordial para o desenvolvimento deste género informativo (Pablos 1999, Casasús e Núñez 1991, Sojo 2002, López 1996). De Pablos defende que a “guerra do Golfo representou um salto informativo, sem precedentes na história da comunicação de massas”9 aos jornais começou a chegar muito material gráfico. Tal como na televisão, a profecia de McLuhan também se concretiza nos jornais: as infografias começaram a chegar de todos os lugares e a ocupar o seu espaço nos diários, à falta de fotografias. Conflitos que envolvem o segredo militar e operações secretas, restringem o acesso aos jornalistas fazendo com que poucas fotografias possam ser captadas no palco de operações. Para além disto, a complexidade das várias áreas inerentes ao conflito: políticomilitares, histórico-geográficas, socio-culturais, são também pretexto para o recurso a infografias, na imprensa. Todos estes aspetos formam o cenário para o aparecimento e desenvolvimento da infografia enquanto lugar de análise, explicação e informação fornecidos ao leitor. Como refere De Pablos, “estamos perante um novo género jornalístico que é uma enorme novidade que pouco ou 8 - Maria de las Mercedes Zamarra López, La guerra del Golfo en la integración de la infografia en la Prensa diaria, (Tese de Doutoramento), Madrid, Universidad Complutense de Madrid, 1996, pág.431. 9 - José M. Pablos Coello, “La Infografía, el Nuevo Género Periodístico” in Estúdios sobre tecnologías de la Información, 1. AAVV, Madrid, Editorial Sanz y Torres, 1991, pág. 178. Tradução do autor.
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nada tem a ver com os géneros anteriores porque há uma diferença de forma e de conteúdo”10. Neste contexto, impõe-se a questão: quais foram os fatores fundamentais que fizeram com que a infografia, enquanto processo comunicacional, se tenha integrado formalmente na imprensa diária, de tal modo que, nas suas páginas, a forma gráfica de apresentar e explicar as mensagens se foi implementando firmemente? De Pablos11 defende que a infografia tem a possibilidades de captar toda a atenção do leitor, que ocupará muito mais tempo na leitura ou na visualização da publicação porque com ela é introduzido um novo elemento gráfico que, a princípio, parece ter pouca informação, mas posteriormente oferece leitura e a informação suficiente, ainda que de forma sumária, com a técnica dos títulos, entradas, resumos, de forma compacta. A linguagem visual é mais sintética que a linguagem verbal, considera Raymonde Colle “por la vista se percibe una forma significativa en su globalidad. El proceso de comprensión (…) se inicia en el conjunto para investigar luego las partes. Pero la aprehensión del conjunto es inmediata; se logra en el instante, antes e independientemente del análisis de las partes-que es posible pero no indispensable”12. Apesar de o espaço ocupado pela infografia na Imprensa continuar a ser algo diminuto, o uso de determinados recursos, tais como um mapa, quando a notícia versa sobre um lugar geográfico, ou de uma tabela quando o texto dá destaque a informação económica e se centra em números - é uma realidade recorrente dado ser mais fácil e eficaz na comunicação de alguns tipos de informação.
10 - José M. Pablos Coello, “La Infografía, el Nuevo Género Periodístico” in Estúdios sobre tecnologías de la Información, 1. AAVV, Madrid, Editorial Sanz y Torres, 1991, pág. 178. Tradução do autor. 11 - Idem, pág. 177. 12 - Colle, Raymond, Infografia: tipologias, Revista Latina de Comunicación Social, 58, disponível em http://www.ull.es/publicaciones/latina/latina_art660.pdf
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Na figura seguinte (Fig. 1.1), observa-se uma infografia publicada no Diário 16, a 15 de Fevereiro de 1991, que demonstra um uso generalizado, pela imprensa, da infografia durante a guerra do Golfo13. Por conseguinte, este livro visa analisar o papel e desenvolvimento da infografia como “género” jornalístico, com base em dois momentos concretos: guerra do Golfo (1990/1991) e guerra do Iraque (2003), na imprensa portuguesa e espanhola, e saber quais as repercussões ao nível da infografia.
Figura 1.1 Exemplo de infografia sobre a Guerra do Golfo Diário 16, 15/02/1991
Acontecimentos como estas duas guerras, que ocorrem em países árabes desconhecidos, sobre os quais os públicos português e espanhol pouco conhecem, constituem situações em que há necessidade de contextualizar o leitor com informação adicional e isso é, muitas vezes, feito com o recurso a mapas, gráficos e tabelas. 13 - Fernando Corbalán Yuste, Prensa, Matemáticas y Enseñanza, Zaragoza, Mira Editores S. A., 1991, pág. 58.
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Desta forma, a presença de elementos infográficos nos media não se esgota na publicação de informação estatística em formato gráfico: a cartografia está, também, cada vez mais presente nos meios de comunicação social, em particular nos ambientes de informação relacionados com conflitos armados, nos quais é fundamental localizar geograficamente as zonas em questão, ilustrando palavras que narram acontecimentos ou exprimem opiniões. Ao fazer um mapa, o infografista tem que considerar diversos fatores, destacando-se entre eles a finalidade do mapa. Isto determinará por exemplo que dados recolher. Os mapas não são totalmente objetivos uma vez que denunciam a nossa ordem de prioridades e interesses. Como refere Monmonier, “os jornais modernos também apresentam problemas a nível de cartografia. Os erros apresentados nos mapas refletem tanto o limitado conhecimento cartográfico dos designers e artistas envolvidos na produção como a exiguidade temporal com que as notícias são recolhidas, editadas e publicadas.”14 Muito embora, na sua maioria, os mapas publicados nos meios de comunicação portugueses tenham como função localizar geograficamente os factos descritos nas notícias, a cartografia tem usos múltiplos. Os mapas, enquanto instrumentos dos media, não esgotam as suas funções no seu carácter informativo, tendo também como função - e à semelhança dos restantes elementos infográficos - quebrar a monotonia das páginas dos jornais, do discurso televisivo ou dos ambientes online, “servindo por vezes também como símbolos evocadores, chamando a atenção para uma determinada peça ou notícia e separando-a das restantes” 15. Os mapas, numa primeira instância, e as infografias mais complexas, numa fase mais avançada, vieram trazer um valor acrescido ao jornalismo, quer ao nível do layout, quer ao nível da transmissão da informação. 14 - Mark Monmonier, Maps with the news, Chicago, the University of Chicago, 1989, pág. 1. Tradução do autor. 15 - Maria Helena Dias, Os mapas em Portugal, Lisboa, Edições Cosmos, 1995, pág. 244.
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Nesta investigação tratamos da pesquisa documental sobre o tema da infografia associada aos artigos sobre a guerra do Golfo e guerra do Iraque, procurando identificar a importância da infografia no jornalismo atual. Consideramos que o recurso a periódicos de referência, em Portugal e Espanha, como matéria de análise se revelou de especial importância para a pesquisa, na medida em que para além dos jornais em questão, às datas de referência, as publicações recorriam por sistema à infografia das agências noticiosas. Tendo por base esta premissa, o estudo desenvolve-se no âmbito da própria interpenetração dos avanços tecnológicos e da sua incorporação na imprensa. A volatilidade da própria informação, embora não se cristalize em informações infográficas, consubstancia-as de forma mais contextualizante e agregadora de desvios circunstanciais propiciados pela ausência do contacto direto com os acontecimentos. A verificação dos aspetos circunstanciais estabelecidos pela análise indireta é de facto o critério basilar para o desenvolvimento do estudo subsequente.
1.1. Objetivos, metodologias e estrutura Como foi referido nos parágrafos anteriores, um dos principais objetivos deste trabalho é analisar o tratamento infográfico relativo aos artigos das duas guerras do Golfo (em 1991 e em 2003), em publicações portuguesas – Sábado16, Visão e Jornal de Notícias – e publicações espanholas – Cambio16 e El Mundo. Duas variantes orientam a seleção da amostra do estudo, que foi escolhida de modo a acompanhar a forma como foram tratados jornalisticamente, leiase, infograficamente, os antecedentes dos dois conflitos, a guerra do 16 - ������������������������������������� Uma nota relativamente à escolha da Sábado para esta análise de caso. O objetivo do estudo era comparar duas newsmagazines, uma portuguesa e outra espanhola. A escolha recaiu na Visão e na Cambio16, no entanto, em 1991, a Visão ainda não tinha sido criada (só viria a ser lançada a 25 de Março de 1993) o que levou a que procurássemos uma revista publicada na altura que mais se assemelhasse aos moldes daquela que é hoje a Visão. As revistas analisadas passaram então a ser a Sábado, para o período da primeira Guerra do Golfo e a Visão para a segunda Guerra do Iraque, sendo que a Cambio16 se mantém para ambos os conflitos.
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Golfo e a guerra do Iraque propriamente ditas e os acontecimentos posteriores a ambas. O principal critério que se teve em conta na escolha das revistas e jornais foi a periodicidade: um jornal diário português e um diário espanhol, duas newsmagazines portuguesas e uma espanhola. O facto de o estudo ter incidido nestes dois produtos jornalísticos (jornais e newsmagazines) surge como forma de responder à necessidade de constatar em que medida a frequência da utilização da infografia pode ser determinada pela característica do suporte. Em princípio, as revistas podem veicular melhores infografias por serem publicadas a cores e pela melhor qualidade do papel. Para os jornais diários Jornal de Notícias ( JN) e El Mundo, o período de análise compreendeu 45 edições antes e 45 edições depois do início das duas guerras do Iraque. Em relação à amostra do estudo para as revistas Sábado, Visão e Cambio16, esta é mais reduzida em número de edições, uma vez que são revistas semanais. O período analisado é aquele que compreende 20 edições antes e 20 edições depois do início das duas guerras do Golfo17. As unidades de análise envolvidas no estudo incluem todos os elementos de infografia ilustrativos da cobertura jornalística dos dois conflitos decorridos no Golfo. No total foram analisadas 372 infografias – 295 dos jornais (JN18 e El Mundo) e 77 das revistas (Sábado, Visão e Cambio16) – em termos quantitativos e qualitativos. A análise quantitativa é importante para compreender os números envolvidos nesta prática recente do jornalismo, mas não se podia relegar para segundo plano uma análise qualitativa das infografias19.
17 - ��������������������������������������������������������������������������������������������� Considerou-se que o número de edições ao nível dos jornais (45) e de revistas (20), antes e depois dos períodos concretos, propicia uma amostra mais fidedigna e de maior alcance: o período anterior pela antecipação da situação que precedeu os períodos concretos; e o posterior pelas repercussões e desenvolvimentos ocorridos após as duas guerras. 18 - �������������������������������� Sempre que é utilizada a sigla JN, quer-se designar o diário Jornal de Notícias. 19 - ��������������������������������������������������������������������������������������� O período de recolha de informação decorreu entre Agosto de 2005 e Agosto de 2006: 082005 até 09-2005: Recolha de infografias das quatro publicações englobadas na amostra do estudo; 10-2005 até 12-2005: Recolha e leitura de bibliografia relacionada com o objeto de estudo e tratamento quantitativo das infografias recolhidas; 01-2006 até 08-2006: Execução do relatório baseado nas bases de dados construídas e na literatura recolhida.
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