Revista FOX NEWS 05

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edição 05 / outubro 2015

Somos maiores que qualquer crise Passamos ainda por momentos de turbulência na economia e na política, mas o Brasil e especialmente o setor de seguros são muito maiores que tudo isso. Especialistas convidados desta edição nos mostram que precisamos estar preparados e qualificados para a retomada do crescimento do País.



editorial Somos maiores que qualquer crise Passamos ainda por momentos de turbulência na economia e na política, mas o Brasil e especialmente o setor de seguros são muito maiores que tudo isso. Precisamos estar preparados e qualificados para a retomada do crescimento do País. Essa mensagem vemos em diversas matérias desta edição. Um grande evento realizado por uma seguradora analisou o momento e as soluções para minimizarmos os problemas. Outra companhia revelou medidas que está tomando e as oportunidades de evolução que só a crise consegue nos mostrar. E algumas outras empresas mostraram suas recentes estratégias. Também vemos artigos que defendem a importância da técnica de seguros para o setor avançar e, neste momento, também compensar a eventual falta de ganho no resultado industrial. Trazemos cobertura de evento que discutiu maneiras de fazer com que os jovens invistam em seguros e se tornem os novos especialistas.

atualizam participando de cursos diversos oferecidos pelo mercado. O olhar por cima da crise é tema de um de nossos artigos desta edição, justamente porque precisamos acreditar que algo positivo venha a surgir depois dessa avalanche de pessimismo. Um especial sobre previdência privada nos foi brindado por um grande especialista do setor. Também analisamos outras oportunidades, como no seguro condomínio. Não se trata de ser apenas otimistas, mas realistas: o mercado de seguros cresce mesmo em situações adversas e é um dos mais promissores do Brasil. Temos muito trabalho ainda pela frente!

Boa leitura!

Temos ainda nesta edição entrevista de professor de seguros defendendo que o desenvolvimento de qualquer setor, principalmente nosso promissor ramo, está estritamente ligado a educação e conhecimento e é preciso qualificar constantemente nosso corpo técnico. É com base nisso que os treinamentos oferecidos pelo Grupo Fox têm sido cada vez mais demandados, principalmente aqueles ministrados internamente em companhias de seguros. E, para estarem aptos para tratar dos assuntos, nossos profissionais também se

Paulo Rogério Haüptli

Alexandre Massao

Sócios da Fox Reguladora de Sinistro

Produção Fox News Thaís Ruco - jornalista responsável - MTb 49.455 thais@thaisruco.com.br Felix Ryu - projeto gráfico - Teckel Design felixryu@ig.com.br

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sumário 03 05 06 07 08 09 10 11 12 14 15 16 18

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Editorial Somos maiores que qualquer crise

Artigo Ética e retidão

Ramos A obrigatoriedade do Seguro Condomínio Artigo A técnica de seguros é o pilar da atividade seguradora Artigo A regulação de sinistro e a qualificação do profissional responsável Ramos Foco nas pequenas e médias empresas

Gestão Medidas para combater o momento de crise Ramos Títulos Financeiros com Sor teio: Experiência Internacional Evento Seguradora analisa soluções para as crises do Brasil Entrevista Qualificação para seguros e gerenciamento de riscos

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Qualificação Fox se consolida nos treinamentos a profissionais de seguradoras Jurídico Com colaboradores em diversos pontos do País, Fox atende nacionalmente Rede social Curtas reflexões publicadas na página do Grupo Fox no Facebook Ramos Entendendo a Previdência Complementar Privada e as diferentes formas de se preparar para o futuro Direito Roubo não é causa excludente de responsabilidade do transportador de cargas e do depositário de bens Lazer Fox patrocina clube e oferece lazer a colaboradores Trabalho, Carreira & Sucesso O olhar por cima da crise

Mídia Gestão de sinistros em seguradoras

Outra leitura Preconceitos

Mundo Vulnerável a desastres, Nepal sofre com baixa penetração de seguros Investimentos Com cooperativa de crédito, corretores de seguros têm oportunidades diante da crise econômica Qualificação Atrair e reter talentos é desafio para o setor

edição 05 outubro 2015


artigo Ética e retidão Não há como pensarmos em uma relação de consumo sem ética. As possibilidades de atitudes são infinitas para ambas as partes, e, em nosso mercado, envolvem segurados e seguradores. É possível errarmos todos os dias pela imperfeição da perfeição humana, mas, nunca pela verdade imposta em nossas atuações comerciais. Nosso mercado não espera nada, absolutamente nada, diferente disso. O que o segurado quer do nosso senso de profissionalismo é a mais pura espontaneidade na solicitação de produtos de seguro e serviços para coberturas, que poderá proteger seu maior patrimônio, a sua vida e, claro, as suas conquistas, seus bens e sua capacidade de produzir riquezas e gerar receitas. Mesmo no meio de uma crise politica que projetou a queda nas relações de serviços, consumo e principalmente da indústria.

Josafá Ferreira Primo, corretor de seguros e gestor de Riscos em Saúde Suplementar

significativas para tomadas de decisão. Se fizermos uma relação de consumo e necessidades, iremos entender que um pedaço do montante investido nesses produtos, sem perder coberturas e serviços identificados pelo segurado e essenciais à manutenção do risco, poderá ser aproveitado em outras propostas, como seguros para a residência do segurado ou mesmo para seu pet.

Afinal, a crise afeta nosso segmento? Eu acredito que não, uma vez que não podemos deixar de nos proteger. Fica evidenciada uma possível redução proteção, mas, não a sua isenção. Surge então o maior desafio das relações: oferecer ou deixar comprar. Como entender e s s a s d i fe re n ç a s d e s e r v i ç o s e p ro d u t o s , d e necessidades e proteção?

A grande maioria dos segurados não conhece a infinidade de produtos que as seguradoras e corretores podem oferecer. Sendo assim, precisamos estudar as relações e compartilhamentos de nossos amigos segurados. Afinal, ser ético é entender necessidades de manutenção das nossas relações com a vida, porque o que nos diferencia da inteligência corporativa é a inteligência emocional.

Assim a ética pode se manifestar e prover resultados significativos para ambas as partes. Porque consumir o que não usamos não é inteligente. Estudar as necessidades de um segurado é simples, basta que a sua sintonia esteja na situação real e a nas relações estendidas e mensuradas durante a vigência da apólice. A proposta de seguro, emitida dentro das necessidades reais do segurado, guarda e armazena informações

Você sabe o que está compartilhando e a percepção é a mesma para quem está recebendo. Os segurados percebem o seu interesse pelas suas necessidades e as seguradoras agradecem a boa relação, sem conflitos e sem dúvidas, e aguardam para atender as necessidades do proposto. Tudo isso graças a nós, corretores de seguros, que atuamos como profissionais éticos e resilientes.

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ramos A obrigatoriedade do Seguro Condomínio Você sabia que a contratação do seguro do condomínio é obrigatória? De acordo com a Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, o seguro deve garantir o condomínio contra todos os danos, totais ou parciais, que possam atingir a estrutura do prédio, tanto nas partes e instalações comuns como nas partes privativas. A contratação deve ser feita no prazo máximo de 120 dias contados da data da concessão do "habite-se", sob pena de ficar o condomínio sujeito à multa mensal equivalente a 1/12 do imposto predial Devido ao aquecimento global, o clima no mundo e no Brasil tem sofrido grandes alterações. Fenômenos como vendavais, tornados e chuva de granizo são cada vez mais frequentes em nosso País. Além disso, o Brasil é recordista mundial em queda de raio: são mais de 60 milhões de raios por ano. Isso potencializa significativamente a demanda pelo seguro com coberturas que garantam esse tipo de evento. As coberturas do seguro condomínio devem ser adequadas de acordo com o tipo de imóvel, suas características e particularidades. Além da Básica, algumas são essenciais, como Danos Elétricos, Responsabilidade Civil do Condomínio, Seguro de Vida para os funcionários, que são determinadas por lei, e até mesmo coberturas para as unidades autônomas. É muito importante que o síndico conheça as opções de coberturas disponíveis no mercado para que possa fazer um seguro de forma adequada e não tenha dor de cabeça em caso de sinistro. Ele é responsável pela contratação do seguro e, como prevê o Código Civil, pode ser acionado civilmente em caso de erro ou omissão. Na hora de escolher as coberturas mais apropriadas para seu condomínio, é fundamental que o síndico procure a consultoria de um corretor de seguros. Há profissionais especializados nessa comercialização que oferecem as melhores soluções, de acordo com cada caso. Para atender as demandas do mercado, a Tokio Marine possui mais de 20 coberturas disponíveis que se adequam a cada tipo de condomínio, bem como assistência 24 horas para o imóvel e para moradores. A seguradora também possui uma das mais amplas coberturas de vida de funcionários do mercado, indenização especial por morte acidental (IEA), invalidez permanente, total ou parcial por acidente (IPA), auxílio funeral e auxílio alimentação compulsório. Entre os diferenciais dos produtos destacam-se a cobertura básica abrangente para os condomínios horizontais residenciais, garantindo a edificação das residências dos

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Marcelo Goldman, diretor Executivo de Produtos Massificados da Tokio Marine

condôminos, descontos para condomínios sem elevador, para seguros novos, bônus de renovação, desconto por quantidade de coberturas contratadas e desconto fidelidade e flexibilidade no pagamento, além de serviços emergenciais, exclusivos no mercado, como chaveiro, hidráulica e eletricista, que podem ser utilizados inclusive para as unidades residenciais. No primeiro semestre de 2015, o seguro condomínio foi o destaque na carteira de ramos diversos massificados da companhia, com um crescimento de 42,5% em relação ao mesmo período de 2014. O dado coloca a companhia como a quinta maior do mercado nessa modalidade. O resultado é reflexo dos investimentos contínuos e do cuidado com a qualidade do atendimento aos corretores e segurados, além do compromisso em oferecer produtos, ser viços e processos inovadores.


artigo A técnica de seguros é o pilar da atividade seguradora No atual momento de crise econômica, em que a inflação cresce, o desemprego aumenta e os juros estão subindo, parece tentador para as seguradoras aplicar seus recursos no mercado financeiro e, assim, compensar a eventual falta de ganho no resultado industrial. Entretanto, a história recente do mercado de seguros provou que essa não é a melhor solução. Quando o país atingiu a estabilidade econômica, em meados da década de 90, muitas empresas que optaram pelo resultado financeiro em detrimento da atividade técnica de seguro se viram em dificuldades, especialmente para completar seus quadros técnicos com profissionais qualificados. O tempo passou, o mercado de seguros evoluiu e, hoje, conta com inúmeros profissionais capacitados. Mas, é importante que essa experiência do passado sirva de lição. Nesse sentido, a Associação Paulista dos Técnicos de Seguro, que tenho a honra de presidir, é um exemplo vivo da importância de valorização da técnica de seguro. O principal objetivo de fundação da APTS, 32 anos atrás, foi o de resgatar a prática técnica de seguros, que naquela época de alta inflação perdia espaço nas seguradoras. Isso ocorria porque, assim como hoje, era mais compensador para as companhias obter resultado por meio de aplicações no mercado financeiro do que no exercício da atividade seguradora. Hoje, o mercado de seguros é bem mais desenvolvido do que era em 1983, com maior participação no PIB, mais pessoal qualificado, maior portfólio de produtos, além de maior solidez. Não nos esqueçamos de que a abertura do

Osmar Bertacini atua no mercado de seguros há 53 anos. É o atual presidente da APTS e 2º Secretário do Sincor-SP. Foi fundador e presidente do CVG-SP e é presidente do Conselho Consultivo; foi fundador e presidente da Aconseg-SP; sócio fundador da UCS e diretor do CCS-SP. Atualmente, é diretor da CamaracorSP, diretor da SBCS e acadêmico da ANSP.

resseguro fez grande diferença, com a entrada de novos players e, consequentemente, novas práticas técnicas e produtos. Portanto, a volta da inflação não coloca em risco a atividade técnica. Preocupa-me, por outro lado, o mito envolvendo o fim da técnica de seguros. A atividade de seguro requer o trabalho de um técnico para avaliar o risco precificar e se for o caso avaliar o sinistro. Se o técnico é necessário em automóvel, que dirá então nos seguros de grandes riscos, de responsabilidade civil, com destaque para D&O e E&O, e até nos massificados. Portanto, nossa missão na APTS é desmitificar “o fim da técnica”, provando que a prática está mais viva do que nunca e que é o pilar do desenvolvimento do mercado. Celeiro de mentes brilhantes e de novas lideranças, a APTS se mantém renovada e vibrante, em mais de três décadas de existência, por meios de seus colaboradores. Todos, elementos cheios de vontade de executar o melhor trabalho e dispostos a doar tempo e conhecimentos para desvendar os segredos da boa técnica de seguro. Em sua trajetória, a associação dos técnicos se se orgulha de ter contribuído para o aprimoramento técnico de várias gerações de profissionais, realizando centenas de eventos, entre seminários, palestras e debates, que, segundo a opinião de muitos, se constitui no maior programa de atualização permanente do setor. A APTS continuará fazendo a sua parte, criando oportunidades para o debate de ideias e o aprimoramento e reciclagem de conhecimento dos profissionais de seguros. Portanto, há muito a ser feito e, garanto, estamos muitos dispostos para o trabalho. Eu e minha diretoria nos comprometemos a arregaçar as mangas e dar continuidade ao importante trabalho realizado por meu antecessor, Luis López Vázquez, fundador da APTS.

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artigo A regulação de sinistro e a qualificação do profissional responsável Para quem não participa diretamente de um processo de regulação de sinistros, seja executando-o, seja analisando os relatórios produzidos, muitas vezes não tem a dimensão da importância e da tecnicidade desse trabalho. Independente da linha de negócios, cabe ao regulador de sinistros estabelecer, através de criterioso estudo, a causa da perda e a conexão dessa perda com o espectro de cobertura da apólice atingida e por fim determinar a dimensão dessa perda, traduzindo-a em valores. Em alguns casos isso pode aparentemente ser uma coisa simples, senão vejamos; um pequeno incêndio doméstico atingiu uma cozinha de uma residência unifamiliar, destruiu um fogão, um depurador de ar e deixou fuligem nas paredes revestidas de azulejos e no teto. Bem, evento coberto (chama aberta), cota-se um fogão e um depurador nos diversos sites de venda de eletrodomésticos que existem na internet, avalia-se o custo de limpeza dos azulejos e pintura do teto considerando a metragem quadrada e temos tudo resolvido, rapidamente apenas aplicando conhecimentos básicos de cálculo de áreas e com acessos adequados em sites de pesquisa, sem maiores complexidades. Mas suponhamos que os bens atingidos não foram o fogão e o depurador, foram uma caldeira geradora de vapor que aciona uma turbina que produz energia elétrica, utilizada em uma siderúrgica, e que o evento não foi uma chama aberta, foi algo a ser apurado, talvez um erro de montagem, um problema de projeto, uma instalação inadequada, um recalque da base dos equipamentos, uma falha operacional e, que os danos envolveram partes internas da caldeira ou da turbina, e ainda que o segurado possuía cobertura de lucros cessantes, e que o local do evento fica perto de nada e longe de tudo. Complicou um pouco não é verdade? Chegamos ao ponto onde será posta à prova a capacitação do regulador. Cabe a ele apurar as causas e as consequências do evento reclamado e estabelecer a relação com as coberturas de seguro contratadas. Bem, é nesse momento que passamos a entender a necessidade do extremo grau de qualificação desse profissional. Apenas o aprendizado acadêmico talvez não seja suficiente para que o regulador de sinistros obtenha sucesso nos seus trabalhos de campo e escritório, anos de experiência, cursos de reciclagem e atualizações técnicas se fazem necessários. Muitas vezes todo esse background tem de ser complementado com discussões e apoio de peritos específicos, que devem ser requisitados e acompanhados pelo regulador e aí mais perceptível ainda se fará o grau de preparação desse profissional. O panorama acima pode ser replicado para todas as linhas de negócio, e se analisarmos os movimentos de mercado das últimas décadas, iremos entender que o nosso amadurecimento se deu às custas de muitas decisões lastreadas em boas intenções ou por razões econômicas e que tiveram reflexos não muito positivos.

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Poderíamos discorrer centenas de linhas sobre o tema, mas só

Mario Bicalho – Engenheiro Civil, pósgraduado em Administração de Seguros, tem 34 anos de mercado de seguros e atualmente é diretor de Sinistros, Jurídico e Compliance da Argo Seguros Brasil para exemplificar, para que possa ser tangível esse pensamento, citaremos apenas dois exemplos, um antigo e um mais recente, do que foi dito e que clareiam um pouco as razões do que podemos classificar como erro estrutural básico de percepção. Tempos atrás, no auge do monopólio de resseguro, optou-se por dar oportunidades iguais a todos os profissionais de regulação. Dessa forma, independente do tipo de sinistro e da especialização do regulador, era seguida uma fila de indicações, o que tornava absolutamente aleatória a escolha do profissional, bastando o mesmo estar com sua "documentação" em dia. As consequências imediatas eram óbvias caso a "sorte" não ajudasse na escolha do profissional correto. Mais recentemente, algumas seguradoras optaram por "leiloar" seus trabalhos de regulação, priorizando quem oferecesse o melhor preço por hora, para execução de seus serviços. Mais uma vez, decisões erradas partindo de um conceito teoricamente correto. Correto se estivéssemos falando por exemplo da compra de material de escritório, mas não da escolha de um profissional que terá em suas mãos a responsabilidade de apurar, quem sabe, prejuízos de dezenas ou mesmo centenas de milhões de reais ou dólares. Por mais bem-intencionado que esteja o administrador que opta pelos sistemas acima, as consequências disso serão nefastas a curto, médio e longo prazo. Profissionais não incentivados a investir em sua preparação, desmotivação pessoal, queda de qualidade no produto final etc, tudo que poderia levar a economia inicial a ser facilmente transformada em um gigantesco poço sem fundo de sucessivos prejuízos. Não estamos fazendo aqui uma apologia ao aumento de custos, mesmo porque seria caminharmos em direções diametralmente opostas ao pregado em momentos de crise como o que vivemos atualmente. Estamos sim buscando a razão e o ponto de equilíbrio entre custo e resultado que possam transmitir a esses profissionais de regulação, a tranquilidade necessária para a perenidade de seus trabalhos e tal perenidade só existirá como resultado de muitos investimentos em conhecimento e preparação técnica, com a busca incessante de aprimoramento de seus trabalhos. E, é claro, com o resultado esperado por todos: uma apuração de causas e prejuízos que reflita com retidão e justiça o ocorrido e permita que o seguro realize aquilo a que se destina, o reestabelecimento correto do equilíbrio econômico perturbado, mantendo empregos e alavancando a economia.


ramos Foco nas pequenas e médias empresas O alvo da Liberty Seguros, em todos seus produtos, atualmente, são as PME com patrimônio líquido de até R$ 10 milhões. “Temos aí um nicho com oportunidades muito grades, pelo alto nível segurável ainda”, afirma Paulo Umeki, vicepresidente de Seguros Corporativos da empresa. “Em toda nossa prateleira de segmento corporativo, seja riscos de engenharia, responsabilidade civil g e r al,transportes, property, vida, ou seja, em t o d o s n o s s o s r amo s, e s t amo s f o c a n d o n o segmento PME. Estamos de i xando os grande s riscos”. N a á r e a d e p r o p e r t y, Umeki conta que a seguradora já tem cerca de um milhão de estabelecimentos comerciais atendidos por 24 categorias de subprodutos para cada tipo de empresário. “Temos produtos específicos para escritório, clínica de estética, consultório, pet shop, cafeteria etc. Para cada um desses subsegmentos desenhamos uma apólice na qual o cliente enxerga seu nicho”. Esses subprodutos de property foram lançados há três anos e hoje já contam com elevada participação. “Estamos crescendo ano a ano mais de 20% nesse segmento. Os nichos encontram coberturas bem interessantes, que o mercado genérico não tem, por

isso puxam a fila do crescimento do property”. Para promover o crescimento desta carteira, a Liberty tem investido em processos de treinamentos presenciais para os corretores de seguros parceiros. “Buscamos os corretores que têm interesse em desenvolver um pouco mais a carteira de property, saindo um pouco do automóvel, e oferecemos preparo completo: mostramos onde estão esses estabelecimentos comerciais que são potenciais segurados, como fazer o approach, quais são os benefícios, como fazer para fazer uma venda para um novo cliente e também como ofertar para o cliente que já tem um outro seguro genérico, um pouco antes do vencimento”. Outra forma de capacitação da equipe de vendas são as plataformas online onde o corretor pode acessar e tirar todas as dúvidas em relação ao processo. “Para buscar o varejo, que tem um alto volume, necessitamos de um alto volume também de tecnologia, estamos investindo muito em tecnologia, oferecendo aos corretores de seguros qualidade em processos e treinamentos”. “A carteira de property poderia estar melhor, tirando mais corretores do foco no automóvel, mas estamos desenvolvendo bastante. Hoje o auto está uma concorrência muito grande, comissões cada vez menores, e naturalmente os corretores estão se interessando por property e seguro de vida para PME”, afirma. “Apesar de toda a crise estamos crescendo acima do mercado: no ramo vida, por exemplo, enquanto o mercado cresce 4%, este ano estamos crescendo dois dígitos: 12%”.

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gestão Medidas para combater o momento de crise A Berkley Seguros tomou algumas iniciativas para aumentar a produtividade e economizar recursos em momento de crise. De acordo com o vice-presidente da empresa, Robert Hufnagel, a seguradora optou por ações, em sua visão, inovadoras entre as empresas do setor. “Estamos maximizando a utilização das nossas ferramentas e promovendo uma reanálise de nossos processos internos. Analisamos tudo o que fazemos no dia a dia manualmente, e poderíamos otimizar”. No início do ano, em janeiro, a seguradora definiu suas estratégias macro: onde estava e para onde pretendia ir. O planejamento e as estratégias foram sendo remodelados conforme a mudança do cenário econômico brasileiro, a variação do câmbio e o volume de produções. “Em abril começamos a fazer uma revisão mais drástica de tudo o que estava acontecendo. Com rapidez começamos a mudar nossa estratégia, adequar para os novos patamares”. Entre os grandes desafios estava reajustar a estrutura. “Refizemos a estratégia das nossas estruturas, em cada filial tínhamos dois superintendentes, percebemos que não precisava. Começamos a analisar a estrutura por produtividade. Houve cortes sob esta ótica, de quem não estava produzindo. Percebemos diretores fazendo a mesma função, maximizamos os cargos. Também maximizamos estratégias de vendas, fazendo crosselling, estudando como poderíamos vender mais para os mesmos clientes”, conta Hufnagel. Também foi feita análise do workflow, dos processos internos. “O mais importante foi a reflexão da nossa estratégia para impactar o mercado, que era agilidade na emissão e pagamento. Como vantagem competitiva, vimos que era importante a descentralização de subscrição e emissão. É um pouco contrário do que as seguradoras estão fazendo, mas isso vinha do passado, e passamos a reforçar”. Para o dirigente, a seguradora reconhece que não tem a melhor taxa, não paga as melhores comissões, mas compensa na prestação de serviços e, por isso, precisava de uma atualização das ferramentas. “Temos as estratégias corporativa, de negócios e funcional. E sabemos que para alcançar o resultado precisamos estar atentos a todas as variáveis que podem surgir. Se algo não está dando certo, buscamos novos caminhos para chegar ao objetivo”. “Importante característica da Berkley é que, a cada ação, paramos para refletir um pouco se está dando certo. E pelo

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entrosamento das áreas, conseguimos mudar rapidamente as estratégias. Isso é fundamental em tempos de crise”. Um segredo para o sucesso da empresa é o diálogo com profissionais envolvidos em cada ponto da operação “A própria equipe traz novas ideias de como podemos melhorar. Também damos voz e pedimos opinião dos corretores de seguros, nossos verdadeiros parceiros de negócios. Porque, para nós, não adianta apenas crescer, queremos crescer com produtividade”. “A crise está aí. Estamos dobrando o número de emissões para produzir o mesmo que o ano passado. Nossos produtos são super vulneráveis ao momento econômico, mas trabalhamos com transparência e todos veem o resultado do nosso esforço”. Em virtude do cenário econômico, a seguradora começou a revisar sua política de aceitação, subscrição, principalmente nos ramos de garantia e transportes, que, na crise, têm aumento de sinistralidade. De acordo com Frank Bosic Jr, diretor de Sinistros, a seguradora tem grande produção de seguro garantia e, em tempos de incerteza, é preciso tomar muito cuidado com as empresas tomadoras. “Algumas empresas pequenas e médias já não têm a mesma produção que tinham em outras épocas. Estamos sendo mais rigorosos na subscrição, aceitando apenas empresas constituídas há mais de cinco anos, e que a sociedade também esteja vinculada há mais de cinco anos. Com isso garantimos que sejam empresas já consolidadas, com um lastro financeiro”. Nos outros ramos, como transportes, a Berkley aumentou sua ação de auditorias e averbações. “No transporte, cada viagem é um seguro único. Em época de crise começa-se a cortar seguro, não averbar os embarques, o que é uma prática ilegal de sonegar informações para a seguradora. Mesmo que sejam embarques nacionais ou dentro da cidade existe a obrigação de averbar essa viagem, não pode selecionar risco. Aumentamos a auditoria nesses seguros de embarcadores, transportadores. Isso tem protegido a seguradora. Nos casos de acidente e roubo temos uma sindicância para averiguar os fatos, se teve transporte, a origem e o destino, as notas fiscais, para ver se não foi uma fraude contra o seguro. Para isso contamos com o trabalho das empresas de sindicância como o Grupo Fox”. No começo de outubro, os executivos participaram de reunião de alinhamento na matriz da seguradora nos Estados Unidos. “Demonstramos as medidas que estamos tomando, pois o Brasil é um exemplo nas práticas de prevenção, já que em outros países não há tanta fraude”, afirmou Frank Bosic Jr.


ramos Títulos financeiros com sorteio: experiência internacional O título de capitalização no formato institucional peculiar que conhecemos é característico do Brasil. No entanto, quando o englobamos na categoria mais geral de instrumento financeiro conjunto, em que se acoplam um elemento de poupança programada e outro de sorteio, ou seja, de possibilidade de ganho aleatório, a experiência internacional é vasta e nem tão recente. Já em 1896, o jurista francês Henri Levy-Ullman, em artigo publicado na Harvard Law Review e até hoje citado, apresentava um levantamento da presença de títulos financeiros acoplados a componente de natureza lotérica, constatando que já existiam ou tinham existido na maioria dos sistemas financeiros da Europa, incluindo França, Alemanha, Áustria, Espanha, Grécia, Itália, Suécia e Suíça. Na atualidade, tais títulos são oferecidos no mercado por instituições financeiras privadas e públicas, em vários países de diferentes culturas. Alguns desses títulos têm longa tradição, tal como os títulos de capitalização no Brasil. É o caso da Suécia, que emite instrumentos de dívida pública com uma componente lotérica e no mesmo formato institucional, desde 1918. Outros são mais recentes em sua formatação. Na Alemanha, desde 1952, os bancos de poupança oferecem contas em que os depositantes podem alocar novas aplicações entre uma conta tradicional e títulos lotéricos emitidos pela Associação de Bancos de Poupança. Títulos de emissão bancária de características semelhantes podem ser encontrados no Japão e na Indonésia. Neste país, deve-se ressaltar experiência de particular interesse: o BRI, banco especializado em microfinança, lançou em 1986 um programa de contas acopladas a componente lotérico, o que se revelou de grande sucesso; em doze anos, o número de depositantes quadruplicou, tendo coberto um vasto público de baixa renda. Uma experiência sempre destacada é a dos "savings bonds" do Reino Unido, cujo lançamento inicial data de 1956 e tinha o objetivo de estimular a poupança, no período de recuperação da economia após a Segunda Guerra Mundial. Os "premium bonds" garantem o principal aplicado, mas, em lugar da remuneração de juros, oferecem a participação em loterias mensais. Sua popularidade permanece através dos anos, atingindo diferentes camadas sociais da população britânica. A experiência da Espanha é de especial relevância para a América Latina. No ambiente competitivo que se impôs nos anos 90 aos bancos espanhóis, o BBV inovou, adotando um sistema de contas acopladas a sorteios periódicos de bens ou quantias pecuniárias. A aceitação do público foi grande e o exemplo logo foi seguido por outros bancos, entre os quais o Santander. BBV e Santander tiveram, na mesma década de 90, importante penetração no sistema financeiro de países da América Latina. Deste modo, prosseguiram sua experiência com produtos acoplados a sorteios periódicos e os introduziram no México, na Colômbia, na

Hélio Portocarrero é economista, foi superintendente da SUSEP e diretor executivo da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap).

Uriel de Magalhães é doutor em Economia pela EPGE-FGV e professor aposentado da área de finanças da Faculdade de Administração da UFRJ.

Venezuela e na Argentina, sempre com bons resultados. A observação do fenômeno entre povos de formação cultural e religiosa tão distintas e de diferentes níveis de riqueza, nos informa sobre algum aspecto da natureza humana, o que tem sido explorado por estudos de psicologia econômica e de economia comportamental sobre o grau de aceitação de risco. As experiências recentes de colocação de títulos financeiros acoplados a componente lotérico nos Estados Unidos constituem exemplo de aplicação consciente da teoria comportamental. De fato, instrumentos financeiros com essas características colocados em mercado por "credit unions" dos estados de Indiana e Michigan foram formatados com acompanhamento do fundo "D-2-D" (abreviatura fantasia de "doorways to dreams"), instituição sem fins lucrativos voltada, principalmente, para o incentivo à formação de poupança e animada pelo Prof. Peter Tufano, da Harvard Business School. Estas experiências locais obtiveram sucesso, conforme seria o esperado, a partir da observação empírica histórica e internacional e da formulação teórica. Sua extensão depende da superação de elementos de legislação estadual e federal e, sobretudo, da resistência de monopólios lotéricos. A propósito, uma experiência de lançamento de títulos semelhantes na África do Sul foi abortada pela reação do monopólio lotérico, a despeito de seu sucesso inicial. Qualquer pessoa nos Estados Unidos ou no Brasil, assim como em outros países, pode constituir uma carteira de aplicações com algum componente lotérico. O título financeiro acoplado a tal componente, no entanto, contribui para diminuir o custo de transação. É razoável, portanto, esperar que a adoção desses títulos em diversos sistemas financeiros venha a prevalecer e, do mesmo modo, que o sucesso da colocação de títulos de capitalização deva manter o desempenho histórico de crescimento verificado no Brasil.

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evento Seguradora analisa soluções para as crises do Brasil

Plateia atenta à palestra do jornalista e analista político Gaudêncio Torquato Na 6ª edição de seu evento Corporate Conference, que ocorre anualmente no Guarujá, a Zurich ofereceu ao público formado por diretores, corretores de seguros parceiros e grandes clientes, análises sobre a atual conjuntura do Brasil, com perspectivas para o futuro. “O evento proporcionou dados concretos para termos mais clareza sobre como atuar diante dos desafios e possibilidades”, afirmou Emanuel Baltis, CEO de Global Corporate para o Brasil, durante o evento que aconteceu nos dias 21 e 22 de outubro. “A Zurich acredita no Brasil e o Brasil é maior do que a crise", disse José Talarico, Relações Institucionais da Zurich, que fez a mediação dos palestrantes. Para a ex-Ministra do Supremo Tribunal Federal, Ellen Gracie, o Brasil passa por uma situação que sua população não merecia, mas por ser nossa realidade é muito oportuno que se faça um debate sobre este tema. “Como uma estudiosa do Direito analiso o que vem pelo país sob o aspecto jurídico. Existem inúmeras possibilidades de solução para as dificuldades do momento político, três são as principais”, disse. “A primeira e mais fácil de descartar é renúncia da presidente da república, a segunda é o impedimento da atuação da presidente determinado pelo Superior Tribunal Eleitoral ao comprovar utilização de recursos provenientes de meios ilícitos: apura-se abuso de poder econômico, corrupção ou fraude. Outra forma de afastamento é mediante a prestação de contas pelo

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congresso nacional. Hoje se realiza uma verdadeira batalha, com manobras de todos os lados para se obter o resultado desejado”. Para ela, só nos resta o silêncio, pois não sabemos o que virá. O jornalista e analista político Gaudêncio Torquato tem a imagem do Brasil como um carro atolado em lama. “Essa crise engata alguns carros da locomotiva, os 30 milhões de brasileiros que ascenderam à classe C começam a perder os ganhos. Muitos que passaram a comprar, adquiriram geladeira e equipamentos eletrônicos, mas agora não podem ligar porque a conta de energia está muito cara”. É a maior crise da contemporaneidade. “Temos um governo completamente desentrosado e sem projetos novos, e os que já existiam enfrentam a possibilidade de ter seus recursos diminuídos”. Ele rememorou pontos históricos que definem a política no Brasil e listou o que se deseja para o Brasil do futuro: conscientização ética, democracia participativa, reformas fundamentais, força das instituições e mais transparência nos negócios. O economista Paulo Rabello Castro comentou a importância de se entender o processo para encontrar soluções. “A pena (caneta, instrução) é mesmo mais poderosa que a espada, mas a longo prazo. O risco hoje e de 2016 é o risco da explosão de frustrações. Todas as soluções apresentadas são frustrantes, seja a presidente renunciar ou ela ser 'renunciada'”. Para passar por essa via


Carlos Cortés, Head of Risks Engineering da Zurich crucis nós temos que entender qual o timing dessa explosão econômica e quais suas consequências. “Temos um custo financeiro explosivo tanto no governo como no setor privado, talvez o elemento mais combustível do processo todo. As dificuldades do governo espirram no setor privado, estamos diante de um trancamento generalizado de crédito o que é a véspera do caos econômico. A arrecadação em baixa propicia a falência das bases políticas, do sul ao norte não há mais alinhamento, os consumidores que estão retraídos e muita gente não vai honrar seus compromissos financeiros no setor privado em 2016”.

Emanuel Baltis, CEO de Global Corporate para o Brasil vapor de água da bacia Amazônica para outras regiões do Brasil. “O Brasil é campeão mundial de chuva, claro que a maioria cai na Amazônia, mas com os rios voadores as outras regiões também se beneficiam”. Com programas de educação ambiental, Gerard defende que juntos podemos mudar o quadro de queimadas em florestas e fazer com que o Brasil continue campeão de chuvas e sem problema de falta de água. “Cada árvore faz a diferença, cada árvore é uma fonte de água”.

“O Brasil é maior do que a crise e o espírito de brasilidade tem que impregnar em cada um de nós ", disse José Talarico, Relações Institucionais da Zurich, que fez a mediação dos palestrantes. “O bom deste momento de crise foi que o Brasil deixou de ter o sentimento de vira-lata, quando víamos que havia corrupção e não havia condenação, mas isso está mudando”. A segunda parte das palestras focou na crise hídrica. A dificuldade no abastecimento de água consiste no risco de maior impacto global, segundo análise estabelecida a partir de pesquisa com participação da Zurich e apresentada durante o Fórum Econômico Mundial no início deste ano. Carlos Cortés, Head of Risks Engineering da Zurich, discorreu sobre o tema. “A crise hídrica é o desequilíbrio entre a demanda e a disponibilidade de água”. Explicou consequências da escassez, como a crise energética, e que o problema deve estar na lista dos riscos analisados por empresas. Para ele, o tema está ganhando mais atenção porque abrange todos os países. “O Brasil tem posição privilegiada porque pode desenvolver soluções”. Soluções foram apresentadas por Gérard Moss, engenheiro mecânico de formação que idealizou no Brasil diversos projetos relacionados à manutenção dos nossos recursos hídricos e que unem pesquisa e conscientização, promovendo a educação ambiental entre jovens e adultos. Na palestra “Rios Voadores”, título de projeto iniciado em 2007, explicou como as florestas interferem nos rios e a importância da preservação. Rios voadores são cursos de água atmosféricos invisíveis que transportam umidade e

Gérard Moss, engenheiro mecânico e pesquisador que idealizou o Rios Voadores

Time de peso: Gaudêncio Torquato, Ellen Gracie, José Talarico, Paulo Rabello e Emanuel Baltis

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entrevista Qualificação para seguros e gerenciamento de riscos O desenvolvimento de qualquer setor, principalmente o promissor ramo de seguros, está estritamente ligado a educação e conhecimento. Em entrevista exclusiva à Fox News, o coordenador acadêmico Sérgio Hoeflich – que atua como pesquisador da USP em sistemas RFID e como coordenador do GRISCO® (Núcleo de Estudos em Gestão de Riscos), além de ser palestrante e professor – analisa como anda a qualificação n o s e t o r d e s e g u ro s , p r i n c i p a l m e n t e a vo l t a d a a o gerenciamento de riscos. Fox News – Qual a sua ligação com a área de educação voltada para o setor de gerenciamento de riscos e seguros? Sérgio Hoeflich – Estamos construindo um modelo acadêmico de formação dos profissionais de gerenciamento de riscos. Este foi um desafio imposto pelo mercado de seguros a partir da minha experiência como professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e como gerente de Riscos na Penske Logistic. Ainda em 2005, oferecemos um projeto de desenvolvimento de pesquisas e aperfeiçoamento profissional, a partir de uma parceria da FGV com a Escola Nacional de Seguros. Este projeto inicial teve a inspiração e o apoio do Grupo Negrini, que identificou a necessidade de especialização de profissionais em gerenciamento de riscos. Considerando que, naquele momento, a Escola Nacional de Seguros estava estruturando seu próprio projeto, a parceria não prosperou. Isto posto, buscamos novas parcerias e desenvolvemos um programa adaptado ao mercado de gerenciamento de riscos aplicado à logística e aos transportes, tendo como patrocinadores os associados, clientes e fornecedores da Gristec (Associação das Gerenciadoras de Riscos), no qual tivemos duas turmas de MBA em Gerenciamento de Riscos num convênio com a FGV. Fox News – Qual a sua experiência prática na área? Chegou a trabalhar em empresas de gerenciamento de riscos e seguros? S.H. – Atuei na área de projetos em transportes e como gerente de Riscos na Penske Logistic em um momento no qual estava em andamento o projeto de rastreamento de cargas no Brasil. Em 2004, o projeto estava estruturado exclusivamente para utilizar a tecnologia de rastreamento satelital e as equipes de tecnologia, transportes e gerenciamento de riscos da Penske entenderam que era necessário ampliar e dar consistência e segurança na cobertura e nos controles das operações logísticas em áreas urbanas. Desta forma, definimos que a tecnologia GPRS era a solução apropriada, naquele momento, para dar suporte e agregar valor às operações e à nossa estratégia de oferecer informações precisas e atualizadas das cargas em trânsito. O projeto, que na sua primeira fase chamamos de Minuano, deixou seu momento de bonança e soprou forte pela organização e seus fornecedores, impactando sobre os modelos de gestão de contratos com as transportadoras, seguradoras e, principalmente, oferecendo alto grau de satisfação dos clientes com a precisão das informações oferecidas pelas operações de transportes deste operador logístico. Foi estabelecido um

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diferencial competitivo para o mercado e colocou a Penske Logistic como o operador logístico com melhor performance na rastreabilidade de cargas urbanas, permitindo atualização em tempo real das entregas realizadas na região metropolitana de São Paulo e em até 48 horas em toda a região Sul e Sudeste. Comparando com operadores concorrentes, apresentávamos uma melhoria contínua da performance de nossas operações, trazida pela eficiência das informações logísticas, nos proporcionando transparência em nossas negociações com as seguradoras e vantagem competitiva na aquisição de novos clientes, a partir melhores custos totais e eficiência das operações. Fox News – Qual a sua opinião sobre a oferta de cursos para a formação de profissionais no setor de gerenciamento de riscos? S.H. – Acredito que há uma grande demanda para este setor. Segundo a ABGR (Associação Brasileira de Gerência de Riscos), o mercado sul americano tem uma demanda de mais de 5 mil gerentes de riscos e, por esta razão, trabalhamos para estruturar o Grisco®, que é um núcleo de pesquisa para programa de formação de especialistas em gerenciamento de riscos. Até o momento, os cursos de especialização foram oferecidos pela FGV e, a partir de 2016, a Escola Nacional de Seguros deverá lançar o MBA Gestão de Riscos e Seguros. O desafio de um programa de formação de gestores é integrar as mais diversas metodologias e ferramentas que são empregadas no gerenciamento de riscos, e tornar o curso um elemento de validação destes métodos, sendo, além de desenvolvedor de soluções, uma referência técnica em gerenciamento de riscos para o mercado. A nossa experiência com empresas de tecnologia de rastreamento como parte da implantação de seus equipamentos nos transportadores ou operadores logísticos serve como base para os novos objetivos. Especificamente sobre o gerenciamento de riscos das operações logísticas e de transportes, há ainda a necessidade de alinhar estes processos de uso da tecnologia com as imposições das performances em informações operacionais e logísticas contidas nos contratos com os clientes, assim como a adequação às exigências das seguradoras em seus planos ou normas de gerenciamento de riscos, que são parte integrante dos contratos de cobertura securitária das cargas

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transportadas. Há a necessidade de estudos técnicocientíficos que validem as melhores práticas desenvolvidas com as tecnologias existentes, a fim de garantir a segurança das operações, através do emprego de tecnologias de monitoramento e dos sistemas de rastreamento. Fox News – E sobre a qualidade desses cursos? S.H. – A qualidade dos cursos está adequada às suas propostas: especializar os gestores de riscos para a tomada de decisão. Fox News – Qual a sua opinião sobre a formação acadêmica dos profissionais que trabalham em empresas de seguros? Acha que falta qualificação? O motivo seria a falta de interesse ou de oferta? S.H. – A formação acadêmica dos executivos é diversificada. São profissionais das áreas de administração de empresas, tecnologia da informação, direito, mas, também, da área de segurança pública e patrimonial. A qualificação se deu pela prática profissional, atendendo às demandas das empresas e dos clientes. Estes profissionais desenvolveram e implantaram o que é oferecido ao mercado nos dias de hoje. Há grande demanda por qualificação profissional, desde o nível executivo e, principalmente, até os níveis operacionais. Os executivos de gerenciamento de risco têm sido demandados pelos clientes em soluções específicas para as suas operações logísticas. Neste campo, há a necessidade de alta especialização, pois o contratante de serviços nos clientes são, normalmente, profissionais muito experientes e arrojados. Foi para preparar estes executivos para os novos desafios no segmento de gerenciamento e seguros que estruturamos o MBA em Gestão Estratégica de Riscos Corporativos, que é um programa de pós-graduação o qual coordenei duas turmas na FGV. Especificamente para os profissionais altamente especializados em seguros há falta de oferta de programas adequados de atualização, utilizando-se de ferramentas de integração entre as especificidades das operações logísticas e de segurança, seja das operações ou patrimonial. A mesma limitação se dá para os profissionais empregados nas operações de segurança e de gerenciamento de riscos. Neste nível, há forte formação do uso das tecnologias de rastreamento, limitada integração aos processos logísticos e menor percepção das compatibilidades quanto às obrigações impostas pelos contratos de seguros. Estes processos complexos que exigem integração de tecnologias diversas, com processos logísticos diferenciados, exigem a formação continuada dos técnicos em rastreamento. O interesse dos profissionais em sua preparação técnica é evidente, mas a oferta de cursos apropriados às suas necessidades é restrita. Fox News – Você está participando de novos projetos de cursos? Como vai funcionar? S.H. – Estou participando do projeto de formação dos executivos do setor de gerenciamento de riscos para a Escola Nacional de Seguros, que foi inaugurado com programa inicialmente patrocinado pela Gristec no convênio com a FGV. Esta foi a primeira fase de um amplo programa na área de especialização, que tem os seguintes objetivos:

a) estabelecer um contato permanente e recíproco da academia com suas técnicas e ferramentas de pesquisas quantitativas; b) validar cientificamente as melhores práticas dos operadores do mercado inseridos nas cadeias logísticas; c) realizar pesquisas de indicadores de risco nas áreas em que o mercado possui maior demanda destas ferramentas quantitativas; d) constituir as bases de dados qualificadas para sustentar suas decisões estratégicas; e) estabelecer os critérios para a certificação do profissional de gerenciamento de riscos. Este programa inicia-se com as turmas do MBA Gestão de Riscos e Seguros, cujo objetivo geral é dotar os participantes de uma visão abrangente e sistêmica da gestão de riscos como vetor fundamental para a sustentabilidade de longo prazo das empresas e o desenvolvimento socioeconômico. As questões que se colocam são: como mitigar a ocorrência de perdas e controlar as ações de transferências de riscos? Quais os instrumentos utilizados para viabilizar os investimentos necessários ao enfrentamento dos enormes desafios da administração empresarial? Também será missão do curso instrumentalizar os participantes em um conjunto de técnicas e ferramentas úteis na análise, na avaliação e nos processos de tomada de decisão referentes aos mais variados problemas de conformidade às normas vigentes, prevenção de perdas e gestão de riscos empresariais. Fox News – Qual a sua expectativa para o futuro do mercado de trabalho na área de gerenciamento de riscos e seguros no que diz respeito à qualificação desses profissionais? S.H. – Minha expectativa é que este mercado tenha grande crescimento, tal como vem ocorrendo nos últimos 20 anos, mas com uma demanda maior sobre os controles das operações. Tenho especial atenção aos aspectos logísticos, na administração das frotas, dos sistemas de tráfego (seja urbano ou interurbano) e da segurança das operações, particularmente a segurança ambiental. Considerando o alto nível de sinistralidade nas operações de transportes (acidentes e roubos de cargas), o emprego das novas tecnologias embarcadas nos veículos automotores e a crescente necessidade de segurança no tráfego dos veículos, pessoas e mercadorias, seja nas estradas ou nos circuitos urbanos, os profissionais com conhecimento de tecnologias de rastreamento terão um diferencial competitivo por serem aptos em um instrumento de fundamental importância para melhorar os índices de segurança no transporte de pessoas e mercadorias. Assim, estamos empenhados no GRISCO® a construir as bases didáticas e tecnológicas (empregaremos ferramentas de educação a distância) para atualizar e capacitar os técnicos em rastreamento e construir uma rede para suportar as diversas iniciativas que já estão em curso em universidades como USP e UFF, entre outras, a fim de difundir as técnicas e as melhores práticas com validação científica dos profissionais que atuam no mercado, tanto nas áreas públicas (controle de tráfego, segurança pública, defesa civil etc) quanto na iniciativa privada (corretoras de seguros, reguladoras, seguradoras, gerenciadoras de riscos, transportadores e operadores logísticos).

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mundo Vulnerável a desastres, Nepal sofre com baixa penetração de seguros O Nepal é um dos países mais propensos a catástrofes no mundo. Os terremotos de magnitude 7,8 e 7,3 que atingiram recentemente a região marcaram o pior desastre natural em mais de 80 anos e deixaram evidente a vulnerabilidade do país. Embora as perdas econômicas ainda estejam em fase de avaliação, a destruição que o mundo testemunhou enfatiza um problema que o país precisa discutir com urgência: a insuficiência crônica de seguros está essencialmente ligada aos riscos que a situação se apresenta. Segundo recente relatório feito pela Universidade nepalesa de Pokhara, estima-se que a taxa de penetração de seguro de vida e dos considerados de 'não-vida' no país em 2009/2010 era baixa, cerca de 2,77% e 1,84%, respectivamente.

Sophie Abraham é analista para Prática de Política, Ciência e Capital da Willis Group, em Londres. Ela trabalha em estreita colaboração com o Escritório das Nações Unidas para a Redução de Riscos de Desastres (UNISDR).

A questão que agora se prolonga para o governo do Nepal é se esse terremoto desencadeará uma mudança de cultura e comportamento muito necessária na forma como o país considera questões sobre gestão de riscos. De acordo com o Relatório de 2015 de Avaliação Global sobre a Redução do Risco de Desastres (WCDRR), o Nepal ocupa um lugar de destaque entre os países cujo governo não tem reservas financeiras ou acesso a financiamento de contingência que permita a absorção de prejuízos, de recuperação e reconstrução após desastres. Se colocarmos de outra forma, o Nepal não tem capacidade financeira para absorver perdas que tenham impacto de 1 a 100 anos, que necessitem de valores estimados entre US$ 928 e US$ 3,3 milhões. Com a ideia de arcar com valores tão surpreendentes, evitando colocar ainda mais pressão sobre a capacidade do sistema humanitário em fornecer ajuda de emergência, um pool de representantes do Sul da Ásia, seguindo a linha da organização 'African Risk Capacity', se uniu para buscar uma solução prática para ajudar os Estados membros a se preparar e responder melhor aos terremotos e outras catástrofes naturais na região.

Tais níveis insuficientes de seguros em áreas conhecidas pelo alto grau de exposição a riscos de catástrofes não são mais sustentáveis. É cada vez mais crescente ver a indústria de seguros, especialmente do setor financeiro, trabalhar em conjunto com representantes políticos e com a comunidade científica para encontrarem uma solução prática. Estima-se que somente o primeiro terremoto possa ter causado US$ 3,5 bilhões em perdas econômicas até o momento. Apenas uma fração desse valor será coberto pelas seguradoras, como no caso da GIC Re, a maior seguradora do Nepal, que está arcando com parte do ônus das perdas seguradas.

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A reunião do WCDRR culminou com a adoção do Programa Sendai para Redução do Risco de Desastres, que foi assinado por 187 estados membros da ONU e será a espinha dorsal da política internacional de resistência às catástrofes durante os próximos 15 anos. Espera-se que com a atenção da comunidade internacional e as medidas que estão sendo tomadas para aumentar a consciência do risco e equipar melhor os países, organizações e cidadãos para lidar com a exposição ao risco de catástrofe, o próximo desastre não venha a causar tanta destruição na vida de pessoas e meios de subsistência.


investimentos Com cooperativa de crédito, corretores de seguros têm oportunidades diante da crise econômica O contexto econômico turbulento e a retração do crescimento brasileiro não assustam as cooperativas. Pelo contrário, o cooperativismo financeiro está se destacando como a grande alternativa para o acesso ao crédito e alavancagem dos negócios empreendedores. E enquanto os bancos diminuem a oferta de crédito e aumentam taxas de juros, as cooperativas de crédito oferecem taxas mais competitivas e ampliam as possibilidades aos cooperados. Em determinados estados, os corretores de seguros contam com cooperativas de crédito – Credicor – do sistema Sicoob, nas quais podem se tornar acionistas e aproveitar as vantagens de serem os donos de uma instituição financeira. Outras instituições financeiras, como bancos, estão restringindo o crédito, mas as cooperativas de crédito, formadas pelo capital de seus associados, têm condições de absorver as demandas de crédito do mercado. "Naturalmente, o momento requer atenção redobrada na concessão de valores, mas, por outro lado, ampliou a nossa importância diante dos cotistas tomadores dos créditos, uma vez que os bancos estão dificultando e aumentando as suas taxas", afirma o presidente da Sicoob Credicor-SP e corretor de seguros Luiz Ioels. "Como eu sempre enfatizo nos encontros em que falo da cooperativa, as crises são momentos de oportunidades, é hora de ocuparmos os espaços deixados pela concorrência – isso vale tanto para a corretagem como para a cooperativa. Tem os que choram e os que aproveitam para vender lenços, não é mesmo?", argumenta. Os números comprovam esse fenômeno. "Mesmo nestes períodos difíceis, acredite, os resultados do exercício de 2014 foram os melhores da vitoriosa história da Cooperativa, e no final do primeiro semestre deste ano já ultrapassamos o resultado de todo o último exercício". No primeiro semestre de 2015, as operações de crédito da Sicoob Credicor-SP cresceram 40% em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo um volume de R$ 3.850.000,00. Além de crédito, a Sicoob Credicor- SP oferece os mesmos produtos e ser viços disponibilizados pelos bancos comerciais, como cartões de crédito e débito, conta corrente, poupança, consórcios, porém, com taxas e tarifas competitivas. "Nossa taxa para desconto de recebíveis é a metade da praticada pelos bancos comerciais. A taxa de crédito pessoal ou capital de giro é ainda mais competitiva, de

2,5% a 2,9%, dependendo do prazo. As aplicações financeiras em RDC (indexador CDI) também têm remuneração bastante interessante, comparando com outras instituições financeiras. Luiz Ioels observa que é cada vez mais comum os associados utilizarem a cooperativa para fugir do rotativo do cartão de crédito. "A taxa de juros na Sicoob Credicor-SP é de 4,5% e no mercado convencional a taxa média é de 13,30%. Os juros do cheque especial também são outro atrativo. Na Credicor-SP a média da taxa mensal é de 4,5% e, em contrapartida, o Sistema Financeiro Nacional apresentou média de 10,97%. Mais sobre a instituição financeira dos corretores de seguros Bate-bola com Luiz Ioels, Diretor Presidente Executivo da Credicor-SP. Como surgiu a Credicor-SP, Cooperativa de Crédito dos Corretores de Seguros? Há 10 anos, durante uma reunião de diretoria no Sincor-SP, Sindicato dos Corretores de Seguros, discutimos as vantagens para a categoria em poder contar com uma cooperativa. Graças ao apoio do Sindicato, fomos visitar algumas cooperativas existentes e tomar conhecimento do ramo "banco", que só conhecíamos como clientes e não como "fornecedores". O processo de maturação foi longo, talvez por surgirem outras prioridades. Mas a ideia permaneceu viva e em 2006 a cooperativa foi fundada. Com a adesão de 30 sócios fundadores, formamos o primeiro Conselho de Administração, do qual fiz parte, e que elegeu a diretoria executiva, e conselho fiscal, com a o aporte inicial de 600 cotas cada um (R$ 1 por cota). E hoje, como é ser o Presidente Executivo? Gratificante e frustrante. Explico. É muito gratificante pelo que crescemos, com os resultados financeiros alcançados e distribuídos aos cotistas, com os serviços de alta qualidade que prestamos (elogios recebidos por quem muito utiliza) pelas próprias características de todos sermos donos igualmente. Não importa o número de cotas, todos são atendidos da mesma forma, com muito carinho e atenção, sem deixarmos o profissionalismo. Frustrante pela falta de interesse de muitos que não se atentaram ao espírito comunitário que é a cooperativa e que bom negócio é para todos, como aquele joguinho infantil "quem tem põe, quem não tem tira". Os empréstimos, a isenção de cobranças de vários serviços e taxas mais atrativas, tanto as cobradas como as remuneradas. Acredito que em breve conseguiremos fazer o corretor compreender a importância que é possuirmos uma instituição financeira grande e sólida, assim como o Sindicato será uma demonstração aos demais players do mercado da nossa força como categoria. De minha parte, não iremos deixar de divulgar nunca.


qualificação Atrair e reter talentos é desafio para o setor Lideranças de RH refletem sobre desinteresse dos jovens em construir carreira no mercado de seguros "Cada vez que precisamos de um profissional de crédito, temos que buscá-lo no mercado. Com isso, experimentamos uma inflação salarial em determinadas posições, provocada pela falta de sangue novo nessa estrutura". A afirmação foi feita por Rogerio Vergara, diretor executivo de Garantias e Crédito do Grupo Segurador BB e Mapfre e um dos palestrantes do IX Encontro de RH do M e r c a d o S e g u r a d o r, Rogerio Vergara, diretor executivo de realizado no dia 23 de Garantias e Crédito do Grupo Segurador BB e Mapfre setembro, em São Paulo. O executivo trouxe para o debate o prisma da alta direção das empresas. "A área de RH tornou-se um instrumento estratégico e vem se aproximando cada vez mais do centro de decisão das organizações", salientou, atribuindo o fato ao aumento da longevidade da população e à necessidade de substituição dessa mão de obra. Vergara, que atualmente desenvolve tese de mestrado sobre a utilização da proposta de valor de emprego (EVP, do inglês, employment value proposition) no mercado de seguros, também compartilhou as observações iniciais do seu trabalho. "Durante esse estudo, percebi que nós, do mercado de seguros, consumimos a nós mesmos. Sem profissionais, procuramos esses talentos em outras seguradoras e corretoras. Temos que mudar isso".

EVP pode reduzir até 50% custo da contratação Felipe Hessel, assessor executivo da empresa de consultoria Corporate Executive Board (CEB) e primeiro palestrante do dia, compartilha da opinião de Vergara. Para

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ele, as organizações que possuem uma EVP bem definida conseguem reduzir em até 50% o custo da contratação de novos empregados. Também são capazes de atrair os candidatos passivos, aqueles que não estão buscando emprego. Conforme constatou uma pesquisa realizada pela CEB com cerca de 590 entrevistados no segundo trimestre desse ano, a remuneração é a maior preocupação dos candidatos a empregos no Brasil. Eles também citaram oportunidades futuras, de desenvolvimento, de educação, respeito, ética, reconhecimento e equilíbrio entre vida pessoal e profissional. De acordo com o executivo, a EVP deve comunicar o diferencial de uma empresa e quais são os atributos que ela tem a oferecer, a fim de atrair talentos. O mesmo estudo da CEB apontou que a satisfação dos brasileiros com a EVP das empresas onde trabalham é maior que a média global. "Nas empresas onde essa satisfação é baixa, apenas 16,3% dos funcionários brasileiros desempenham o chamado esforço discricionário, que é espontaneamente ir além do que o cargo requer. Já com uma EVP bem definida, esse esforço chega a 26%", explicou Hessel, ao defender a importância da gestão da marca empregadora.

Felipe Hessel, assessor executivo da Corporate Executive Board (CEB).

Hessel também comparou as chances de retenção de talentos entre empresas com EVP mais imprecisa e

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aquelas cujas propostas são mais claras. Naquelas, 25% dos empregados têm a intenção de permanecer, enquanto nessas, o percentual é de 51%. "Se combinarmos os dois resultados, veremos que não estamos retendo por reter, mas estamos mantendo os mais produtivos".

Indústria de seguros ainda é pouco atrativa

André Siqueira, gerente de Relações com os Clientes para o Brasil e América Latina da Universum.

André Siqueira, gerente de Relações com os Clientes para o Brasil e América Latina da empresa de consultoria Universum, acredita ser um desafio ainda maior desenvolver uma marca empregadora que atraia a nova geração de talentos que está ingressando no mercado, a geração Z.

Siqueira apresentou uma pesquisa na qual foram entrevistados, este ano, 1.300.000 universitários de 2.200 instituições distribuídas por 56 países, para verificar a atratividade da indústria de seguros junto a esse público. Nos Estados Unidos, apenas 5% deles demonstraram interesse. No Brasil, onde foram entrevistados 67.000 estudantes, esse índice foi de 1,6%. "Quando comparamos o perfil dos jovens que se interessam por seguros com os que preferem outras indústrias, percebemos que aqueles têm 12% menos ambição em se tornar líderes e 16% menos identificação com a t r i b u t o s c o m o criatividade e inovação. Talvez o perfil de talentos que estamos atraindo não s e j a o q u e q u e re m o s " , alertou o executivo.

Um dos caminhos para definir uma EVP é entender o processo seletivo também sob a ótica do candidato. Foi o que fez a Clave Consultoria ao realizar uma pesquisa sobre o assunto com mais de 15.000 profissionais, em 2014. Os resultados do estudo foram exibidos p e l o s s ó c i o s d a companhia, Andrea Krug e Felipe Azevedo. Foi constatado que para a maioria dos candidatos os processos seletivos são cansativos (42%), longos (38%), "mais do mesmo" (23%) e os exercícios não avaliam (27%). A pesquisa também concluiu que para 80% dos entrevistados os jogos on-line aferem melhor as habilidades por condensarem elementos t é c n i c o s e comportamentais, além de serem mais lúdicos.

Andrea Krug, sócia da Clave Consultoria.

Por outro lado, a comunicação é um Felipe Azevedo, sócio da Clave Consultoria. aspecto a ser melhorado. "Esse ainda é o ponto do qual os candidatos mais se queixam: seja pela falta ou pela pobreza do feedback. Nós temos bastante espaço para evoluir nesse sentido. Só usar tecnologia não é inovar. É preciso muitas vezes ousar e rever certos processos para efetivamente construir algo diferente", admitiu Andrea.

Maria Helena Monteiro, diretora de Ensino Técnico da Escola Nacional de Seguros.

Com a definição e aplicação da EVP, é possível fortalecer a marca empregadora. "Os recrutadores precisam pensar a área de atração de talentos como pensam a promoção de produtos. O processo funciona em três passos: primeiro as pessoas precisam conhecer a empresa, depois considerá-la uma opção e, em seguida, escolhê-la", defende Siqueira.

Feedback é aspecto a ser melhorado

Créditos da foto: Douglas Asarian / Escola Nacional de Seguros


qualificação

jurídico

Fox se consolida nos treinamentos a profissionais de seguradoras

Com colaboradores em diversos pontos do País, Fox atende nacionalmente O departamento jurídico do Grupo Fox é voltado ao atendimento das companhias de seguros e atua nas defesas administrativas e judiciais, buscando ressarcimento (amigável e judicial) para todos os ramos. São quase 30 advogados correspondentes, locados em diversas cidades brasileiras e com capacidade de atender a todo o País. “Atuamos na área penal para o combate à fraude requerendo instauração de Inquérito Policial e, quando necessário, nos habilitamos assistentes de acusação, em defesa da seguradora”, afirma o sócio da Fox, bacharel e professor de Direito, Paulo Rogério Haüplti.

Alguns dos membros desta equipe:

Constantemente, o Grupo Fox tem recebido demanda para realização de cursos in company, realizados internamente em empresas como seguradoras, corretoras, transportadoras, embarcadores, logísticas, assessorias e outras que tenham interesse. O carro-chefe é o curso “Identificando a fraude no sinistro de transportes”, que já foi apresentado para diversas turmas de três seguradoras nos últimos meses. Por questão de confidencialidade, seus nomes e de seus profissionais não podem ser divulgados. Também está sendo bastante procurado o curso “Sindicância, Regulação de Transporte e Inquérito Policial”. Para preparar conteúdo e se manter atualizados, os profissionais da Fox regularmente participam de cursos oferecidos pelo mercado. O mais recente, em 22 de outubro, foi um curso de gerenciamento de risco na AIG Seguros, com leitura de mapas, atuadores e afins. “Estamos em constante qualificação para melhor atender o mercado”, declara o sócio da Fox, Paulo Rogério Haüptli. “Em nosso curso 'Identificando fraudes' sempre abordamos os programas de gerenciamento de riscos e precisamos estar atentos à dinâmica deste segmento”.

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São Paulo-SP Dra. Melissa Cristina Zanini Dra. Thais Brito Souza, Paulo Rogério Haüptli e Cesar Navas Victor (bacharéis em Direito) e Vaneza C. Queiroz de Oliveira (estagiária Direito) Caxias do Sul-RS Dr. Emanuel Stopassola Porto Alegre-RS Dr. Leandro Tartarotti de Mesquita Dr. Luiz Gustavo Barbosa Martins Palmas-TO Dr. Leandro Jeferson Cabral de Mello Dra. Kamila Teixeira de Almeida Fortaleza-CE Teresina-PI Dr. Filipe Augusto da Costa Albuquerque Goiânia-GO Dr. Rafael Pereira Fontes Vitória-ES Dr. Rafael Brasil Araújo Silva


rede social Curtas reflexões publicadas na página do Grupo Fox no Facebook

Por Paulo Rogério Haüptli, em www.facebook.com/foxreguladora

Crise X Fraude Toda crise faz como que a fraude, no mínimo, dobre. A mais comum está no ramo de automóvel, porque os segurados não conseguem vender seus veículos e acabam "vendendo para a seguradora" ou estão prestes a perder seus carros, face à ausência de pagamento do financiamento, e simulam a subtração do bem e até mesmo “PT” por colisão e choque. Existem no mercado especialistas em causar PT nos veículos sem sofrer lesões, cobram em média R$ 1.000,00 pela façanha. Consequência de tudo isso é o aumento do prêmio onde todos acabam perdendo os bons segurados, as seguradoras que vendem menos seus produtos e ainda aumenta o desemprego. Um círculo vicioso que agrava ainda mais a crise. Roubo de Carga O roubo de carga não diminuiu, na verdade aumentou. O que está ocorrendo é que a economia se encontra retraída e as vendas diminuem, consequentemente há um número muito menor de transportes, portando, temos proporcionalmente roubo menor que ano de 2014, porém comparando o volume de transporte X roubo há um crescimento 30%, sem contar as fraudes que crescem com a crise. Solução: bom gerenciamento de risco, pronta resposta e entrosamento entre regulador/sindicante com a empresa de GR. Roubos em queda ou economia em queda? Os roubos de carga estão em queda, segundo a Secretaria da Segurança Pública, mas seguem em patamares elevados. De janeiro a junho, ocorreram 991 casos do tipo na Grande São Paulo, contra 1.060 no mesmo período de 2014 (queda de 6,5%). A secretaria diz que a queda é “resultado de um trabalho de investigação, que contou com a elaboração de um mapeamento, pela Polícia Civil, com os dados dos 10 últimos anos de roubos de carga em todo estado, como locais das ocorrências, detalhamento dos veículos envolvidos, forma de ação das quadrilhas, além de dados de pessoas presas e foragidas”. A Fox atendeu nesse período cerca de 489 roubos de carga

apenas na cidade de São Paulo. Qual será a verdade? A queda do roubo ou economia em queda? Ou ainda, economia em queda associada a uma estatística fragilizada ou mal feita. Não vá sem seguro ou assistência viagem Você sabe qual a diferença entre Seguro Viagem e Assistência Viagem? São muito semelhantes no que tange à cobertura, aliás em ambos o segurado poderá optar por diversas coberturas inclusive as engessadas e exigidas pela União Europeia, USA e outros países. Quando falamos em seguro, o segurado deve arcar com todas as despesas necessárias em caso de imprevistos durante sua viagem e o reembolsado ocorrerá pela seguradora quando regressar ao seu país de origem. Já na Assistência, o processo acontece de maneira diferente: sempre que houver alguma situação de emergência durante a viagem, o passageiro contará com um pacote de serviços e benefícios garantidos pelo seu Plano sem ter que colocar a mão no bolso. Qual o melhor? Se estiver com boa condição financeira, o seguro é melhor, por ter coberturas mais amplas, mas se não puder arcar antecipadamente a assistência é mais adequada e imediata. Seguro de Transporte Temos três tipos de seguro de transporte no mercado brasileiro hoje, dois contratados pelo transportador e um pelo embarcador. Embarcador contrata o seguro de transporte, cujas coberturas são completas incluindo Desvio, Colisão e afins. Transportador contrata dois tipos: Obrigatório RCTR-C para colisão tombamento, danos que o transportador possa causar por culpa e não dolo ao transportar a carga do embarcador; e Facultativo RCF-DC, Seguro contratado pelo transportador que cobre responsabilidade de civil e DC desvio da carga. Para caracterizar roubo de carga, o veículo transportador deve ser subtraído junto, via de regra. Em módulo do curso de transporte ministrado pela Fox aplica-se uma linguagem simples e de fácil compreensão para quem está começando e pode se estender para advogados e subscritores auxiliando nas suas tarefas do dia a dia. Gerenciamento de Risco Não existe fórmula mágica que vai elidir furtos, roubos, acidentes e qualquer outra espécie de sinistro, quer voluntária ou natural. O que pode ser realizado é um trabalho muito bem arquitetado para minimizar os prejuízos, calculando todas as variáveis. Diferente disso você estará contratando um serviço impossível, pois, se fosse possível evitar riscos estaria rico, porém podemos gerenciá-lo e ajudá-lo a minimizar perdas.

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ramos Entendendo a Previdência Complementar Privada e as diferentes formas de se preparar para o futuro O nome "previdência" se refere a se prevenir, se precaver, se preparar, certamente, no caso, para o futuro, para a velhice ou para o infortúnio, como a morte ou a invalidez. Assim, o nome "previdência" ficou como base do sistema de seguridade social, onde se busca arrecadar recursos visando a garantir benefícios futuros. E chamamos de "complementar" porque a ideia é que este sistema seja complementar ao oficial, à Previdência Social administrada pelo Instituto Nacional de Seguridade Social, o INSS. E esta previdência que estamos tratando é complementar à pública e é privada, ou seja, porque é administrada por entidades privadas, pertencentes a empresários. Como objetivos, podemos definir que a previdência social visa garantir ao cidadão uma renda na sua aposentadoria (por idade ou tempo de contribuição) que seja suficiente para sua sobrevivência, além de outros benefícios, como auxílios doença, renda por invalidez, auxílios doença, pensão por morte; e já a previdência complementar privada visa garantir ao cidadão que se aposenta uma renda conforme suas contribuições, visando a manutenção de seu padrão de vida. E também outros benefícios, como pecúlios aos beneficiários por morte ou invalidez, pensões ao cônjuge, filhos e outros. Assim, com objetivos distintos, os produtos e as práticas também são diferentes. Ainda como importantes conceitos, define-se como período de contribuição ou de diferimento o tempo entre a data de entrada de um participante num plano de previdência e a data de aposentadoria. O período após aposentado é o período de recebimento do benefício ajustado.

Entidades Para fazermos outra grande separação, vamos inserir a expressão "Aberta" ao final de nosso objeto de estudo, que fica agora denominado Previdência Complementar Privada Aberta. Para justificar a expressão, vamos diferenciar o que vem a ser uma previdência complementar privada "aberta" de uma "fechada". Os Planos de Previdência são sempre administrados por instituições que ganham o nome de "Entidades". São assim denominadas entidades fechadas de previdência complementar (EFPC), aquelas entidades organizadas na forma de fundações ou sociedade civil, sem fins lucrativos, que criam e administram planos oferecidos a um grupo específico de pessoas, que mantém entre si e com o patrocinador/administrador do fundo um vínculo, geralmente de emprego, ou seja, funcionários de uma mesma empresa. O nome mais usual para as EFPC e que é usado não só no Brasil como em vários países é "Fundo de Pensão". O fundo de pensão é uma EFPC. Como exemplos, temos a PREVI (funcionários do Banco do Brasil), PETROS (Petrobrás), FUNCEF (Caixa), POSTALIS

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João Paulo Moreira de Mello, consultor de Seguros e Previdência. Com mais de 35 anos de experiência na área de seguros. É professor da Escola Nacional de Seguros e ativo colaborador nos projetos de disseminação da cultura do seguro. (Correios), FORLUZ (CEMIG), VALIA (Vale) e outros. Como se observa, no Brasil a quase totalidade dos fundos de pensão é ou teve origem no setor público. Quando a entidade de previdência é aberta, ela recebe a sigla EAPC. No caso, como entidade aberta, constituída como sociedade anônima, ela está autorizada a comercializar e administrar planos de previdência individuais ou coletivos para qualquer pessoa ou empresa. Assim temos a previdência complementar dividida entre entidades fechadas (Fundos de Pensão) e abertas (Seguradoras). Vamos nos aprofundar mais nos planos comercializados e administrados por entidades abertas de previdência complementar, ou seja, EAPCs.

Tipos de estruturação das coberturas Na sua essência, o objetivo do plano de previdência é arrecadar um determinado montante durante um período (de contribuição) que na data previamente combinada, seja suficiente para pagar uma renda ao participante pelo tempo ajustado (período de recebimento), que pode ser até o final da sua vida. Agregadas à cobertura principal de renda, outras são oferecidas, como pecúlios e/ou pensões por morte e/ou invalidez. E na origem dos planos de previdência, o valor da renda, assim como dos pecúlios e pensões, era combinado na data de contratação do plano, ou seja: "Tenho x anos. Com qual valor devo contribuir mensalmente para ter uma renda de y a partir da idade z?". A idade x é a data de entrada, a idade z a data de saída e a renda y é o beneficio. E como este benefício era combinado antes, ganhou o nome de benefício definido. Neste tipo de estruturação de cobertura, se contrata hoje sabendo quanto exatamente vai pagar mensalmente para se ter o beneficio escolhido quando se aposentar. A resposta é direta. Por exemplo e usando valores hipotéticos: Você tem 25 anos, tem que contribuir com R$300,00 por mês para se aposentar aos 60 anos com uma renda vitalícia de R$2.500,00. Sempre são do tipo beneficio definido as chamadas coberturas de risco, ou seja, que tem como fato gerador a morte ou a invalidez do participante. Assim, os pecúlios e as pensões, por morte e/ou por

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invalidez, sempre tem seus valores de custeio e de capital fixados na contratação do plano. Os valores de contribuição (que o participante paga) e da renda e das coberturas de risco (que ele ou beneficiários vão receber) são ajustados anualmente, pelo índice combinado no contrato. Pode ser IGPM, IPC, IPCA.

se pela cobertura de um mês, ou de um ano apenas. Se houver indenização quem administra a massa de segurados (seguradora) se encarrega de indenizar, com base na contribuição de todos. Se não houver sinistro (ocorrência prevista no contrato) não existe devolução de valores pagos.

A boa administração do plano é fundamental para se garantir a renda futura. Tem que aplicar os recursos de tal forma que se consiga fazer face aos benefícios futuros. Além destes riscos, acrescente-se o risco demográfico, ou seja, o fato incontestável que as pessoas estão vivendo mais. Assim, para uma pessoa que entrou em gozo de beneficio hoje, que comprou um plano há 35 anos, sua expectativa de vida era uma. Hoje, ao se aposentar, com os novos recursos da medicina, evidentemente que sua expectativa de vida é maior. Então, na teoria, se os administradores do plano não previram este incremento de longevidade, faltará dinheiro para o pagamento das rendas. Uma administração que não preveja estas questões, ou não consiga bons rendimentos, acima dos índices de correção pactuados no contrato, pode levar à insolvência do plano. Apesar dos riscos, este tipo de plano vigorou sozinho por muito tempo. Atualmente praticamente não existem mais planos prevendo renda futura no regime de benefício definido nas EAPC, considerando-se os riscos envolvidos.

Regime de Repartição de Capitais de Cobertura – Neste regime parte dos recursos são usados para pagar benefícios atuais e parte para benefícios futuros. São os casos de indenizações por morte e invalidez pagas como indenização de uma só vez ou em regime de renda. Regime de Capitalização – Neste regime, os valores arrecadados num período são usados para pagar benefícios futuros. É constituída uma reserva, em nome de cada participante (ou segurado), para ser usada no pagamento de seu benefício. Este tipo de regime é o usado na Previdência Complementar, para os benefícios de sobrevivência, como renda por aposentadoria.

Depois de certo tempo e muitos problemas a contornar em função de desequilíbrios financeiros decorrentes das mudanças demográficas, sociais, econômicas, surgiu um outro tipo de estruturação de cobertura, que foi denominado de contribuição variável. Neste tipo de plano, o participante inicia contribuindo com um valor mensal, sem ter definido o valor da renda que receberá no futuro. O valor da renda será definido no momento de sua aposentadoria, dependendo do valor que ele acumulou durante os anos de contribuição. Assim, o valor da contribuição mensal pode ser alterado. O participante pode fazer aportes extras e pode fazer resgates parciais do que já contribuiu. E também pode alterar o tipo de renda contratado, antes de se aposentar. As coberturas de risco, como já mencionado, permanecem como benefício definido. A contribuição variável funciona apenas para a cobertura de renda, ou de sobrevivência.

Regimes Financeiros O regime financeiro de um plano ou cobertura é a forma como ele está estruturado. Regime de Repartição – Neste regime, todos os recursos arrecadados num determinado período são utilizados para pagar os benefícios do mesmo período. O melhor exemplo deste regime é o da Previdência Social. Tudo que se arrecada hoje é usado para pagar os benefícios de quem está recebendo hoje. Toda a arrecadação vai para um caixa único, de onde saem os pagamentos de benefícios. É o chamado pacto de gerações, onde a geração atual financia os benefícios da geração anterior. Os trabalhadores de hoje contribuem para a previdência social, que paga as aposentadorias e pensões dos aposentados e pensionistas. A grande maioria dos seguros tradicionais é estruturada neste regime, onde não se tem reserva futura. Paga-

Desenvolvimento da Previdência Complementar Aberta no Brasil O Brasil ficou alguns anos sem uma previdência privada forte. Isto em decorrência de uma legislação confusa, que não exigia muita transparência, além do sério problema da inflação, que assolou o país do fim dos anos 1970 até meados da década de 1990, com seguidos planos econômicos, mudanças de moedas, de regras contratuais etc. Não é possível desenvolver a previdência privada, que trabalha com horizontes de 30, 40 anos adiante, se não existirem regras e condições de um mínimo de previsibilidade e solidez das instituições, tanto nos aspectos econômicos, como políticos e sociais. Com o lançamento do Plano Real em 1994 e o início de certa estabilização econômica, foram criadas leis, regras que, somadas à estabilização política, possibilitaram o desenvolvimento, no final dos anos 1990 e início dos anos 2000 de novos produtos, que provocaram um boom de crescimento do setor no Brasil. A primeira grande novidade foi o Plano Gerador de Benefícios Livres – PGBL inspirado num produto americano. Há também que se destacar a união das instituições privadas e governamentais em torno do objetivo comum de criar novas regras que possibilitassem o surgimento de novos produtos previdenciários, como a Associação Nacional de Previdência Privada – ANAPP, a Comissão de Previdência Privadas e Vida – CPPV da Federação Nacional das Seguradoras – FENASEG, que dariam origem depois à Federação Nacional de Previdência Privada e Vida – Fenaprevi, a Superintendência de Seguros Privados, Susep e a Receita Federal, que entenderam o momento de mudança de cenário e de patamar que a previdência privada passaria a viver. O PGBL, como passou a ser tratado, é um plano de previdência, portanto com o objetivo de prover uma renda futura ao participante, do tipo contribuição variável para a cobertura de sobrevivência (renda), no regime financeiro

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ramos de capitalização. Neste plano, portanto, para a cobertura de renda, as contribuições são livremente acertadas entre o participante e a seguradora. Podem ocorrer aportes eventuais, assim como resgates parciais da reserva acumulada. As contribuições do par ticipante, após deduzidos os carregamentos, são acumuladas numa reserva em seu nome e esta reserva (chamada de Provisão Matemática de Benefícios a Conceder - PMBAC) é aplicada em cotas no nome do participante num Fundo Financeiro Especialmente constituído (chamado FIE) para o plano de previdência. O rendimento deste Fundo determinará o rendimento da PMBAC. No PGBL, a EAPC não garante rendimentos, portanto ela não assume riscos financeiros. As reservas dos planos previdenciários estão blindadas, ou seja, são separadas do patrimônio das EAPC. Elas não podem ser utilizadas para nenhum fim que não seja o de prover os benefícios previstos no plano. O participante contribui durante certo período, o chamado período de contribuição, ou de diferimento, até a data acertada como data de saída, ou de aposentadoria. Alguns meses antes da data acertada, ele é chamado pela EAPC para discutir sua opção de renda, que pode ser ratificada (a mesma que ele escolheu na data de entrada ou contratação do plano) ou alterada neste momento, ou então de resgatar todo o montante acumulado. Se por acaso o participante falecer antes de chegar à data de saída ou aposentadoria, os beneficiários têm direito à totalidade da reserva acumulada em nome do participante, mais a indenização de eventual cobertura de risco que exista, conforme segue. O PGBL permite ainda que sejam agregadas coberturas de risco. São elas os pecúlios por morte, por invalidez, as p e n s õ e s a o c ô n j u g e e / o u a o s m e n o re s p o r m o r t e . Lembrando, estas coberturas sempre são estruturadas como beneficio definido, assim os valores de seu custeio e de indenização são previamente definidos. Para estas coberturas o pagamento mensal é obrigatório. Geralmente estas coberturas vigoram somente durante o período de diferimento, ou seja, antes da data de aposentadoria.

Tratamento fiscal A previdência privada complementar aberta sempre buscou no governo uma forma de incentivar os participantes a aplicarem recursos nestes produtos. Isto porque o setor gera uma poupança de longo prazo, com grande acumulo de reservas, cujos valores, na grande maioria, são aplicados em títulos públicos. Em todos os países as seguradoras e fundos de pensão são investidores institucionais, que aplicam a longo prazo. Assim é que existe, atualmente, um incentivo a quem aplica recursos em planos de previdência. Para os contribuintes que declaram imposto de renda pessoa física no formulário completo, pode ser deduzido da base de cálculo do IR até 12% a título de contribuição para previdência privada. Exemplo:

Fonte: Apostila do Curso Preparatório ao Exame de Habilitação Corretor de Seguros/ Escola Nacional de Seguros - Funenseg – 2015

Como se observa, numa situação destas o interessado estaria "economizando" R$3.300,00 de imposto. Entretanto ao fazer um resgate ou receber um beneficio de renda, ele sofrerá a tributação, que no regime de alíquotas decrescentes, implantado em 2004 (Lei 11.053), prevê a incidência de IR na fonte conforme tabela:

Fonte: Apostila do Curso Preparatório ao Exame de Habilitação Corretor de Seguros/ Escola Nacional de Seguros - Funenseg – 2015

Público-Alvo diferente: surge o VGBL Pouco tempo após o estrondoso sucesso do PGBL, as instituições envolvidas no processo de modernização da nossa previdência privada entenderam que precisavam de um outro produto, para públicos não atendidos com o PGBL: quem declara IR, mas no formulário simplificado; quem não declara IR, por isenção; quem declara IR no formulário completo, mas tem condições de contribuir com muito mais que 12% de sua renda bruta anual para sua previdência privada. Ou, quem simplesmente não quer tratar de questões fiscais relacionadas à previdência. Para essas pessoas, teria que ser desenvolvido um outro tipo de produto, que não envolvesse as questões fiscais. Isto entretanto era, sob o ponto de vista da Receita Federal, impossível de se controlar e fiscalizar. Foi então que surgiu a ideia de se criar um produto exatamente igual ao PGBL, mas que não fosse um plano de previdência, mas sim um seguro, com cobertura de sobrevivência. Isto porque no Brasil o seguro de Vida não dá direito a isenções ou diferimentos fiscais. E a cobertura de sobrevivência já existia, com os seguros dotais. Assim foi desenvolvido o seguro Vida Gerador de Benefícios Livres – VGBL "primo irmão" do PGBL, pois tem exatamente todas as suas características, com exceção do tratamento fiscal: O VGBL não permite abatimento dos prêmios de seguros pagos na declaração de IR. Em compensação, para resgates somente é tributado o rendimento e não o principal.

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O VGBL rapidamente se transformou num sucesso estrondoso, com rápida assimilação pelo público alvo e pelos canais de venda principais, que sempre foram os bancos.

Similaridades e diferenças entre o PGBL e o VGBL Tanto no PGBL como no VGBL podem ser feitos resgates parciais dos saldos existentes nas reservas do participante/segurado, como também ele pode optar por fazer a transferência de sua reserva para outra entidade. Existem carências para estas ações, podendo variar entre as entidades e os planos. Os dois produtos têm caráter de acumulação de recursos, visam garantir benefícios futuros, podem ser comercializados de forma individual ou coletiva. Além da cobertura principal de renda, ou de sobrevivência, ambos podem ter coberturas adicionais de risco, que envolvem a morte ou invalidez do cliente Um é plano de previdência privada (PGBL), o outro é seguro de vida por sobrevivência (VGBL). Nomenclaturas: No PGBL: Plano Participante Certificado Contribuição Pecúlio por Morte Pecúlio por Invalidez

No VGBL: Seguro Segurado Apólice Prêmio Cobertura Morte Cobertura de Invalidez

Coberturas de Risco Já falamos aqui sobre elas, mas é importante destacarmos que as coberturas de risco complementam o plano/ seguro. Isto porque o participante/ segurado está planejando acumular recursos para uma aposentadoria futura. Mas é sempre prudente pensar que pode acontecer algo ao longo destes anos que não esteja planejado. Assim, as coberturas de risco, que têm como fato gerador a morte ou invalidez do participante são fundamentais. Podemos citar algumas: Pecúlio por Morte ou Cobertura Morte: no caso de morte do participante/segurado, o beneficiário recebe uma indenização, de uma única vez. É a mesma coisa que um seguro de vida tradicional. Pecúlio por Invalidez ou Cobertura de Invalidez: no caso de invalidez total e permanente do participante, seja por doença ou acidente, o próprio participante/segurado recebe uma indenização, de uma única vez. É a mesma coisa que as coberturas de Invalidez de um seguro de vida tradicional. Pensão ao Cônjuge, por Morte: no caso de morte do participante/segurado, o cônjuge recebe uma pensão, vitalícia. Se o cônjuge falecer antes do segurado/ participante, a cobertura é cancelada, sem qualquer devolução de valores pagos.

Tipos de Renda Finda a fase de acumulação de recursos, o participante/segurado pode optar por receber, à vista, o saldo acumulado em sua

provisão matemática de benefícios a conceder ou transformá-la em um tipo de renda, cujo valor é calculado em função da sua idade, da modalidade de renda e alguns outros parâmetros (como tábua biométrica). As principais modalidades de renda (*¹) são: Renda Mensal Vitalícia – consiste em uma renda mensal a ser paga vitalícia e exclusivamente ao participante a partir da data escolhida para concessão do benefício. O pagamento da renda cessa com a morte do participante; Renda Mensal Temporária – consiste em uma renda mensal a ser paga temporária e exclusivamente ao participante, cessando com o seu falecimento ou com o fim da temporariedade contratada, o que ocorrer primeiro; Renda Mensal Vitalícia com Prazo Mínimo Garantido – consiste em uma renda paga vitaliciamente ao participante a partir da data escolhida para concessão do benefício. No entanto, se durante o período de percepção da renda ocorrer o falecimento do participante, antes de ter completado o prazo mínimo de garantia escolhido, a renda será paga aos beneficiários pelo período restante do prazo mínimo de garantia; Renda Mensal Vitalícia Reversível ao Beneficiário Indicado – consiste em uma renda mensal paga vitaliciamente ao participante a partir da data escolhida para concessão do benefício. Ocorrendo o falecimento do participante, durante a percepção dessa renda, um percentual do seu valor estabelecido na proposta será revertido vitaliciamente ao beneficiário indicado. Na hipótese de falecimento do beneficiário, antes do participante e durante o período de percepção da renda, a reversibilidade da renda estará extinta, sem direito a compensações ou devoluções dos valores pagos; Renda Mensal Vitalícia Reversível ao Cônjuge com Continuidade aos Menores – consiste em uma renda mensal paga vitaliciamente ao participante a partir da data escolhida para concessão do benefício. Ocorrendo o falecimento do participante durante a percepção dessa renda, um percentual do seu valor estabelecido na proposta será revertido vitaliciamente ao cônjuge e, na falta deste, será reversível temporariamente aos menores até que o mais novo complete uma idade para maioridade estabelecida no regulamento do plano; Renda Mensal por Prazo Certo – consiste em uma renda mensal a ser paga por um prazo preestabelecido ao participante/assistido. O participante indicará na proposta de inscrição o prazo máximo, contado a partir da data de concessão do benefício, em que será efetuado o pagamento da renda. Se, durante o período de pagamento do benefício, ocorrer o falecimento do participante/assistido antes da conclusão do prazo indicado, o benefício será pago ao beneficiário (ou beneficiários), na proporção de rateio estabelecida, pelo período estante do prazo determinado. O pagamento da renda cessará com o término do prazo estabelecido. (*¹) Extraído da Apostila de Previdência Complementar da Funenseg, Curso Preparatório para o Exame de Habilitação de Corretores de Seguros, 2015.


direito Roubo não é causa excludente de responsabilidade do transportador de cargas e do depositário de bens Há alguns anos, sustentamos que o roubo não é mais uma causa excludente de responsabilidade do transportador ou do depositário. Logo, se um transportador ou um depositário forem roubados, responderão objetivamente perante os donos das cargas ou seus respectivos seguradores. O sistema jurídico brasileiro ainda reconhece a existência de algumas causas legais excludentes de responsabilidade. Uma dessas causas é a força maior, definida como o evento imprevisível, inesperado e irresistível, provocado pelo homem, que impede a execução de uma obrigação contratual previamente assumida. Exemplos típicos de força maior são a guerra, a comoção social, a greve. Até alguns anos atrás, o roubo de cargas ou de bens confiados em depósito também era considerado um fenômeno típico de força maior. Hoje, não é mais. Com efeito, para que um dado evento danoso mereça o rótulo da fortuidade, é preciso a existência concomitante de três importantes itens: imprevisibilidade, inevitabilidade e irresistibilidade. A ausência de um só desses itens é suficiente para descaracterizar o benefício legal da exclusão de responsabilidade. E, não temos dúvidas, que somente a irresistibilidade, quando muito, está presente em alguns casos envolvendo inadimplemento das obrigações de transporte e de depósito por roubo. Vivemos tempos violentos, marcados pelo signo odioso da criminalidade. É uma realidade fática; lamentável, é verdade, mas presente no mundo, em especial no Brasil. Aos transportadores e aos depositários, o roubo é, sem dúvida, um fenômeno previsível e esperado. Quem se ocupa de transportar cargas ou manter bens em depósito sabe que, a qualquer instante, pode ser vítima de roubo. É um risco inerente às atividades e que deve ser integralmente absorvido por quem as exerce. Segundo a teoria tridimensional do Direito, elaborada pelo Professor Miguel Reale, Direito é norma, fato e valor. Ora, a norma que trata da exclusão da responsabilidade dos transportadores e dos depositários incide sobre fatos completamente diferentes dos de 10 ou 20 anos atrás, logo o valor atribuído ao seu conteúdo não pode ser o mesmo, sob pena de grave injustiça. Sempre é bom lembrar que a finalidade última do Direito é a promoção da Justiça e esta passa, necessariamente, pelas estradas da equidade, da isonomia, do bom-senso, da razoabilidade e, mesmo, da moral. Exatamente por isso é que o sistema jurídico é informado por vários mecanismos de calibragem, sempre com vistas a equilibrar forças e construir a justiça, imprescindível para a paz social.

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Tem-se, nesse sentido, aquilo que ousamos denominar, com base

Paulo Henrique Cremoneze – Advogado, especializado em Direito do Seguro e Direito Marítimo, sócio dos escritórios MCLG-SMERA, mestre em Direito Internacional Privado, autor de livros jurídicos. em nosso exercício profissional diário, teoria da vítima maior (também denominamos, teoria da vítima final ou da vítima mais inocente). Explicamos: se o transportador ou o depositário são vítimas do roubo, ainda mais vitimado é o proprietário do bem roubado, credor das obrigações de transporte ou de depósito. Com efeito, a vítima verdadeira é o proprietário do bem, sendo injusto, para não dizer odioso, que ele, o proprietário (ou seu segurador) venha a arcar com o prejuízo final. Importante lembrar que nas referidas relações contratuais, os principais beneficiários são o transportador e o depositário, pois "vivem" do exercício empresarial dessas atividades. Dessa forma, é equilibrado, é justo e de bom tom que àqueles que têm o benefício devem arcar com os ônus. Não pode a vítima mais inocente, o dono da carga suportar o prejuízo derradeiro pelo roubo do seu bem quando este se encontrava sob a custódia do transportador ou do depositário. Tanto o contrato de transporte, como o de depósito encerram obrigações de fim. Obrigação de fim é aquele, grosso modo, em que o devedor da prestação principal obriga-se pelo resultado positivo, condição inafastável para o aperfeiçoamento do pacto jurídico. Não ocorrendo à execução da prestação, presume-se a culpa do transportador ou do depositário pelo inadimplemento, tenha ou não esta ocorrida no mundo dos fatos. Isso faz com que a responsabilidade civil do transportador e do depositário seja disciplinada pela teoria objetiva imprópria, com suas colunas culpa presumida e inversão do ônus da prova, sendo certo que ambos os prestadores de serviços têm os deveres de guardar, conservar e restituir os bens confiados contratualmente. Com mais razão, portanto, a imputação plena de responsabilidade aos transportadores e aos depositários roubados durante o fornecimento dos seus respectivos serviços. Felizmente, temos notado avanço jurisprudencial em tal sentido. Muitas decisões, singulares ou colegiadas, reconhecem que o roubo, porque previsível e esperado (em alguns casos, até mesmo evitável), não mais configura fortuidade, vale dizer, causa legal excludente de responsabilidade. Nem estamos levando em consideração situações de agravamento de risco ou, ao revés, de minimização, temas que poderemos abordar em oportunidade futura para justificar eventuais graduações do quantum indenizatório. Ora, a verdade

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é que o transportador e o depositário respondem sempre pelos prejuízos decorrentes do roubo, mesmo que tenham adotado todas as medidas acautelatórias possíveis e conhecidas. O que era fortuidade ontem, já não o é hoje e ninguém sabe como será no futuro. Há que se empregar ao tema a necessária maleabilidade em relação à valoração do suporte fático, mas sem deixar de lado o postulado maior de não ser justo, moral e jurídico que o dono da carga, inegavelmente a vítima mais inocente, suporte os prejuízos do grave evento danoso. Enfim, transportadores e depositários devem estar devidamente preparados para arcarem com todos os ônus de suas respectivas atividades, não lhe sendo facultada a transmissão de infortúnio. E, como o badalo do sino verga dos dois lados, com a mesma ênfase que defendemos que o roubo não exclui a culpa do transportador e do depositário, também defendemos que estas importantes personagens da estratégia econômica do país, têm amplo e irrestrito direito de buscar em regresso em face do Estado-administração, os prejuízos suportados pelo roubo. Este é um outro tema que pretendemos abordar no futuro, todavia adiantamos que o Estado-administração é o responsável último pelos danos originários do roubo, elemento do contexto Segurança Pública, garantia constitucional de todos e dever do Estado.

Da mesma forma que o Poder Judiciário avançou e avança no que tange a não caracterização do roubo como evento típico de força maior, deve avançar no sentido de mudar o p o s i c i o n a m e n t o a t u a l e re s p o n s a b i l i z a r o E s t a d o administração pelos roubos havidos nos transportes e nos depósitos, ao menos nos casos em que estes prestadores de serviços tomaram todas as medidas acautelatórias possíveis e, mesmo assim, não evitaram a ocorrência do evento danoso. Com isso, o Estado será forçado a implementar uma política séria e respeitável em relação a Segurança Pública, cumprindo o seu papel e respeitando a cidadania, começando por aqueles que geram empregos e tributos, como os transportadores e os depositários sérios. Por meio do Direito aplicado, haverá verdadeira revolução na economia e os bons, idôneos e qualificados prestadores de serviços serão respeitados e tutelados, diminuindo-se o custo-Brasil e gerando riquezas em prol de toda a sociedade. Não somos contra transportadores e depositários (os sérios e respeitáveis, de sublinhar), somos apenas a favor da Justiça, do Direito e da Moral. A mesma mão que empunha a bandeira da "vítima mais inocente" em favor dos donos de carga e seus seguradores e a que levanta o estandarte contra o Estado e sua incúria em promover a Segurança Pública, combatendo a criminalidade e permitindo aos bons prestadores de serviços executarem tranquilamente suas atividades.

lazer Fox patrocina clube e oferece lazer a colaboradores O Grupo Fox decidiu patrocinar o Clube Atlético Tremembé (CAT) que fica na Zona Norte, bem perto da matriz da empresa, para assim poder oferecer um espaço de lazer e confraternização para seus colaboradores. Todos os funcionários do Grupo Fox – 60 internos e 230 advogados e inspetores internos – agora podem usufruir do CAT. Além da matriz no Bairro do Limão, o Grupo Fox está inaugurando um novo escritório na Vila Olímpica, onde ficará o departamento jurídico. O Grupo Fox também apoia o Campeonato de Tênis do CAT que terá início dia 10 de novembro, com

cobertura da TV Globo, gerando visibilidade à sua marca que está em estampada em faixas pelo clube.


trabalho, carreira & sucesso O olhar por cima da crise Já não é novidade para ninguém que estamos passando por mais uma dentre tantas crises que o Brasil já enfrentou. A única diferença é que essa nos tomou de assalto depois de um período de aparente crescimento, melhorias em diversos índices de desenvolvimento e até no fortalecimento da moeda. E ainda que as previsões sejam a cada dia mais catastróficas precisamos acreditar que alguma coisa positiva venha a surgir depois dessa avalanche de pessimismo. Talvez quem sabe um novo Pré-Sal? Uma coisa boa que toda crise traz é o poder da inventividade, da experimentação e da criatividade. Nenhum problema pode ser aceito sem a busca incansável por uma solução e nisso o brasileiro sabe buscar respostas como ninguém e não se deixa abater facilmente, ainda que esteja sendo conduzido por uma viela do qual não consiga visualizar uma saída. Não é tempo de reclamar das dificuldades como fazem todos aqueles que aceitam as circunstâncias sem hesitar. É tempo de largar o que era tradicional e partir para fazer diferença. Todas as dificuldades servem para testar nossa capacidade de reacender expectativas e para isso precisamos fazer uso de uma palavrinha mais do que adequada para momentos de desespero: inovação. A inovação ajuda a temperar velhas atitudes com ousadia. Diante de um problema, a reação natural das pessoas é se tornarem defensivas, com receio de que um passo em falso antecipe o agravamento de dificuldades. Mas, na verdade o efeito é o contrário. Quanto mais nos acomodamos sobre a pilha de reclamações mais nos aprimoramos em repetir aquilo que os outros já fazem com maestria, tornando pessimista qualquer oportunidade de encontrar uma saída, por mais lógica que seja. Para recuperarmos o otimismo perante o desemprego, o aumento da gasolina, dos impostos, da corrupção, das dificuldades precisamos nos ofertar de soluções criativas que nos forneçam oportunidades de melhorias, afinal de contas somos o resultado das crises já superadas por nossos pais e que infelizmente estamos apresentando aos nossos filhos como se fosse uma tradição necessária para fortalecer os anticorpos da memória. Reinventar os hábitos das famílias hoje em dia passou a se tornar uma tarefa coletiva na atualidade. Como dizer ao filho que fazer economia quando todo mundo já estava acostumado a viajar nas férias? De repente evitar jantar fora e pedir uma pizza em casa facilita em manter a família ainda mais unida em um momento de individual desespero.

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Jöel Thrinidad - Especialista em Gestão de Carreiras, empresário e palestrante. Autor de "Mente Aberta & Coração Tranquilo" e "As Seis Vidas Do Novo Executivo – Como Ser Bem-Sucedido & Feliz" e "Relacionamentos S.A."

As coisas se tornam mais difíceis se ficarmos comparando aquilo que tivemos no passado com aquilo que estamos tendo no agora. Por esse ângulo a vida sempre parecerá mais difícil, porém já é hora de aproveitar dessas mudanças e mostrar que somos capazes de fazer concessões com coragem, compreendendo que o momento de ajustes é um ato pautado em cautela e otimismo. A cada momento difícil enfrentado por uma empresa, maiores são as mudanças que acontecerão nos departamentos. Hoje em dia as demissões têm deixado amostra que pessoas talentosas serão as ferramentas mais valorizadas do futuro, ainda mais quando a inteligência e a disciplina estiverem somadas ao talento, assim como inventividade, a resiliência, a pró atividade, a iniciativa e a capacidade de se manter otimista acima de tudo. As oportunidades adoram a palavra "Crise", porque nela o que era velho se reinventa, o que era passado se renova, o que era antigo ganha uma pintura e o que era usado ganha reforço. Somos feitos de uma matéria prima cozida no fogo, no fio do facão, na fibra do sisal. Nossos pais criaram esse País com o pouco que tinham. Do carrinho de pipoca ao suor escorrendo do rosto do operário essa nação se levantou com o sol que não atrasou nem sequer um dia. A cada nó que a vida nos dá, mais nos fortalecemos de nós mesmos. E não será o governo ou qualquer crise que surja que poderá tirar a alegria de acreditar no amanhã. Tanto as empresas que acreditam na honestidade e na capacidade de seus funcionários, quanto nos colaboradores que não abandonam seus empregos atrás de oportunidades melhores em tempos de crise, assim como as concessões fazemos todos os dias para manter o pão sempre à mesa, mantendo a preocupação com o desperdício, o próprio brasileiro conseguirá reerguer esse País. Já que as dificuldades se tornaram uma doença coletiva, o remédio terá que vir de soluções coletivas. As oportunidades adoram pessoas que acreditam em si

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mesmas. Que não têm vergonha de enfrentar dificuldades sabendo que terão boas histórias para contar daquilo que viveram e aprenderam. Conheço pessoas que aproveitaram o momento em que todos abandonavam o barco para mostrar fidelidade ao capitão e como recompensa triunfaram juntos no final. Esse é o momento de inovar, mas também de aprender como nunca havíamos feito antes, fazendo pesquisas e se alegrando com os pequenos experimentos, tomando folego em modestos projetos e voando baixo, mas sonhando alto em soluções inovadoras. Esse período atual é importante para que estejamos bem informados de tudo o que acontece a nossa volta, de olho no mercado, mas também na decisão que está tomando meu vizinho do contrário o pessimismo que está a sua volta pode

acabar se estendendo a mim. Cortar custos pode ser a primeira, mas também pode ser a última solução optada por uma empresa, em compensação a inovação e a criatividade não podem passar desapercebidas. É chegado o momento de dar ouvidos ao velho operário. Aquele que no oficio da profissão conhece a velha máquina como ninguém e que sabe o quanto um litro de óleo no tempo certo substitui a necessidade de um maquinário novo. Não se acomode no pessimismo achando que essa crise só é boa para quem esteja vendendo comprimidos para estresse, depressão, insônia e arritmia. Essa crise também pode ser boa para você, para colocar em prática aquela ideia de transformar a velha garagem em uma nova boutique. Quem disse que para quem tem bom gosto até um simples botão não pode ser grife?

Gestão de sinistros em seguradoras A equipe do Grupo Fox acompanhou a participação do diretor de Operações e Sinistros da Liberty, Dennis Milan, no programa Webseguros TV, que teve como tema a gestão de sinistro nas seguradoras. Respondendo a perguntas do apresentador Guilherme Contrucci e de internautas, Milan explicou como funciona um departamento de sinistros de uma seguradora. “É um departamento independente das áreas comercial e técnica, que juntos compõem o tripé de uma seguradora. A técnica formata o produto, o comercial vende e a área de sinistros entrega o produto ao cliente que é o atendimento ao sinistro. O sinistro tem seu primeiro momento que é o aviso de sinistro quando tem alguma ocorrência coberta pela seguradora, o cliente ou o corretor ou o terceiro entra em contato com nossos canais”.

rentabilidade da seguradora e com o preço do cliente. Hoje o cliente paga um preço elevado de seguro muito por causa da fraude que existe no mercado”. De acordo com ele, estima-se que de 10 a 15% do montante de sinistros pagos pelas seguradoras seja fraude e consegue-se efetivamente comprovar e negar de 1 a 2% apenas. “Tem uma situação brasileira de cultura e legislação que às vezes, mesmo tendo vários indícios de uma fraude, mas sem comprovação clara, acabamos tendo que arcar com o sinistro. No entanto, quando está tudo certinho é muito rápido o processo de orçamento e liberação. Mais ou menos 65% dos sinistros em automóvel são assim imediatos”.

Atualmente, o canal mais utilizado para comunicação de sinistros na Liberty é o Contact Center, que corresponde a 60% de todos os avisos, mas o canal web, que está no site, já chega a 40% dos avisos. “Estamos crescendo com os avisos pelos aplicativos de smartphone, que é uma tecnologia nova que ainda não pegou bem, mas é o futuro, está na mão das pessoas e a Liberty já está preparada”. Após o aviso e o recebimento dos dados, a Liberty faz os procedimentos de detecção de fraude. “Trouxemos tecnologia do exterior que, a partir dos dados do sinistro e da apólice, a gente já consegue determinar a propensão de uma fraude. Fraude no Brasil e em seguros é muito importante, mexe com a

E/D: Dennis Milan, Guilherme Contrucci e Paulo Rogério Haüptli


outra leitura Preconceitos Eu tenho preconceito. Sou preconceituosa. Sou assim desde que comecei a enxergar grupos e pessoas similares a mim e grupos e pessoas diferentes de mim. Sou assim e não me orgulho disso. Não lembro exatamente quando me dei conta disso, mas luto diariamente contra isso, brigo com cada pensamento preconceituoso que minha mente preconceituosa gera. Sou assim por muitas razões, mas acho que a principal delas é que nasci, cresci e vivo em um país preconceituoso, que se chama Brasil. Se você não sabe, o Brasil é sim muito preconceituoso. Vendemos mundo afora uma imagem diferente, de que recebemos todos os povos de braços abertos, de que aqui todo mundo tem oportunidades iguais e que todos têm direito a um lugar ao sol, mas vamos ser francos, isso não cola mais, né? Já faz algumas décadas que me dei conta de tudo isso, mas lembro exatamente o dia em que mais senti vergonha da história preconceituosa do nosso país. Foi em um passeio ao Parque do Ibirapuera em São Paulo, que fiz com a minha filha Nina, quando tivemos a oportunidade de visitar o Museu Afro Brasil. É um museu que mostra com objetos, quadros e ilustrações muita coisa a respeito do período escravagista brasileiro. Fui ficando cada vez mais desconcertada a cada pergunta da Nina do porquê de aquelas pessoas terem sofrido tanto naquela época. Senti vontade de chorar, justamente por ter sido a primeira vez que tive vontade de chorar por causa disso. Por ter nascido neste país preconceituoso, mesmo tendo visto o assunto tantas vezes nos livros da escola e nas novelas de época da Globo, foi a primeira vez que tudo aquilo me incomodou de verdade, a ponto de quase me fazer chorar. Também pode ser porque não consigo mentir pra Nina e dizer uma verdade dessas para uma criança é muito vergonhoso. É como se eu tivesse sido conivente com tudo isso por todos esses anos.... Acredito que o Brasil devesse agir mais como a Alemanha, que tendo protagonizado os horrores do Holocausto na Segunda Guerra, não finge que simplesmente tudo ficou bem novamente e que aquilo não teve tanta importância assim... Na verdade, as gerações posteriores à Segunda Guerra carregam a culpa e a vergonha dos que vieram antes deles e assim, vão construindo uma mentalidade alemã diferente daquela. Infelizmente no Brasil jogamos um véu de alegria e igualdade sobre a nossa própria história. Com isso, ao invés de promovermos a igualdade, vamos empurrando a sujeira para debaixo do tapete e

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Luciana Miliauskas Fernandes, formada em Processamento de Dados, trabalha atualmente com Controles Internos e Auditoria. Seu hobby é escrever, de tudo um pouco, mas adora mesmo ser uma crítica informal de cinema, que é quando tem a chance de buscar e analisar as curiosidades da Sétima Arte.

levando nossas vidas, afinal, o pior já passou não é mesmo? O problema é que às vezes a sujeira escondida teima em se mostrar e aí fazemos cara de surpresa, como se fosse o primeiro caso de preconceito que vemos acontecer no país... E talvez por toda essa minha nova perspectiva sobre preconceito e escravidão é que tenha me incomodado tanto o episódio recente de racismo envolvendo a moça do tempo do Jornal Nacional, a Maju. Não só pela ofensa racial que ela sofreu nas redes sociais (com comentários com um nível de maldade absurdo), mas principalmente pela certeza que eu tive de que, se ela estivesse seminua num comercial de cerveja, desfilando as próteses de silicone, ela não teria sofrido racismo algum, pois assim os preconceituosos de plantão achariam que ela estava no seu devido lugar. O problema da Maju foi que ela teve a audácia de zombar da lógica escondida na cabeça de quase todos os brasileiros e ocupar um lugar, que em tese, não estava destinado a pessoas como ela. Sou preconceituosa. E luto diariamente contra isso. E por mais paradoxo que isso parecer, é exatamente essa luta diária que me traz um pouquinho de paz...


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