arquitetura
urbanismo
#1
paisagismo
1
editorial
SELENA LAGE E LAGE
¶ William Morris, artista e escritor britânico, escreveu em 1881:
A ARQUITETURA COMPREENDE A OBSERVAÇÃO DE TODO O MEIO FÍSICO QUE RODEIA A VIDA HUMANA; NÃO PODEMOS FURTAR-NOS A ELA, ENQUANTO FIZERMOS PARTE DA CIVILIZAÇÃO, DADO QUE A ARQUITETURA É O CONJUNTO DAS MODIFICAÇÕES E DAS ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS NA SUPERFÍCIE
TERRESTRE,
TENDO
EM
VISTA
AS
NECESSIDA-
DES HUMANAS, COM EXCEÇÃO APENAS DO PURO DESERTO
Naquela época encontrava-se no
têm feito surgir uma nova abordagem nas
do homem/sociedade com o meio em que
auge o ideal iluminista de especialização e
ciências e nas artes: o consenso de espe-
vive. Nesse sentido, é impossível pensar a
segmentação do conhecimento, enquanto
cialização e segmentação do conhecimento
paisagem sem pensar no ambiente e, nos
o artista de vanguarda reconhecia na ar-
(paradigma iluminista) vem sendo substituí-
dias atuais, é impossível pensar no ambien-
quitetura a disciplina responsável pela re-
do pela busca do entendimento dos fenôme-
te sem pensar em sustentabilidade (ou na
formulação dos ambientes habitados pelo
nos em sua totalidade (paradigma holístico),
insustentabilidade das nossas ações sobre
homem, incluindo, então, não apenas proje-
a partir de uma concepção sistêmica na qual
o meio).
tos e construções de edifícios, mas de todo
entende-se que elementos e eventos são in-
o cenário físico em que se desenrola a vida
ter-relacionados e interdependentes.
sozinho na busca pela qualidade ambien-
humana. No contexto moderno disciplinar, a
Neste novo paradigma, não faz
tal (e que esta seja sustentável!), visto que
“disciplina-mãe” Arquitetura teria várias “fi-
sentido desmembrar a Arquitetura em inú-
cada um se encontra necessariamente en-
lhas”: arquitetura de edifícios, arquitetura de
meras “disciplinas-filhas”, nem faz sentido
volvido no contínuo trabalho de construção
interiores, arquitetura paisagística, urbanis-
discutirmos na Arquitetura apenas a ques-
do ambiente em que vive e é responsável,
mo, planejamento urbano...
tão espacial. O conceito de espaço pode ser
naquilo que lhe diz respeito, pelo cenário da
Entretanto, o arquiteto não está
As inúmeras e radicais transforma-
trocado pelo de ambiente, e a arquitetura de
vida social. Assim, convido a todos a pensar
ções socioculturais vivenciadas pelo mundo
edifícios, urbanismo e paisagismo fundem-
em como estão contribuindo na construção
no século XX, em especial o despertar da
se num único objetivo: a busca pela qualida-
da paisagem cotidiana e espero que a leitu-
consciência de que os recursos naturais do
de ambiental, levando em conta não apenas
ra desta e demais edições da AUP! colabore
planeta não são inesgotáveis e a difusão da
as questões estético-funcionais, mas tam-
para a reflexão.
teoria dos sistemas inspirada pela ecologia1,
bém as questões socioculturais e a relação
Boa leitura!
1 “Nas últimas décadas e em especial a partir do final da Segunda Guerra Mundial a teoria dos sis-
referências bibliográficas
temas, formulada por matemáticos e inspirada pela ecologia, vem assumindo lugar de destaque em
¶ BENEVOLO, Leonardo. Introdução à Arquitec-
todas as áreas do conhecimento, tanto nas exatas quanto nas humanas. A ciência se apropriou da
tura. Lisboa: Edições 70, 1991 ¶ FRANCO, Maria
palavra grega systema, que significa reunião ou grupo, para designar um conjunto de elementos inter-
Assunção R. Desenho Ambiental: Uma Introdu-
ligados de um todo, coordenados entre si de forma a que funcionem como uma estrutura organizada.”
ção à Arquitetura da Paisagem com o Paradigma
(FRANCO, 1997, p. 91)
Ecológico. São Paulo: Annablume, 1997.
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E D I TO R E S profª. ms. Selena Duarte Lage e Lage profª. ms. Ana Flávia Ferreira de Castro Paula discente Moisés Beserra discente Guilherme Clemente da Silva Neto
CO L A B O RAD O R E S CON S E L H O E D I TO R I AL profª. ms. Doralice Parreira da Nóbrega Vaz PROF. DR. Adailson Pinheiro Mesquita PROF. ESP. Clayton F. Carili PROFª. MS. Ana Flávia Ferreira de Castro Paula PROF. ESP. Hélio Ferreira Vaz Filho
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PROFª. MS. Selena Duarte Lage e Lage PROFª. DRA. Cynthia de Souza Santos
Aline Martins Queiroz |
Ana Carolina Souza Silva | Carolliny Brunniê Garcia Pereira | Eduarda Alves Siqueira | Gabriela Seabra Santos | Guilherme Clemente da Silva Neto | Guilherme Rodrigues Franco | Isabelle Araújo Neiva | Jeffeson Silva Ramos | Kamyla Lima Da Mata | Luciane Gomes Carvalho Almeira | Luís Carlos Alves Junior | Maria Eliza F. Otoni | Raul José Costa | Rogério Ribeiro de Sant’ana e Rumayana Junqueira | Thays Alves Carneiro | Thays Pereira Silva
PROF. MS. Sérgio Augusto P. Peixoto PROFª. MS. Greiceana Marques Dias de Morais PROFª. MS. Paula Rodrigues de Melo PROFª. ESP. Valeika Carminati
FOTO L I TO S E I M P R E S S Ã O Gráfica e Editora Côrtes
PROFª. Iara Helena Guimarães
REVISÃO Isabella Peixoto
CON S E L H O F I S CAL discente Guilherme Clemente da Silva Neto
PROFª. DRª. SANDRA MARIA DA COSTA FERREIRA
prof. esp. Clayton F. Carili discente Rogério Ribeiro de Sant’ana
CAPA
profª. ms. Ana Flávia Ferreira de Castro
Ilha Pura (Rio de Janeiro/RJ) Projeto do escritório Benedito Abbud
J O RNAL I S TA R E S P ON S Á V E L Isabella Beatriz Peixoto
0018897/MG
ENDEREÇO escritório modelo de arquitetura
ART E E D I AG RAM A Ç Ã O foliadosreis.com
Curso de Arquitetura e Urbanismo | Centro Universitário do Triângulo | Av. Nicomedes Alves dos Santos, 4.545 | Bloco E, sala 261 | técnico responsável Vitor Hugo Cardoso Martins GESTORA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO profª. ms. Doralice Parreira da Nóbrega Vaz
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O PA ! E R RAM O S : ¶ Prezados editores, ¶ Primeiramente quero parabenizá-los pela qua-
edição zero ¶ A página com os trabalhos de Luciane Gomes
lidade dos artigos e da diagramação da revista, e agradecer pelo envio
Carvalho Almeira e Iracilda Araújo Marques Gouveia estava sem os
do primeiro exemplar. Temos interesse, sem dúvida, em continuar re-
nomes das respectivas alunas. ¶ A aluna do 2º período se chama
cebendo os exemplares, e também em participar enviando artigos para
Isabela Silva, e não Isbela Silva como escrito na edição. ¶ A creche
publicação. Nosso curso está no início, temos apenas a primeira turma,
das alunas Adrielly Reiter Moraes e Isabella Fernanda Silva Oliveira
já na segunda etapa, e o nosso corpo docente está sendo construído
Pena veio com a imagem errada. As ilustrações corretas são estas:
a cada semestre. Creio que em breve teremos a possibilidade de contribuir com publicações, especialmente sobre práticas pedagógicas. ¶ Saudações universitárias! arq.to profª. Dra. Ruth C. Montanheiro Paolino coordenadora do curso de arquitetura e urbanismo unaerp - rp
¶ Prezados professores Adaílson e Clayton, ¶ Fiquei muito feliz por receber o exemplar da revista AUP! Há muito esperava uma iniciativa como esta. É claro que o curso de Arquitetura e Urbanismo da FAJ tem interesse em receber os exemplares. prof. Caio Barbato Maroso assessor de coordenação - arquitetura jaguariúna/sp responsável pela escola: coordenador prof. joaquim caetano de lima filho
¶ Prezados editores, ¶ Gostaria de agradecer o envio da revista, que consideremos interessante por se tratar primeiramente de uma instituição privada, e depois os assuntos de ensino, que quase sempre não são veiculados por revistas comercializadas. Desde de já, gostaria também de dizer que temos interesse em fazer intercâmbio com a UNITRI, no sentido de promover oficinas, workshop e outra atividade de extensão, com os nossos alunos. ¶ Somos uma escola muito jovem, estamos no 3º semestre, e caso possamos em outra oportunidade conversar sobre a proposta estarei a inteira disposição. Augusto N B Capibaribe coordenador fauinta sobral/ce
¶ Prezados Senhores, ¶ Recebemos e agradecemos a doação das Revistas AUP! feitas a esta biblioteca, as mesmas serão de extrema importância para o enriquecimento do acervo e aprimoramento dos segmentos discentes e docentes dessa instituição. Aproveitamos a oportunidade para consignar nossos agradecimentos de consideração e apreço. biblioteca reitor joão herculino
PARTICIPE! revistaaup@gmail.com
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mosaico
Quando me inscrevi no Programa
e a do desencantamento e a última, de não
vou viajar bastante e conhecer lugares que
Ciências sem Fronteiras não imaginava a
querer voltar pro Brasil. Quando entrei na
sempre sonhei, porque para uma arquiteta
experiência pessoal que teria. É tão surreal
segunda fase liguei chorando para a profes-
a prática também é muito importante. An-
que, depois de quatro meses em Paris, ainda
sora Clotilde e desabafei todos os “proble-
tes de começarem as aulas fui a Barcelona e
não me acostumei. São tantos lugares para
mas” que tive depois que cheguei. O choque
conheci as grandes obras de Gaudí - Sagrada
visitar, pessoas para conhecer e tanta teoria
cultural é inesperado e chega como um fu-
Família, a Casa Batiló, Casa Milà e o Parque
nas aulas para absorver que quando chego
racão em sua vida, e até então eu não tinha
Güell. Foi um final de semana de iluminação
em casa estou exausta. Quando falo “casa”
experiência nenhuma. Hoje consigo perceber
para novas ideias Gaudí é único, irreverente
me lembro dos apuros que passei para con-
que cada raiva, má resposta, indelicadeza ou
e visionário. No próximo feriado, em novem-
segui-la. O programa é espetacular, mas
perda de tempo que tive com documentos e
bro, irei em Amsterdã e, nas férias, farei um
ainda tem muitas falhas, o que para pes-
burocracia me tornou mais forte e prepara-
pequeno tour pela Europa.
soas que nunca saíram do país se tornam
da para novos problemas. Acredito que este
um obstáculo. Existe uma falta de comuni-
ano será um divisor de águas na minha vida
rios problemas e revoltas, mas espero car-
cação gigante entre os órgãos brasileiros e
e gostaria que todos tivessem essa visão.
regar todos os fatos como um aprendizado
as universidades francesas, a burocracia é
No decorrer destes quatro meses
para mim e todos que estarão a minha vol-
incomum e os franceses não são tão acolhe-
de intercâmbio, escutei várias críticas sobre
ta. Porque não é fácil entender que existem
dores quanto os brasileiros. Características
alunos do Ciências que vem para Europa e fa-
pessoas no mundo que são simplesmente
estas que no início de outubro me fizeram
zem um “Turismo sem Fronteias” e não vão
diferentes de você, com outra cultura, outra
questionar: “Meu Deus... Por que estou
as aulas, mas na minha Universidade a rea-
criação e valores. É o mundo é bem maior
aqui?!?”.
lidade é diferente. Tenho uma carga horária
do que eu imaginava, e isso me deixa cada
Existem várias fases dentro de um
bem pesada e todas as aulas são de extrema
dia ainda mais entusiasmada com a procura
intercâmbio: a do entusiasmo, a da revolta
importância. Mas acredito que nos feriados
do conhecimento. carolina de souza
8
Eu sei que ainda passarei por vá-
Depois de muito tempo esperando
Fora o lado turísticos e as novas
respostas e trabalhando com uma enorme
relações interpessoais, a vida aqui também
quantidade de papéis e documentos, aqui
tem seus problemas. Assim como o Brasil,
estou eu, no país e na cidade na qual eu
a França tem muita burocracia, o que é um
gostaria de fazer meu intercâmbio, Lille, na
saco. A Europa não é isso tudo que a gente
França. Após a chegada, e passado o tempo
pensa e o Brasil não é assim tão ruim quan-
de deslumbramento com tudo aqui, a reali-
to a gente imagina. É apenas um país que
dade foi mandando e a ficha começou a cair.
está em desenvolvimento e que precisa de
Além da mudança drástica de temperatura e
pessoas com experiências como estas que
fusos horários, o choque cultural se fez pre-
estamos passando para tentar fazê-lo um
sente e nos obrigou a nos adaptar com uma
lugar melhor. Vou aproveitando as boas ex-
nova forma de ver a vida fora de casa. Obvia-
periências e evitando repetir os erros come-
mente nem tudo são flores e houveram al-
tidos anteriormente aqui.
gumas coisas às quais foi difícil me adaptar,
mas, é claro, com o tempo tudo se ajeita.
gagem acadêmica, nos faz aprender de uma
Os estudos aqui até agora foram
forma ou de outra a nós virar, e a saber o
ótimos, levando em consideração que eu
quão precioso é nosso país. Por isso, temos
só fiz o curso de aperfeiçoamento da língua
que aproveitar todas as experiências possí-
francesa. Minhas aulas ainda demoram um
veis aqui: para compartilhar com os amigos
pouquinho para começar. Enquanto espero,
aí e, assim, construir um país melhor e com
fui aproveitar o verão e o que havia sobrado
mais qualidade de vida! matheus pires
O programa, além da grande ba-
do dinheiro da bolsa que ganhamos.
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mosaico
O lançamento da edição #0 da Revista AUP! foi realizado no dia 10 de julho em um coquetel na Casa da Cultura. Nosso Conselho Editorial recebeu, além dos alunos e professores envolvidos no projeto, a Coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo Doralice Nóbrega, o Vice-Reitor José Maria Mina, professores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e arquitetos de vários escritórios da região. O evento contou com grandes parceiros, dentre os quais destacamos: a Diretora da Casa da Cultura, Iara Helena Guimarães, que ajudou a conseguir o espaço, o Palácio de Cristal que nos presenteou com o buffet, e a banda Doctor Love que animou a noite com clássicos do rock. fotos Isabella Peixoto (Royale Comunicação) 10
11
mosaico XI CONGRESSO INTERNA-
Clayton França Carili com a orientação da
nos orientados fazem parte de projetos de
CIONAL DE REABILITAÇÃO
Profª. Dra. Marília Maria Brasileiro Teixeira
extensão aprovados pelo Centro Universi-
Vale intitulado “As estações ferroviárias na
tário do Triângulo (UNITRI) e contam com o
região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba:
apoio da Fundação de Amparo para Pesqui-
desafios e perspectivas”.
sa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).
O próximo congresso será em Marrocos.
DO
PATRIMÔNIO
ARQUI-
TETÔNICO E EDIFICADO
Foram apresentados também mais
dois artigos orientados pelo prof. Clayton
O XI Congresso Internacional de
França Carili, estes com os alunos da ini-
Reabilitação do Patrimônio Arquitetônico e
ciação científica. O primeiro com os alunos
Edificado foi realizado em Bauru/SP, de 21
Carolina de Souza Beserra, Rumayana Jun-
a 24 de outubro. Nos três dias de evento, fo-
queira e Rogério Ribeiro de Sant´ana, inti-
ram apresentadas 220 comunicações – ar-
tulado “A Ferrovia no Triângulo Mineiro e
tigos com a participação de pesquisadores,
suas Interfaces – patrimônio, preservação
professores, alunos de diversas partes do
e restauro: Companhia Mogiana de Estrada
país, da América Latina, Portugal, Espanha e
de Ferro, Estrada de Ferro Goiás, Estrada de
Itália. Participamos das mesas dos debates
Ferro Oeste de Minas”, e o segundo com a
Patrimônio dos Transportes, com os artigos
aluna Luciana Libânio com o tema Gestão
referentes às estações ferroviárias do Tri-
e Preservação do Patrimônio Cultural inti-
ângulo Mineiro e Alto Paranaíba, e apresen-
tulado “O patrimônio cultural de Estrela do
tamos um artigo em conjunto com o Prof.
Sul/MG: desafios e perspectivas”. Os alu-
C E N T E N Á R I O D E L I N A B O BAR D I
ta, entre os dias 7 de novembro e 5 de dezembro. O evento teve a
Em comemoração ao centenário da arquiteta Lina Bo Bardi em Uber-
colaboradores da arquiteta Lina Bo Bardi, entre outros convidados. O
lândia/MG aconteceu o evento “Lina Bo Bardi e o Triângulo Mineiro”
evento foi promovido pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
na Igreja Divino Espirito Santo do Cerrado, obra singular da arquite-
através da Faculdade de Arquitetura, Urbanismo e Design (FAUeD).
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participação dos arquitetos André Vainer e Marcelo Ferraz, ambos
ções do terreno, sendo três à direita e dois à esquerda deste eixo. Eles se conectam por passarelas, permitindo a passagem de moradores e convidados entre os mesmos.
Dentre os equipamentos urbanos
disponíveis para a utilização dos moradores do conjunto e a população local, estão: quadra poliesportiva, quadras de peteca, academia ao ar livre, pistas de skate, playground e bicicletários. poder público para viabilizar a aplicação do
conjunto habitacional e em troca, recebe ao
tos em mais de um patamar, nesses casos, o
final das obras uma parte das unidades imo-
pavimento térreo é feito sobre pilotis, crian-
concentrado em uma região já habitada da
biliárias já edificadas.
do variações entre volumes construídos e
cidade, o terreno escolhido deveria se inte-
São 180 unidades habitacionais
vãos abertos, quebrando com a monotonia
grar ao contexto local como um instrumento
distribuídas em cinco edifícios residenciais,
espacial, além de prover espaços de sombra
de conexão entre os espaços, as pessoas e
dois edifícios de uso misto (comércio, servi-
para o conforto dos transeuntes.
os usos.
conexões
Por se tratar de um vazio urbano
Alguns dos prédios estão dispos-
ços e residências) e uma creche que atende-
Uma das principais vantagens do
ria não apenas aos moradores do conjunto,
dispostos linearmente na fachada norte, que
terreno de aproximadamente 3 ha é a sua
mas também à população local. A implanta-
é voltada para a Av. João Naves de Ávila, e
alta conectividade, possuindo opções de fácil
ção contaria com um total de 180 vagas de
são alimentados por acessos laterais com
acesso à região central (Av. João Naves de
estacionamento em quatro bolsões abertos,
função de carga e descarga. Esses prédios,
Ávila) e opções próximas de escola, facul-
pensados de forma a exteriorizar o acesso
que são formados por duas lâminas linea-
dade e hospital (estando a escola de ensi-
de veículos, priorizando no interior do con-
res, possuem um total de quatro pavimen-
no fundamental a menos de 100 metros e
junto o fluxo de pedestres. Para facilitar o
tos, sendo o térreo para uso comercial (oito
o hospital e faculdade a aproximadamente
acesso ao conjunto, foi sugerida a criação de
lojas), o primeiro pavimento para uso de ser-
1 km); destaca-se ainda a facilidade da im-
uma via no limite oeste da implantação.
viços e os demais andares de uso restrita-
plantação do conjunto, se tratando de uma
O terreno possui um caminho cen-
mente residencial. A área residencial conta
área que já possui infraestrutura urbana
tral que conecta as fachadas norte e sul for-
com um acesso exclusivo, evitando que os
pronta, sem a necessidade de intervenções
necendo um espaço amplo repleto de mobi-
moradores necessitem transitar pelas lojas.
urbanísticas de custo elevado.
liários e canteiros, e funciona como um eixo
Os dois prédios de uso misto estão
Dos cinco prédios de uso exclusi-
O projeto parte do princípio da
de ramificação por onde partem outros ca-
vamente residencial, três possuem terra-
utilização do Consórcio Imobiliário como
minhos que permitem a conexão entre todos
ços-jardim com pergolados que conferem
um instrumento de intervenção urbanísti-
os elementos dispostos na implantação. Os
sombra para os mobiliários ali dispostos e
ca, previsto pelo estatuto da cidade, onde o
prédios de uso exclusivamente residencial
caminhos pelos quais os moradores podem
proprietário do terreno transfere o imóvel ao
se dispõem de forma irregular nas duas por-
socializar e aproveitar a vista.
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mosaico
14
Orientados pelos professores Adaílson Pinheiro Mesquita e Ana Flávia de Castro, o projeto foi desenvolvido para o 7º concurso CBCA – para estudantes de Arquitetura pelos alunos Douglas Pinheiro, Marcelo Lara, Túlio Magalhães e Moisés Beserra.
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Arquiteto e Urbanista formado pela Faculdade de Ar-
quitetura e Urbanismo Mackenzie em 2006, Felipe Abbud, trabalha atualmente no escritório de arquitetura paisagística Benedito Abbud. Sua entrada no escritório se deu no mesmo ano em que se formou, sendo que seu interesse pela área começou ainda no começo da faculdade, com o desenvolvimento de projetos com um viés do paisagismo e da preocupação ambiental: projetos de loteamentos, planos urbanos e novos bairros.
“No início desenvolvíamos somente a parte ligada à vege-
tação dessas áreas, mas com o tempo começaram a surgir trabalhos em que desenvolvíamos o desenho urbano, o traçado de ruas, hierarquia de sistema viário, tamanho, tipologia dos lotes, definição das áreas de doação...”, conta o arquiteto.
Partindo sempre de uma análise da geografia local, Felipe
identifica os pontos de interesse ligados a questões ambientais, como matas existentes, áreas de preservação permanentes, rios, lagos ou mesmo visuais que devem ser mantidos. “Buscamos tirar partido das paisagens existentes de forma a criar projetos mais sustentáveis, menos custosos e com uma proposta mais integrada à natureza. Hoje temos uma proposta muito clara em relação a projetos urbanísticos que exigem cuidados ambientais, culturais e sociais, levando em conta o local e a população que ocupará essas áreas.”, afirma. qual a visão do arquiteto paisagista que o diferencia dos demais profissionais envolvidos em projetos de natureza pública, tais como parques e praças? Creio que o que difere o arquiteto paisagista dos demais profissionais é sua capacidade de projetar e pensar espaços abertos, vazios, que dialogam e se opõe muitas vezes à arquitetura. Isso é facilmente percebido quando imaginamos uma praça com uma construção. Se no edifício o arquiteto utiliza de paredes, lajes e forros para conformar o espaço, na área externa o paisagista utiliza a vegetação, os pisos e seus desníveis, e a luz, propondo espaços mais ou menos iluminados. Praças, parques e as próprias calçadas, são os “vazios” da cidade, áreas livres de edificações que merecem o tratamento adequado. Esses espaços públicos proporcionam encontros, lazer e diversas relações sociais fundamentais à vida na cidade. 17
como é a profissão e o que um
no aspecto projetual, as tipolo-
como o paisagista se insere no
paisagista deve ter como meta em
gias adotadas no escritório são
processo de projeto levando em
sua formação acadêmica para se
divididas em várias escalas dis-
consideração
especializar na área? No Brasil não
tintas? Sim, na verdade dividimos as es-
gias
existem cursos de graduação especializados
calas de projetos pois temos trabalhos que
softwares muito interessantes que auxiliam
em arquitetura paisagística, porém o paisa-
vão desde a escala macro como: consultoria
em decisões projetuais. Usamos desde o
gismo é matéria obrigatória nas faculdades
da paisagem para planos metropolitanos,
Google Earth, para localizar e compreender
de Arquitetura e Urbanismo, em alguns ca-
envolvendo diversos municípios, passando
melhor o terreno, e o Civil 3D para elabora-
sos sendo parte da cadeira de projeto, em
por cidades, bairros, loteamentos, parques,
ção de mapas de declividade, etc., passando
outros da de planejamento. A especialização
praças, áreas industriais e logística, além de
por softwares BIM, como o Autodesk Vasari,
em paisagismo se dá através de cursos de
empreendimentos comerciais e residências.
usado para analisar ventos e diagramas de
pós-graduação, bem como em instituições
Esses trabalhos necessitam de abordagens
insolação. Atualmente estamos testando
de ensino que oferecem ótimos cursos com-
diferentes, principalmente em relação à le-
o Autodesk Infraworks, que pretende levar
plementares. Uma possibilidade é fazer al-
gislação. Porém, todos os trabalhos do es-
a tecnologia BIM para o desenho urbano.
gumas disciplinas de Botânica nas faculda-
critório são elaborados em equipe e contam
Usamos também softwares desenvolvidos
des de Biologia, ou mesmo complementos
com diversos arquitetos no decorrer de seu
exclusivamente para o escritório para es-
em Agronomia e Engenharia Ambiental.
desenvolvimento.
pecificação de vegetação. Acredito que toda
de
as
novas
tecnolo-
computador? Hoje existem
e qualquer ferramenta que possa ajudar o paisagista no processo projetual é válida. Aliando essas ferramentas ao conhecimento e experiência, podemos prever melhor o resultado final em obra. com relação ao trabalho de projeto de paisagismo, qual a importância e que momento é ideal para se pensar no paisagismo? O momento ideal sempre é no começo do projeto arquitetônico. Atualmente trabalhamos em conjunto com a arquitetura para gerarmos espaços externos com mais qualidade. Hoje é muito comum sugerirmos alterações na arquitetura, seja em residências, edifícios ou em bairros, buscando sempre uma melhoria na implantação. Como os projetos são desenvolvidos por times compostos por diversos profissionais, esse processo vem mudando, se tornando cada vez mais colaborativo. Existe no Brasil um mito de que o arquiteto é um gênio, que elabora sozinho, de maneira simplista, com alguns traços, projetos incríveis. Temos realmente arquitetos geniais: Oscar Niemeyer, Paulo Mendes da Rocha... Porém não podemos esquecer que um projeto geralmente é fruto do trabalho de dezenas de pessoas. como você vê o mercado para arquitetura
paisagística
hoje
no
Brasil? Creio que é um mercado em expansão, levando em consideração o número de novas obras, o aumento da consciência ambiental e uma preocupação com o verde. Em cidades cada vez mais áridas, as áreas 18
verdes estão se tornando mais importantes para a população, sejam parques e praças ou até pequenos canteiros. Creio que a arquite-
PARQUE GLOBAL 218.000 m² são paulo-sp. lançado em 2014, em obra
tura paisagística seja uma profissão do fu-
arquitetura Arquitetônica e MCAA
turo, dada a crescente importância do tema
paisagismo Enea e Benedito Abbud
nas últimas décadas. Desenvolvido em parceria com o escritório como você vê o crescimento das
de paisagismo Enea, contém edifícios resi-
cidades hoje em relação aos pro-
denciais de uso misto e shopping center
blemas
ambientais?
Acredito que a
maioria dos problemas ambientais que exis-
www.parqueglobal.com.br
tem hoje nas cidades brasileiras são fruto de uma falta de planejamento adequado. No Brasil é muito comum vermos planos e estratégias urbanas, com um caráter “corretivo”, que buscam “consertar” os problemas existentes. Porém é difícil encontrar estratégias para evitar que problemas possam existir, principalmente no que se refere às questões ambientais: áreas verdes, condições climáticas, manutenção dos mananciais e recursos hídricos, itens vitais para uma boa qualidade urbana. Fale um pouco sobre a visão dos problemas e soluções para as cidades
hoje. Acredito fortemente que
ideias simples e baratas podem resolver problemas extremamente complexos. Em Bogotá, o sistema de ciclovias e ciclofaixas mudou a mobilidade da cidade muito rapidamente, com investimentos relativamente baixos. São Paulo tem um programa de ciclofaixas intermitentes, feito em parceria com o poder privado, que faz com que o serviço exista sem ônus para o município. Existem também as faixas de ônibus que melhoraram a velocidade do transporte público na cidade. Acredito também que a área verde tem um papel fundamental na resolução de problemas urbanos atuais. Desenvolvemos inúmeros projetos de parques praças e calçadas que tem como foco a questão das águas. Parques com bacias de amortecimento que evitam enchentes, mais baratos e com menor manutenção que os piscinões. Pisos de concreto permeáveis, que permitem que a agua infiltre no solo e não acumule nos baixios. Se implantarmos ações coordenadas pontuais, teremos cidades mais inteligentes e um aumento considerável na qualidade de vida, a um preço baixo que pode estar ao alcance de todos os municípios.
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ILHA PURA 755.000 m²
rio de janeiro-rj. lançado em 2014, em obra
paisagismo Burle Marx e Benedito Abbud
Ilha Pura é um bairro ou uma nova minicidade com 31 prédios feita para abrigar a vila dos atletas nas olimpíadas de 2016. Posteriormente, os edifícios serão usados como edifícios residenciais. Projeto onde desenvolvemos o paisagismo de todo o bairro e de alguns condomínios. Tem como centro um parque projetado pelo escritório do Burle Marx www.ilhapura.com.br/meu-lugar
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BRASCAN CENTURY PLAZA são paulo-sp. finalizado em 2006
Projeto extremamente icônico para o escritório onde os espaços privados tem caráter público, conformando uma praça com uso intenso durante o dia e a noite. Um grande exemplo de transformação urbana
21
hélio
ferreira
vaz
filho
arquiteto urbanista, professor especialista do centro universitário do triângulo (unitri) e paisagista
As observações das qualidades
sagismo, é preciso se servir de uma gama de
apresentar alguns aspectos que considero
morfológicas são de grande importância na
possibilidades formais que serão extraídas
relevantes no processo de projeto de paisa-
construção do projeto, porém não podemos
das plantas que definirão o espaço. Esses
gismo e ressaltar uma visão particularizada
deixar de complementar as características
tipos de volumes característicos das plantas
pela experiência docente, apontando ques-
posteriores à forma, tais como, a textura, o
podem ser divididos em grupos que se as-
tões que podem abrir uma discussão sobre
cheiro, o movimento, a cor, etc. Na discussão
semelham, conforme seu contorno ou forma
a importância do projeto de paisagismo sob
sobre o projeto, a definição da volumetria
da massa vegetal; facilitando, assim, o pro-
a perspectiva da volumetria da vegetação.
vegetal é o princípio de configuração espa-
cesso de construção gradativo do projeto.
O texto a seguir tem a intenção de
algumas
cial, e prescinde de ser complementada com
Esclarecendo que a massa vegetal deve ser
condições estabelecidas pelo paisagista na
qualidades da forma que comporá o projeto
entendida como seu volume característico.
construção da arquitetura da paisagem com
de paisagismo, e tem o objetivo de garantir
os volumes da vegetação dispostos ao longo
um número maior de qualidades percebidas
ços delimitados no projeto devem se consti-
de um percurso, para melhor entendimento
na composição das massas vegetais. Como
tuir como na edificação, com a configuração
dos espaços criados ao longo dos caminhos.
na arquitetura do edifício, a definição dos es-
de seus contornos, exatamente como defini-
Como F. Ching (2002) define, a forma é a
paços é dada pelas paredes que são maciços
mos uma sala por suas paredes limítrofes.
primeira manifestação da arquitetura e se
ou espaços que serão preenchidos por tijo-
Portanto, quando falamos de projeto, pode-
apresenta inicialmente na superfície exte-
los, e pelos espaços vazios promovidos por
mos entender como Roberto Burle Marx que
rior do objeto, definindo seu contorno que é
elas, fazendo um jogo de vazios e cheios; no
paisagismo é a adequação das condições do
apreendido pelo desenho ou linha que define
paisagismo deve ocorrer o mesmo entendi-
meio ambiente às necessidades humanas, e
exatamente sua configuração.
mento de cheios e vazios como se a vege-
se utilizar de espécies vegetais com o enten-
Pretende-se
enfatizar
É importante lembrar que os espa-
Ainda em sua aparência exterior, a
tação fossem paredes, a copa das árvores
dimento das condicionantes do lugar, as ca-
forma pode ser definida por suas superfícies,
fosse o teto e a grama fosse o piso. Não de-
racterísticas da espécie à condição desejada.
que se apresentam em planos limítrofes de
vemos cair na armadilha de entender a ve-
seu interior sendo apreendido pelo pintor
getação como o elemento que embeleza, ou
os espaços em que o homem deseja ou ne-
que não retrata o contorno e, sim, as mas-
“povoa” os espaços como seres que ocupam
cessita de um projeto de paisagismo já so-
sas. Pintando, o artista define, sobretudo, as
o espaço livre, e sim entender a vegetação
freram maior ou menor grau de transforma-
superfícies através da qualidade da luz que
como um material de construção ou configu-
ção da sua condição natural, por inúmeros
incide nas superfícies dando à forma a capa-
ração dos espaços livres de edificações. Para
fatores globais ou locais, no passado ou atu-
cidade de se manifestar.
elaborar espaços ou “criar” espaços no pai-
almente. Resumindo ainda mais os espa-
Na atualidade, consideramos que
ços habitáveis a espaços urbanos inchados, isentos de vegetação, as cidades exercem uma enorme pressão em suas áreas livres de edificação, influenciadas pelo pensamento do lucro sobre as áreas possíveis de serem construídas. Os lotes da área urbana se tornam cada vez mais pavimentados e sem vegetação, ou com algumas espécies resumidas a pequenos canteiros ou vasos que “embelezam” o ambiente. 22
O que o projeto de paisagismo deve
ferencia da anterior. A maneira como perce-
considerar, conforme Benedito Abbud (2006)
bemos a realidade pode-se comparar como
tados com a mesma relevância dos espaços
esclarece, é que a condição do ser humano
um filme que se desenvolve à medida que
construídos pela arquitetura. Portanto, os
no espaço é uma relação de troca entre o es-
andamos e temos a compreensão dos volu-
espaços livres de edificação podem e devem
paço e homem, sendo que o espaço estabe-
mes se apresentando como uma sucessão
se tornar a nossa referência com o mundo
lece um estímulo e tem como resposta uma
de imagens significativas da realidade.
exterior e com a natureza, sendo o lugar ide-
sensação, é assim que percebemos os espa-
Na atualidade, a condição de mo-
al para percebermos que a condição humana
ços. É essa sensação de conformidade com
rar torna-se cada vez mais cheia de tarefas
está mais próxima ao ambiente natural do
parâmetros de agradabilidade, grande ou
cotidianas, que necessitam de espaços de
que do ambiente construído. Precisamos do
pequeno, bonito ou feio, harmonioso ou não,
multiuso, com equipamentos específicos,
contado direto com a natureza, pois do con-
que entendemos a noção de um bom proje-
que enchem os interiores de nossas casas
trário estaríamos nos aproximando do ideal
to. Ainda deve configurar os espaços com a
cada vez menores em suas dimensões pro-
de uma cela de prisão.
justa dimensão a que se propõem, ou seja,
porcionais a custos possíveis. Preparados
se é um espaço coletivo, suas dimensões
para várias atividades, os espaços interiores
alizar um projeto que resgate a dimensão
devem ser proporcionais a esse uso. Sendo
das moradias necessitam do complemento
humana e que transforme os espaços de
individual ou mais íntimo, deve o espaço ser
do espaço exterior para respirar ar puro, ver
projeto para estabelecer a condição mínima
configurado pela vegetação como tal, e ainda
o céu, o sol e o verde tão necessário ao rela-
possível de existência em nosso planeta.
tratar da relação entre o pequeno e o grande
xamento proporcionado pela vegetação.
Também ao paisagista recai o compromis-
espaço, devendo ser percebido na passagem
Ocorre que o problema da falta de
so da educação ambiental, a informação e
de um para o outro. O projeto que respon-
espaços verdes, com qualidades naturais da
o exemplo aos usuários de que tipo de am-
de a um número de expectativas ou dá um
vegetação é relevado a um segundo plano ou
biente se deseja. Ao projetar devemos escla-
maior número de respostas a questões que
não prioritário para se morar. Para se mo-
recer certos conhecimentos sobre a questão
devem ser resolvidas na tarefa de projetar,
rar, primeiro é preciso a casa, a edificação
do paisagismo, que o projeto pode ir muito
pode ser considerado um bom projeto mas,
na qualidade de espaços que dão condições
além do jardim para ser admirado, que pode
sobretudo, o bom projeto deve guardar a di-
de habitabilidade ao ser humano, comparti-
ainda ser vivenciado pelo usuário e que dá
mensão do ser humano, deve lembrar sem-
mentada e construída cada vez mais defi-
suporte a atividades semelhantes aos am-
pre a ligação que temos com a natureza e
nindo afazeres que necessitam de espaços
bientes internos da casa.
que precisamos da proximidade dela.
exclusivos para melhor desempenho das
Os espaços livres devem ser proje-
Ao paisagista cabe a tarefa de re-
Com ferramentas de desenho cada
No projeto, a paisagem terá a mes-
atividades e esquecendo-se que o exterior
vez mais sofisticadas, o paisagismo pode
ma dinâmica de um filme, como uma cons-
da habitação se estabelece como casa tam-
ser entendido como uma parte necessária
trução que se apresenta diante de nossos
bém. Não devemos entender os afastamen-
ao cotidiano da casa, o projetista se vale de
olhos, segundo Jacques Lenhardt, com a
tos das construções e os seus quintais como
recursos tecnológicos que antecipam a reali-
intenção de um cineasta, e que o paisagis-
outras áreas que “sobraram” resultantes da
dade pretendida ou o projeto. Cabe ao arqui-
ta deve considerar o movimento do usuário
implantação da arquitetura, afinal de contas
teto paisagista definir qual o tipo de paisa-
no deslocamento pelos espaços do jardim, e
o quintal também é minha casa, assim como
gem estamos desenhando para o futuro.
se movimentando, a paisagem que se revela
no urbanismo as “sobras” das quadras aca-
diante de seus olhos a cada instante se di-
bam virando “pracinhas”.
23
maria
eliza
guerra
arquite-
ta urbanista e professora doutora da faculdade de arquitetura, urbanismo sidade
e
design
federal
de
da
univer-
uberlândia
O presente artigo propõe-se a
radora de Peixoto, UHE e vila operadora de
aos núcleos urbanos, quando existentes. No
relatar parte da pesquisa desenvolvida na
Estreito, UHE de Porto Colômbia e vila re-
caso das hidrelétricas implantadas nas ba-
Tese de Doutorado na qual foram inves-
sidencial de Planura, UHE de Marimbondo
cias do rio Grande e rio Paranaíba, à época
tigadas dez vilas operadoras2 e uma cida-
e vila residencial de Fronteira e vila opera-
com baixa densidade, significou uma contri-
de, construídas a partir da implantação de
dora de Icém e vila residencial de Itumbiara.
buição para uma nova configuração regio-
usinas hidrelétricas/UHE nas bacias do
O objetivo é demonstrar a impor-
nal, com vilas, que atualmente são cidades
Rio Grande e Paranaíba pela Empresa Fur-
tância do ideário paisagístico moderno pre-
sedes de municípios. Chacel, foi discípulo
nas Centrais Elétricas ao longo de trinta
sente nas vilas operadoras de Furnas por
do paisagista Roberto Burle Marx, tendo in-
anos. Tema importante e pertinente, por
suas peculiaridades paisagísticas, em um
clusive iniciado sua carreira profissional em
abordar de forma inédita, a urbanização
contexto em que, a construção de Brasília
seu escritório. Conduziu sua atuação pauta-
da região do Triângulo Mineiro, através da
impulsionou projetos de grande escala nas
do, nos mesmos princípios de intervenção
construção de vilas operadoras, e destacar
cidades brasileiras, e a necessidade de ener-
na paisagem, preconizado por Burle Marx.
a atuação do arquiteto paisagista na cons-
gia elétrica priorizou as grandes obras de
trução de um campo de conhecimento e
hidrelétricas para atender as necessidades
desenvolvidos pelo botânico Luiz Emygdio
práxis, como é o caso de Fernando Chacel.
da nova capital e o desenvolvimento indus-
de Mello Filho que propunha a necessida-
trial que se consolidava no sudeste do Brasil.
de de recriar a paisagem voltada para os
das vilas foram apresentadas em três
A implantação dessas vilas tinha
ecossistemas com sua valorização e con-
momentos: concepção (planos, projetos
como finalidade viabilizar a construção de
servação ou “ecogênese: reinterpretação
e construções), realização (obra cons-
usinas hidrelétricas em locais desprovidos
cultural dos elementos da paisagem, ba-
truída) e utilização (atual, por meio de
de cidades e que, ao longo desse processo
seada prioritariamente nas características
suas características socioespaciais), e
evoluiu para um planejamento integrado
ecológicas e ambientais do ecossistema
1
As reflexões sobre a trajetória
se comparativa, análise urbana e visual.
Neste recorte consideramos as
vilas pesquisadas, que tiveram um planejamento multidisciplinar para a paisagem construída, tendo como responsável o arquiteto paisagista Fernando Chacel (1931/2011), profissional com reconhecida atuação na área de paisagismo ecológico, juntamente com o botânico Luiz Emygdio de Mello Filho e Almir Machado, que elaboraram entre 1963/76 o tratamento paisagístico e recuperação vegetacional em projetos completos ou parciais para diversos empreendimentos de Furnas centrais Elétricas. Destacam-se: a UHE e vila operadora de Furnas, UHE e vila ope24
figura 1 Usina Hidrelétrica de Furnas (1963): recupera-
histórica com procedimentos de análi-
ção e paisagismo do entorno fonte Guerra, M.E.A, 2008
foi baseada em métodos de abordagem
Os estudos de vegetação urbana
antes existentes”. (FARAH, I., SCHLEE, M.,
outros profissionais, como o botânico Luiz
apertados e muitas obras. Era necessário
TARDIN, T., 2010 p.69) também foram refe-
Emydio de Mello Filho, os arquitetos paisa-
que os profissionais atuantes nas obras
renciais em sua atuação, tendo trabalhado
gistas Almir de Lima Machado e Nina Maria
estivessem conscientes da importância
em conjunto com Mello Filho ao longo de
Jamra Tsukumo, o geógrafo Aziz Ab’ Saber,
da área ambiental, fato que nem sempre
décadas, conforme citado anteriormente.
o arquiteto Ary dos Santos Costa, o enge-
ocorria e tudo dependia da sensibilida-
Para Chacel o objetivo principal
nheiro agrônomo Walter Araújo, o engenhei-
de de quem respondia pela empreitada.
deve ser “recriar” os ecossistemas destru-
ro florestal Luiz Carlos Biela, entre outros.
ídos da paisagem natural atingida. “A Eco-
Inicialmente, o trabalho do pai-
ídas as usinas hidrelétricas e respectivas
gênese, deve ser entendida como uma ação
sagista, que era visto como de pequena
vilas residenciais de Maribondo, Porto Co-
antrópica e parte integrante de uma paisa-
abrangência pelas administrações e en-
lômbia, Itaipu e, também, Usina Nuclear de
gem cultural que utiliza, para recuperação
genheiros de obra, foi limitada a uma atu-
Angra dos Reis e sua vila residencial em
dos seus componentes bióticos, associa-
ação pontual e localizada, como na UHE
Praia Brava, desconsiderando a topogra-
ções e indivíduos próprios que compunham
Furnas, cujo projeto compreendia ape-
fia e a vegetação local. Por outro lado, em
os ecossistemas originais” (CHACEL, 2001,
nas a área próxima à casa de força, a ilha
Porto Colômbia, houve uma preocupação
p.23). Entendia que alguns procedimentos
de pedra, o mirante e a casa de visitas.
dos engenheiros da obra, com a vegetação
proporcionam situações paisagísticas capa-
Ainda no ano de 1963 atuou, nes-
existente ao defenderam a manutenção do
zes de compensar os inevitáveis impactos
te contexto pontual e localizado, no entor-
cerrado o quanto possível, nas cabeceiras da
de qualquer projeto de desenvolvimento.
no da UHE Peixoto que ainda pertencia a
barragem e na vila residencial de Planura.
Naquela década foram constru-
O texto a seguir, é uma transcrição
Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL).
livre da entrevista com Fernando Chacel,
Sendo que, nesta mesma época, foi con-
escritórios de arquitetura de empresas,
quando o paisagista conversou com a autora
vidado pela empresa Furnas a desenvol-
como Furnas e CESP, ou da iniciativa pri-
sobre os procedimentos que utilizou ao longo
ver um projeto amplo que incluía além
vada mais elaboraram projetos. Tinham
dos anos de atuação profissional em Furnas.
da UHE de Estreito, a sua vila residencial.
total liberdade de propor novas concepções
urbanísticas
A preocupação de tratar, paisa-
Na vila de Estreito foi responsável
Foi na década de 1970, que os
ou
arquitetônicas,
incluin-
gisticamente, as grandes obras do setor
por todo o tratamento paisagístico, desen-
do novos usos de materiais de construção,
energético no Brasil era pouco usual e repre-
volveu um projeto abrangente, pois, além da
mas não tinham a garantia de execução
sentava uma atitude inovadora. Em relação
recuperação do entorno da barragem, pôde
dos projetos, conforme propostos, pois as
à inclusão do paisagismo em hidrelétricas,
atuar em escala urbana em todo o núcleo,
empreiteiras, que, em muitos casos desen-
citou as iniciativas da CESP – Companhia
já que, como era usual, havia sido retirada
volviam os projetos executivos, ao mes-
toda a vegetação de cerrado. Chacel inseriu
mo tempo em que construíam, também
plantas nativas na arborização urbana, ou
tinham total liberdade de modificá-los e
seja, a vegetação do cerrado, que até então
implantá-los da forma que lhes conviesse.
não despertava grande interesse entre os
envolvidos nas obras de usinas. Hoje, pas-
terra nas áreas de intervenção consistia na
sados 33 anos desta implantação paisa-
retirada de toda a camada superficial, in-
gística, é perceptível a qualidade do projeto
cluindo a vegetação existente, e das cama-
implantado com a consolidação da paisagem
das mais profundas com a estocagem em um
e integração do ambiente como um todo.
mesmo ponto de “bota fora”. Posteriormente
A partir desses trabalhos elabora-
à execução “das obras de engenharia”, com a
dos para Furnas, Chacel viu seu trabalho re-
construção da usina propriamente dita, este
conhecido, quando representantes do Banco
estoque de terra retornava para a execução
Mundial elogiaram sua atuação, passando a
da barragem e rearranjo do entorno. Não
desenvolver trabalhos também para a CESP.
havia uma sistematização no processo de
Energética de São Paulo, que desde as primeiras obras oriundas de projetos básicos, desenvolvidas pelo escritório do engenheiro Ernest Robert Mange, incluíam em seus projetos de paisagismo, a atuação de profissionais consagrados na área, como o arquiteto paisagista Roberto Coelho Cardozo, Waldemar Cordeiro e Nina Maria Jamra Tsukumo.
O primeiro trabalho desenvolvi-
do para a empresa foi em 1963 à convite do engenheiro John Cotrim, com intervenções na UHE Furnas, em um contexto em que o “tratamento paisagístico das usinas hidrelétricas era compreendido como uma ação complementar de recuperação através de tamponamentos de lesões da paisagem, ocasionadas pela obra e implantação de cobertura vegetal de caráter ‘jardinístico’ com a finalidade de acabamento e enquadramento da barragem e seu entorno imediato”.
Como em todos os seus trabalhos
desenvolvidos em grande escala territorial, ou em grandes áreas, considerava fundamental uma equipe multidisciplinar. Em seus vários projetos atuou juntamente com
O processo de movimentação de
Na década de 1970, o discur-
rearranjo do solo, de plantio e manejo nes-
so era “desenvolvimento a qualquer pre-
tas áreas. Por isso, posteriormente, algumas
ço e segurança nacional”, com calendários
áreas apresentaram problemas conhecidos 25
figura 2 UHE Furnas (1963): mirante com tratamento paisagístico fonte Guerra, M.E.A, 2008 como erosões, voçorocas, áreas degrada-
A implantação de hortos em can-
tória profissional, sem dúvida um estímulo
das entre outros problemas ambientais.
teiros de obra, criação de viveiros e herbá-
aos profissionais interessados em atuar
Chacel considerava de grande im-
rios em ambientes apropriados em bordas
nesta área, constatamos a importância de
portância, para a mudança de processo de
de capoeiras e florestas remanescentes,
sua experiência em trabalhos paisagísticos
ensilagem de solos removidos durante as
coleta de espécies nativas, acompanhamen-
de grande escala, através da recuperação
obras, o trabalho em equipe liderado por Aziz
to do desenvolvimento de mudas em cres-
ambiental, tratamento paisagístico e ar-
Ab’Sáber, que segundo ele foi fundamental
cimento com seleção de plantas de rápido
borização com espécies nativas, que pro-
para a mudança de procedimento em áreas
crescimento para compor bosques plane-
porcionaram qualidade e ambiência urbana
de empréstimos de terra. Foi criado um ro-
jados, ligação entre fragmentos de matas e
peculiar, como se constata nas imagens
teiro metodológico que consistia principal-
readensamento de capoeiras são procedi-
que acompanham este artigo e que estão
mente na retirada em postas sucessivas da
mentos corriqueiros atualmente e de grande
presentes nas vilas operadoras/residen-
camada superficial rica em materiais orgâ-
valor ambiental. Na época, junto com Wal-
ciais, resultantes de sua atuação nas cida-
nicos que eram estocadas lateralmente às
ter Araújo idealizou e materializou esses
des de nossa região e destacadas no texto.
terras mais profundas em um sítio protegi-
canteiros, o que demonstra sua preocupa-
do para posterior aproveitamento nas ope-
ção ambiental com o replantio no futuro.
rações de cobertura e proteção do terreno.
Com esse procedimento, os ma-
ambiental mais ampla em relação às gran-
referências bibliográficas
teriais residuais, ricos em humos, esporos
des obras só se tornou uma prioridade a
¶ CHACEL, F. M. Paisagismo e Ecogênese. Rio de
de plantas, raízes cortadas, etc. ao serem
partir de 1986, mas em atuações isoladas
Janeiro, Editora Fraiha, 2001 ¶ GUERRA, Maria
reutilizados como última camada dos ater-
é possível perceber avanços importan-
Eliza A. Vilas Operadoras de Furnas nas Bacias
ros executados em patamares possibilitou
tes no sentido de mudanças em relação
dos rios Grande e Paranaíba – da concepção à atu-
a reintrodução de coberturas vegetais pro-
ao meio ambiente. Enquanto em Estrei-
alidade. Tese (Doutorado em Geografia), IG/UFU,
tetoras, proporcionando um adequado rea-
to foi retirada toda a vegetação de cerrado
Uberlândia, 2008 ¶ FARAH,I., SCHLEE,M., TAR-
feiçoamento paisagístico. O procedimento
para um posterior plantio, em Porto Co-
DIN,R. (org). Arquitetura Paisagística Contempo-
citado e as experiências de paisagismo eco-
lômbia a vegetação nativa foi mantida ou
rânea no Brasil, São Paulo, Editora Senac, 2010.
lógico em reservatórios, hoje, são considera-
utilizada
paisagismo.
TSUKUMO Nina Ma Jamra (coord.). Arqui-
dos exemplares para mudança de postura
Ao término da conversa com Fer-
tetura na CESP. São Paulo:CESP – Com-
em relação às obras de usinas hidrelétricas.
nando Chacel, e ao analisarmos sua traje-
Segundo Chacel, a preocupação
para
replantio
e
panhia
Energética
de
São
Paulo,
1994
1. Vilas Operadoras de Furnas nas Bacias dos rios Grande e Paranaíba – da concepção à atualidade (tese de doutorado em Geografia, IG/UFU 2008); 2. O termo vilas operadoras, no setor elétrico é utilizado exclusivamente para indicar a localização das residências
26
de
funcionários
com
atividade
técnicas
especializadas
e
administrativas
relacionadas
à
operação
de
usinas
hidrelétricas
cynthia
de
arquiteta
urbanista
sora
doutora
sitário
do
souza
do
santos
e
profes-
centro
triângulo
univer-
(unitri)
resumo Este artigo analisa a relação entre polí-
cado imobiliário e sociedade. Tais relações foram
produção do solo, com o advento da Lei Fe-
ticas urbanas e habitacionais e solo urbano. Ve-
brevemente focalizadas na cidade de Uberlândia,
deral Estatuto da Cidade que dispõe de ins-
rifica-se que a propriedade do solo interfere sig-
a partir da década de 50. Constatou-se que as
trumentos urbanísticos com características
nificativamente na produção pública do espaço
apropriações do solo pelas camadas dominantes
redistributivistas e regulatórias (no sentido
urbano. Destacam-se, nessa análise, as relações
comprometem a efetividade dessas políticas.
de controlar a valorização da terra e promover a socialização do uso do solo). Entretan-
estabelecidas entre Estado (poder público), merpalavras-chave Políticas Urbanas e Habitacionais; Solo Urbano; Propriedade Privada; Uberlândia
to, vários desses instrumentos passaram e ainda passam por um moroso processo de regulamentação e detalhamento nas câ-
1.1. introdução
A política urbana e habitacional
limitação, como, por exemplo: o mercado ca-
maras municipais para se evitar os desvios
pitalista da terra, os conflitos de interesses
de suas aplicações, protelando as ações
entre os agentes da produção do espaço ur-
efetivas de socialização do espaço urbano.
dependem do solo urbano para materializar
bano, as leis de uso e ocupação do solo que
Ademais, a lógica do mercado capitalista da
suas ações. Sustenta-se que a propriedade
reproduzem as desigualdades e abrem bre-
terra e da moradia sempre muda as regras
privada está em seus cernes, limitando-as.
cha para privilégios de uma parcela da so-
do jogo para tentar manter o domínio do ca-
Tal nível de relação entre o solo privado e
ciedade. Em conseqüência desses níveis de
pital. Mesmo porque, as cidades estão con-
tais políticas seria o limite fundamental de
relações entre o solo privado e tais políticas,
solidadas, as camadas dominantes detêm
suas eficácias e efetividades; daí o entendi-
tem-se a acumulação e a apropriação dos
a concentração das riquezas necessárias à
mento que a propriedade privada do solo se
recursos públicos pelas camadas dominan-
transformação dos espaços urbanos, ainda
constitui em questão nevrálgica. Além disso,
tes, a impotência do Estado e a segregação
precários, e à diminuição do problema habi-
existem outros níveis secundários de rela-
socioespacial.
tacional. Odiernamente, ainda constata-se
ções entre estas políticas e o solo urbano,
A partir dos anos 2000, observa-
a submissão do Estado às regras do merca-
decorrentes desse primeiro, que contribuí-
ram-se perspectivas positivas em relação à
do capitalista da terra e da moradia. Afirma
ram e contribuem para a perpetuação dessa
aplicação da legislação urbana para fins de
Maricato (1996):
A L E G I S L A Ç Ã O U R BANA N Ã O E M E R G I R Á S E N Ã O QUAN D O S E TO RN E N E C E S S Á R I A PARA A E S T RU T U RA Ç Ã O D O M E RCAD O I M O B I L I Á R I O U R BAN O, D E CO RT E CAP I TAL I S TA . O S C Ó D I G O S M U N I C I PA I S D E P O S T U RA S, E L A B O RAD O S N O F INAL D O S É C U LO PA S S AD O, T I V E RAM O C L ARO PAP E L D E S U B O RD INAR C E RTA S Á R E A S DA C I DAD E AO CAP I TAL I M O B I L I Á R I O, ACAR R E TAN D O A E X P U L S Ã O DA M A S S A T RA BAL H AD O RA P O B R E D O C E N T RO DA C I DAD E . A N OVA N O R M AT I V I DAD E
CON T R I B U I
PARA
A
O RD E NA Ç Ã O
DO
S O LO
DE
PART E
DA
C I DAD E ,
MAS
TAM -
B É M VA I CON T R I B U I R PARA A S E G R E GA Ç Ã O E S PAC I AL . A E S CA S S E Z AL I M E N TA A E X T RA Ç Ã O DA
R E N DA
IMOBILIÁRIA.
A
SUBMISSÃO
DA
T E R RA
AO S
CAP I TA I S
DE
P RO M O Ç Ã O,
CON S -
T RU Ç Ã O E F INAN C I AM E N TO I M O B I L I Á R I O N Ã O S E TO RN O U H O M O G Ê N E A CO M O N O S PA Í S E S AVAN Ç AD O S, CON V I V E N D O CO M FO R M A S ARCA I CA S D E P RO D U Ç Ã O D O E S PA Ç O CO M O A AU TO CON S T RU Ç Ã O E M LOT E AM E N TO S I L E GA I S O U E M Á R E A S O C U PADA S 28
maricato,
1996,
p.58
Os grandes contrastes socioes-
ção e a expansão urbana. (MOTA, 2013, p.1).
empregada na cidade “formal”, se de um lado
paciais nas cidades são decorrentes dessa
De acordo como o Instituto Brasileiro de Ge-
favoreceu a valorização das construções e a
predominância da lei do mercado sobre a
ografia e Estatística (IBGE, CENSOS, 50, 60,
acumulação do mercado imobiliário, de ou-
norma jurídica de ordenamento do solo. Por
70, 80, 91, 2000 e 2010) tem-se o seguinte
tro contribuiu para a exclusão socioespacial
isso, observam-se, nas cidades, áreas habi-
crescimento demográfico:
das camadas de baixa renda. As forças so-
tacionais bem equipadas, valorizadas com
ciais e capitalistas geradas pelas camadas
edifícios de alto luxo e áreas faveladas com
crescimento
dominantes têm sido determinantes na
precária infra-estrutura, barracos e constru-
município de uberlândia-mg
condução das diretrizes das políticas urbana
ções em condições construtivas duvidosas.
e habitacional. E como o solo se tornou um
Então, a política habitacional nas suas ações
meio material de propagação dessa lógica
tímidas de produção do espaço se materia-
de acumulação de riquezas, a ilegalidade e
liza nas áreas periféricas e nas favelas com
autoconstrução, fortemente presentes na
algumas melhorias urbanas.
realidade brasileira, foram as alternativas
A legislação, quase sempre bem
demográfico
Ano
População urbana
População rural
1950
35.799
19.185
1960
71.717
16.565
Tratando-se de Uberlândia, palco
1970
111.466
13.240
de solução para o problema habitacional das
de nossa breve análise quanto a estes fatos,
1980
231.598
9.363
camadas de baixa renda. Tal submissão da
verifica-se claramente esta triste realidade.
1991
358.165
8.896
política habitacional às regras do mercado
Como cidade pólo da região apresentou, nas
2000
487.887
12.208
fez com que os problemas habitacionais se
últimas décadas, extraordinário crescimento
agravassem. A política habitacional, na me-
econômico e com indicadores de qualidade
2010
604.013
16.747
dida em que foi utilizada como instrumento
de vida acima da média nacional como o Ín-
2014
654.681
de acumulação privada dos recursos públi-
dice de Desenvolvimento Humano Munici-
cos, se desviou da finalidade social. Segundo
pal – IDHM de 0,789 (ATLAS BRASIL, 2013),
Maricato (2001):
embora apresente problemas urbanos e
habitacionais relativamente importantes.
vertiginoso e a expansão da ocupação urbana
Estrategicamente localizada, caracterizada
os setores de transportes, habitacional, edu-
por significativos investimentos de capital e
cacional, de saúde e de segurança pública se
por considerável mão de obra, tornou-se um
viram significativamente afetados. Assim, a
território alvo de todas as possibilidades de
cidade passou por um intenso processo de
exploração e consumo do solo.
urbanização nos anos 60 e 70. Estrategica-
A O C U PA Ç Ã O D O S O LO O B E D E C E A U M A E S T RU T U RA IN FO R M AL D E P O D E R : A L E I D E M E RCAD O NORMA
PRECEDE
A
J U R Í D I CA .
LEI/
Com o crescimento populacional
mente, o poder público realizou grandes in-
É
1.1.1 apropriação do solo
vestimentos em infraestrutura urbana em
AR B I -
urbano em uberlândia
direção às áreas de expansão, provocando
Uberândia localizada na região nor-
centro principal, habitados pela população
TO L E RADA P O R QU E É V Á LV U -
deste do Triângulo Mineiro, Estado de Minas
de menor poder aquisitivo. No Brasil, tais
L A D E E S CAP E PARA U M M E R -
Gerais, possui uma população de 604.013
investimentos em urbanização acabam sen-
habitantes (IBGE, 2010), um território de
do, na sua maioria, de origem pública. Em
4.115,206 km². Constitui-se em um impor-
decorrência deste fato, os proprietários da
tante entrocamento rodo-ferroviário que
terra agregam novos valores às suas pro-
permite a ligação com importantes centros
priedades, apropriando-se dos recursos pú-
urbanos das regiões sudeste e centro-oeste.
blicos e, por fim, acumulam mais riquezas
A partir da década de 50, esta ci-
criadas socialmente. (SANTOS, 2006, p.). Os
dade passou por transformações urbanas
agentes capitalistas da terra desde o princí-
significativas decorrentes do processo de
pio perceberam o potencial de ocupação do
industrialização, da diversificação dos seto-
território e foram se apropriando de grandes
res de serviços e comerciais, da construção
propriedades de terra. De acordo com Mota
da cidade de Brasília, da implementação do
(2013, p2.) “[...] a personagem muitíssima
sistema rodoferroviário que a interligou aos
importante neste contexto e quem criou a
AP L I CADA TRÁRIA.
CAD O TE
DE A
FO R M A
I L E GAL I DAD E
FUNDIÁRIO
AR G U M E N TA Ç Ã O QUAN TO
É
ALTAM E N -
E S P E C U L AT I VO.
L I B E RAL
E S TA
fonte IBGE, 2010
TAN TO
A
DE
CUNHO
A
E S TAT I -
Z AN T E S Ã O U T I L I Z ADA S PARA A S S E G U RAR
M AN U T E N Ç Ã O
D E P R I V I L É G I O S. R E G U L A Ç Ã O E X AG E RADA CON V I V E CO M TO TAL L A I S S E Z FA I R E E M D I F E -
a valorização de bairros mais afastados do
principais centros econômicos do país e da
primeira empresa imobiliária em Uberlândia,
RENTES ÁREAS DE UMA MES-
instalação da Universidade Federal. Tais fa-
na época denominda “Empresa Imobliária
M A C I DAD E maricato, 2001, p.83
tores provocaram o crescimento da popula-
Uberlandense”, fundada em 1936, foi eleito 29
prefeito em 1951. Trata-se de Tubal Vilela da
e o Programa de Aceleração de Crescimen-
te que a abolição da propriedade privada do
Silva [...]”. É notável a estreita relação entre
to – PAC, mas grandes são os desafios no
solo poderia fazer uma diferença qualitativa
agentes políticos (poder local), empresários
enfrentamento dos problemas urbanos e
para o ambiente das cidades. Entretanto,
do ramo imobiliário e proprietários de terra.
habitacionais. Pois, seu solo urbano encon-
essa proposta, de cunho radical, na atualida-
O potencial econômico e populacional que
tra-se significativamente apropriado pelas
de, não seria bem aceita. Mas a política de
alavancou a expansão urbana e, por sua vez,
empresas construtoras e imobiliárias. Aliás,
habitação para a população de baixa renda
a consequente urbanização e criação de no-
esse processo de apropriação do espaço por
se vê diante desse grande entrave da pro-
vos lotemanentos garantiu a mercantiliza-
tais agentes ocorreu antes da terra ser pro-
priedade privada, de vez que a gestão social
ção do solo por esses agentes. Ademais, o
duzida e garantiu a acumulação de riquezas
do uso e da disponibilidade do solo urbano
discurso ideológico proferido pelos agentes
e reinteirou a desigualdade socioespacial.
se tornam elementos fundamentais para a
políticos em defesa dos menos favorecidos,
Como as políticas urbanas dependem do
efetividade de suas ações.
em relação ao acesso à terra, foi mantido.
solo urbano para materializar suas ações e
Tímidas ações de políticas urbanas e habi-
não dispõem de recursos significativos para
tacionais foram empenhadas na produção
o atendimento das crescentes demandas
bibliográficas
de casas populares, infraestrutura básica e
urbanas, em especial, habitacionais, suas
melhorias urbanas em bairros periféricos.
ações ficaram comprometidas. No caso ana-
¶
1.3 referências
FLORÊNCIO, Beatriz Aparecida Bessa;
Afirma Mota (2013, p.7) que “exis-
lisado o poder público mais do que coniven-
Queiroz, Arlei Teodoro de. Diagnóstico Am-
tem empresas no ramo da construção civil
te com a situação se beneficou com ela, ao
biental Em Área Urbana: bacia hidrogáfica
e administração de imóveis – construtoras
assumir duplos papéis de agente do merca-
do Córrego Cajubá. Universidade Católica de
e imobiliárias; que são proprietárias de gle-
do de terras e, antagonicamente, de agente
Uberlândia, 2011 ¶ IBGE. INSTITUTO BRASI-
bas”. Tais empresas detém a propriedade
promotor de ações tímidas das políticas ur-
LEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTCIA. Censo
de 42% das glebas da cidade. As glebas es-
banas e habitacionais voltadas para a popu-
Demográfico, 2010 ¶ MARICATO, Ermínia.
tão localizadas principalmente nos setores
lação de baixa renda
Metrópole na periferia do capitalismo: ilegalidade, desigualdade e violência. Editora HU-
Sul, Leste e Oeste. O Setor Sul apresenta as maiores áreas não loteadas e por isso tem
1.2 considerações finais
CITEC, São Paulo, 1996 ¶ MARICATO, Ermínia. Brasil, cidades: alternativas para a crise
sido alvo de interesse dos empresários na implementação dos loteamentos da cidade.
Diante do exposto, poucas são as
urbana / Ermínia Maricato. – Petrópolis, RJ:
Nos anos 2000, as políticas urba-
perspectivas de mudanças na socialização
Vozes, 2001 ¶ MOTA, H.M. - Anais: Encon-
nas e habitacionais têm sido mais expressi-
do espaço urbano e habitacional, se não
tros Nacionais da ANPUR, 2013 ¶ SANTOS,
vas na produção do espaço mais socializado
houver um processo de conscientização e
Cynthia de Souza. A política habitacional
de Uberlândia, devido aos novos programas
participação da sociedade , além da mudan-
para a população de baixa renda, em Belo
de governo Minha Casa Minha Vida - MCMV
ça de postura do Estado. Há quem susten-
Horizonte, a partir de 1990. São Paulo, 2006
é o país que apresenta o maior potencial
as diretrizes a serem seguidas no processo
hídrico e, mesmo assim, uma quantia con-
de regularização. Neste caso, o processo de
e u n i r a u g u s t o ge-
ógrafo
especialista
introdução O ano de 2014 será lembrado pela
siderável da população brasileira sofre sua
outorga dos poços artesianos da Universi-
escassez de água no Brasil, principalmente
falta. No presente trabalho, analisou-se a
dade, exemplo abordado neste estudo de
no Sistema Cantareira, que abastece a região
regularização ambiental do uso da água pela
caso, devem ser realizados de acordo com a
metropolitana de São Paulo. Considerando a
comunidade acadêmica da Universidade Fe-
lei, seguindo todos os processos que serão
explosão demográfica das últimas décadas
deral de Uberlândia (UFU).
aqui descritos, levando em conta, além da
e a limitação na oferta desse recurso, sur-
Os profissionais que atuam ou
solicitação de outorga, a cobrança pelo uso
giram diversas oportunidades de trabalho
pretendem atuar prestando consultorias ou
do recurso hídrico, já que este é um bem de
para os profissionais do setor, não apenas
no planejamento e gestão do fornecimento
valor econômico, o enquadramento, já que
na Região Sudeste mas por todo o país.
da água são obrigados a seguir os instru-
são estabelecidos critérios e padrões para
Sendo a água um dos elementos
mentos instituídos pela Política Nacional de
determinados tipos de uso da água, e o sis-
mais importantes existentes no Planeta,
Recursos Hídricos (PNRH), por meio da Lei
tema de informação, referentes ao processo
dentre suas porcentagens globais, o Brasil
n° 9.433 de forma integrada, considerando
para os atores sociais envolvidos.
30
enquadramento
eles falhas na capacitação dos órgãos res-
ponsáveis pela outorga de uso das águas, a
referenciamento
sistema de geor-
Para compreender os procedimen-
dificuldade encontrada na análise ambien-
tos pertinentes à regularização de outorga e
tal da viabilidade do uso requerente, ocor-
enquadramento, a Apostila “Águas Subter-
rências de inverdades nas demandas pelo
instrumentos da PNRH, utiliza-se de técni-
râneas: um recurso a ser conhecido e prote-
solicitante e, por fim, a intervenção de inte-
cas de geoprocessamento e georreferen-
gido” elaborada pelo Ministério do Meio Am-
resses políticos no processo, de forma que
ciamento. Para isso, equipamentos como o
biente (MMA) junto à Associação Brasileira
este se torná-lo menos técnico. Tais fatores
GPS são fundamentais. O Sistema de GPS
de Águas Subterrâneas (Abas) informa que
dificultam o processo e agravam à intensa
foi incialmente desenvolvido em 1973, sen-
mais da metade dos distritos brasileiros são
degradação dos recursos hídricos do país,
do projetado pelo Departamento de Defesa
abastecidos por água subterrânea. Tama-
tecendo um leque de oportunidades de tra-
dos Estados Unidos da América (EUA), com
nha demanda é considerada perigosa para
balho no setor.
o objetivo de disponibilizar a posição ins-
tantânea, a velocidade e o horário de um
o meio ambiente, pois a partir do momento que a extração de água do manancial supera
O sistema de informações, um dos
ponto qualquer sobre a superfície terrestre,
materiais e métodos
reabastecer, corre-se o risco de esgotamen-
Para a realização do levantamen-
dimensional. No entanto, o sistema entrou
to dos reservatórios e diminuição da quanti-
to dos pontos de localização dos poços em
em operação em 1991, sendo relativamente
dade que abastece os demais cursos d’água.
cada Campus da UFU, biólogos, geógrafos e
recente seu uso.
Fatores que unidos a poluição gerada por
engenheiros ambientais utilizaram um sis-
atividades antrópicas, provoca sérios impac-
tema de georreferenciamento. As ferramen-
plano altimétrico, utilizou-se o programa
tos ambientais.
tas utilizadas para a elaboração dos Mapas
Quantum Gis, para atender às demandas de
A determinação dos parâmetros
de Localização foram um aparelho GPS, os
geoprocessamento e georreferenciamen-
para verificar o atendimento aos limites exi-
aplicativos GPS Track Maker, Google Earth
to necessárias. Programas que permitem
gidos deve ser realizada por meio de análises
e Quantum Gis. Os profissionais realizaram
criar, visualizar, consultar e analisar dados
da qualidade da água. Profissionais realizam
também uma pesquisa de campo, com uso
geoespaciais são denominados Sistemas de
testes laboratoriais, avaliando parâmetros
de Hardwares patrimoniados pela Univer-
Informação Geográfica (SIG). As informações
físicos, químicos e biológicos, exigidos pela
sidade e Softwares Livres. Foram utilizados
sobre a localização geográfica dos poços
Resolução Conama n° 396, Sólidos Totais
os seguintes materiais: GPS, máquina foto-
artesianos da UFU referem-se aos dados
Dissolvidos, nitrato e coliformes termotole-
gráfica, PC, softwares para SIG. E o método
geoespaciais. Para estes procedimentos,
rantes, bem como pH, turbidez, condutivi-
adotado foi: Geoprocessamento de imagens
trabalhou-se com coordenadas geográficas,
dade elétrica e medição de nível de água. A
e georreferenciamento da regularização am-
como latitude e longitude em configuração
análise e avaliação desses parâmetros de-
biental dos poços artesianos.
WGS-84.
ou bem próxima a ela em um referencial tri-
a quantia de água que a natureza é capaz de
Na elaboração dos mapas, em
verão ser realizadas pelo órgão competente, necessitando que o laboratório utilizado seja licitado, outra oportunidade de emprego demandada para o processo de regularização.
N Ã O É AP E NA S D O S Ó R G Ã O S P Ú B L I CO S
outorga de uso de
recursos hídricos
A
A outorga deve ser solicitada antes
DAD E D E C U M P R I R O
da intervenção pretendida por qualquer atividade que possa alterar o regime, a quantidade ou a qualidade do corpo d’água. Caso já estejam sendo realizadas as atividades de intervenção, o processo de solicitação de outorga deve ocorrer da mesma maneira, no entanto, o interveniente estará sujeito às sanções previstas em lei, pois está utilizando o recurso hídrico sem autorização prévia, ocasionando multas para os empreendimentos que não atenderem à normativa.
No Brasil, há certa dificuldade na
implantação e regularização do processo de outorga, devido a diversos fatores, dentre
R E S P ON S A B I L I -
QU E A S L E I S C I TA DA S E S TA B E L E C E M , MAS
DE
TO DA S
A S P E S S OA S, F Í S I CA S
E
QU E
DEVEM
BA L H AR
J U R Í D I CA S, T RA -
J U N TA S
considerações finais
Não é apenas dos órgãos públicos
a responsabilidade de cumprir o que as leis citadas estabelecem, mas de todas as pessoas, físicas e jurídicas, que devem trabalhar juntos. Os recursos naturais não podem ser gerenciados de maneira isolada em relação ao meio ambiente. As ações de preservação ou uso intensivo destes recursos afetam a disponibilidade e, por essa razão, é importante que haja a integração da gestão.
Um país como o Brasil, que apre-
senta grande diversidade de recursos geológicos, biológicos e paisagísticos, além de uma heterogeneidade de influências culturais e de apresentar diferenças demográficas, econômicas e sociais, não pode ser tratado de forma única no tocante à gestão dos recursos hídricos. Tais obrigatoriedades exigem profissionais capacitados para suprir demandas tão específicas e prioritárias. 31
A missão do fotógrafo ao retratar a natureza com o pro-
pósito de defendê-la das agressões praticadas pelo homem não é uma missão desesperada como a dos mártires que nessa mesma luta perderam a própria vida, mas é igualmente nobre. Sobretudo se esse fotógrafo é também geógrafo e sabe como ninguém que consequências poderá acarretar a destruição dos recursos naturais do nosso planeta.
É o caso do fotógrafo e geógrafo Frederico Ozanan que,
sensível às agressões sofridas pela natureza, vitimada por uma sociedade excessivamente consumista, decidiu edificar um projeto magnífico que tem como bandeira a educação e conscientização pela arte: a exposição fotográfica “A natureza ainda é bela”.
A exposição vem propor ao homem uma mudança de
postura na sua relação com a natureza a fim de fazer com que os ataques do modelo econômico consumista aos recursos naturais, quando inevitáveis, sejam feitos de forma racional e sustentável.
Dentro dessa proposta o homem deve parar de agir como
motorista irresponsável que acelera em direção ao precipício acreditando que a qualquer momento poderá acionar os freios, mudar o curso do veículo e evitar o desastre, quando na verdade já temos assistido em noticiários fortes sinais de uma tragédia anunciada.
A necessidade de uma tomada de consciência constitui o
pano de fundo dessa iniciativa ímpar, a exposição “A natureza ainda é bela”, cujo criador tem dedicado anos de sua vida ao garimpo das pedras preciosas que compõem magnificamente os quadros.
Pela beleza das fotos e a nobreza de propósito que encer-
ra, a exposição é um convite à maioridade do homem no trato com os recursos naturais e uma apologia à resistência da natureza que, apesar de todos os ataques, insiste em continuar bela. Para preservá-la assim, precisamos apenas de um cadinho de bom senso. márcio paiva Publicitário e admirador do trabalho de Frederico Ozanan
contato fredericogeografo@yahoo.com.br | 34 9123-1083
32
33
34
35
glauco
de
paula
cocozza
arquiteto,
urbanista
e
doutor
faculdade
de
da
professor
arquite-
tura, urbanismo e design da uni-
versidade
federal
de
uberlândia
Nos últimos anos, o interesse em
A diversidade de paisagens e
A discussão sobre paisagem tran-
compreender melhor o papel dos espaços
contextos urbanos enriquece a discussão
sita por múltiplas áreas, com diferentes de-
livres nas cidades brasileiras propiciou um
sobre o atual panorama dos espaços livres
finições, conceitos e métodos de abordagem.
maior entendimento e reflexão da sua im-
públicos nas cidades brasileiras. Desde um
A paisagem não é somente o que observa-
portância para a configuração da paisagem
largo histórico no Rio de Janeiro, ou um
mos, mas o que se revela dessa observação.
urbana. Desde minha formação como arqui-
parque em Curitiba, a uma grande área de
Através dela podemos nos avaliar não como
teto e urbanista, meu início como professor
preservação em Belém ou Natal, os espa-
expectadores, mas como agentes de trans-
de paisagismo e, posteriormente, como pes-
ços livres definem um conjunto espacial
formação, onde os processos urbanos e na-
quisador do grupo Quapá-SEL (FAUUSP), os
que configuram as cidades, inseridos na
turais ganham maior visibilidade, capazes de
espaços livres, principalmente os públicos,
malha urbana em diferentes quantidades,
identificar os padrões de desenvolvimento
me seduzem e fascinam pela forma, pela im-
formas e categorias. Essas tipologias es-
das cidades. Para Serrão (2013), a paisagem
portância na estrutura urbana e, principal-
paciais propiciam variados padrões, que se
é categoria mista, cultural pela forma e na-
mente, por ser onde transformar-se e molda
articulam e definem uma condição estru-
tural pelo conteúdo, e é sempre uma síntese
-se parte da dinâmica urbana e ambiental.
turante e sistêmica da paisagem urbana.
de subjetividade e objetividade, duplicidade de realidade e idealidade, em que Vida e in-
A PAISAGEM É CATEGORIA MISTA, CULTURAL
tuição da Vida são indissociáveis.
PELA FORMA E NATURAL PELO CONTEÚDO
sultado de diferentes tempos, ações, con-
As cidades são heterogêneas, re-
figurações e conformações que se inserem sobre um determinado sítio físico. Essa heterogeneidade pode ser lida e explicada através de diversas unidades espaciais existente no tecido urbano. Essas regiões, que aqui denomino de Unidade de Paisagem, são uma porção territorial que apresenta uma predominância de determinados padrões morfológicos, paisagísticos e construtivos, resultados de diferentes processos. O conceito, muito aplicado pelos geógrafos para a leitura do território, é uma proposta de entendimento das diferentes paisagens urbanas. Através dela podemos observar algumas características que se fazem presentes e que revelam os principais conflitos e potencialidades para uma intervenção nos espaços livres.
Embora existam distintas termi-
figura 1 Praça em Buenos Aires ao lado do Teatro Colón. Novas formas de apropriação do espaço li-
nologias e definições conceituais, os espaços
vre. Clássico e contemporâneo convivendo para um uso público do espaço urbano. fonte Autor, 2014
livres são todos os espaços livres de edifi-
36
figura 2 Tumbalong Park em Sydney, Austrália. O projeto de paisagismo pode suscitar diferentes práticas sociais. fonte Autor, 2013
cação, e são os principais estruturadores da
As gestões das cidades brasileiras
forma urbana, capaz de integrar diferentes
por muitos anos deixaram de qualificar es-
ser identificadas nos tecidos urbanos
elementos físicos com aspectos culturais,
pacialmente as calçadas. Corremos contra o
brasileiros. Praças, parques, unidades de
sociais e naturais, que os caracterizam como
tempo e contra adversidades que impossibi-
conservação, jardins, matas, universida-
objeto de estudo próprio. A conformação do
litam de tornar as ruas e calçadas mais de-
des, calçadões, clubes, orlas marítimas e
tecido urbano não pode ser desconectada
mocráticas e com maior apropriação. Outras
de rios, podem se articular de diferentes
dessa condição sistêmica, e a sua configura-
questões contemporâneas também A cres-
formas, convergindo para uma condição
ção engloba aspectos físicos, históricos, eco-
cente valoração do espaço privado é uma
representativa da paisagem local, das for-
nômicos e sociais, compreendidos e aplica-
das adversidades que vale ressaltar.
mas de apropriação, da cultura e principal-
dos como ferramentas para o planejamento.
mente do processo de urbanização.
Embora nos atenhamos às áre-
edificado e espaço livre prejudica a esfera
as verdes como definidoras de um sistema
pública e a relação sistêmica dos espaços
ências, necessidades e exaltam as forças
de espaços livres, as ruas e calçadas são os
livres. O desenho da cidade é algo que os
de uma sociedade, transmitindo os seus
principais estruturadores desse sistema nas
arquitetos, urbanistas e paisagistas devem
signos e valores. Muitos conflitos econô-
cidades. Definidores dos diferentes traça-
trabalhar com maior intensidade e convic-
micos, sociais e ambientais são manifes-
dos que definem a malha urbana, as ruas
ção, com um projeto comum de cidade onde
tados nos espaços livres, principalmente
e calçadas tecem também a vida cotidiana
haja uma melhor interface entre o edifício e
pela legislação e gestão ambiental, e pelos
em muitos locais das cidades, onde a perma-
o espaço público, integrando-os, construin-
atores responsáveis pelo processo de ur-
nência, ausência e apropriações revelam os
do novas espacialidades que potencializam
banização em determinadas cidades.
diferentes graus de urbanidade.
essa relação.
A falta de interface entre espaço
Outras muitas tipologias podem
Os espaços livres revelam defici-
OS ESPAÇOS LIVRES TÊM UM VALOR SIMBÓLICO, CONFIGURADO NAQUILO QUE É ESPECÍFICO DE UM LUGAR, O QUE, DENTRO DE UMA CULTURA GLOBALIZADA, PODE TRANSFORMÁ-LOS EM ESPAÇOS CAPAZES DE SUBVERTER A SEGREGAÇÃO SOCIAL CRESCENTE. SÃO OS LUGARES POR EXCELÊNCIA DAS INTERVENÇÕES CAPAZES DE CONCILIAR QUESTÕES AMBIENTAIS E SOCIAIS QUE SE APRESENTAM COMO CONTRADITÓRIAS... PRECISAMOS TER EM MENTE A POSSIBILIDADE DE CRIAÇÃO DE UM AMBIENTE QUE ENRIQUEÇA NOSSA VIDA CULTURAL, REDEFINA NOSSA LIGAÇÃO COM A NATUREZA E REPRESENTE OUTRO MODO DE CONCEBER OS ESPAÇOS LIVRES: COMO UM PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO DE ESPAÇOS NATURAIS E DE (RE)NATURAÇÃO DOS ESPAÇOS SOCIAIS pellegrino e oseki, 2004 37
A crescente visibilidade e discus-
porém não deveria ser o único. O parque fei-
são sobre o tema incorporará gradualmen-
to nas antigas bordas da cidade precisa ser
to importante quando abordamos os espa-
te uma nova visão aos gestores quanto a
incorporado em uma nova rede de parques
ços livres públicos. A qualidade dos espaços
importância dessa questão, com um rede-
que se distribua de forma mais equilibrada
não se define apenas pelo seu projeto, mas
senho e uma nova forma de gestão desses
no tecido urbano.
é produto de seus cidadãos, das diferentes
espaços. A qualificação ou requalificação dos
O rápido crescimento de Uberlân-
formas de apropriação, de interação, crian-
espaços livres urbanos propicia novas possi-
dia não foi acompanhado pelo aumento das
do um senso de pertencimento com o lugar.
bilidades de interação entre homem e paisa-
áreas verdes e tampouco pela requalifica-
Os projetos para os espaços livres precisam
gem, conectando-o com as práticas sociais.
ção de áreas já previstas para a instalação
antes de tudo entender os desejos e neces-
Alguns projetos podem ser desta-
de parques urbanos. O potencial da cidade
sidades da população local, criando uma pai-
cados com esse objetivo. Desde pequenas
é enorme. Desde inúmeros fundos de vale,
sagem conectada com o contexto onde está
intervenções a grandes parques, muitas ci-
passando pelas praças de bairro, e aos no-
inserido, permitindo uma coesão social que
dades investiram na requalificação da paisa-
vos loteamentos que não param de surgir
dará maior visibilidade à esfera pública
gem local. O caso das Ilhas das Caieiras em
nas franjas da cidade. Os inúmeros parques
Vitória, comunidade ribeirinha que foi objeto
previstos para serem implantados demoram
de intervenção da prefeitura, é um exemplo
a sair do papel e tampouco são pensados de
de que a coesão social deve se dar pela força
forma sistêmica.
do espaço público. O projeto criou uma es-
trutura de lazer, de mobilidade e deu nova
jeto é essencial, mas a sua constante ma-
visibilidade às práticas sociais e culturais
nutenção e sua gestão. Os projetos devem
locais, descortinando uma nova paisagem, e
proporcionar uma maior diversidade espa-
proporcionando uma maior integração com a
cial e de usos, um maior o envolvimento da
sociedade.
população na sua construção, diversidade
referências bibliográficas
Em Campo Grande/MS, o projeto
de escalas, assim como o entendimento da
¶ PELLEGRINO, P. R. M.; OSEKI, J. H. Paisagem,
Orla Morena deu novo uso e significado ao
dinâmica da paisagem local. Nos últimos
Sociedade e Ambiente. In: Philippi Júnior, Arlin-
antigo leito ferroviário, costurando diversas
anos os espaços livres também são utiliza-
do; Romero, Marcelo de Andrade; Bruna, Gilda
partes da cidade com um projeto de parque
dos como parte da infraestrutura urbana,
Collet (Org.). Curso de Gestão Ambiental. 1a. ed.
urbano. O projeto transformou a dinâmica
capaz de amenizar os danos causados pela
Barueri: Manole, 2004, v. 1, p. 485-52 ¶ SER-
urbana dos bairros por onde passa, cons-
crescente urbanização, com propostas ino-
RÃO, A. V. Paisagem: natureza perdida, nature-
truindo um espaço de cultura, lazer, convívio
vadoras para o manejo das águas urbanas,
za reencontrada? Revista de Filosofia Moderna
e de práticas esportivas, reciclando edifica-
do solo e da vegetação nativa.
e Contemporânea. Brasilia, n°2, ano 1, 2013
Não somente a qualidade do pro-
O sentido de lugar é outro aspec-
PARTE DA INFRAESTRUTURA, ESPAÇOS LIVRES AMENIZAM OS DANOS CAUSADOS PELA CRESCENTE
URBANIZAÇÃO
ções e criando uma nova paisagem urbana.
Os parques urbanos são espaços
essenciais na construção dessa nova paisagem. A qualificação de vazios urbanos, de fundos de vales, de áreas em desuso como parques é uma aposta de muitas cidades para melhorar sua qualidade ambiental. Trata-se de um local de reencontro com a natureza, de práticas sociais e de lazer, e de representação da paisagem e cultura local.
Em Uberlândia há uma corrida con-
tra o tempo. A cidade, reconhecida por sua qualidade de vida, deixou de investir na qualificação dos seus espaços livres, priorizando recursos para outras áreas. É necessário que os diferentes setores da sociedade e da gestão pública promovam um debate continuo sobre a importância dos espaços livres na estrutura urbana. O parque do Sabiá, principal área verde da cidade, é um local fantástico de práticas sociais, de atividades esportivas, de recreação para diferentes classes
figura
sociais. É o verdadeiro “pulmão” da cidade,
to de espacialidade pública que deu nova visibilidade à comunidade. fonte Autor, 2014
38
3
Projeto de requalificação urbana na Ilha das Caieiras, Vitória/ES. Proje-
Os Trabalhos Interdisciplinares são desenvolvidos em todas as turmas do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário do Triângulo (UNITRI) ao longo dos semestres, abrangendo o conteúdo das disciplinas lecionadas em cada período. Busca-se assim, a compreensão pelos alunos da interação entre as disciplinas e a formação de profissionais com uma compreensão sistêmica da sua atuação. Os resultados têm sido surpreendentes, frutos dos esforços de professores e alunos na busca por uma Arquitetura que traga mais qualidade de vida e outros benefícios à sociedade. Esta edição da Revista AUP! apresenta os melhores trabalhos desenvolvidos no 1º semestre de 2014 nos turnos diurno e noturno do curso.
39
O projeto apresenta linhas contemporâneas em uma proposta de in-
ção Iberê Camargo realiza exposições, cursos e oficinas sobre a obra
tegração arte e arquitetura. Responsável pelo projeto das Fundação
do pintor e também sobre arte contemporânea, promovendo uma
Iberê Camargo, Álvaro Siza é um dos arquitetos com maior produção
reflexão sobre a cultura artística. andressa
mundial, possuindo obras em diversas partes do mundo. A Funda-
& victoria vilela dos reis pinheiro 1º período
alves
matheus
A Casa da Cascata é considerada uma obra
vânia, Estados Unidos e foi projetada em
volumes mostra o porque este edifício pos-
prima da arquitetura contemporânea, seu
1934. Seu apelo de integração com a na-
sui enorme valor para a arquitetura mundial.
autor, o arquiteto americano Frank Lloyd
tureza é um dos destaques do projeto. O
thiago garcia santana, mari-
Wright e uma das principais referências da
extremo cuidado dispensado no conforto
lia santos ribeiro & gabriel
arquitetura orgânica . Situa-se na Pensil-
térmico , na plástica, nas relações entre os
gonçalves corbacho 1º período
40
O museu judaico foi projetado pelo arquiteto Daniel Libeskind de-
sorial extremamente forte e possui um caráter artístico de extre-
dicado as vitimas do holocausto ocorrido na segunda guerra mun-
ma riqueza, ao ponto de ser considerado uma obra de arte em si.
dial. O projeto prima pelas linhas do desconstrutivismo arquitetô-
guilherme
nico e possui linhas segmentadas que possibilitam uma sensação
borges marques & wynner silva santos 1º período
rodrigues
franco,
roberto
oliveira
única ao visitar o espaço cultural. O museu possui um apelo sen-
A Villa Savoye, obra do arquiteto franco-su-
integralmente suas proposições apresen-
trimônio arquitetônico por parte do governo
íço Le Corbusier, é uma residência projetada
tadas nos cinco pontos para uma nova ar-
francês. Foi transformada em museu após
e construída entre 1928-1929 em Poissy, em
quitetura: pilotis, terraço jardim, planta livre,
cuidadosos trabalhos de recuperação e reco-
Paris. Originalmente edificada como resi-
fachada livre e janela em fita. A residência
nhecida pelo governo francês como Monu-
dência de final de semana. O terreno era um
foi relativamente pouco usada por seus
mento Nacional. Atualmente a casa recebe
campo localizado fora da cidade, circundado
proprietários originais, pois foi abandonada
cerca de 20 mil visitantes por ano, sendo que
por árvores e com vista para o norte e para
quando durante a ocupação alemã na Fran-
os visitantes, em sua maioria, são arquite-
o oeste. Representa um momento de sínte-
ça, na II Guerra Mundial. Ao fim da guerra, a
tos, estudantes de arquitetura e designers.
se em sua obra, quando pela primeira vez o
casa permaneceu em um estado de quase
mariana sena de oliveira & naya-
arquiteto teve a possibilidade de concretizar
ruínas, até que em 1963 foi considerada pa-
ra aline de oliveira 1º período 41
Turning Torso é um arranha-céu de 190 metros de altura e 54 andares. Sua construção teve início no dia 14 de fevereiro de 2001 e sua inauguração foi realizada em 27 de agosto de 2005. Esta obra, localizada na cidade de Malmö na Suécia, teve como base a escultura “Twisting Torso” de Santiago Calatrava. Calatrava nasceu no dia 28 de julho de 1951 e hoje é um famoso arquiteto e engenheiro, licenciado e com doutorado. O espanhol possui um estilo único e altamente influente, devido à complexidade e heterodoxia irredutíveis de suas obras, frequentemente inspiradas por formas orgânicas, o que tornou seu trabalho bastante popular nas últimas décadas. Outros exemplos de grandes obras desse arquiteto são o Palácio de Artes Rainha Sofia em Valência (Espanha), o Auditório de Tenerife em Santa Cruz de Tenerife (Espanha), o Puente de La Mujer em Buenos Aires (Argentina) e o Milwaukee Art Museum em Milwaukee (EUA). michele
bernardes
&
odilon
júnior 1º período
Espaços abertos e integrados que parecem conduzir ao infinito, através de paredes envidraçadas. O projeto foi concebido para uma família numerosa composta por integrantes em diversas faixas etárias.
Considerada desconstrutivista, a renomada arquiteta Zaha Hadid
Na concepção do projeto, optou-se por ambientes amplos e interati-
é citada como uma das 100 mulheres mais poderosas do mun-
vos, oferecendo uma sensação de aconchego familiar. A presença do
do e vencedora de competições internacionais. Nascida em Bag-
vidro nas paredes confere aos espaços a ideia de amplitude das áre-
dá, em 1950, ela é um ícone da arquitetura e do design. A obra Ri-
as internas. O lounge no segundo pavimento proporciona uma vista
verside Museum fica às margens do rio Clyde, e foi pensada como
panorâmica, como se a edificação se fundisse à paisagem, sem bar-
uma ligação desse canal fluvial com a cidade. Ao todo, são 11 mil
reira visual. O terreno acidentado levou ao uso de escadas ligando os
m² de construção, 7 mil dos quais relativos a espaços de exposição.
diferentes níveis e conduzindo à área de lazer nos fundos do terreno.
amanda gracielly mariano silva, caroline rezen-
ana maria dos santos & nair maria viana 3º período
de borges & ingrid leonel rezende 1º período
42
O Instituto Lina Bo e P.M. Bardi foi inaugurado em 1990, com o ob-
por Lina para ser a residência do casal, a Casa acolhe hoje parte da
jetivo de incentivar o estudo e a pesquisa da cultura brasileira, prin-
coleção de arte particular adquirida ao longo dos anos por Lina Bo e
cipalmente no campo da arquitetura e da arte. O Instituto oferece
Pietro Maria Bardi. A obra foi escolhida para ser executada no projeto
acesso a informações importantes e pouco conhecidas no meio
interdisciplinar afim de promover o aprendizado da técnica de reali-
cultural e artístico do país. Por meio de exposições, publicações, pa-
zação da maquete e conhecimento de diversas obras espalhadas por
lestras e conferências, tem grande influência na produção cultural
todo o mundo. daniella pereira silva, sabrina rabelo
brasileira, como era o desejo de seus criadores. Projetada em 1950
de paiva & tainara
meirelles scavazza 1º período
43
Escolhemos Frank Lloyd Wright como mestre não apenas por ser um dos arquitetos mais importantes do século XX, mas também, pela maneira como trata seus projetos, de modo a deixá-los marcados pelo seu estilo. Frank Lloyd Wright é caracterizado por sua arquitetura orgânica e não deixa de evidenciar isso em seus projetos. Decidimos trabalhar com o Museu Guggenheim de Nova York pois este nos chamou bastante atenção e nos desafiou com seu nível de complexidade, o que fez com que nos empenhássemos e almejássemos o melhor. Quando projetou o Museu Guggenheim, Wright mencionou que sua intenção era dar para esta obra, um efeito plástico de planos flutuando sobre planos. Infelizmente, Wright não viu tal projeto finalizado, morrendo seis meses antes da obra ser terminada, em 1959, aos 91 anos, deixando belos projetos arquitetônicos como legado. gabriela
de
cristina
martins
dro
alves
araújo borges
parreira,
de
abreu
neto
1º
&
lara pe-
período
O 30 St. Mary Axe, também conhecido como Gherkin, é um arranha-
as janelas espiraladas. O edifício foi feito com materiais totalmente
céu com vista de 360° da cidade de Londres, Reino Unido. Foi pro-
recicláveis, o que faz dele um dos primeiros arranha-céus ecológicos
jetado e construído com um design revolucionário, feito pelo reno-
de seu século. Atualmente pertence à seguradora Suíça Swiss Re. A
mado arquiteto Norman Foster entre 2001 e 2004, e é considerado
escolha da obra se deve à sua superestrutura arrojada, que chama
a sétima maior estrutura de Londres e a segunda de seu distrito. É
atenção pela forma circular e revestimento com vidro, além de ser
uma superestrutura feita de armações de aço, laje de concreto com
uma construção sustentável. guilherme carvalho de paula
perfil metálico e todo revestido de vidro com adaptações de alumínio.
& haiany borges silveira e oliveira 1º período
Seu consumo de energia é 40% menor que os demais edifícios devido 44
A Torre Hearst situada na cidade de Nova Iorque nos EUA, foi projetada pelo arquiteto inglês Norman Foster, conhecido por seu estilo ousado para desenhar prédios. Inicialmente, a torre foi feita para sediar a empresa Hearst Corporation, mas a obra foi parcialmente concluída e paralisada devido a Grande Depressão, em 1929. Em 2004, a nova torre foi construída e finalizada. Escolhemos esta obra porque ela possui uma estrutura diferenciada dos demais prédios e conta com uma estética que chama atenção das pessoas que passam por ela ou veem fotos e vídeos. Ela também foi o primeiro edifício “verde” concluído em Nova Iorque. O trabalho consiste em uma maquete e três pranchas contendo informações e fotos do arquiteto e da obra, além de planta baixa, corte, fachada, cobertura e croqui desenhados pelas autoras. isabella rissa
de
gonçalves sousa
peixoto
freitas
1º
&
la-
período
Quando foi proposto o tema da atividade a ser desenvolvida, por nome
um dos principais cartões-postais da cidade, o museu destaca-se na
de “O Mestre”, Oscar Niemeyer surgiu espontaneamente em nossas
paisagem pelo arrojo de seus traços contemporâneos, símbolo da
mentes, assim como as belas e sinuosas curvas que surgiam em
expressividade e genialidade ne Niemeyer enquanto maior arquiteto
seus projetos em alusão às curvas encontradas nas montanhas, rios
brasileiro, inspirando e ensinando-nos a desenvolver a arquitetura
e mulheres de nosso querido Brasil. Optamos então, por representar
em concilio com a arte, sobrepujando todos os limites da criatividade.
uma de suas mais belas e expressivas obras: o Museu de Arte Con-
diomerthon ribeiro de sousa, publio massmann
temporânea de Niterói. Localizado sobre o Mirante da Boa Viagem,
nunes
&
wisller
pereira
martins
1º
período 45
Frank Lloyd Wright é considerado um dos
deveria transmitir junto a isto felicidade. A
dos elementos naturais ali presentes como
arquitetos mais importantes dos séculos
obra escolhida é considerada uma das mais
pedras, vegetação e a própria água como
XX e figura mestra da arquitetura orgânica.
famosas casas do mundo: a casa da cascata,
constituintes da composição arquitetônica.
Tinha como conceito central em suas obras,
situada na Pensilvânia nos EUA. Feita para
karol isaac gomes, natália yumi
o projeto individual, de acordo com sua lo-
a família Kauffman, foi projetada no ano de
oliveira
calização e finalidade, e acreditava também
1934 e erguida em 1936. Sua principal carac-
ria
que a arquitetura não era só uma questão
terística é ter sido construída sobre rocha
lho laurindo santana 1º período
de habilidade e criatividade, mas que ela
e uma pequena queda de água, usufruindo
46
utumi,
fontão
&
rodrigo
paula
dias
facoe-
O projeto Casa Design partiu do programa proposto para ocupação de um terreno situado no bairro Patrimônio, em Uberlândia -MG. Trata-se de uma residência para uma família composta por sete pessoas. Optouse pelo conceito Geometria Invisível, integrando design, funcionalidade e conforto. Para isso, foi utilizado o vidro como vedação em todo pavimento térreo e a alvenaria no primeiro pavimento, simulando um segundo pavimento flutuante. Os pavimentos foram implantados de forma que interferissem minimamente no terreno natural. A setorização se dá com área social e serviço no térreo, íntimo no primeiro pavimento e lazer no subsolo, proporcionando integração e privacidade aos usuários. A circulação entre os pavimentos é feita através de escadaria única, localizada abaixo da iluminação zenital do primeiro pavimento. Como proteção das aberturas, foi proposto um modelo de brise deslizante que, além de proteger da incidência solar, tem um forte apelo visual, pois permite a constante modificação das fachadas. aline
ribeiro
sousa
&
wever-
ton fernandes aquino 3º período
O conceito utilizado neste projeto residencial
se dão bem e sabem respeitar-se dentro
to da casa, que apresenta muitas transpa-
foi o “fundo do mar”, onde tudo é belo, har-
de suas limitações. Algo raro e, por isso, tão
rências proporcionadas por panos de vidro,
monioso e cheio de mistérios. Isto se aplica
belo. A água do mar, apesar de translúcida,
mas que não revelam por completo como é
ao perfil dos clientes propostos, uma famí-
apresenta tonalidade azulada, verde ou cin-
e o que há dentro dela, gerando curiosidade.
lia composta por pais, filhos e netos, que,
zenta, o que nos remete a algo secreto. Esta
amanda
apesar de seus gostos e estilos diferentes,
ideia também pode ser observada no proje-
ana carla godoy bonolo 3º período
maria
salles
machado
&
47
O projeto fundamenta-se na criação de um
tação. De forma escalonada aproveitou-se
se a utilização de iluminação artificial, assim
ambiente cujo foco seja integração e lazer,
as características do próprio terreno para,
como o uso de ar condicionado, uma vez que
sem, contudo, prejudicar a privacidade de
assim, evitar a necessidade de aterramento.
a luz e a ventilação cruzada se dão natu-
cada morador. O paisagismo é elemento
Cria-se então um pé direito alto à varanda,
ralmente. Compondo o ambiente, insere-se
central do projeto quebrando a solidez e
ao mesmo tempo em que torna possível a
uma piscina que avança sobre a área de la-
imponência do concreto. Assimetria e li-
inserção de um terraço jardim ao segundo
zer, tornando o paisagismo ainda mais sig-
nhas retas tornam o desenho ainda mais
pavimento. A integração é um dos principais
nificativo. Sempre buscando aliar estrutura
robusto e arrojado. Utilizando-se de tecno-
fatores a serem adotados ao programa de
e estética, o projeto traduz harmonia e fun-
logias como o balanço, é possível criar inú-
necessidades. Em qualquer ponto da casa é
cionalidade. Dialoga com a natureza ao seu
meras possibilidades e ainda dar um ar de
possível ter contato visual com o exterior. O
redor sem perder a praticidade exigida pela
equilíbrio e sobriedade ao projeto. Cheios e
vidro foi um grande aliado para tanto: gran-
vida cotidiana. Com inúmeras possibilida-
vazios também fazem parte da arquitetura,
des aberturas de vidro temperado por todas
des, inspira aos moradores conforto, equilí-
tornando-a harmoniosa e atraente ao olhar.
as fachadas permitem a interação exterior
brio e flexibilidade às diversas necessidades.
Com um terreno de grande declividade, o
-interior. A partir do conceito de comunica-
adriano flausino cunha & naessa
principal desafio do projeto foi sua implan-
ção entre área externa e interna minimiza-
goulart gomes aguiar 3º período
O projeto foi desenvolvido para uma família de seis pessoas, com-
cia foi implantada em três níveis: o pavimento térreo restringiu-se
posta por um casal de idosos, sua filha viúva e os três filhos dela. O
à sala de TV, à sala de estar e um lavabo; no primeiro pavimento
conceito adotado foi o cubo mágico criado por Ernõ Rubrik em 1974.
encontram-se os quartos; e no pavimento abaixo do térreo, acompa-
Desta forma, a arquitetura foi desenvolvida com a utilização de li-
nhando o declive do terreno, está a área de convivência mais aberta,
nhas retas na composição dos elementos. O processo de criação foi
com espaço lounge, sala de jantar e estar, e também áreas de cozi-
iniciado a partir de um cômodo central, que se tornou a área principal
nha e serviço, além de escritório e varanda voltada para a área exte-
de convivência da casa, estando todos os demais cômodos situados
rior localizada ao fundo do terreno. beatriz sayuri campaner
em seu entorno. Este ambiente central tem pé direito duplo e em um
sakazaki & joão luís teixeira quirino 3° período
mezanino está o corredor de circulação que leva às suítes. A residên-
O projeto apresenta um conceito minima-
aos ambientes sociais, reservando a estes
terligados por escadas projetadas em con-
lista, contrapondo variações cromáticas e
espaços grandes para maior conforto nos
formidade às normas de acessibilidade, pro-
espaciais a partir de formas prismáticas
momentos das reuniões familiares. A to-
movendo assim mais conforto aos usuários.
elementares. Para atender às necessidades
pografia em declive do terreno foi vencida
bruna daniela de oliveira & júlia
da família de seis pessoas, foi dado enfoque
criando-se platôs em diferentes níveis in-
gomes tomaz da silva 3º período 49
No contexto atual, as edificações residenciais
Isso demanda ambientes amplos de convi-
o mesmo ambiente, o que permite maior
tendem a ser cada vez menores por ques-
vência, o que caracteriza o conceito desta
integração e comunicação entre os morado-
tões de praticidade e economia. No entanto,
proposta, que é a amplitude. Partindo das
res. Além disso, a proposta contempla uma
a família proprietária do imóvel é numerosa
necessidades indicadas pela família, o pro-
piscina, uma área verde e horta, o que pos-
e seus membros possuem, individualmen-
jeto prevê cômodos avantajados, arejados e
sibilita um rico espaço de entretenimento.
te, características particulares: cada um
com muita iluminação natural. A cozinha, a
haniely alamino de miranda & jú-
tem uma ocupação e interesses diferentes.
sala de jantar e sala de visitas constituem
lia caparelli zárate 3º período
O conceito proposto para o projeto foi har-
dos avós e da mãe, para que não necessitem
e barulho, por ser uma área mais reservada.
monia. A intenção era criar um ambiente
subir escadas todos os dias, além do hall de
Como revestimento externo, foram utiliza-
espaçoso e confortável para os moradores,
entrada, lavabo, sala de televisão, sala de
dos tons de cinza nas paredes e madeira; in-
onde eles pudessem descansar e aproveitar
jantar, cozinha, lavanderia e área gourmet.
ternamente optou-se pelas cores quentes.
cada área construída. Para isso, os cômodos
Os quartos dos filhos e de visitas estão situ-
ludmila neves nunes & nathalia
foram alocados estrategicamente: no pa-
ados no segundo pavimento, para que pos-
teixeira de rezende 3º período
vimento térreo estão localizadas as suítes
sam ter mais liberdade em relação a horários
50
Da inclinação natural do terreno partiu a ideia de fazer uma resi-
verifica-se a piscina na parte baixa, o pavimento da sala de es-
dência com o pavimento principal em balanço, de modo que a casa
tar, cozinha e área de lazer logo acima, em balanço em relação ao
pareça flutuar. Já a ideia de leveza materializou-se com o uso de
terreno, e um segundo pavimento em balanço em relação ao pa-
estrutura de aço galvanizado e vedação em gesso acartonado,
vimento de baixo, proporcionando um efeito volumétrico que nos
placas drywall e panos de vidro. Nas fachadas predominam a cor
remete a uma cascata. tassio batista silva 3º período
branca, o revestimento de madeira e o vidro. No fundo do terreno,
O projeto da residência unifamiliar foi estru-
patriarca. O projeto foi inserido em um terre-
turado com base no Tangram (jogo chinês
no em declive, portanto foram buscadas so-
formado pelo desmembramento de um qua-
luções que não interferisse muito na topo-
drado maior, que se divide em sete peças,
grafia natural e ao mesmo tempo atendesse
um quadrado menor, um paralelogramo e
às necessidades da família, principalmente o
cinco triângulos, a partir das quais é possível
fácil acesso e mobilidade do casal de idosos.
montar diversas figuras). Assim, faz menção
Junto à área de lazer, foi feito um pomar, que
às formas geométricas das peças que com-
se justifica pelo resgate à cultura chinesa. A
põem o tangram na sua volumetria e busca
utilização de vidros por toda a residência bus-
resgatar a cultura da família chinesa, aco-
ca integrar a natureza ao ambiente interno.
lhendo os sete integrantes da família Mya-
iohana rezende ferreira & iza-
saki e a futura esposa de um dos netos do
bela
mendes
araújo
3º
34 3229-0598 | R. Leblon, 20, Copacabana | Uberlândia/MG
período
A proposta do projeto era criar ambientes que comportassem toda
tável. Na escolha de materiais, foram priorizados aqueles que contri-
a família reunida, porém atendendo às necessidades individuais.
buem para o bem estar tanto da natureza quanto do homem, como
Foram priorizados ambientes de convivência, como salas de estar e
telhas tetra pak, tijolo de solo cimento e bambu. Além disso, “sheds”,
jantar, e a varanda dos fundos. Todos os quartos são suítes, manten-
claraboia, janelas e grandes portas de vidro garantem a iluminação e
do assim a privacidade de cada um dos integrantes da família. Um
ventilação naturais. juliana gonçalves lemes 3º período
dos focos do projeto foi a realização de construção limpa e susten-
O centro comercial foi projetado com o intuito de se integrar à proposta de loteamento, sendo que ambos foram inspirados na filosofia da Permacultura, que significa trabalhar com, e não contra a natureza, de observação prolongada e pensativa em vez de trabalho prolongado e impensado, e de olhar para plantas em todas as suas funções, em vez de tratar qualquer área como um sistema único produto. Analisando essa filosofia percebemos que há três pilares fundamentais: cuidado com a terra, cuidado com as pessoas e repartir os excedentes. Sendo assim, buscamos um partido que integrasse esses três pilares, encontrando uma forma perfeita de ligação entre três pontos, o triângulo. Consequentemente, o projeto do bar não poderia fugir do conceito do Centro Comercial, por isso teve seu tema como Rústico e Contemporâneo, tendo comunicação com o conceito, e sendo um dos principais pontos atrativos do projeto. liliane ferreira da cruz & tassiane freitas salas 4º período 52
Com o conceito voltado para a natureza, o edifício foi pensando visando a integração entre a área de alimentação do centro comercial com o parque, onde os clientes que visitam o local podem relaxar em uma área agradável e atrativa, com bastante iluminação natural. O projeto conta com aproximadamente 1500 m², elaborado em concreto armado com pé direito duplo, vidros nas fachadas das lojas, cobertura com platibanda. A estrutura que sustenta a cobertura da área de convivência é um conjunto de pilares esguios em aço, com formas que remetem aos galhos de uma árvore com material tecnológico (policarbonato) a reforçar o conceito da integração pretendida com a natureza. São 16 lojas oferecendo vários tipos de serviços comerciais entre eles, lanchonete, loja adulto e infantil, salão de beleza e um bar japonês. O objetivo é reunir num mesmo espaço diversas propostas para que os clientes possam realizar as suas compras com maior comodidade. renata de almeida sousa vieira lopes & vanessa porcino de oliveira borges 4° período
O conceito implantado neste bar temático remete ao samba, prin-
todos os clientes a se juntarem à dança ou música do espaço. A co-
cipalmente o carioca, trazendo referências inclusive na escolha do
mida é a típica de mesa de boteco, tendo como principais atrativos
nome, Sapucaí!. O usuário deste espaço não terá duvidas de onde se
o chopp e torresmo. O Arco da Sapucaí é o que reafirma as origens
encontra: o fluxo é guiado pelo calçadão de Copacabana, as bandei-
deste bar convidando principalmente os passantes externos a entra-
ras das escolas estão estampadas na parede, o espaço destinado à
rem para um chopp bem gelado, boa música e gastronomia carioca.
roda de samba recebe posicionamento central para receber a aten-
camila lucas souto amado lepesqueur & carolliny
ção de todos, e o mobiliário, como os bistrôs por exemplo, convida
brunniê garcia pereira 4º período
Não que as barbáries sociais devam ser ne-
to, retratando através da arquitetura e sua
forma geométrica da cobertura, retratando o
gligenciadas. O olhar atento e um senso crí-
geometria espacial o NASCIMENTO DE UMA
desabrochar das espécies; e o contorno do
tico bem fundamentado são, sem dúvidas,
NOVA SOCIEDADE, bem como reconhecendo
edifício por um espelho d’água, simbolizan-
direito e obrigação de qualquer arquiteto
os milhares de indivíduos muitas vezes anô-
do o nascimento através da água em uma
que se proponha a intervir positivamente no
nimos, que fazem do espaço que nos cerca
retrospectiva evolutiva. Contíguo ao edifício
espaço coletivo. Mas disso a cegar-se aos
um local melhor para se viver. Para repre-
foi proposta uma praça para abrigar uma
inúmeros “indivíduos de bem” que colabo-
sentar o conceito aqui descrito foram utili-
feira livre permanente, buscando maior hu-
ram efetivamente para a construção de uma
zadas diversas propostas estruturadas no
manização do setor comercial e celebrando
sociedade melhor, seria no mínimo um pes-
seguinte partido arquitetônico: o formato em
percepções como cores e cheiros. Confira em
simismo irracional. E é exatamente nessas
“Y” do edifício, representando o movimento
www.youtube.com/conexaoarquitetonica.
pessoas que nasce o conceito deste proje-
de bifurcação natural do desenvolvimento; a
rodrigo misael queiroz 4º período
54
A proposta da Creche “Metamorfose” é atender às necessidades das
passa desde sua entrada até a saída da instituição. Sendo assim, a
crianças, auxiliando seu aprendizado através dos espaços bem ela-
criança inicia sua vida educacional, transforma-se, até que adquire co-
borados contidos na edificação, pensados para acolhê-los em seu
nhecimentos e forças suficientes para voar. No partido arquitetônico,
gradual crescimento e formação. O projeto foi desenvolvido ainda
observa-se a impactante cobertura Shed, elemento bioclimático, que
seguindo as diretrizes obrigatórias do Fundo Nacional de Desenvol-
integra a volumetria, representando as asas da borboleta. A distribui-
vimento da Educação (FNDE), e levando em consideração os fatores
ção das crianças por faixa etária é um fator determinante no arranjo
pertinentes à região de implantação. O conceito baseia-se no casu-
espacial das áreas de atividades, locais estes que foram projetados
lo até sua transformação em borboleta, visto que, esse processo se
para instigar imaginação das crianças por meio de cores e formas.
equipara ao desenvolvimento intelectual constante em que a criança
cínthia borges vieira & kamyla lima da mata 5º período
A creche municipal “Florescer” foi baseada no símbolo celta Triskle, uma espécie de estrela de três pontos, geralmente curva. Tal símbolo é associado a várias coisas, sendo que a principal delas é a tríplice da natureza “corpo, mente e Alma”. Para a criação do projeto, buscamos integrar estes aspectos ao espaço, fazendo com que as três partes presentes na escola (professores, alunos e pais) pudessem usufruir totalmente do espaço. Visando suprir o programa de necessidades proposto pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), chegamos a uma forma de três blocos concêntricos, sendo o centro de cada pátio interno uma árvore, todos dispostos no terreno de modo que a ventilação natural prevaleça. Os solários também estão posicionados de maneira orgânica e recebem principalmente o sol da manhã. O projeto ainda conta com inúmeras soluções bioclimáticas, como os brises em formas geométricas que agregam valor arquitetônico à obra. andressa alves de paula & victor hugo rosa da silva 5° período 55
Este projeto teve como conceito o seriado
temos a escola sobre pilotis e sua forma
espaço dinâmico. A rede inaugura um se-
“Vila Sésamo”. O histórico do bairro onde o
muito elevada destaca-se como mágica no
gundo nível no ambiente, a uma altura que
projeto deveria ser inserido contribuiu para
terreno de vegetação predominantemen-
não oferece riscos às crianças, que podem
chegarmos ao conceito, dando à implan-
te baixa e parelha, sobre o qual o céu é um
ler, deitar e descansar enquanto são moni-
tação do mesmo o caráter de uma ex Vila
domo perfeito. Desta forma é possível ter
toradas pelos professores no “andar de bai-
Operária. Vila com sentido de útero, prote-
abrangentes espaços de convivência e cir-
xo”. A Vila Encantada oferece o brincar como
ção. A ideia dessa obra tem como objetivo
culação, onde todos os acessos às entra-
forma natural do desenvolvimento infantil.
integrar as crianças sem estranhamento ou
das se dão por meio de rampas. Nas salas
cibele koryander ferreira
imposição forçada, de maneira lúdica, atra-
das crianças de 4 a 6 anos, a ideia de pilo-
thalita rocha pereira 5º período
ente e divertida, com cenários que aguçam
tis permanece tomando a forma de rede,
o encantamento e imaginação. Por isso,
incentivando o aprendizado através de um
&
“Somos o que vemos”. Temos como premis-
humano, que traz à obra um significado de
na forma de um olho, usamos blocos simé-
sa do projeto de nossa creche a percepção
quem somos e do que fazemos parte. A obra
tricos dispostos de maneira a dar movimen-
que o espaço desperta no usuário. Tendo em
direciona o foco do olhar a pontos significa-
to ao reto. A mistura entre o sinuoso e o reto
vista que o homem faz parte da natureza,
tivos, fazendo da natureza o foco da obra.
representa a visão infantil (divertida) e a vi-
buscamos uma obra que transmita através
O Ver e o Sentir, a influência do espaço são
são adulta (séria e rígida) respectivamente.
dos sentidos um autoconhecimento do ser
pensados de modo a transmitir um legado.
henrique vinícius rodrigues &
-espaço. Para isso nos inspiramos no olho
Para expor nosso conceito, nos inspiramos
isaias da silva pereira 5º período
Neste projeto criamos uma Creche para a rede pública que nomeamos de Creche Passo a Passo. Localizada no bairro Martins em Uberlândia/MG, a instituição proposta abriga 60 crianças de 0 a 6 anos. O conceito foi baseado no jogo Tétris, por ser altamente lúdico e educativo. A forma do mesmo acabou influenciando na disposição dos blocos e o formato das peças influenciou no formato da edificação. As cores existentes no tetraminó também prevaleceram durante todo o projeto, sendo utilizados o azul, o vermelho, o amarelo e o verde. O projeto foi desenvolvido de acordo com as normas estabelecidas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), totalmente acessível e com ícones de conforto ambiental, como o telhado de shed, os pergolados, os cobogós e a ventilação cruzada que foram utilizados para contribuir no bem estar dos usuários da creche. O jardim utilizado foi uma réplica do projeto residencial de Cavanelas, do paisagista Roberto Burle Marx. geovana sousa strona & larissa riza carvalho godoy 5º período 57
Desenvolvemos o projeto de uma Creche Municipal baseada no conceito Cubo de Rubik, também conhecido como Cubo Mágico, em comemoração aos 40 anos do brinquedo. Sua implantação consiste em quatro blocos educacionais distribuídos em forma remetente ao Cubo em processo de montagem. Suas janelas nos blocos e na fachada principal tem cores e tamanhos diferentes feitas também para instigar a criatividade da criança e representar seu desenvolvimento progressivo. Na cobertura, foi feito um telhado invertido para gerar economia de uma calha. Prevendo maior conforto na fachada oeste, foi feito um cobogó colorido e, para melhor aproveitamento do sol da manhã, todos os solários são direcionados para o leste. Nos interiores, janelas ocupam toda a parede que divide sala de atividades de sala de descanso permitindo supervisão das educadoras de um cômodo para outro. Os jardins que circundam a edificação são inspirados no projeto de Burle Marx para o Palácio Capanema no Rio de Janeiro. ivana
aguiar
motta
gomes
&
lucas brasil prado 5º período
Nosso conceito escolhido foi a série britâni-
nomes Tinky Winky, Dipsy, Laa-Laa e Po. A
podem ser esperadas na vida. O cenário que
ca de televisão Teletubbies. Notável por seus
série era conhecida por seu colorido psicodé-
é composto por três elementos: o verde em
valores de produção elevados, a série, volta-
lico, projetado especificamente pelos criado-
abundância, o vento característico do cata-
da para crianças pré-escolares, rapidamente
res para apelar para as capacidades de con-
vento e o sol. Baseando neste cenário prio-
se tornou um sucesso. O programa concen-
centração infantil ou desbloquear diferentes
rizamos o máximo dele em nosso projeto.
tra-se em quatro crianças multicoloridas, de
seções da mente, enquanto educam crian-
izadora
espécie desconhecida, que atendem pelos
ças pequenas e bebês nas transições que
rafael leonel alves 5º período
58
cândida
da
silva
&
A escolha do conceito Safári se dá pelo próprio significado da palavra:
crianças aprendem com a natureza nos seus vários espaços plane-
viagem. A adoção do tema tem como princípio a jornada da crian-
jados para tal interação. As salas de aula têm como tema animais
ça dentro da escola. A creche foi projetada oferecendo aos alunos a
da savana conhecidos como Big Five, que são os cinco mamíferos
mesma segurança que os parques dão aos animais, onde estes se
de grande porte com características mais selvagens e de mais difícil
desenvolvem com liberdade, obedecendo aos seus instintos e curio-
caça pelo homem: Leão, Elefante, Leopardo, Rinoceronte e Búfalo.
sidades, mas com a devida segurança para realizar a exploração do
jerusa siqueira arantes & letícia l. sousa 5º período
ambiente. É uma creche com conscientização ambiental, na qual as
A arquitetura é uma junção de formas ge-
desenvolvido um espaço simétrico e geomé-
parte e são de fácil compressão criando uma
ométricas, composição de volumes cheios e
trico que representa a arte da arquitetura. A
identificação com o natural. Utilizando as-
vazios, formas, tamanhos distintos, linhas
maneira como uma imagem visível é com-
sim formas simples que compõe o entorno.
sinuosas e atraentes. Ela precisa de formas
preendida pelos usuários. As formas fazem
laysa da silva marques & marina
para ser criada. Partindo deste princípio, foi
parte da vida das pessoas, estão por toda a
galvão ramos justino 5º período 59
A Creche foi projetada para atender crianças de 0 a 6 anos e sua área é localizada no Bairro Martins, em Uberlândia/MG. O conceito é Aquarela (tinta), buscando relacionar suas cores com as mesmas presentes no Arco Íris. Suas principais características são fluidez, transparência e secagem rápida, tudo diretamente vinculado com o projeto da creche. As cores são vivas, com ilustrações lúdicas. A fluidez se encontra no fluxo entre os ambientes que facilita o acesso, a transparência nos vários tipos de aberturas proporcionando uma visão panorâmica, a secagem rápida representa a execução da obra que será pré-moldada com um sistema de construção em blocos, divididos por setores (atividades, berçário, serviços e administração), o bloco do berçário é o único situado em um patamar mais elevado, tornando-se um ambiente separado. Na área verde, o projeto usa da declividade natural do ambiente. marcelo
galdi-
no dos santos e raquel pinheiro cardoso pignaton 5º período
O projeto apresenta a proposta de uma cre-
tico, divertido, versátil e lúdico formado por
Além de serem divididos de acordo com sua
che municipal que busca atender às neces-
peças que se unem para formar um único re-
função, eles se distribuem por todo o terre-
sidades das crianças e seus usuários a partir
sultante. Esta análise é imprescindível para
no fazendo com que o mesmo seja melhor
da criação de um ambiente saudável, onde
entender como foi feita a disposição volu-
aproveitado. No pátio central há a utilização
elas possam adquirir novos conhecimen-
métrica. No partido arquitetônico o conceito
de pórticos que representam as peças do
tos e vivenciar experiências imprescindíveis
se projeta na organização da instituição em
quebra-cabeças atuando como elementos
para sua formação moral. O conceito da cre-
blocos separados que, figurativamente, se
decorativos e cercando a área recreativa.
che municipal é o quebra-cabeça: jogo didá-
unem uns aos outros formando um encaixe.
mariana g. martins 5º período
60
A cidade sede de “Viajantes” está localizada aproxima de Araguari, ao Nordeste da microrregião. Uma das diretrizes do projeto é que o local para a implantação do projeto, estivesse próximo a um curso d’agua, e que o local possuísse bastante vegetação natural. A região é bastante rica em elementos naturais, mas precária em desenvolvimento. A cidade de Viajantes será uma miscelânea de vocações: Cidade Universitária, Campus Tecnológico/Pesquisa e Turismo Aquático. A ideia é trazer para região o avanço na capacidade institucional de atender aos cidadãos em suas demandas, sejam de caráter social, ecológico, econômico, político ou cultural, pois o local escolhido é bastante precário neste quesito. A primeira e a segunda vocação estão ligadas a campus universitários em cidades do interior. A premissa é aproveitar o grande lago margeando o município, e criar complexos e formas que atraiam as pessoas a usufruir do turismo aquático. A ideia é gerar uma descentralização de Uberlândia, criando uma cidade Universitária com a utilização do turismo pela população e por visitantes/ turistas. O projeto interdisciplinar envolve o desenvolvimento que englobou duas diretrizes: arquitetura e paisagismo, na concepção de um edifício vertical de caráter executivo, contendo lojas e pavimentos de escritórios mistos. Pensando nisso, desenhamos o projeto com base no bioma cerrado brasileiro, criando uma arquitetura que busca a identidade do local e uma linguagem uniforme. As arvores do cerrado possuem características marcantes, que serviram de ideia norteadora para o desenho projetual. O prédio remete à irregularidade das vegetações do cerrado, criando pavimentos únicos que se interligam de forma harmônica. Por se tratar de um edifício de uso comercial e serviços, evitamos utilizar de alvenaria fechada, dando aos pavimentos uma liberdade na questão do layout. Cada nível possui aberturas de todos os lados, o que auxilia no conforto térmico do prédio. Além disso, optou-se por se utilizar deste artificio, a fim de trazer a interação do exterior com o interior, criando um ambiente melhorar para se trabalhar. carlos vinícius varaldo & guilherme
clemente da silva neto 6º período 61
O projeto para uma nova cidade localiza-se
lhas, as nervuras, em como sua estrutura é
fazenda de energia solar e a locomoção das
as margens da Represa de Emborcação. O
interligada, sendo responsável pela susten-
pessoas se dá através de automóveis elétri-
conceito foi desenvolvido a partir do lema
tação e transporte dos nutrientes, aplican-
cos compartilhados, bicicletas, ônibus elétri-
da cidade de Chicago: Urbs in Horto (A cidade
do-se tal permeabilidade no alcance das vias.
cos e VLT na via arterial. Os automóveis que
no jardim em português), buscando também
A cidade possui vocações para o ecoturismo
chegam a cidade ficam em um pátio de esta-
referências na teoria da Cidade Jardim de
e universitário, contando com um parque
cionamento localizado na entrada da cidade.
Ebenezer Howard e no masterplan de Milton
tecnológico voltado para pesquisas em tec-
laura carolina de lima 6º período
Keynes. O desenho da nova cidade funda-
nologias sustentáveis e ecológicas. Produz
menta-se também no “esqueleto” das fo-
sua própria energia elétrica por meio de uma
O conceito do projeto foi baseado no jogo Jenga, um jogo de habilidade física e mental, onde os jogadores se revezam para remover blocos de uma torre, equilibrando-os e criando uma estrutura cada vez maior e mais instável a medida que o jogo progride. A palavra “Jenga” é a forma imperativa de esforços em torno de um propósito, a qualidade de um ambiente bem projetado e integrado com o entorno e sua população, envolvendo o bem espiritual, físico mental, psicológico e emocional. O arco horizontal espelhado, representa finalização do jogo onde todo conjunto vem ao chão em uma queda lateral. O partido arquitetônico foi desenvolvido baseado nas necessidades de desenvolvimento da região, levando em conta os aspectos geográficos e climáticos, aliando as características dos ambientes internos e externos, com a criação de locais onde proporcionam o trabalho, alimentação e diversão com qualidade, formando um elo entre o projeto, e a comunidade onde o mesmo esta inserido. paloma
martins
guimarães & vinícius soares muniz almeida almeida 6º período 62
O projeto do bairro tem como con-
ternativas para os ciclistas ), pela existência
presas e edificações institucionais (atrain-
ceito o Magnetismo, que serviu como guia do
do conjunto habitacional ( que é cercado de
do ainda mais pessoas e reduzindo com a
principal princípio do projeto: atratividade.
nichos e equipamentos abertos para toda
dependência local do deslocamento até a
Este princípio é observado em todo desenho
a população local), pela existência do polo
região central da cidade). O bairro possui
do bairro: seja na existência dos parques e
tecnológico (trazendo estudantes e pro-
ainda um parque ecológico que é mais uma
praças no interior das quadras (que se ligam
fissionais da cidade e região), ou pela exis-
opção de lazer a saúde para os moradores
por todo o bairro formando opções confor-
tência do subcentro comercial e executivo
locais. moisés alves beserra e tú-
táveis de lazer para os pedestres e vias al-
que possui um espaço amplo de lojas, em-
lio silva magalhães 7º período
Uberlândia tem expandido rapidamente. Sua localização estratégica atrai cada vez mais centros empresariais, universidades e pessoas de outras regiões em busca de emprego ou capacitação técnica. Surge então a necessidade de implantar um novo Bairro Multifuncional para descentralizar o monopólio da zona central na prestação de serviços, cultura e lazer. A Villa do Cerrado é um projeto urbanístico focado na integração social, onde pedestre e ciclista são convidados a utilizar a rua como espaço de lazer e comunicação, proporcionando espaços urbanos sociáveis, onde as pessoas exercem sua cidadania com direito a cultura, lazer e trabalho próximo a suas casas, criando um sentimento de identidade onde mora. A metodologia aplicada foi o da quadra aberta, para que a população local sirva-se de todo equipamento urbano sem ter que sair do bairro, grandes áreas verdes como parques ecológicos, centros de serviço e comércio, e um polo tecnológico de fácil acesso. carolina de souza beserra & gabriela seabra santos 7º período
63
Visando aproximar e acolher, foi desenvolvido um bairro multifun-
tipos de habitações, dois tipos horizontais e dois verticais, sendo a
cional e habitações de interesse social. Inspirado pelo conceito de
da imagem de 52 m² geminada de um pavimento. Um diferencial do
conexões, o bairro se liga por meio de ciclovias e calçadões, que
projeto foi a utilização da cobertura como área útil. Sua fachada é
cruzam em toda sua extensão. Procurando identidade e funciona-
composta por painéis metálicos que além de representar a união,
lidade, foi proposto na área mais movimentada uma rotatória para
traz identidade à moradia. Com o bairro se comunicando via calça-
pedestres e bicicletas. Além da sua função, ela foi pensada como
dões e ciclovias, a habitação de interesse social está sempre próxi-
um marco para o bairro e a cidade. Nas habitações, além de iden-
ma de tudo o que uma pessoa tem direito. douglas pinheiro
tidade, funcionalidade e sustentabilidade, apresentamos quatro
de moura & marcelo lara mendonça 7º período
O projeto apresentado consiste na implan-
Estes elementos podem ser vistos no mé-
conjunto é composto por edificações térre-
tação de um Conjunto de Habitações de
todo construtivo utilizado (tijolos de solo
as geminadas e multifamiliares de quatro
Interesse Social, o qual foi inserido em um
cimento, nas residências térreas e blocos
pavimentos, em que foram trabalhadas as
Bairro Multifuncional projetado para a re-
estruturais nas edificações multifamilia-
fachadas oferecendo uma identidade a cada
gião oeste da cidade de Uberlândia/MG. O
res), no aproveitamento dos recursos na-
tipo de moradia, fazendo deste um projeto
projeto buscou harmonizar três dos prin-
turais (energia solar e águas pluviais), e na
diferenciado e atendendo de forma ampla às
cipais elementos essenciais para este tipo
disposição das edificações, proporcionando
necessidades dos usuários. edith marcia
de edificação: a sustentabilidade, a econo-
amplas áreas de lazer e convivência, dentre
guimaraes figueiredo & graciele
mia e a qualidade de vida dos moradores.
outros elementos existentes no projeto. O
vieira gama coutinho 7º período
64
O projeto trata de um Bairro Multifuncional. Situado na cidade de
paço zen, praça de alimentação, etc.; e um conjunto de habitações
Uberlândia/MG (ao lado da Morada do Sol), este bairro é sustentá-
de interesse social, com conceito de “identidade pessoal”, pois exis-
vel, com mobilidade eficiente, pensando sempre no meio ambiente
tem várias opções de residências para o morador escolher o que
e diminuindo a necessidade de usos de veículos particulares. Den-
combina mais com seu perfil. São edifícios de quatro pavimentos
tro do bairro há tudo que os moradores necessitam, excluindo a
em forma de flor (conceito do bairro) escalonado ou retangular, e
necessidade de deslocamento ao centro da cidade para trabalhar,
casas podendo ser geminadas ou individuais, e todas opções tem
estudar, fazer compras, etc. Outra vantagem é que, além do centro
acessibilidade universal. greice
empresarial, há indústrias, plataforma logística, comércios, entre
va & natália dantas lúcio de sousa 7º período
kelle
pereira
da
sil-
outros, e um grande parque, com quadras de esporte, museu, es-
O conjunto habitacional de interesse social localizado em um novo bairro do setor noroeste da cidade de Uberlândia/MG, tem como objetivo habitar com qualidade. Desenvolvemos áreas comuns e espaços integrados gerando mutualismo social, diminuindo um problema habitual, a violência. Para isso foram criadas rampas de acessibilidade plena, diferentes opções de habitações, mecanismo para melhorar o conforto ambiental como ventilação cruzadas, brises na fachada e grandes janelas. Ambientes integrados para melhor aproveitamento do espaço, janelas altas para trazer privacidade sem abrir mão do conforto térmico e banheiros acessíveis em todas as moradias. O método construtivo utilizado foi o stell frame, principalmente pela rapidez na obra e o baixo desperdício de material utilizado. Com isso, buscamos no projeto fazer com que as pessoas criem consciência do fato de compartilharem um espaço comum e que podem atuar coletivamente como uma comunidade. eduarda alves siqueira & thays alves
carneiro
7º
período
65
A proposta do projeto de habitação social segue os parâmetros ado-
tempéries. A habitação é constituída por dois quartos, sala, cozinha,
tados pela lei de uso e ocupação do solo de Uberlândia. Seguindo
banheiro social e área de serviços, totalizando 45 m² de área útil, e
linhas de integração com a natureza e o bairro, o conceito ninho de
utiliza de sistemas de reaproveitamento da água da chuva e conforto
João de Barro retrata em formas a projeção e os sistemas constru-
acústico. Os materiais utilizados na alvenaria são ecológicos e pro-
tivos adotados buscando a proteção da família, conforto térmico e
duzidos na região. O conjunto habitacional foi proposto no extremo
tecnologias limpas. Orientado pelo estudo de insolação e ventos, o
oeste da cidade de Uberlândia/MG. iago césar perreira de
partido arquitetônico traz linhas modernistas e é influenciado pelo
carvalho & júlia berger canuto bertoni 7º período
acesso principal isolado e acolhedor, protegendo a fachada de in-
A proposta interdisciplinar foi a criação de um bairro multifuncio-
postas em casas geminadas, casas acessíveis e edifícios de qua-
nal, que engloba diversas funções, como: habitar, trabalhar, circu-
tro pavimentos com unidades de um e dois quartos, com salões
lar e recrear. Junto com o bairro foram projetadas habitações de
de festas e lojas no pavimento térreo. jullyana
interesse social. São 380 unidades de dois ou três quartos, dis-
reira & maria eliza de freitas otoni 7o período
66
cunha
pe-
O projeto do Bairro ECOVILLAGE localizado
tes, sendo um modelo de mecanismo para
para alavancar Uberlândia, em termos cultu-
próximo ao condomínio Morada do Sol, foi
resolver os problemas acarretados em polos
rais, sociais, ambientais e funcionais. Asso-
desenvolvido para atender inicialmente uma
regionais. A ideia é simples e eficaz: projetar
ciando moradia, negócios e lazer em um só
população estimada de 6000 habitantes,
o bairro em diferentes eixos que se comu-
lugar, o bairro irá contar com a implantação
possuindo uma área total aproximadamen-
nicam através de vias importantes, ciclovias,
de 380 habitações de interesse social, sendo
te de 1400000 m², surgindo assim um novo
calçadas e pistas de caminhadas para pe-
30% com acessibilidade plena, Parque Urba-
conceito residencial com a proposta de unir
destres, além de grandes áreas verdes, onde
no, creches, escolas, Polo Tecnológico, áreas
a população, resgatar o convívio, a troca de
um eixo irá depender do outro de maneira
culturais e empresariais, além de uma mo-
conhecimento e o espaço do pedestre. O
que suas funções e usos estarão interligados
bilidade urbana totalmente acessível com
Bairro Multifuncional foi desenvolvido com o
e serão acionadas simultaneamente pelo fa-
transporte público, ciclovias ao longo das
intuito de fornecer energia para um primeiro
tor principal que move qualquer iniciativa de
vias e entre as quadras e bicicletários em
passo para as melhorias da cidade de Uber-
melhoria, as pessoas. As pessoas integradas
pontos estratégicos. jainer
lândia/MG, e a sua implantação implicará em
com a qualidade de vida proporcionada pelo
& luciana libânio 7º período
balancear os pontos fracos e fortes existen-
projeto do bairro serão um ponta-pé inicial
jacson
67
Na busca por acompanhar o veloz desenvolvimento da cidade e interagir com o ar moderno do bairro multifuncional prestes a ser implantado, o prédio, cujo uso é voltado para habitações de interesse social, visa a melhor interação com seu entorno. A utilização de cores em tons mais neutros e intercalados, gera a sensação de movimento, sendo elas acompanhadas por linhas retas e dinâmicas que oferecem a quem passeia pelo bairro a sensação de movimento e dinamismo. Além de sua fachada contemporânea, inspirada em prédios de grandes arquitetos como Lucio Costa, sua repartição interna é voltada para abrigar uma quantidade confortável de moradores que são beneficiados com luz e ventilação adequada, podendo essa divisão ser alterada facilmente pelo fato de que o prédio possui planta livre fechada por paredes de drywall. Por fim, no intuito de gerar o mínimo de gastos e impactos ambientais, seus blocos se adequam ao solo, e são interligados por rampas acessíveis, elevadores e escadas, além de deixar uma de suas unidades sobre pilotis, o que resulta na mistura de público e privado e que ainda assim guarda um local para convívio social, recreação e lazer. karina cunha pacheco & matheus pires silveira 7º período
68
A proposta é um conjunto de Habitações de Interesse Social que
de conforto térmico possibilitando a circulação de ar e entrada de
atenda a diversos tipos de famílias, com rendas variadas. O proje-
luz natural. As áreas de convivência ganharam destaque neste con-
to possui uma composição plástica em diferentes tamanhos e vo-
junto habitacional com terraços verdes e grandes áreas de paisa-
lumes, seguindo assim o conceito proposto, o dominó, um jogo de
gismo, dando vida ao local. Enfim, o projeto é um diferencial no que
peças retangulares que possibilita formas livres. Foi utilizado o ti-
diz respeito a conjuntos de habitação social pela sua espacialidade,
jolo ecológico nas edificações térreas. E nas construções com mais
integração e liberdade. maria virgínia reis 7º período
de um pavimento, as treliças metálicas foram usadas como solução
O projeto desenvolvido foi um bairro multifuncional, onde seriam inseridas habitações de interesse social. O novo bairro, além de possuir dois diferentes perfis de vias locais e vias coletoras, contaria com uma via estrutural que o circundaria por inteiro. Uma grande área verde, além da APP, foi delimitada para a criação de parques. Implantamos também em meio às vias uma rede verde com amplas calçadas e ciclovias integrando todo o bairro. Em seu centro foi delimitado a área mista sendo comercial e residencial, facilitando o acesso dos moradores. As habitações de interesse social totalizam 388 unidades, sendo elas em quatro tipologias, com plantas de um, dois e três quartos em edifícios residenciais, e de uso misto, além de uma tipologia de casa geminada com três quartos e acessibilidade plena. As habitações foram implantadas levando em consideração diversos aspectos, dentre eles destacamos os acessos rápidos e conforto ambiental. Objetivamos garantir no projeto funcionalidade, e uma estética visual e atrativa das edificações. néviton salvino melo & rui salvino de souza araújo 7º período 69
Independente do motivo pelo qual se tem
to Identidade Cultural, e procurando inserir
proposto, busca fazer com que a popula-
certos edifícios ou monumentos arquite-
o anexo no edifício existente, onde não so-
ção não deixe de reconhecer a história das
tônicos, a cidade deve manter e conservar
bressaímos o edifício histórico existente,
suas raízes e da sua cultura. Para isso, fo-
as edificações para demarcar o tempo, tor-
garantindo a preservação do patrimônio
ram propostos três setores, sendo eles,
nando-a herança e testemunho das me-
e a designação de um novo uso ao edifício
administrativo, cultural e de convivência,
mórias coletivas. Assim, foi elaborado um
preservando sua memória. Na percepção
afim de trazer maior dinâmica ao centro.
projeto de restauro transformando o local
individual ou coletiva da identidade, a cul-
ana carolina souza silva & je-
em um centro cultural, adotando o concei-
tura exerce um papel primordial. O edifício
fferson silva ramos 8º período
O projeto tem como tema a criação de um
no edifício. A Luz e a Sombra também fo-
fício anexo. O sistema construtivo utilizado
Centro Cultural na cidade de Araguari/MG,
ram usadas como princípio criativo para os
para as lajes do anexo foi o steel deck, nos
com o restauro de um dos prédios do Con-
visitantes e expositores, onde pudessem
locais onde foram construídos mais de um
junto Arquitetônico e Paisagístico do Colé-
refletir e criar em um ambiente totalmen-
pavimento, e o concreto armado para as de-
gio Regina Pacis tombado pelo município.
te inspirador. No edifício restaurado foram
mais. Houve uma preocupação com a inser-
Foram utilizadas como conceito a Luz e a
feitas pequenas adequações para o novo
ção do novo edifício com relação ao volume
Sombra, através dos vários recursos que
uso, sendo que este abriga em seu interior
e a criação de uma linguagem arquitetônica
expressam sua função tanto esteticamen-
parte do centro cultural, secretaria e ofici-
contemporânea fazendo o contraste en-
te, como elemento construtivo através dos
nas, utilizando o critério de hospitalidade
tre o edifício preservado e o anexo inserido.
vidros e cobogós criando ambientes cla-
onde o uso é hospede do prédio, sendo os
juliana
ros, amplos e bem ventilados, quanto com
maiores espaços necessários para o funcio-
angélica
a implantação de um jardim centralizado
namento do espaço cultural locados no edi-
70
silva
rocha
rodrigues
8º
&
dayane período
Usado a música como conceito, organizou-se os espaços de forma
de pé direito duplo contendo um café e uma loja de presentes no
harmônica, equilibrada e fluída, interligando todo o complexo com
andar inferior. Haverá também um anfiteatro com suporte a 100
a escola existente. A ideia do centro cultural é resgatar o passado
pessoas e uma área externa que servirá para apresentações e au-
musical que o edifício possuiu. Para que houvesse a reversibilida-
las. O andar superior terá um mezanino para exposição temporária
de construtiva seguindo os conceitos da Carta de Atenas, utiliza-
e também uma sala multimídia. Já na parte do edifício a ser res-
mos o concreto, o vidro e o aço, para distinguir os novos materiais
taurado, ficarão as oficinas de arte que servirão para aulas de mú-
dos existentes. Os ambientes internos contam com áreas verdes
sica e serviços de administração e diretoria. luís carlos al-
para integrá-los. Criamos um anexo com uma área de convivência
ves júnior & maria paula spini barata 8º período
Este trabalho consiste na proposta de res-
em vidro, cobertura metálica termo acústi-
O Centro Cultural tem acesso pela praça
tauro de uma das edificações que fazem
ca e de policarbonato translúcido, divisórias
e pelo interior do colégio possibilitando a
parte do conjunto arquitetônico Colégio Sa-
de granito, e steel frame. O projeto conferiu
utilização do espaço, tanto pelos alunos
grado Coração de Jesus, tombado pelo Muni-
novo uso ao bem cultural eclético perten-
quanto pela comunidade araguarina. A
cípio de Araguari/MG e na construção de um
cente ao conjunto onde atualmente funcio-
valorização e preservação do patrimônio
anexo seguindo a metodologia e as teorias
nam algumas salas de aula, com o restauro
cultural se faz necessária para manuten-
de restauro. A proposta desenvolvida teve
do edifício e pequenas adequações, sendo
ção da memória e história das cidades,
como tema um Centro Cultural de Artes e
o uso hóspede do prédio restaurado. Além
como testemunho de uma época e como
Memória da cidade de Araguari. Procurou-se
do restauro do bem tombado foi proposto
algo que as distinguem. maria amélia
adotar como conceito para a obra, a Diversi-
um edifício anexo, ao lado do bem cultural,
mangussi nogueira & rogério ri-
dade Cultural Brasileira, conceito aplicado na
o que permitiu a concepção de um novo
beiro de sant’ ana 8º período
diversidade dos materiais adotados, como
edifício inserido no conjunto, permitindo a
o concreto em tons terrosos, fechamentos
leitura do que é histórico e do projeto atual. 71
O projeto destaca-se pela preservação e valorização da arte e cultura para a sociedade, através do novo uso proposto para o Centro de Artes e Cultura da Cidade de Araguari/ MG, com a preservação de um dos edifícios pertencentes ao Conjunto Arquitetônico e Paisagístico do Colégio Regina Pacis e a inserção de um edifício anexo em arquitetura contemporânea, com a utilização dos materiais atuais com a eficiência do concreto armado, estrutura metálica e o vidro para que possa transmitir ao público a convivência entre o prédio histórico com tendência ao estilo eclético e o novo prédio proposto. O conceito do projeto teve como referência a caixa de joias, citrino, destacando-se a cor avermelhada e tom fogo da cor definida para o bem cultural em contraste com o anexo proposto em tom claro, destacando-se o pórtico criado de entrada ao edifício na cor também vermelha. Este prédio tem grandes pilares circulares externos que criam um espaço semi público coberto, que integra com a calçada, mantendo a mesma altura do edifício histórico. mirielle da silva andrade 8º período
A palavra Liberté que, em francês, quer di-
habita não só nossa rotina, mas também o
porânea criando um espaço arquitetônico
zer “liberdade”, carrega uma parte subjetiva
meio urbano. A ideia de refúgio pode ser a
que já não mais é utilizado somente em seu
e pessoal em seu significado. Palavra que
felicidade plena ou talvez apenas um local
interior, mas em seu exterior, dialogando
compõe a bandeira mineira, traduzida para
para dialogar com as artes e contemplar o
com a praça com a criação um grande teto
saudar as irmãs belgas que deram início a
contexto em que estamos inseridos. O pro-
jardim com partes escalonadas e em platôs
este projeto em Araguari, tem relação direta
jeto de restauro de um dos edifícios do Con-
onde o espaço privado e público se confun-
com o que chamamos de refúgio. O projeto
junto Arquitetônico e Paisagístico do Colégio
de e presenteiam a cidade preservando o
procura retratar o alcance da liberdade, pro-
Regina Pacis, potencializa a preservação de
bem cultural e não colocando mais limi-
porcionado pelo encontro deste local ideal
um bem cultural importante para a cidade
tes e barreiras no anexo proposto. nico-
em meio aos altos e baixos que vivenciamos,
de Araguari e ao mesmo tempo insere uma
le ledermann cantéli 8º período
composto pelo anexo idealizado juntamen-
nova arquitetura que dialoga com espaço
te com o restauro do edifício ao lado. O caos
urbano, mostra que é arquitetura contem-
72
O projeto de restauro tem como premissa os
afastado do bem tombado, sendo entretan-
o passado e projeta para o futuro, onde es-
conceitos do restauro crítico-criativo, com
to ligado por uma cobertura de transição, em
ses dois edifícios convivem harmonicamen-
a restauração de um edifício pertencente
estrutura metálica e policarbonato translú-
te. A rua que corta os edifícios foi fechada e
ao Conjunto Arquitetônico e Paisagístico do
cido com a inserção de uma árvore entre os
passou a ser utilizada somente como uma
Colégio Regina Pacis na cidade de Araguari/
dois edifícios. O programa conta com salas
rua de serviços, interligando a praça com as
MG. A intenção foi a preservação do prédio
de música, dança, artes, anfiteatro, admi-
construções em um único nível. Além disso,
com pequenas adequações necessárias ao
nistração, café e serviços. Com um anexo
acima do anfiteatro e de frente para a praça
novo uso, o Centro Cultural de Artes e Memó-
contemporâneo, com volume puro de dois
foi proposto uma arquibancada como gen-
ria, e a proposta de um novo anexo. O projeto
pavimentos e um pátio central fazendo a
tileza urbana para futuras apresentações e
levou em consideração a valorização do pré-
ligação entre o antigo e o atual, o centro cul-
integração do edifício com o espaço público.
dio histórico sendo que o anexo foi projetado
tural se torna uma referência que preserva
raul josé da costa 8º período
O Trabalho Final de Graduação (TFG) tem como propósito explicitar os conteúdos aprendidos pelo aluno durante o curso e sua capacidade de seguir adiante na profissão com seus próprios passos. No Curso de Arquitetura e Urbanismo, o TFG é sempre um trabalho bastante abrangente, visto que o curso perpassa por inúmeros conteúdos – desde os relacionados às ciências exatas àqueles relacionados às ciências humanas – e nele o aluno deve desenvolver, além de pesquisas teóricas de subsídio à proposta, projetos técnicos de viés arquitetônico, urbanístico e/ou paisagístico. Os temas e propostas de projetos partem dos próprios alunos, e muitos deles são bastante inovadores, apresentando contribuições significativas relacionadas ao tema desenvolvido. Assim, é importante que tenham um espaço de publicação e possam ser vistos e apreciados por demais profissionais, além da comunidade acadêmica. A seguir, alguns TFG de alunos dos ursos de arquitetura e urbanismo da UNITRI e da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
75
R E Q UA L I F I C A Ç Ã O DA
PRAÇA
R I S TO
CO S TA
G O I AT U BA ,
E VA -
autora Geovana Pereira de Oliveira
EM
orientador Profº Dr. Adailson Pinheiro Mesquita
GOIÁS
centro universitário do triângulo (unitri)
O tema deste trabalho é a requa-
permanência, de encontros e de expressão
lificação da Praça Evaristo Costa (Quinho da
artística, a “arte na praça”.
Farmácia), mais conhecida pela população
como “Praça da Rodoviária”, em Goiatuba,
risto Costa, propõe-se incentivar a cultura, o
interior de Goiás.
lazer, o entretenimento e o convívio social
Com a requalificação da Praça Eva-
Este trabalho teve como metodo-
para os cidadãos Goiatubenses, valorizando
logia uma pesquisa bibliográfica de onde se
a qualidade de vida, incentivando o esporte e
extraíram os conceitos e a fundamentação
a prática de exercício físico.
teórica. Foi realizada uma pesquisa docu-
mental buscando nos arquivos da prefeitura
nhas de transporte urbano gratuito que
da cidade de Goiatuba os documentos nos
atenderão toda a cidade, passando pelos
quais consta a fundação da praça.
pontos mais importantes, como o hospital
Além disso, o trabalho propõe li-
O trabalho se justifica pelo fato
público, áreas de lazer, indústrias, faculdade
das praças de Goiatuba estarem perdendo o
e a praça, visando maior facilidade no deslo-
seu principal sentido, que é ser um ponto de
camento da população em seu dia-a-dia.
76
B I B L I OT E CA P Ú B L I CA M U N I C I PAL D E U B E R L Â N D I A , M INA S G E RA I S autora Isabela Batista Pires | orientadora Profª. Drª. Patricia Pimenta Azevedo Ribeiro
universidade federal de uberlândia (ufu)
A iniciativa de discorrer e projetar
usos de apoio visando o incentivo e atração
pectivas, ao longo do caminho. O bloco de
uma Biblioteca Pública Municipal para Uber-
de maior número usuários: auditório, cine-
funcionários possui planta retangular com
lândia surgiu no intuito de propor solução às
ma, salas comerciais, salas multiuso, tele-
balanço em todas as extremidades e estru-
deficiências urbanas dessa cidade, resultan-
centro e quadra poliesportiva.
tura de concreto. Nesse ambiente, destaca-
do na proposta de um centro intelectual e de
Estimou-se uma população de
se na vedação, um sistema de resfriamento
incremento social para a população.
800.000 mil habitantes e, considerando 0,35
constituído de calhas que captam as águas
livros/habitante, foi determinado um acervo
pluviais que posteriormente são borrifadas
alidade: a convivência e a introspecção se
de 300.000 mil livros/materiais,.
nas esquadrias das fachadas.
unem formando um único ambiente. Por
isso é preciso oferecer espaços de contato
terreno, cujo desnível chega a 8 metros, o
cações encontra-se o acervo da biblioteca, o
entre pessoas, mas também de quietude,
projeto foi implantado sobre dois platôs en-
edifício sobre pilotis apoiado em seis pontos
com áreas de transição consideradas “en-
tre os níveis 0,00 e +4,00m, conectados por
estratégicos e que protege a praça no centro
tre”, formadas pelo desenho da arquitetura,
uma escada rampa a servir de passagem ou
do terreno. Sua estrutura é em aço compos-
onde os usuários passem a pertencer e ao
ainda de permanência dos usuários.
ta de duas treliças longitudinais conectadas
mesmo tempo a apropriar-se do espaço.
Erguido sobre pilares-paredes o
a vigas transversais. Na vedação das facha-
A biblioteca é um espaço de du-
Tomando partido da topografia do
No centro desse conjunto de edifi-
O projeto foi inserido no Bairro
bloco de esporte é de concreto aparente, fe-
das uma tripla camada ventilada é composta
Brasil, no cruzamento das avenidas João Pi-
chado nas fachadas longitudinais e vedado
internamente por gelosias e recheada pelas
nheiro e Afonso Pena com as ruas José Alves
com chapas metálicas perfuradas nas fa-
treliças da estrutura, à qual se conectam ex-
Garcia e Alagoas. A escolha do local se deve
chadas transversais, permitindo a ventilação
ternamente, telhas metálicas perfuradas e
pela carência de equipamentos urbanos
natural. O volume desse bloco protege da in-
elementos vazados. Engastadas ao esque-
nesse bairro, além de sua ligação estratégica
cidência solar os blocos do comércio e tele-
leto da biblioteca e sobressaindo à fachada,
com centro da cidade, sendo uma zona es-
centro. Um conjunto de rampas, estruturado
destacam-se as salas multiuso.
trutural e importante eixo de transporte.
por vigas e pilares metálicos, circunda a cai-
Os princípios conceituais aliados
Definido o programa da biblioteca
xa estrutural de concreto armado que abriga
aos elementos que deram vida ao complexo
(setores Braille, Infantil, Juvenil, Hemerote-
os cinemas verticais. A vedação externa das
da Biblioteca objetivaram a criação de espa-
ca, Sala Uberlândia, Empréstimo, Referência
rampas é feita por telas metálicas da visão
ços cujas conexões propiciassem à popula-
e Audiovisual) partiu-se para a escolha de
da paisagem urbana, em diferentes pers-
ção o resgate do espaço público da cidade.
sobre a autora Graduou-se em 2011 em Arquitetura e Urbanismo (FAUeD/UFU) e especializou-se em Reabilitação Ambiental Sustentável Arquitetônica e Urbanística (FAU/UnB). Atualmente, trabalha com projetos de arquitetura e interiores isabelaba@gmail.com
77
M AT E R N I D A D E
autora Lauriane Queiroz
H U M AN I Z ADA
orientadora Profª. Fernanda Ribeiro Jordão
CA S A D E PARTO
centro universitário do triângulo (unitri)
Este projeto propõe a construção
teve sua origem, o útero da mãe. Ele guarda
e ainda os ambientes que transmitam às
da maternidade Humanizada “Casa de Par-
no seu inconsciente as lembranças vivas da
mães sensações de aconchego dos quais ela
to”. Como objetivo, promover humanização e
época inicial de sua vida, quando se encon-
necessita para sentir-se bem e segura para
qualidade No atendimento às mulheres, na
trava seguro no útero materno. Assim, a in-
o grande momento de sua vida: dar à luz.
assistência ao parto natural e normal. Tam-
tenção da arquitetura desenvolvida é trazer
bém visa incrementar o vínculo entre a mãe
o conforto uterino para o meio externo, pro-
didade de acompanhantes e funcionários,
e o bebê, fazendo com que o parto se torne
porcionando através do ambiente o mesmo
incorporando a humanização do ambiente.
um processo natural e fisiológico.
acolhimento e bem-estar do ventre.
Buscando o adequado conforto ambiental
O projeto da Maternidade “Casa do
no projeto também são utilizados princípios
cirúrgicos é mais que o dobro da média na-
Parto” tem seu foco na arquitetura terapêu-
da arquitetura Bioclimática. Para tanto, o
cional. Assim, a construção de uma materni-
tica que é a união entre a arte e a técnica,
eixo longitudinal da edificação fica posicio-
dade direcionada à prática do parto natural
provocando no paciente uma sensação de
nado para o Norte e Sul na implantação.
se constitui avanço no processo de redução
bem-estar através de recursos estéticos,
do grande índice de cesáreas realizadas na
mas sem esquecer-se da funcionalidade,
sempre cruzada, através de aberturas e fe-
cidade. E mais: o projeto proposto poderá se
imprescindível a um ambiente hospita-
chamentos de esquadrias basculantes, con-
constituir num plano piloto, dada a possibili-
lar. Aborda a terapia da ambiência, em que
troladas manualmente. A concepção formal
dade de implantação de Unidades de Partos
quanto mais próximo estiver de um ambien-
do projeto foi desenvolvida para permitir que
Humanizados em cada região da cidade, per-
te familiar, mais confortável se torna. Onde
a edificação possa ser implantada em série,
mitindo o fácil acesso á população.
os ambientes são capazes de gerar respos-
por se tratar de proposta de um modelo para
Em Uberlândia, o índice de partos
Os espaços visam ainda a como-
A ventilação destes espaços será
tas emocionais positivas.
futuras unidades a serem implantadas em
o ser humano sente-se mais confortável no
Uberlândia.
interior de espaços igualmente àquele onde
espaços dedicados às mães e seus bebês,
78
No Conceito “Arquitetura uterina”,
O partido arquitetônico prioriza os
C E N T RO AD M IN I T RAT I VO AN Í S I O M AR QU E S santa helena, goiás autor Vinícius Amado | orientador Clayton França Carilli centro universitário do triângulo (unitri)
Santa Helena de Goiás é uma das cidades do sudoeste
mo ao Centro Administrativo. O terreno possui uma área de aproxi-
goiano que vem se e apresentando um grande potencial de desen-
madamente 30.000m² dos quais apenas 15% foram utilizados para a
volvimento. A economia da cidade já foi destaque em nível nacional
implantação dos quatro prédios: Prefeitura Municipal, Câmara Muni-
com a produção de algodão alcançando seu auge em 1974.
cipal e as duas Galerias do Centro Comercial.
Atualmente a atividade econômica do Município é marcada
Para viabilizar a implantação desses prédios tiramos partido do des-
pela agropecuária e pelas microempresas que fazem girar a econo-
nível do terreno, sem cortes ou aterros, priorizando os espaços públi-
mia da cidade. O projeto de implantação de um trecho da ferrovia
cos através das praças projetadas: Praça Central, Praça Cívica e Praça
Norte-Sul, passando pela cidade, deverá incrementar ainda mais
de Comércio e Serviços; e respondendo às vertentes do entorno do
esse desenvolvimento.
local de projeto.
Com o crescimento da população a administração pública
Garantimos uma ocupação apenas com edifícios, sem com-
tem como desafios acompanhar o crescimento da cidade e ao mes-
prometer o terreno.
mo tempo o dever de prestar serviços com eficácia e qualidade à po-
pulação. Atualmente os serviços públicos estão dispersos na cidade,
po às problemáticas apresentadas e ao caráter da arquitetura que se
fato que, além das dificuldades e transtornos que causa aos contri-
pretende para com o Centro Administrativo Anísio Marques: perme-
buintes, gera prejuízos à administração pública.
abilidade física e visual.
A solução global adotada no projeto responde a um só tem-
Sendo assim, o novo Centro Administrativo Anísio Marques
Para tanto, buscamos proporcionar leveza ao conjunto da edificação
irá centralizar e modernizar o poder administrativo municipal, tor-
com a utilização de determinados materiais que facilitem essas visa-
nando-se um centro de referência no contexto regional.
das, aliados aos vários métodos compositivos que resultaram numa
O
projeto contempla todos os órgãos que compõem o poder executivo
série de efeitos visuais, como por exemplo, a aparência de que o edi-
e o legislativo municipal, o anfiteatro, bicicletário, estacionamento
fício está flutuando e, principalmente, a de que ele não consegue se
público, somados a generosas áreas comuns para descanso e lazer
sustentar sozinho.
da população.
A linha reta dos edifícios se contrapõe aos caminhos sinuosos, aces-
O complexo ainda abriga um Centro Comercial que, além de
síveis e arborizados, cuidadosamente projetados para que os espa-
servir aos usuários e visitantes do Centro Administrativo, atenderá
ços abertos não resultassem meramente em áreas residuais das
também aos pacientes do Hospital Regional, localizado bem próxi-
ocupações dos blocos.
79
joesley mateus estudante de arquitetura e urbanismo do centro universitário
do
triângulo
(unitri)
Historicamente, a mudança de
remos ainda menos alimentos disponíveis.
identidade da raça humana - de nômade
Uma alternativa para esta situação é a edi-
posta do concurso é que os estudantes pro-
para sedentário -ocorreu como consequên-
ficação de fazendas verticais em ambientes
jetem uma fazenda vertical na Av. Paulista,
cia da evolução tecnológica da agricultura.
controlados dentro dos centros urbanos.
centro pulsante de São Paulo, por onde 1,5
Antes, o ser humano era subordinado e de-
milhão de pessoas transitam todos os dias7.
pendente da produtividade do ecossistema
tro urbano, maiores os problemas decorren-
natural; agora é agente responsável pela
tes do cultivo tradicional de alimentos. Um
tado para atender a necessidade da popula-
produtividade de um ecossistema cons-
exemplo notável no Brasil é a grande São
ção em consumir mais produtos orgânicos e
Quanto maior a dimensão do cen-
Com este cenário em vista, a pro-
Com isso, o edifício Vitalis foi proje-
truído . Esta mudança foi o estopim para a
Paulo, o maior centro urbano da América La-
frescos. E com a dificuldade de transporte de
criação de uma relação de identidade entre
tina, que atualmente ocupa a nona posição
alimentos perecíveis, a fazenda vertical tem
homem e local e, por consequência, a gera-
no ranking das regiões metropolitanas mais
a capacidade de abastecer o centro de São
ção das cidades.
populosas do mundo, com aproximados 20
Paulo, sem a necessidade de deslocamento
1
milhões de habitantes .
das fazendas rurais para a grande cidade.
ria uma área de cultivo equivalente ao terri-
Segundo Despommier , é necessá-
tório do Brasil para que se possa alimentar
monumentais, como São Paulo, enfrenta
torres interligadas do prédio simulam o mo-
a população mundial. Mesmo partindo do
muitos problemas de logística para realizar
vimento em direção ao sol (fototropismo),
pressuposto que toda esta área seja usada
a entrega de alimentos com qualidade . Es-
que possibilita um maior uso da energia so-
para a agricultura, esta safra não está to-
tes problemas afetam a qualidade do produ-
lar. Vitalis foi desenvolvido para ser um edi-
talmente garantida, pois ainda está sujeita
to durante o trajeto, fazendo com que gran-
fício auto-sustentável com a instalação de
à ação do clima, solo e agentes externos. Se
de parte dos alimentos não seja aproveitada
dois aerogeradores (energia eólica), vidros
incluirmos nesta equação o percentual de
nas gôndolas dos mercados. Os supermer-
fotovoltaicos, estocagem de água pluvial
alimentos que estragam durante o trans-
cados de São Paulo descartam certa de 13
para abastecimento das culturas e uso da
porte (estudos indicam que nos Estados
milhões de toneladas de alimento por ano, e
aquaponia no cultivo dos vegetais.
Unidos um produto agrícola é manuseado 33
as feiras livres jogam fora mais de mil tone-
vezes antes de chegar ao consumidor3), te-
ladas de frutas, legumes e verduras por dia6.
2
V I TAL I S
FO I
SUSTENTÁVEL: CO S, M E N TO
USO
Um centro urbano com escalas
5
D E S E N VO LV I D O
CO M O
A E RO G E RAD O R E S,
E S TO CAG E M E
4
DE
DE
Á G UA
AQUAP ON I A
UM
EDIFÍCIO
V I D RO S
P L U V I AL NO
Em meio a dois edifícios as duas
FOTOVO LTA I -
PARA
C U LT I VO
AU TO -
DE
A BA S T E C I V E G E TA I S
1 KHATOUNIAN, C. Armenio. A reconstrução ecológica da agricultura (2001), apud NAKANO, Camila e MARCON, Guilherme. Fundamentos Arquitetônicos: Fazenda Vertical. Simpósio de Sustentabilidade e Contemporaneidade nas Ciências Sociais, Cascavel: FAG, 2014 2 DESPOMMIER, Dickson. The Vertical Farm (2010). Disponível em http://goo.gl/bKwzoB 3 SUPERINTERESSANTE. Comida é o que não falta. Disponível em http://goo.gl/cxVwpE 4 WORLDATLAS. Largest Cities of the World (by metro population). Disponível em http://goo.gl/mG5OlM 5 WORLDATLAS. Largest Cities of the World (by metro population). Disponível em http://goo.gl/2PvrtW 6 INSTITUTO AKATU. A nutrição e o consumo consciente. Disponível em http://goo.gl/PKsmRl 7 VEJASP. Avenida Paulista: doze curiosidades. Disponível em http://goo.gl/Rvtiru
80
81
laura
resende
arquiteta ra
mestra
urbanista da
professo-
universidade
de
“ U M A P E S S OA E S T Á CON FO RT Á V E L E M R E L A Ç Ã O A U M
Partindo desta definição seria ló-
ACON T E C I M E N TO O U F E N Ô M E N O QUAN D O P O D E O B S E R -
gico dizer que todos os arquitetos deveriam
D O. P O RTAN TO, D I Z - S E QU E U M A P E S S OA E S T Á E M U M AM B I E N T E CON FO RT Á V E L QUAN D O S E S E N T E E M N E U T RAL I DAD E CO M R E L A Ç Ã O A E L E ” CORBELA; YANNAS, 2003
joão
del
fe-
deral
V Á - LO O U S E N T I - LO S E M P R E O C U PA Ç Ã O O U IN C Ô M O -
são
tavares e
rey-mg
buscar o CONFORTO em seus projetos, certo? Claro! O que percebemos é que os arquitetos pensam sim nos usuários e em possibilitar conforto, mas nem sempre com a arquitetura!
Principalmente após a Revolução
Industrial, a arquitetura passou a dar mais valor aos aspectos tecnológicos, como, por exemplo, as possibilidades que o concreto e o aço permitiam, esquecendo o contexto em que se estava projetando, seja ele climático ou cultural. Começaram a aparecer edifícios com as mesmas características, muito semelhantes quanto à forma e materiais, repetidamente semelhantes em qualquer lugar do mundo sem alteração ou adaptação! Mas para que pensar em orientação solar, forma e materiais mais adequados se temos, por exemplo, o ar-condicionado e a luz artificial para viabilizar o conforto? Como consequência, um gasto excessivo de energia agravada com a crise do petróleo de 1973, tendo edifícios como grandes vilões.
Neste contexto, surgiram várias
metodologias para avaliação ambiental de
figura
1
Croqui mostrando estudo para implantação do Hospital Sarah em Fortale-
za, identificando a proximidade com as vias de fácil de acesso, aeroporto, insolação e vento dominante. fonte Acervo CTRS (2008, apud, LUKIANTCHUKI; CARAM; LABAKI, 2011)
edifícios em todo o mundo, tendo a eficiên-
bém nos sistemas artificiais que proporcio-
cia energética como papel importante em
nam conforto ambiental para seus usuários,
de 2001, intensificou-se a preocupação com
todas elas. Algumas inclusive utilizadas no
como iluminação, climatização e aquecimen-
as questões ambientais, relacionadas princi-
Brasil, como o LEED - Leadership in Energy
to de água.
palmente ao consumo de energia elétrica, le-
and Environmental Design e o AQUA - Alta
No entanto, sabe-se que há um
vando à promulgação da Política Nacional de
qualidade ambiental, desenvolvidas nos Es-
expressivo potencial de conservação deste
Conservação de Energia. E, como consequ-
tados Unidos e França respectivamente.
setor, avaliado em 30% para edificações exis-
ência, foi publicado em 2009, o RTQ-C - Re-
No Brasil, após a crise energética
Segundo a Eletrobrás, calcula-se
tentes através de retrofit (reforma), podendo
gulamento Técnico da Qualidade para o Nível
que quase 50% da energia elétrica produzida
chegar a 50% nas edificações novas que uti-
de Eficiência Energética de Edifícios Comer-
no Brasil seja consumida não só na operação
lizem tecnologia energeticamente eficiente
ciais, de Serviços e Públicos e em 2010, o
e manutenção das edificações, como tam-
desde a concepção inicial do projeto.
RTQ-R- Regulamento Técnico da Qualidade
82
do Nível de Eficiência Energética de Edifícios
check, que trata exclusivamente o sistema
nhecer o período de insolação em todas as
Residenciais.
locomotor, ele buscou ao extremo humani-
fachadas, e a possibilidade de penetração
Recentemente, em agosto deste
zar espaços muitas vezes tão doentes quan-
do sol pelas aberturas e pelas superfícies
ano, por meio de uma normativa publica-
to as pessoas que precisam deles. Sempre
transparentes, possibilitando assim, colocar
da no Diário Oficial da União, a aplicação do
trabalhando em equipe, em uma concepção
os edifícios e a vegetação em um sombre-
RTQ-C e obtenção da Etiqueta Nacional de
multidisciplinar: arquiteto, paisagista, enge-
amento desejável e dimensionar os beirais
Conservação de Energia (Ence) tornaram-se
nheiros, técnicos, artista plástico...
e brises necessários. Para ele nunca existiu
obrigatória para os edifícios públicos fede-
A primeira etapa de projeto era a
vidro ideal, as películas vão tornando o vidro
rais. Para serem construídos ou reformados
análise do clima local. E após a escolha do
opaco e não resolve para eficiência, então
os edifícios deverão obter etiqueta A de efi-
terreno ele fazia a análise das condicionan-
ele utilizava vidro comum transparente com
ciência energética.
tes: topografia, trajetória solar, incidência
dispositivos externos de sombreamento
Desde a publicação do RTQ-C em
dos ventos dominantes, vegetação, obstá-
(barrando o calor antes que ele entre): brises,
2009 a intenção é que a etiquetagem se
culos naturais, edifícios do entorno, proximi-
varandas, beirais e vegetação.
torne obrigatória, o que agora se torna rea-
dade com lagos...
lidade inicialmente com os edifícios públicos
programa,
tural eram definidas com base nos conhe-
federais. Isso significa que, conscientes, nós
orientando os volumes da maneira mais
cimentos de diferença de pressão, efeito
arquitetos deveremos incorporar, e não mais
adequada ao identificar áreas que necessi-
chaminé, ventilação cruzada e resfriamento
ignorar, o estudo do clima em nossos proje-
tariam de climatização artificial e as que po-
evaporativo, e pelo conhecimento adquirido
tos, visando garantir conforto com eficiência
deriam se beneficiar dos sistemas passivos.
nas experiências anteriores. O engenheiro
energética, reconhecendo a persistência do
Em sua maioria, os projetos eram
mecânico de sua equipe utiliza um softwa-
existente, culturalmente adequada ao lugar
resolvidos em apenas um pavimento para
re para cálculo de cargas térmicas e análise
e aos materiais locais.
poder aproveitar melhor a iluminação e ven-
energética do edifício e o projeto passa por
Depois,
distribuía
o
As soluções para ventilação na-
constante revisão, fazendo novas simulações, sempre visando melhorar o desempenho final do edifício, segundo normas brasileiras e americanas.
Com estas estratégias Lelé evitava
o uso de sistemas mecânicos, restrito aos ambientes onde são realmente necessários. Mesmo nestes, a demanda energética é reduzida, uma vez que todas as estratégias pensadas diminuem a necessidade de refrigeração o que por consequência resulta em eficiência energética.
Em sua obra há uma constante
evolução nas estratégias de adequação ao clima de cada cidade. Lelé sempre questionou suas decisões, avaliou os edifícios da Rede Sarah pós-ocupação e tirou partido do figura
2
Sheds responsáveis pela iluminação e ventilação no Ginásio. Vista interna.
Centro de Reabilitação do Lago Norte em Brasília. fonte Laura Resende Tavares
que era bom, e o que não era tão bom ele melhorava. A humildade para revisar e avaliar seus projetos fez parte da sua metodologia de projeto. Então... vamos aprender!
tilação obtidas nos sheds.
referências
tentável, verde, eficiente, bioclimática, é sim-
No paisagismo, era essencial pre-
¶ CORBELLA, O.; YANNAS, S. Em busca de uma
plesmente ARQUITETURA, como deve ser!
servar a vegetação existente no terreno e
arquitetura sustentável para os trópicos: con-
Como exemplo desta arquitetura
conhecer as espécies que mais se adaptam
forto ambiental. Rio de Janeiro: Revan, 2003.
consciente, apresenta-se a seguir questões
à região, e em parceria com a paisagista Be-
¶
tratadas por João Filgueiras Lima – Lelé em
atriz Secco, desde a fase inicial de concepção
BAKI, L. C. A arquitetura bioclimática e a obra
seu processo de projeto. Este grande arqui-
o paisagismo era pensado a partir de aná-
de João Filgueiras Lima (Lelé).
teto nos deixou vários exemplos de edifícios
lises de insolação, sombreamento, umidade,
TOWKI, D. C. C. K.; MOREIRA, D. de C.; PETRE-
adaptados ao lugar.
conforto visual, iluminação natural e sensa-
CHE, J.R.D.; FABRICIO, M. M. (orgs). O pro-
ção agradável aos pacientes.
cesso de projeto em arquitetura. Da teoria à
tecnologia. São Paulo: Oficina de Textos, 2011.
Não é arquitetura ecológica, sus-
Nos projetos dos Hospitais e Cen-
tros de Reabilitação da Rede Sarah Kubits-
Lelé utilizava a carta solar para co-
bibliográficas
LUKIANTCHUKI, M. A.; CARAM, R. M.; LAIn: KOWAL-
83
áreas edificadas e naturais e aumentar a quantidade de oxigênio na atmosfera.
Parques lineares, por exemplo,
transformam antigos espaços degradados em áreas de lazer para a população auxiliando a requalificação ambiental dos espaços. neiva beatriz antunes bióloga mestra em ecologia - centro de estudos terra
como recuperar áreas degradadas? O primeiro passo para a recuperação dessas
brazilis | adaílson pinheiro mesquita engenheiro civil e professor doutor do
áreas é a elaboração de um projeto. Apesar de esse projeto obedecer a critérios básicos,
centro universitário do triângulo (unitri) | camila de paula teixeira bióloga
ele deve ser específico e direcionado para a área a ser recuperada. Ele deve contemplar espécies pioneiras, secundárias e clímax.
Há tempos vem nos preocupando
A vegetação desempenha funções
muito a degradação de importantes áreas de
importantes tanto na área rural, quanto na
vegetação e a redução do volume dos ma-
área urbana. Ela é responsável pela proteção
nanciais de água que abastecem as cidades.
de cursos d’água, nascentes e encostas, evi-
Esse é um momento crucial para uma toma-
tar assoreamento, contaminação, proteger
da de consciência, de descruzar os braços e
o solo contra erosão e lixiviação e oferecer
agir buscando a preservação e recuperação
proteção, alimento, água e local para nidifi-
das nascentes e seus entornos. A situação
caçãode animais.
se repete em várias cidades brasileiras e em
Uberlândia, o Rio Uberabinha fica em estado
cala a vegetação se concentra em praças
de alerta durante todo o período de estia-
públicas, parques, unidades de conservação,
gem. A solução pode estar na recuperação
jardins particulares e arborização em vias
das áreas degradadas, na preservação dos
públicas. Exerce função ornamental, prote-
remanescentes e no esclarecimento da po-
ção de fundos de vales, recreação e lazer. A
pulação para o uso consciente da água.
vegetação é um importante recurso paisa-
A recuperação de áreas degrada-
gístico para o controle de fatores ambien-
das tanto em parques urbanos, fundos de
tais e melhoria da qualidade de vida e do
vale, quanto em áreas rurais deve ser reali-
ambiente. A sua presença pode controlar os
zada por uma equipe de profissionais quali-
efeitos da radiação solar, da temperatura e
ficados para a qual o paisagista tem muito a
da umidade relativa do ar. Prestam-se para
contribuir com seus conhecimentos.
minimizar os efeitos do vento protegendo
84
Nas áreas urbanas em maior es-
como escolher as espécies a serem utilizadas? Independente da área a ser recuperada (urbana ou rural), deve-se dar prioridade às espécies vegetais nativas por apresentarem maior adaptabilidade ao local e pela facilidade de atração da fauna para a polinização e dispersão promovendo uma posterior dinâmica natural das comunidades vegetais e animais. Espécies nativas também devem ser utilizadas em paisagismos urbanos respeitando-se suas exigências ecofisiológicas. No processo de recuperação de áreas degradadas é possível prever outras formas de usos e funções para o espaço como incentivo à sua conservação.
Alguns fatores interferem na es-
colha das espécies para a recuperação de áreas urbanas. Cada grupo vegetacional por suas características morfológicas e ecofisiológicas oferecem vantagens específicas que orientam seus usos de acordo com as fun-
ções a serem desempenhadas. A vegetação
optar pelo modelo de plantio de espécies
herbácea é mais indicada para o controle de
pioneiras nas clareiras e de secundárias
processos erosivos, proteção do solo contra
onde houver sombreamento. O espaçamen-
ressecamento de camadas superficiais e
to depende do tamanho da clareira e das ca-
contribuir para a formação de matéria or-
racterísticas das espécies escolhidas.
gânica. Podem ser usadas gramíneas e le-
guminosas (como a Crotalaria sp, uma legu-
são distribuídas nos vértices do triângulo
minosa anual, de crescimento rápido e ciclo
utilizando um número maior de mudas que
vegetativo curto, que auxilia na fixação de
resultará numa vegetação de alta densi-
nitrogênio). Arbustos e arbóreas facilitam a
dade. Esse tipo de plantio proporcionará a
coesão de camadas mais profundas do solo.
formação de uma rápida cobertura vegetal e
A escolha das espécies depende,
deve ser usado em áreas suscetíveis à ero-
entre outros fatores, de características do
são e em locais com gramíneas de cresci-
solo, condições do clima, proximidade com
mento “agressivo” como as braquiárias, pois
água, rusticidade, vigor, potencial de disper-
a sombra das espécies pioneiras controlará
são, sistema radicular, ocorrência na região
as gramíneas que não toleram sombra. Esse
(preferência para nativas), facilidade de ma-
modelo demanda maior recurso financeiro
nutenção (adubação, irrigação, poda, etc.).
para a implantação, porém apresentará bai-
No modelo triangular, as espécies
xo custo de manutenção. quais são os modelos de recu-
peração de áreas usados? Em geral
menor quantidade de mudas por apresen-
se utilizam os modelos em linhas com al-
tar maior distanciamento entre as covas
ternância de espécies pioneiras e interme-
resultando numa vegetação de baixa den-
diárias, os modelos em linhas inteiras de
sidade. O resultado será mais lento e seu
espécies pioneiras e secundárias, o modelo
uso é recomendado para áreas com menor
triangular ou o modelo hexagonal.
declividade, menos susceptível às erosões.
No modelo em linhas com alter-
Ao contrário do modelo triangular, o modelo
nância de espécies pioneiras e intermedi-
hexagonal tem menor custo de implantação,
árias, as plantas pioneiras são alternadas com as secundárias em linhas paralelas distando 3m e acompanhando as curvas de nível. A distância entre as covas deverá ser de 2m. Para esse modelo é recomendada a utilização de uma maior diversidade de plantas com portes diferentes. Caso haja necessidade de replantio, este deverá ser feito com espécies pioneiras. A quantidade de mudas por hectare indicada é em torno de 2.500 em modelo de espaçamento 2mx2m, 1660 para espaçamento 3mx2m e 1.100 em espaçamento 3mx3m.
O modelo em linhas inteiras de es-
pécies pioneiras e secundárias utiliza uma menor diversidade de espécies e pode ser feito nas margens de cursos d’água.
Para os modelos de recuperação
em linha, as espécies sugeridas são: Angico (Anadenanthera sp), Jenipapo (Genipa americana), Copaíba ou Pau d’óleo (Copaifera langsdorfii), Jatobá (Hymenaea sp), Ingá (Inga sp) e Pau-pombo (Tapirira guianensis).
Se na área a ser recuperada tiver
muitas espécies remanescentes deve-se
O modelo hexagonal requer uma
mas exige maiores gastos com manutenção.
Vale ressaltar a importância da
recuperação de áreas degradadas como caminho para preservação de nascentes e mananciais de água, de proteção de encostas e do solo contra erosão e lixiviação e para a dinâmica de manutenção de plantas e animais com a oferta de alimento, água e abrigo. autores Neiva Beatriz Antunes é Bióloga (UFU), Mestre em Ecologia (UnB), Diretora proprietária do Centro de Estudos Terra Brazilis onde ministra cursos e realiza consultorias na área ambiental desde 2004. Também é sócia na empresa Royale Comunicação, atuando na área Comercial ¶ Adailson Pinheiro Mesquita é Engenheiro Civil (UFU) e Doutor em Geografia (UFU). Professor do Centro Universitário do Triângulo desde 1996 ¶ Camila de Paula Teixeira é Bióloga licenciada pelo Centro Universitário do Triângulo e Bacharelanda em Biologia na Universidade Federal de Uberlândia. Compõe o corpo de profissionais da Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Uberlândia ¶ Cassiano Silva Garcia é estudante do 6° Período de Ciências Biológicas no Centro Universitário do Triângulo.
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livros
OCA - ARQUITETURA NO BRASIL - CASAS, INTERIORES, JARDINS editora Vitória Books | volume 11
O livro é composto por diversas obras residenciais assinadas por grandes escritórios da atualidade. É a junção da arquitetura, interior e paisagismo, tornando-o uma excelente fonte de pesquisa. Dentre os últimos volumes este é considerado a edição mais completa da série. Nele encontramos, não apenas imagens, mas também plantas e setorizações que de fato apresentam inovações arquiteturais.
CIDADES
SUSTENTÁVEIS
CIDADES
INTELIGENTES – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NUM PLANETA URBANO editora Bookman | autor Carlos Leite
Com mais da metade da população mundial vivendo nas cidades, a questão da ocupação dos espaços de forma sustentável se tornou fundamental. Este livro aborda exatamente isso, propondo soluções e ideias para melhorar os fluxos e a qualidade de vida nas cidades, utilizando-se para isso de exemplos de iniciativas bem sucedidas e casos reais.
101 LIÇÕES QUE APRENDI NA ESCOLA DE ARQUITETURA autor Matthew Frederick | editora Martins Fontes
O livro fornece diretrizes para simplificar e ajudar estudantes de arquitetura com dúvidas e aspectos complexos nos projetos arquitetônicos. Os problemas mais recorrentes da arquitetura são ilustrados na obra. Segundo autor, o livro é o manual que ele gostaria de ter possuído durante a faculdade.
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DA TAIPA AO CONCRETO – CRÔNICAS E ENSAIOS SOBRE A MEMÓRIA DA ARQUITETURA E URBANISMO editora Três Estrelas | autor Carlos Lemos
O livro engloba mais de 50 textos, alguns inéditos, sobre a luta de Carlos Lemos em defesa do patrimônio histórico urbanístico do país. O autor ressalta a importância do passado das cidades e o significado dos bens arquitetônicos.
ROBERTO BURLE MARX – ARTE E PAISAGEM editora Studio Nobel | autor José Tabacow
Aborda de forma autêntica e inédita textos e imagens que revelam o pensamento de Roberto Burle Marx, além de ilustrar várias de suas obras, como sua residência, o Sítio Roberto Burle Marx, onde desenvolveu uma respeitável coleção botânica. As fotos são acompanhadas por legendas que ilustram seus conceitos de forma didática.
NEUFERT – ARTE DE PROJETAR EM ARQUITETURA editora GG | volume 18
Livro destinado principalmente a estudantes de arquitetura, trata-se de mais que um manual para consultas rápidas de medidas que abrange desde ambientes internos até para grandes espaços. A obra traz também normas técnicas de medidas e espaços de forma ilustrativa facilitando a compreensão do leitor.
MANUAL DO ARQUITETO DESCALÇO editora B4 Editores | autor Johan Van Lengen
O livro revela técnicas de construções sustentáveis da boa arquitetura, promovendo o equilíbrio entre o meio ambiente e o progresso. É destinado a estudantes e profissionais da área, convidando-os a compreensão do emprego de tecnologias usadas na arquitetura.
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sérgio
augusto
arquiteto sor
urbanista
mestre
sitário
pedrozo
do
do
peixoto
e
profes-
centro
univer-
triângulo
(unitri)
Aconteceu, em agosto, a primeira
tado a Madeira Plástica, um produto fabrica-
de produtos e reciclagem; eficiência no con-
edição da Expo Arquitetura Sustentável, um
do com polietileno de alta densidade (PAD),
sumo de água e eficiência energética com
evento da construção sustentável criado
material encontrado em embalagens plás-
uso de energia limpa. Por essas iniciativas,
para reunir as principais empresas do setor
ticas descartadas, e os produtos apresenta-
recebeu a primeira certificação LEED para
que tem como meta comum a eco eficiência
dos se mostraram bastante versáteis para
bairros na América Latina, a primeira certi-
na construção civil do Brasil.
a arquitetura, podendo ser utilizados como
ficação AQUA para bairros e loteamentos no
decks, gradis, tablados, varandas e fachadas.
Rio de Janeiro e selo AQUA habitacional.
O evento foi organizado em dois
formatos distintos em que os participantes puderam visitar os estandes das empresas e, paralelamente, participarem de palestras.
Em visita à feira, observamos, até
pelo número reduzido de expositores, que apesar do tema estar sendo muito divulgado no país, ainda são poucas as empresas dispostas a investir no setor. A ideia da feira seria apresentar novos conceitos e solu-
CO M
P ROJ E TO
E S CR I T Ó R I O BA I R RO
DO
U R BAN Í S T I CO AR QU I T E TO
SUSTENTÁVEL
I D E AL I Z AD O JA I M E
GREEN
P E LO
L E RN E R ,
B U S CA
O
EFICIÊN-
C I A E N E R G É T I CA , P R E S E RVA Ç Ã O AM B I E N TAL , D E S I G N IN T E L I G E N T E & BA I X A E M I S S Ã O D E CAR B ON O
ções de sustentabilidade para a eficiência na
construção de casas, escritórios e industrias,
apresentação de dois projetos urbanísticos.
No setor de projetos, destacamos a
hectares na cidade de Pelotas/RS o bairro
mas pouco se apresentou em termos de
Localizado na Barra da Tijuca zona oeste do
Quartier teve seu projeto urbanístico ide-
novidades para o setor, o que se viu foram
Rio de Janeiro e com área de 800.000 m², o
alizado pelo escritório do arquiteto Jaime
soluções como os sistemas de captação de
bairro Ilha Pura que será utilizado como Vila
Lerner a partir de três conceitos que fazem
águas das chuvas para reuso e lançamento
Olímpica para as delegações de países que
dele um bairro sustentável. O chamado Gre-
de lâmpadas e luminárias com melhor efici-
participarão das olimpíadas e paraolimpía-
en que busca a eficiência energética, preser-
ências e durabilidade.
das de 2016, conta com sete condomínios,
vação ambiental, design inteligente e baixa
Localizado em uma área de 30
O setor que se mostrou mais enga-
31 prédios residenciais e 3.604 apartamen-
emissão de carbono; Lifestyle que prioriza
jado na apresentação de novos produtos foi
tos, teve seu projeto urbanístico pautado na
a criação de espaços para interação entre
o de matérias de construção que faz uso de
redução de gases do efeito estufa a partir
o pedestre e o bairro por meio do desloca-
matéria prima de reciclável. O plástico foi a
da contratação de empresas preocupadas
mento fácil e tranquilo; Smart que projeta o
atração da feira no setor de matérias, com a
com a extração de matéria prima certificada,
bairro como um lugar para gerar bem-estar
exposição de produtos como madeira e pisos
passando pelo processamento e transpor-
por meio da diversidade de espaços de tra-
permeáveis para pavimentação externa em
te; meio ambiente e sociedade com ações
balho, moradia, estudo e lazer. Segundo os
áreas de passeio, jardins e área de estacio-
de capacitação profissional, programas de
empreendedores, o bairro foi criado na esca-
namento, com a proposta de garantir o au-
educação ambiental e criação de viveiro de
la humana para privilegiar o pedestre, onde o
mento das áreas de absorção de águas nas
mudas com mais de 160 espécies; mobilida-
design além de beleza traz sustentabilidade
cidades, em substituição aos pisos à base de
de com ampla estrutura cicloviária, acesso à
e favorece a circulação, conceitos que faci-
cimento existentes no mercado atual. Em-
estação do BRT, redução do tráfego de veí-
litam o convívio de pessoas que trabalham
presas como PLASTPRIME, PLASMAD, ALL-
culos pesados durantes as obras, instalando
e moram no bairro, contribuindo para o es-
PEX e ECOPLATE tiveram seus stands entre
duas usinas de concreto; gerenciamento de
pírito de comunidade e para a preservação
os mais visitados da feira, onde foi apresen-
resíduos e redução por meio da reutilização
ambiental.
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alheias às características físicas e socioeconômicas geram um custoso e permanente esforço de manutenção da ordem e controle e, quase sempre, as regras da natureza mostram-se mais fortes que a racionalidade humana. Não me deixam mentir as enchentes anuais, os deslizamentos de ocupações em áreas íngremes, os problemas respiratórios causados pela seca e/ou poluição exacerbadas, entre outros problemas. Na complexa selena lage e lage arquiteta urbanista e professora
rede de relações em que nos encontramos,
mestra do centro universitário do triângulo (unitri)
tais que são também sociais e econômicos,
estamos nos referindo a problemas ambienao mesmo tempo locais e mundiais.
A consciência ambiental, aqui en-
o tema, recomendou a convocação de uma
tendida como a consciência de que meio am-
nova conferência mundial, a qual aconteceu
biente e sociedades humanas interagem-se
em 1992, no Rio de Janeiro, onde represen-
e modificam-se, inicia-se no final da década
tantes de 179 governos assinaram o docu-
de 1960, quando pesquisadores descobrem
mento denominado Agenda 21, já iniciado,
problemas como o secamento de lagos e
no âmbito da ONU e com a participação de
rios, o “efeito estufa” e as “ilhas urbanas de
seus estados-membros, desde 1989.
calor”. Tais problemas colocaram em evi-
dência o fato de que os recursos naturais do
da 213, definida como um instrumento de
planeta poderiam se acabar, caso não alte-
planejamento para a construção de socie-
rássemos nossas atitudes para com o meio,
dades sustentáveis, é o reconhecimento de
tornando a vida humana impraticável, colo-
que para a conservação dos recursos natu-
cando em risco a sobrevivência das gerações
rais do planeta é preciso tratar também das
futuras e do próprio sistema como um todo.
questões sociais e econômicas, definindo o
O despertar dos homens para es-
“triplo pilar da sustentabilidade”: proteção
ses problemas levou à organização pela
ambiental, justiça social e eficiência econô-
ONU (Organização das Nações Unidas) da
mica. Trata-se, assim, de uma abordagem
“Primeira Conferência Mundial sobre o Ho-
sistêmica sobre a questão, em que socie-
mem e o Meio Ambiente”, ocorrida em 1972
dade e meio-ambiente são vistos de forma
em Estocolmo, no âmbito da qual foi criada
indissociável.
a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento. Esta Comissão publicou,
nha de pensamento de indivisão de nature-
em 1987, um relatório intitulado “Nosso Fu-
za e sociedade havia sido preconizada pelo
turo Comum” (“Our Common Future”), tam-
arquiteto americano Ian McHarg, que em
bém conhecido como “Relatório Brundtland”,
1971 escreveu “Design with Nature” (“Pro-
o qual adotou o conceito de desenvolvimen-
jetando com a Natureza” – tradução livre
to sustentável: “o desenvolvimento que sa-
da autora). Nesse livro, McHarg apresenta
tisfaz as necessidades presentes, sem com-
uma metodologia de planejamento regional
prometer a capacidade das gerações futuras
considerando tanto os aspectos físicos dos
de suprir suas próprias necessidades.”2
sítios (como o tipo de solo, relevo, hidrogra-
O Relatório Brundtland demostrou
fia, vegetação, etc.) quanto sociais (especial-
a complexidade da questão ao apresentar
mente as ocupações existentes), visando à
uma visão crítica do modelo socioeconômico
minimização dos impactos das intervenções
de desenvolvimento adotado pelos países
sobre os recursos naturais e culturais.
industrializados e reproduzido pelas na-
ções em desenvolvimento, ressaltando os
quisadores avançaram no tema e, em função
riscos do uso excessivo dos recursos natu-
da vasta bibliografia existente, bem como
rais sem considerar a capacidade de suporte
das nossas observações cotidianas, hoje
dos ecossistemas. Para tratar melhor sobre
sabemos que as intervenções antrópicas
Um importante mérito da Agen-
No âmbito da Arquitetura, esta li-
Desde então, outros autores e pes-
Entretanto, passados quase 50
anos da insurgência da consciência ambiental e seus desdobramentos, espantanos verificarmos que enquanto em outras partes do mundo estão sendo planejados e construídos bairros e cidades compactos de modo a minimizar áreas de desmatamento e impermeabilização do solo, entre outros benefícios (a exemplo do Bed Zed em Londres e de Masdar City nos Emirados Árabes), Uberlândia estende seu perímetro urbano mesmo com inúmeras e vastas áreas vazias existentes no antigo perímetro. Enquanto acompanhamos com admiração a renaturalização de rio urbano em Seul, continuam as cidades brasileiras a canalizarem seus rios e construirem sobre eles grandes avenidas. Enquanto em Barcelona, quando das obras realizadas para as Olimpíadas de 1992, implantou-se um sistema de coleta pneumática de resíduos sólidos4; no Brasil, são pouquíssimos os municípios que realizam a coleta e o tratamento de seus resíduos de forma adequada, sejam sólidos ou líquidos5. Enquanto se ecoa, a sete ventos, que a melhoria da mobilidade, especialmente em grandes cidades, passa necessariamente por investimentos em transporte coletivo, vê-se no Brasil o incentivo à aquisição de carros particulares, e com frequência aparecem nos noticiários orgulhosas inaugurações de viadutos e largas avenidas (quase sempre sem ciclovias ou ciclofaixas).
Venho
me
perguntando
sobre
quais seriam as razões desse anacronismo na construção das paisagens urbanas brasileiras. Seria o excesso de recursos naturais disponíveis em nossas terras? A começar pelo espaço terrestre, recurso não renovável e tão escasso em alguns países... Ou seria a 89
ênfase dada ao desenvolvimento econômico, desconsiderando o equilíbrio necessário ao “tripé da sustentabilidade”? Trata-se, talvez, de uma inexistência ou incompletude da chamada consciência ambiental ocasionada pela precariedade de nossa educação? Certamente não há uma única e simples expli-
rogério c. de mello franco arquiteto e urbanista
cação, sendo estas todas, juntas a mais uma variedade de razões e suas inter-relações, as causas do descompasso teórico-prático.
Sobre a questão, evidencia-se o
meses do lançamento registrou cerca de 800
vínculo estreito entre Arquitetura e Políti-
downloads, distribuídos em várias cidades
ca. Trata-se aqui do termo “Política” na sua
mineiras. O sucesso chamou a atenção dos
acepção ampla, não se restringindo apenas
demais Conselhos e o CAU/MG já dispo-
a questões partidárias ou a formas de orga-
nibilizou o compartilhamento com o CAU/
nização de poderes, mas referindo-se a todo
BR e das demais unidades da Federação.
tipo de relação e organização necessárias à
vida comum; portanto, inerente ao homem enquanto ser social. O reconhecimento do
utilização em qualquer lugar do Estado.
caráter político da Arquitetura conduz ao alargamento e ao redimensionamento da
responsabilidade dos arquitetos. Esses não
anos de existência, dos 853 municípios, o
devem limitar seu trabalho somente à corre-
CAU/MG está presente em tempo real em
ta execução das tarefas técnicas, mas aten-
322 cidades. Onde há um arquiteto e urba-
tar também para as relações sociais de força
nista, o Conselho de Arquitetura e Urbanis-
e poder em que se inserem tais tarefas, uma
mo de Minas Gerais (CAU/MG), existe e atua
vez que essas relações estão intimamente
por meio de cada um destes profissionais.
vinculadas à produção e reprodução dos es-
paços urbanos.
tar, disciplinar e fiscalizar o exercício da
Em Minas Gerais, com apenas dois
O CAU/MG tem a função de orien-
profissional em se tratando de arquitetura e urbanismo; zelar pela fiel observância dos princípios de ética e disciplina entre os arquitetos e urbanistas em todo o Estado de Minas Gerais; bem como pugnar pelo aperfeiçoamento do exercício de atividades
Não obstante, é preciso ressaltar
que Arquitetura e Política não são sinônimos ou substituíveis entre si, sendo a Arquitetura apenas uma parte da Política. Assim, o arquiteto não é o único responsável pela construção de melhores paisagens urbanas, sendo então mais um dos profissionais/ cidadãos a contribuir para o objetivo comum. Porém, tem a responsabilidade plena de acrescentar seus contributos – técnicos, artísticos, éticos e morais - à pluralidade de competências. autora Selena Lage é arquiteta-urbanista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e mestre em Arquitetura e Urbanismo pela mesma instituição. Leciona no Centro Universitário do Triângulo (UNITRI) há quase dois anos. 90
O aplicativo foi criado para ser
prático, objetivo e intuitivo, permitindo a
na produção da arquitetura e urbanismo.
Com este foco, em uma ação pio-
neira no Brasil, o CAU/MG lançou, em novembro de 2013, o aplicativo Arquiteto Protagonista. Trata-se de um aplicativo gratuito para smartphone e tablet, tanto para modelos iOs quanto para Android, que permite ao profissional arquiteto urbanista enviar imagens e informações sobre obras com indícios de irregularidades. O aplicativo já está disponível para download e pode ser utilizado em qualquer lugar do estado de Minas Gerais.
O aplicativo Arquiteto Protagonista
comprovou sua eficiência e já nos primeiros
Utilizando recursos de geolocalização e a câmera de dispositivos móveis, em apenas alguns instantes, o usuário consegue efetivar sua contribuição e enviar as informações diretamente para o CAU/MG.
Joel Campolina, o primeiro presi-
dente do CAU/MG enfatiza que “a participação voluntária de cada um em benefício de todos - sociedade, profissional, governo - tornará mais dinâmica a tarefa da equipe do CAU/MG de pugnar pelo aperfeiçoamento do exercício da profissão em nosso estado”. Seu entusiasmo com o aplicativo tem sido mantido pela atual presidente, Vera Carneiro e pelo representante desta Região no Conselho, o insigne colega Roberto Andrade.
Com a chegada do aplicativo Ar-
quiteto Protagonista, o CAU já ampliou e intensificou ainda mais seu raio de atuação visto que cada arquiteto e urbanista pode e deve - se tornar um agente para o exercício adequado das atividades próprias da profissão. Todo profissional registrado no CAU/MG pode participar, basta baixar gratuitamente o aplicativo e começar contribuir imediatamente para valorizar, regular e aperfeiçoar o exercício profissional, defendendo também a sociedade da atuação de leigos e outros criminosos que os acobertam.
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