REVISTA FOTOMANYA NR 25

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Edição Agosto 2020

Nº25

ENTREVISTA COM R I C A R D O G O N Ç A L V E S PORTOFOLIO DE Fotomanya Vip — AGOSTO 2020 M A R I L E N E S I L V A

©Carlos Carreto 1


NESTE NÚMERO

Paginação, Grafismo e Coordenação

FERNANDA MAGALHÃES Editorial ANA LUAR Jornalista

Entrevista com

RICARDO GONÇALVES #4

FILIPE MORAIS ROQUE

Galeria Fotomanya # 46

Portefolio de MARILENE SILVA #28

Fotografia de Capa © Carlos Carreto

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Editorial O Verão e chegou, e com ele o calor e as tão apreciadas férias. Existe melhor altura para termos sempre a tiracolo as nossas câmeras fotográficas? Pensem nas coisas fabulosas que podem fotografar no Verão... Um cão que se banha na fonte da cidade, as crianças brincam na rua, o vizi-

nho lava o carro , os velhotes apanham sol enquanto travam longas e saudosas conversas do passado, os namorados saem á rua, os piqueniques são mais que muitos, as moças lindas e airosas nos seus leves vestidos rodados que levantam suavemente com a brisa e deixam ao olhar atributos dignos de registo, sempre com todo o respeito pela privacidade de cada um. No Verão a vida parece mais leve. A pele fica mais escura a confiança renasce e a água fica mais quente. A bebida fica mais gelada. A música fica mais alta.

Os dias ficam longos e quentes e torna-se quase uma obsessão fotografar o pôr-do-sol mais vermelho, a lua mais luminosa as estrelas mais cintilantes. Apetece pegar na máquina e fotografar, registar tudo o que nos rodeia com o desejo de nada perder. A fotografia é um legado de vida e de momentos felizes, por isso este Verão aproveitem e usem exageradamente a câmera fotográfica sem esquecer o divertimento. A equipa Fotomanya deseja a todos umas boas férias, ficamos à espera dos

belíssimos registos fotográficos de férias.

Ana Luar

Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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RICARDO GON

“Gosto de fotografias que tenham intensidade e expressão (…) qu

O nosso entrevistado desta revista chama-se Ricardo Gonçalves, tem 45 anos, é Supervisor

de Emissão numa estação de Televisão. Embora diga que já fotografa há 23 anos, com pausas pelo meio, considera que apenas nos últimos 2 ou 3 leva essa paixão mais a sério e de forma mais insistente. Vê na fotografia um hobby e quer que continue assim pois funciona como “válvula de escape criativa na vida do quotidiano, dia dia-a-dia, tendo também um lado

bastante terapêutico”. Aqui fica então a entrevista: 4


NÇALVES

ue contem uma história”

Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

5 ©Ricardo Gonçalves


Há quantos anos fotografas?

velar as fotos da viagem...

Para ser preciso, há sensivelmente 23 anos. Foi

Claro está que, entretanto, assisti à passagem

nessa data em que me inscrevi em workshop´s

da fotografia analógica para a digital, tendo-me

de fotografia, após os quais cheguei a frequen-

convertido, e seguido neste registo de fotos

tar por 1 ano um curso profissionalizante de

ocasionais.

fotografia... Contudo, porque estava simultane-

Resumindo, e respondendo de novo á pergun-

amente a concluir a minha licenciatura, e devi-

ta: 23 anos, com um hiato de bastantes anos

do á exigência eminentemente prática da foto-

pelo meio (pontuado com algumas e raras brin-

grafia (com trabalhos a apresentar em quase

cadeiras por puro gozo), tendo retomado (de

todas as aulas), chegou a um ponto que tive

modo mais sério e insistente) há apenas 2/3

mesmo de optar: ou acabava o meu curso uni-

anos.

versitário, ou seguiria em frente por este novo caminho.... Hesitei um pouco, mas não por muito tempo: Conclui o meu percurso académico. Entretanto, e recordemos que estávamos na

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Como começaste e com que equipamento? Qual o equipamento que usas atualmente?

altura do "boom" dos audiovisuais e uns poucos

Comecei com uma máquina que ainda gosto

anos depois do surgimento das televisões priva-

muito, e tenho no meu escritório (apesar de

das (com a ascensão de toda uma indústria pa-

inutilizada) como troféu: uma Pentax K1000 (da

ralela a elas: Produtoras, cenários, técnicos es-

1a geração, de fabrico japonês). Uma excelente

pecializados, etc.…), virei-me mais para a área

máquina, um autêntico "tanque de guerra", vá-

do Vídeo. Tirei vários cursos, especializei-me

rias vezes caiu ao chão, e sempre sobreviveu...

em Pós-Produção Audiovisual, e entrei no mer-

Adorei esta máquina. Apenas deu o seu último

cado de trabalho por essa área, onde continuo

sopro de vida, quando me lembrei de a levar

até hoje. A partir daí, a fotografia tornou-se não

para Marrocos, para fotografar as dunas de

mais do que um daqueles prazeres secretos e,

Merzougha: Quem já lá esteve, sabe o quanto

verdade seja dita, não muito insistente, só pra-

as areias do Saara são bastante finas e leves e,

ticado muito, mesmo muito, de vez em quando.

apesar dos cuidados, acabaram por entranhar-

Ainda hoje me recordo do raro prazer de quan-

se na máquina, inutilizando-a...

do, aproveitando uns dias de folga, dava para

Presentemente, tenho uma Nikon D750 (já há

pegar no carro e na máquina, passear por Por-

praticamente 2 anos) que considero uma boa

tugal (conheci muito do nosso país assim...) e

máquina, da qual não pretendo me desfazer tão

voltar a casa, fechar as janelas com cortinas

cedo. Satisfaz plenamente as minhas necessida-

pretas, ligar a luz vermelha e o ampliador, e es-

des, por enquanto, para o tipo de fotografia

tar toda a noite, entre químicos e papéis, a re-

que pratico. A minha aposta, neste momento


©Ricardo Gonçalves Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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©Ricardo Gonçalves 8


e num futuro próximo, passa mais por adquirir novas lentes.

Qual a ideia inicial que tinhas da fotografia e qual a que tens agora? É apenas um hobby ou algo mais? É um hobby, sempre o foi e quero que continue assim. Digamos que é uma válvula de escape criativa na vida do quotidiano, do dia-a-dia. Tem também um lado bastante terapêutico... Estou certo de que quem fotografa, por prazer e sem pressões, sente o mesmo: Enquanto fotógrafo, e mesmo quando me sento ao PC a editar fotos, fico absorto naquilo, tudo o resto é esquecido por algumas horas: Seja a compor no instante, a ajustar luzes, exposição, diafragma, tempos, ISO, etc..., seja depois a ajustar tons, contrastes, cores, realces, etc..., tudo isto tem um lado lúdico, de entrarmos num jogo e deixarmo-nos jogar dentro dele; quase que diria, uma espécie de meditação ativa.

Desde o início que tive esta perceção do ato fotográfico (entendido desde a captura, até à edição final) .... O que alterou foi o facto de cada vez mais ter noção do lado técnico deste processo: que passou inicialmente do simples "click", uns ajustes básicos e está feita a foto; para uma série de ferramentas, métodos e técnicas (tanto na captura, como na edição), que vão maximizar o resultado final, ou

aproximar a foto ao que idealizamos, enquanto veículo de expressão e transmissão de algo, seja um sentimento, um efeito ou simplesmente um prazer estético de a olhar.

Tens algum tipo de formação especifica ou és só autodidata? Achas a formação pratica e teórica importante? Porquê? Tive oportunidade, mesmo recentemente, de ter uns poucos workshops´s individuais, sobre temas precisos (seja edição de pele, retrato, compósitos, etc.…). Estes, sem dúvida, contribuíram em muito

para a minha evolução e para o meu caminho. Contudo, diria que grande parte da minha aprendizagem é autodidata: com a proliferação de tutoriais via net, basta apenas saber o que se pretende (ou qual o aspeto a melhorar) e, com persistência, alguma paciência e muito espírito crítico (perante a oferta), os métodos e as técnicas encontram-se facilmente...

Há, todavia, neste processo de aprendizagem, um fator que é muito importante sublinhar: O encontrarmo-nos rodeado das pessoas certas e que partilhem o mesmo gosto pela fotografia. Alguma da minha aprendizagem (e creio que seja geral), parte de ver uma foto de um amigo, perguntar "como fez aquilo" e trocarmos impressões sobre isso... A fotografia, quando imbuída do espírito certo é, acima

de tudo, partilha. E todos nós, sem exceção, estamos a aprender. Ambas as componentes (tanto prática, como teórica) são importantes: Dificilmente haverá uma boa foto, sem uma delas.

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Contudo, por defeito ou feitio, dou uma grande

cultura se basear cada vez mais na imagem: Des-

ênfase á pratica : Não raras vezes, dou comigo

de a TV, à explosão das redes sociais, ao ênfase

no PC, a editar, e a experimentar novas funcio-

dado à imagem. Com cada vez mais estímulos à

nalidades que vou descobrindo, apenas pelo

nossa volta, e com a nossa capacidade de con-

mero prazer de experimentar... Óbvio que mui-

centração geracionalmente a diminuir (como

tas delas não irão resultar no que pretendo na-

sugerem muitos estudos), a imagem torna-se no

quela foto, vou falhar muitas vezes, no típico

veículo por excelência para passar uma mensa-

processo de "tentativa e erro"; mas sei que tal-

gem ou exprimir algo. Neste sentido, não é des-

vez no futuro poderá resultar para outra foto e

cabido que o interesse pela fotografia, pelo seu

sempre terei mais uma arma ou ferramenta pa-

imediatismo e a capacidade de expressar algo

ra utilizar.

mais, venha a ter cada vez mais relevância e interesse.

Como encaras este boom que a foto-

Como descreverias o teu estilo? Se é

grafia tem tido e ao que é que o atri-

que existe um? É uma coisa do momen-

buis?

to/inspiração ou é algo pensado ao

Antes de mais, há um processo de democratiza-

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detalhe?

ção das técnicas, meios e ferramentas do ato

Pergunta difícil.... Vou dizer o que gosto numa

fotográfico. Assisti a isso de uma maneira próxi-

fotografia, o que me prende quando a vejo; isso

ma no vídeo (na passagem de uma edição linear

terá decerto influência no modo como a faço.

para não linear) e, ao longe, na fotografia. Hoje

Gosto que a fotografia tenha intensidade e ex-

em dia, e ao contrário de há 20/25 anos atrás

pressão; sacrifico (de muito bom grado) a técni-

(ainda recentemente li que a quase totalidade

ca, por uma fotografia forte... Se puder juntar as

das fotos tiradas no 1 de Setembro de 2001

duas, é o ideal. Para mim, a fotografia não se

eram analógicas...), alguém com uma máquina

pode reduzir a mimetizar e a copiar a realidade

(de preços cada vez mais acessíveis), um progra-

(por muita técnica que tenha a foto); da realida-

ma de edição (muitas vezes pirateado) e uma

de, todos nós estamos fartos de a ver no dia-a-

ligação à net, com tempo, paciência e persistên-

dia... Tem de acrescentar algo mais a ela.

cia, poderá vir a produzir boas fotos... Essa é a

Gosto particularmente, de fotografias que con-

realidade. O ato de fazer fotografia (de um mo-

tem uma história. Neste ponto, não sou um es-

do mais exigente, entenda-se) tornou-se bastan-

teta puro, confesso... Uma fotografia até pode

te mais acessível a quem o queira fazer. Outro

ser medianamente boa, mas se tiver ou puder

aspeto que não é de descurar, é o facto da nossa

entrever uma história nela, rendo-me logo.


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Curiosamente, eu que comecei por adorar o P&B, (embora ainda goste) cada vez mais gosto do (bom) uso da cor em fotografia. Uma foto com as cores, tons, realces, tudo no ponto, em harmonia com o conteúdo da fotografia, e com o que pretende exprimir, torna-se irresistível.

O que é que achas fundamental num bom fotografo? E o que distingue um bom de um mau fotógrafo? Antes de mais, e acima de tudo, consistência. Cada vez mais acho que um bom fotógrafo não é apenas aquele que consegue tirar boas fotos.... Seja obra do acaso ou da sorte, todos nós em dadas alturas (ou porque a luz estava boa, ou porque foi aquele momento certo, etc.…), tiramos boas fotos. Um bom fotógrafo, pelo que vejo, é aquele que não sabe tirar más fotos. É algo diferente: Muitas vezes vejo a obra de fotógrafos que respeito e admiro e, até posso gostar menos de algumas (pelo estilo, etc), mas não consigo dizer "Esta é uma má foto"... Quanto muito, não é o meu estilo, mas como foto está excelentemente tirada e o fotógrafo merece o meu respeito e admiração. E ter consistência no trabalho, por vezes falando numa carreira de anos, mantendo o nível de qualidade, foto após foto, não é nada fácil... Respeito isso.

Costumas editar muito as fotos? Qual a tua opinião acerca disso e que editor usas habitualmente? Serão as fotos excessivamente tratadas fotos ou não? Já houve uma fase que editei mais; e por vezes, demais.... Creio que é uma etapa que todos nós passamos, ao abrir-se o mundo da edição. Neste momento, cada vez mais dou valor ao momento da captura: uma foto bem tirada, com tudo correto, torna a edição bem mais leve e mais fluida. Se não, torna-se difícil fazer milagres...ou milagres que o observador não note como artificial. Sou, isso sim, bastante perfeccionista. E digo isto um pouco a meu desfavor, pois por vezes pode tornar-se obsessivo. Não raras vezes, dou comigo a fazer bem mais de 10 versões finais de uma foto, seja a acrescentar-lhe mais 1 stop de exposição, agora de realces, sombras, contrastes, etc...

Não é assim nada difícil perder a objetividade da fotografia: Muitas vezes, obrigo-me a ir dar uma volta, ou acabar no dia seguinte. É o melhor... Basicamente, o meu "workflow" baseia-se no uso do Photoshop (onde faço a importação e 90% do trabalho), finalizando no Lightroom, para ajustes finais e exportação. "Serão as fotos excessivamente tratadas fotos ou não?" É uma imagem. Ou seja (e talvez indo mais atrás): desde o momento do "click", em que ajustamos composição, perspetiva, etc, e a luz

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é registada pelo sensor da máquina (podemos ter

segues nesta área e porquê? Que te te-

várias máquinas, de modelos diferentes, todas a

nham servido ou sirvam de inspiração?

registar o mesmo tema, com os mesmos “settings”... vamos ter várias imagens diferentes), torna-se uma imagem. Fotografia, assim, é o meio técnico de converter luz numa imagem. Assim sendo, na minha opinião, já estamos, logo no momento do "click", a fugir á realidade; de certo modo, a alterá-la. A edição é o prolongar e maximizar deste processo: Logo, não sou nada contra o uso excessivo de edição (podem-se acrescentar elementos, mudar cores, etc.…); continuam a ser

Sigo vários... Além de várias paginas da Web e/ou páginas gerais nas redes sociais (dedicada a Portrait Photography, ou Street Photography), sigo autores que me atraem pela estética e criativida-

de (como ShotBySud - Holanda - ,Haris Nukem Reino Unido- ou Krousky- Alemanha-), pelo minimalismo estético oriental (Ziqian Liu - China), pela originalidade (Alexader Sviridov- Canadá) ou pela

técnica (Evgeny Makarenko - Israel)

imagens. Pode haver uso excessivo de edição? Sim, pode. Mas no fundo tudo se resume a isto: Ou há boas ou más imagens.... É o resultado, a

estética do conjunto, que dita tudo. Não tanto o processo para lá chegar.

Quanto tempo demoras em média para

chegar ao resultado de cada foto? E

Tens alguma área especifica da foto-

grafia que gostes mais? Porquê? Sem dúvida, fotografia de estúdio. Gosto muito de fotografia de Outdoor, tem verdadeiros desafios para quem gosta verdadeiramente de fotogra-

fia, possibilidades quase infinitas de cenários,

quais os passos seguidos?

composição, requer um bom e imediato domínio

Nunca menos de 1 hora por foto... Gosto de ter

da técnica, etc... Mas continuo a ter um particular

um prazer lento em o fazer. Confesso que me

gosto pela fotografia de estúdio.

chateia ter de editar uma foto rápido. Começando

Agrada-me a ideia de ter controlo total sobre a

nos ajustes básicos no Camera RAW, passando

imagem a produzir...Desde luzes, objetos, fundo,

pelo tratamento de pele, limpeza de cenários,

além da pose, expressões, etc ... Sinto que posso

correção de cores, aplicação de algum efeito que

controlar, ao mais ínfimo pormenor, as fotos a

ache conveniente, ajustes de luz, etc... Normal-

serem realizadas e poder tratar da pré-produção

mente é esta a ordem. Quando bem feito e meti-

(que, vejo, cada vez mais importante...) e saber

culoso, leva o seu tempo.

que o resultado final não irá ficar longe do esperado. Isto permite-me trabalhar melhor o concei-

Quais os teus autores e sites que mais

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to, e apurá-lo, até ao mínimo detalhe.


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Algum tipo de projeto para o presente/futuro nesta área? Neste momento, tudo o que me faça evoluir na área da fotografia é bem-vindo... sinto que ainda tenho muito a aprender, tanto na técnica, como na prática. Nesta fase, além da participação em eventos conjuntos (onde tenho sempre o prazer de rever pessoas a quem chamo, não só de colegas, como de amigos), sinto que talvez o caminho passe muito por desenvolver projetos próprios. Gosto e dá-me um enorme prazer criar um projeto de raiz, pensar nele, achar um tema ou conceito, procurar a melhor maneira de o traduzir em imagens, tratar de toda a pré-produção, ter 4 ou 5 fotos "âncora", a partir das quais o resto

da sessão possa fluir... E depois, concretizá-lo. Neste preciso momento, tenho 2 ou 3 destes projetos em "standby", a maturar... A ver se os levamos em frente.

Gostaria que escolhesses 3 fotos que consideres mais marcantes e explicasses porquê? Vou escolher então essas 3 fotos, talvez não tanto pela sua (ou não) qualidade fotográfica, mas mais pela forma como contribuíram para a minha evolução até agora... Foto 1: Depois de sensivelmente 1 ano a fazer fotografia de paisagem, de carregar a máquina ás costas e passear á procura de fotos, de várias vezes acordar cedo para apanhar "nascer-do-sol", de ter percorrido quilómetros (desde o Algarve até ao norte) de carro, lembro-me de ter acabado de editar esta foto e pensar: Talvez seja uma boa altura para mudar um pouco de registo, e experimentar algo novo... Foi uma ideia que surgiu aí, foi ganhando forma e, meses

depois e com outra máquina, estava inscrito num Evento Fotográfico (Fotomanya).

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Foto 2: Este foi um dos meus primeiros eventos (e creio que o primeiro em Estúdio), e dos que mais gostei (Evento Catrinas). Lembro-me de ter passado toda a noite a editar estas fotos e (apesar de agora as editar de outra maneira, o que é normal...) ficar entusiasmado com, não apenas o processo, mas

também com os resultados. Para quem estava com dúvidas, esta foi uma das sessões que mais me deu uma dose de confiança naquilo que eventualmente poderia fazer. Só por isso, valeu a pena…

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Foto 3: Este foi um dos projetos pessoais que mais prazer me deu em ser feito... E um dos que mais aprendi. Principalmente, num aspeto que cada vez mais considero essencial em fotografia: o saber dirigir uma/um modelo. Lembro-me de termos falado várias vezes desta sessão, o que se pretendia e, na altura, foi apenas necessário rever estas indicações e (com a experiência e talento que ela tem), deixar fluir... Praticamente, entre cada "Set" limitei-me a disparar, sem ser preciso dizer nada. Ela própria sugeria poses e expressões, dentro do conceito que tratámos. Percebi, após esta sessão, que, dentro de "guidelines" necessárias a qualquer "photoshoot", é sempre saudável e positivo deixar a modelo entregar-se ao papel e deixar fluir... Muitas das vezes, é quando surgem as melhores fotos.

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Dos vários eventos que o Fotomanya fez, sobretudo dos que participaste, se é que participaste, qual o que gostaste mais e porquê? Tive oportunidade de participar em vários, com diferentes conceitos, cenários e modelos. Nunca será demais dizer que a qualidade, em qualquer deles, sempre esteve numa fasquia bastante elevada... Assim sendo, torna-se sinceramente difícil escolher um. Demorei algum tempo a pensar, mas, tendo de responder, vou dizer o "Evento Absurd" (desde já lanço

o repto para voltarem a repetir...): Não apenas pelo tema e conceito (que me atrai bastante), como pelos figurinos, make-up (um excelente trabalho da Beatriz Vaz), modelos e cenários. Um excelente evento.

Qual a importância e a mais valia desses eventos? Sem dúvida, e para quem tem prazer em fotografar, a interação com outros fotógrafos... Nunca será demais sublinhar a importância desta interação, da troca de ideias, de pontos de vista, para o crescimento, alargar de horizontes e evolução na fotografia.

Depois, a natureza prática destes eventos, que nos obriga a uma resposta imediata ás situações e ao momento: faz-nos ganhar uma "memória muscular", de reação pronta, em fotografia, que dificilmente encontramos em algum outro lugar. Acresce a isto o facto de que, com a prática e presença nestes eventos, facilmente nos apercebemos dos vários fatores que concorrem para uma boa fotografia : A luz, a pose, a modelo, a make-up, o cenário, o figurino, etc... e como juntar estes elementos, de forma equilibrada, numa boa fotografia. Em suma, diria que os eventos, para quem souber usufruir e aproveitar na totalidade o que podem oferecer, podem quase ser um curso prático de fotografia.

Tens algum site próprio? Qual é? E até que ponto é importante? Não. Já pensei nisso, até talvez para separar o aspeto pessoal, de um hobby ou de uma faceta mais criativa..., mas tal ainda não aconteceu. Publico as minhas fotos em sites específicos, na minha página pessoal de Facebook e, de um modo mais exclusivo e dedicado, na minha página de Instagram, para a qual reencaminho caso queiram saber algo mais do meu trabalho. Sinceramente, neste momento, não sinto que precise de mais.

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Qual o “segredo” para uma boa fotografia? Equipamento? Técnica? Olhar? Paixão? Tudo isso.

O elemento essencial será sempre o fotógrafo, como olha, a maneira como olha e (acima de tudo) como interpreta esse olhar. Isso é fundamental, e é base de qualquer boa fotografia... Contudo, sou também bastante pragmático nesta questão: o equipamento (além do seu bom uso) também não é de menosprezar. A Fotografia, analisada objetivamente, é tecnologia: É luz, passada pelos vidros da lente, que atinge

um sensor e é interpretada por um processador... Já tive algumas oportunidades de experimentar várias lentes, várias máquinas, de várias gamas e qualidades, e é difícil negar o quanto isso pode influenciar numa boa fotografia. Se é possível fazer uma excelente foto, com um equipamento medíocre? Sem dúvida, já vi por algumas vezes fazê-lo... Tal como também é possível fazer uma foto medíocre, com um equipa-

mento excelente; mas talento, acompanhado por um bom equipamento, dificilmente produz uma fotografia medíocre.

Que mensagem deixaria a quem se pretende iniciar nesta arte? Acima de tudo, não ter medo de falhar. Isso vai sempre acontecer, mais cedo ou mais tarde... E várias vezes. Há que encará-lo naturalmente, é com os erros que muitas vezes evoluímos. O medo de falhar (ou, no seu modo mais simples, o receio de mostrar o nosso trabalho a outros) pode ser bastante castrador do

processo criativo. Se te deu prazer em fazê-lo, gozo no processo e orgulho no resultado, objetiva-o. Mostra-o. Após esse passo, saber aceitar as críticas, saber ouvir... Se é certo que em Fotografia (como em muitas artes) damos um pouco de nós naquilo que fazemos, entender que uma crítica construtiva a uma foto ra-

ramente é uma crítica pessoal, é um passo gigante e uma excelente ajuda para evoluir e aprender. Depois, persistência. Qualquer um de nós, que fotografa, sabe que há fases, alturas de algum desânimo, sejam quais forem as razões: uma sessão que correu mal, os resultados que não surgem ou não estão á altura, críticas, etc... É normal e acontece. "Quando estiveres cansado, aprende a descansar, e não a desistir". É um pouco isso: Refletir no que aconteceu, aprender, fazer uma breve pausa e seguir em frente. Faz parte do processo. Entrevista por Filipe Morais Roque

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©Ricardo Gonçalves

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©Ricardo Gonçalves Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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©Ricardo Gonçalves 24


©Ricardo Gonçalves Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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©Ricardo Gonçalves Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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MARILENE SILVA Marilene Gomes da Silva Epaminondas, nascida no Brasil em 1998, veio para Portugal

ainda criança, desde muito cedo que era apaixonada por fotografia e sempre teve o sonho de ser modelo fotográfico. Ainda du-

rante a sua licenciatura em psicologia foi abordada por um fotógrafo num evento em Lisboa e aceitou o seu convite para aquela

que viria a ser a sua primeira colaboração. A ©Jorge Oliveira

sua primeira sessão foi em novembro de 2018 e logo aí surgiram vários pedidos de co-

laboração e mais tarde, ainda que tivesse um curto portfólio, alguns trabalhos remunerados. Marilene já trabalhou com marcas portuguesas e hoje conta com um portefólio extenso e o mesmo entusiasmo inicial em criar

arte no mundo da fotografia, juntamente com muita experiência que espera que nunca pare de crescer.

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©Jorge Oliveira Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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©Ana Luar Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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© Ana Luar Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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©Raul Santos Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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©Fernanda Magalhães Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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©Vasco Inglês

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©Jorge Oliveira Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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©Pedro Dias

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©Raul Santos Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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GALERIA FOTOMANYA VIP O espaço de destaque do que melhor se publica no

Grupo Fotomanya Vip Partilhe connosco as suas fotos e veja-as publicadas no próximo número.

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© Jaime Silva Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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© Ana Lencastre Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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© Fernanda Magalhães Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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©Miguel Antunes Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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© Ana Luar Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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©António José Cravo Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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© Bruno Seabra

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© Carlos Fotopaixão Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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© Carlos Carreto Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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© Isidro Gomes Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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©Filipe Correia

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©Filipe Correia Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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© Filipe Correia Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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© Filipe Correia Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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© Pedro Grilo

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© Hugo Marques Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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© Jorge Rosa Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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© Jorge Rosa Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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©Mariano Zé Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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© Paulo Dias Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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©Pedro Dias Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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©Raul Santos Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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©Raul Santos Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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©Rui Veloso Fotomanya Vip — AGOSTO 2020

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