vozdaserra2002.09

Page 1

Empresa do mês: Socoliro, Construções, S.A. Pág. 27

Hermínio Vieira empresário de sucesso no Brasil Revista da Freguesia de Santa Catarina da Serra

“Ser vila é como ter gravata” Pág. 6, 7 e 8

Esta revista é um suplemento local que integra a edição n.º 3415, de 6 de Setembro de 2002, do Semanário REGIÃO DE LEIRIA e não pode ser vendida separadamente.

Pág. 12



FÓRUM FICHA TÉCNICA

INDICE

Planos em entrevista DIRECTOR: Francisco Rebelo dos Santos DIRECTOR-ADJUNTO: Pedro Costa

Histórias da História

4

EDIÇÃO: Carlos Santos Almeida

Entrevista: Domingos Marques

06 a 08

CONSELHO DINAMIZADOR:

Rancho faz balanço

09

Festa na Quinta

10

Festas na vila

11

Armando Costa Armindo Neves David Vieira Domingos Neves Fausto Neves

Perfil: Hermínio Vieira

12 e 13

Jaime Silva

Estrada alargada

14

Agricultores em festa

15

Associação da Loureira

16

Na fronteira da freguesia

18

Leilões em destaque

20

UDS recebe Praia da Vieira

22

Joaquim Rodrigues Jorge Primitivo José Augusto Antunes José Carlos Rodrigues Lino Pereira Manuel Silva TEXTOS: Carlos S. Almeida Sónia Gomes FOTOGRAFIA: Joaquim Dâmaso e arquivo do REGIÃO DE LEIRIA PAGINAÇÃO: Departamento Gráfico do Região de Leiria

Educação Socoliro: construção sólida

24 e 25

27

PUBLICIDADE: Lídia Órfão Tereso PATROCINADORES PERMANENTES: Junta de Freguesia de Santa Catarina da Serra

Participe

LubriFátima Socoliro Maia – A. Ferreira das Neves Herdeiros, Lda. Armindo Pereira e Neves, Lda. Hiperclima Construtora do Lena JRP J. Primitivo Madeiras, S.A. Manuel da Costa e Silva, Lda. Construções J.J.R. & Filhos, S.A. Lenobetão

IMPRESSÃO: Mirandela SA TIRAGEM: 2.500 exemplares

Esta revista é um suplemento local que integra a edição n.º 3415, de 6 de Setembro de 2002, do Semanário REGIÃO DE LEIRIA e não pode ser vendida separadamente.

A sua opinião conta. A VOZ DA SERRA tem em funcionamento um Ponto de Apoio ao Leitor na Papelaria Bemposta, no centro da vila de Santa Catarina da Serra. Porque a participação activa dos nossos leitores é essencial, agora existe um local onde pode deixar as sugestões de assuntos que gostaria de ver abordados, textos para publicação, pagamento de assinaturas e entrega de publicidade. A interactividade com o leitor é uma das nossas preocupações. Ajude-nos participando.

Os projectos de quem tem como função – aliás, sufragada entre a comunidade – de liderar os destinos locais, são enunciados na edição deste mês da VOZ DA SERRA. Em entrevista, Domingos Marques, presidente da Junta de Freguesia de Santa Catarina da Serra, delineia as principais metas para o futuro da freguesia. E faz o balanço da sua actividade nos últimos 12 anos, à frente dos destinos da Junta. De igual forma, dá-se conta do percurso de mais um “filho da terra” que escolheu outro palco para procurar a realização p e s s o a l . H e r m í n i o Vi e i r a , importante actor da economia brasileira, não esquece as raízes e não se escusa a tecer os mais rasgados elogios ao seu país e à sua terra Natal. Agora que o regresso de férias é uma realidade, antevemos as principais novidades do início de mais um ano lectivo na Escola EB123 de Santa Catarina da Serra. A aposta na diversificação curricular é um dos aspectos em relevo numa escola cada vez mais preocupada em fornecer a educação necessária a enfrentar um mundo crescentemente competitivo.

Rectificação Na última edição da VOZ DA SERRA, na página 8, na notícia intitulada “Solidariedade com o David”, foi erradamente identificada a doença oncológica de que padece a criança focada no artigo. Assim, a doença denomina-se “retinoblastoma” e não “retinoplastoma” como por lapso foi identificada. Pelo facto, pedimos desculpa aos visados e aos nossos leitores.

3


TRIBUNA

Histórias da História (As Capelas de S. Guilherme)

Domingos Marques Nos meus apontamentos registam-se três capelas dedicadas a S. Guilherme, uma no Pedrome e duas na Magueigia.

Capela (1) do Pedrome No Casal da Magueigia (Magueixia, como antigamente se escrevia), entre os lugares do Pedrome, Ulmeiro e Sirois, existiu uma capela da invocação de S. Guilherme, advogado para maleitas. Tinha vigília com festa (vigília é meia confraria). Aí esteve instituída a Confraria das Almas. Foi de muita romagem e teve ermitão (religioso que vive em ermo). Nela se encontravam as imagens de S. Guilherme, S. Silvestre, Senhora da Encarnação e Santo António, escultura em pedra, sem o menino, do tipo popular quinhentista, e foram guardadas na Igreja Paroquial quando esta foi abandonada do culto católico, por volta do ano de 1757 e a confraria das Almas transferida para a capela do Casal do Salgueiro. Só foi extinta depois de 1758, conforme o relato de João Pedro.

Capela (2) da Magueigia Para o lugar de Sirois veio residir o José Antunes das Neves, que nasceu em 1817 no lugar do Lavradio, freguesia de Espite, para casar em primeiras núpcias com a Inácia de Jesus. O casal teve duas filhas, a Maria de Jesus que casou em Junho de 1871 com Nazário Antunes (exposto da Santa Casa da Misericórdia de

4

Leiria) e Ana de Jesus que casou com Francisco Rodrigues, da Barrocaria. No mês de Março de 1872 ficou viúvo, voltando a casar, em segundas núpcias, no dia 18 de Agosto de 1882, com Teresa Gonçalves, do Ulmeiro. Era filho de Joaquim Antunes e de Maria das Neves e residiu em Sirois até à sua morte ocorrida em 27.02.1909 Os documentos a que tive acesso não se referem aos grau de instrução deste nosso antepassado mas, de acordo com os manuscritos que nos deixou, teria sido um homem de letras, de grandes conhecimentos literários, com uma óptima e bem perceptível caligrafia e actual. Foi cirurgiãosangradoiro, com cura de maleitas com bichas e sanguessugas. O documento mais antigo que possuo foi por si dactilografado no dia 24 de Junho de 1878 onde, a Junta de Paróquia constituída por José da Costa, do Vale Sumo e Manuel Marques, da Magueigia, deram posse ao padre Bento Ferreira da Silva, encomendado pároco de Santa Catarina da Serra por carta do Ex.mo Senhor Vigário Capitular desta diocese, datada do dia 18 do referido mês de Junho. Mesmo sendo um homem bom e amigo da freguesia que escolheu para viver, também teve alguns problemas e foi alvo de intrigas até ser acusado por morte de homem e, num momento de aflição, ali para os lados da Charneca do Bailhadouro pediu a protecção do Santo nos seguintes termos: “Ó São Guilherme da minha esperança, se for descoberta a verdade, prometo fazer-vos uma capela tão grande quanto bonde para deitar as águas dos seus beirais para o rio Tejo e para o rio de Leiria”

O homem foi libertado e no mês de Fevereiro de 1892 começaram os trabalhos da construção da capela de S. Guilherme no olival que possuía junto às casa do Brás, da Magueigia, no local onde se encontra. Ali estava o marco divisório dos termos de Leiria e Ourem. No mês de Fevereiro de 1892 começaram os primeiros trabalhos de pedreiro e canteiro que tiveram por mestres o Manuel Vicente e o Justino, da Chaínça. No dia primeiro de Dezembro de 1892 o cirurgião entregou ao padre Joaquim Pereira Gonçalves um cálice para as missas da capela com a recomendação de não sair dali para outra capela. Em Outubro de 1896 foi terminada a primeira fase da construção e no dia 15 de Novembro imediato se realizaram os primeiros festejos em acção de graças em honra de S. Guilherme, S. Silvestre, Santo António e Senhora da Encarnação, cujas imagens pertenceram à antiga capela do Pedrome e que estiveram na igreja até àquela data donde vieram em procissão para a nova capela, tendo sido acompanhadas por muito povo, a música de Ourém, o capelão das Almas (padre Joaquim Pereira), seu sobrinho padre Joaquim Gonçalves Pereira das Neves e o pároco Francisco da Gama Reis, que procedeu à benção do templo com a colocação das imagens nos seus lugares e no fim se fez a benção dos gados de quem é advogado S. Silvestre Esta capela foi espaço de oração para os moradores dos lugares do Pedrome, Magueigia, Ulmeiro e Sirois, tendo sido demolida no ano de 1979. Continua no próximo número



ENTREVISTA

“Não vamos fazer milagres” enfrentei quatro eleições consecutivas e obtive sempre maioria, com votações na ordem dos 60 a 70 por cento. Tive sempre seis membros na Assembleia de Freguesia e três membros na Junta de freguesia.

O que é que destaca dos 12 anos de trabalho na autarquia? Quando vim para a Junta – o que não quer dizer que os outros faziam mais ou menos, pois cada qual fazia o que podia uma vez que este é um cargo muito difícil – não tinha uma pá para trabalhar. Mas também não tinha onde a guardar. E a nível administrativo tinha apenas uma velha máquina de escrever. Depois fui comprando máquinas para o escritório e para os arruamentos. Fiz alguns barracões, contratei pessoal e comecei a arranjar os caminhos dentro das possibilidades financeiras. Comecei pelas escolas e pelos caminhos. Lembro-me de uma escola primária da freguesia, onde, de uma só vez, mandei fazer nove portas, porque as instalações sanitárias nem portas tinham.

Há 12 anos à frente dos destinos da Junta de Freguesia, Domingos Marques, em entrevista, faz o balanço da sua actividade autárquica e traça os objectivos para o futuro da vila. Desporto, indústria e saneamento são as prioridades do autarca que garante que a sua carreira política só passa pelo trabalho na Junta. Qual o balanço que faz da sua acção nestes 12 anos à frente da Junta de freguesia de Santa Catarina da Serra? Estou por cá há 12 anos, já

6

Quais foram as grandes dificuldades e as grandes vitórias? As dificuldades são sempre grandes e prendem-se com o dinheiro. Mas a minha primeira iniciativa, que trouxe da campanha, foi a construção da escola EB 123. E foi um êxito. A Junta de freguesia comprou o terreno, realizou-se uma candidatura e a Câmara fez a escola. E depois fizemos um Jardim de Infância que estava para ser construído num local que achamos não ser o melhor. Compramos um terreno na Loureira e fez-se o Jardim Escola. Mais tarde foi preciso transformar uma escola primária num jardim de infância, na Pinheiria. E a obra fez-se por parte da Junta de freguesia, por delegação de competências da Câmara. Remodelamos tudo na sede de freguesia a nível de pavimentos.

Algumas obras foram igualmente realizadas pela paróquia. É o caso do Centro de Dia, que pertence à Santa Casa da Misericórdia de Leiria. O salão paroquial já estava em construção, mas os pavimentos estavam em terra batida. A minha preocupação era colocar calçada ou alcatrão. Mais tarde consegui adquirir um terreno por dois mil contos, onde foi construído um edifício sob a responsabilidade da Junta de Freguesia. Os lucros do prédio possibilitaram a construção de uma casa mortuária, que custou cerca de 18 mil contos. Conseguimos ainda a instalação de uma delegação bancária que não existia. Fizemos uma zona comercial. Melhoramos a sede de freguesia. E outros lugares da freguesia também. Por exemplo o Casal da Fartaria. Ninguém sabia onde era, conseguimos arranjar o caminho e asfaltamos toda a povoação, fizemos grande alcatroamentos no Pedrome. A estrada que liga a Quinta da Sardinha a Fátima também contou com o nosso envolvimento, bem como a via que liga a Quinta da Sardinha ao Vale Tacão e as estradas de ligação ao Vale Sumo. Enfim, fizemos muito trabalho mas que é sempre pouco para esta freguesia que é muito dinâmica. O que é que falta fazer? Qual é o seu principal objectivo? O saneamento. Quando entrei para a Junta de Freguesia decorriam os trabalhos de abastecimento de água. E enfrentei vários problemas por causa do facto dos caminhos terem ficado danificados, mas resolvemos isso. O Casal da Estortiga não tinha um plano de água, também conseguimos que para aí fosse água. E agora temos o desafio de conseguir o saneamento. A presidente de Câmara diz-nos que o saneamento vem para Santa Catarina da Serra entre 2003 e 2004. Nós esperamos pelo saneamento e não desistimos enquanto tal não for rea-


ENTREVISTA lidade. Mas também compreendo que as coisas não se podem fazer todas ao mesmo tempo. Sei que o saneamento já está nos Pousos e Caranguejeira e virá para Santa Catarina. É que o emissário será nas Olhalvas e não fazia sentido fazer o saneamento em Santa Catarina da Serra se não avançasse na Caranguejeira ou nos Pousos. Continuamos a ter uma grande preocupação que é a área desportiva. Inicialmente, o argumento da Câmara era de que não tínhamos terreno, o que de facto era verdade. E se em algumas freguesias há proprietários que cedem os terrenos para a construção de pavilhões e piscinas, tal não se verifica em Santa Catarina da Serra, porque aqui os terrenos são muito caros. Assim, tivemos de desenvolver um processo no sentido de considerar o terreno de interesse para a freguesia. O Secretário de Estado assinou o processo. Actualmente estamos na posse do terreno e a União Desportiva da Serra ou a Câmara de Leiria irão fazer o resto. E já temos a certeza de que vamos ter uma área desportiva. Pode demorar algum tempo, mas vamos tendo calma, sendo compreensivos, porque nem sempre a autarquia tem dinheiro para tudo. A Câmara já teve de avançar com 29.500 contos para pagar o terreno e não se sabe se terá de dar mais. Se o tribunal avaliar o terreno num valor superior, a Câmara terá de dar a diferença. Agora estamos a começar a trabalhar – e já falei com alguns empresários nesse sentido – para que se reunam e para que nos desloquemos à Câmara para reivindicar que venham para a freguesia espaços para podermos desenvolver a nossa indústria.

pessoas e ao fim de dez anos faz as contas e verifica que dá prejuízo e vai-se embora, ficando os trabalhadores no desemprego. Isso não interessa. Queremos espaços, que podem ser em toda a freguesia, para que quem se queira estabelecer possa construir instalações que permitam o emprego de 20 a 30 trabalhadores. Isso é que é importante para a freguesia.

Pretende a criação de uma zona industrial? Eu não lhe chamaria bem uma zona industrial. Nós queremos ter espaços para construir pavilhões dedicados à indústria. Numa zona industrial poderá vir, por exemplo, um americano que emprega 500

Apesar de ser só uma questão de prestígio, tem ajudado? Tem ajudado e há-de ajudar. Não cai tudo do céu ao mesmo tempo. Vamos tendo uma base de apoio e hoje já se diz “a vila de Santa Catarina da Serra”. Mas aqui há dois ou três anos dizia-se “ a zona rural dos

Santa Catarina da Serra não necessita de investimento exterior? Tem “prata da casa” de peso? Temos grandes empresas. Algumas têm instalações fora da terra. E em conversa com os empresários deram-me conta que queriam trazer as instalações para a freguesia. A nível de sede social, essas empresas estão em Santa Catarina da Serra, e os impostos revertem para Leiria. Mas as instalações não estão cá. E esses empresários queriam que houvesse abertura para que pudessem instalar cá as suas instalações. Um dos seus projectos, que se concretizou, foi a elevação a vila de Santa Catarina da Serra. Qual é o balanço que faz dessa medida? Santa Catarina da Serra merecia ser vista de outra maneira. Costumo dizer que ser vila é como ter uma gravata, uma vez que a divisão administrativa é a freguesia. Mas o nome de vila já nos valeu de alguma coisa. Quando íamos a Lisboa falar com responsáveis governamentais, falávamos na vila. E dizíamos, “senhor Secretário de Estado ou senhor Ministro, a nossa vila é pequena e tem de nos ajudar a criar a nossa vila”.

serranos”. Hoje ninguém diz “serranos”, mas antes “vila de Santa Catarina da Serra”. Embora pobre e pequenina, é a nossa vila. É usual dizer-se que as Juntas de Freguesias deviam ter mais competências, mas o que têm de menos é o dinheiro. É assim? É verdade. É necessário ter uma grande vontade e capacidade de encaixe para ser presidente de Junta de Freguesia. Eu estive fora da freguesia durante 36 anos. Nunca me meti na política. Nunca me passou pela cabeça ser autarca. Apesar do meu avô o ter sido. Mas convidaram-me. E eu disse que haveria de fazer alguma coisa pela minha terra. Quando vim para a freguesia, foi com toda a bagagem, para ficar e tentar resolver alguns problemas da nossa terra. Certamente não vou resolver todos. Que não se pense que tenho uma varinha mágica, que não tenho. E quem não tiver espírito de autarca, é melhor não vir para cá. A autarquia começa na soleira da porta do presidente de Junta de Freguesia. Não começa na Câmara. É à soleira da porta do presidente de Junta que todos vão bater, pelas coisas mais insignificantes ou maiores, que nada têm a ver com a Junta. As pessoas revêem-se no presidente de Junta. Podem não ser de partido do presidente da Junta, podem ser da oposição, mas é lá que todos vão. Assim, depois de ganhar as eleições, o presidente de Junta deve arrumar a bandeira do partido e andar em frente. Contudo, quando é na candidatura devemos ter um partido. Eu não acredito nos independentes. Isso é uma farsa. Também o Hitler era independente, começou de mansinho e acabou como ditador. Se um indivíduo é comunista, socialista ou social-democrata, todos sabem qual é a sua filosofia. Mas se for independente, ninguém sabe o que ele é. Temos saber quais são os projectos de vida que defendem. Um independente não tem projectos de vida, está sozinho. Na Assembleia Municipal, em que os presidentes de

7


ENTREVISTA Junta têm assento, o independente fica no fundo, porque não tem base de apoio. Isso não funciona. Não acredito e não dou aval a nenhuma candidatura de independentes. O que é que a população pode esperar da sua acção até ao final do mandato? Aquilo que eu espero. Ou seja, tentar fazer o melhor. Não vamos fazer milagres. A título pessoal, o que mudou na sua vida por ser autarca ? Mudou muito. Eu vinha de uma profissão que nada tem a ver com estas coisas, e estava a concluir a minha licenciatura em Engenharia Electrotécnica. Faltava-me concluir duas cadeiras, e vim para cá. Adaptei-me à vida do campo. E hoje não me sinto bem em Lisboa, cidade onde vivi 35 anos. Agora Santa Catarina da Serra ... É a minha terra e a minha universidade. E digo em jeito de graça, que estou a entrar para a universidade. É o ano zero, não há dinheiro para gastar. Leiria tem grandes obras em execução, e é natural que isso se reflicta nas freguesias. Para concretizar o projecto que tem para Santa Catarina da Serra, até quando precisa de estar à frente dos destinos da freguesia? Isso nunca se sabe. Tanto posso estar agora e amanhã não estar, como estar mais três ou quatro anos. Eu sinto-me bem e com saúde e nunca vi fugir o apoio dos moradores. Nunca sei quando é o fim. Pode acabar amanhã, como pode acabar dentro de três anos ou mais tempo. É conhecido o seu livro sobre Santa Catarina da Serra e a sua propensão para escrever. Há mais algum projecto na calha? Tenho material suficiente para fazer outro livro. Terei de completar o livro que já publiquei, que está incompleto e tem algumas coisas que não estão perfeitas. E penso que

8

o vou fazer antes de terminar este mandato. A nível político satisfaz-se com a actividade autárquica, ou tem outros projectos? Não me venham desafiar para vereador ou deputado, que eu não aceito. Quando sair de presidente de Junta é para acabar a actividade política. Como é a dinâmica associativa da freguesia ? Tem uma dinâmica muito grande, mas sente-se a falta de dinheiro. Temos associações que têm poucos sócios e existem dificuldades de nomeação dos corpos gerentes. Mas vão vivendo. A Junta de freguesia apoia economicamente todas as associações mas tem critérios, que se baseiam na representatividade da associação para a freguesia. A União Desportiva da Serra é uma associação que abrange toda a freguesia e que vai levar o nome da freguesia bem longe. Certamente o apoio económico terá de ser um pouco diferente dos outros. Da mesma forma, o Rancho Folclórico de São Guilherme vai ao estrangeiro e leva o nome de Santa Catarina para todo o lado, tem de ser apoiado. E os Bombeiros – que eu ajudei a criar – desempenham um papel importante na assistência e transporte de doentes, devem contar com uma atenção especial da Junta. As outras associações que não têm uma implantação muito grande fora da freguesia, devem de ter um apoio mais magro. Todos os anos atribuímos às colectividades dez por cento do Fundo de Financiamento para as Freguesias. Estes critérios nunca foram escritos mas entretanto já foram apresentados em reunião da Junta de Freguesia. São estes os critérios, salvo se existirem situações extraordinárias.

Ao nível da segurança, existe um projecto conjunto com outras Juntas de Freguesia para a criação

de um quartel da GNR. Esta é uma preocupação que se mantém? Sim. Quando começou a surgir a questão, todas as freguesias reclamavam a construção de um quartel. E porque isso não era viável, fiz a proposta de se fazer um quartel na zona dos Cardosos, uma população que pertence às três freguesias. Aliás, quando há uns anos atrás se fez um pavilhão gimnodesportivo numa freguesia vizinha e mais tarde se construiu uma piscina, eu disse ao presidente da Câmara que essa era uma má política. Argumentei que os equipamentos fossem construídos nos Cardosos para servir as várias freguesias. A Câmara não tem dinheiro para fazer pavilhões ou piscinas para todas as freguesias. Santa Catarina tem sido prejudicada por estar perto de Fátima e simultaneamente distante de Leiria? Certamente que temos alguns benefícios por estar perto de Fátima. Pelo menos ao nível do trabalho. Muitas pessoas da terra vão trabalhar para Fátima e antes de existir a escola os alunos iam para lá. E actualmente muitos ainda vão para Fátima. Mas também temos alguns prejuízos, pois vem dali muita coisa que se não estivéssemos perto de Fátima, não ocorria. Por exemplo, se houver um assalto na Loureira, não nos podemos queixar à polícia de Fátima, que não vem cá. Temos de nos queixar à GNR de Leiria, que fica muito longe e não vem cá.

Apesar de estar longe de Leiria, Santa Catarina tem mais afinidades com Leiria, ou é o contrário? Não. Temos poucas afinidades com Fátima. Porque os problemas arrastam-se. Posições que se tomaram no tempo dos nossos avós e bisavós, que se prendem com limites de concelho e freguesia, ainda de arrastam. E o povo não esquece e não perdoa. As nossas afinidades são todas com Leiria.


ACTUALIDADE

Época alta Está a terminar mais um temporada de actuações do Rancho Folclórico de São Guilherme. Uma época que teve o seu ponto alto no verão e sobretudo durante o mês de Agosto. De acordo com Joaquim Mendes, um dos responsáveis do agrupamento, o rancho teve uma época preenchida, realçando as deslocações realizadas em Tavira ( a 13 de Julho, no Festival de Santo Estevão), Sintra ( no Festival de São João das Lampas, a 3 de Agosto), Viana do Castelo (no Festival de Lanheses, a 10 de Agosto) e Ovar, (no Festival de Válega, no passado dia 18 de Agosto). “O rancho foi muito bem acolhido em todo o país, recolhendo rasgados elogios”, refere. Aquelas foram deslocações que permitiram o contacto com grupos de grande qualidade, “onde nos integramos perfeitamente”, diz Joaquim Mendes. Realça ainda que a introdução do jogo do pau no repertório do rancho lhe conferiu uma mais valia em termos de representação etnográfica, reconhecida por todos. E no que se refere à próxima época – que o rancho vai preparar com a realização de vários ensaios – “gostaríamos de contar com um maior envolvimento da população

Museu em 2003 A nova época é ainda marcada pelos projectos museológicos que estão em fase de concretização. Para já, está já formalizada a compra do terreno onde irá funcionar a Casa Museu. “Já é pertença do grupo folclórico”, assegura Joaquim Mendes. Entretanto, os responsáveis do agrupamento esperam poder contar com a abertura da Casa Museu durante a primavera de 2003. Para já, está a decorrer a inventariação e catalogação do

da freguesia”. Joaquim Mendes refere-se à necessidade do agrupamento contar com mais elementos dispostos a colaborar ao nível das danças, tocata ou qualquer outro aspecto da vida do agrupamento. “É necessária a rotatividade dos elementos do rancho, sob pena de

surgir a desmotivação consequência do cansaço”, explica. Apesar de tudo, as deslocações do rancho implicam já uma mobilização na ordem das 50 pessoas, entre as quais se contam elementos do rancho e acompanhantes que prestam o seu apoio.

espólio. E até ao final do ano “vamos iniciar a beneficiação da casa”, diz Joaquim Mendes. Uma intervenção que vai incidir ao nível da cobertura, da componente eléctrica, sistema de detecção de incêndios, entre outros. Entretanto, este responsável revela que está a ser ponderada a possibilidade de avançar com a concretização de um novo edifício no espaço ainda disponível do terreno. O projecto que está a ser equacionado deixa em aberto a possibilidade de aí construir um novo edifício sede, que seria igualmente usado para a realização

dos ensaios, exposições, entre outras actividades. “Será uma realidade independente da casa museu e avançará consoante a disponibilidade financeira do agrupamento” refere. Nos próximos dias 29 e 30 de Setembro, o rancho comemora o seu 39º aniversário. Tasquinhas, musica e a actuação de vários agrupamentos folclóricos marcam a festa que vai decorrer junto à actual sede e à capela de São Guilherme. Aí decorrerá a última actuação do Rancho Folclórico de São Guilherme esta temporada.

9


ACTUALIDADE

Tasquinhas na Quinta do Salgueiro Pelo segundo ano consecutivo a Quinta do Salgueiro acolheu as tasquinhas,que se realizaram nos dias 9, 10 e 11 de Agosto. O evento teve lugar num espaço aberto pertencente à casa da quinta e foi da responsabilidade de uma comissão de moradores da terra nomeada o ano passado. Da ementa fizeram parte os tradicionais pratos servidos na serra tais como as febras assadas, a morcela, o borrego, chicharos e as migas. O objectivo deste evento foi fundamentalmente "a angariação de fundos para a reconstrução da capela da Quinta do Salgueiro", tal como contou à VOZ DA SERRA um dos membros da organização. Esta capela, tal como toda a

10

quinta, têm um longo e rico passado histórico, sendo esse o motivo que levou a população local e a Junta de Freguesia a unirem-se num esforço conjunto de preservação da capela. Sendo assim, e desde que a capela foi oficialmente Junta de Freguesia que têm sido dados os primeiros passos. "A Junta começou pelo mais elementar", referiu Domingos Neves, Presidente da Junta de Freguesia. Como a capela foi assaltada há pouco tempo foi necessário começar pelo mais básico tal como colocar as pedras no pavimento, que também foram furtadas. No Domingo, dia 11, foi inclusivamente celebrada uma missa na capela pelo Reverendo Pe. Manuel João da

ordem dos Combonianos que benzeu os vasos sagrados e vestes paramentais ficando estes a "fazer parte do património desta capela".


ACTUALIDADE

Festas do sagrado coração de Jesus Santa Catarina da Serra esteve em festa durante os dias 17, 18 e 19 de Agosto. Os festejos realizaram-se em honra do Sagrado Coração de Jesus tendo sido a organização da responsabilidade dos santa catarinenses nascidos a 1962. Do programa fizeram parte vários artistas que animaram as noites de sábado, domingo e segunda-feira. De entre alguns deles destacaramse as entertainers- um grupo de jovens cantoras de Santa Catarinaque brilharam na noite de domingo. A cantora brasileira Vanessa Reis actuou na noite de segunda, e escolheu Santa Catarina para começar a sua carreira. Esta noite contou ainda com o habitual fogo de artifício e o sorteio das rifas. A Festa do Sagrado Coração de Jesus é uma festa já bem conhecida, dado que já se realiza há muitos anos. Esta é, além do mais, a maior festa da freguesia e por isso tomou já o apelido de "Festa Grande". No entanto, desde há seis anos que a organização dos festejos é da responsabilidade dos chamados "Jovens dos 40", ou seja, os Santa Catarinenses com 40 anos de idade. A VOZ DA SERRA falou com Adelino Emílio, festeiro, que fez um balanço positivo de toda a festa. A organização acarretou muito trabalho, mas “valeu a pena”, diz. “Foi muito bonito encontrarmo-nos outra vez”, adiantou, referindo-se aos elementos da organização. Muitos já não e encontravam desde os 20 anos, altura em que organizaram os festejos de então. “Houve poucos a participar, mas sentiu-se que quem participou cumpriu a sua missão. Foram poucos mas bons”, adiantou Adelino Emílio. Entretanto, os elementos da organização preparam já um novo encontro, a decorrer sob a forma de um jantar que além do convívio, permitirá o acerto das contas relativas aos festejos.

11


PERFIL

Sucesso do outro lado do Atlântico

Hermínio Vieira, rumou ao Brasil com apenas 16 anos de idade

12

Em Janeiro de 1960 decidiu rumar ao Brasil. Tinha 16 anos e os seus pais temiam que lhe acontecesse algo na guerra de Ultramar. Em vez disso, acabou por encontrar o sucesso no país irmão, que lhe serviu de refúgio. No Brasil construiu a sua vida. E mais de 42 anos depois de se ter fixado do outro lado do Atlântico, Hermínio Vieira, natural de Santa Catarina da Serra, faz um balanço positivo de uma aventura que lhe concedeu o papel de empresário de sucesso, ligado a um grupo económico que em 2001 facturou cerca de 720 milhões de reais. Contudo, nem tudo foi fácil. Como o próprio explicou à VOZ DA SERRA, a ida para o Brasil foi conturbada. A preocupação em torno da ida para a guerra e o convite dos tios que moravam no Brasil, ajudaram na decisão de experimentar o país irmão. Mas nem tudo correu bem. Afinal, “ao chegarmos à cidade de Santos, os nossos tios não estavam à nossa espera”, recorda . Na altura, as autoridades fizeram uma entrevista a Hermínio e ao seu irmão que viajava consigo. E como tinham dinheiro para ficar num hotel, não tiveram problemas em ficar alojados e as autoridades contactaram o consulado português na cidade de Londrina. Por sua vez, o consulado solicitou que os dois irmãos fossem encaminhados para São Paulo e posteriormente para Londrina. Uma viagem que os dois irmãos iriam realizar sobre a tutela do comandante do avião. E foi num pequeno avião, com capacidade para 12 pessoas, que a viagem teve lugar. Ao aterrar, o aparelho deslizou para dentro de uma plantação de café, numa cidade chamada Cornelioprocópio. “Ficámos na cidade, e foi necessário esperar que uma junta de bois colocasse o avião na pista para pudermos continuar a viagem”, conta


PERFIL Hermínio Vieira. Consequentemente, ao invés de demorarem as habituais quatro ou cinco horas que se esperava demorar de São Paulo a Londriana, os dois irmãos acabaram por gastar dois dias para fazer a viagem. E passaram cerca de três meses, sendo que os dois irmãos já estavam a trabalhar, quando os seus tios receberam a carta proveniente de Portugal que os avisava em que dia iriam chegar a solo brasileiro. “Os tios não tiveram forma de saber da nossa chegada”, recorda o empresário. Apesar das dificuldades iniciais, “conseguiu-se superar tudo”. Sobretudo graças à educação que levaram na bagagem de Portugal para o Brasil. “Os nossos pais tinham-nos ensinado a importância da honestidade, o que se revelou ser uma boa escola”, refere Hermínio Vieira. E o seu percurso é o exemplo do sucesso. Actualmente, o rapaz que aterrou dentro de uma plantação de café é sócio do grupo Irmãos Muffato, Lda., a maior empresa de supermercados do Paraná. Trata-se de um grupo económico que tem duas dezenas de lojas. A vigésima será inaugurada em breve em Curitiba e implica um investimento de 20 milhões de reais de capitais próprios. O grupo planeia ainda a abertura de mais quatro novos espaços comerciais. Vários estabelecimentos de retalho e três canais de televisão – TV Tarobá, TV Londrina e TV Canal 21 – um hotel e uma fazenda em Mato Grosso do Norte, são algumas das componentes da actividade desse grupo. Na fazenda “plantamos 255 mil sacos de soja e 70 mil sacos de milho. E temos 9400 cabeças de gado”, explica o empresário português. Trata-se de uma entidade empresarial que já emprega 3300 pessoas. Que, com a abertura do supermercado de Curitiba, passará a contar com 3800 funcionários. Por sua vez, as estações de televisão, que emitem por satélite e por cabo, têm um acordo de associação com a rede brasileira Ban-

deirantes e dedicam-se igualmente à cobertura de eventos desportivos – formula 1, futebol, basquetebol, entre outros – e vende essas imagens a outras estações de televisão. “O ano passado fomos responsáveis pela transmissão da Fórmula 3 que foi vista em 187 países”, explica Hermínio Vieira.

Portugal. Contudo, esses projectos não se concretizaram. Comparado com a altura em que

Portugal visto do Brasil Bem integrado na sociedade brasileira, Hermínio Vieira garante que os portugueses são bem vistos no Brasil. De resto, muitos foram os patrícios que encontra-

ram o sucesso em terras brasileiras, salienta. “No Brasil é muito difícil ver um português a passar dificuldades”, diz. E acrescenta “os portugueses são tidos como irmãos”. O empresário natural de Santa Catarina da Serra, vem com frequência à sua terra natal. As raízes portuguesas não desapareceram e Hermínio admite que chegou a ensaiar alguns investimentos em

deixou o país, Hermínio Vieira, considera que actualmente Portugal está irreconhecível. “Está uma maravilha e está num patamar de primeiro mundo”, diz. E Santa Catarina da Serra não se compara com os anos 60. “Agora há bom asfalto em todo lado. E as pessoas têm um padrão de vida inigualável . Com 16 anos eu guardava ovelhas e comia broa com azeitonas. Actualmente nasce-se num berço de ouro, com boas casas e confortáveis”, refere. Quanto ao Brasil, este empresário está confiante. “Tem tudo para dar certo”, afirma num sotaque que não esconde que passou boa parte da vida do outro lado do oceano. “É um país monstruoso, tem terras abundantes e não precisa sequer de importar nada. Não se consegue é acertar uma política. Mas quando acertar um governo pode dar certo. Só é necessário ter um governo mais enérgico”, vaticina.

13


ACTUALIDADE

Estrada alargada A estrada municipal n.º 503 que, na Bemposta, faz entroncamento com a EN 113 foi alargada. Algo que foi possível através da cedência, por parte de José Henrique Gordo, natural da freguesia mas residente em França, onde é imigrante - a título gratuito, de uma faixa de terreno, adiantou a Junta de Freguesia de Santa Catarina da Serra. As despesas com a máquina, transporte de terras para aterro e blocos para o muro foram da responsabilidade da Junta. De acordo com a autarquia, “o alargamento vai facilitar as entradas de saídas de viaturas” e serve também “para passeio destinado aos peões”. A Junta adianta ainda que há muito está previsto o alargamento da EN 113,

14

na zona da curva, de modo a “facilitar uma segunda via para as viaturas que entram ou saem na direcção da Loureira”. Contudo, “não tem

havido vontade expressa do proprietário do terreno” para realizar o projecto, refere o presidente da Junta, Domingos Marques.


ACTUALIDADE

Agricultores em festa No próximo domingo, dia 22 de Setembro, a Associação de Caçadores da Serra promove uma iniciativa denominada de “Festa do Agricultor”. O evento vai decorrer no salão paroquial de Santa Catarina da Serra, a partir das 16 horas de dia 22. De acordo com Fernando Reis, presidente da associação, pretende-se efectuar uma iniciativa que acaba por permitir angariar alguns fundos para fazer face aos prejuízos da actividade agrícola. Por outro lado, com esta festa – que irá consistir na realização de um lanche ajantarado – pretende-se igualmente agradecer a colaboração dos agricultores. Recorde-se que esta associação é responsável por uma reserva de caça associativa, que conta com uma área de aproximadamente 1500 hectares. Nas instalações da colectividade desenvolve-se ainda a actividade de tiro desportivo.

Melhoramentos em Vale Sumo A Junta de Freguesia procedeu ao alargamento do troço de estrada que vai da capela até junto do acesso ao cemitério. O alargamento só foi possível depois dos proprietários dos terrenos autorizarem o corte das suas terras condicionando-o à construção de um muro em betão armado, substituindo as paredes construídas em pedra solta. Por fim foi pavimentada com betão betuminosos, ficando com uma largura superior a 6 metros. O investimento de todos os trabalhos está avaliado em 23.400 euros.

15


ACTUALIDADE

Associação da Loureira faz balanço “A excelência do serviço social”. Esta é uma das apostas da Associação para o Desenvolvimento Social da Loureira, que Jorge Gameiro, presidente da associação sublinhou em nota enviada para a VOZ DA SERRA. Em jeito de balanço em relação à actividade da colectividade, aquele responsável adianta considerar que “valeu a pena o esforço, financeiro e humano (...) no sentido de obter conforto e confiança para as crianças e os pais”. Em relação ao apoio domiciliário, que conta com seis meses de funcionamento, Jorge Gameiro refere continuar a “acreditar que é possível fazer com que cada utente sinta o calor humano da nossa presença, tornando o seu dia a dia mais agradável”. Relativamente à

16

sala geração Milenium – dedicada à informática – o presidente da associação anuncia que dentro em breve terão início cursos práticos com o apoio do Instituto Português da Juventude. O final do período de férias marca igualmente o regresso da actividade do Coro de Santa Marta. A “aquisição de instrumentos e a entrada de novos elementos” são algumas das prioridades definidas pela direcção. Jorge Gameiro, que reafirma o agradecimento a todos os colaboradores da colectividade, afirma-se optimista em relação a mais um ano de actividades, adiantando contar ainda com o apoio dos jovens e do trabalho que realizam em prol da comunidade.

Jorge Gameiro


PERSPECTIVA

Festa na Quinta Os moradores do Casal das Figueiras, Gordaria, Quinta do Salgueiro e Cercal, nos dias 10 e 11 de Agosto reuniram-se junto à capela que foi do padre Jorge Pereira e dos Barões do Salgueiro, da invocação da Senhora do Rosário, para os festejos programados pela comissão. As cerimónias religiosas foram da responsabilidade do padre Manuel João, missionário dos combonianos que se encontrava de férias nesta freguesia e na angariação de fundos para a sua missão do Gana, da África Setentrional, antiga Costa do Ouro, onde os portugueses che-

garam no séc. XV para explorarem os jazigos ali existentes, passando mais tarde para os ingleses e holandeses. Tornouse um país independente no ano de 1957. Tem cerca de 1.000.000 de pessoas católicas, prevalecendo o paganismo. O senhor padre Manuel João chegou à capela por volta das 13h50 para se familiarizar e confraternizar com os moradores que o esperavam e observar todo o espaço envolvente da capela do século XVIII. Antes da celebração da eucaristia benzeu todas as vestes paramentais e os vazos sagrados

a utilizar na cerimónia, oferecidos pela Junta de Freguesia, passando a fazer parte do património da referida capela. A receita do ofertório foi entregue na sua totalidade ao dito missionário para a sua missão de África. Da parte da tarde houve o convívio, com as tasquinhas e outras diversões, por vezes espontâneas. O saldo monetário destas iniciativas será totalmente aplicado nas obras de restauro do templo. Domar

17


ACTUALIDADE

Na fronteira da freguesia Tem o apelido do primeiro habitante do Casal da Fartaria, mas não lhe “consta” que seja da família. Em 1803, Manuel Roque dos “Pinhais”, inaugurou o lugar que mais distante da sede de freguesia tem estado, devido às pobres vias de comunicação. Quase 200 anos depois de Manuel Roque, José Roque sente o lugar mais integrado na freguesia, mas ainda assim lembra ser necessário dotar de alcatrão, a única estrada que dentro da freguesia, liga este pequeno lugar à sede da freguesia. Há não muitos anos atrás, “o povo de Santa Catarina desconhecia este lugar. Praticamente só o pároco é que o conhecia. Nem a Junta queria saber do lugar”, conta este habitante, de 62 anos de idade, industrial de madeiras em Ourém. Nascido e criado no Casal da Fartaria, quando casou estava recenseado e votava em Gondemaria, concelho de Ourém. “Era aqui perto”, explica. Mas depois da revolução de Abril, começou a pressionar a Junta para que fossem arranjados os acessos ao lugar. O presidente Manuel Lourenço “pediu-nos que ajudássemos com 200 contos para arranjar a estrada. Mas mais tarde disse que não”. Já “o actual presidente interessou-se pelo lugar e entrou-se em contacto com os donos de um terreno que confina com a estrada e que acabou por concordar em ceder algum terreno para que a via fosse alargada”, conta. Assim que chegou o acordo do proprietário que estava emigrado no Brasil, abriu-se a estrada que confina com a freguesia de Gondemaria, que posteriormente foi asfaltada. E em 1997 começou a pensar-se em abrir uma estrada para ligar com a sede de freguesia. José Roque colaborou no processo que implicou o contacto com mais de 70 proprietários. E a estrada é uma realidade. “Agora estou sempre a falar da necessidade de avan-

18

çar com o asfaltamento”, diz. As vias de comunicação acabaram por ser fundamentais para a preservação do lugar, considera. “Eu cheguei a pensar que o lugar iria acabar. Havia poucas famílias”, recorda José Roque. No entanto, actualmente os filhos moram paredes meias e existem mais habitações, sendo que o lugar “está com maior dinâmica”. São oito as famílias instaladas no lugar, perfazendo um total de 29 pessoas. “O lugar vai continuar

e vai crescer, porque temos pessoas novas”, acredita. Presentemente, as crianças já vão à escola a Santa Catarina da Serra, em transporte facultado pela Junta local. A vitalidade do lugar conheceu um ponto alto quando em Maio do ano passado, o “nicho” dedicado à padroeira da freguesia, Santa Catarina, foi o pretexto para a realização de uma festa que contou igualmente com a realização de uma missa campal.


PERSPECTIVA

O Casal da Fartaria Casal da Fartaria é uma povoação pertencente à freguesia de Santa Catarina da Serra, concelho de Leiria e está situada no sopé do Cabeço da Biqueira, que limita as duas freguesias: Santa Catarina da Serra do concelho de Leiria e Gondemaria do concelho de Ourem. É uma povoação muito pequena, composta de três ruas e sete casas de habitação. As redes de água e electricidade pertencem à Câmara Municipal de Ourém. Para quem se dirige de automóvel para esta povoação tem somente duas alternativas: Do baldio das Uchas, através do pinhal e em terra batida ou utilizando a estada municipal do Cercal/Ourém. Por estar muito afastado da sede da Freguesia e encravada nos pinhais das Uchas e Pinheiro manso

as entidades administrativas pouca importância lhe conferira. E foi por isso que no ano de 1952 a Junta de Freguesia presidida por Salustiano Justino Gonçalves resolveu vender um terreno que possuía no sítio da Costa da Biqueira, numa extensão de 1.200 m2 e que foi vendida a Maria Pereira da Silva da Fartaria pela quantia de 1675 escudos e mais tarde no ano de 1954 a mesma Junta de freguesia deliberou pôr à venda um outro terreno designado por Costa do Sítio da Moita da Vala, tendo sido vendido a Manuel Ribeiro dos Santos e José Roque Novo pela quantia de 12 mil escudos. Os valores destas alienações não foram aplicados em benfeitorias desta terra mas de outras povoações da freguesia, nomeadamente nos caminhos

das povoações do Vale Sumo e Vale Maior A parte religiosa está a cargo da paróquia de Santa Catarina da Serra e o pároco visitava a povoação uma vez por ano pela altura das Boas Festas da Páscoa. As crianças eram baptizadas na paróquia da Gondemaria e frequentavam aí a escola. Os chefes de família exerciam o seu direito de vota na dita freguesia da Gondemaria. A partir do ano de 1990 e após a sensibilização levada junto dos moradores estes procederam ao recenseamento eleitoral nesta freguesia onde passaram a exercer o seu direito de voto. Domar

19


OPINIÃO

Os leilões nas nossas aldeias Já há muito anos que se realizam os leilões para as festas do Sagrado Coração de Jesus. Estas iniciativas têm lugar no verão – nos meses de Junho e Julho, aos domingos à tarde - e são organizadas pelos jovens de 40 anos e realizados pelos zeladores nomeados para esse fim. Como se vê nas fotografias, é bom e bonito ver as pessoas dos diversos lugares, juntas em convívio a comer e a beber em prol do Sagrado Coração de Jesus. Bem hajam por isso. E muito obrigado. Rui Alves

20


OPINIテグ

21


DESPORTO

A União da Serra vai começar a época 2002/2003 defrontando o Praia da Vieira. O sorteio do campeonato da divisão de Honra da Associação de Futebol de Leiria foi feito no final de Agosto e a prova já tem início marcado: 22 de Setembro. Assim, o campeão da última época recebe uma das mais aguerridas equipas do campeonato, constituindo um bom teste à capacidade da renovada formação de Fernando Mateus. Outro dos jogos interessantes da primeira jornada acontecerá em Alqueidão da Serra, onde a equipa local, que desceu à Honra, defronta o Chão de Couce, terceiro classificado na última época. A outra formação que desceu, o Ginásio de Alcobaça, recebe o Sp. Estrada, campeão distrital da I divisão na última época. A norte, o destaque é o “derby” entre ARCUDA e Fig. Vinhos, enquanto na Marinha Grande há outro jogo com tradição, o Vieirense - SL Marinha. Outros jogos da jornada de estreia são o U. Serra - Praia da Vieira, Marrazes - Valcovense, ARCUDA - Fig. Vinhos, Alq. Serra - Chão de Couce, Juncalense - Guiense, Bombarralense - Pernelhas, Vieirense - SL Marinha e Gº Alcobaça - Sp. Estrada

22

Arquivo

U. Serra começa com Praia da Vieira

União da Serra recebe Praia da Vieira



ENSINO

EBI em Bruges Após três anos de contactos entre professores e alunos da Escola Básica de Santa Catarina da Serra e uma escola representante de Bergen , na Noruega e, uma outra situada perto de Bruges, na Bélgica, inseridos no âmbito do projecto europeu Sócrates Coménius, Bruges, cidade medieval, capital europeia da cultura, foi o local escolhido para o encerramento das actividades que decorreram de 26 a 30 de Junho. Durante cinco dias, Bruges foi pequena para dar guarida aos milhares de forasteiros que a visitaram para as festividades da Liga Hanseática. Na realidade, cerca de uma centena de cidades, locais de feira, do norte da Europa, mostraram os seus produtos, costumes e tradições . Portugal, porque não fazia parte da Liga Hanseática, não teve representação a esse nível, porém, pelo facto de ter tido relações comerciais com Bruges desde o século XII, altura em que estabeleceu aí uma feitoria, foi essa a temática escolhida para o encerramento do Projecto Europeu. As escolas de Catarina da Serra, Bergen e Bruges deliciaram os visitantes com a exposição de produtos ,de réplicas de barcas, armazéns,( locais de troca) e os trajes da época. Numa cidade onde a presença portuguesa passa discreta, apenas

24

A comitiva em Bruges assinalada por um pequeno edifício, onde funcionou a feitoria, nada como o registo da presença dos mercadores de outros países da Europa, foi com um misto de curiosidade e admiração que os visitantes, oriundos dos diversos países visitaram o nosso “atelier” ouvindo atentamente as explicações que lhes eram dadas pela comitiva portuguesa, composta por três professores e dois alunos. Quando fazemos parte da Comunidade Europeia, no diálogo que mantivemos com os que nos

visitaram, ficámos a saber, para espanto nosso, que de Portugal sabem que é um país lindo, pobre, onde se trabalha muito e ganha pouco . Muitos conhecem o Algarve, alguns Lisboa, poucos o Porto, terra do vinho doce. Ficaram a saber, entre outras coisas, que na Província, havia uma escola, uma escola oficial, que durante cinco dias fez daquele espaço, um local de história viva deste País que é Portugal. EBI Santa Catarina da Serra


ENSINO

Seiscentos regressam à escola

Mais de seis centenas de alunos da freguesia iniciam, até ao próximo dia 16 de Setembro, mais um ano lectivo nos estabelecimentos que compõem o Agrupamento Vertical de Escolas e Jardins da Serra e Escola Básica Integrada de Santa Catarina da Serra. Um início de ano lectivo que deverá decorrer com normalidade, consideram os responsáveis da EBI de Santa Catarina da Serra que este ano recebe cerca de 330 alunos. Ainda assim, um número que representa um decréscimo de aproximadamente duas dezenas de alunos em relação ao último ano lectivo. Uma redução que se deve, sobretudo, a factores demográficos e que os responsáveis da escola adiantam prever que se venha a inverter em 2004. Nota ainda para o facto do início do novo ano lectivo implicar a mobilização de um conjunto importante de outros intervenientes. Assim, serão 24 funcionários em todo o agrupamento, acrescidos de sete educadoras, responsáveis pelo préescolar, 14 professores para o primeiro ciclo e 32 para os segundo e terceiro ciclos.

No que se refere à Escola Básica Integrada de Santa Catarina da Serra, os responsáveis anunciam duas novidades para este ano lectivo. Aí os alunos vão poder passar a contar com uma sala de estudo, e um gabinete de apoio ao aluno, que funcionará com o apoio de uma psicóloga e dois professores. Por outro lado, vão ter continuidade as actividades desenvolvidas nas áreas curriculares não disciplinares, um dos factores que contribui para fomentar o interesse nos alunos. Os vários clubes temáticos, o desportos escolar, a dança, música e informática são algumas das iniciativas que permitem um maior envolvimento dos alunos, salientam os responsáveis da escola. Algo que auxilia o combate ao desinteresse, muitas vezes alimentado por currículos desajustados da realidade. Luís Godinho e António Oliveira sublinham ainda a boa relação que tem sido conseguida com a comunidade. Assim, os temas da área escola levam sempre em conta a realidade da freguesia. Por outro lado, os pais e encarregados de educação, além da associação que

os representa, contam com participações no Conselhos Pedagógico e de Turma, bem como na Assembleia de Escola.

Aproveitamento elevado Quanto ao aproveitamento escolar que tem sido registado, os responsáveis da escola realçam ainda os bons resultados obtidos na escola em termos de sucesso escolar. “Nos últimos cinco anos, a percentagem de insucesso tem-se situado entre os oito e os nove por cento”, esclarece António Oliveira, vice-presidente do Conselho Executivo da EBI de Santa Catarina da Serra. E no último ano lectivo, essa percentagem situou-se nos 8,59 por cento, contra 8,18 por cento relativos ao ano lectivo de 2000/2001. “São percentagens que ficam dentro dos parâmetros que temos vindo a estabelecer ao longo dos anos”, esclarece Luís Godinho, presidente do Conselho Executivo. Ainda assim, notam-se algumas variações na percentagem de insucesso, que se situam entre os quatro por cento do segundo ciclo e o valor referente ao terceiro ciclo, que ronda os 11 por cento.

25



SOCOLIRO

Construção sólida Iniciou a actividade em Maio de 1988 e desde então tem registado um crescimento ao nível do volume de negócios e de colaboradores. Os primeiros anos da Socoliro Construções, SA, foram dedicados à construção e comercialização de edifícios comerciais e habitacionais na zona da Quinta da Sardinha, onde estava sediada a empresa. Começou então uma actividade em franco crescimento. E é desde 1997 que a evolução tem sido mais notória. Em termos de desenvolvimento, com a integração da empresa no Conselho Estratégico Lena de Obras Públicas – entidade que congrega oito empresas que dedicam a sua actividade à construção de infraestruturas viárias, edifícios públicos, exploração de inertes, entre outras actividades – “estamos numa fase de algumas mudanças”, explica Carla Pereira, directora de qualidade da empresa. Mudanças necessárias num sector onde “há muita concorrência que cada vez está mais forte”, revela. Ainda assim, a Socoliro “tem-se destacado pela qualidade e pelos prazos de execução”, esclarece. “Conseguimos fazer as obras em menos tempo que a nossa concorrência, provavelmente pelo facto de termos empresas do grupo que nos dão apoio em várias áreas”, adianta esta responsável. Por outro lado, salienta, a empresa conta com uma equipa muito jovem que tem merecido a confiança da administração. Actualmente, a actividade da empresa estende-se a todo o território nacional, com especial incidência para a zona Centro, interior, Alentejo e Algarve. As obras públicas são um importante sector da actividade da empresa, e a contenção financeira do sector público, bem como a perspectiva de redução de

apoios comunitários já são sentidos. Algumas entidades públicas revelam algum atraso no pagamento das obras, adianta Carla Pereira. Uma situação que implica grandes ginásticas ao nível da tesouraria.

Qualidade para competir Em Setembro de 2001 a empresa foi certificada pela norma NP EN ISSO 9002. Foi um processo que “implicou muitas alterações ao nível da organização interna”. Permitiu uniformizar o modo de trabalho no interior da empresa. “Penso que já se notam maisvalias deste processo”, considera Carla Pereira, que coordenou o esforço de certificação de qualidade. “A certificação demorou quase três anos, e não foi fácil. Contudo, o envolvimento de todos os funcionários permitiu a sua concretização”, salienta. Actualmente, a empresa está já envolvida num processo de transição para uma mais exigente norma de certificação. Ainda que, revela Carla Pereira, este não seja um argumento muito considerado pelo mercado. Mas sê-lo-á a curto médio prazo, considera Carla Pereira.

Empresa do mês Designação Socoliro, Construções SA

Data de fundação Maio de 1988

Volume de negócios Volume de negócios Cerca de 22,7 milhões de euros em 2001 (previsão)

Funcionários 198

Outros dados O objecto social da empresa é a construção e venda de edifícios, urbanizações e loteamentos, empreitadas e obras públicas. É responsável pela construção de muitos edifícios de utilização colectiva da região. A reconstrução do Museu do Crato e do Hotel Termas da Piedade em Alcobaça, bem como a construção da residência de Estudantes Inst. Politécnico de Tomar, da Escola EB Stª Catarina da Serra e do Edifício dos Paços de Concelho da Batalha, contam-se entre as obras da empresa. A Socoliro tem um site na internet: www.socoliro.pt

27



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.