vozdaserra2004.10

Page 1

Esta revista é um suplemento local que integra a edição n.º 3528, de 29 de Outubro de 2004, do Semanário REGIÃO DE LEIRIA e não pode ser vendida separadamente.

Nasce clube de carros antigos

Págs. 15 e 16

UDS persegue a liderança OUTUBRO 2004 ANO 2

Pág. 20

Lar e Zona Desportiva recebem subsídios

Obras apoiadas

Págs. 4 a 6

Nº 27



FÓRUM FICHA TÉCNICA DIRECTOR Francisco Rebelo dos Santos DIRECTOR-EXECUTIVO Pedro Costa Conselho dinamizador David Vieira Fausto Neves Jaime Silva Joaquim Rodrigues Jorge Primitivo José Augusto Antunes José Carlos Rodrigues

ÍNDICE Cortejo apoia lar ................ 4 e 5 Orçamento de Estado prevê subsídidos para a zona desportiva.............6 A arte de moldar o ferro .....7 a 9 Professor António Oliveira em entrevista ................. 10 a 12 Rancho aniversariante ........... 13 Paixão automóvel ........... 14 a 16 Nova sapataria ....................... 17

TEXTOS Carlos S. Almeida, Sónia Gomes e Manuel Leiria FOTOGRAFIA Arquivo do REGIÃO DE LEIRIA PAGINAÇÃO Departamento Gráfico do Região de Leiria PUBLICIDADE Lídia Órfão Tereso PATROCINADORES PERMANENTES LubriFátima Maia – A. Ferreira das Neves Herdeiros, Lda. Lena Construções JRP J. Primitivo Madeiras, S.A. Manuel da Costa e Silva, Lda. Construções J.J.R. & Filhos, S.A.

IMPRESSÃO Mirandela SA TIRAGEM 2.500 exemplares

Esta revista é suplemento local que integra a edição n.º 3528, de 29 de Outubro de 2004, do Semanário REGIÃO DE LEIRIA e não pode ser vendida separadamente.

Actividade associativa ............ 19 UDS tropeça na Taça .............20 Educação ...............................22

Participe A sua opinião conta. A VOZ DA SERRA tem em funcionamento um Ponto de Apoio ao Leitor na Papelaria Bemposta, no centro da vila de Santa Catarina da Serra. Porque a participação activa dos nossos leitores é essencial, agora existe um local onde pode deixar as sugestões de assuntos que gostaria de ver abordados, textos para publicação, pagamento de assinaturas e entrega de publicidade. A interactividade com o leitor é uma das nossas preocupações. Ajudenos participando. Dependendo da disponibilidade gráfica ou da pertinência noticiosa, a sua participação encontrará eco na VOZ DA SERRA e/ou Região de Leiria.

Os apoios que chegam M a i s u m a v e z , S a nt a Catarina da Serra, deu mostras da sua dinâmica. A obra, necessária para a freguesia, continua a crescer, sempre com a contribuição da população. O novo lar é já uma realidade. O esforço de todos assim o permitiu. Multiplicam-se as actividades de ajuda, tão férteis quanto a imaginação que encontra as melhores formas de conseguir congregar apoios no sentido de alimentar financeiramente o projecto. Agora, lenta mente, apa recem os apoios oficiais. A Câmara de Leiria apoia o lar e o Orçamento de Estado inscreve verbas para Zona Desportiva de Santa Catarina da Serra. Poder-se-á advogar que estes apoios pecam por tardios. Sê-lo-á. Mas a máxima, profundamente popular, de que mais vale tarde que nunca, fará algum sentido no caso em análise. Em suma, a dinâmica que se vive nesta freguesia começa a ser reconhecida. Apesar de se viverem tempos de contenção financeira, os apoios surgem paulatinamente. E já era tempo de isso mesmo acontecer. Afinal, por cá, não se espera pelas promessas para realizar. A obra está aí para provar que mais do que palavras, as gentes de Santa Catarina da Serra privilegiam as acções. Isto é, os apoios que chegam são bem vindos. Mas, perdoe-se a franqueza, ainda não chegam.

3


ABERTURA

Cortejo a favor do lar de terceira idade

Isabel Damasceno e Domingos Marques apoiam a iniciativa Realizou-se no salão paroquial de Santa Catarina da Serra, na tarde do domingo 10 de Outubro, um cortejo a favor do Centro Social e Paroquial. No cortejo foram várias as ofertas apresentadas pelos diversos lugares da freguesia e posteriormente vendidas em leilão. Este cortejo contou com a presença da presidente da Câmara Municipal de Leiria, Isabel Damasceno, que veio “demonstrar apoio a esta iniciativa”. Segundo a autarca “Estes equipamentos são fundamentais. A população está

4

cada vez mais envelhecida e merece passar esta fase da vida com apoio e amparo quer do ponto de vista físico, quer humano”. Isabel Damasceno caracteriza este projecto como “bom e bem localizado, junto de outros equipamentos utilizados por esta população, tal como a igreja.” Domingos Marques, presidente da Junta de Freguesia de Santa Catarina da Serra, partilha da mesma opinião ao afirmar que “a localização do lar é uma vantagem pois está próximo da igreja e é também aqui que os idosos

se sentem bem”. O Presidente da Junta afirma inclusivamente que “em termos de freguesia é um benefício muito bom conseguir juntar o Centro de Dia ao Lar”. Já a Presidente da Câmara Municipal de Leiria referiu que “em termos de concelho é um orgulho a população de Santa Catarina da Serra responder afirmativamente a este apelo e desta forma tornar o lar uma obra de todos”. Domingos Marques conclui ao afirmar que “em termos de freguesia tem também que ser um orgulho”.


ABERTURA

Participação elogiada “Foi de facto uma participação que não se esperava”. Isabel Reis, directora do Centro Social Paroquial de Santa Catarina da Serra, confirma que o apoio popular, concretizado no cortejo, excedeu, mais uma vez, as expectativas. As contas finais ainda não estão feitas, mas esta responsável sublinha o facto de mais uma vez as pessoas da terra “participaram em grande. É importante que tenhamos a população do nosso lado a apoiar a obra”, refere.Deixa pois o comentário de que “foi gratificante ver o empenhamento das pessoas na organização e no apoio. Deram tudo por tudo pela sua realização”. “Foi um êxito muito grande”, conclui.

Câmara apoia Lar A Câmara de Leiria aprovou, na reunião de Câmara de 18 de Outubro último, o apoio financeiro à instituição. São cerca de 59 mil euros que serão atribuídos em dez tranches. Isabel Reis refere ser “sempre uma boa notícia que para além da população, as enti-

dades oficiais colaborem na obra. Agora esperamos pela chegada da verba”. Afinal, a obra está praticamente concluída e “há contas a pagar, refere. Por outro lado, é necessário apetrechar as novas instalações com equipamentos. A tarefa não será fácil, admite Isa-

bel Reis. Assim, tal como o cortejo, a noite de fados, tasquinhas e quermesses, actividades que têm sido realizadas para apoiar a obra, deverão repetir-se. Uma quermesse de Natal é a iniciativa que já se equaciona, revela Isabel Reis.

5


ACTUALIDADE

Zona Desportiva apoiada

A freguesia de Santa Catarina da Serra foi contemplada com verbas inscritas no Orçamento de Estado para 2005. No total são cerca de 170 mil euros que serão canalizados para a freguesia. Os apoios estão inscritos em PIDDAC - Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central e reportam-se à construção do Tanque de Aprendizagem da União Desportiva da Serra, com 137.500 euros e ao Parque Desportivo, Pavilhão Multiusos coberto e balneários, com 34.861 euros. Estas verbas inscrevem-se num total de 4.528.383 euros atribuídos ao concelho de Leiria. Entretanto, no passado dia 27 de Setembro, a Câmara de Leiria aprovou a assinatura de uma contracto-programa de desenvolvi-

6

mento desportivo entre o Município de Leiria e a União Desportiva da Serra. O documento foi proposto à reunião do executivo pelo vereador do pelouro do desporto da Câmara de Leiria, Paulo Rabaça. Trata-se de um acordo com o município visando “permitir o desenvolvimento de um programa de promoção e desenvolvimento desportivo, através da construção de uma infra-estrutura desportiva – um Tanque de Aprendizagem / Piscina Coberta”, lê-se no documento. Desta forma, o contrato programa estipula que para a prossecução das obras, com o custo de referência de 510.149 euros, será concedida pela Câmara de Leiria à UDS, uma comparticipação de 204.060 euros. Esta verba

será atribuída faseadamente. Assim, a primeira fracção, correspondente a 25 por cento da comparticipação, no valor de 51.015 euros é disponibilizada após a consignação dos trabalhos da empreitada. A segunda fracção, correspondente a 50 por cento do total, isto é, 102.030 euros será avançada mediante a verificação pelos serviços do município, da conclusão de metade dos trabalhos da empreitada. Por último, a terceira fracção, correspondente a 25 por cento da comparticipação, no valor de 51.015 euros, após a verificação pelos serviços do município, da conclusão dos trabalhos da empreitada. O mesmo documento fixa a necessidade da conclusão integral da obra até ao final do próximo ano.


ACTUALIDADE

Ferreira, mãos de ferro

“Vê aquelas peças ali? São camas para um hotel de cinco estrelas”. A explicação de José Ferreira já não surpreende. Sobretudo porque a conversa já estava a chegar ao fim e era já claro que o seu trabalho chega a vários pontos do País e do mundo. Com várias décadas de pratica, José Ferreira começou bem novo na arte de fazer do ferro uma expressão da criatividade. Em 1976 emigrou para o Canadá, país onde teve a oportunidade de melhor aperfeiçoar o ofício. Mas já antes lidava com o ferro, em terras lusas. Tinha 13 anos, em 1970, já o ferro forjado era parte do seu dia laboral. Não que na família alguém houvesse que estivesse ligado a

este mister. No Canadá, estudou e aprendeu a aperfeiçoar a arte. O Canadá foi opção porque visitou a família que por lá estava radicada. Gostou, estabeleceu família, trabalhou para várias firmas, mas sempre nesta área. Estabeleceu-se por conta própria e contava já com vários funcionários, entre desenhadores, decoradores e operários. Mas a preocupação com a família que permanecia em Portugal motivou-o a regressar. E não está arrependido. “Estou contente. Estou por cá há oito anos, afinal estamos na nossa terra”, diz. “Tudo isto é feito à mão”, refere, reportando-de às dezenas de peças que estão em exposição, num pavilhão à entrada da vila. Além de emprestar a agilidade

manual, também concebe a forma da peça a criar. “Se chega uma pessoa que me traz uma ideia, eu de uma peça posso fazer alterações e ajudar a concretizar a melhor opção. É que trabalhei muito tempo com desenhadores e decoradores que me ensinaram a maior parte do que sei ao nível de desenho”. “Temos muito trabalho para fora”, diz. Há quem venha de Paris para encomendar os serviços deste autêntico moldador de ferro. As vezes em que participa em mostras e feiras servem para dar conta de um trabalho que granjeia a curiosidade de residentes no País e no estrangeiro. Estes últimos não hesitam em contactálo. Afinal, sai bem mais barato

7


ACTUALIDADE

encomendar este tipo de trabalho em Portugal. Ainda assim, “vendo mais para o nosso País, mas uma boa parte é para França”, esclarece. Todo o tipo de mobiliário, de camas a mesas, passando por candeeiros, fazem parte das peças a que José Ferreiro empresta a criatividade e a arte. Um dos filhos de José Ferreira, ainda criança, já demonstra interesse pela arte de trabalhar o ferro. Reside aí a possibilidade de haver continuidade para a sua arte dentro da família. Para já, mantém a vontade de continuar. Até porque, confessa, “tenho três filhos que tenho de alimentar. E por outro lado, gosto do que faço.” Para já, o seu trabalho é reconhecido, contando com clientes de norte a sul do País, além da componente de exportação. A melhor publicidade para o seu trabalho, diz, é a qualidade das peças que produz. Trata-se de

8


ACTUALIDADE um trabalho raro. “Em Portugal só conheço uma outra pessoa que faz um trabalho semelhante”, diz. José Ferreira explica que as peças que resultam do seu trabalho são “moldadas manualmente”, na sua maioria levadas ao fogo. O fogo “é o que dá a vida e o ser das peças”, diz. Da permanência no Canadá, não faltam situações em que os trabalhos deste artífice de Santa Catarina da Serra foram usados em filmes. Os estúdios de produção cinematográfica usaram peças suas, e José Ferreira diz que não raras vezes, quando está a ver televisão, aparecem, no ecrã, peças que foram por si produzidas. Ele próprio foi objecto do interesse da televisão do Canadá que o mostrava a trabalhar o ferro.

9


ENTREVISTA ABERTURA António Reis Oliveira é professor há 30 anos e desempenha as funções de vice-presidente do Conselho Executivo na Escola Básica Integrada de Santa Catarina da Serra, órgão a que está ligado há oito anos. A seu cargo tem as áreas de alunos e segurança da escola, sendo igualmente o presidente do Conselho Pedagógico, cargo para o qual foi eleito. Em entrevista, dá-nos conta da forma como arrancou o ano lectivo e do esforço da escola em conseguir bons resultados. Apesar das deficiências que ainda identifica no sistema de ensino. Como se processou a abertura do ano lectivo nesta escola e no agrupamento? Como é do conhecimento público, a abertura deste ano lectivo foi atribulada. O Ministério da Educação já assumiu as responsabilidades e não vamos voltar a insistir nesta questão. A abertura foi anunciada para 16 de Setembro, mas não havia o mínimo de condições. Foi novamente anunciado para 30 de Setembro. Tínhamos poucos professores colocados no quadro da escola e alguns professores a aguardar colocação, decidimos que esses mesmos iriam começar as actividades lectivas. Começámos de facto a 23, sabendo que alguns docentes iriam para outras escolas no dia 30, com alguns prejuízos pedagógicos que daí adviriam. Mas entre ficarem os alunos em casa e estarem já na escola a ambientar-

10

“O ranking das escolas ofende a inteligência dos portugueses”


ENTREVISTA se, e a iniciarem as actividades lectivas, mesmo com lacunas, decidimos, em acordo com os professores, começar as actividades. Os eventuais prejuízos pedagógicos que decorram desta atribulação inicial, poderão ser reparados ao longo do ano lectivo? Irão ser reparados porque os professores - e talvez um pouco ao contrário da imagem junto da opinião pública - são dignos profissionais. Nesta escola estão a decorrer actividades e reuniões após o horário lectivo - reuniões de departamento curricular e de conselho de turma - diariamente, para recuperar o que deveria de ter sido realizado antes da abertura do ano lectivo. Só o grande profissionalismo dos professores permite colmatar as deficiências provocadas pelo ME .Quanto aos alunos, este ano temos accionado o sistema de apoios individualizados e a nível de turma, leccionados por professores. A escola está a fazer um esforço suplementar para garantir que o ano lectivo decorra sem mais sobressaltos, tudo no sentido de oferecer as melhores condições aos alunos. Como foi entendida esta situação pelos pais? Reunimos com todas as direcções das Associações de Pais e a 23 de Setembro, realizámos uma Assembleia de Pais onde, explicamos aos pais que iríamos abrir com lacunas. Os pais foram unânimes em concordar que a escola deveria abrir a 23, perceberam as preocupações da escola e ficou patente que a única entidade responsável era o Ministério da Educação. Os pais perceberam que havia boa vontade do Conselho Executivo. Algo que ficou patente, por exemplo na tolerância de ponto de 4 para 5 de Outubro. Esta foi das poucas escolas no Distrito que não fechou. Não se justificava que poucos dias após o início do ano lectivo, em

pleno, houvesse uma interrupção. Os pais estão connosco e felizmente percebem o esforço deste Conselho Executivo e o profissionalismo dos professores. Com este novo ano lectivo, há algumas novidades na escola em relação ao ano passado? Temos um Projecto Educativo para três anos. Arrancou em 2003 e vai decorrer até 2006. O projecto passa por desenvolver, além das actividades curriculares normais, realizar em cada ano, actividades de enriquecimento curricular. Nesse sentido, os alunos do agrupamento pré-escolar e do primeiro ciclo têm, por esforço da escola - porque sai do crédito horário da escola, isto é, a escola tem um crédito que emprega pedagogicamente e se não o fizesse poderia receber verbas monetárias - actividades diversas. Assim, no agrupamento, o pré-escolar terá educação física e o primeiro ciclo do agrupamento terá educação física e inglês. A nível dos segundo e terceiros ciclos, estão definidos clubes onde os alunos poderão inscrever-se de acordo com as suas aptidões. Neste momento temos o desporto escolar, clubes de cinema, história, dança, europeu - intercâmbios neste momento entre Portugal, Irlanda e Polónia - , um coro e clubes de som e imagem e de alemão. Acresce ainda que todos os anos nos preocupamos em realizar algumas actividades que tenham algum impacto na comunidade. Este ano vamos realizar a terceira bienal de arte, uma feira da ladra e um desfile inter-cultural em que grupos de alunos irão trajar de acordo com os hábitos de vários países. Os alunos costumam aderir a estas actividades e essas realizações enriquecem-lhes o aproveitamento? O facto de oferecermos actividades de enriquecimento escolar tem a ver com a nova noção de currícu-

lo. Não deve basear-se no conjunto das disciplinas, mas incluir outras ofertas que venham ao encontro da vontade dos alunos. O que se verifica é que estas actividades contribuem para o enriquecimento do currículo, dão-lhes competências e são muito procuradas. Como comenta a questão relativa à ditadura dos resultados, expressa nos rankings? Penso que o ranking das escolas ofende a inteligência dos portugueses. É que colocar em igualdade de circunstâncias colégios privados - nomeadamente dos grandes centros urbanos - com escolas públicas, é colmatar uma grande verdade. É que enquanto a escola pública é inclusiva, que aceita e muito bem , todos os alunos, os colégios selecionam os alunos. Se escolhem os melhores alunos, conseguem os melhores resultados. Os colégios não fazem a escola inclusiva, fazem antes a escola exclusiva, escolhendo os melhores alunos. É comparar algo que não é comparável? É evidente. A massificação que existiu, felizmente, depois do 25 de Abril, é obrigatória para a escola pública. A escola privada ainda se dá ao luxo - enquanto lhe forem custeando as despesas, ela funciona com dinheiros públicos - de admitir apenas os melhores alunos. E quanto ao professor António Oliveira, como ingressou na carreira de professor e quais as razões dessa opção? A determinada altura da vida, na adolescência, começamos a alimentar perspectivas de futuro. Eu tive, consoante diversas fases, três perspectivas de futuro: aviador, padre e professor. Acabei por ser professor, que foi a opção viável, mas com vocação. Sou professor, faz dia 13 de Fevereiro, de 2005

11


ENTREVISTA ABERTURA trinta anos. Faço-o com paixão. Gosto do que faço e sinto orgulho em ser professor. Teve, certamente, momentos difíceis e outros gratificantes... Os momentos difíceis são aqueles em que no início temos de nos deslocar de escola para escola, longe da família. No ano em que comecei a minha actividade de professor casei. A situação era difícil. Algo que acontece igualmente agora, e talvez até fosse mais fácil então, reconheço. Já os momentos gratificantes sucedem todos dias, com os alunos que, na rua, nos vêm cumprimentar. Penso que a nível pedagógico, no que se relaciona com os alunos, resultam apenas momentos gratificantes. Vem um pequeno desencanto na maneira como o Ministério da Educação tem conduzido todo o processo de ensino. Há trinta anos a esta parte, já passamos por duas ou três reorganizações curriculares. E quando ainda não são divulgados os resultados, e não é feita a avaliação , muda o sistema. Estamos sempre a fazer experiências. Quanto à actual organização curricular, de 2001, - que oferece além das áreas curriculares disciplinares, outras não disciplinares: o estudo acompanhado, a formação cívica e a área projecto - além das actividades de enriquecimento, comungo da sua filosofia e muito tenho lido e sobre a qual tenho dinamizado jornadas pedagógicas - começa a desencantar-me. É que o Ministério propõe um currículo nacional para que as escolas adaptem o currículo às realidades locais, mas ao propor exames está a condicionar isso mesmo. Não há tempo para a abordagem local, mas apenas para o currículo nacional. Outro desencanto é o facto desta reorganização não ter sido acompanhada por uma reestruturação dos conteúdos escolares aliás prometida. Os alunos têm de dispender um esforço intelectual muito maior do que o exigido antes da reorganização,

12

porque aumentaram as ofertas. Temos uma escola que transmite conteúdos desadequados da realidade? São demasiado pesados e longos, é uma a crítica se impõe. Está por se fazer a reestruturação necessária. Nestas três décadas de ensino, a profissão de professor foi devidamente dignificada? Nas décadas de 60 e 70, os médicos, os padres e os professores tinham estatutos de referência na sociedade. Com a massificação - o que é positivo - foram precisos mais professores. O que era raro, felizmente, é hoje natural. E o que é generalizado começa a perder um pouco de consideração. Mas no geral, o professor continua a não ser dignificado na sua profissão. Têm-se a ideia de que o professor não trabalha e se limita a dar as aulas. O que é errado. O professor, porque tem uma vida de dedicação, deveria de ser mais respeitado, inclusivamente pelas instituições públicas. Há vários anos ligado ao conselho executivo da escola, que balanço faz dessa actividade? Um conselho executivo, actual-

mente, é um órgão de muita responsabilidade numa escola. E mais do que em tempos idos, hoje esse órgão é chamado para mais actividades e responsabilidades. Este executivo, com quatro elementos - pelo facto de constituírmos um Agrupamento Vertical,- tem de trabalhar muito e bem para oferecer um ensino de qualidade. A comparação com os colégios que nos são vizinhos e já com historial, por arte dos Encarregados e Educação ,exige de todos nós, Executivo, professores, pessoal não docente uma actividade permanente. Daí as diversas actividades que desenvolvemos o que nos leva a uma permanência na Escola em média oito horas por dia. Sempre com a preocupação de conseguir privilegiar a qualidade de ensino. Com a falta de verbas, são os cuidados em conseguir apoios e protocolos que resultam nalgumas melhorias na escola. A título de exemplo, concorremos para a informatização do agrupamento e conseguimos um apoio de 100 mil euros para equipamento e formação. É com gratidão que temos as escolas e os jardins apetrechados com computadores e com impressoras. É nossa intenção conseguir a mesma qualidade de equipamento da escola sede nas escolas do agrupamento. Trata-se de um esforço do executivo, adjuvada pelos professores e com a colaboração dos pais.

Apoiados alunos com necessidades especiais A Escola EBI de Santa Catarina da Serra tem conseguido, com sucesso, a inserção no mundo laboral de alunos com necessidades educativas especiais. António Oliveira explica que se trata de alunos que, terminado o nono ano, recebem um certificado de frequência. Mas a sua experiência lectiva não se resume à componente lectiva. Dois dias por semana, os alunos estão integrados em empresas da região, num estágio profissional. O docente

explica que se trata de uma medida que tem mostrado ser eficaz. “Na maioria dos casos, terminado o nono ano, os alunos ficam integrados nas empresas”, refere. António Oliveira não esconde a satisfação de constatar que as empresas da freguesia aderem a este programa. “Temos tido, com sucesso, o acolhimento de empresas da freguesia”. Acresce que, após o final do estágio, regra geral, os alunos acabam por ficar integrados na empresa.


ACTUALIDADE

Rancho Folclórico de S. Guilherme de parabéns Foi durante os dias 24, 25 e 26 de Setembro que o Rancho comemorou o seu 41º aniversário, iniciando-se essa comemoração na sexta-feira com a abertura das tradicionais tasquinhas, que muita gente trouxera à localidade de Magueigia durante esses dias. O momento alto das comemorações foi no domingo, com a realização de uma missa de acção de graças animada pelo grupo, que é já uma tradição, que leva muitas pessoas a assistirem à eucaristia, tomando conhecimento de como se trajavam os nossos antepassa-

dos para irem à igreja. Durante a tarde decorreram as tasquinhas com muita animação, realizou-se também uma pequena quermesse que muito contribuiu para entreter as pessoas até à tão aguardada actuação dos grupos presentes, Rancho aniversariante e o Rancho Folclórico da Luz dos Candeeiros. A todos os que quiseram partilhar a comemoração de mais um aniversário connosco, o nosso muito obrigado! Queremos agradecer também às pessoas que colaboraram

connosco na rea li zaç ão das tasquinhas, desde as ofertas de bens alimentares necessários à confecção das refeições, como à oferta de doçarias, não podendo deixar de agradecer a contribuição de todos quantos passaram pelas tasquinhas durante este fim-de-semana. O Rancho Folclórico de São Guilherme

13


ABERTURA

O amor pelos carros antigos

14

Há cerca de um ano, um grupo de amigos com uma paixão comum, formou um clube que pretende alimentar o amor pelos automóveis antigos. A VOZ DA SERRA foi saber quais os motivos que levaram à criação do clube e os objectivos que norteam a sua acção.


ACTUALIDADE

A ideia de criar um clube de automóveis antigos em Santa Catarina da Serra surgiu quando um grupo de amigos com o mesmo gosto por automóveis antigos se juntou, há cerca de um ano e constituiu um clube de veículos antigos. A iniciativa partiu de quatro apaixonados por viaturas antigas: Adelino Rodrigues, Jaime Silva, Joaquim Barroca e Victor Alberto. Uniram-se em torno da ideia e ainda em 2003 fizeram a escritura do clube. A partir daí iniciaram-se alguns contactos no sentido iniciar a actividade do clube cujo objectivo passa por “divulgar o gosto pelos carros antigos”.

Contudo, foi apenas a 25 de Setembro de 2004 que se realizou a primeira actividade do clube, “um passeio com visita a umas caves em Anadia”, explicam os fundadores do clube. “Esta primeira actividade serviu também para divulgar o clube e angariar novos sócios. Cerca de vinte e cinco já no primeiro arranque”, afirmam os fundadores, que entendem esse número “como uma prova em como fomos bem aceites”. Para este passeio houve, segundo os sócios fundadores, “uma grande adesão e a partir daí surgiram novas ideias e novos membros”, referem, prosseguindo que “no corrente ano ainda pretendemos

15


ACTUALIDADE

O clube é aberto a todos os interessados, sublinham os fundadores fazer um outro evento de forma a fomentar o encontro entre todos os que queiram aderir”. Para além da ideia de se continuarem a realizar encontros, os sócios fundadores têm já em mente outros objectivos como são “a criação de uma sede para que todos os futuros sócios tenham um local de encontro e sintam um apoio nas questões relativas ao automóvel antigo.” Os fundadores do clube afirmam que “cabe um pouco aos sócios a decisão dos planos futuros e actividades”, para além de sublinharem que “os sócios serão bem vindos, não havendo restrições à inscrição neste clube, nem mesmo restrições ao nível geográfico”. Prova viva desse facto é o caso de um dos fundadores, Victor Alberto, a residir em Fátima, mas ainda assim, integra o clube.

Confiança no futuro Os fundadores do projecto caracterizam este clube como aquilo que poderá ser “um dos bons projectos da vila de Santa Catarina da Serra”. Para a sua concretização apelam a todos os que queiram aderir a “esta jovem, mas com força, associação, que contactem a União Desportiva da Serra”. Isto porque o projecto nasceu intimamente ligado com a UDS uma vez que se caracteriza por ser “uma actividade não desportiva, mas cultural”.

16


ACTUALIDADE

Sapataria na vila Sousas Sapatarias é o nome da sapataria que iniciou a sua actividade no princípio do mês de Outubro, em Santa Catarina da Serra. O estabelecimento comercial, propriedade de Micaela e Joaquim Sousa surgiu porque, segundo a própria, “já havia um gosto por sapatos e também porque sentia a necessidade de fazer mais alguma coisa. Depois não havia nada do género na terra e por isso avançámos.” Quase um mês passado desde a abertura da loja Micaela Sousa faz um balanço positivo “as pes-

soas acabam por vir ver e às vezes acabam por comprar. E são muito simpáticas”. Micaela c o n fe s s o u inclusivamente que “a ideia é expandir. Logo vemos onde é

que o mercado nos leva. Talvez a outra aldeia”, e conclui referindo que “queremos que a sapataria seja um espaço onde as pessoas venham e se sintam à vontade para ver e experimentar”.

17


Publicidade


COLECTIVIDADES

Festas na Capela da Quinta do Salgueiro No dia 27 de Junho realizaramse as festas em honra da Virgem Santíssima do Rosário, na Quinta do Salgueiro, freguesia de Santa Catarina da Serra. As cerimónias religiosas com missa festiva foram presididas pelo senhor P.e Mário Verdasca, pároco de Santa Catarina da Serra. Antes de se iniciar a Eucaristia foi benzida a imagem da Senhora do Rosário com desenho e arquitectura de um artista da terra e inspirada na pintura do tecto do referido templo, do ano de 1717. A santa na mão direita segu-

ra um rosário e no braço esquerdo suporta uma cabeça. Na efeméride, a “Comissão de Gestão dos Donativos da Capela” organizou as habituais “tasquinhas” para angariação de fundos para as obras da capela com um saldo positivo de 2.132,93€ depositados na conta bancária. Como habitual não foram arrecadadas quaisquer donativos do culto religioso em virtude da capela não fazer parte do património da paróquia. P’a Comissão

Associação de Loureira em assembleia A Associação de Desenvolvimento Social da Loureira realiza dia 14 de Novembro, pelas 16 horas, uma Assembleia Geral Ordinária. Actividade desenvolvida durante o ano; o plano de actividades para o ano de 2005; o Orçamento para o ano de 2005; o futuro da associação e outras informações, são os assuntos em agenda.

Contas da Festa em Honra do Sagrado Coração de Jesus Receita bar e bufete......................................17.013,02 Despesas..................................................... -11.499,13 Total ............................................................... 5.513,89 Receita publicidade........................................ 5.215,00 Receita quermesse ........................................ 6.080,00 Despesas......................................................... -426,00 Total ...............................................................5.654,00 Receita sorteio ............................................. 19.738,40 Despesas...................................................... -8.895,86 Total ............................................................. 10.842,54 Receita Presuntos.......................................... 1.699,60 Despesas......................................................... -676,80 Total ............................................................... 1.022,80 Despesas artistas ........................................ 14.500,00 Despesas iluminação e Palco ....................... 1.500,00 Despesas filarmónica .................................... 1.200,00 Despesas rancho .............................................. 250,00 Outras despesas flores, prospectos, licenças, luz, etc............................................. 3.458,11 Despesas fogo ............................................. +1.600,00 Total .............................................................22.508,11 Receitas gerais............................................. 49.746,02 Despesas gerais ........................................ -44.005,90 Total ............................................................... 5.740,12

JUNTA DE FREGUESIA DE SANTA CATARINA DA SERRA (Município de Leiria)

EDITAL O Presidente da Junta de Freguesia de Santa Catarina da Serra informa que a Freguesia tenciona vender a fracção A, designado por CAVE, constituída por espaço amplo destinado a utilização polivalente (serviços) e um WC, com a área de 175,9 m2, localizado em Santa Catarina da Serra. A referida fracção tem acesso próprio orientado a sul. A base de licitação é de 60.000,00 € (sessenta mil euros), aceitando-se propostas em carta fechada até ao próximo dia 8 de Novembro, reservando-se no direito de “não venda” caso o valor da proposta não interessar à referida Freguesia. Santa Catarina da Serra, 25 de Outubro de 2004 O Presidente da Junta de Freguesia Domingos M. Neves

19


DESPORTO

Equipa segue em frente na Taça Distrito de Leiria

U. Serra a dois pontos do comando

U. Serra infeliz na Taça de Portugal ao perder com o Penalva do Castelo

20

da competição. Na ronda inaugural, a União da Serra derrotou o Santo Amaro, na Ortigosa, com uma goleada por 0-6. Já na Taça de Portugal, a forma-

ção de Fernando Mateus não teve sorte. Recebeu o Penalva do Castelo, da II divisão B, na segunda eliminatória e perdeu no desempate por grandes penalidades.

5ª jornada (31.10.04) U. Serra Sp. Estrada Fig. Vinhos Óbidos Ansião Juncalense Valcovense Outeirense Mirense Alq. Serra Guiense Chão Couce Alcobaça ARCUDA Vidreiros Atouguiense

1.Outeirense 2.Guiense 3.Vidreiros 4.U. Serra 5.Juncalense 6.Ansião 7.Alcobaça 8.Mirense 9.Valcovense 10.Chão de Couce 11.Atouguiense 12.Fig. Vinhos 13.ARCUDA 14.Alq. Serra 15.Óbidos 16.Sp. Estrada

4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4

GOLOS

0 1 1 0 2 2 1 4

PONTOS

Atouguiense Guiense Alcobaça Valcovense Mirense Fig. Vinhos Vidreiros Ansião

EMPATES

Classificação 0 0 0 6 2 2 1 0

DERROTAS

4ª jornada ARCUDA Alq. Serra Chão de Couce Juncalense Outeirense Sp. Estrada U. Serra Óbidos

JOGOS

HONRA VITÓRIAS

A União Desportiva da Serra está a dois pontos do comando da divisão de Honra de Leiria. À quarta jornada, a equipa treinada por Fernando Mateus leva duas vitórias e dois empates no campeonato. No i n íc io do c a mpeonato, a equipa empatou fora com o Valcovense, ganhando de seguida ao Ansião (1-0) e em Figueiró dos Vinhos (0-4). Na jornada passada, o Vidreiros impôs uma igualdade a um golo em Santa Catarina da Serra. Com o Outeirense no topo da classificação, a União da Serra espreita uma escorregadela do adversário para procurar atacar a liderança. Na Taça Distrito de Leiria, o conjunto serrano seguiu em frente, rumo à segunda eliminatória

3 1 0 10-7 10 3 0 1 8-5 9 8 2 2 0 14-2 2 2 0 6-1 8 2 1 1 9-3 7 2 0 2 6-2 6 2 0 2 7-4 6 1 3 0 6-4 6 1 2 1 7-10 5 1 1 2 5-4 4 1 1 2 3-5 4 1 1 2 3-10 4 1 1 2 3-12 4 1 0 3 4-9 3 0 2 2 5-11 2 0 1 3 2-9 1



ENSINO

Projecto T.I.C. do Agrupamento de Escolas e Jardins da Serra

É do conhecimento geral que as TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) podem proporcionar potencialidades imprescindíveis à educação. Tendo consciência deste facto, o Agrupamento de Escolas e Jardins da Serra, aderindo ao projecto Rede de Cooperação e Aprendizagem, promovido pelo Centro de Formação Entre Mar e Serra, está a dinamizar, no presente ano lectivo, o projecto TIC - Serr@.net, com o objectivo de encontrar estratégias para a integração e desenvolvimento das TIC em contexto escolar e organizacional. Pretende-se, deste modo, dotar o agrupamento de meios necessários para desenvolver competências nos docentes e nas estruturas organizacionais e disponibilizar ferramentas de gestão de comunicação e informação necessárias às tarefas diárias de uma escola. De entre as actividades propostas para a dinamização deste projecto salientam-se a recuperação de computadores antigos para a criação de mais espaços que permitam o acesso às TIC, a

22

instalação de ferramentas de trabalho, a utilização das TIC para a realização/ apresentação de trabalhos nas diversas disciplinas, o apoio à BE/CRE (utilização dos recursos informáticos, instalação de software necessários ao seu funcionamento, dinamização de actividades e comemoração de datas especiais) e à sala de informática (utilização de recursos informáticos, manutenção e instalação de software e organização da sala de informática). Outra das actividades diz respeito à promoção de acções de formação para professores, ao nível da utilização das TIC em contexto escolar, dinamizadas pelo Centro de Competências Entre Mar e Serra. Por outro lado, o reforço da comunicação entre as escolas do agrupamento é, manifestamente, outro objectivo a atingir neste contexto. Para tal, será implementado um sistema de informação baseado na web que permite a transmissão de informação entre a escola sede e as escolas associadas, as quais terão também apoio ao nível da manutenção básica e instalação de equipamento.

Por sua vez, para dar a conhecer a escola e o seu projecto educativo a toda a comunidade escolar, o projecto visa também desenvolver e actualizar a página web do agrupamento (http://www. stacatarina.ccems.pt), tendo sido já criada outra plataforma web que permite a gestão dos projectos de cada escola, o plano anual de actividades e o projecto educativo do agrupamento. Este projecto, em articulação com o Projecto Educativo, visa, sobretudo, assumir a mudança como factor indispensável para a evolução de alunos e professores/educadores no uso das TIC e, consequentemente, contribuir para a aquisição de competências básicas neste domínio. Ou seja, cada vez mais, terse-á de articular a escola com a sociedade de informação e do conhecimento, oferecendo condições para que todos possam aceder e seleccionar, ordenar, gerir e utilizar novos produtos necessários ao ensino-aprendizagem. Rita Agrela, Coordenadora do Projecto T.I.C. – Serra@ .net




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.