13 minute read
Cinema A nova fase do Universo Cinematográfico da Marvel
O QUE SE SABE SOBRE A fase 5
Advertisement
do Universo CinematográFIco da Marvel?
O filme Black Panther: Wakanda para Sempre, que estreia a 11 de novembro, será o último da fase 4 do Marvel Cinematic Universe (MCU). O que se sabe sobre a próxima fase do MCU?
Tudo começou na primavera de 2008, com o lançamento do primeiro filme de Homem de Ferro. Sobre esta primeira pedra, seria criado um dos maiores impérios no mundo entretenimento. No total, este “universo” conta com 29 filmes já lançados, 14 ainda em produção, bem como mais de 400 episódios de séries de televisão. As primeiras três fases – a que foi dado o nome “A Saga do Infinito” – tiveram a duração de 11 anos, culminando com o lançamento de Spider-Man: Far From Home, em 2019, logo depois do grande sucesso de bilheteiras Avengers: Endgame. No total, estas três primeiras fases contabilizam receitas de bilheteira que ultrapassam os 20 mil milhões de dólares. Ao longo dos últimos três anos, a Marvel inaugurou o que apelidou de “A Saga Multiverso”, que engloba as três seguintes fases do MCU. O último filme da fase 4 (e trigésimo filme do MCU) é lançado a 10 de novembro, encerrando um ciclo iniciado a janeiro de 2021, com o lançamento da série Wandavision. O último filme da fase 4 do MCU será Black Panther: Wakanda para Sempre. O filme é a sequela do título Black Panther (2018), protagonizado por Chadwick Bosman, que morreu em 2020. Por opção da Disney, o falecimento do autor significou o desaparecimento do protagonista T’Challa. No novo título da Marvel, serão outras personagens a dar continuidade à história de Wakanda. O calendário de lançamentos do MCU já foi partilhado pela Marvel, começando em fevereiro de 2023 e terminando a julho de 2024. Fica a saber quais os próximos passos.
Novos filmes, novos protagonistas
Será um filme a iniciar a fase 5, com o lançamento, em fevereiro de 2023, de Ant-Man and The Wasp: Quantumania. Paul Rudd estará de volta para dar vida a Scott Lang, focando os eventos que se seguem a Avengers: Endgame. Em maio do mesmo ano, será a altura da
saga Guardiões da Galáxia conhecer o seu terceiro “volume”, com realização de James Gunn. A fase 5 incluirá ainda dois novos filmes que dão continuidade à história de Capitão Marvel e duas “estreias”: o filme Blade (uma nova versão do título com o mesmo nome de 1998) e Thunderbolts (uma equipa de vilões que assume identidade heróicas).
Novidades no mundo das séries
Há seis séries incluídas na fase cinco do MCU, sendo que cinco são estreias absolutas. A exceção é a série Loki, que lançará a segunda temporada durante o verão de 2023. As restantes séries começam com o lançamento, na primavera de 2023, de Invasão Secreta (uma minissérie que acompanha a substituição de vários super-heróis da Marvel por extraterrestres que mudam de forma). Segue-se, no verão do mesmo ano, a estreia de Echo, que acompanha a filha do vilão Kingpin. Ironheart (outono de 2023), Agatha: Coven of Chaos (inverno de 2023) e Daredevil: Born Again (primavera de 2024) são as restantes novidades.
E a fase 6?
A esta distância, há ainda incertezas sobre a constituição da última fase da Saga do Multiverso. Em outubro, por exemplo, a Marvel adiou vários títulos, entre os quais aquele que previsivelmente encerrará a fase 6, a 1 de maio de 2026. Esta é, para já, uma fase com um menor número de títulos que o habitual, consistindo apenas em três lançamentos, sendo que dois deles são filmes são sequelas da saga Os Vingadores: Avengers: The Kang Dinasty (maio de 2025) e Avengers Secret Wars (maio de 2026). Antes disso, está previsto o lançamento de uma nova versão de Quarteto Fantástico, a partir do filme de 2005 (já revisitado em 2015). A inclusão do título Deadpool 3 nesta fase do MCU também tem sido debatida, não havendo, contudo, confirmação oficial.
Fatu Banora vence primeira edição do Prémio António Brandão de Vasconcelos
Está encontrada a vencedora da 1.ª edição do Prémio António Brandão de Vasconcelos, o prémio que abre as portas do Ensino Superior a jovens da Academia de Líderes Ubuntu. Fatu Banora, estudante do primeiro ano de licenciatura em Psicologia no ISPA, de 22 anos, foi a escolhida para receber o prémio, no valor de 5000€.
No dia 10 de outubro, decorreu no ISPA – Instituto Universitário a cerimónia de entrega de um galardão que promove e incentiva o prosseguimento de estudos superiores de jovens que participaram na Academia de Líderes Ubuntu – o Prémio António Brandão de Vasconcelos. Esta é uma iniciativa promovida pelo Instituto Padre António Vieira (IPAV), com o apoio da NTT Data, da Forum Estudante e, este ano, do ISPA.
“A história deste prémio é curta,
mas muito bonita e especial”, disse Rui Marques, presidente do IPAV, sobre o prémio que homenageia António Brandão de Vasconcelos, co-construtor do projeto da Academia de Líderes Ubuntu, que faleceu em 2022. O CEO da DMR Consulting em Portugal, mais tarde everis Portugal, liderava a parceria focada no desenvolvimento das competências de empreendedorismo social dos participantes das Academias Ubuntu, com o objetivo de ajudá-los no seu processo de capacitação. António Brandão de Vasconcelos tinha um “profundo compromisso de respeito com a dignidade humana”, lembrou Rui Marques. “Depois da
sua partida, para nós tornou-se óbvio que tínhamos de celebrar
a vida do António”, concluiu o presidente do IPAV, acrescentando
que “um legado pode ser sempre uma proposta de futuro”.
A primeira vencedora
A estudante e líder Ubuntu Fatu Banora é a primeira vencedora deste prémio. Fatu nasceu na Guiné-Bissau no ano 2000 e, aos 8 anos, à procura de cuidados médicos, mudou-se com o pai para Portugal. Fatu teve um percurso de vida desafiante, com poucas oportunidades e fases marcantes antes de vir para Portugal.
“Quando, em 2008, eu o meu pai chegámos a Portugal, não imaginávamos que o meu caminho seria este e que estaria aqui a ser
alvo de tanta confiança”, disse Fatu ao receber o prémio. “Receber
este prémio é um grande voto de confiança, que me faz celebrar a vida do António mas também celebrar o
futuro”, concluiu. Ao participar na Academia de Líderes Ubuntu, a estudante explica que ganhou uma nova visão sobre si e sobre os outros e ferramentas que ainda agora a impactam. Hoje a trabalhar no IPAV, Fatu diz aprender todos os dias o que é ser Ubuntu, ao estar rodeada de pessoas que a ajudam a ser a sua “melhor versão”. Encontrou na Psicologia o seu propósito, para poder dar respostas às pessoas e ajudá-las a encontrarem respostas para si. E o ISPA “pela
questão da humanidade, de ser uma faculdade de pessoas que
se relacionam”, e tendo já boas referências, foi a escolha para começar o caminho no Ensino Superior.
“Ubuntu é levar esperança às pessoas de que é possível nascermos num sítio, irmos para outro onde não conhecemos nada, termos desafios
e isso não ser limitador”, realça a estudante, antes de concluir: “O sítio
de onde eu vim e o percurso que tive até agora não me pode limitar e não
me vai limitar”.
Fatu Banora:
Fatu Banora nasceu na Guiné-Bissau há 22 anos e veio viver para Portugal aos 8. Hoje, é estudante de Psicologia no ISPA – Instituto Universitário e, em outubro de 2022, recebeu o Prémio António Brandão de Vasconcelos – galardão atribuído pelo IPAV para apoiar a educação superior de jovens integrados na Academia de Líderes Ubuntu. Em entrevista à FORUM, Fatu aborda a importância da sua participação neste programa, recordando algumas das fases da sua vida e algumas das marcas que são, ainda hoje, difíceis de apagar.
Quando entrou a Academia de Líderes Ubuntu na tua vida?
Em 2017, fui à Guiné-Bissau e quando voltei de férias entrei na Associação de Estudantes da Guiné-Bissau em Lisboa. E ali continuei a crescer, a aprender, a ter pessoas ao meu lado que estavam na mesma onda. Nesse período, apareceu a Academia de Líderes Ubuntu. Decidi participar e foi a melhor decisão que podia ter tomado naquela altura na minha vida.
Porquê? Que impacto teve em ti?
A Academia veio ajudar e dar ferramentas. Num primeiro passo, ajudar a compreender-me e a começar a dar respostas a questões que estavam muito mal resolvidas. A Academia permitiu-me fazer as pazes com a minha história e perceber qual era a origem da minha revolta. Por outro lado, teve impacto na minha autoestima, porque comecei a olhar para mim e a perceber do que sou capaz. Foi aí que comecei a saber olhar mais para os outros também. A Academia foi a base dessa transformação e, ainda agora, estou a sentir o impacto.
Decidiste prosseguir estudos no ensino superior, optando pela licenciatura em Psicologia. Quando percebeste que era essa a opção que mais te interessava?
Passei por várias ideias, mas, entre todas, a Psicologia foi aquela que me chamou mais a atenção, por se ligar ao que quero que seja a minha missão – poder dar respostas às pessoas, ajudar as pessoas a encontrar respostas para si. Isto porque eu sei o impacto que nasce de não conseguirmos encontrar as respostas certas para as várias emoções que sentimos.
Muito. Veio tirar um peso enorme, que seria estar a trabalhar e a estudar ao mesmo tempo, para pagar as despesas no Ensino Superior. Para mim, este prémio é também um voto de confiança. Se já era um desafio conseguir ter os melhores resultados possíveis por mim, agora, com esta responsabilidade acrescida, terei o cuidado de dar o meu melhor, para que quem confiou em mim se possa orgulhar de me ter ajudado.
Como foi o teu percurso antes de vires para Portugal?
Nasci num seio muçulmano, a aprender as vivências do Islão. Tive uma infância muito conturbada devido a questões de saúde, muito presentes até aos 8 anos. Estive um ano e meio internada num hospital, enquanto aguardava o resultado do processo de protocolo de saúde, para poder vir para Portugal.
Dirias que tiveste uma infância com oportunidades?
Não fui uma criança com muitas oportunidades, assim como todos os meus irmãos. Vi outras crianças com mochilas novas a ir para a escola e eu e os meus irmãos a não termos essa possibilidade… Como é que fazes uma criança de seis ou sete anos perceber que não há problema nenhum em não ter uma mochila nova? Que pode ir para a escola com o caderno dentro de um saco de plástico?
Eras feliz?
Era feliz, tinha os meus irmãos. Apesar de tudo o que aconteceu, quando penso nessa fase, não penso numa criança que poderia dizer “não sou nada feliz”. As fases mais marcantes, para mim, foram o internamento e a história de um irmão meu, que mexeu connosco. Ele foi enviado para a Gâmbia com o intuito de aprender a cultura islâmica – saber ler e interpretar o Alcorão. O meu irmão foi escravizado e virou uma criança talibé [crianças que, define a UNICEF, são “vítimas de tráfico, exploração e abuso, expostas à mendigagem e ao trabalho agrícola em condições precárias”]. Nós só nos apercebemos do que o irmão realmente estava a passar quando chegámos a Portugal. Ele estava tão traumatizado que, juntamente com outros dois, fugiu da Gâmbia e voltou para a Guiné-Bissau. Os meus pais foram movidos pela fé e não tiveram a capacidade de perceber que aquilo poderia acontecer ao meu irmão. Tal como não tiveram a capacidade de evitar que nos acontecessem certas coisas de que prefiro não falar, neste momento.
Depois da vinda para Portugal, como se organizaram?
Nos primeiros tempos, o meu pai não estava a trabalhar, as coisas eram difíceis. Ficámos em casa de tios. Chegámos em junho de 2008, em julho, eu já estava a viver na casa de uma tia, porque o meu pai queria estar mais livre para ir trabalhar e eu precisava mesmo de estudar. Eu tinha oito anos e chorava quase todos os dias por ser a mais velha e porque gozavam comigo por causa da língua, uma vez que ainda não sabia falar português. Essa fase foi também difícil, porque nós estivemos cinco anos sem autorização de residência. No meio de todos os desafios, eu comecei a ser seguida pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ). Acho que houve uma denúncia na escola primária, alegando que eu não ia tão bem cuidada para a escola, mas nunca me chegaram a dizer qual o motivo da sinalização. Depois, no 5.º ano, começou uma fase muito conturbada.
Porquê?
Comecei a sentir muita revolta. Vi uma reportagem que me trouxe memórias de coisas que me tinham acontecido na Guiné-Bissau. Essa reportagem despertou em mim muitas questões. Tudo isto coincidiu com uma fase de rebeldia, em que faltava às aulas, não queria saber da escola. Eu não transmitia em nada aquilo que eram os valores que me transmitiam em casa. Andava revoltada e achava que era o mundo contra mim. O 5.º e 6.º anos foram muito duros. Continuávamos a ir ao tribunal para as audiências e entrevistas, no âmbito do meu processo da CPCJ, e “do nada” o processo foi encerrado. Agradeço muito isso à minha tia-avó porque ela esteve sempre ali a lutar por mim. Nesta altura, eu já estava em casa dela, onde vivo ainda hoje, há quase 14 anos. Viver com ela foi das melhores coisas que me podiam acontecer. Foi nesta casa que se lutou muito para que o meu processo na CPCJ pudesse ser encerrado.
Como eras enquanto aluna?
Eu ia às aulas, esforçava-me por não chumbar, mas em casa era uma coisa e na escola era outra. Na escola era onde eu me sentia mais à vontade para dizer, não por palavras: “Estou muito revoltada com a vida, a vida está a ser muito injusta comigo então também não me apetece estar aqui”. Tinha muitas faltas disciplinares por mau comportamento, olhava para as pessoas e não as respeitava, não as tratava com a dignidade com que merecem ser tratadas, nomeadamente os professores. Eu e alguns colegas achávamos que tínhamos gosto em maltratá-los. Hoje, eu olho para esse período e envergonho-me, não me orgulho de ter sido aquela pessoa, de ter feito alguém sentir-se mal. Se não fossem as pessoas que tenho em casa, a esta hora não sei onde estaria.
Qual foi o momento de transição em que percebeste que não querias mais ser assim?
Foi nos Jovens sem Fronteiras, no grupo paroquial na igreja de Monte Abrão, que conheci porque a minha tia N’Taméssa pertencia ao grupo. Esta tia nunca desistiu de mim, viu alguma coisa em mim que eu não era capaz de ver. Ali encontrei pessoas que tinham uma outra perspetiva. Isso foi importante para perceber que havia outra via e que eu me sentia bem com nessa outra via.
O que queres que seja o teu futuro?
Eu quero que o meu futuro seja feliz naquilo que vou estar a fazer, porque quero mesmo ser psicóloga. E quero aprender tudo aquilo que tenho de aprender para me sentir feliz a trabalhar no âmbito da psicologia.