Notícias do ténis EDIÇÃO MENSAL ONLINE
ABRIL 2013 FERNANDO CORREIA
Gastão Elias é o novo número um português no “ranking” ATP. Os 45 pontos amealhados no Portugal Open — tornou-se no sexto tenista luso a atingir os quartos de final em singulares no Jamor — permitiram ao tenista natural das Caldas da Rainha ultrapassar João Sousa na classificação mundial. Elias, cujo percurso retrospetiva-se nesta edição da Notícias do Ténis, deixou a Lourinhã aos 16 anos, para radicar-se nos Estados Unidos. Com 16 anos, conquistou o primeiro “Future”, no México. Há três anos, trocou o estado norte-americano da Florida pelo Brasil, residindo presentemente na casa do seu treinador, Jaime Oncins. Sob orientação do brasileiro, Elias, que regressou à seleção nacional na Taça Davis no Portugal-Lituânia, em abril, tornou-se no mais precoce tenista português até ao presente a registar o seu máximo no “ranking” ATP.
Esta newsletter foi escrita no âmbito do novo Acordo Ortográfico.
O novo número um
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FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
A melhor promoção Gastão Elias atingiu os quartos de final de singulares no Portugal Open, o único torneio português no ATP World Tour e no circuito WTA, com uma designação nova, mas com a idêntica qualidade patenteada nas edições anteriores do Estoril Open. Elias tornou-se no sexto representante do ténis português a jogar os quartos de final no torneio do Jamor. Nunca antes o tenista disputou uma fase tão adiantada de um torneio do ATP World Tour. E comprovou que foi uma decisão absolutamente acertada a atribuição do “wild card” para o quadro principal de singulares da competição portuguesa, que, este ano, integrou apenas mais dois lusos: Pedro Sousa, também com convite, Rui Machado, o único português que logrou ultrapassar o exigente “qualifying”, e Maria João Koehler. O feito de Elias —cujo perfil se traça nesta edição, a propósito de ser atualmente também o novo número um luso no “ranking” ATP — é, indubitavelmente, a comprovação da qualidade do ténis português. E nada melhor do que os cometimentos de lusos intramuros para a promoção
da modalidade. Indiscutivelmente, atrai novos entusiastas e, por outro lado, reforça a vontade dos muitos praticantes de ténis, sobretudo os que competem, alguns em fases adiantadas. Elias pertence à nova geração do ténis português em masculinos, que, seguramente, nos dá garantias de um futuro risonho. Mas não podemos esquecer que o futuro se constrói com a memória do passado. Lembrar referências do ténis português, que fizeram delícias de muitos espetadores no Estoril Open, é de elementar justiça. Atores que protagonizaram a melhor publicidade para a modalidade, no pó de tijolo do Jamor. Que levaram muitos jovens — como Gastão Elias — a sonharem um dia ali aturarem, também eles com o orgulho estampado no rosto e o desejo férreo de vencer. E, sabe-se, é o sonho que comanda a vida, parafraseando o poeta popular António Gedeão. Tal como João Cunha e Silva, Nuno Marques, Rui Machado, Frederico Gil (vicecampeão em 2010) e João Sousa, os cinco que atingiram anteriormente os quartos de final do Estoril Open, Elias foi igualmente ator de representação segura, para uma audiência vibrante.
FERNANDO CORREIA
EDITORIAL
VASCO COSTA Presidente da Federação Portuguesa de Ténis
«Elias tornou-se no sexto representante do ténis português a jogar os quartos de final no torneio do Jamor»
EDIÇÃO ONLINE Direção: Vasco Costa. Coordenação: José Santos Costa
Federação Portuguesa de Ténis Rua Ator Chaby Pinheiro, 7A — 2795-060 Linda-a-Velha Tel.: 214 151 356
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FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
De menino-prodígio a número um FERNANDO CORREIA
Gastão Elias é o novo número um português na classificação mundial. Aos 22 anos, o tenista, que deixou a Lourinhã ainda adolescente para apostar numa carreira no ténis, concretizou um sonho. Por influência do pai, um apaixonado pelo motocrosse, Gastão Elias começa a jogar ténis no Clube de Ténis de Peniche, com apenas quatro anos de idade, na altura com o sonho de ser jogador de hóquei no gelo. Anos mais tarde, o desejo de fazer carreira no ténis levou-o aos Estados Unidos. Tinha apenas 16 anos e uma vontade enorme de aprender e triunfar. Com um contrato com a IMG, ingressou na academia de Nick Bolletieri, no estado norte-americano da Florida, afamada pelos campeões que “fabricou” desde 1978: Andre Agassi, Jim Courier, Monica Seles, Mary Pierce, Maria Sharapova, Venus Williams, Serena Williams, Martina Hingis e Anna Kournikova, entre outros mais. Em 2006, Elias regressa a Portugal para estrear-se no Estoril Open, depois de lhe ter sido atribuído um “wild card” para o quadro principal de singulares. Frente ao russo Dmitry Tursunou, o português cedeu por 6-2 e 6-1 na primeira ronda, mas somou os primeiros pontos ATP — cinco. Em outubro desse ano, ao lado de Pedro Sousa, disputa a primeira final no ITF Futures, em Ponta Delgada. O par sagrou-se vice-campeão.
GASTÃO ELIAS regressou à Taça Davis no Portugal-Lituânia, em abril
O ano de 2007 começa com a estreia na seleção nacional, no compromisso de Portugal na Geórgia, na Taça Davis. Elias, simpatizante do Sporting, Real Madrid e Liverpool, foi chamado para o derradeiro encontro de singulares da eliminatória, que os georgianos venceram por 3-2. Nesse mesmo mês de fevereiro, O jovem português alcança a final individual de uma prova “Future”, em Cartagena (Espanha), mas não consegue mais do que ser vice-campeão.
Com 16 anos, 2007 ficaria marcado pelo terceiro lugar no Europeu de juniores e pelo primeiro triunfo no circuito profissional sénior ITF, em Ciudad Obregon, no México. Um êxito que aconteceu algum tempo depois da segunda presença de Gastão Elias na Taça Davis, no Holanda-Portugal (5-0), com o tenista natural das Caldas da Rainha a ceder em singulares e em pares, ao lado de Frederico Gil.
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FERNANDO CORREIA
Gastão Elias
Ainda em 2007, Gastão Elias venceu em singulares o torneio norteamericano Eddie Herr, considerado a maior competição do escalão, e foi “sparring-training” de Roger Federer em Monte Carlo e em Zurique. No início de 2008, o tenista, que foi treinado por Luís Nascimento, alcança a sexta posição no “ranking” júnior mundial. Não quebrou o recorde de João Cunha e Silva — número um júnior mundial, nos primeiros meses de 1985 — mas ultrapassou o segundo melhor registo de então, que era pertença de Frederico Gil (décimo júnior mundial, em 2003).
Data de nascimento: 24 de novembro de 1990 Local de nascimento: Caldas da Rainha Residência: Brasil “Ranking” ATP atual singulares: 107.º * Melhor posição mundial singulares: 103.º, em 6 de maio de 2013 Títulos singulares ITF Futures: 4 Títulos singulares ATP Challenger Tour: 2 Participações na Taça Davis: 7 (5 jogadas) Melhor classificação júnior mundial: 6.º, em 1 de janeiro de 2008
De alcunha «Pepe» Em 2008, Gastão Elias, “Pepe” de alcunha, inicia o ano com o segundo triunfo individual em “Futures”, no North Miami Beach (Estados Unidos). Aventura-se em torneios de categoria “Challenger” e, em Moncton, no Canadá, supera o “qualifying” de singulares e é travado pelo belga Xavier Malisse nas meias-finais. Os 52 pontos amealhados na competição canadiana permitem a Elias a entrada no “top” 500 ATP. Elias não conclui 2009 com bons resultados, ressalvando-se as meiasfinais no “Futures” de Rochester, nos Estados Unidos, fase que atinge já fora do “top” 500 ATP. Com a superfície “hard” como piso favorito, “Pepe”, afligido por problemas físicos, pretendeu inverter a tendência negativa e regressar aos bons resultados no circuito profissional.
* Em 13 de maio de 2013
O seu agente, Bem Crandell, questionou o brasileiro Jaime Oncins se tinha interesse em trabalhar com Gastão, que nutre um gosto especial por viagens. “Tive ótimas referências. Sabia que tinha talento, que era muito trabalhador e que estava a voltar de uma lesão e que tinha perdido confiança”, referiu Oncins, em entrevista a Bolamarela.com, em 2011. Jaime Oncins, que eliminou Ivan Lendl em Roland Garros (1992), acrescentou também que “Gastão é uma pessoa fácil de trabalhar, muito disciplinado e com uma grande vontade de se dar bem dentro do ténis”.
Gastão Elias deixou Bradenton (Estados Unidos), onde reside Michelle Larcher de Brito, e fixa-se no Brasil, na casa de Jaime Oncins, um dos elementos da equipa brasileira que eliminou a Alemanha de Boris Becker e a Itália e chegou às meias-finais da Taça Davis, em 1992. “Trabalhámos muito para dar um padrão ao seu jogo”, vincou o treinador brasileiro, referindo, na altura, que estava convicto de que o tenista português tinha “um caminho longo a percorrer”.
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A ligação a Oncins começou a dar frutos. No ITF Futures Porto Alegre, no Brasil, realizado na primeira semana de novembro de 2010, Elias alcança as meias-finais em singulares, depois de duas rondas no “qualifying”, e nos pares (com o brasileiro Augusto Laranja como parceiro). Na semana seguinte, ultrapassa também a fase prévia no “Future” de Barueri e a campanha no torneio brasileiro termina na final. Muito renhida, Elias não consegue superiorizar-se a Daniel Dutra da Silva, que conquistou o título após três partidas, concluídas com 6-7 (0), 7-6 (3) e 7-6 (5). Adepto do “surf” — sempre que pode, pega na prancha e lança-se ao mar, para cortar as ondas —, Elias entra no novo ano com a vitória no “Future” de São Paulo. Nesse primeiro dia de janeiro de 2011, o português junta o triunfo na final de singulares ao do encontro da qualificação do “Challenger” paulista. Nova presença em finais de torneios ITF Futures em fevereiro, com mais um título em singulares, desta feita em Cartagena, na Colômbia. Em março, outra discussão do título individual, em McAllen, no estado norte-americano do Texas. Elias foi vice-campeão. Uma semana depois, em Guadalupe, volta a alcançar as meias-finais de singulares de um evento do ATP Challenger Tour, após o qual regressa a Portugal, para competir no seu torneio de eleição — Estoril Open —, onde, em 2005, realizou um “set” de exibição com Michelle Larcher de Brito, na altura com apenas 13 anos.
GASTÃO ELIAS soma quatro títulos individuais em torneio de categoria “Futures” e dois em “Challenger” até ao presente
Na primeira ronda do quadro principal de singulares, o sortilégio do sorteio colocou-o frente ao compatriota João Sousa. No “Central”, o duelo português foi intenso. Sousa venceu o primeiro “set” no recurso ao “tie-break” (8-6) e Elias levou a melhor na segunda partida (6-3). Na etapa de decisão, o vimaranense estava em vantagem por 5-2 quando Elias caiu no fundo do “court”, com problemas musculares, acabando por desistir, após duas horas e 32 minutos. Na altura, Gastão Elias, que gosta de futebol e de jogos de computador, já tinha entrado no “top” 300 mundial (era o 270.º).
Em setembro de 2011, Gastão Elias foi vice-campeão de singulares no “Challenger” de Belo Horizonte, no Brasil, depois de jogado no Open dos Estados Unidos pela primeira vez, logrando vencer uma ronda do “qualifying” na estreia em competições do “Grand Slam”. Depois dos quartos de final no “Challenger” de Campinas, igualmente no Brasil, Elias jogou outra final em torneios “Futures”, em São Paulo, mas não consegue somar o título de singulares frente ao brasileiro Júlio Silva, que fechou com duplo 7-5.
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Na primeira semana de novembro, “Pepe” joga a primeira final de pares no ATP Challenger Tour, ao lado de Frederico Gil, mas os dois portugueses não conseguiram arrecadar o troféu de vencedores em São Leopoldo, no Brasil. Em singulares, Elias foi afastado na segunda ronda pelo líder de então do “ranking” do ATP Challenger Tour, o português Rui Machado. Os dois encontraram-se em singulares no “Challenger” de Buenos Aires, na Argentina, e Gastão eliminou-o nos quartos de final e só parou na final. Frente ao argentino Carlos Berloq, Elias voltou a adiar o primeiro título. Em 2012, também não conseguiu o título na final do “Challenger” de São Paulo, disputada a 8 de Janeiro, e no derradeiro encontro do torneio de Caltanissetta (Itália). Em Tampere, na Finlândia, registou a presença nas meias-finais de singulares e de pares, fazendo dupla com João Sousa. Com o vimaranense, Elias jogou ainda as meias-finais do “Challenger” de Rio de Janeiro, em outubro, um torneio que constitui um marco na carreira do tenista nascido nas Caldas da Rainha, uma vez que venceu o primeiro título de singulares em competições da categoria. A invencibilidade de Gastão Elias acabou por ser quebrada ao décimo encontro, na final do “Challenger” de Porto Alegre, em que conquista mais um título de vice-campeão em singulares.
GASTÃO ELIAS radicou-se há três anos no Brasil, onde conquistou o primeiro título individual em torneios de categoria “Challenger”
Com o norte-americano James Blake e o suíço Roger Federer como ídolos durante o seu crescimento, Gastão Elias fechou 2012 posicionado em 139.º, seis lugares abaixo do melhor registo até então, o 133.º, em 29 de outubro. Semifinalista nos “Challenger” de São Paulo, em janeiro, e de Itajaí, em abril, Gastão Elias contabilizou o segundo título individual em Santos. Número dois nacional, o diretor do Portugal Open, João Lagos, atribuiulhe um “wild card” para o quadro principal de singulares e a aposta foi bem sucedida: Elias atingiu os quartos de final e foi eliminado pelo suíço Stanilas Wawrinka, que se sagrou campeão após vencer David Ferrer.
No Portugal Open, venceu dois “top” 50 (Horácio Zeballos e Denis Istomin) e, pela primeira vez na sua carreira, jogou os quartos de final de um torneio do ATP World Tour. Os 45 pontos somados permitiramlhe ultrapassar João Sousa (regressou apenas em Madrid, no final da primeira semana de Maio, após lesão sofrida em abril) e atingir o estatuto de primeiro português no “ranking” ATP, estando a escassos lugares de entrar em Wimbledon sem disputar a fase prévia. “Qualquer pessoa gostaria de ser número um no seu país. É uma recompensa por estes últimos resultados e pelo trabalho que tenho feito”, disse à agência Lusa.
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Um recorde de 14 anos F32
Durante 14 anos, Nuno Marques manteve o registo máximo de um tenista português no “ranking” de singulares do ATP, a 86.ª posição, alcançada a 25 de setembro de 1995. Nuno Marques era também o único português que logrou figurar no “top” 100, uma vez que João e Silva ficou perto de entrar na elite mundial — 108.º, em 15 de abril de 1991. “Eu sei que o meu recorde vai cair”, vaticinou Nuno Marques um dia. A 25 de abril de 2011, Frederico Gil, na altura treinado por João Cunha e Silva, atinge a melhor posição de sempre de um português na classificação, com o 62.º posto, ultrapassando o “histórico” Nuno Marques. No entanto, o recorde de Gil no “ranking” ATP não perdurou por muito tempo, acabando por cair a 5 de outubro de 2011, com o 59.º lugar registado por Rui Machado.. Até ao momento, Rui Machado é o tenista português mais cotado de sempre no “ranking” ATP. Gastão Elias é o número um português há duas semanas e sucedeu a João Sousa, que atingiu o estatuto a 10 de setembro de 2012. O vimaranense esteve na condição de português mais bem cotado durante 34 semanas. Presentemente, Maria João Koehler é a tenista portuguesa com melhor posição no “ranking” WTA. Um posição inédita da portuense, tetracampeã nacional absoluta, treinada por Nuno Marques.
Durante 14 anos, Nuno Marques foi português mais bem cotado no “ranking” mundial
Koehler suplantou Michelle Larcher de Brito a 19 de novembro do ano passado, que foi a melhor representante do ténis português no circuito profissional desde 2008. Radicada nos Estados Unidos, Michelle Larcher de Brito não conseguiu igualar Sofia Prazeres e Frederica Piedade. As duas estiveram durante cinco anos cada na condição de número um portuguesa, Sofia Prazeres de 1993 a 1997 e Frederica Piedade de 2002 a 2006.
Michelle Larcher de Brito acabou por repetir a proeza de Ana Catarina Nogueira, número um portuguesa na classificação mundial durante quatro anos, no período compreendido entre 1998 a 2001. De resto, Michelle Larcher de Brito continua a ser a representante do ténis luso com a melhor posição de sempre. Com 16 anos, a portuguesa, a primeira portuguesa a vencer um encontro do WTA Tour, posicionou-se em 76.ª, a 6 de julho de 2009.
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O mais precoce FLÁVIO SANTOS
Gastão Elias é o tenista português que atingiu mais precocemente a melhor posição no “ranking” ATP. A 6 de maio deste ano, classificou-se em 103.º, com apenas 22 anos. Em 1996, Emanuel Couto também alcançou a posição mais alta na tabela mundial com 22 anos, mas fê-lo a seis meses de completar 23. Elias festeja o 23.º aniversário apenas em novembro, pelo que atingiu o seu registo máximo mundial com 22 anos, cinco meses e onze dias. O mais velho tenista português a atingir o máximo pessoal foi Rui Machado, que, a 5 de outubro de 2011, com 27 anos, ocupou a 59.ª posição, a melhor de sempre de um luso. Frederico Gil, o primeiro tenista português a ultrapassar um milhão de dólares em prémios, foi 62.º, a 25 de abril do mesmo ano, com 26 anos. Michelle Larcher de Brito, que continua a ser a portuguesa mais cotada de sempre, e Joana Pedroso tinham 16 anos quando atingiram a melhor classificação no “ranking” WTA. Larcher de Brito, nascida a 29 de janeiro de 1993, logrou o registo mais alto na tabela mundial com menos um mês do que Joana Pedroso.
NEUZA SILVA, número um portuguesa em 2007, tinha 25 anos quando registou a melhor cotação no “ranking” WTA
REGISTOS MÁXIMOS DOS TENISTAS PORTUGUESES NOS «RANKINGS» ATP E WTA Masculinos
Femininos
RUI MACHADO | 27 anos | 59.º (5/10/11)
MICHELLE LARCHER DE BRITO | 16 anos | 76.ª (6/7/09)
FREDERICO GIL | 26 anos | 62.º (25/4/11)
MARIA JOÃO KOEHLER | 20 anos | 102.ª (25/02/13)
JOÃO SOUSA | 23 anos | 86.º (6/3/13)
NEUZA SILVA * | 25 anos | 133.ª (6/7/09)
NUNO MARQUES * | 25 anos | 86.º (25/9/95)
FREDERICA PIEDADE * | 23 anos | 142.ª (15/5/06)
GASTÃO ELIAS | 22 anos | 103.º (6/5/13)
SOFIA PRAZERES * | 22 anos | 152.ª (9/6/97)
JOÃO CUNHA E SILVA * | 23 anos | 108.º (15/4/91)
MAGALI DE LATTRE * | 24 anos | 334.ª (2/6/11)
EMANUEL COUTO * | 22 anos | 174.º (26/2/96)
TÂNIA COUTO * | 20 anos | 345.ª (12/4/93)
LEONARDO TAVARES | 26 anos | 186.º (16/8/10)
ANA CATARINA NOGUEIRA * | 22 anos | 383.ª (2/10/00)
BERNARDO MOTA * | 25 anos | 194.º (31/3/97)
CATARINA FERREIRA * | 24 anos | 456.ª (25/2/08)
PEDRO SOUSA | 24 anos | 213.º (13/8/12)
JOANA PEDROSO * | 16 anos | 488.ª (3/9/90)
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* Não se encontram em atividade
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Balão de ensaio F32
O primeiro trimestre do ano teve duas novas regras no circuito ATP. A título experimental, foi ensaiado nos torneios do ATP World Tour e do Challenger Tour um período de 25 segundos para quem serve recolocar a bola em jogo e a abolição do “let”. Estas duas regras tiveram uma aplicação restrita nos eventos ATP. Nas provas do “Grand Slam” (até agora, apenas se jogou o Open da Austrália), na Taça Davis, na Fed Cup e nos torneios “Futures” e do ITF Junior manteve-se a repetição do serviço no “let” e os 20 segundos na reposição da bola em jogo entre pontos. O ensaio das duas regras suscita a questão central: o que o ténis beneficia? Nesta página e na seguinte, Gastão Elias, João Sousa e Rui Machado expressam a sua opinião. O número um português, Gastão Elias, discorda da regra dos 25 segundos, opinando que deveria haver regras comuns a todos os torneios, pois não constata “outros desportos com diferenças nas regras dependendo das competições”.
“Não era preciso ser aplicada esta regra”, sustenta o tenista português mais bem cotado na atualidade, justificando que, “dependendo dos pontos, os árbitros poderiam ser um pouco mais flexíveis, porque todos os pontos são diferentes”. O tempo excedido é penalizado com um “warning” e Elias refere que, nos torneios que disputou com as regras em vigor, assistiu a um aviso do árbitro por encontro.
No entanto, salienta que “nunca houve problemas entre o árbitro acerca disso”. Gastão Elias lembra que “os 20 segundos que a ATP tinha como regra no intervalo entre pontos num jogo — comum aos torneios do “Grand Slam” e os sob a égide da ITF — eram bastante flexíveis”.
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... F32
“A regra foi feita para acabar com essa flexibilidade, porque, anteriormente, havia vezes em que se chegava aos 30 segundos até ao primeiro ‘warning’”, afirma. João Sousa vinca que “a regras dos 25 segundos já existe há vários anos”, mas ressalva que “nunca foi seguida à risca por parte dos árbitros”. “Este ano, decidiram ser mais restritos neste aspeto e, tanto para os jogadores como para os árbitros, foi uma mudança drástica, uma vez que os jogadores têm várias rotinas nesse tempo. Como se sabe, as mudanças custam às vezes a ser aceites”, frisa o vimaranense. O tenista português, radicado em Barcelona desde os 15 anos, alude à “tensão por parte dos árbitros” pelo facto de terem de ser mais rigorosos e observa que “vários jogadores se queixaram devido aos ‘warnings’”. “Ao princípio, levei alguns ‘warnings’, mas nunca fui penalizado com ‘point penalty’ [após reincidência]”, refere João Sousa, que desconhece o motivo que levou a mudar a regra no âmbito da ATP. Rui Machado defende uma uniformização de regras nas provas organizadas pela ATP e pela ITF, uma vez que, acentua, “não faz sentido existirem regras diferentes para o mesmo desporto”. “Penso que é um problema político entre as duas entidades. Há muito que defendo que as regras da ATP e da ITF deveriam ser uniformizadas”, salienta. Machado argumenta que “em encontros de muito desgaste físico é preciso controlar bem os tempos”.
“Ficamos com menos margem para ir à toalha secar o suor e para recuperar fisicamente para o ponto seguinte”, acrescenta.
Repetir o serviço Gastão Elias acha “muito interessante” a abolição do “let” nos eventos ATP e sugere “que pode ser uma regra” com aplicação no futuro. “As vezes que joguei com essas regras não tive qualquer problema e achei que até é uma forma de jogar bastante interessante e sem pausas para repetir os serviços. Realmente gostei de jogar com essa nova regra”, diz. Elias considera mesmo que o ténis não fica descaracterizado com a regra, pois é de opinião de que “todos os desportos têm evoluções”.
“Por que não o ténis também?”, questiona, admitindo que a ATP “deveria implementá-la”, porque “é bastante injusto o sacador repetir o serviço só por a bola ter raspado na rede”, o que é uma questão de sorte. No entender de João Sousa, “a ideia do ‘let’ não é descabida”, porque “o ténis é dos poucos desportos que, ao longo dos anos, teve poucas mudanças”. “A ATP pretende que o ténis seja mais rápido”, refere. Rui Machado tem opinião contrária, afirmando que “será mais uma ideia que não irá para a frente”. “É o trabalho das entidades que gerem a modalidade fazerem evoluir a modalidade através das regras, mas a tradição do ténis é de tal maneira forte que se torna muito difícil alterar”, diz. A ATP terá a palavra em breve.
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A embaixatriz D.R.
A tenista Luísa Gouveia sagrou-se vice-campeã europeia individual na categoria de mais de 50 anos. Mais um título internacional que enriquece o palmarés pessoal, numa modalidade que faz “parte da vida e das rotinas” da investigadora no LNEG (Laboratório Nacional de Energia e Geologia). Em Sofia, na Bul gári a, a “embaixatriz”, como é conhecida além -fronteiras, somou o 16.º título europeu, a que junta cinco medalhas de bronze. A nível mundial, contabiliza duas medalhas de bronze. “Este Europeu foi, mais uma vez, um prémio para a dedicação, o esforço, a disciplina, a organização e algum sacrifício”, refere Luísa Gouveia, que apresenta como melhor “ranking” no circuito ITF Senior o terceiro posto (7 de agosto de 2006). Na final, realizada no primeiro domingo de maio, frente à holandesa Liselot Prechtel, a mais cotada no escalão de +50 anos presente em Sofia, Luísa Gouveia não conseguiu superar a adversária e cedeu em dois “sets”, por 6-3 e 7-6 (7). “Senti uma enorme felicidade por ter atingido a final e muito contente pelo ténis que joguei. Na final, joguei um ténis solto, ofensivo, criativo, diversificado e confiante. Daí a minha satisfação. Mas o ambiente da final não foi simpático, porque estava a jogar com uma jogadora terrivelmente arrogante e muito anti-desportiva”, recorda Luísa Gouveia, sem deixar de assinalar a “inexperiência da árbitro de cadeira”.
LUÍSA GOUVEIA, campeã nacional de veteranos por 13 vezes em singulares, somou o 16.º título europeu, o primeiro no escalão de mais de 50 anos
Luísa Gouveia nota que partiu para o Europeu (em oitavo no “ranking”) “com alguma dose de confiança e otimismo”, porém sem “ter demasiadas expetativas” que pudessem a “pressionar demasiado”. Na preparação para a competição na capital búlgara, a tenista portuguesa admite que não alterou as suas “rotinas de treino” nem adotou qualquer plano específico. “Treinei ao mesmo ritmo”, afirma a tenista, campeã ibérica por 22 vezes.
Salientando que o “ténis português está hiper carenciado de títulos importantes” e “de campeões que incentivem os mais novos”, Luísa Gouveia lamenta que a conquista deste título não provoque qualquer mudança na modalidade em Portugal, no que se refere a “patrocínios e apoios ou no estatuto de alta competição”.
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... D.R.
“Falta de patrocínios? Falta de apoio? Falta o ténis ser como o futebol? Falta de dedicação, espírito de sacrifício?”, questiona Luísa Gouveia sobre a realidade, defendendo ainda que falta em Portugal “torneios de veteranos de grau 2 ou mesmo 1”.
O pilar de equilíbrio O ténis “faz parte da vida e das rotinas” de Luísa Gouveia, que continuará a praticá-lo “até ao corpo o permitir, tanto a nível motor como inteletual”. “O ténis constitui um dos meus pilares de equilíbrio, tais como a minha profissão, a minha família, os meus amigos e… a dança. No ténis, o treino equilibra-me o físico e a mente e proporciona-me uma energia e uma vitalidade essencial à minha existência, ao meu dia a dia. Alivia-me do ‘stress’ e das ansiedades”, declara Luís Gouveira. Diariamente, a tenista realiza uma sessão de treino de duração entre uma a uma hora e meia. “As pessoas ‘normais’ param para almoçar, eu paro para treinar. Depois, como umas bolachas ao volante ou em frente do computador. É tudo uma questão de organização e de boa gestão de tempo”, acrescenta. A vida de Luísa Gouveia tem o ténis sempre presente, pois esgota “as férias e o salário para jogar torneios internacionais”, sem patrocínios (há uns anos foi patrocinada por uma instituição bancária) e somente com apoio em material (Dunlop).
LUÍSA GOUVEIA treina diariamente, em sessões que têm a duração de uma hora a uma hora e meia
Títulos mundiais e europeus de Luísa Gouveia - Duas medalhas de bronze nos mundiais, pares femininos, +35 anos - Cinco medalhas de bronze nos europeus, singulares, +40 e +45 - Campeã europeia, singulares, + 40 - Campeã europeia (“indoor”), pares mistos - Vice-campeã europeia, singulares, + 50
- Vice-campeã europeia, pares femininos, + 35 - Vice-campeã europeia em cinco ocasiões, pares femininos, +40 - Vice-campeã europeia, pares mistos, +40 - Vice-campeã europeia (“indoor”), pares femininos, +40
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«Jogo porque me faz feliz» Bárbara Luz 19 anos
Pessoal
& transmissível O ténis é... a minha profissão, para a qual decidi dedicar-me de corpo e alma.
E a maior tristeza no ténis... foi perder o Campeonato Nacional de sub-14, em 2007, por lesão.
Jogo ténis… porque me faz feliz. O que mais gosto no ténis é... competir.
Se eu mandasse no ténis... tentava encontrar soluções/patrocínios, para apoiar efetivamente os novos praticantes/talentos.
O que mais detesto no ténis é… perder.
Em Portugal, o ténis precisa de... mais organização e apoios.
Para mim, treinar é... acreditar que, trabalhando, posso atingir os meus objetivos, aproveitando o que mais gosto de fazer.
Um ou uma tenista português no "top" 10 seria... seria bom para a modalidade em Portugal.
O sucesso significa… atingir os objetivos. E o resultado de que todo o meu esforço e a minha dedicação valem a pena. No ténis, quero atingir... O “top” 50 WTA. Depois de vencer um encontro... assumo que valeu a pena ter-me entregado de corpo e alma ao trabalho. Até ao momento, a minha maior alegria no ténis foi... ter ganho os dois torneios ITF, de 10 mil dólares, na Índia.
Um bom treinador é... o que sabe perceber o atleta e o ajuda numa série de aspetos, dentro e fora do campo. O meu ídolo no ténis atualmente é... Rafael Nadal. O meu torneio preferido é... Wimbledon. A minha superfície preferida é... piso rápido. No meu saco, não dispenso... elásticos, banana, barra de cereais, água, corda, caderno, plano de trabalho físico, raquetas, toalha e sapatilhas.
D.R.
Bárbara Luz, que completa 20 anos a 28 de maio, começou a jogar ténis com seis anos de idade. Natural de Coimbra, ocupa presentemente a 608.ª posição no “ranking” WTA. Atualmente a trabalhar com João Cunha e Silva, no CETO, Bárbara Luz tem como melhor posição mundial o 499.º posto, em 11 de junho de 2012. Em março deste ano, a terceira portuguesa mais bem cotada na hierarquia mundial somou dois títulos de singulares consecutivos no circuito ITF Women, os primeiros na sua carreira, em Hyderabad, na Índia. Uma semana depois de ter vencido Ankita Raina, Bárbara Luz voltou a superiorizar-se à indiana e averbou o segundo triunfo no torneio de 10 mil dólares. Em abril, foi semifinalista individual em Antalya, na Turquia, tendo se sagrado vice-campeã em pares, ao lado da brasileira Beatriz Haddad Maia. No seu palmarés nos campeonatos nacionais em singulares, Luz inscreve o nome na galeria das vice-campeãs no escalão de sub-14, em 2007. Em sub-16, foi campeã por duas vezes: em 2007 e 2008. Em juniores, soma igualmente dois títulos nacionais, em 2007 e 2011, enquanto em 2008 e 2009 foi vicecampeã. Em 2011, Bárbara Luz foi vice-campeã no Nacional Absoluto. Em pares, foi vice-campeã de sub-16 em 2007, com Filipa Correia como parceria. No ano seguinte, juntamente com Ana Claro, conquistou o título no escalão, revalidado em 2008, ao lado de Margarida Moura, com quem venceu o Campeonato Nacional de sub-18, em 2011. Em pares mistos, na categoria de sub-16, foi campeã em 2006 (com José Carlos) e em 2008 (com Danyal Sualehé). Em sub-18, Luz e José Carlos foram vice-campeões em 2007. Em 2008, ao lado de Manuel Marcelo, também se sagrou vicecampeã em pares mistos.
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FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
«Águas do Luso» e não só... «TIE-BREAK»
CARLOS FIGUEIREDO Jornalista
«Quando, em 1983, se disputou o primeiro torneio, já com um nível muito apreciável, ninguém sonharia uma prova que veio revolucionar o ténis português»
No momento em que o mítico Estoril Open deu o lugar a um parente praticamente com a mesma nomenclatura, mas passando de Estoril Open para Portugal Open, é oportuno lembrar que, antes de jornadas internacionais que se tornaram célebres, já houvera, em Portugal, confrontos que se tornariam lendários, com é o caso do saudoso “Água do Luso”, no Vimeiro. Com efeito, quando, em 1983, se disputou o primeiro torneio, já com um nível muito apreciável, sobretudo para o tempo em que decorreu, ninguém sonharia uma prova que veio revolucionar o ténis luso, mesmo tendo em conta algumas “guerrazinhas” em vários candidatos, pretendentes, mas sem argumentação correspondente. Falemos, pois, do “Água do Luso”, por assim dizer a nossa mascote. Aconteceu em 1983, quando João Lagos se lembrou de que um Open, de boas dimensões para a época, poderia revolucionar a tranquilidade relativa que a raqueta portuguesa manifestava já. Como dissemos, teria mesmo de ser uma iniciativa de João Lagos, nem sempre bem compreendida e, em certos casos, criticada… Mas, vamos ao mais importante: essa competição ocupa um lugar irrecusável na história da modalidade em Portugal. Mesmo sem podermos adivinhar, na altura, o que viria a ser o seu
“netinho” mais querido, o tal Estoril Open, que, durante mais de uma vintena de anos, chamou a si a honra (e, de certo modo, algum proveito…) de fazer algo de transcendente para a época. Em suma, houve três edições dessa sempre fresquinha “Água do Luso”, mais alguns torneios aparentados e com distintas designações, ao mesmo tempo que ia minando nos espíritos dos mais responsáveis aquilo que acabaria por ser o Estoril Open. Para começar esse triénio no Vimeiro, houve uma peripécia que colocou à prova a enorme capacidade de João Lagos e toda a sua equipa: nesse primeiro ano, o Outono apresentou-se geralmente chuvoso, a tal ponto que, depois de uma grande “seca” bem molhada, foi resolvido fazer as malas já perto da meia noite e meter o material nos carros, para vir jogar a Lisboa as finais de singulares e pares. Já não nos recordamos rigorosamente, mas essa prova de nervos terminou cerca das três horas da madrugada, nas já excelentes infraestruturas cobertas do CIF, no Parque Florestal de Monsanto. De toda a maneira, foi uma excelente experiência para a organização e também para jogadores e público em geral, que fez com que, para sempre, esse marco histórico perdure nas recordações de todos.
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