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Cinema e TV Apanha a “onda coreana”

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A onda onde navega Squid Game

Squid Game é o resultado mais recente de uma estratégia levada a cabo pela Coreia do Sul ao longo das últimas duas décadas. A “onda sul-coreana” ou “Hallyu” procurou afirmar o país como produtor global de cultura pop, através da música, de filmes e de séries. Conhece cinco exemplos de filmes recentes que ajudaram a construir este legado.

No final de 1996, o então presidente sul-coreano Kim Young-sam encontrou especial interesse num dado estatístico – os lucros do filme Jurassic Park tinham superado os do fabricante de automóveis Hyundai. O momento, descrito numa reportagem de 1996 do Los Angeles Times, é apontado como o início de uma estratégia cultural cujo expoente máximo terá acontecido em 2020, quando o filme sul-coreano Parasite, de Bong Joon-ho, foi o primeiro filme falado noutro idioma que não o inglês a vencer o Oscar de “Melhor Filme”. Ao abrigo desta estratégia, durante as últimas duas décadas, a Coreia do Sul tem apostado na exportação de cultura pop. Os resultados chegaram, desde logo, pela música, com o surgimento de milhões de fãs de K-pop em todo o mundo, por exemplo. Em entrevista ao Diário de Notícias, em julho deste ano, o embaixador sul-coreano em Portugal, Song Oh, explicava que “Portugal não é exceção nesta tendência” que chamou de “onda coreana”, também apelidada de “Hallyu”: “Sempre que visito regiões do país, encontro muita gente que me diz que os filhos são fãs de K-pop”. Para além do sucesso alcançado através da música – bastará recordar o sucesso global de Gangnam Style, em 2012, ou a popularidade atual dos BTS (Bangtan Boys) – o cinema e a televisão (ou, mais recentemente, as plataformas de streaming) são outro dos pilares desta “onda”. A série Squid Game (recomendada para maiores de 16 anos), por exemplo, já se tornou a série mais vista da história da Netflix. Por outro lado, vários filmes sul-coreanos têm alcançado protagonismo, ao longo dos últimos anos. Conhece, ao lado, alguns exemplos.

Parasite

de Bong Joon-ho (2019)

Depois de vencer a Palma de Ouro em Cannes, em 2019, Parasitas conquistaria os Óscares de 2020, arrecadando quatro estatuetas e tornando-se o primeiro filme de outra língua que não a inglesa a vencer a categoria de “Melhor Filme”. O obra de Bong Joon-ho é um retrato das desigualdades sociais e económicas, misturando registos como a comédia, o thriller, o terror, a sátira ou a tragédia. O enredo acompanha a história de duas famílias de Seoul que vivem em polos opostos do espectro socioeconómico e cujos destinos se tornam profundamente interligados.

Train to Busan

Yde eon Sang-ho (2016)

Ideal para os fãs de ficção científica, Train to Busan acrescenta um elemento ao género “Apocalipse Zombie” – grande parte do filme passa-se num comboio de alta velocidade. A partir desta premissa, acompanhamos a história de um pai e de uma filha que procuram sobreviver. O filme (recomendado para maiores de 16 anos) foi recebido com boas críticas, que destacaram a forma como mistura elementos de ação mais convencionais com a exploração de temas como a realidade da orfandade ou os desafios da parentalidade.

Burning

de Lee Chang-dong (2018)

Enquadrado na categoria de thriller psicológico, Burning (“Em Chamas”) acompanha a história de Jong-soo, um estafeta que reencontra uma antiga amiga do seu bairro. A partir daqui o enredo toma caminhos inesperados que levaram a que o filme fosse considerado um dos melhores de 2018, recebendo vários prémios internacionais. A forma como o filme constrói tensão lentamente, ao contrário de outras películas do género que adoptam um ritmo mais rápido, foi destacada como uma das suas principais riquezas.

Okja

de Bong Joon-ho (2017)

O que acontece quando uma jovem tenta salvar uma porca gigante e geneticamente modificada das mãos de uma poderosa multinacional? O resultado é o filme de Bong Joonho – Okja – um filme que oferece um comentário satírico às práticas de crueldade animal tendo por base uma história de amizade e companheirismo. A película foi nomeada pelo The New York Times como um dos 10 filmes mais influentes da década.

House of Hummingbird

de Bora Kim (2018)

Um drama que se passa em meados da década de 90, House of Hummingbird é centrado em Eun-Hee, uma jovem tímid de 14 anos que se prepara para entrar no liceu. A partir daqui, o filme explora várias complexidades da vida adolescente para ilustrar o crescimento de Eun-Hee. O enredo tem elementos autobiográficos da realizadora Bora Kim, que diz ter procurado, a partir dessa partilha, o retrato de “emoções humanas coletivas”.

Outros filmes da “onda”

+ Old Boy (+18) + Snowpiercer + The Handmaiden + Memories of Murder + I Saw The Devil (+18) + Peppermint Candy + Take Care of My Cat

A rubrica Inside Job vai dar-te a conhecer mais sobre profissões, durante os próximos meses.

Conhece por dentro mais dos ofícios de áreas muito distintas.

Profissões do teatro e cinema o que faz…?

…um/a cenógrafo/a?

Que funções?

O cenógrafo recebe as indicações do diretor artístico e recria o ambiente adequado à ação, tanto em teatro e cinema como em televisão. Desenha esboços, maquetes e plantas. Orienta os trabalhos de adaptação dos cenários naturais e dirige as reparações e transformações bem como a restituição à forma primitiva dos cenários naturais adaptados.

Que requisitos?

Sensibilidade estética, grande criatividade e boa capacidade para trabalhar em equipa de forma a conseguir concretizar o cenário que foi idealizado.

Onde exercer?

O cenógrafo pode trabalhar em todas as áreas relacionadas com o espetáculo, ou seja, cinema, teatro, televisão ou meios digitais.

…um ator/atriz?

Que funções?

O ator ou atriz começa por decorar o seu papel, ensaiando-o diariamente durante algum tempo. Cada ator tem o seu próprio estilo, decorrente da sua personalidade e da “escola” que segue ou até do tipo de trabalho, com diferenças vincadas entre teatro, cinema ou na televisão. No Teatro, é necessário o domínio de uma técnica específica de representação, sendo que o ator representa várias vezes, durante uma temporada, o mesmo papel. Já no Cinema o método implica a repetição de cenas, obedecendo a um plano de produção que inclui ensaios e gravações. Por fim, em televisão, o ator ou atriz pode trabalhar com profissionais da área de direção de atores, que orientam e trabalham a representação. Dependendo da longevidade da série ou telenovela, as gravações poderão estender-se por meses e até anos.

Que requisitos?

O ator tem que vestir muitas peles diferentes ao longo da sua carreira, com convicção e autenticidade, pelo que deve estar muito bem informado sobre o mundo que o rodeia. Deve ter coragem suficiente para enfrentar o público e não se deixar afetar por sentimentos (poderá ter de atuar à hora marcada, independentemente de algum problema pessoal). É importante ter versatilidade e capacidade para vencer novos desafios, capacidade para trabalhar em equipa, além de muita criatividade e imaginação. Mas nada disto funciona sem muito treino e perseverança.

Onde exercer?

Os atores podem trabalhar em diferentes áreas. Para além de companhias de teatro, televisão e cinema, existem ainda oportunidades em agências de publicidade, por exemplo.

…um encenador/a?

Que funções?

Um encenador ou encenadora coordena e faz a conceção total do espetáculo. Incentiva e estimula os atores. A partir do momento em que a ideia surge do encenador, trata-se de criar toda uma grande unidade no espetáculo que corporize a sua visão artística.

Que requisitos?

Ter sentido de liderança é uma característica essencial para exercer esta profissão. Isto, como é óbvio, para além de em elevado sentido estético e cénico. O encenador ou encenadora deve ser uma pessoa determinada e capaz de conceber e produzir projetos que envolvam muitos recursos, designadamente humanos, técnicos e financeiros. Deve ainda ser capaz de lidar com a pressão, nomeadamente resultante de prazos, bem como ter capacidade de resolver dificuldades inesperadas.

Onde exercer?

Os encenadores trabalham sobretudo com companhias de teatro e salas de espetáculos, criando e executando espetáculos e coordenando dimensões como a cenografia, a sonoplastia, o guarda-roupa, entre outras.

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