Notícias do ténis EDIÇÃO MENSAL ONLINE
NOVEMBRO 2013
Ano um A direção presidida por Vasco Costa completou um ano à frente dos destinos da Federação Portuguesa de Ténis. Não foi fácil a gestão com menos 20 por cento nas verbas estatais, como admitiu o presidente, mas «o ano acabou por ser equilibrado». D.R.
O futuro no Jamor A Jornada Nacional do PNDT juntou 80 crianças dos sete aos dez anos no Jamor.
2
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
Mais competição A transição do escalão de sub-18 para o de seniores é uma matéria que assumo ser de importância capital e que, naturalmente, suscita a preocupação da direção a que presido. Esgotado o percurso no ténis juvenil, pontuado com muitos sucessos no caso de muitos jovens portugueses, abrem-se as portas de uma carreira profissional no ténis, mas, admito, não é fácil um jovem português singrar no circuito profissional. Há uma multiplicidade de questões que rodeiam a passagem de um jovem a um circuito de uma maior exigência. Não vou abordar a fundamental — financeira —, apenas um aspeto que está intrinsecamente relacionado: competição. É incontornável que a participação de jovens em transição de escalão em torneios é essencial na abordagem a uma nova realidade. O contacto com tenistas de outras geografias contribui decisivamente para o desenvolvimento dos jovens talentos, potenciando a sua qualidade. Em Portugal, há um aumento de torneios dos calendários internacionais. É um facto muito importante, pelo que a Federação Portuguesa de Ténis continuará a trabalhar para que esse número seja maior, para permitir que os jovens portugueses
possam ter a competição sem terem necessidade de ultrapassem as fronteiras do país. Por outro lado, a organização portuguesa — que tantos exemplos de elevada competência e responsabilidade já deu — tem muito a ganhar com mais eventos. Eu próprio visitei os Açores recentemente e, conjuntamente com o presidente da Associação de Ténis, manifestei ao Governo Regional o desejo de levar torneios “Future” para o arquipélago. O esforço de aumentar o número de torneios, que permitirá divulgar também a modalidade, é plenamente assumido, mas, num período de dificuldades económicas e financeiras, em que se impõem contenções e rigorosa racionalização de fundos, não depende apenas de nós. Nesse sentido, estamos a trabalhar para que possa ser estabelecido um contrato-programa com o Instituto Português do Desporto e da Juventude, para apoio a provas dos circuitos profissionais da ITF, quer masculinos quer femininos. Este ano, Guimarães estreou-se no calendário do ATP Challenger Tour e aos tradicionais torneios algarvios de Faro, Loulé e Portimão juntaram-se os “Futures” de Monfortinho, Coimbra, Castelo Branco, Guimarães (quatro), o que significou mais … semanas de competição. É disto que os nossos jovem precisam!
FERNANDO CORREIA
EDITORIAL
VASCO COSTA Presidente da Federação Portuguesa de Ténis
«O contacto com tenistas de outras geografias contribui decisivamente para o desenvolvimento dos jovens talentos»
EDIÇÃO ONLINE Direção: Vasco Costa. Coordenação: José Santos Costa
Federação Portuguesa de Ténis Rua Ator Chaby Pinheiro, 7A — 2795-060 Linda-a-Velha Tel.: 214 151 356
Fax: 214 141 520
geral@fptenis.pt
www.tenis.pt
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
3
O primeiro ano D.R.
Vasco Costa preside ao elenco diretivo da Federação Portuguesa de Ténis há um ano. Altura para realizar um primeiro balanço, com especial enfoque para a realidade económica-financeira da estrutura federativa. Numa conjuntura difícil, a redução nas dotações do Estado, que correspondia quase 80 por cento da receita federativa até 2012, foi significativa, mantendo-se a tendência de decréscimo nas transferências de verbas do Orçamento do Estado desde 2011. Desde então, a Federação Portuguesa de Ténis foi confrontada com menos 37 por cento das verbas que recebeu em 2010: 12 por cento menos em 2011, cinco por cento no ano seguinte e 20 por cento em 2013. A direção de Vasco Costa apostou na racionalização de custos e lançou-se na procura de verbas alternativas, granjeando o que o administrador de empresas, natural do Porto, apelida de “parceiros de negócio”. Com eles, promoveu-se a Semana do Ténis & Padel, que recuperou o “prize money” no Nacional Absoluto e, pela primeira vez, instituiu prémios monetários nos nacionais de padel e ténis em cadeira de rodas. E também no ténis de praia. Ao todo, distribuíram-se 28 mil euros.
JOÃO RAPAZOTE, CRISTINA OLIVEIRA, JOÃO PAULO SANTOS, LEONOR CHASTRE, VASCO COSTA, RITA ASCENSO E JOSÉ PINTO BASTO completaram um ano de gestão na Federação Portuguesa de Ténis
– O ano de 2013 ficou marcado por uma redução significativa no financiamento do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ). Esperava-se um corte de 10 por cento nas dotações, mas acabou por ser de 20… – Efetivamente, grande parte da receita da Federação Portuguesa de Ténis era, até ao ano passado, proveniente dos subsídios do Estado, nomeadamente através dos contratos programa do IPDJ. É um montante que não chegava a 80 por cento, mas andava muito próximo. Neste ano, esperávamos um corte de 10 por cento nos apoios governamentais e, a meio do ano, fomos surpreendidos com nova redução de 10 por cento, o que equivale a dizer que, efetivamente, essa perda de receitas corresponde a valores muito significativos. A Federação Portuguesa de Ténis teve de arranjar – e conseguiu arranjar em parte – receitas alternativas para suprir essa diminuição.
«Neste ano, esperávamos um corte de 10 por cento nos apoios governamentais e, a meio do ano, fomos surpreendidos com uma nova redução de 10 por cento» – A redução no financiamento estatal pode repetir-se em 2014? – Em 2014, o que se espera é que, efetivamente, se mantenham os valores de 2013. Pelo menos, é essa a nossa expectativa. Temos trabalhado numa redução de custos. Vamos continuar a trabalhar nesse sentido, mas reduzir mais não
...
4
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
... já não é muito possível, em função dos compromissos que a Federação Português de Ténis tem e, obviamente, temos de aumentar ainda mais as receitas alternativas, como as provenientes dos patrocinadores, que gostamos mais de chamar parceiros de negócio. Fizemos isso ao longo deste ano. Conseguimos dar algum retorno a esses parceiros e penso que, pelo menos os quatro que nos apoiaram fortemente estão satisfeitos e com expectativa de virem a continuar em 2014. Esperamos ainda, e já estamos a efetuar contactos, aumentar o leque de parceiros para o próximo ano. – Há garantias do IPDJ de que não haverá cortes extraordinários no próximo ano? – Não. Neste momento estão a começar as candidaturas aos contratos programa, devem abrir durante dezembro. Já abriram numa das modalidades, os eventos internacionais. As outras devem abrir no decorrer de dezembro, portanto ainda não temos expectativa. Mas, segundo sei, no Orçamento do Estado para 2014 a verba inscrita para a área do Desporto não teve redução. Aliás, há um pequeno aumento dos valores orçamentos e a nossa expectativa é que não haja redução nas verbas.
D.R.
«Estamos a trabalhar para que, no futuro, consigamos reduzir mais fortemente o passivo, que ultrapassa um pouco os 600 mil euros» – Um dos planos da Federação Portuguesa de Ténis candidato a financiamento do IPDJ é o de ter 15 torneios por ano nos circuitos profissionais da ITF em masculinos e femininos em Portugal, permitindo mais competição aos tenistas portugueses. É exequível este plano? - Penso que sim. Em Portugal, este ano, estão inscritos um número muito próximo de 15 torneios em seniores masculinos. Em femininos, no mesmo escalão, podem vir a haver muitos mais a curto prazo. A nossa ideia é termos um projeto em que consigamos que os nossos atletas comecem a fazer a transição dos juniores para os seniores, ganhando pontos em Portugal. - De que forma os cortes no financiamento estatal afetaram a gestão? Foi uma gestão difícil? - Obviamente que sim. Uma redu-
ção de 20 por cento em 2013 é muito significativa. Não é fácil a gestão com menos verbas, mas fomos mais criteriosos e acho que acaba por ser um ano equilibrado. – No entanto, foi possível diminuir o passivo? – A redução deste ano é muito pouco significativa, por causa do corte no financiamento. Estamos a trabalhar para que, no futuro, consigamos reduzir mais fortemente o passivo, que ultrapassa um pouco os 600 mil euros. – Para esta direção da Federação Portuguesa de Ténis, foi uma surpresa herdar um montante tão expressivo? – A nossa expectativa era de que o passivo não fosse tão alto quando
...
_______________________________________________________________________________________________________
6
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
... fomos eleitos. Sabíamos que existia, mas julgámos que fosse um pouco menor. Quando tomámos posse, em finais do ano passado, não esperávamos o valor que o passivo atingiu no final de 2012. – Como disse, a direção por si presidida encontrou receitas alternativas, o que não só permitiu promover a Semana do Ténis & Padel, no CT Estoril, como distribuir 27 mil euros em prémios monetários nos campeonatos nacionais Absoluto, de padel e de ténis em cadeira
de rodas e mil euros no campeonato nacional de ténis de praia. Esta é a solução para repetir na gestão em 2014? – Esperamos que sim. A Semana do Ténis & Padel foi um acontecimento inovador em Portugal. Fizemos três campeonatos nacionais: de ténis, de ténis em cadeira de rodas e de padel, três das modalidades que tutelamos, juntamente com ténis de praia, que teve também “prize money”. No caso do Nacional Absoluto, distribuímos 20 mil euros, 12 mil em
...
«A Semana do Ténis & Padel foi um acontecimento inovador em Portugal, só possível com os nossos parceiros de negócio, que ficaram contentes com o que se passou, com os resultados promocionais das marcas»
_______________________________________________________________________________________________________
FERNANDO FERREIRA
CT Estoril recebeu a Semana do Ténis & Padel em setembro, uma iniciativa que congregou “parceiros de negócio” da Federação Portuguesa de Ténis
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
5
masculinos e oito mil em femininos. Desde 2008 que o campeonato nacional mais importante não tinha “prize money”. O Campeonato Nacional de Ténis de Praia decorreu na Figueira da Foz, naquele magnífico areal e, inclusivamente, tivemos oportunidade de fazer uma exibição na Semana do Ténis & Padel, não em areia, mas em relva sintética, para juntar todos os campeões naquela semana magnífica e espetacular no Estoril. No nacional de padel, o “prize money” foi de seis mil euros, enquanto no de ténis em cadeira de rodas distribuímos mil euros. Além disso, a Semana do Ténis & Padel foi um grande acontecimento no ténis português. Acho que toda a gente ficou satisfeita com a Semana do Ténis & Padel, só possível com os nossos parceiros de negócio, que ficaram contentes com o que se passou, com os resultados promocionais das marcas. – A maior conquista em 2014 seria a Federação Portuguesa de Ténis ter a tão ambicionada gestão e exploração do complexo de ténis do Jamor? – Não seria só bom para a Federação Portuguesa de Ténis, diria que seria muito bom para o ténis nacional. Acho que seria importante a Federação conseguir a gestão e exploração da parte do ténis do Estádio Nacional, onde queríamos acrescentar o padel. Estamos a dialogar nesse sentido. Era muito importante para a Federa-
D.R.
...
«Estamos a trabalhar para que, no futuro, consigamos reduzir mais fortemente o passivo, que ultrapassa um pouco os 600 mil euros» cão Portuguesa de Ténis dinamizar o espaço do ténis no Jamor e não só. Até era muito importante para o desenvolvimento das modalidades que tutelamos. E, não tenho dúvidas, seria igualmente deveras importante para a sustentabilidade económica
ca-financeira da Federação Portuguesa de Ténis. – Mais receitas alternativas? – Exatamente. Queríamos conseguir outras receitas alternativas com a exploração do espaço. Uma coisa é ter um complexo para explorar, fazer provas e uma série de outros eventos, para se poder tirar receitas; outra é não ter espaço para explorar. – A gestão e exploração do complexo de ténis do Jamor permitiria reduzir o passivo da Federação Portuguesa de Ténis? – É muito mais fácil quando se tem um local próprio e poder fazer a gestão.
...
_______________________________________________________________________________________________________
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
7
... D.R.
A nossa expectativa é que, se isso viesse a acontecer, o passivo pudesse ser reduzido em metade ou pouco menos no final dos próximos três anos. – No final deste primeiro ano de mandato da direção presidida por si, procedeu-se a uma reestruturação na parte técnica da Federação Portuguesa de Ténis. Que objetivos presidiram à mudança? – Com uma reestruturação técnica total, o nosso objetivo é, claramente, criar uma coesão e uma união mais fortes entre as várias pessoas que colaboram na área técnica da Federação Portuguesa de Ténis, sendo que André Lopes é o coordenador técnico nacional, em quem esta direção deposita total confiança. É claro que o trabalho começou agora e os resultados não são imediatos, mas estamos esperançados de que venha a dar resultados em breve, em todas a seleções e mesmo no alto rendimento. As seleções nacionais foram a nossa prioridade em 2013 e vão continuar a ser em 2014, com a mesma pretensão de dignificar a representação nacional. Uma das nossas preocupações é aproximar os potenciais futuros atletas da Taça Davis e da Fed Cup, especialmente os que saem do escalão júnior e que começam a competir nos seniores, assim como criar uma interligação entre o Centro de Alto Rendimento (CAR), que terá um novo modelo, e as seleções.
– É plenamente assumido o objetivo de promoção de Portugal ao Grupo Mundial da Taça Davis e da Fed Cup? – Na Fed Cup, o nosso objetivo é subir ao Grupo Mundial, que tem duas divisões. Se conseguíssemos subir,
«Acho que seria importante a Federação Portuguesa de Ténis conseguir a gestão e exploração da parte do ténis do Estádio Nacional»
entraríamos diretos na 2.ª Divisão do Grupo Mundial, o que nunca aconteceu. Em fevereiro, vamos jogar na Hungria, em Budapeste, o torneio do Grupo I. Ainda não foi o sorteio, vamos ver quem nos calha. O sorteio é muito importante. Acho que a seleção portuguesa na Fed Cup tem valor. Temos duas jogadoras à porta do “top” 100 – Michelle Larcher de Brito e Maria João Koehler. São jogadoras de qualidade, que acho que têm todo o potencial para entrarem no “top” 100 no próximo ano. Michelle já lá esteve. E acho que, eventualmente uma delas ou mesmo as duas, podem chegar mesmo ao “top” 50. Estou bastante esperançado nisso. Na Taça Davis, a seleção de Nuno Marques joga na Eslovénia, em finais de janeiro. É uma eliminatória bastante difícil. A Eslovénia tem um “top” 100 [Aljaz Bedeno, 95.º] e outro que está em 104.º [Blaz Kavcic], além de um jogador em 121. º [Grega Zemljc] e outro em 184.º [Blaz Rola]. São quatro jogadores do “top” 200 e, em termos de “ranking” médio, a Eslovénia andará muito perto da nossa seleção, apesar de temos um “top” 50. Mas tem a vantagem de jogar a casa, de escolher o piso e de ter o apoio do público, que, na Taça Davis, é deveras importante. Estou, no entanto, muito esperançado também que consigamos vencer na Eslovénia.
...
_______________________________________________________________________________________________________
8
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
...
– Em 2013, a Federação Portuguesa de Ténis teve um conjunto de iniciativas para desenvolver as modalidades que tutela, não só com a realização dos campeonatos nacionais com “prize money”, mas também ações de formação de técnicos, “workshops”, etc… O que se preconiza para 2014 no padel, no ténis em cadeira de rodas e no ténis de praia? – Um dos objetivos que tínhamos era dignificar os campeonatos nacionais, quer do ténis quer do padel, do ténis em cadeira de rodas e do ténis de praia. Conseguimos dignificar os campeonatos nacionais e, na Semana do Ténis & Padel, assim como no nacional de ténis de praia, conseguimos ter campeonatos super competitivos, com índices de competitividade bastante grandes. Pela primeira vez, introduzidos “prize money” nas provas todas, num total de 28 mil euros. Não foi só o ténis que teve prémios monetários, mas também as outras modalidades. A nossa ideia é apostar fortemente no padel em 2014. Este ano, já levámos a seleção nacional de juvenis à Argentina, para jogar o Campeonato do Mundo, em que alcançámos, pela primeira vez num dos escalões, o quarto lugar. Foi deveras importante para a modalidade e para o desenvolvimento. Recentemente, levámos os nossos pares ao Mundial em Bilbau, em Espanha, onde tiveram os melhores pares do mundo. E também tivemos resultados bastante encorajadores.
«Na Fed Cup, o nosso objetivo é subir ao Grupo Mundial. Na Taça Davis, estou muito esperançado que consigamos vencer na Eslovénia»
O padel tem um cariz muito social e é uma modalidade em que esta direção está a apostar fortemente no seu desenvolvimento e no crescimento. E também no aspeto da formação. Este ano, fizemos cursos para monitores e treinadores e vamos continuar no próximo ano. No ténis de praia, queríamos ver se seria possível tirar a sazonalidade, que é uma característica da modalidade. Em Portugal, o clima não é o ideal todo o ano para a modalidade, mas estamos a dar passos para que se realizem provas fora da época balnear. Por último, temos grande apreço pelo ténis em cadeira de rodas e temos vindo a apoiar no sentido do
seu desenvolvimento. Estamos também a trabalhar em regulamentação específica e queremos estar presentes nos Jogos Paralímpicos do Brasil, em 2016. – 2013 foi o melhor ano do ténis português. Boas perspetivas para 2014? – Sim, acho que foi o melhor ano do ténis português. Após a vitória de Portugal na Moldávia, que nos permitiu regressar ao Grupo I da Taça Davis em 2014, disse que esperava que, no próximo ano, tivéssemos dois jogadores no “top” 50. Conseguimos ter um primeiro, o que é um marco histórico. João Sousa ganhou em singulares um torneio no ATP Tour e isso também foi marcante. Fez-se história. Espero que o ano seja melhor em 2014. Espero também mais recuperação de alguns jogadores no “ranking”, como Rui Machado e Frederico Gil, assim como aqueles outros portugueses que estão a se aproximarem dos patamares do “top” 300, como Frederico Silva, João Domingues e Bárbara Luz.
_______________________________________________________________________________________________________
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
9 D.R.
O complexo de ténis do Jamor acolheu 80 crianças na Jornada Nacional do PNDT
O futuro no Jamor Mais uma temporada do PNDT (Programa Nacional de Deteção de Talentos) concluiu-se com a Jornada Nacional, no Jamor. Dois dias de festa, com a presença dos melhores atletas do país dos 7 aos 10 anos de idade. Foram 80 crianças, o futuro da seleção nacional de sub-12. Pedro Lobão, coordenador nacional de sub-10, referiu que a jornada nacional no Jamor “proporcionou, certamente, um fim de semana inesquecível aos jovens atletas nacio-
nais”, acrescentando que a atividade significou um forte contributo “para o desenvolvimento da modalidade”. “É possível unir todos em volta de um objetivo comum: o de fazer mais e melhor para aumentar o nível do ténis em Portugal”, frisou. O coordenador nacional de sub-10 declarou que “o nível médio dos atletas tem vindo a aumentar significativamente” desde o primeiro ano do PNDT, em 2006. “Este fator, a par da estrutura com-
petitiva, da formação dos treinadores e das atividades de fomento, será a chave do sucesso para o aparecimento e desenvolvimento de mais e melhores atletas nas camadas jovens”, observou Pedro Lobão. Este ano, à semelhança do anterior, o escalão que “mais surpreendeu os coordenadores foi o de sub-8, em masculinos e femininos”. “Grande parte dos jogadores já tem
...
_______________________________________________________________________________________________________
10
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
...
D.R.
gestos técnicos bastante desenvolvidos e uma consciência tática que não tinham em anos anteriores. Estes jovens jogadores mostraram também que estão bem familiarizados com as pontuações e os sistemas de disputa de encontros, tanto em singulares como em pares”, notou.
601 crianças em 2013 Neste ano, o PNDT movimentou 601 crianças, número superior ao registado no ano passado, em que se inscreveram nas atividades 501. No entanto, em 2011, o número de participações quedou-se em 560, quando em 2010 o total foi de 770 e em 2009 de 734. Já em 2008 tinham participado 775 crianças (o máximo nos oito anos do PNDT) e em 2007 apenas 599. No primeiro ano, em 2006, apenas se registaram 378 participações, o número mais baixo de sempre. Pedro Lobão explicou que a irregularidade das participações de ano para ano “não significa que algo de errado esteja a acontecer”. “Nas Jornadas Nacionais, são os treinadores que enviam os seus atletas para serem avaliados pelos coordenadores do PNDT. Nos primeiros anos, os coordenadores enviavam todos os atletas. Mesmo aqueles que ainda tinham muito pouca qualidade técnica eram enviados para as jornadas para serem avaliados. Tínhamos Jornadas de Deteção com muitos atletas, mas mais fracos qualitativamente”, elucidou. O responsável do PNDT sublinhou
Em 2013, o número de crianças no PNDT aumentou relativamente ao ano passado
que “os treinadores estão mais exigentes com o passar dos anos”, pelo que apenas apresentavam nas Jornadas de Deteção “os seus atletas de referência”. Pedro Lobão acentuou que “não se espera uma tendência de crescimento” nas participações de crianças e observou que “os números mantiveram-se perto do seu máximo”, em 2008, com 775, até 2010, que registou 770. Ressalvou, contudo, que, em 2013, os jogadores têm “muito mais qualidade do que em 2008”. No Jamor, as crianças transitaram de duas fases de apuramento. A primeira fase teve 400 atletas das 13
associações regionais, enquanto na segunda foram apurados cerca de 150 crianças nas cinco zonas do país. Deste últimos, foram selecionados 80 para a Jornada Nacional. No Jamor, os sub-8 femininos trabalharam com os coordenadores Joana Roda (Zona Centro — Leiria) e Nuno André Ferreira (Norte — Aveiro), enquanto os masculinos com Hélder Araújo (Norte) e João Romeia (Sul — Algarve). Os sub-10 femininos estiveram a cargo de Gonçalo Simões (Sul — Alentejo) e Pedro Lobão. Em mascu-
...
_______________________________________________________________________________________________________
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
11
D.R.
... linos, as crianças ficaram entregues a Plínio Ferrão (Sul), João Moura (Centro), Nuno André Ferreira e Paulo Santiago, selecionador nacional de sub-12, em masculinos. Pedro Lobão referiu que foi possível apurar que “o volume de treino dos atletas convocados” para a jornada nacional “já é significativo, mas ainda está aquém do volume de treino das academias mais conceituadas”.
Comparando com as Med Academies, nos Estados Unidos, Lobão exemplificou com os jogadores de sub -10 presentes no Jamor: treinam em média quatro treinos de ténis e mais três sessões físicas por semana em masculinos e quatro treinos físicos mais dois físicos em femininos, quando as academias norte-americanas realizam mais 3 horas e meia em masculinos e 5 horas e 15 minutos em femininos, além de quatro horas semanais de encontros competitivos. Em sub-8, as diferenças situam-se em menos três horas semanais no
caso de crianças masculinas e de 4 horas e meias em femininos. A Jornada Nacional concluiu-se com Nuno Mota, coordenador PNDT e das seleções de sub-12, sub-14, sub-16 e sub-18, a chamar ao Centralito, repleto de crianças, Maria João Koehler, Frederico Silva, Francisco Ramos, José Maria Moya, Felipe Cunha e Silva e Sofia Pereira. No Jamor, estiveram também presentes João Paulo Santos, vicepresidente da Federação Portuguesa de Ténis, e José Santos Costa, secretário-geral.
_______________________________________________________________________________________________________
12
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
Para recordar mais tarde
D.R.
_______________________________________________________________________________________________________
13
D.R.
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
_______________________________________________________________________________________________________
14
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
A última vez ATP CHALLENGER TOUR PÉTANGE
JORGE DIAS (à esquerda) durante o “Challenger” de Pétange foi aceite pela ATP, apesar de eu não fazer parte da arbitragem internacional”, sublinhou. Aceitou o convite por considerar que é “essencial transmitir a experiência” que adquiriu ao longo dos anos no circuito mundial como árbitro de cadeira. “Aliás, essa sempre foi a minha vontade de passar os meus conhecimentos aos outros, como sempre fiz aos árbitros portugueses mais novos, Carlos Ramos, Carlos Sanches, Mariana Alves, Rogério Santos e outros mais. Acho mesmo que poderia ser mais aproveitado na arbitragem mundial e na portuguesa para passar essa mesma experiência”, frisou.
As lembranças da carreira do primeiro árbitro estrangeiro a dirigir uma final de singulares de Wimbledon, em 2001, são muitas, mas Jorge Dias foi peremtório: “Regresso à cadeira? Jamais!” “Retirei-me no topo e tive a coragem de fazer o que muitos árbitros de cadeira não fazem: parar na altura certa. Nunca direi que não voltarei à posição de supervisor, mas, neste momento, será muito difícil voltar à vida de saltimbanco”, referiu Jorge Dias. Jorge Dias admitiu que ainda pode-
...
_______________________________________________________________________________________________________
FOTOS: FERNANDO CORREIA
Há dez anos, Jorge Dias dirigiu o último encontro como árbitro de cadeira. Foi no Olympic Stadium, em Moscovo, na final da Fed Cup, em que a França de Amélie Mauresmo, Mary Pierce, Émilie Loit e Stéphanie Cohen -Aloro conquistou o segundo título, após infligir 4-1 aos Estados Unidos, com Billie Jean King como “capitã” e com a veterana Martina Navratilova na seleção norte-americana. “Foi uma final espetacular. Aliás, as jogadoras da França escreveram uma frase de dedicação dirigida a mim na folha de arbitragem, agradecendo a minha contribuição para o ténis. Como também o fez a ITF, pelo seu presidente, Francesco Ricci Bitti, no jantar de encerramento da final da Fed Cup. Foi uma despedida muito especial”, lembrou Jorge Dias. Radicado na Bélgica, Jorge Dias é atual operário fabril, mas não abandonou o ténis. Em Pétange, no Luxemburgo, ensina a prática do ténis nas horas vagas, no clube onde joga também nos campeonatos interclubes. Em setembro, no “Challenger” de Pétange, de 64 mil euros, Jorge Dias foi convidado para exercer as funções de chefe dos árbitros. Um regresso à arbitragem, apenas para desempenhar aquela tarefa, “com a vantagem de ter a experiência”. “Como toda a organização do torneio, fui voluntário. O meu papel foi ser o chefe dos árbitros, cargo esse que
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
15
... D.R.
ria arbitrar “ao mais alto nível”, mas repetiu que não quer “voltar a uma vida de viajante”. “Não volto à cadeira, não porque não tenho capacidades para fazê-lo. Não quero para não voltar a estar sempre em viagem. E, para voltar, teria de começar tudo de novo: White Badge, depois Bronze Badge, depois Silver Badge e, por fim, Gold Badge. É rídiculo. Teria de esperar três anos para voltar a ser Gold Badge”, salientou.
Mais de 69 finais O currículo de Jorge Dias na arbitragem mundial integra mais de 69 finais em grandes competições, a maioria no ATP World Tour. Em 1986, arbitrou a final da Taça Davis entre Austrália e Suécia, repetindo a presença em 1999, novamente com o triunfo dos australianos, desta feita sobre a França. Repetiu a presença em 2001, para assistir ao triunfo dos franceses. Nas competições do “Grand Slam”, além da final de Wimbledon de 2001, que opôs o croata Goran Ivanisevic ao australiano Patrick Rafter. No ano anterior, Jorge Dias dirigiu a final de pares masculinos no All England Club e, meses antes, a do Open da Austrália. Em Melbourne, já tinha inscrito no seu palmarés a final de duplas masculinas em 1999. A final de Wimbledon, em 2001, não só teve como vencedor um jogador com “wild card” pela primeira vez em 115 edições, o croata Ivanisevic, como quebrou a tradição britânica de ser dirigida por um árbitro não inglês, Jorge Dias.
JORGE DIAS na final de singulares de Wimbledon, em 2001
“Foi um sonho que se tornou realidade e fiquei muito satisfeito com o meu trabalho”, rememorou Jorge Dias, que recebeu uma placa das mãos do duque de Kent. O árbitro português fez-lhe uma vénia antes de receber a lembrança e o nobre perguntou-lhe se tinha arbitrado uma final em All England Club pela primeira vez. Jorge Dias respondeu que era a estreia e que desejava não ser a última vez que esteve no derradeiro encontro do mítico torneio inglês. Jorge Dias iniciou a carreira na arbitragem em 1981, dedicando-se a tempo inteiro à profissão apenas uma década depois.
Em 2003, depois da 10.ª vez que arbitrou em Wimbledon, pediu à ITF para se retirar dos grandes torneios mundiais, para desempenhar a função de juiz árbitro no circuito profissional. Nesse ano, em Moscovo, Jorge Dias sentou-se pela última vez na cadeira do árbitro, na final da Fed Cup entre a França e os Estados Unidos. Estabeleceu-se na Marinha Grande, mas o projeto de escola de ténis não resultou e acabou por aceitar um convite da Confederação Brasileira de Ténis. O contrato era aliciante, com boas condições e uma boa remuneração. Em 2004, mudou-se para o Brasil, para Londrina, no Paraná, mas o destino trocou-lhe as voltas à vida. Um mês volvido a exercer funções, a Confederação Brasileira de Ténis alterou unilateralmente as condições contratuais e a vida do ribatejano mudou de um modo muito drástico. Agora, reside em Aubange, uma pequena localidade no sul da Bélgica, muito próxima das fronteiras com o Luxemburgo e a França. Todos os dias úteis, Jorge Dias deixa a casa aos primeiros alvores, para retomar o trabalho numa fábrica de alumínios, em Khelen, no Luxemburgo. Ainda no Luxemburgo, em Pétange, após o horário laboral, que termina às 16 horas, Jorge Dias dá aulas de ténis no Tennis Club Pétange. É a sua única ligação a uma modalidade a que esteve ligado pelo profissionalismo.
_______________________________________________________________________________________________________
16
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
«Ténis é o melhor desporto» FERNANDO CORREIA
Felipe Cunha e Silva (CETO) elege o ténis como melhor desporto do mundo. O filho de João Cunha e Silva é o atual vice-campeão nacional de sub-16 em singulares e em pares, juntamente com Francisco Guimarães. Os dois também foram vice-campeões em 2012. Felipe Cunha e Silva, do Magnesium-OK Team, soma um título em pares no circuito júnior mundial, ao lado do espanhol Carlos Donat, em Mombassa, no Quénia, em dezembro do ano passado. Em fevereiro de 2012, foi vice-campeão em Tlemcen, na Argélia, juntamente com Danyal Sualehé. Mais recentemente, Felipe Cunha e Silva e Francisco Guimarães foram vice-campeões na Rússia, na Governor Cup. Este ano, estreou-se no Portugal Open (atingiu a segunda ronda da fase de qualificação) e jogou o Nacional Absoluto (eliminado por Rui Machado nos quartos de final). Saíu do CT Estoril como vicecampeão nacional em pares mistos, tendo como parceira Mariana Carreira.
Felipe Cunha e Silva 16 anos O ténis é... o melhor desporto no mundo. Jogo ténis… porque ser jogador foi a profissão que escolhi para o meu futuro. O que mais gosto no ténis... é o sentimento de nos sentirmos concretizados pelo sucesso. O que mais detesto no ténis… é o sentimento de frustração por termos dado o nosso máximo e isso não ter sido o suficiente para o sucesso. Para mim, treinar é... melhorar as nossas capacidades técnicas, físicas e mentais, para um melhor desempenho na minha carreira profissional. O sucesso significa… ser recompensado pelo trabalho feito anteriormente. No ténis, quero atingir... o “Grand Slam”. Depois de vencer um encontro… vou falar com o meu treinador, para ver os aspetos que tenho de melhorar, para me conseguir preparar melhor para o próximo desafio. Até ao momento, a minha maior ale-
gria no ténis foi… ter tido a oportunidade de jogar o Portugal Open. E a maior tristeza no ténis... foi não ter conseguido ser campeão nacional de sub16, em 2013. Se eu mandasse no ténis... tentaria expandir mais o desporto, de forma a ser visto com outros olhos pelo público em geral. Em Portugal, o ténis precisa de… apoios escolares e financeiros. Um ou uma tenista português no "top" 10 seria... o Pedro Sousa. Um bom treinador é... duro, que nos leve ao limite. O meu ídolo no ténis é atualmente... Roger Federer. O meu torneio preferido é… Roland Garros. A minha superfície preferida é… terra batida. No meu saco, não dispenso… as raquetas e “grips” Wilson, as minhas cordas Solinco e o Magnesium-OK.
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS
17
O outro lado do espelho «TIE-BREAK»
CARLOS FIGUEIREDO Jornalista
«Já por essa altura, John McEnroe — que reencontrei no Vale do Lobo Grand Champions, no Algarve — tinha má fama»
Nas minhas viagens pelo mundo, para realizar a cobertura de eventos de ténis, recupero a passagem por Dusseldorf, na Alemanha, para lembrar o norte-americano John McEnroe. Fui enviado pelo “Jornal do Ténis” ao World Team Cup, disputado na terra batida de Dusseldorf. Era um torneio muito animado, com um ambiente fantástico e uma assistência sempre ávida de bom ténis. E a verdade é que assisti a encontros verdadeiramente espetaculares. Os Estados Unidos foram uma das equipas participantes na competição nesse ano de meados da década de 80 (não posso dizer ao certo o ano), apresentando nas suas fileiras o incontornável John McEnroe e Peter Fleming, seu parceiro de pares em muitas aventuras. Já por essa altura, John McEnroe — que reencontrei no Vale do Lobo Grand Champions, no Algarve, anos mais tarde — tinha má fama. A Dunlop, que fornecia as raquetas para o norte-americano e para a alemã Steffi Graf, promoveu, na manhã de um dia qualquer dia, uma exibição. De um lado da rede, McEnroe e do outro Graf. Recordo, com nitidez, o frio, capaz de fazer gelar os ossos, que
se fez sentir nessa manhã em Dusseldorf. Numa exibição, o resultado será o que menos interessa, mas recordo que John McEnroe superiorizou-se a Graf. Mas o mais surpreendente é que o norte-americano espalhou simpatia pelo “court”. Parecia um cordeiro. No final do engraçado encontro entre os dois tenistas, abordei Steffi Graf para saber se tinha sido um encontro complicado, não deixando de dar uma “alfinetada” sobre o temperamento de John McEnroe, que, lembro, apesar de vociferar contra árbitros e juízes de linha, partir raqueta e as arremessar para longe, apenas foi expulso num encontro, em 1990, nos oitavos de final do Open da Austrália. Plena de simpatia, Steffi Graf esboçou um ligeiro sorriso e surpreendeume: — Nunca pensei que ia jogar com um homem assim. Ele adivinhava para onde eu ia e fez o queria com o seu jogo muito preciso. Não achei que é o homem irascível que dizem que é. Afinal, descobri um adversário muito correto e simpatiquíssimo, que ganhou-me como quis. Fiquei muito impressionada com o jogo dele e com o comportamento cortês dele!
_______________________________________________________________________________________________________
Associações Regionais AÇORES AVEIRO LEIRIA
ALGARVE
ALTO ALENTEJO
CASTELO BRANCO LISBOA
SETÚBAL
MADEIRA VILA REAL
COIMBRA PORTO VISEU