Outscape Photography #3

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Outscape Photography Edição 3 | Jul 2014

A Floresta A Sorte - Cidade do México - Uma Kombi Pelo Mundo - El Chalten - Maranhão




Recentemente um experiente e talentoso fotógrafo brasileiro, figura ilustre e polêmicas nas redes sociais, fez a seguinte pergunta: “O que seria um street-shooter”? Meu primeiro instinto foi de oferecer minha opinião, mas como sempre faço, primeiro li os comentários. Apesar da ressalva feita na pergunta de que se tratava de uma curiosidade legítima de sua parte, quase todos os comentários eram sarcásticos e depreciativos. Apenas uma pessoa havia comentado, com um certo ar de constrangimento, sobre sua visão do que seria um street-shooter. Foi mais corajoso do que eu. Mas o assunto, e principalmente o tom dos comentários, ficaram na minha cabeça. Pensei bastante qual seria o foco da minha resposta, a pergunta ou os comentários. Conclui que deveria ser a pergunta, que está relacionada ao tema dessa revista, e deixar a polêmica inconsequente de lado. Antes de tudo, não lembro de ter visto ou ouvido o termo street-shooter antes, e se tivessem me perguntado fora do contexto de uma discussão sobre fotografia teria dito se tratar de algum americano desajustado que saiu atirando por aí. Digo americano apenas pela origem inglesa do termo, porque hoje em dia poderia ser em qualquer lugar do mundo. Mas enfim, street-shooter, street-photographer, explorador urbano, fotografia de rua, cityscapes e muitos outros são vários termos para um estilo de fotografia tão antigo

quanto a própria fotografia. Algumas das primeiras imagens fotográficas feitas por Daguerre eram registros de sua rua e sua cidade, Paris. Portanto esse estilo é tão tradicional ou mais ainda do que qualquer outro estilo fotográfico. A variedade de termos também não é uma ocorrência moderna, a própria fotografia teve vários outros nomes até 1839, quando o inglês John Herschel sugeriu oficialmente a Academia Britânica de Ciências o termo “Photography”*. Mesmo assim, imagino que a adoção do nome não tenha sido imediata, afinal a patente da daguerreotipia havia sido comprada no início deste mesmo ano pelo governo francês diretamente de Daguerre, um francês, que teve sucesso ao dar continuidade ao trabalho de Niépce, outro francês, a primeira pessoa a produzir e fixar uma imagem fotográfica utilizando os conceitos fundamentais da fotografia moderna. Não consigo imaginar todos estes franceses aceitando prontamente um termo criado por um inglês. Em um mundo globalizado como o atual o anglicismo não deveria causar estranheza. Um exemplo disso é a própria “Outscape Photography” que tem esse nome não por soar melhor do que “Fotografia ao Ar-Livre”, mas por ambicionar ganhar o mundo logo em breve. Isso explica também a palavra “shooter”, visto que, especialmente os americanos, tem uma predileção pelo termo. Afinal, shoot é usado para várias coisas, como arremessar uma bola de basquete, 4


chutar ao gol, além de significar literalmente “disparar” de, por exemplo, “disparar o obturador”. Ok, chega de discutir o nome, vamos falar sobre o teor da atividade. O que faz um street-shooter? Literalmente, fotografa na rua. Grosseiramente explicando, um fotógrafo que passeia pela cidade em busca de inspiração e situações interessantes para serem fotografadas. Grosseiramente comparando, exatamente o que fazia Bresson e outros mestres da fotografia. Isso quer dizer que todo street-shooter é um Bresson em potencial? Claro que não! Mas pode surgir um novo Bresson, ou Brassai, ou Kertész, ou Doisneau no futuro? Claro que sim! E quanto a caracterização, quem é ou não um street-shooter? Eu diria que qualquer que um que, intencionalmente, sai às ruas em busca de inspiração para fotografar; seja com um celular, uma compacta, uma DSLR ou uma Leica como as imortalizadas pelos mestres do passado; são todos streetshooters. E quem poderia ser considerado um street-shooter profissional? Depende; ele ganha dinheiro com as fotos que faz? Para mim profissional é aquele que ganha dinheiro com uma determinada atividade, independente da ferramenta ou técnica que utiliza.

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E finalmente, quem é street-shooter, só faz isso? Não fotografa mais nada que não esteja na rua? Aí é opção de cada um, particularmente acho muito difícil um profissional da fotografia se manter financeiramente hoje em dia fiel a apenas um estilo fotográfico ou até mesmo viver exclusivamente de “tirar fotografias”. Bom, mas chega de falar sobre street-shooters e vamos falar sobre exploração urbana. Brincadeiras à parte, o segundo artigo dessa edição traz Alex Coghe, um italiano radicado na Cidade do México, fotógrafo e editor de uma revista especializada em nu feminino, mas que gosta muito de explorar a gigantesca capital mexicana com sua máquina fotográfica nas mãos. Alex traz dicas e sugestões para quem quiser praticar um pouco de street photography na Cidade do México. O artigo de capa, são na verdade dois artigos. João Marcos Rosa, grande fotógrafo de natureza brasileiro, colaborar da National Geographic Brasil e várias outras revistas sobre fotografia, geografia, história, natureza e variedades mundo afora, escreve sobre seu tema favorito, A Floresta. O segundo artigo é sobre um fator muitas vezes determinante para o sucesso de um projeto, A Sorte. Sorte!? Determinante!? Como assim? Leia o artigo que você entenderá.


O terceiro artigo é na verdade o primeiro de uma série de artigos. Franco Hoff está viajando pelo mundo com sua esposa em uma Kombi e vai nos contar um pouco sobre suas experiências e os locais que conheceu dirante essa viagem. O primeiro episódio é sobre a América do Sul. Marcio Dufranc, autor do artigo sobre a Chapada Diamantina na edição #1, agora volta com um artigo sobre El Chalten, na Patagônia Argentina. São imagens incríveis que irão incentivar muita gente a repensar seu próximo roteiro de viagem.

* Não posso deixar de citar Hercule Florence, francês radicado no Brasil que desenvolveu estudos independentes que culminaram no invento de um processo fotográfico eficaz, em Campinas, São Paulo, por volta de 1833. Existem documentos comprovando que nesta época, seis anos antes de John Herschel, Florence já usava o termo “Photographie”. Carlos Alexandre Pereira

Caio Cesar e Jéssica Oliveira são um casal de fotógrafos, especializados em fotografia de casamento. Em suas últimas férias resolveram deixar em casa as grandes DSLRs e levar apenas seus iPhones e uma câmera de filme. E são as imagens feitas com esses equipamentos que eles ilustram com imagens belíssimas sua viagem pelo Maranhão, mostrando que é possível ser fotógrafo e relaxar sem deixar de fotografar. Boa leitura! “Boulevard du Temple”, Paris, 1838 de Louis Daguerre. O detalhe abaixo mostra o que são provavelmente as duas primeiras pessoas a serem retratadas em uma fotografia de rua na história: o engraxate e seu cliente. Nesta época o tempo de exposição era muito longo, o que inviabilizava o registro de pessoas em movimento nas ruas. Existem duas teorias, ou Daguerre, observando a rua da janela de seu estúdio, percebeu que o engraxate e seus clientes ficam razoavelmente imóveis tempo suficiente para serem corretamente expostos em uma fotografia, ou ele simplesmente combinou com estas pessoas de ficarem ali paradas o tempo necessário para que ele fizesse o registro das primeiras pessoas em uma cena de rua na história. Ou foi simplesmente uma conicidência...

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A Floresta A Sorte

Artigos & Autores A Outscape Photography está sempre em busca de novos colaboradores. Se você possui alguma sugestão de artigo ou deseja colaborar com a revista, entre em contato através do email contato@ outscapephotography.com Para participar de nossa Galeria de Imagens envie um email para imagens@ outscapephotography.com. Revista Outscape Photography Edição & Projeto Gráfico Carlos Alexandre Pereira Publicidade comercial@feaeditora.com

Ciudad de Mexico

João Marcos Rosa

Alex Coghe

Desde 1998 documentando a cultura e a biodiversidade brasileira, seu trabalho é publicado nas mais diversas revistas como GEO, BBC Wildlife, Terra Mater e desde 2004 trabalha para a National Geographic Brasil, onde já produziu mais de 20 reportagens, entre elas as ariranhas, harpias e a temida jararaca-ilhôa. É autor dos livros Harpia e Fauna de Carajás.

Fotógrafo autoral, escritor e editor. Gosta de pensar em si como um provocador visual. Focado principalmente em fotografia de rua, mas também trabalha com fotografia de moda e nus. Alex já publicou vários livros e no momento é fotógrafo, editor e CEO na Mexicana Magazine. Ministra workshops de fotografia em inglês, italiano e espanhol. Seu mais recente eBook chama-se “Street Photography” e está disponível gratuitamente no seu website.

www.nitroimagens.com.br

www.alexcoghe.com

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Uma Kombi Pelo Mundo

El Chalten

Maranhão

Franco Hoff

Marcio Dufranc

Fotógrafo freelancer e documentarista. Sua produção busca a beleza, nem sempre revelada, do fotografado, fazendo da imagem uma poesia. Ousou trocar o “bom momento” de sua carreira em São Paulo para viver intensamente viajando pelo mundo numa Kombi. O resultado é um banco de imagens fantástico, que desvela o que de mais simples e belo existe no mundo.

Fotógrafo especializado em paisagens e natureza. Autor do livro “Ilhabela de Norte a Sul”, também colabora com diversas revistas de fotografia, turismo e náutica, além de ministrar workshops individuais e em grupo em Ilhabela.

Fotógrafos na área de casamentos, mas que fotografam tudo o que vivem e encontram. Somos contadores de histórias, e cada pessoa que conhecemos tem algo diferente a ensinar.

www.marciodufranc.com.br

www.caioejessica.com.

www.voudekombi.com

Algumas de suas melhores imagens Fine Art estão à venda em séries limitadas no website: www.photostandonline.com

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Caio Cesar & Jéssica Oliveira

Opinião

Mario Amaya Com duas décadas de experiência em jornalismo, artes e marketing, envolveuse cedo com a fotografia digital, passando a escrever sobre o lado técnico das imagens para várias revistas e sites. Concentrou sua produção fotográfica em arquitetura, viagens e flagrantes urbanos, tendo lançado em 2014 seu primeiro livro de fotografias, intitulado “I Shoot SP+NY”. www.marioamaya.com.br


“Ciclo Natural” Dennis Calçada

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“Lighthouse” Carlos Silva

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“Troncos” Cidinha Barnabé

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“Solidão no Inverno” Ronaldo Azambuja

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“Piza, Toscana” Jo Padovan

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“30 ITMBC” Fernando Petermann

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A Floresta por João Marcos rosa

O encontro se deu há muitos anos. Não posso dizer que me lembro, mas guardo em partes da minha memória que transcendem a possibilidade de acesso. Só sei que quando me dei por gente ela já estava ali, essencial para que meu olhar se adaptasse às nuances que a vida apresenta. Os raios entrando pela manhã, ou mesmo as luzes da tarde formando buracos de sombra entre as copas das árvores sempre atraíram meu olhar. Foi uma educação forçada: a janela do quarto me obrigava a ver para aquela que um dia seria a minha segunda casa, onde me sinto à vontade, onde trabalho, onde tento conhecer quem vive ali. A floresta entrou na minha vida sem que eu percebesse e desde então se tornou meu habitat. Seja em terras alagadas na Amazônia, bosques espinhentos na caatinga, trilhas úmidas entre as araucárias ou em meu quintal na Mata Atlântica, a floresta mexe comigo, me atiça, me provoca os sentidos todo o tempo. Esse chamado foi o que me trouxe aqui e o que continua a me inspirar nessa caminhada incessante em busca da luz. Fotografar a floresta foi muito além do ofício, tornou-se minha sina, minha maneira de celebrar a vida. “Fotografar é dar importância”, escreveu Susan Sontag. Talvez nunca imaginasse que um brasileiro que fotografa a natureza fosse achar nessa frase o sentido de tudo. Encontrei ali o porquê da minha jornada. Apesar de ter vivido boa parte da minha vida, próximo à natureza, percebi desde cedo o desdém com o qual as pessoas tratam as florestas. É mais fácil enxergar uma bela casa, um shopping center, um edifício, do que pensar em como estarão aquelas árvores daqui a 20 anos. Foi fotografando as selvas que consegui impetrar a elas seu valor merecido.

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Minhas primeiras expedições se deram perto de casa. As matas de Nova Lima foram meu laboratório. O simples fato de não ter compromissos editoriais ou com projetos naquela época me ofereceu uma liberdade para reparar sem pressa e absorver a essência do ambiente. Anos se passaram e a grande floresta abriu suas portas para mim. O sonho distante da Amazônia se apresentava. Me sentia um garimpeiro em busca do eldorado. Os dias de preparação, as leituras e todos os conselhos não serviram de nada quando adentrei o manto verde. A primeira noite dormindo na rede foi de insônia, tentando entender aquela sinfonia que se apresentava. Ao levantar esperava por um céu limpo e o amarelo dos primeiros raios tingindo as copas das árvores. Tudo que encontrei foi uma névoa densa e o esqueleto de uma castanheira que se abriu em meio a umidade. Desde então foram muitos encontros que me converteram numa testemunha das transformações pelas quais esse ecossistema passa. Os objetivos que começaram com missões de fotografar espécies ameaçadas, passaram por documentar pesquisadores, suas descobertas e naturalmente me conduziram a documentar o povo que habita essas matas. E com o tempo fui percebendo a velocidade com as árvores caiam e os pastos se expandiam. Depois de tanta indignação e terror tento mostrar a degradação que assola a Amazônia e outras florestas do país. Impregnadas de uma atmosfera sombria, as florestas nos oferecem um mundo de oportunidades fotográficas. São texturas, formas, sombras e raios que incidem de todas as partes. Tentar traduzir esse enigma é um exercício de vivência e paciência constantes.

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A Sorte por João Marcos rosa

Tudo começa com uma ideia no avião, no café da manhã ou durante uma conversa no bar. Aquele assunto que você nunca tinha ouvido ou mesmo já havia pensado um dia e que ficou para trás. Pois bem, pelo menos assim começam para mim as grandes expedições e histórias. Bem longe do glamour imaginado pela maioria dos leitores quando vê as imagens publicadas nas revistas, pensando em grandes reuniões de pauta, com editores, cafezinho e tudo mais. Depois de pensar mais um pouco, perder algumas noites de sono e só falar disso em casa, inclusive com seu filho que aparentemente não está entendendo nada, você pode ter certeza: ali começa um projeto. Dado o primeiro passo da escolha, iniciam-se diversas etapas que vão consumir dias meses e as vezes até anos da vida de um fotógrafo. A pesquisa sobre o tema, a elaboração de um projeto (que pode se tornar uma pauta, um livro ou um documentário) e a pré-produção da viagem. Serão milhares de e-mails para tentar entender melhor o assunto, horas ao telefone buscando autorizações e apoio para o trabalho, marcação de passagens, logística, check lists, suprimentos e por aí vai. Passado todo esse calvário, que geralmente me consome 2/3 do tempo de um projeto, começa o frio na barriga para organizar o equipamento. O que fica, o que levo. Não existe regra, mas o tempo me mostra que quanto mais leve e focado vou para o campo, melhores são os resultados. No meu caso, mais leve significa escolher entre três ou

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quatro mochilas grandes de fotografia. Com três me viro sozinho, abusando um pouco da coluna, já com quatro fica impossível não contar com a ajuda de terceiros. Isso sem falar das malas de roupas e acessórios para acampamento, primeiros socorros, escalada e o que mais for necessário para o trabalho. Quesitos que também merecem atenção redobrada para que não falte nada, mas que ao mesmo tempo não ocupem todo o porta-malas da caminhonete. Já estamos na metade do texto e eu ainda não falei de fotografia em si, correto? Errado. O processo de edição do fotógrafo, começa com as escolhas que ele faz antes de ir para campo, o recorte do assunto, o rumo das pesquisas, o roteiro e o equipamento a ser levado para campo. Resumir o ato fotográfico, à essência do trabalho do fotógrafo é subestimar toda sua inteligência e capacidade de organização. Fotografando profissionalmente há mais de 15 anos tenho aprendido a conter meu ímpeto de fotografar o que me aparece e me dedicar cada vez mais ao assunto que escolhi para aquela saída, viagem ou expedição. Como documento vida selvagem, às vezes em saídas junto com pesquisadores ou mesmo outros fotógrafos, causo estranhamento quando não tiro meu equipamento para registrar outras possibilidades “interessantes” que aparecem no caminho. E acabo repetindo incansavelmente que meu foco está voltado única e exclusivamente para o assunto que me levou até ali. E é esse foco que me faz realizar meu trabalho com confiança. Saber que estou imerso em uma história me dá a certeza de que fiz as escolhas corretas e dediquei o tempo necessário para aquele assunto. Sim, é de toda esse envolvimento que vem a minha sorte.

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Ciudad de Mexico por Alex Coghe

“Outro dia no subúrbio. Ouvindo carros passando rápido pelas ruas. Eu ando sozinho. Apenas eu e minha câmera. Passos rápidos sem destino. Meus olhos atentos. Eu sento. Descanso um pouco recuperando o folego, observando. Hora de ir. Cidade do México. Passo pela loja de vinhos. Passo pela fábrica de tortilhas, Passo pela farmácia. Passo pelo grande magazine com TVs na vitrine…” (eBook “Until I Get You”) Para um explorador urbano a Cidade do México é um parque de diversões. Surrealista e ainda sim racional, agitando alto a bandeira da identidade e cultura próprias. A fotografia tem um papel importante nesse contexto, com vários museus dedicados. Esta é a cidade que viu nascer Manuel Alvarez Bravo, o primeiro fotógrafo artístico mexicano a se distinguir pelo seu trabalho e considerado com a figura mais importante da fotografia latino-americana no século 20. E mais, como não mencionar o Centro de la Image? A galeria onde você pode apreciar gratuitamente imagens de fotojornalismo no mundo inteiro e o trabalho dos grandes fotógrafos do cenário internacional. Quando você chega pela primeira vez, Downtown é o lugar que deve visitar primeiro. Lá é o lugar onde punks, darks e todo tipo de pessoas incomuns animam as ruas. Mas a cidade é cheia de atrações excitantes e assuntos curiosos e surpreendentes a cada esquina. Como fotógrafo de ruas eu prefiro fotografar nos barrios, os subúrbios populares onde você precisa saber onde fotografar a realidade do dia-a-dia na vida dos mexicanos. A Cidade do México em particular, me lembra alguns lugares 37

dos Estados Unidos na década de 1970. Este é um dos grandes charmes dessa megalópole. Você pode ver carros grandes e coloridos aqui, Fords Torino e Mustang, Dodges Challenger, e o sempre presente VW Bettle (Fusca). É um lugar fantástico para fotografia urbana, aqui, toda rua, cada viela, é um local incrível para fotógrafos. Como um explorador urbano, eu obviamente, ando o tempo o todo, mas para chegar aos lugares onde pretendo fotografar costumo usar o transporte público na maior parte das vezes. A Cidade do México tem um sistema de transporte público bastante desenvolvido e barato. As distâncias aqui são enormes, mas com o micro ônibus eu consigo chegar ao centro da cidade em um tempo relativamente curto. Minha sugestão, para sua segurança é usar os ônibus das rotas verdes. Os ônibus das rotas amarelas normalmente vêm do Estado do México e algumas vezes sofrem assaltos. Quando eu uso esses ônibus, geralmente evito carregar câmeras fotográficas mais caras e chamativas. Sempre me perguntam como consigo tirar fotos tão próximo das pessoas na Cidade do México. Os mexicanos em geral são provavelmente um dos povos mais pacíficos que já conheci. E sim, também em relação a fotografia de rua, as pessoas reagem de forma muito calma e você pode verificar isso em meu trabalho. Isso no entanto depende de como você se aproxima das pessoas para fotografá-las. É importante frisar que as leis mexicanas sobre fotografar em lugares públicos não são muito diferentes de outros países como os Estados Unidos. Não há uma lei ou determinações


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oficiais que proíbam a fotografia em lugares públicos, mas há regras estabelecidas em lugares como museus onde o uso de flash pode ser prejudicial para quadros ou objetos arqueológicos em exposição ou até mesmo para detalhes arquitetônicos dos prédios. Fora isso, é proibido tirar fotografias no metrô, mas hey, com telefones celulares com câmeras é impossível para a segurança fiscalizar a todos. Em 2013 eu trabalhei num projeto chamado “Vida em los Barrios”. Eu tenho orgulho de viver em um bairro popular da Cidade do México, e através deste trabalho (ainda em andamento, mas com um livro já publicado) eu pretendo mostrar a vida e os aspectos urbanos de um típico bairro da Cidade do México, claro que filtrado pela minha interpretação pessoal e pelo meu olhar de estrangeiro. Mas aqui tem um ditado que diz: “Se você viveu em um barrio, você sempre será uma pessoa do barrio.” Uma coisa que amo na Cidade do México é a grande variedade de lugares e ambientes. Eu adoro por exemplo fotografar no Progreso Nacional, um autêntico barrio popular, próximo ao meu bairro. Esta colonia, como os bairros também são chamadas em espanhol, foi estabelecida sobre o extinto lago Texcoco. Este lago foi quase todo drenado para abrir espaço para o desenvolvimento urbano. Na época de chuvas você consegue ver a rachaduras ao longo da avenida Rio de los Remedios e a área mais afetada é a da região do mercado. Infelizmente esse bairro não é muito segura devido à falta de iluminação pública e a alta taxa de criminalidade. Fotografar aqui ou em outros bairros populares não é algo que eu recomendaria a um turista. Mas se você achar que tem a experiência necessária para visitar lugares assim e desejar ver por você mesmo, apenas recomendo que evite equipamentos e roupas chamativas e se movimente com confiança, porque nós conversamos através do nosso corpo, nossa linguagem corporal. E se você estiver, por algum motivo tentando registrar atividades criminosas, é imperativo que você estabeleça contato e deixe claro suas intenções. Eles, os criminosos, precisam saber quem você é, que você não é da polícia ou uma autoridade, que você não representa uma ameaça a eles. 41

Eu costumo fazer compras ou vir comer em restaurantes e lanchonetes neste bairro e nunca vi ou tive qualquer experiência ruim neste sentido, portanto não posso realmente dizer que este é um bairro perigoso. O que posso dizer é lá você irá encontrar um ambiente diferente do centro da cidade, e um excelente exemplo da vida nos bairros. Você apenas precisa ser mais cuidadoso na forma como se aproxima das pessoas, e ser mais cuidadoso de forma geral. Há alguns lugares realmente perigosos e absolutamente desaconselháveis para fotógrafos que não sejam profissionais experientes. Tepito é um bairro popular no centro da cidade, e definitivamente não recomendado para visitar carregando câmeras fotográficas. Não digo que seja impossível fotografar lá, visto que meu amigo e ganhador do prêmio mundial de fotojornalismo, Vittori Buzzi, nos mostrou que é possível sim. Mas você precisa se preparar adequadamente, conhecer as pessoas corretas, passar um tempo na vizinhança se acostumando com ela e deixando a gente do local se acostumar com você. Ganhar um certo respeito. Outra região realmente difícil de se fotografar é o grande distrito de Itzapalapa. Um dos meus lugares favoritos é a Zona Rosa. Trata-se de um lugar no centro da cidade onde você pode achar lojas de produtos da moda, mostras de cultura alternativa, prédios imponentes, a vida noturna mais excitante, sex shops, absolutamente tudo. Um lugar incrível para se fotografar. Fotografar na Zona Rosa é uma das coisas que proponho aos meus alunos em meus workshops. Nós podemos tirar fotografias em um lugar em que a contra-cultura tem o seu valor, um ambiente ideal para fotografia de rua. E ao mesmo tempo temos uma grande variedade de lugares para fazer compras e principalmente comer: comida mexicana, indiana, coreana, chinesa, japonesa e muitas outras. Meus alunos estrangeiros, vindos de países como Estados Unidos e Austrália sempre aproveitam ao máximo essa experiência, onde fotografia e cozinha internacional formam uma excelente combinação. Eu sempre digo que a Zona Rosa é a minha Shinjuku, um bairro em Tóquio onde Daido Moriyama realizou grande parte do seu trabalho fotográfico. O bairro, apesar de sua


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fase de decadência na década de 1950, continua a ter seu apelo boêmio. O declínio do bairro devido a principalmente a prostituição, bebidas alcóolicas facilitadas, apostas ilegais e outras contravenções diversas contribuíram com um efeito negativo no turismo. Mas o recente desenvolvimento da área está produzindo efeitos benéficos rapidamente. A Zona Rosa também é caracterizada pela grande população de coreanos vivendo no bairro. São cerca de 9.000 coreanos morando na região. A maior parte deles não fala espanhol e são relativamente isolados do povo mexicano. Como fotógrafo sou completamente fascinado pela população exótica desse distrito. Chapultepec Park, que fica próximo a Zona Rosa, é um outro lugar excelente para explorar. Mais conhecido como Bosque de Chapultepec, é o maior parque urbano da América Latina. Em 2013 eu documentei o dia-a-dia da vida neste parque a pedido de um cliente, uma marca fotográfica conhecida mundialmente. Claro que, se você está na Cidade do México, você deveria considerar uma visita a este enorme pulmão verde dentro da cidade. O parque de Chapultepec oferece uma grande variedade de oportunidades em termos de Fotografia, mas você precisa ser discreto. Em geral os comerciantes da área não gostam da atenção de fotógrafos e costumam protestar quando são fotografados. Não há regras claras sobre a prática de fotografia no parque. O mesmo policial poderá lhe dar informações contraditórias em dias ou situações diferentes. Minha dica é se equipar com câmeras compactas e ser discreto enquanto fotografa o parque e as pessoas. Evite comer no parque pois a comida não é das melhores. Na hora do almoço vá até o bairro vizinho de Condesa onde você encontrará muitas opções ótimas de comida tradicional mexicana. Às quintasfeiras há um mercado de rua onde você pode experimentar “Tacos de Camarões” fantásticos. Insurgentes Sur é uma grande avenida que eu normalmente visito quando vou com meus alunos a Zona Rosa. É um lugar fantástico para capturar a luz do entardecer. Podemos tirar muitas fotos realçando contraste entre as sombras e as linhas arquitetônicas dos prédios ao longo da avenida. A avenida 45

separa dois distritos, Roma e Condesa. Roma é um distrito boêmio, frequentado por artistas, cheio de restaurantes chiques e lojas de moda, além de um mercado típico onde existe uma loja de câmeras fotográficas antigas. E se você gosta de antigas câmeras de filme você irá encontrar algo que chame sua atenção. Aliás, outro bom lugar para visitar em busca de lojas de fotografia é Donceles, no centro da cidade, uma rua cheia de lojas de fotografia, câmeras fotográficas novas e usadas, onde você irá encontrar antigas Rolleys e Hasselblads. Outro lugar interessante de se explorer é Coyoacan. Seu nome origina-se do Nahuatl e significa algo como “lugar dos coiotes”. Foram os Aztecas que nomearam essa vila pré-hispânica na costa sul do lago Texcoco, quando era dominada pelo povo Tepanec. Coyoacan é uma vila dentro da cidade e você pode ver claramente a diferença na atmosfera local para outros lugares da Cidade do México. É outro lugar que adoro explorar e fotografar. Muitas de suas avenidas me lembram de minha cidade natal, Roma, com seu calçamento de pedra. Coyoacan é um lugar seguro, onde a experiência de fotografar pode se tornar uma das melhores coisas que você já fez nesse sentido. E se você for a Coyoacan, você tem que visitar a casa de Frida Kahlo. Uma alternativa interessante a Fotografia de rua é Teotihuacan, também chamada de “Local de Nascimento dos Deuses”. Trata-se de um enorme sítio arqueológico, apenas 30 milhas a nordeste da Cidade do México, contendo algumas das maiores estruturas piramidais construídas na América pré-colombiana. Na minha experiência a Cidade do México é um dos melhores lugares do mundo para a fotografia de rua. Uma cidade com mais de 22 milhões de habitantes certamente tem seus problemas, como a segurança. Mas qual outra cidade grande não tem? Muitas pessoas gostam falar de assaltos, é quase um aspecto cultural. Após quatro anos vivendo aqui, posso afirmar que a Cidade do México é uma megalópole que ainda me surpreende e é capaz de me inspirar toda vez que saio para explorá-la. Se você vier visitar a Cidade do México, não deixe de entrar em contato comigo!




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Uma Kombi Pelo Mundo por Franco Hoff

Viajar, sair pelo mundo conhecendo e fotografando se tornou nosso jeito de viver. O projeto nasceu de um sonho de transformar a vida numa viagem. Assim fizemos no final de 2009: compramos uma Kombi transformada em casa; nela embarcamos como aprendizes; na mochila rumo ao desconhecido carregávamos poucas coisas além da câmera, do computador e da vontade de viver experiências, conhecer realidades, fotografar belezas pelo caminho, algumas escondidas. A ideia era atravessar o continente americano, chegar a Europa e de lá para o outro lado do mundo. Não é uma tarefa fácil. Primeiro pela barreira do idioma e em segundo lugar, porque nosso orçamento é limitado a US$ 1.000 dólares por mês. Se contabilizar este valor entre os gastos com o carro mais 2 viajantes, verá que é bem baixo. Mas é justamente aqui que a viagem fica interessante. Enquanto rodamos o mundo temos que planejar a terra onde nossos pés irão pisar, fazer contas, escolher, procurar alternativas, aprender com outros viajantes. Primeiro o Brasil, nossa terra... Partimos numa viagem que seguia o curso do rio São Francisco. Deixamos nossa vida, amigos e empregos em São Paulo no dia 25 de maio de 2010. A partir desse dia toda nossa história estaria embalada no bagageiro da Kombi. A nossa frente nenhuma certeza, apenas estradas e o desconhecido que foi se descortinando pouco a pouco, sem que nos déssemos conta, o Cerrado foi nos arrancando de nós mesmos à medida em adentrávamos em seu bioma.

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A primeira etapa da viagem começou na Serra da Canastra em Minas Gerais e terminou na foz do São Francisco em Alagoas. Para percorrer os caminhos do São Francisco demoramos 6 meses. Ao longo do rio passávamos longas horas ouvindo histórias, descobrindo curiosidades e experimentando sabores. Foi assim que conhecemos o misterioso poço da virtuosa em Vargem Bonita, uma nascente de água que vibra movida pelos ruídos agudos externos. Hoje a fonte, que já foi considerada milagrosa perde-se encoberta pelo mato numa fazenda na Serra da Canastra. Na foz do São Francisco em Alagoas nos deliciamos na companhia de pescadores, conhecemos os quilombos escondidos nas areias da Praia do Peba e convivemos bem de perto com a vida ribeirinha. Um aprendizado e tanto para gente da cidade grande acostumados que éramos ao conforto do ar condicionado. Mas este era só o começo de uma vida desenhada para acontecer dentro de um carro, cujo horizonte nunca se alcança. Terminado o São Francisco nos aventuramos pelo Norte e depois pelo Centro-oeste em busca de comunidades tradicionais. A Kombi (a Alice), passou por poucas e boas ao cruzar as altas areias do Jalapão no Tocantins, ao adentrar as estradas que ligam pequenas cidades na Amazônia e procurando comunidades quilombolas no Piaui. Cada pedacinho de chão batido era uma aventura que se encerrou no Mato Grosso depois que convivemos uma semana com uma comunidade indígena Xavante, na Aldeia de São Pedro. Com isso encerrávamos 2 anos de travessia pelo interior mais profundo de nosso país, mergulhados que fomos na cultura de base de nossa gente.


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Depois do Brasil, o mundo. Assim, em direção ao desconhecido, partimos do Brasil no dia 25 de maio de 2013 e cruzamos a primeira fronteira em direção ao ponto mais ao sul do continente americano, Ushuaia. Mas antes passamos pelo Uruguai, um país pequeno e acolhedor. Em nossa primeira noite no estrangeiro dormimos a beira-mar no Forte de Santa Tereza. Este foi também nosso primeiro domingo fora do nosso país, numa Kombi-casa. No dia seguinte estávamos no Parque Nacional de Cabo Polônio. Lá, de frente para o Oceano Atlântico, completamente solitários, nos sentamos nas pedras permitindo que o sol e o mar nos abraçassem. Da mochila tiramos rosquinhas de pinga (feitas ainda pela cunhada Cida) e tomamos chá bem quente. Uma delícia! Fazia muito frio nesse dia. Do distrito de Rocha onde estávamos, fomos para Punta Del Leste, de lá para Punta Ballenas e depois para Montevidéu. Em 15 dias fizemos nossa estreia na vida itinerante por terras estrangeiras. Depois do Uruguai, a Argentina. Foi na argentina que vimos pela primeira vez a neve cobrir nosso carro, experimentamos dirigir sobre a estrada gelada e nossos olhos descansaram em belezas extremas: geleiras, altos picos nevados e lagos azul turquesa. E finalmente Ushuaia, com sua beleza gelada. Algo realmente extraordinário! Para alcançá-la, rodamos mais de 3.000Km pelos prados dourados da Patagônia Argentina, numa viagem que durou 27 dias, em alguns deles com temperatura abaixo de 10 graus. Encontramos baleias e com as pessoas do lugar sentamos a beira mar para admirá-las. Depois disso cruzar a cordilheira dos Andes, viver o Chile em geleiras e desertos, vinho, amigos e poesia. O Chile um dos maiores países da América do Sul em comprimento, conhece-lo foi uma grata surpresa. A cada quilômetro percorrido era uma nova descoberta, um novo ensaio fotográfico. Começamos a viagem pelos lagos gelados do Sul, subimos rumo ao norte lentamente, cruzando a Cordilheira dos Andes, espinha dorsal da América do Sul. Os Andes têm uma beleza incrivelmente selvagem, seduz o olhar, e parece convidar para desvendar seus encantos e mistérios. Além da linda Santiago e de outros tantos lugares acolhedores, 53

grande parte do percurso é feito entre o deserto e o oceano em paisagens de tirar o fôlego. Depois do Chile veio o Peru, um país surpreendente e indescritível que preserva com delicadeza suas tradições milenares. Conhecemos de perto os costumes andinos, o lago Titicaca, as ruinas de Machu Picchu e de Chan Chan. Apreciamos as Linhas de Nazca que são um conjunto de geoglifos antigos, provavelmente criados pelos Nazcas, um povo que viveu entre os anos 200 A.C. e 700 D.C., designados como Patrimônio Mundial pela UNESCO. Vimos de perto os Caballitos de Totora, embarcações milenares feitas à base de totora, uma planta que cresce nos pântanos muito similar à taboa brasileira. Saboreamos um Cuy, um prato feito com um pequeno mamífero, semelhante a um porco da índia, e provamos a Chicha, uma bebida típica andina, preparada à base de cevada fermentada. Dizem que essa bebida é fermentada depois de mastigada e cuspida. Também experimentamos o Mote que são grãos graúdos de milho branco cozido. Cruzar a linha do Equador e conhecemos os Amantes de Sumpa. Numa época mais antiga do que os anos que podemos contar, viveu na costa do Equador um povo chamado Vega cuja herança deixada foi um cemitério, hoje transformado em museu. Numa das tumbas dessa cultura ancestral pode-se ver um casal apaixonado que foram enterrados juntos, numa posição em que ela repousa sobre os ombros do amado. São os Amantes de Sumpa. Depois de tudo isso ainda dormimos sob as estrelas no colo de um vulcão, o Cotopaxi. Ah! Isso não tem preço. Assim, beirando os 25.000Km rodados, chegamos à Colômbia, um país que lembra um pouco o Brasil com seu povo hospitaleiro, alegre e paisagens de tirar o folego. A Colômbia é verde, tem árvores imensas que estendem seus galhos altos sobre as estradas formando pequenos túneis. O ar é agradável e há água, muita água, escorrendo da cordilheira por entre as montanhas e molhando as estradas. Tudo aqui pode ser descrito em superlativos, as montanhas são altas e os abismos tem a mesma proporção. As frutas são abundantes e muito saborosas.


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Num país verde ter um deserto é algo raro e especial. E é bem assim que os moradores de Huila tratam o pequeno deserto de La Tatacoa, como se fosse um tesouro. La Tatacoa desenha no chão, em uma altura que se pode tocar com as mãos, toda a beleza que vimos na Cordilheira dos Andes desde a Patagônia até aqui. Ele parece reproduzir em miniatura os relevos do deserto de Atacama, das montanhas de Cuzco, das belas serras do Equador. É uma região seca tropical que surge do meio da floresta de arvores de madeira cor de sangue. O clima é quente, chega a fazer 40 graus na sombra e a noite não alivia a temperatura. Muito similar ao nordeste brasileiro. O vento forte quebra o calor intenso do sol deixando o ambiente agradável. É também úmido, por causa da época das chuvas, por isso temos a sensação constante de estar com a pele úmida, colando ao corpo. Mas qualquer semelhança é mera coincidência, cada lugar tem suas particularidades que o tornam único e indescritivelmente belo, para conhece-lo é preciso experimentar seus sons, cheiros, cores e sabores. Já, Cartagena de Índias é o rosto da Costa Caribenha na Colômbia. Praias com água transparente pintam a paisagem murada e moderna em tons de azul, mas é nas Ilhas do Rosário, a apenas uma hora de navegação, que o mar do Caribe exibe toda sua beleza em praias de areias brancas e

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água azul turquesa com corais repletos de peixes. Mágica, mistura com singularidade a beleza do Caribe, a arquitetura colonial da cidade murada com histórias e lendas sobre piratas e tesouros perdidos. A tudo isso adiciona uma pitada de modernidade que lhe torna ainda mais querida e misteriosa. As ruas do centro histórico convidam para uma viagem no tempo. A sensação é de que ainda podemos ouvir os ferozes ataques de piratas e corsários. Os casarões, igrejas e laustros sussurram segredos e lendas de 500 anos de idade. Carruagens, bicicletas, turistas e vendedores ambulantes reafirmam a história com expressões típicas da Colômbia que, em Cartagena de Índias, se eternizam no museu a céu aberto, narrativa da vida simples e urbana da cidade. Este é um rápido resumo da viagem de um fotógrafo e sua Kombi pela América do Sul. O desafio seguinte é cruzar o Mar do Caribe, viajar pela América Central e chegar aos Estados Unidos. Até a próxima edição!


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El Chalten por Marcio Dufranc

El Chalten no antigo idioma indígena local significa “Montanha que fuma”, e não é difícil entender o porquê os nativos nomearam o pico mais alto e imponente da região com este nome. A montanha está quase sempre rodeada por nuvens que parecem se depositar no pico, sempre trazidas e levadas pelo forte vento gelado que sopra lá no alto. Hoje em dia o nome mais conhecido dessa montanha é Fitz Roy - apesar de alguns nativos ainda a chamarem de Cerro Chalten - uma homenagem a Robert Fitz Roy, capitão do HMS Beagle, navio que levou Charles Darwin em sua viagem ao redor do mundo com o objetivo de explorar mais a costa da Patagônia, dos Andes e da Terra do Fogo. Pioneiro na área da meteorologia, tendo tornado a previsão do tempo mais precisa uma realidade, também foi explorador e hidrógrafo. El Chaltén é a cidade mais recente da Argentina, foi fundada em 1985 para manter a soberania da Argentina sobre os territórios da disputada fronteira patagônica com o Chile. Esta cidade que atualmente tem por volta de 1.500 habitantes, é um dos principais destinos para montanhistas, amantes do trekking e fotógrafos de todo o mundo. Eleita a capital do trekking da Argentina, atrai os turistas pelas magníficas montanhas, lagos e glaciares. Para quem chega, através da Ruta 23 à primeira vista da cadeia de montanhas que tem o Fitz Roy como principal protagonista já fascina e impressiona pela beleza e imponência, com suas formas e seus belos picos nevados. Suas montanhas, desde a década de 1940, atraem os mais destacados praticantes do montanhismo, que fascinados por suas paredes de rocha e gelo, vinham para esse ponto da cordilheira Andina sem 63

cidade de apoio próxima. As montanhas mais interessantes e procuradas da região são o Cerro Fitz Roy e o Cerro Torre, considerado por muitos a montanha mais difícil de escalar do mundo. Por estar localizada muito ao sul do continente, as temperaturas durante o ano todo são muito frias, pode nevar até no verão segundo os locais, isso associado a muito, muito vento. É difícil um dia que não vente em El Chalten. As duas vezes que estive lá, uma na primavera e outra no outono, estava frio, principalmente à noite, e nevou. Devido a esse clima instável e muito frio é preciso acompanhar as previsões de tempo antes de fazer as trilhas e acampar, para garantir não só a própria segurança, mas também que os dias estejam bonitos para render boas fotos. O acampamento no parque nacional é permitido somente nas áreas demarcadas para camping. Acampar mais perto das montanhas permite ao fotógrafo não somente poder explorar mais a área para achar novos enquadramentos, mas também estar nos melhores momentos da luz, ali, na frente delas e pronto para entrar em ação. Apesar de sua altitude relativamente modesta de 3.375 metros, o Fitz Roy é considerado por muitos alpinistas profissionais como o maior de todos os desafios do seu esporte, porque suas paredes verticais requerem técnica impecável para serem conquistadas. Ademais, o clima da região é excepcionalmente ruim e traiçoeiro — fato que já custou a muitos, suas vidas.


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No último ponto da trilha que leva ao Fitz Roy estão a Laguna de Los Tres e a Laguna Sucia. Esta trilha começa no vilarejo de El Chalten, tem aproximadamente 11Km e a subida para as lagunas tem 400m e um desnível considerável. Ter um bom preparo físico é necessário para poder fazer a trilha e apreciar suas vistas espetaculares com conforto e segurança. A vista do amanhecer da Laguna de Los Tres junto com o Fitz Roy pintado em um tom entre vermelho e laranja com a primeira luz solar é simplesmente magnífica e hipnotizante. Tem que tomar cuidado para não perder o foco na fotografia e perder o momento da luz mágica apreciando o espetáculo que é esse amanhecer, tamanha a beleza do momento em um lugar tão singular. É possível ficar o dia inteiro na Laguna de Los Tres contemplando o visual, a cadeia de montanhas que seguem o Fitz Roy para os dois lados o completam de uma maneira única. É incrível como a natureza caprichou ali. Outro pico com forma pontuda acentuada é o Cerro Torre, com 3.127 metros de altura. É uma das montanhas mais espetaculares dos campos de gelo do sul da Patagônia. O pico se encontra em uma região disputada pela Argentina e o Chile, localizada ao oeste do Fitz Roy. A referida elevação geográfica faz parte de um grupo de quatro montanhas, sendo ela a mais elevada de todas. Devido a sua forma retilínea, sua inclinação e as brutais mudanças de temperatura e vento o Cerro Torre foi considerado por muito tempo como impossível de ser escalada. Isso até

janeiro de 1959 quando o alpinista Italiano Cesare Maestri alegou que junto ao seu companheiro de escalada Austríaco Toni Egger, atingiram o pico do Cerro Torre, porém não há registro fotográfico da expedição. A trilha que leva a Laguna Torre, tem aproximadamente 10Km e passa por bosques de Lengas, que são arvores típicas da região e ficam amarelas e vermelhas durante o outono, dando a região com um visual maravilhosamente colorido. A lagoa fica bem em frente ao Cerro Torre e tem um pequeno glaciar que corre pelas montanhas até ela. Este é outro local em que se pode ficar por horas e horas apreciando a vista. A região de El Chalten tem um campo de gelo continental, chamado de campo de hielo patagonico sur. Trata-se de uma enorme extensão de gelos continentais (a terceira mais extensa do mundo), situado na fronteira entre Argentina e Chile. Estendendo de norte a sul por volta de 350Km. Muitos glaciares são originários deste campo de gelo, entre eles o Upsala, o Viedma e o Perito Moreno. É possível fazer expedições guiadas no campo de gelo, e de lá se tem a vista da outra face do Fitz Roy e sua cadeia de montanhas. El Chalten também tem cachoeiras belíssimas, e uma delas é o Chorrillo del Salto, de fácil acesso, fica perto do vilarejo e pode-se ir até a pé. Pela sua beleza e infinidade pode-se dizer que El Chalten é a verdadeira Dysnelandia para fotógrafos de natureza e paisagens, nunca é suficiente, sempre se quer voltar.

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Maranhão por Caio Cesar & Jéssica Oliveira

Somos Caio Cesar e Jéssica Oliveira, casados e apaixonados por fotografia. Somos fotógrafos profissionais, especializados em casamentos. Em nosso trabalho usamos equipamentos de fotografia profissional e de última geração. Em nossas últimas férias queríamos conhecer e experimentar novos lugares, mas ao mesmo tempo também queríamos relaxar, simplificar. Foi por isso que viajamos para o Maranhão levando na mochila apenas nossos IPhones e uma câmera fotográfica de filme, uma Nikon FM2. Ainda no espírito do menos é mais, levamos apenas 2 rolos de filme, um colorido Fuji 400 X-tra, e um P&B da Lomography, ISO 100.

ser assaltado. Felizmente conseguimos passear e fotografar sem contratempos. O que mais nos impressionou é que em volta do palácio da justiça, com toda sua segurança e luxo, víamos ruas esquecidas pela história, museus incríveis em locais inimagináveis. Em meio a todo o caos e descaso, você se vê rodeado por arte, arquitetura, história e personalidades únicas.

Nossa intenção era descomplicar a fotografia e concentrar mais nas sensações, na experiência da viagem. Nosso roteiro pelo Maranhão incluiu o Centro Histórico de São Luís, as ilhas de Atins e Alcântara e os Lençóis Maranhenses.

Chegando de barco na ilha de Atins, começamos a ver o estilo de vida das pessoas que moram lá. Praticamente todas as pessoas trabalham com pesca ou artesanato, que inclusive pode ser encontrado em várias lojas no centro de Atins. Fomos recebidos muito bem, principalmente pelas crianças que trabalham como guias turísticos no centro da cidade. Atins é um pequeno vilarejo nos Lençóis Maranhense que fica entre o Oceano Atlântico e o Rio Preguiças, então de um lado da ilha você encontra a água doce do rio, e do outro a água salgada do mar. Em apenas alguns minutos você aproveita os dois tipos de água e os dois lados da ilha. E no centro da ilha você pode subir no Farol de Mandacaru, que tem 35 metros de altura e 160 degraus, mas que valem a pena, pois lá de cima você pode ver tanto os Lençóis Maranhense, como o encontro do rio Preguiças com o mar, e os povoados que ficam em volta da ilha.

São Luís tem uma história incrível, mas ao mesmo tempo triste e batalhadora. Lá encontramos diversos museus, e o centro histórico em si é um museu a céu aberto, mas infelizmente como em vários outros locais do Brasil, foi esquecida pelo governo e pela segurança pública. É difícil você andar pelo centro histórico sem sentir algum receio de

A ilha de Alcântara é um é um município do Maranhão e faz parte da região de São Luís, para chegar lá você precisa fazer uma viagem de barco que dura em média 1h30. Dentro da ilha você vai encontrar a vila de Santo António de Alcântara que é um grande museu, cheio de casas do século XVII, ruínas de igrejas e mansões da época, e pequenas casas que

A experiência de fotografar somente com iphone, além de ser divertida, nos ajudou e ensinou muito, foi aquela coisa de você usar sua ferramenta ao máximo, sugar tudo que ela pode fazer. E o filme proporciona uma sensação incrível de antecipação, de cada clique que você faz esperando o momento certo e a luz certa e, depois de alguns dias ver todo o resultado e se sentir satisfeito com aquilo.

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hoje mora um povo simples e acolhedor. Próximo a Alcântara existe uma base espacial onde são lançados alguns satélites e fazem alguns testes de lançamentos, nós não chegamos a ir até lá pelo pouco tempo que tínhamos, mas do local que estávamos dava para ver a torre de lançamento. Uma especiaria da ilha muito famosa são os doces de espécie, que vale a pena experimentar além dos vários sucos diferentes que eles fazem com frutas da ilha, alguns muito bons e outros com um gosto bem exótico. Para aproveitar ao máximo a visita é essencial a contratação de um guia local assim que chegar na ilha. Os guias locais, moradores da ilha explicam cada detalhe, a história de cada lugar, que as vezes você passa e acha que não é nada, mas que na verdade foi algum tipo de castelo para as pessoas mais ricas da época, e até mesmo de algum príncipe. Em Alcântara o contato com os moradores é mais intenso, o que facilita para quem gosta de fotografar o estilo de vida das pessoas e seu dia-a-dia, a cada caminhada que você faz, algum morador vai te cumprimentar e você pode até conversar com eles e descobrir mais histórias do local. E dentre os pontos turísticos da ilha, encontramos um museu muito importante para os moradores, o museu do Divino Espírito Santo. A festa do Divino Espírito Santo é um evento importantíssimo para os moradores, tanto que foi criado um museu exclusivo, onde são mostrados todos os detalhes dessa festa católica que atrai participantes de todos os credos e religiões. OS moradores passam o ano inteiro

planejando e preparando a festa e os detalhes de todas as danças e cerimônias. Os Lençóis Maranhense é uma região surreal, cada curva, cada sombra que o sol faz nas dunas. O lugar em si é uma aula de fotografia, ele te ensina a pensar mais em linhas, sombra, luz e, o mais importante é que você aprende a sentir e fazer parte do que está fotografando. As lagoas que você encontra pelo caminho, cada uma tem uma cor, algumas tem vegetação no fundo, e outras apenas areia, com seu desenho e contraste formados pela água, além de serem ótimas para nadar, são locais perfeitos para refletir e contemplar. O legal de fotografar nos Lençóis é a constante mutação da região. O vento muda o desenho dos Lençóis o tempo todo modificando as paisagens e criando um ar de originalidade eterna. Todo brasileiro que sonha em conhecer os desertos mais famosos do mundo deveria conhecer primeiro os Lençóis Maranhense. Tenho certeza que será uma experiência incrível. Tudo isso que eu descrevi são apenas os pontos principais, e os locais por onde passamos, mas fora isso existem vários outros passeios, trilhas, rios e muito mais para conhecer. E o melhor, há muita coisa para ser fotografada, muita história para ser contada e muitas pessoas para conhecer e aprender.

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Por que Fotografo? por Mario Amaya

Esta pergunta foi postulada pelo meu analista quando conteilhe que em prol da fotografia tinha abandonado técnicas de produção de imagens nas quais já era proficiente: desenho, caligrafia e pintura. São meios artísticos nos quais é mais difícil “enganar” o espectador quanto a deficiências técnicas ou conceituais. Ademais, o estilo é muito mais livre; a marca estética pessoal do autor, por medíocre que seja, pode emergir de uma maneira mais peculiar e reconhecível num desenho do que numa fotografia. Todo mundo hoje fotografa. Muito menos gente se aventura a pintar. A minha justificativa particular para abraçar a fotografia é que suas limitações representativas são exatamente o que me interessa, ao oferecerem um desafio constante. E não tem igual quanto à reprodutibilidade... A fotografia é um meio irresistivelmente eficiente para trazermos ao mundo físico nossas inquietações interiores. Minha fotografia autoral, pessoal, não é a foto de uma coisa, e sim a foto da maneira como me relaciono com essa coisa uma ecologia visual. Uma foto é também um sinal que emitimos para o mundo na esperança de encontrar espectadores que se identifiquem com nossa visão. Nada é mais desapontador do que uma foto nossa que ninguém entende se não tiver uma legenda junto explicando.

Jerry L. Thompson, veterano fotógrafo que trabalhou com Walker Evans, publicou em 2013 um livro chamado “Why Photography Matters” - Porque a Fotografia Importa -, onde ele propõe o seguinte: a fotografia é um meio pelo qual aprendemos a maneira como entendemos as coisas. Significa que, de forma análoga ao que dizia Garry Winogrand - “Eu fotografo para ver como algo fica na foto” - nós aprendemos algo novo sobre nós mesmos ao contemplarmos fotos que fizemos, em qualquer ponto de nossas vidas. Efetivamente, a atração perene da fotografia tem a ver com essa aparente contradição de ser sobre o autor tanto quanto é sobre o assunto. Para começar a desenredar esse aparente mistério da fotografia, é preciso considerar um espectro da expressividade visual, definido em seus extremos por dois tipos de imagens. Numa ponta está a fotografia técnica, usada em reprodução de documentos - cópia fotomecânica, xerox e scan digital na qual não existe nenhum “input” do realizador. Na outra ponta do espectro há o chat fotográfico, a torrente de imagens produzidas com smartphones e propagadas através das redes sociais. As fotos de celular funcionam como uma extensão direta do vocabulário de palavras e símbolos que já usávamos nas mensagens instantâneas de texto. Essas imagens, além do imediatismo e efemeridade inerente à sua 82


mensagem - é sempre esquisito ver uma delas reproduzida impressa numa revista - possuem um poder especial de gerar uma resposta emocional imediata no espectador: empatia, discórdia, humor etc. A qualidade estética não é importante. O conteúdo comunicativo é tudo. Entre esses extremos, de uma reprodução precisa e racional a uma imagem simples que busca nos provocar de forma instantânea, está contida toda a gama de fotografia denominada como tal. Mas o que recebemos das gerações anteriores como conceito acadêmico e comercial da fotografia ocupa um espaço estreito no espectro. Uma infinidade de novos fotógrafos visa produzir variações de um repertório de imagens preexistentes. E o grau de inovação criativa diminui com a entrada cada vez maior de novos praticantes e com a evolução técnica dos equipamentos. O que novamente é um paradoxo na superfície, mas dá uma medida do quanto copiar em vez de criar ocorre por exigência do público ou pela falta dela. Podemos concluir que um bom fotógrafo, além do domínio técnico tão perseguido pelos estudantes e praticantes, também é alguém que materializa sua própria relação com o mundo de uma maneira que engaja e emociona um grande número de pessoas. Eis o que não se ensina nos cursos nem nos livros. E ainda mal comecei a explorar. 83




Outscape Photography Expedições Fotográficas & Explorações Urbanas


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