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Green Academy Uma semana de bom Ambiente
Em Portalegre, estudantes de todo o país ligaram-se ao ambiente
Sabe tudo sobre a mais recente adição ao universo das Academias Forum. Durante o mês de setembro, a Green Academy levou 20 estudantes de todo o país até Portalegre. A iniciativa, promovida em parceria com o Politécnico de Portalegre, foca os temas do ambiente e da sustentabilidade. Texto: Ruben de Matos
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Dia #1: O início
Os 20 estudantes do ensino secundário chegam de todos os pontos do
país, e contam já com longas horas de viagem. Quando se pergunta a que horas se levantaram, o maior número de braços aponta para as primeiras horas da manhã, bem cedo. Nem as poucas horas de sono parecem esmorecer o entusiasmo que se sente. O tempo começa a contar assim que chegam, durante a sessão de abertura. Resultado de uma parceria com o Politécnico de Portalegre, foi destacado que os 20 estudantes de todo o país
vão poder ficar a conhecer melhor não só a região, mas também muitos cursos e profissões que podem ser uma opção no futuro académico destes







participantes. Durante estes cinco dias, será possível conhecer uma instituição que se divide em 4 escolas, situadas em duas cidades diferentes. A sessão de abertura contou com a participação de Vera Barradas, que integra a equipa de comunicação do Politécnico de Portalegre. “Esta
casa também vos consegue oferecer muito daquele que é o objetivo desta academia. Conseguirem ter a melhor experiência possível, mas ao mesmo tempo conseguirem aproveitar o verde de Portalegre e perceber que
o Planeta também precisa de vocês”, destacou, revelando ainda um desafio: o Green Photo. No final destes dias, o autor da melhor foto ganhará bilhetes para um dos ex-líbris da região, o Festival do Crato. No final da semana, faremos as contas. O campus do Politécnico de Portalegre acolhe também a incubadora desta instituição de ensino superior: a BioBIP ou Bioenergy Business Incubator of Portalegre. Aqui, aposta-se na inovação e no empreendedorismo. A fechar o primeiro dia, e já como forma de inspiração para dias que se querem ricos e produtivos – em amizades, é certo, mas também em experiências diferentes –, a passagem por este local é incontornável. Neste edifício, acumulam-se os gabinetes de empresas. Entre as muitas descobertas e invenções que por aqui se procura criar, há uma que é explicada pelo engenheiro Luís Calado, e que procura transformar a biomassa animal em energia térmica. A ideia é ambiciosa, e cativa a curiosidade de alguns participantes. É o caso de Rodrigo Mendes, que vem diretamente de Pombal. “Gosto de saber
de tudo um pouco, porque assim posso
discutir de tudo um pouco”, contou.
Dia #2: De olhos em Elvas
Ao chegar-se a Elvas e ao subir-se à parte mais alta da cidade percebemos imediatamente o papel estratégico e defensivo que esta cidade desem-
penhou na história do país. No centro, vemos a grande muralha, rodeada por uma série de fortes, verdadeiros pontos estratégicos defensivos. No primeiro ponto de passagem do dia, a vista permite uma panorâmica invejável. Durante a tarde, realizou-se uma visita à Escola Superior Agrária de Elvas –
uma das unidades orgânicas do Poli-
técnico de Portalegre. O presidente da escola, José Manuel Nunes, começou por apresentar as primeiras pistas sobre a cidade e a escola. Num dos espaços da escola, a estudante Carlota Rico Duarte aguarda os participantes. Está também acompanhada pelo seu cavalo, o seu companheiro dos últimos anos. Carlota
estudou Equinicultura por Elvas, está a terminar um mestrado orientado para o turismo equestre e já está a olhar para um doutoramento.
A assistência está atenta a Carlota, curiosa com as histórias que guarda de muitos anos a fazer desta a sua vida. Mas o olhar está sempre fisgado no amigo de quatro patas. De parte a parte, lá o raciocínio de Carlota vai sendo interrompido por umas quantas lambidelas. Para a jovem, não há segredos na relação com os cavalos. “Conheço este cavalo como a palma da minha mão”. A visita pela cidade também continua. As ruas estreitas, as roupas estendidas à janela dão o sinal de que, apesar de estarmos numa zona fortemente afe-



tada pela desertificação, há população à vista. E é, por exemplo, no Museu de Fotografia João Carpinteiro que encontramos alguns dos retratos que mostram a cidade das últimas décadas. À entrada é logo o próprio
quem recebe o grupo.
A passagem por Elvas não poderia chegar ao fim sem uma passagem pelo Forte de Nossa Senhora da Graça. A imponência da construção impressiona os estudantes. Na verdade, foram 30 anos de construção e o trabalho de mais de 6 000 homens e 2 000 animais que permitiu vermos aquilo que marcou a tarde destes jovens. Uma visita guiada por Alice Reis, que permitiu ainda tirar boas fotos, no
topo do edifício, com as cidades de Elvas e Badajoz como fundo.
Dia #3: À descoberta de Portalegre
Chover no Alentejo em pleno Verão? É possível. Aconteceu no início do terceiro dia. Mas nem o clima encoberto e
as pingas miudinhas que teimaram em cair estragaram os planos da manhã. Com a serra no horizonte, o Parque Natural da Serra de São Mamede esconde o ponto mais alto que se
pode encontrar a sul do Tejo. É a 600 metros de altitude, na Barragem da Apartadura, que Afonso e Henrique da Marvão Adventures têm tudo pronto
para ocupar a manhã do grupo com
uma caminhada, stand-up paddle e
canoagem.
A experiência não foi tão fisicamente exigente quanto muitos receavam, mas fez-se bastante bem. Com música à mistura e tudo, daquela que faz lembrar as melhores memórias do passado. “Com a chuva foi ainda melhor”, atira Inês Costa, de 18 anos, e que veio diretamente de Ovar para viver estes dias. Com ou sem chuva, as pranchas e as canoas estiveram dentro de água. E a água estava quente, ou quase. Seguiu-se uma visita ao centro de Portalegre. Com a chuva a dar sinal
de tréguas, encontramos uma cidade com pouco movimento, mas muitos jardins e património. “As pessoas devem aproveitar para conhecer mais
estas cidades. Às vezes as cidades do interior são um bocado desvalorizadas, porque as pessoas pensam que não têm nada, mas a riqueza cultural está à vista”, ouve-se da parte de Catarina Gomes, uma das participantes. O Museu das Tapeçarias de Portalegre foi um dos espaços visitados, onde se retrata um trabalho de mãos femininas, cuja produção de uma só peça dura sempre mais do ano. Nas paredes, vê-se o trabalho de alguns dos mais prestigiados artistas nacionais, como Maria Helena Vieira da Silva.
Dia #4: Um mergulho no universo do IPP
O ambiente da televisão é um chamariz quase certo de atenção e curiosidade. Mesmo para quem não vê o seu futuro a passar por este mundo, há sempre a














curiosidade de experimentar por uns minutos o que se sente à frente da câmara. Foi isso que aconteceu a manhã do quarto dia de Green Academy, com a ajuda dos professores que nesta escola lecionam unidades curriculares desta área. De experiências inéditas e reflexões que deixaram a sua marca, a tarde foi passada por uma visita intensa ao campus do Politécnico de Portalegre, onde se encontram localizadas a Escola Superior de Saúde e a Escola Superior de Tecnologia e Gestão. No primeiro caso, o curso de Enfermagem foi dado a conhecer por Jorge Casa Nova. Numa hora de atividade, a aposta centrou-se em algo que pode representar mais uma lição para a vida. Como socorrer alguém que se encontra num estado de fragilidade? Que procedimentos cumprir? Nos corredores, en-
tre troca de atividades, e já a caminho de uma atividade inserida na área das artes, design e animação, lá se solta a opinião: “Puto, prepara-te. Essa ativi-
dade é mesmo a tua cara!”. Seguiramse atividades nas áreas da sonoplastia e da programação, bem como do design. A terminar, o grupo volta ao
ponto onde esta viagem começou – ao mundo da investigação e das ideias.
Foi tempo de ficar a conhecer alguns dos projetos mais emblemáticos que têm nascido nos últimos tempos no seio do Politécnico, como o Fórum Energia e Clima e o Living Lab. Sempre com um olho naquele que é um dos motes-mor desta Academia: o verde e a sustentabilidade. Só o Fórum Energia e Clima, com sede no Campus, desempenha um papel de relevo na luta climática, no seio da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Com a sua mensagem, Ricardo Campos alertou e inspirou. E deixou o aviso: “Temos a solução nas nossas mãos!”. A última noite desta academia teve ainda direito a uma Sunset Party, com direito a atuação especial. Não só com o sabor especial do cante alentejano, mas com a música sentida de uma das tunas do Politécnico de Portalegre, a Tuna Papasmisto. Há lá algo mais capaz de retratar o ambiente académico puro e duro? Sem quaisquer