vozdaserra2002.05

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Empresa do mês: Lubrifátima, Lda. Pág. 26

Doença rara atinge criança Págs. 10 e 11

Centro Social aposta em projecto

Lar de idosos vai avançar

Págs. 6 e 7

Esta revista é um suplemento local que integra a edição n.º 3397, de 3 de Maio de 2002, do Semanário REGIÃO DE LEIRIA e não pode ser vendida separadamente.

Internet liga Loureira a todo o mundo Pág. 18



FÓRUM FICHA TÉCNICA

INDICE

DIRECTOR: Francisco Rebelo dos Santos

Histórias da História . . . . . . . . . .4

DIRECTOR-ADJUNTO: Pedro Costa

Novo lar em projecto . . . . . . . . . . .6

EDIÇÃO: Carlos Santos Almeida

Rancho em cortejo . . . . . . . . . . . .8 Doença rara atinge menina . . . .10

CONSELHO DINAMIZADOR: Armando Costa Armindo Neves

Francisco Rito na primeira pessoa . . . . . . . . . .12

David Vieira

A “Festa dos 50 anos” . . . . . . . .14

Domingos Neves

Fados na U.D.S. . . . . . . . . . . . . .15

Fausto Neves

Tasquinhas na Loureira

Jaime Silva

Junta apoia colectividades . . . . .17

Joaquim Rodrigues

Internet arranca na Loureira . . .18

Jorge Primitivo

Vila faz um ano . . . . . . . . . . . . .19

José Augusto Antunes José Carlos Rodrigues Lino Pereira

. . . . . .16

O Padre Joaquim Faria . . . . . . . .20 União da Serra lançado

Manuel Silva

no futebol . . . . . . . . . . . . . . . . . .21

TEXTOS:

Sucesso em Todo-o-Terreno . . . .22

Carlos S. Almeida

Desporto jovem . . . . . . . . . . . . . .23

Sílvia Reis

Educação

Sónia Gomes

Opinião . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25

FOTOGRAFIA: Joaquim Dâmaso e arquivo do REGIÃO DE LEIRIA

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Lubrifátima em destaque . . . . . .26

PAGINAÇÃO: Departamento Gráfico do Região de Leiria PUBLICIDADE: Lídia Órfão Tereso PATROCINADORES PERMANENTES: Junta de Freguesia de Santa Catarina da Serra LubriFátima Socoliro Maia – A. Ferreira das Neves Herdeiros, Lda. Armindo Pereira e Neves, Lda. Hiperclima Construtora do Lena JRP J. Primitivo Madeiras, S.A. Manuel da Costa e Silva, Lda. Construções J.J.R. & Filhos, S.A. Lenobetão IMPRESSÃO: Mirandela SA TIRAGEM: 2.500 exemplares

Esta revista é suplemento local que integra a edição n.º

Participe A sua opinião conta. A VOZ DA SERRA tem em funcionamento um Ponto de Apoio ao Leitor na Papelaria Bemposta, no centro da vila de Santa Catarina da Serra. Porque a participação activa dos nossos leitores é essencial, agora existe um local onde pode deixar as sugestões de assuntos que gostaria de ver abordados, textos para publicação, pagamento de assinaturas e entrega de publicidade. A interactividade com o leitor é uma das nossas preocupações. Ajude-nos participando.

Causas comuns O projecto está aí, pronto a nascer. A construção de um lar de idosos no centro da vila de Santa Catarina da Serra é a ambição dos responsáveis do Centro Social e Paroquial. Uma ambição legítima, ainda que pareça ter que esperar pelo apoio estatal que, num clima de contenção, tudo indica, chegará mais tarde. E ainda que a decisão não tenha sido tomada formalmente, o certo é que os responsáveis desta instituição já deram a entender que, mesmo assim, o projecto deverá avançar. Uma postura arrojada, mas corajosa que conta com a capacidade de mobilização que tem caracterizado a população da freguesia. Para já, fica a certeza de que onde o Estado nem sempre consegue chegar, as entidades de cariz particular mas com vocação social, respondem com maior rapidez. Um outro caso, descrito nas páginas desta edição da VOZ DA SERRA, demonstra como os laços sociais da comunidade são vitais para que esta se perpetue. O caso de Solange, que sofre as consequências de uma rara doença, é também a oportunidade de a comunidade local mostrar a sua capacidade de superar desafios, solidarizando-se com esta causa. Afinal, são as causas comuns que fazem uma comunidade.

3397, de 3 de Maio de 2002, do Semanário REGIÃO DE LEIRIA e não pode ser vendida separadamente.

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TRIBUNA

Histórias da História

Domingos Marques A 24 de Outubro de 1905 constou na freguesia que o Governo tinha intenção de disponibilizar uma verba para a construção de várias escolas primárias. Sabendo-se disso, foi-lhe pedido dinheiro para a construção de duas escolas: uma para os meninos e outra para as meninas. O povo construiria a casa para os professores. Passados cinco meses, ou mais concretamente no dia 5 de Março de 1906, a referida junta deliberou informar as entidades ligadas às escolas que, em virtude de não ter sido criada a escola do sexo feminino pedida no ano anterior, retirariam a oferta da casa para o professor, em razão das grandes despesas provocadas pela construção da igreja. Isto não impediu a constituição de uma comissão particular, onde estavam António Marcelino, de Santa Catarina, António Marques e José Vieira da Costa, da Pinheiria, Francisco Ferreira Ezequiel, da Barreiria, José Francisco dos Reis, da Cova Alta e o tesoureiro padre Joaquim Ferreira Gonçalves das Neves, com a finalidade de angariarem fundos para custear as obras do novo edifício escolar a edificar na povoação de Santa Catarina. No dia 20 de Maio de 1921 vários indivíduos da freguesia, entre os quais Faustino Alves Vieira, da Quinta da Sardinha, solicitaram à Comissão Administrativa da freguesia, constituída por José Ferreira Ezequiel, José Justino Gonçalves e Domingos Pereira Relha, que lhe fosse dado um auxílio para reconstruir a escola primária da Quinta da Sardinha, há bastantes

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anos demolida. A Comissão Administrativa da freguesia tomou nota do pedido e transmitiu-a ao Comissário Administrativo de Leiria com a indicação para os auxiliar naquilo que lhe fosse possível. Foi feito o projecto de arquitectura e a dita Comissão foi informada, através do ofício n.º 610/1928, de que o mesmo se encontrava elaborado em harmonia com os critérios oficiais e, por isso, foi aprovado. A 17 de Agosto de 1930 foi iniciada a sua construção, respeitando-se aquele. A obra poderia ser construída por administração directa ou dada de empreitada a José Francisco Alves, António Ferreira Ezequiel e Francisco Vieira que a entregariam pronta com a chave na mão, mas também a poderiam construir em partes, sendo fiscalização da obra da responsabilidade da junta. A construção da obra acabou por ser adjudicada à referida Comissão, entregando-se-lhe 266$50 apurados na venda dos materiais do edifício velho. Como o espaço do edifício antigo era bastante diminuto, foi adquirida uma parcela de terreno a Ema Vicência Ribeiro, de Santa Catarina. A conclusão da obra foi programada para ser concluída no mês de Outubro de 1933 para funcionar nesse ano. Para a sua inauguração, a Junta de Freguesia avistou-se com os senhores Governador Civil, Presidente da Câmara e Inspector Escolar, no sentido de combinar a inauguração do novo edifício escolar. Foram convidadas várias entidades e, particularmente, o Dr. Manuel Ribeiro Ferreira, ex-Governador Civil, no sentido de este solicitar a presença do Senhor Ministro da Instrução para presidir à cerimónia. E a obra foi inaugurada com toda a pompa e circunstância... No dia 15 de Maio de 1935 a Junta de Freguesia pediu às entidades competentes a criação de dois postos de

ensino, sendo um para o Vale Tacão e outro para a Barreiria. Os moradores do lugar da Chaínça (que então pertencia a esta freguesia) estavam descontentes com o edifício velho, construído pelos seus antepassados, onde funcionou durante alguns anos, a escola primária. Por isso resolveram criar uma Comissão constituída por Manuel Inácio Vicente, José Inácio Vieira, António Justino e Justino Frazäo, e na reunião da Junta de Freguesia de 16 de Janeiro de 1966, constituída por António Gonçalves, do Ulmeiro, José Francisco das Neves, da Loureira e José Mariano, de Santa Catarina, foi-lhes pedida a restauração da escola velha, por forma a ser utilizada como cantina escolar. O edifício foi reparado e à inauguração assistiram o Presidente da Câmara e o Director Escolar. No decorrer da cerimónia, a Comissão entregou a escola à Junta de Freguesia e esta aceitou-a considerando-a propriedade da freguesia e, portanto, ficando sob sua administração com a garantia de que as reparações futuras seriam da sua responsabilidade. Os moradores do Vale Tacão também se organizaram, tendo nomeado seu interlocutor o Sr. David Pereira das Neves, para os representar no dia 24 de Abril de 1977 na reunião da Junta de Freguesia, presidida por Mário dos Santos Pinheiro e tendo como vogais Manuel Francisco Lourenço e Manuel Vieira Alves. Ofereceram-lhe a quantia de 50 mil escudos destinada à construção de uma escola naquele lugar, dado que, a partir do dia 30 de Julho, deixaria de haver edifício onde funcionava o posto escolar. Mais tarde, a referida Junta de Freguesia, com o apoio económico da Câmara Municipal, mandou construir um novo edifício escolar nos terrenos da freguesia, que ainda hoje se mantém. (Continua no próximo número)



ABERTURA

Aposta no lar A construção de um lar é o projecto imediato do Centro Social e Paroquial de Santa Catarina da Serra. De acordo com Isabel Reis, directora da instituição, trata-se de um projecto que está inscrito nos estatutos da instituição e que poderá avançar em breve. Uma próxima reunião de todos os elementos directivos ditará o ritmo como avançará a obra. Para já, o processo de aprovação do projecto está em fase final, revela Isabel Reis. Os custos financeiros da obra – que se estima irá custar mais de meio milhão de euros – dita a cautela com que a questão está a ser encarada. Sobretudo, tendo em conta existirem indicadores de que o apoio estatal – programado para tomar a forma de verba inscrita em PIDDAC – poderá acontecer mais tarde do que o esperado. Ainda assim, Isabel Reis acredita existirem francas possibilidades de o projecto avançar proximamente. O projecto implica a construção do novo lar junto às actuais instalações do Centro Social e está concebido para comportar 36 utentes, explica Isabel Reis. “Já foram criadas expectativas aos utentes e há a necessidade de dar outro tipo de resposta”, refere esta responsável para ilustrar a necessidade de promover outro tipo de apoio à população idosa da freguesia. É que, acrescenta, além da falta de lares que actualmente é sentida na região, nem todos aqueles que existem reúnem as condições requeridas. Para a concretização deste projecto “o apoio da população e das autoridades locais será imprescindível”, esclarece. E caso a direcção determine avançar com a obra no imediato – apesar da indefinição do financiamento estatal – Isabel Reis está convicta que “ainda este ano, se a resposta for positiva, teremos a obra a avançar”.

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Pormenor do Centro Social e Paroquial Por outro lado, com o apoio da população, será mais fácil sensibilizar as entidades oficiais, diz Isabel Reis.

Uma história de apoio A actividade de apoio social desta instituição, que há cerca de uma década se caracterizava pelo apoio em géneros alimentícios às pessoas com mais carências do ponto de vista económico, evoluiu há sete anos – a 2 de Maio de 1995 – para Centro de Dia. E posteriormente, acrescentou-se aos serviços prestados pela instituição o apoio domiciliário. Na altura era cerca de seis os utentes no Centro de Dia. Actualmente temos “30 e chegam a ser 34”, refere a directora. E no serviço de apoio domiciliário a ajuda chega a 37 utentes. Acresce ainda que, ao nível social, está igualmente a funcionar uma creche que conta com 35 crianças, dos 4 meses aos 3 anos de idade. O tipo de apoio prestado destinase, sobretudo, à população da freguesia. Contudo, “em todas as

valências há pessoas que estão fora da freguesia. Basta que se justifique o apoio”, lembra Isabel Reis. São os acordos estabelecidos com a Segurança Social que permitem o financiamento de boa parte desta actividade, cabendo ao familiar do utente pagar o restante. “Na creche temos um acordo para 33 crianças. No centro de dia o apoio é alargado a 30 idosos e chega a 37 no apoio domiciliário”, adianta. São os utentes acamados que mais custos implicam para o orçamento da instituição. De acordo com Isabel Reis, as funcionárias prestam três serviços diários em casa dos utentes, ainda que muitos deles tenham alguma autonomia, o que facilita um pouco o trabalho. Em média o utente acamado implica um investimento mensal na ordem dos 275 a 300 euros, sendo que o Estado comparticipa com pouco mais de 150. Mas são os apoios para utentes que não necessitam de um apoio tão cuidado que acabam por ajudar no equilíbrio do orçamento, reconhece a directora.


ABERTURA Liga ajuda Para já, um outro projecto está em fase de implementação no Centro Social. Trata-se da Liga dos Amigos, uma entidade que deverá ser composta por voluntários. Estes poderão prestar serviço na instituilção, acompanhando os idosos e proporcionando o contacto reforçado dos utentes com a população, explica Isabel Reis. A directora salienta que, embora a instituição não conte com uma pessoa responsável pela animação daquele espaço, as manhãs de segunda feira são sempre dedicadas à ginástica. Por outro lado, decorrem com frequência passeios para os utentes do centro.

Algumas das crianças que frequentam a creche

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ACTUALIDADE

Cortejo do Rancho de S. Guilherme O Rancho Folclórico de S. Guilherme organizou um cortejo junto à capela de S. Guilherme no passado domingo, dia 21 de Abril. O principal objectivo desta actividade foi a angariação de fundos, que serão canalizados para uma Casa-Museu a reconstruir na Magueigia. No cortejo desfilaram várias ofertas dadas ao rancho, tais como materiais de construção, madeira e animais que, depois do desfile, foram vendidos. Logo de seguida realizouse um sorteio, cujas receitas serão também disponibilizadas para a Casa-Museu. A ideia de construir um museu surgiu da necessidade de um espaço que pretende reunir e expor os objec-

tos tradicionais pertencentes ao rancho. Para enriquecer ainda mais a casa, o rancho irá fazer uma recolha junto da população, de forma a adquirir mais peças tradicionais.

Rancho no Festival Etnográfico O Rancho Folclórico de S. Guilherme irá participar no festival etnográfico de ranchos que se realizará em Leiria no dia 19 de Maio (domingo). À semelhança dos outros anos, o rancho marcará presença no festival apresentando os costumes que, em tempos recuados, faziam parte do dia a dia dos habitantes da freguesia. A cena representada este ano pelo rancho será a “roteada”, que significa cavar a terra funda para a plantação de bacelo. Esta actividade era feita por grupos de três homens, sendo que um deles comandava o compasso. Depois de uma recolha exaustiva do compasso, dos cantares e dos costumes que compunham a roteada, o rancho encena a passagem que será representada, pela primeira vez, no festival de Leiria.

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Neste momento estão já a ser catalogadas as peças existentes para uma melhor organização aquando da sua exposição na Casa-Museu. A direcção do rancho aponta o final do ano de 2002 para a abertura da Casa-Museu ao público. Para liquidar a dívida da aquisição da casa e do terreno envolvente, o rancho conta, entre outros, com as receitas deste cortejo, com o apoio da Câmara de Leiria e da Junta de Santa Catarina da Serra. A população tem, também, dado uma grande ajuda e segundo a direcção todos se mostram muito entusiasmados. Neste momento está a ser preparado um projecto e uma maqueta da Casa-Museu que será exposto de forma a que toda a população tenha conhecimento e possa, também, dar a sua opinião.


A Junta de Freguesia saĂşda todos os habitantes de Santa Catarina da Serra A Junta de Freguesia


ACTUALIDADE

Família procura cura para menina Uma menina de 11 anos residente em Quinta da Sardinha, freguesia de Santa Catarina da Serra, sofre de uma doença rara: o síndrome de “Hallervorden-Spatz”, uma patologia do foro neurológico que se desenvolve em crianças e adolescentes e que começa por provocar movimentos anormais e descontrolados. Depois, segue-se a perda do andar, da fala e da escrita, muitas vezes acompanhada pela perda de faculdades mentais. Em última instância pode conduzir à incapacidade total do doente. A doença só é conhecida em Portugal numa outra criança, residente em Matas, Ourém. Mas a equipa de Neuropediatria do Hospital Pediátrico de Coimbra – onde ambas as pacientes estão a ser seguidas - admite, todavia, que estes podem não ser casos únicos no País. São, certamente, os existentes na região Centro. Para ajudar a família da Solange, amigos e familiares encetaram já uma campanha de solidariedade na freguesia de Santa Catarina da Serra. A campanha pretende recolher fundos para ajudar a família a suportar algumas despesas, já que se prevê que a operação, a realizar em França, venha a ser paga integralmente pelo Estado português. “Decidiram fazer a campanha para nos ajudar. Mas se não for a nós que seja à associação [ver caixa]”, explica à VOZ DA SERRA a mãe, Ana Isabel Neves, que relata a história clínica da filha: “Quando a Solange tinha 9 anos apercebi-me de que tinha um tique no braço direito”, recorda a mãe. Este foi o começo de um problema que se revelaria bem mais grave. Pouco tempo depois a criança começa a cair com alguma frequência. “Sem mais nem menos, caía”, refere uma tia da menina. Ao mesmo tempo, a pequena Solange

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População de Santa Catarina solidária com Solange apresenta dificuldades no falar e, logo depois, vê perder a capacidade de escrever pela própria mão. A doença parecia galopante. “Víamos que a criança piorava”, refere a mãe que não esconde tristeza face à situação em que se encontra a Solange, mais visível agora porque a menina “anda com o pescoço de lado”, mas continua empenhada em continuar os estudos.

O diagnóstico O síndrome de “HallervordenSpatz” foi diagnosticado na Solange no dia 29 de Janeiro do ano passado pela equipa de Neuropediatria do Hospital Pediátrico de Coimbra, para onde foi enviada pelo Serviço de Pediatria do Hospital de Santo André, em Leiria. Estava Ana Isabel grávida da filha mais nova. Solange tem ainda um irmão. O diagnóstico não poderia abalar

mais a família. “Temos agora de encontrar uma solução”, afirma Ana Isabel Neves, que deposita todas as esperanças na operação que está prevista realizar-se em Setembro próximo no Centro Hospitalar Universitário de Montpellier, França, decidida pela equipa médica que há três semanas consultou a Solange naquele país. Foi neste hospital que Linda, uma jovem de 17 anos, residente em Matas, Ourém, foi operada. Ali encontrou a esperança de uma vida melhor e a família também. “A Linda teve uma infância normal em França. Mas entre os 7 e os 8 anos apercebi-me de alterações no comportamento. Era muito teimosa e difícil”, declara Maria Fernanda Marques, mãe. A Linda começa a frequentar consultórios de psicólogo e psiquiatras à procura de uma explicação para a mudança repentina de comporta-


ACTUALIDADE

a de 11 anos mento da filha. “O diagnóstico era sempre o mesmo: ‘a sua filha tem mau comportamento’”, conta Maria Fernanda até que um dia algo a fez mudar de ideia. “Dei-lhe a chave de casa para ela abrir a porta e vi que tinha dificuldades em colocar a chave na fechadura”, esclarece a mãe de Linda. A doença arrasta a menina e a família para o sofrimento. Quatro anos depois e Linda já não escreve. Mais tarde já não anda. Deixa inclusive de conseguir alimentarse. “Andava sempre a estalar os dedos e tinha gestos incontrolados e movimentos involuntários”, refere Maria Fernanda. Em Fevereiro de 1997 a família regressa a Portugal e em Junho do mesmo ano a doença é diagnosticada no Hospital Pediátrico de Coimbra. “Disseram-me a doença e que não havia nada a fazer para salvar a minha filha”. À dor do momento, seguiu-se a luta para encontrar uma cura. “Um dia o médico perguntou-me se tinha acendido uma vela a Nossa Senhora”. Maria Fernanda responde afirmativamente. Afinal havia um médico em França que fazia uma cirurgia que poderia melhorar a vida de Linda.

Associação contra a distonia O síndrome de “HallervordenSpatz” é uma distonia, sintoma de um conjunto de doenças neurológicas caracterizada por espasmos musculares involuntários que produzem movimentos e posturas anormais. É para lutar contra a distonia que os pais da Linda e da Solange estão a criar uma associação: a Associação Contra a Distonia. Maria Fer nanda Marques explica que um dos objectivos da associação é ajudar as pessoas que sofrem de distonia e conseguir prestar apoio psicológico às respectivas famílias. “Queremos ainda reunir a informação necessária para explicar às pessoas o que é a distonia”, refere à VOZ DA SERRA. Mas a maior luta da associação, que está agora a ser constituída, passa por evitar que as pessoas que sofrem de distonia se desloquem ao estrangeiro para obter tratamento, como foi o caso da Linda, operada no

Centro Hospitalar Universitário de Montpellier, França, em Julho de 2001. A técnica utilizada pelo cirurgião foi a da estimulação eléctrica. Esta estimulação é realizada graças a dois eléctrodos implantados no cérebro e que constitui a primeira operação, de duração de seis horas. Os eléctrodos são ligados a estimuladores – pilhas – implantados debaixo da pele (segunda operação). Os parâmetros do estimulador são, depois, orientados em função da sua eficácia e da evolução do doente. Actualmente Linda toma cerca de 60 comprimidos por dia. Já anda, já se alimenta e consegue exprimir-se. Não tem dores, o que é uma satisfação para a família. A Associação Contra a Distonia está sediada na Rua 1.º de Janeiro, n.º 570, em Matas, Ourém. O telefone é o 244739615.

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ENTREVISTA

Enfermeiro por convicção Chama-se Francisco Rito, mas é conhecido por “Chico Enfermeiro”. Uma denominação que se percebe pelo facto de ser sinónimo de que é conhecido por todos. Aliás, outra coisa não seria de esperar. Afinal, os quase trinta anos de actividade enquanto enfermeiro, permitiramlhe tomar contacto com quase todos os habitantes da freguesia. Com 18 anos já tinha o curso de enfermagem, que terminou em 1966. A falta de motivação para participar na guerra do Ultramar, levou-o a tecer uma outra estratégia para a evitar. Ingressou para a pesca do bacalhau, onde acabou por passar o tempo que teria de ser consignado ao serviço militar no Ultramar, voltando cinco anos depois, no início da década de 70. Depois da passagem pelas águas geladas da Terra Nova e Gronelândia, ingressou no Hospital de Leiria. Mas uma vez que nasceu e residia na Chainça, foi para perto de casa que decidiu continuar a trabalhar enquanto enfer meiro. Quando, em 1973, abriu o posto médico em Santa Catarina da Serra, imediatamente aí continuou a desempenhar a sua profissão. E no próximo ano cumpre 30 anos de serviço na sua freguesia Natal. “Se perguntar seja a quem for, todos me conhecem. Apeguei-me a esta zona e aqui fiquei”, diz. E explica que está na enfermagem porque gosta. “Vim para esta profissão porque gosto. As pessoas, comigo, estão à vontade. Gosto de sentir que sou útil às pessoas”, explica. Ainda que, por vezes, a sua proximidade lhe custe horas de lazer, uma vez que as pessoas se deslocam a sua casa quando algum problema mais urgente os aflige. Muitas vezes, porque são utentes do Serviço Nacional de Saúde, “não chegam a questionar o custo do

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Francisco Rito ou, como é conhecido, “Chico enfermeiro” serviço que presto”, diz. Nas suas quase três décadas de experiência em Santa Catarina da Serra, refere que notou uma grande evolução nos hábitos de saúde. Actualmente, “as pessoas estão mais instruídas e mais informadas em relação às doenças e a que serviços devem recorrer”. E se há trinta anos havia doenças por falta de informação, agora os problemas devem-se à ausência de vida regrada, adverte. A vida demasiada sedentária ou erros de alimentação são as principais causas dos problemas de saúde. Con-

tudo, no que se refere aos cuidados de saúde prestados na freguesia, assegura que a extensão de saúde local funciona sem problemas de maior. É que, refere, as consultas estão previamente marcadas e bem organizadas. “As dificuldades com a marcação de consultas aqui não se registam”, diz.

Enfermeiro na Junta Mas além do serviço público prestado no sector da saúde, Francisco Rito também passou pelas lides autárquicas. Como conta,


ENTREVISTA logo depois do 25 de Abril, disputou a presidência da Junta de Santa Catarina da Serra. A sua lista, sob a sigla do PSD, nunca conseguiu levar de vencida a mobilização que o CDS tinha na freguesia. E porque numa das candidaturas ficou a escassos 11 votos da vitória, decidiu que não mais se candidataria. Em jeito de brincadeira, refere, “disse que nunca mais concorreria em Santa Catarina e avançava com a criação de uma nova freguesia, candidatando-me depois”. O certo é que o processo avançou e, na década de 80, a freguesia da Chainça nasceu e Francisco Rito foi eleito presidente. “Mas um mandato foi suficiente para perceber que a minha vocação não era ser político”, recorda. As queixas e reclamações, nem sem-

pre de acordo com as competências da Junta, bem como alguma resistência de certas pessoas em colaborar para o bem comum, nomeadamente no alargamento de estradas – levou-o a essa conclusão. Agora, da distância que o tempo permite, admite que poderá não ter sido acertado descentralizar competências tão pequenas. Mas, ainda assim, reconhece que as verbas destinadas à freguesia são gastas lá, algo que poderia não acontecer com tanta facilidade se o centro da freguesia se mantivesse em Santa Catarina da Serra.

Apoio a idosos

a população idosa. Há cerca de doze anos criou o lar de idosos “Casa de Repouso de Fátima”, localizado em Fazarga. E explica que, actualmente, a questão da população idosa é “um problema muito grande porque usualmente os dois elementos do casal trabalham fora de casa, e os idosos acabam por interferir na rotina diária”. No seu entender, “os idosos têm a vida dificultada e acabam por perceber que por vezes constituem um obstáculo à vida normal dos casais”. Aliás, sustenta, “a grande maioria dos idosos não tem dificuldade em aceitar estar num lar, caso não tenham dificuldades de adaptação e se existir um bom ambiente no local onde estiverem”.

Uma outra faceta do “Chico Enfermeiro” é a sua actividade com

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ACTUALIDADE

Jantar jovem Nasceram em 1948, mas o encontro realizado há quatro anos motivou a vontade de voltar a reunir. No dia 5 de Maio, os “jovens” nascidos há 54 anos vão jantar no Solar da Loureira. “Trata-se de um convívio. Somos da mesma idade e é um reencontro”, explicaram à VOZ DA SERRA Diamantino Feitor e José Vicente, da organização do jantar. Resta dizer que a hora marcada para o início do reencontro, em forma de jantar, é às 19.

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Meio século em festa É uma antiga tradição na freguesia. No primeiro domingo de Maio, os nascidos há meio século levam a cabo a “Festa dos 50 anos”. É, como explica Jaime Pereira, ligado à organização dos festejos deste ano, uma actividade que inclui todas as pessoas que nasceram ou moram na freguesia. Contudo, são aqueles que nasceram há cinco décadas que têm a seu cargo a organização dos festejos. Trata-se de uma festa de cariz religioso que, além da missa marcada para as 14 horas de domingo, dia 5 de Maio, contará com procis-

são. Mas a animação musical, o arraial, a tradicional quermesse e o fogo-de-artíficio também vão marcar presença. Este ano vai igualmente realizar-se um ‘buffet’ que será oferecido pelas pessoas da freguesia que agora entraram no referido escalão etário. De resto, os custos desta actividade são totalmente suportados pelos organizadores e deverão chegar a aproximadamente 10 mil euros, estima Jaime Pereira. A festa vai decorrer no centro da freguesia, repartindo-se entre a igreja, o centro paroquial e as ruas da vila.


ACTUALIDADE

Fados na U.D.S. A União Desportiva da Serra organizou uma noite de fados, nas suas instalações, no passado dia 19 de Abril. A iniciativa promete repetir-se. O objectivo da actividade prende-se, sobretudo, em agradecer aos patrocinadores do clube o apoio prestado. A noite incluiu um jantar, a que se seguiu a actuação de três fadistas. O resultado desta primeira noite de fados foi positivo, razão pela qual a organização tem já agendada mais uma nova noite dedicada à canção genuinamente portuguesa. Assim, dia 17 de Maio, os fadistas voltam ao palco e mais uma vez surgirá a oportunidade de convívio entre a população.

Festa em Vale Maior Em Vale Maior prepara-se já a festa local que vai ter lugar no dia 9 de Junho. À semelhança de anos anteriores, a localidade irá acolher as actividades festivas que serão marcadas por uma missa campal por volta das 12 horas seguida de um convívio. A ideia de realizar uma festa no Vale Maior surgiu há quatro anos. Desde essa data já foi construído um nicho dedicado a S. Francisco de Assis, assim como um parque de merendas. Para a festa deste ano está prevista a inauguração de um fontanário que será uma mais valia para o parque.

Iniciativa bem sucedida

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ACTUALIDADE Regras na feira Nos terrenos onde habitualmente se realiza a feira mensal na localidade da Loureira, foram colocados, por iniciativa da Junta de Freguesia, quatro placas informando da proibição de vazar lixos, entulhos e terras. De acordo com o presidente da Jun ta d e F r e g u e s i a , Domingos Marques, esta tomada de posição foi o resultado dos abusos poluentes que se verificavam no local, tendo-se registado pressões por parte da Câmara Municipal de Leiria e dos serviços do Ministério do Ambiente, no sentido de ser resolvido o problema.

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Tasquinhas na Loureira De 25 a 28 de Abril, decorreram na Loureira as “Tasquinhas”, promovidas pela colectividade local. Além das tradicionais tasquinhas, a iniciativa, da Associação para o Desenvolvimento Social da Loureira, contou com jogos tradicionais, torneio de chinquilho, animação musical, um passeio de automóvel, ciclismo, entre outras actividades. A continuidade e o finaciamento das actividades de cariz social da colectividade são os destinos a dar aos lucros desta actividade que se prolongou por quatro dias.

O Apoio Domiciliário será uma das actividades beneficiárias dos lucros das Tasquinhas


ACTUALIDADE

Colectividades apoiadas A Junta de Freguesia de Santa Catarina da Serra aprovou a atribuição de subsídios às colectividades da freguesia. No total, o financiamento aprovado pela autarquia cifra-se em cerca de 10 mil euros. Trata-se de um apoio económico para as colectividades visando o desenvolvimento das suas actividades, explica a presidência da Junta. A Associação de Bombeiros da Serra e o Grupo de Folclore de São Guilherme foram as colectividades que contaram com um apoio mais significativo, com quase 2500 euros cada. Contudo, a verba atribuída ao rancho folclórico foi concedida para dois fins distintos.

Assim, 997 euros são destinados às actividades do agrupamento, sendo que os restantes 1.496 euros foram cedidos para a implementação da Casa-Museu. A União Desportiva da Serra foi outra das entidades apoiadas. Ao clube foi destinada uma verba de 1496 euros. Foram ainda aprovadas três tranches de cerca de mil euros a distribuir pela Casa do Povo, Grupo Desportivo e Recreativo de São Guilherme e Associação para o Desenvolvimento Social da Loureira. Por sua vez, as associações de Pedrome e Gordaria vão receber 125 euros cada.

Junta na Áustria Domingos Marques, presidente da Junta de Santa Catarina da Serra, esteve recentemente em Schardenberg, na Áustria. A deslocação do autarca, que representou a freguesia, decorreu no âmbito de uma actividade da Escola Básica Integrada de Santa Catarina da Serra. A delegação escolar era composta por professores daquele estabelecimento escolar e dois alunos e a sua deslocação aquele país da Europa teve lugar na sequência da sua participação num programa europeu de desenvolvimento escolar.

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ACTUALIDADE

Muros destruídos O incumprimento das regras de uma condução segura, provocou estragos na estrada da Fazarga, Loureira. Recentemente, dois automobilistas, em ocasiões diferentes, colidiram contra os muros das habitações de Francisco Oliveira e de António das Neves Pese embora não se tenham registado ferimentos graves na sequências dos acidentes, foram avultados os prejuízos materiais daí resultantes.

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Internet disponível Entra em funcionamento nesta primeira semana de Maio, o espaço internet da Associação para o Desenvolvimento Social da Loureira. São cinco computadores ligados à internet instalados na colectividade no âmbito do programa “Geração Millennium” e que estão à disposição da população em geral. A implementação deste programa é da responsabilidade da Fundação para a Divulgação das Tecnologias de Informação, em colaboração com o Instituto Português da Juventude e o Instituto das Comunicações de Portugal.


ACTUALIDADE

Vila há um ano Conta já com um ano de idade, a elevação de Santa Catarina da Serra à condição de vila. Foi no dia 19 de Abril de 2001 que essa promoção da povoação foi votada na Assembleia da República. A votação decorreu de um projecto apresentado a 7 de Fevereiro desse mesmo ano ao Parlamento, pelo deputado social-democrata José António Silva. E foi o decreto n.º 99/VIII de 2001/05/17 que instituiu a elevação a vila. Recorde-se que já anteriormente, em Abril de 2000, a Junta e a Assembleia de Freguesia de Santa Catarina da Serra tinham dado “luzverde” ao processo que também contou com o apoio expresso da Câmara e Assembleia de Leiria, em Maio

Foi a 19 de Abril de 2001 que a elevação a vila foi votada na Assembleia da República desse ano. A festa de elevação de Santa Catarina da Serra à condição de vila, decorreu no dia 17 de Junho de 2001.Para ser elevada a vila, uma povoação deve contar com mais de três mil eleitores, em aglomerado populacional contínuo, e possuir pelo

menos metade dos seguintes equipamentos colectivos: posto médico, farmácia, colectividades, transportes públicos colectivos, estação dos CTT, estabelecimentos comerciais e de hotelaria, estabelecimentos de ensino que ministrem escolaridade obrigatória e agência bancária.

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MEMÓRIAS

O Senhor Padre Faria Joaquim Carreira Faria nasceu na freguesia dos Pousos no dia 11 de Dezembro de 1917. Era filho de Joaquim Carreira e de Cândida de Jesus Faria. Estudou no Seminário Diocesano de Leiria e foi ordenado sacerdote no Santuário de Fátima no dia 12 de Julho de 1942 e colocado em Santa Catarina da Serra na qualidade de coadjutor do então pároco Joaquim Gonçalves Ferreira das Neves. Em 1946 o Bispo D. José Alves Correia da Silva nomeou-o pároco da já referida freguesia, onde permaneceu até à sua morte ocorrida no dia 13 de Maio de 1995. Em Janeiro de 1974 publicou o primeiro número do Boletim mensal VOZ DA SERRA de quem foi seu director e onde escrevia com regularidade sob o pseudónimo “O Fotógrafo”. Nos seus textos mostrou ser bastante conhecedor da língua portuguesa, portador de um estilo puro e vigoroso e de certa redundância gramatical, transformando os acontecimentos mais simples ocorridos nesta terra em quadros vivos e de grande beleza literária. Nas suas conversas utilizava frase feitas, de cariz filosófico e de elevado valor social e espiritual, das quais se destacam: “As vaidades aborrecem-me”; “As virtudes que eu mais aprecio são a humildade, simplicidade e sobriedade”; “O fingido é parceiro do demónio, deixa o rabo de fora; “Padre e perdão são inseparáveis, a lembrá-lo está o confessionário”; “O padre desobediente nunca fez ninguém crente”; “O povo é uma coisa abstracta e sem rosto”; “Os cérebros estão quase paralisados, nem conseguem pensar em Deus”; “O Papa é um valentão” e “Quem não é bom a rezar é fraco a trabalhar”. No dia 12 de Julho de 1992 festejou as bodas de ouro sacerdotais.

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O Padre Joaquim Carreira Faria Houve festa rija no salão paroquial a que se associaram muitos sacerdotes, religiosos e religiosas desta terra, muitos paroquianos, entidades oficiais, familiares e amigos. Nessa cerimónia fez questão em se apresentar com trajo de rigor: batina, cabeção, tricórnio com borla (chapéu eclesiástico com três bicos) capa e sapatos de fivela, tal como se vê na foto. Tinha uma memória de ferro e conhecia de nome todos os paroquianos como se fossem da sua família, ele que não tinha família mas que pertencia a todas as famílias, que se invocava como testemunha, conselheiro ou agente dos actos mais solenes das suas vidas que, durante 50 anos, ninguém aqui nasceu cristão ou morreu santificado, tomando conta do homem no seio materno, lhe benzeu o berço e o leito nupcial e não o largou sem ser na campa, na morte e o no túmulo.

Respeitava todas as instituições ou associações da freguesia e assistia com frequência aos desafios de futebol da UDS, partilhando as alegrias e tristezas do clube, e não tinha pejo em beber com os atletas na taça da vitória. Esta era uma das suas formas de ser pároco e do seu apostolado. Cultivava a simplicidade de vida e abstinha-se de tudo o que tinha ressaibos de vaidade. Nem sempre foi bem compreendido e com muita dificuldade aceitou o novo regime democrático. Não há notícia de que alguma vez tenha apoiado ou beneficiado qualquer candidatura para os órgãos autárquicos. Em 1992, e sob proposta da Junta de Freguesia, foi condecorado pela Câmara de Leiria com o galardão municipal, pela sua acção no desenvolvimento e promoção da comunidade paroquial da freguesia, processada ao longo dos seus 50 anos como pároco. Foi no seu tempo que se construiu a capela de Santa Marta, no lugar da Loureira, a capela de S. Guilherme, no lugar da Magueigia, a capela de Nossa Senhora da Natividade, no lugar do Vale Tacão e se remodelou a capela de S. Miguel, do Vale Sumo. Foi ainda no seu tempo que se concluiu a construção do antigo salão paroquial e se edificou o novo salão paroquial e se iniciou a construção do Centro de Dia. Criou a “Sopa dos Pobres” e a Instituição de Solidariedade Social designada por “Centro Social e Paroquial de Santa Catarina da Serra”. Os seus restos mortais encontram-se em campa rasa no cemitério local. DOMAR


DESPORTO

U. Serra com jogo decisivo A equipa de futebol 11 sénior da União Desportiva da Serra (UDS) está a um passo de garantir o primeiro lugar da divisão distrital de Honra de Leiria. E, neste domingo, tem um jogo decisivo no Campo da Portela. O encontro entre a formação comandada por Fernando Mateus e o Nazarenos vai decidir praticamente tudo no campeonato. Em casa, a equipa de Santa Catarina da Serra recebe o Nazarenos, o único adversário ainda com hipótese de fazer frente ao actual líder. Todos os outros há muito que ficaram para trás. A carreira da UDS, extremamente regular, rapidamente confirmou a equipa como a principal favorita à conquista do primeiro lugar, que não só atribui o título da divisão de Honra como permite o direito de promoção à III divisão nacional, onde a formação da freguesia já competiu na época de 98/99. Mas o conjunto orientado por Fernando Mateus é claramente favorito para o jogo deste domingo. Antes da última jornada - o jogo com na Praia da Vieira foi realizado já depois do fecho desta edição -, a equipa somara sete vitórias consecutivas, dando provas de ser o conjunto mais forte da divisão de Honra. Desde o início da segunda volta, a UDS alcançou um impressionante conjunto de resultados. Em dez jornadas, a equipa apenas empatou um jogo e perdeu outro, curiosamente no campo do último classificado, o Vidreiros, na 17ª ronda. Na jornada seguinte permitiu o tal empate ao Vieirense e, de então para cá, tem sido um “terror” para os adversários. Tanto em casa como fora, a UDS não dá hipóteses, ocupando naturalmente o primeiro posto. O encontro com o Nazarenos pode, por isso, ser decisivo, já que

é uma das últimas hipóteses que a equipa da Nazaré tem para reduzir a diferença para o líder. Depois terá ainda de esperar uma eventual “escorregadela” da UDS para poder alimentar algumas esperanças de chegar ao primeiro lugar. Desta para a época passada, as diferenças de produção do futebol da equipa sénior do clube de Santa Catarina da Serra são notórias. Na temporada passada, de 2000/2001, a equipa estava nesta fase em quarto lugar, praticamente sem hipóteses de chegar aos primeiros lugares, como se

comprovaria no final do campeonato. Nesta época, pelo contrário, a UDS está a mostrar uma saúde competitiva notável. Além da impressionante série de sete vitórias, é a equipa com o melhor ataque e a melhor defesa, tem o maior número de vitórias conseguidas e o menor número de derrotas. Um líder natural, portanto.

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DESPORTO

Adrenalina Todo-o-Terreno Foi a quinta edição e de acordo com os seus responsáveis, o balanço é bastante positivo. O quinto Passeio Todo o Terreno, promovido pela União Desportiva da Serra, no passado dia 5 de Abril, reuniu cerca de 150 participantes, amantes do TT, mas sobretudo das emoções fortes. A chuva, e consequente lama, foi um factor importante e que forneceu espectacularidade acrescida ao evento. De acordo com Tozé Costa, da organização do passeio, a opção de retirar os troços com piso em pedra do percurso provou ser acertada, tendo em conta a emoção e o espectáculo proporcionado pela lama e pela areia. “Correu tudo bem, os participantes gostaram, tivemos sorte com o dia. Tivemos muita lama e houve espectáculo”, refere o responsável. Provenientes da freguesia, mas também de Leiria, Marinha Grande e Ourém, os participantes distribuíram-se por 30 motos de duas rodas, outras tantas de quatro rodas, 26 jipes e 10 bicicletas todo o terreno. A alimentação, factor importante para manter a motivação e boa disposição dos participantes, também não foi negligenciada, acrescenta Tozé Costa. Perante o sucesso de mais este passeio, os seus organizadores não têm dúvidas em anunciar a realização da sexta edição em 2003. O interesse dos participantes a isso obriga, explicam.

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DESPORTO

Jovens atletas “invadem” Santa Catarina No âmbito da iniciativa da Câmara de Leiria, “Jogos de Leiria 2002”, várias centenas de alunos – 320 no dia 15 de Abril, e 405 no dia seguinte – estiveram em Santa Catarina da Serra. O futebol foi a modalidade escolhida, e os alunos do segundo e terceiro ciclos de todo o concelho estiveram no campo de futebol da União Desportiva da Serra e na Escola Básica 1,2,3 de Santa Catarina da Serra. Como explicou à VOZ DA SERRA a professora Ana Almeida, ligada à organização, a quantidade de alunos envolvidos implica um empenho reforçado da organização, sobretudo tendo em conta o número – pouco habitual na escola - de refeições preparadas.

Jogos de Leiria passaram por Santa Catarina da Serra Noutros estabelecimentos de ensino do concelho, decorreram durante toda a semana actividades

nas modalidades de BTT, basquetebol, orientação, andebol, voleibol, entre outras.

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ENSINO

Agrupamento Vertical de Escolas e Jardins da Serra Solidariedade Os alunos do 6º A da Escola Básica Integrada de Santa Catarina da Serra realizaram uma campanha de solidariedade, no âmbito da área curricular não disciplinar Formação Cívica. Nesta campanha de solidariedade conseguiram recolher roupas, calçado, livros, brinquedos e material escolar. A turma deslocou-se ao Centro de Apoio a Deficientes Profundos João Paulo II, a fim de entregar o produto recolhido. Visitaram uma das 16 residências existentes e uma das salas de estudo. Viram o trabalho realizado nessa sala de aula e concluíram que poderiam dizer “O deficiente é nosso irmão. Amá-lo é servi-lo com amor”.

Actividades no mês de Abril Participação no concurso promovido pela Câmar Municipal de Leiria “Vamos à musica”: na 7ª sessão – Percursões e materiais reci-

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clados, e na 8ª sessão - Guitarras eléctricas ; Participação nos jogos de Leiria, de âmbito distrital, de 15 a 19 (a escola é anfitriã nos dias 15 e 16 na modalidade futebol; Acção de Formação “Informação sexual” – 7º ano; Participação no jogo do 24; Deslocação de um grupo de alunos à Áustria, integrado nas actividades do projecto Europeu “Sócrates Comenius”; Semana temática “Direitos do Homem”; Sessão de cinema; Peddy Paper; Comemoração das seguintes datas: Dia da Terra Dia Mundial do Livro e direitos do autor Dia da Liberdade (25 de Abril) Dia do Trabalhador

Visita de estudo à Valorlis

No dia 5 de Março, os alunos das turmas B e C da escola do 1º CEB de Loureira deslocaram-se à Valorlis e a uma fábrica de reciclagem de plástico, na Gândara, a fim de realizarem uma visita de estudo. Turma C

O circo veio à escola O circo veio à nossa escola. O espectáculo foi apresentado no salão da associação da localidade. Lá, vimos muitos números de magia, que nos deixaram impressionados e muito curiosos. O palhaço Costinha fez-nos rir às gargalhadas por causa das suas brincadeiras. Nós gostaríamos que o circo viesse mais vezes, porque foi um dia diferente, do qual gostámos muito.


OPINIÃO

Ainda o Dinamismo

António Rodrigues Aproveitando a embalagem das recentes campanhas eleitorais, muito se continua a falar do dinamismo que a nossa freguesia revela nos mais diferentes sectores da sua actividade, para justificar o progresso e o desenvolvimento, particularmente evidente para quem esteve algum tempo fora da terra. É um facto indesmentível, que o “boom” de prosperidade, com reflexos no nível de vida das pessoas, a que temos assistido no País e no concelho, foi mais sentido nesta freguesia, muito por culpa do maior atraso, em que, por motivos políticos/estratégicos e de periferia, estamos condenados. Não é menos verdade que, toda esta inversão de valores, se deu em contraciclo com o que é normal, tendo sido a sociedade civil e as colectividades particulares, no seu conjunto, a assumir as rédeas do progresso, obrigando o poder democraticamente instituído, a um grande esforço, para não perder o comboio, e ficar à margem da fotografia, amarrado que está, à teia burocrática e à falta de condições compatíveis com as novas exigências. Faço notar que, nesta reflexão, apenas uma das centenas de opiniões sobre o mesmo assunto, não cabe qualquer crítica pessoal seja a quem for, mas apenas uma constatação daquilo que passa para os cidadãos, e um alerta para a desinformação, sobre o esforço e dedicação diários, de quem tem a tarefa inatingível, de agradar a todos. Não

há nenhum mal, bem pelo contrário, no dinamismo das populações, dos seus investimentos, e o que isso gera em termos de prosperidade. É pena, isso sim, que o sector público não possa aproveitar essa dinâmica, para abrir maiores e melhores condições, em vez de se esconder atrás das burocracias crónicas que minam o desenvolvimento. Penso que a informação que chega à generalidade das pessoas, sobre as diligências desenvolvidas, é muito escassa, e demasiado distorcida, o que provoca ilações incorrectas e juízos infundados, do que está verdadeiramente em causa, e onde moram as dificuldades para fazer mais e melhor. Porque não divulgar regularmente os projectos a desenvolver? Talvez assim, pudéssemos saber qual tem sido o papel da cada um dos intervenientes nos processos de decisão, as propostas que apresentam e as que reprovam e as dificuldades que invocam. Dir-meão que há sessões públicas, e, todos os interessados a elas têm acesso, mas, não é menos verdade, que nas campanhas eleitorais, não precisamos de sair de casa para ter todo o tipo de informação. Nesta reflexão, não posso esquecer as colectividades da freguesia que, à medida da sua implantação, têm tentado ser a alternativa. Con-

tinuo a pensar que é através das pequenas associações de lugar, e da sua dinamização, que podemos manter ou reforçar, os valores da solidariedade, da amizade, da convivência e tolerância, que se vão afastando dos lugares, na relação inversão ao seu crescimento. Santa Catarina da Serra já não tem vergonha de si própria. Temos muitas empresas e colectividades que nos seus sectores, são uma referência a nível nacional, e que, os utilizadores da auto-estrada e outros passantes, poderiam associar à igreja bonita daquela povoação, algures entre Leiria e Fátima. Porque não um painel que lhes identifique, claramente, a nossa freguesia?

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LUBRIFÁTIMA

Negócio sobre rodas Empresa do mês Designação Lubrifátima, Sociedade de representações, Lda.

Data de fundação Dia 22 de Fevereiro de 1979, ficando sediada na Avenida Dom José Alves Correia da Silva, Fátima.

Volume de negócios Cerca de 2 milhões de euros em 2001

Funcionários 6 Outros dados As instalações da Lubrifátima situam-se na Estrada da Batalha. A sua actividade é vocacionada para o comércio de pneus e lubrificantes e para a assistência técnica.

José Augusto Antunes, sócio-gerente Não é de agora a sua incursão na área de negócios dos lubrificantes. Já em 1976, José Augusto Antunes, natural de Santa Catarina da Serra, vendia lubrificantes numa empresa situada nos arredores da cidade de Leiria. Depois de vários anos de trabalho por conta de outrem, decidiu enveredar pela aventura empreendedora, avançando com o seu próprio negócio. Neste esforço, uniu energias com um seu amigo, Francisco Custódio, que era proprietário de um posto de abastecimento de combustíveis. Juntos decidiram fundar a Lubrifátima, sediada em Fátima. Quando iniciou a sua actividade, em 1979, a empresa dedicou-se ao fornecimento de vários produtos e serviços directamente ligados com o sector automóvel. A saber: lubrificantes, pneus e bate-

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rias. O crescimento da actividade e consequente incremento do volume de trabalho tornaram inevitável a entrega do ramo das baterias a outra empresa, explica José Augusto Antunes. Em 1993, registou-se uma alteração na composição da empresa. Francisco Custódio saiu e a sua esposa passou a ser o segundo parceiro da sociedade. O crescimento conseguido nos últimos anos fica a dever-se, sobretudo, "ao dinamismo, à experiência e bom relacionamento", refere o sócio gerente, José Augusto Antunes. Por outro lado, a empresa tem acompanhado o avanço tecnológico nos serviços prestados, acrescenta. Contudo, com as suas instalações sediadas no centro de Fátima, tornava-se difícil prestar o serviço adequado a viaturas de grande

porte. Assim, há cerca de dois anos – em Maio de 2000 – "tomamos a decisão de avançar para novas e melhoradas instalações", refere. Foi um espaço estudado de raiz de forma a permitir a prestação dos serviços adequados aos clientes que a empresa pretende servir, diz ainda. Na altura, a decisão de avançar com novas instalações – situadas na estrada da Batalha, perto da entrada na cidade de Fátima, implicou um investimento avultado, cifrado em cerca de um milhão de euros. Agora, a prioridade é trabalhar para recuperar e rentabilizar esse investimento e fidelizar os clientes, acrescenta José Augusto Antunes. Ainda assim, salienta que continuará a ser sua preocupação que a empresa continue a alargar o leque de serviços disponibilizados.




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