Revista Sintonia Social, edição 14

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Depressão, angústia, desânimo, descontrole. Ufa! Como evitar? O psicólogo Wladymir Ferraz de Camargo Lins, formado pela Universidade Santa Úrsula|PUC RJ (1983) e em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro / UERJ (1985), afirma que depressão é o grande mal da sociedade atual. “Afeta aproximadamente 3,8% da população mundial. Os episódios depressivos assolam cerca de 280 milhões de pessoas no mundo todo, sendo 5% em população adulta e 5,7% em pessoas com mais de 60 anos”. Lins afirma que vivências depressivas comprometem vários aspectos de nossa vida diária. “Tristeza, pessimismo e baixa autoestima, prevalentes nestes casos, conduzem à perda de controle e desespero”. Como exemplo, ele cita que 50% dos casos de suicídio apresentavam sintomas depressivos. “Com a Covid-19, aumentaram os casos de desordens mentais. As práticas em Saúde Mental tiveram que ser implementadas para atender às demandas. Sentimentos de inadequação, dificuldades de concentração, medo da morte, pânico, sentimentos de luto, preocupação excessiva, expectativa excessiva, entre outros, tornaram-se mais frequentas na clínica psicológica”. Conforme Lins, o uso de medicamentos teve muitos avanços nas últimas décadas, aperfeiçoando os tratamentos. “Em situações de crise, faz-se necessário o equilíbrio físico/químico do organismo, papel que a medicação cumpre; porém, após certa remissão de sintomas, outras abordagens podem ser possíveis”. Ele cita que o ser humano tem múltiplos aspectos: psicológicos, biológicos, sociais e espirituais e em todos estes, cabem abordagens. “Trabalhar o bem-estar, a capacidade de amar, a felicidade e a paz interior, melhoram nossa relação com o mundo e evitam o adoecimento”. De acordo com o psicólogo, autoconhecimento é ferramenta poderosa para enfrentar situações de vida. “O exercício de saber quem é, suas expectativas, seus limites, suas forças e fraquezas, de como lidar com os acontecimentos, auxiliam muito o desenvolvimento pessoal. A consciência de si mesmo facilita o enfrentamento da vida em geral, tornando-nos mais realistas e solidários com o próximo”. Lins considera que somente alto nível intelectual e de maturidade não garantem isenção a sintomas depressivos. O conPág 8

ceito de inteligência emocional amplia esses horizontes, aprender a ter certo domínio de suas emoções, a trabalhar com emoções negativas, aprender a desenvolver sua autoestima, aprender a lidar com conflitos, trabalhar a resiliência e desenvolver sentimentos de empatia, completam esta visão. Ele explica ainda que a prática profissional de cuidar da saúde mental pode auxiliar muitas pessoas. “Todos cuidam ou se preocupam com sua saúde física, saúde bucal, etc. Já a saúde mental quase sempre é esquecida e apenas lembrada em situações de crise. Trabalhar com prevenção é fundamental. Os benefícios de conhecimento pessoal realista nos faz viver em paz e em congruência com o mundo. Saúde mental implica também em qualidade de vida, boa moradia, acesso a serviços, boa colocação profissional, relações interpessoais saudáveis, direito ao lazer, relações harmônicas com o meio ambiente, dentre outras”. Estresse mental “O stress mental não escolhe faixa etária, gênero ou condição social. Com a atual democratização das informações e os avanços da tecnologia, percebe-se que as definições teóricas de termos psicológicos ficaram mais acessíveis a todos. Isso faz com que se converse mais claramente sobre estes assuntos estreitando a distância do conhecimento técnico com o leigo”, afirma Lins. “Isto ajuda a desmistificar alguns tabus do passado. Hoje em dia, tanto crianças quanto adolescentes e adultos solicitam o serviço de psicologia. A prática infere que mulheres maduras são mais prevalentes em diagnóstico de depressão e adolescentes nas tentativas de autoextermínio” Prevenção “Realmente muito importante, porém num mundo imediatista como este que vivemos, essas práticas ficam comprometidas”, considera Lins. Segundo eles, as pessoas buscam soluções rápidas, quase mágicas, de preferência com pouco desgaste físico ou emocional. “As políticas públicas estão longe de atender a estas demandas, tudo pautado no resultado imediato”. Ele cita necessidade de ações planejadas, “aprendermos a trabalhar em equipe e a lidar com o dissenso e ter humildade de saber que tudo é transitório e que não somos donos da verdade”. SINTONIA SOCIAL | edição 14 | 2022


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