Conde B贸ris A Hist贸ria de um Vampiro
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Gabriel Augusto Freitas dos Santos
Conde B贸ris A Hist贸ria de um Vampiro
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Sumรกrio
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Apresentação
Quando a noite vem só e fria Eu fico a imaginar o infinito Desta minha curta vida Que promete ser distante A fome por um ser fresco Apodera–se da minha mente Mas a pena de tirar uma vida Instala–se neste meu coração ainda quente A necessidade choca com a ética A solidão mórbida submerge Tenho em minhas mãos O poder de dar vida eterna Mas será justo dar vida já morta? A eternidade é sedutora Mas o poder de sentir amor é vida E esta vida insanguina que levo é já morte Muitos são aqueles que me pedem vida Mas que vida pode eu dar se já sou cinza? 7
O desejo de ter alguém para partilhar o mundo É grande, forte , mas egoísta Estas noites de cinza fúnebre Que assombram e seduzem olhares curiosos Saciam meu ser com sede de vida fresca Mas a vitima prefeita ainda não encontrei Alguém com o mesmo sentimento atroz Que tenha sede de infinito… Tenho a eternidade para o procurar Mas tenho a incerteza se ele existirá... Ana Patrícia Diogo
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Conde B贸ris A Hist贸ria de um Vampiro
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Capítulo l ...De Klausenburg à Romênia
Sete de Maio de 1.887
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il oitocentos e oitenta e sete, uma época de violência e dominada pela tirania em Klausenburg, capital da Transilvânia, governada pelo respeitoso Bóris Hampton, um fino e poderoso conde nascido na cidade de Munique, descendente de James Hampton, antigo guerreiro do exército do rabino Yehuda Yekusiel Halberstam até se casar. Por ser um conde, Bóris era bem jovem, tinha vinte e nove anos e se tornou conde em mil oitocentos e oitenta após seus pais serem mortos por ladrões. Bóris usava sempre roupas neutras que em Klausenburg representava respeito; usava todas suas peças de roupas sociais e uma longa capa para mostrar sua autoridade na cidade, cabe11
los longos e negros até o pescoço que eram penteados sempre para trás, pele salmão–escuro, olhos castanho–claros e um cavanhaque negro que envolvia todo o seu queixo. Bóris se casou com a condessa Ursula Almeida, dois anos após o falecimento dos pais, ela é filha do também falecido barão de Klausenburg, Velkan Almeida, também nasceu em Munique e quatro anos mais jovem que o conde, vinte e cinco anos, sem falar que ela era considerada a mulher mais linda da cidade. Ursula usava sempre vestido balões como era tradição naquela época, vestida sempre com trajes claros – rosa, azul claro, branco... – sempre deixava seus lindos cabelos loiros presos, para não chamar muita atenção dos criados da casa pela sua beleza, seus olhos eram verde–esmeralda, pele branca e macia como a neve muito frágil à luz solar. Por ser atraente, a condessa saía do casarão apenas acompanhada por seu marido para garantir sua segurança e mesmo assim com segurança reforçada. Mesmo governando Klausenburg Bóris e Ursula não conseguiam mais controlar a violência da cidade, muitos guardas já perderam suas vidas tentando evitar as rebeliões organizadas pe12
los vândalos e protestantes contra a política de Bóris. Chegou uma época, em que essa rebelião resultou em um verdadeiro massacre causando mais de cinquenta mortes, todas de forma cruel e sangrenta. Outro motivo que causava essa revolta em alguns moradores, era porque a maioria dos moradores da cidade não aceitavam de forma alguma o catolicismo – que Bóris sempre defendeu – eles queriam ter sua própria religião, criar seu próprio deus e isso amedrontou padres e monges de Klausenburg fazendo com que todos fossem embora para as outras cidades européias. Alguns foram para outros países, pois os que ficaram na capital transilvaniana acabaram morrendo decapitados e queimados vivos, pois era uma forma de provar que Deus era uma fraude já que ele não conseguia salvar seus devotos. Eles pensaram em ir para a Romênia, mas foram informados que lá não era permitido o catolicismo de forma alguma, havia apenas uma igrejinha católica, mas os moradores estavam terminantemente proibidos de frequentá–la por lei, a qual estava à mostra no centro da cidade. A Romênia era uma cidade horrível, governada por um certo Conde Vladislaus Dracúlia, 13
popularmente conhecido por Conde Drácula que é a tradução popular de Dracúlia no latim. O Conde também tinha o apelido de “Vlad Tepes – O Empalador”, pois ele foi perverso e tirano no início de seu governo, tinha o hábito de empalar suas vítimas ou inimigos, como forma de punição, da mesma forma que faziam os antigos romanos com criminosos. Suas vítimas eram espetadas em uma estaca de madeira ou de ferro expostas uma ao lado da outra. Várias pessoas da Romênia já relataram que Drácula tinha o costume de realizar banquetes em frente aos condenados e que se alimentava prazerosamente ouvindo os sons desesperados de seus inimigos e vítimas agonizando e morrendo, porém ninguém nunca descobriu de onde vinham os gritos de agonia e desespero do castelo. Conde Drácula mora em um castelo no morro mais alto da Transilvânia, o Castelo de Bran, mas como o conde, por toda sua vida habitou aquele castelo, os moradores passaram a chamar o castelo de Castelo de Drácula. Um pouco adiante do Castelo de Drácula, havia outro morro alto com outro castelo, porém mais velho, o Castelo Frankenstein, esse nome porque nele morou o cientista mais louco de toda 14
Transilvânia, o Dr. Victor Frankenstein, louco, porque ele sozinho criou um ser composto por pedaços de sete corpos humanos e deu vida a ele durante uma tempestade, utilizando os raios que caiam sobre o castelo. Dr. Victor morreu misteriosamente em seu laboratório escondido no subterrâneo de seu castelo em mil oitocentos e oitenta e seis, já sua criatura foi morta pelos moradores, queimado vivo em praça pública. Nunca os policiais resolveram o caso da morte do cientista, então decidiram arquivar o caso, pois tinham a esperança de que um dia aparecesse uma nova pista que os levaria a resolução do caso. Cansados de viverem no meio de tanta violência, Bóris e Ursula resolveram deixar Klausenburg e tentarem um recomeço na nada agradável Romênia, Bóris então renunciou o posto de governador, o repassando para o sucessor Lucas Hampton, seu irmão mais velho. Para que a partida até a Romênia ocorresse da melhor forma possível, o criado do casarão de maior confiança Tobin Renfield foi enviado até lá com a missão de comunicar pessoalmente o Conde Drácula sobre a chegada dos dois em sua cidade e pedir para Drácula providenciar um alo15
jamento para que os dois – Bóris e Ursula – passassem a noite durante a viagem. Sete de Junho de 1.887 Passou–se um mês desde a ida de Renfield a Romênia, e nesse período de ausência, Bóris e Ursula não receberam nenhuma notícia a seu respeito, os dois começaram a ficar preocupados, enviaram muitas cartas ao Conde Drácula esperando alguma notícia, mas não chegava nenhuma resposta ao casarão, aumentando ainda mais a angústia dos dois, sem falar na ansiedade que estavam para com a viagem. Ursula pensou em comunicar as autoridades locais, mas Bóris não permitiu, pois achava melhor esperar, do contrário isso poderia afetar a viagem deles. Sete de Julho de 1.887 Mais outro mês se passou, quem diria, Bóris e Ursula ficaram dois meses exatos sem notícia alguma de Renfield e faltava apenas um dia para a partida deles à Romênia, pelo visto eles teriam que arranjar um alojamento por conta pró16
pria para passarem a noite da viagem, já que nem o criado, nem o Conde Drácula deram notícias. Era oito e meia da manhã, o conde e a condessa tomavam tranquilamente o café preparado pela criada do casarão, ela fez torradas com manteiga e café com creme, o mais tomado da Transilvânia. Os dois conversavam sobre a viagem quando ouvem alguém batendo na porta, como os empregados do casarão estavam todos ocupados e Renfield estava “desaparecido”, o conde teve que abrir a porta pessoalmente. Primeiramente ele espia cautelosamente pela fechadura para sua segurança e vê que era o carteiro, então abre a porta e pergunta: – O que o senhor deseja? – Tenho uma carta escrita pelo Conde Vladislaus Dracúlia ao excelentíssimo Conde Bóris Hampton e vossa esposa – respondeu o carteiro. – Obrigado senhor carteiro – agradece o conde segurando a carta nas mãos. Bóris abre o envelope, retira um papel dobrado no meio, ele então desdobra o papel e voltou até a mesa que tomava café, lá retoma seu assento e olhando a carta, começou a ler a carta em 17
voz alta para que a condessa também escutasse. A carta dizia o seguinte:
Romênia, 07 de Julho de 1.887. “Saudações Srs. conde e condessa”: Seu criado Tobin Renfield me relatou o recado dos senhores, saibam está tudo pronto para recebê–los aqui em minha Romênia. Estou esperando–os com a maior ansiedade de conhecê–los pessoalmente. Desejo–lhes que tenham uma maravilhosa noite de sono para que amanhã ás três horas da tarde possam sair de Klausenburg com disposição. Primeiramente enviarei uma das minhas carruagens para buscá–los, durante a noite ficarão hospedados no Hotel Coroa Dourada em Bistritz, fiquem tranquilos, é 18
de minha inteira confiança, me hospedei lá várias vezes em minhas viagens e tive a honra de fazer duas reservas para os senhores. No dia seguinte minha carruagem esperará por vocês na porta do hotel às uma da tarde para seguirem viagem direta para a Romênia, vocês morarão no Castelo Frankenstein, fica ao lado de meu castelo. Boa Viagem! Ass.: Conde Drácula Embora o conde e a condessa estranharam a data que a carta foi escrita – no mesmo dia que foi entregue – ficaram mais aliviado em saber que o Conde Drácula providenciaria a hospedagem da viagem dos dois. Oito de Julho de 1.887 19
O sol indicava que era por volta das duas da tarde, Ursula e Bóris já estavam com as malas prontas para viajarem deles rumo à Romênia, só faltava guardar as bagagens na carruagem enviada pelo Conde Drácula que já os esperava. Às três horas, eles deixariam o casarão rumo a Bistritz, os criados que serviam o conde e a condessa foram dispensados de forma amigável, mas para ajudá– los, Bóris deu a cada um duzentas mil libras, e quem sabe algum deles consiga um serviço, que provavelmente vão precisar quando o novo conde de Klausenburg assumir o governo e se mudar para o casarão. Quando o relógio de canto da sala,marcava três horas da tarde, o conde e a condessa começaram a embarcar as malas pequenas na carruagem e em seguida embarcaram partindo rumo à Romênia. Os móveis do casarão chegariam aos poucos na nova moradia de Bóris e Ursula, provavelmente o novo conde providenciaria o transporte. Eram aproximadamente sete horas de viagem. Provavelmente a carruagem que levava o conde e condessa passaria por Budapeste onde daria para se ver o maravilhoso Rio Danúbio e 20
sua linda ponte que se transformou num dos mais bonitos pontos turísticos da Transilvânia. O conde e a condessa chegaram a Bistritz por volta das sete e meia da noite e se hospedaram no Hotel Coroa Dourada conforme as instruções passadas pelo Conde Drácula. Ao entrarem no hotel, foram recebidos por uma recepcionista chamada Lucy Westenra, ela era meio pálida, pele macia e branca, cabelos escuros e lisos, aparentava ter uns trinta e dois anos e ficava encarando o conde e a condessa com um olhar sombrio, como se estivesse assustada e desconfiada de algo. Bóris foi conversar com ela para saber em que quarto ele e sua esposa passariam a noite. O quarto era o número cento e quarenta e cinco. O conde e a condessa fizeram um breve jantar pelo excesso de cansaço e depois foram para o quarto por volta das oito e meia da noite onde dormiram em seguida. O quarto deles estava preparado para recebê–los, as camareiras haviam deixado todo o necessário já providenciado para a noite dos dois.
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Nove de Julho de 1.887 Mesmo indo dormir cedo demais, o conde e a condessa acordaram muito tarde, duas e meia da tarde – realmente estavam exaustos – rapidamente começaram a se arrumar e foram para o restaurante comer alguma coisa. Ao descer as escadas que levava até o restaurante do hotel, Ursula ouviu uma conversa entre o gerente e a recepcionista do hotel: – Senhor o senhor não acha melhor contarmos ao conde e a condessa sobre o perigo que eles correm se forem para a Romênia? – Eu acho que é melhor não dizermos nada Lucy, pois se o mestre souber que contamos algo ele nos estraçalha por traição! – É porque fiquei preocupada com todos que vão para a Romênia, porque desde a morte do Dr. Victor Frankenstein houve muitos desaparecimentos recentes por lá! Eu sei que é tudo “ele”. – CALADA! Ele pode nos escutar em qualquer parte, em qualquer lugar! A condessa continuou descendo as escadas fingindo que não escutou nada. Então perguntou:
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– Boa tarde, senhor gerente e senhora Lucy, desculpe pelo horário, mas gostaria de saber se tem algo para mim comer. – Claro que sim senhora Hampton, nós guardamos o seu almoço e do seu marido! – disse Lucy com um olhar desconfiando de que Ursula pudesse ter ouvido a conversa entre ela e o gerente. Instantes depois, Bóris desce as escadas ansioso para comer algo. Ele e a condessa almoçaram e em seguida foram para a portaria fechar a conta, agradeceram a hospedagem, pegaram as malas e foram para fora do hotel, Lucy os acompanhou até a saída e disse: – Senhores, o cocheiro de Drácula esteve aqui por volta das oito da manhã, mas como os senhores estavam dormindo e não quis incomodálos, ele disse que iria fazer um serviço pedido pelo conde e voltaria para buscá-los as quatro horas da tarde! – Mas e nossa carruagem? – perguntou Ursula. – Partiu bem cedo para a Romênia, o Conde Drácula insistiu que fossem levados por seu transporte. 23
Foi dito e feito, quando o relógio anunciava quatro horas, uma carruagem surgiu no oriente vindo na direção da entrada do Hotel Coroa Dourada. Drácula já havia deixado pago a estadia do conde e da condessa e isso ajudou os dois nas economias para pagarem o transportador de móveis. O céu estava nublado com uma aparência horrível, parecia que um forte temporal se aproximava, não se dava para ver a luz do sol em lugar algum do céu. Mesmo correndo risco de pegarem uma forte tempestade eles partiram animadíssimos e ansiosos para chegarem à Romênia. Por volta das sete da noite, a carruagem já passava pelos Montes Cárpatos, o lugar mais assombrado da Transilvânia, neles se concentravam lendas e superstições de lobisomens a ritual de bruxaria - magia negra. Como o conde e a condessa queriam chegar na nova cidade o mais cedo possível, cocheiro do Conde Drácula disse a Bóris e Ursula que ele iria utilizar um caminho que economizaria dez minutos, os dois obviamente aceitaram a proposta do 24
cocheiro, já que não era confiável andar muito durante a noite naquela região. Os cavalos cavalgavam tranquilamente, quando de repente todos ali presentes ouviram um uivo estranho semelhante ao de lobo. O cocheiro então sorriu e olhando para a lua cheia, encoberta pela neblina e disse: – Que maravilha Parece que As crianças da noite saíram para brincar! – Crianças? – perguntou Ursula. – Lobisomens! – respondeu o cocheiro. – Santo Cristo! – respondeu Ursula abraçando Bóris que também estava bastante assustado. O cocheiro agiu estranhamente quando ouviu a condessa pronunciar a expressão “Santo Cristo”, então disse: – Fique calma senhora Hampton, não sabia que aqui na Romênia lobisomens aparecem frequentemente? – Não, eu não sabia, ainda mais a essa hora, a lua nem está completamente visível e não escureceu por completo! – Deve ser por que o sol está coberto pelas nuvens e a neblina que cerca a floresta ajuda o lobisomem a enxergar melhor, e a nós, só piora as coisas. 25
De repente, em meio à neblina, o cocheiro avista uma criatura estranha, rodeando a área que estavam, difícil de identificar, pois a neblina dificultava sua visão. Quando todos menos esperavam a criatura fica de frente para carruagem, era um lobisomem. O cocheiro então virou a carruagem com toda a força desviando do monstro, mas não parou por aí, o lobisomem saltou por cima da carruagem fixando suas garras afiadas no teto da cabine que o conde e a condessa estavam. Bóris então gritou: – Saia daí criatura do demônio, eu ordeno em nome de Cristo! – Calma, ele só está faminto – respondeu o cocheiro furioso, parecendo tentar evitar que o conde mencionasse Deus em suas palavras.. Os cavalos começaram então a correr mais rápidos que de costume. – Proteja–se Ursula – gritou Bóris apavorado, o lobisomem salta da carruagem e corre do lado da janela de Bóris, ele tinha uma expressão satânica, olhos avermelhados como brasa, pelos negros e rajados de cinza, face semelhante à de um lobo, orelhas pontiagudas e presas enormes de dar arrepios. 26
– Fiquem calmos – disse o cocheiro – no fim dos Cárpatos há uma ponte que nos levará direto para a Romênia, ele não passará da floresta! Faltam poucos metros para chegarmos! Quando se dava para avistar a ponte, o cocheiro viu que uma parte dela havia desmoronado e a pior parte era que o lobisomem continuava perseguindo a carruagem. Abaixo da ponte destruída, havia um rio de lavas e a distância de um lado para o outro era mais ou menos quatro metros de distância. O cocheiro decidiu arriscar. Seria arriscado saltar mas era a única maneira de tentarem se salvar. Próximos do abismo, os cavalos aumentaram ainda mais a velocidade, era incrível. De repente eles saltam pela ponte sobre o rio de lavas, quando começaram a perder a velocidade, caíram do outro lado do penhasco. O lobisomem tentou saltar, mas acabou caindo no rio de lavas, no mesmo instante ele começou a se desintegrar rapidamente, em seguida desapareceu nas profundezas. Conforme o impacto que a carruagem caiu, uma de suas rodas direitas se quebrou, o cocheiro imediatamente parou seu trajeto e a consertou, 27
atrasando quinze minutos – o tempo que gastariam se não passassem pelo interior da floresta. Já se podia avistar a Romênia e o Castelo de Drácula, no monte mais alto da cidade. Quando o cocheiro enfim terminou de consertar a roda, seguiram viagem ao destino final.
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Capítulo ll O Jantar Amaldiçoado
Oito da Noite... cocheiro acabava de guiar os cavalos até os portões que levavam para a entrada da Romênia, ela não era uma cidade muito bonita, comparada a bela Klausenburg. É uma cidade bem destruída. A carruagem parou para que Bóris e Ursula descessem e o cocheiro alimentasse os cavalos, depois do que eles passaram com certeza deveriam estar com fome. Na entrada da cidade, havia dois cavalos esperando por eles para guiá–los até o Castelo Frankenstein, a galope. Eles subiram nos animais e foram na direção do castelo. Ao passarem pelo centro da cidade, os moradores da cidade começaram a olhar para os
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dois de forma estranha, dando a impressão que eles queriam avisá–los sobre alguma coisa ruim. Ao subirem o grande morro que levaria ao Castelo Frankenstein, o conde e a condessa desceram dos cavalos ansiosamente para conhecerem por dentro do castelo, já que por fora se dava a impressão de que ele era maravilhoso – mesmo sabendo que ele foi utilizado por um cientista louco. Quando entraram nele, a porta já estava aberta para recebê–los, as decorações do castelo eram maravilhosas, nas janelas havia desenhos de cristal com as imagens de Cristo e seus discípulos, outras com anjos, eram tudo bem decorado com arquitetura gótica, semelhante às obras de catedrais – sinal que Victor Frankenstein acreditava em Deus. O Castelo de Frankenstein aparentava ser bem antigo, de séculos e séculos de existência, das janelas do quarto podia se avistar perfeitamente o Castelo de Drácula. Bóris sorria a todo o momento, então perguntou a Ursula: – O que achou desse lugar querida? – Você ainda me pergunta? Eu amei, tirando aquele povo estranho no vilarejo. 30
– Logo nos acostumamos com esse lugar, é que em Klausenburg as coisas são muito diferentes, tenha paciência! Dez de Julho de 1.887 Foi um dia tranquilo para o conde e a condessa, eles estavam começando a se adaptar ao local em que mudaram, mas começaram a sentir saudades de Klausenburg. Ainda sem os criados, eles mesmo deram uma organizada no local, de maneira que se sentissem confortáveis. Onze de Julho de 1.887 Sete horas da manhã... O conde e a condessa acordaram exaustos, eles tiveram uma grande surpresa, o castelo se encontrava todo organizado, os móveis já haviam chegado e colocados em seus devidos lugares. Então eles foram para a sala de refeições e se espantaram, pois o café da manhã estava preparado – uma comprida mesa, recheada com torradas, manteiga, café com creme e diversas frutas. 31
– Quem será que arrumou tudo isso? – perguntou Bóris. – Acho que o Conde Drácula providenciou tudo enquanto dormíamos. – Estou ansioso para conhecê-lo. De repente, alguém bateu na porta do castelo, Bóris então vai atender, quando ele a abriu, seu rosto empalideceu na hora, parecia que ele estava frente a frente com um morto–vivo, pois se tratava de Tobin Renfield, o criado que havia desaparecido antes deles partirem. Bóris assustado pergunta: – O que foi que houve com você durante esses dois meses Renfield? Por que não respondeu às cartas que lhe enviei? – É que o senhor Conde Drácula me pediu para ficar por aqui mesmo para ajudá–lo a providenciar a chegada dos senhores, é porque ele não tem nenhum criado sabe, então... – Bóris então o interrompe. – Como assim nenhum criado? Como ele limpa o castelo, prepara suas refeições? – Não sei, ele não é de muita conversa, apenas me pediu para entregar esse bilhete – Bóris pega então um papel das mãos de Renfield – ago32
ra se o senhor me dá licença, tenho que voltar para o Castelo de Drácula. – Espera aí! Você não vai trabalhar mais para mim? – perguntou Bóris sem entender. – Vou sim senhor, mas primeiro o Conde Drácula me pediu para ajudá–lo a fazer algumas coisas, retorno para vossa residência em mais ou menos dois dias! – Aguardarei vossa chegada então - respondeu Bóris desconfiado. Bóris pegou o bilhete e o leu, ele dizia:
Caros amigos conde e condessa; Sejam bem–vindos em minha bela cidade, agora de vocês também. Tenho certeza de que a Romênia não irá decepcioná–los. Estou muito feliz em ter–lhes cedido o castelo do meu falecido amigo, Dr. Victor Frankenstein para ser o novo lar de vocês dois e para mostrar minha hospitalidade, convido vocês para jantarem em meu cas33
telo hoje ás oito e meia da noite, não aceitarei recusa, é da minha insistência a presença dos dois para que possamos nos ver pela primeira vez e nos conhecer melhor. Ciente Ass.: Conde Drácula. Bóris então diz a Renfield: – Vá e diga para o Conde Drácula que eu e a minha esposa teremos a honra de comparecer a esse jantar formal, ah e antes que parta tenho uma pergunta, por que você está usando roupa escura, óculos escuro e um guarda–chuva com esse tempo ensolarado? – É pelo fortíssimo sol da Romênia, sabe, tenho a pele muito frágil e o Conde Drácula me recomendou usar essas vestes para me proteger. Além de usar óculos e roupas escuras, Renfield estava bastante diferente do criado que havia 34
partido de Klausenburg, aparentava ter sofrido algumas mudanças físicas tipo: sua pele estava pálida esbranquiçada como de um morto, seus caninos estavam maiores que o de um humano normal e pontiagudos, suas unhas estavam grandes e afiadas fora a roupa negra que era a cor que Renfield mais odiava. Dez horas da manhã... O dia estava completamente maravilhoso, o sol brilhava tanto que os olhos humanos não enxergavam as nuvens próximas. Para aproveitarem o dia, Bóris e Ursula, decidiram dar uma volta pela cidade e assim conhecê–la melhor. Eles preferiram ir caminhando para respirarem o maravilhoso ar que por ali passava e conhecerem mais de perto o povo que ali morava. Onze horas da manhã... Bóris e Ursula caminhavam tranquilamente pelas ruas da misteriosa Romênia, os moradores olhavam para os dois como se eles parecessem perigosos. – Por que eles estão olhando para a gente desse jeito Bóris? – perguntou a condessa. – É que aqui eles não confiam em estranhos. – Parece que nós somos animais! 35
– Isso é normal no começo, depois eles se acostumam. Mesmo com os moradores olhando para os dois, eles continuaram a caminhada, passando alguns minutos, Ursula perguntou: – Bóris, como será que foi a morte do Dr. Victor Frankenstein? – Pelo que li nos jornais, ele morreu misteriosamente em seu laboratório, o corpo dele foi encontrado todo queimado, mas também com outras marcas com indícios de que ele possa ter morrido de outra forma, o juiz, Dr. John Seward e toda a justiça da Romênia são responsáveis pela investigação, então o laboratório dele foi lacrado para que os novos moradores do local, que supostamente somos nós, não tivéssemos acesso ao lugar onde podem aparecer novas provas que levem a resolução do crime. Três e vinte da tarde... Bóris e Ursula chegaram exaustos da cidade, então decidiram se deitar um pouco até que chegasse a hora do jantar formal no Castelo de Drácula. Sete horas da noite... Bóris e Ursula já começavam a se preparar para o jantar, Ursula colocou um vestido balão 36
rosa - claro de algodão com detalhes de seda, esse era o vestido mais caro que ela tinha, usava apenas em ocasiões importantes. O Conde Drácula providenciou o transporte dos dois, que estaria esperando por eles desde às sete e meia para que não acontecesse nenhum tipo de atraso no jantar. Ele enviou Renfield como o cocheiro da carruagem, já que não havia nenhum criado – Bóris se perguntava como aquele cocheiro que o buscou no Hotel Coroa Dourada dizia trabalhar para o conde se ele não possui empregados. Bóris colocou um terno Black inglês que ganhou de um Barão durante uma viagem a Londres – era um traje próprio para condes – suas peças de roupas eram todas sociais incluindo sua longa capa negra. Oito e quinze da noite: Chegando ao Castelo de Drácula, Bóris e Ursula desceram ansiosos da carruagem loucos para conhecem o famoso Conde Drácula, Renfield então disse: – Podem bater na porta que meu mestre atenderá vocês, vou guardar a carruagem nos fundos do castelo. Era estranho Renfield ter chamado o Conde Drácula de mestre, mas Bóris e Ursula nem de37
ram importância, foram diretamente na porta do castelo e nela a bateram. De repente uma chave girou na fechadura da porta, com um rangido que significava falta de uso, a pesada porta então se abriu e da entrada surgiu um senhor alto, de cabelos longos e grisalhos, bigode e cavanhaque cinzento e vestido de preto da cabeça aos pés. Bóris então perguntou: – Boa noite senhor, temos um jantar marcado com o Conde Drácula! – Eu sou Drácula! Por favor, entrem em minha casa de livre e espontânea vontade – respondeu o velho com uma voz fraca e suave. Bóris se espantou com a fisionomia do Conde Drácula, suas unhas eram bem maiores que as de Renfield, face branca e pálida, lábios sem cor, olhos azuis como de um lobo branco. Drácula e Bóris apertaram–se as mãos, Drácula tinha as mãos frias como de um falecido, porém tinha um aperto forte, parecia que o sangue não circulava em suas veias, mais um mistério perturbou Bóris: Como um homem dessa idade tem o aperto de mão tão forte como de dez homens? Oito e trinta minutos... 38
Antes d jantar ser servido, o Conde Drácula insistiu para que Bóris e Ursula jogassem com ele “Canastra”, um jogo típico de baralho daquela época. Bóris ganhou quase todas as rodadas, Drácula ficou furioso quando Bóris ganhou o triplo de quedas do que ele, nessa hora seus olhos ficaram vermelhos como brasa, Bóris e Ursula olharam para o conde assustados pela reação, mas se calaram, após um pouco mais de dez segundos seus olhos voltaram ao normal lentamente e o conde voltou a sorrir para os dois, pedindo que eles prosseguissem com o jogo. Nove e trinta da noite... Depois de perder diversas rodadas no jogo de cartas, Drácula decidiu iniciar o jantar, era muito estranho não haver criados no castelo dando a impressão de que quem fazia tudo era o próprio Conde Drácula. Durante todo o tempo em que Bóris e Ursula estavam no castelo, eles não viram a presença de Renfield em momento algum. O conde pôs os pratos sobre a mesa, tudo que havia lá era de dar água na boca, leitão assado, peru cremoso, costela mal passada, almôndegas suecas, purê de batatas e um exótico arroz temperado á moda da Romê39
nia. Provavelmente tudo feito pelo próprio Conde Drácula. Ao encerrarem o jantar, os três iniciaram uma conversa sobre negócios e políticas na Romênia, a violência em Klausenburg, enfim projetos de como seria a cidade governada por dois condes. Dez e vinte da noite... O silêncio pairou na sala de jantar, Drácula agia de forma estranha sobre a mesa de jantar, parecia que algo o incomodava, então ele se levantou impaciente e disse: – Para mim já chega, estou cansado de esperar! – Esperar o quê? – perguntou Bóris. Nessa hora os olhos de Drácula começaram a ficar novamente vermelhos e seus dentes caninos começaram a crescer ficando projetados para fora da boca, eles ficaram pontiagudos. Ursula então falou: – Oh meu Deus o Conde Drácula é um vampiro! Eu sabia, foi por isso que Renfield tem agido estranhamente, você o mordeu! – Como você é esperta condessa, acertou na mosca! – de repente, Drácula ficou em silêncio, imóvel e alguns minutos depois se lançou na direção de Bóris, o inocente conde parecia hipnoti40
zado em estado de transe e não reagia durante a pressão, o vampiro então mordeu o pescoço de Bóris e em seguida começou a desfrutar do sangue de sua vítima, após saciar–se com Bóris, o conde partiu para cima de Ursula, mas essa o surpreendeu com um crucifixo de prata, e o que era impossível aconteceu, ele gerou uma espécie de luz que impedia Drácula de se aproximar da condessa, o forte efeito da luz começou a queimá–lo lentamente, então o vampiro jogou sua capa sobre o rosto e se envolvendo em uma fumaça vinda de sua capa, transformou-se em um morcego e com uma habilidade sobrenatural saiu voando por uma das janelas de seu castelo que estava aberta. Ursula desesperada correu na direção de Bóris que estava desacordado no chão do castelo, seu corpo não apresentava sinais de vida, sua pele estava pálida e fria e seu pulso não mostrava pulsação. De repente surge Renfield que se aproximou de Ursula e disse: – Sinto muito senhora Ursula, mas o Conde Bóris não terá escolha, ele vai se transformar em vampiro assim como Drácula. 41
– Cale a sua boca desgraçado, você é aliado dele, nos traiu e agora me fez perder o meu marido! – Fique em silêncio e volte para o Castelo Frankenstein agora mesmo e fique por lá custe o que custar, Drácula voltará para cá em breve! Tenho certeza! Mesmo furiosa com Renfield, Ursula ouviu o conselho do criado e voltou para o Castelo Frankenstein. Chegando lá ela o deitou Bóris em sua cama. – Há algum quarto vazio neste castelo? – perguntou Renfield – Acho que tem um quarto vazio, mas nunca o abri! – Vamos verificá–lo, o Conde Bóris precisa ficar em um lugar escuro e úmido, do contrário quando o sol nascer, ele se queimará em questão de segundos. Subindo até o quarto que Ursula havia comentado, Renfield notou que a porta estava trancada e podre, isso facilitaria sua abertura, ele então a chutou, em seguida espalharam–se milhares de cupins pelo chão do castelo junto aos farelos da porta que despedaçou-se na frente deles. Sem perda de tempo eles entraram no quarto, Ursula 42
só faltava morrer do coração quando viu que lá dentro havia sete caixões vazios, um do lado do outro, empilhados para cima. Renfield então disse: – Esses devem ser os caixões onde corpos que o Dr. Frankenstein roubou estavam! Já sei, vamos colocar Bóris em um desses e escondê–lo em baixo da sua cama! – Meu marido vai ficar em um caixão? - respondeu ela com os olhos escorrendo lágrimas. – Prefere vê-lo queimar quando o sol nascer? – Tem razão – respondeu ela enxugando os olhos - Vamos levar um caixão para meu quarto! Qualquer lugar é melhor que aqui.
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Capítulo lll A Noite do Vampiro Doze de julho de 1.887 Sete horas da manhã... rsula acabava de levantar. Estava exausta e o susto da noite passada ainda não havia passado, Bóris permaneceu em seu caixão a noite toda para que quando amanhecesse estivesse protegido da luz do sol e quando anoitecesse, pudesse despertar pela primeira vez como um morto–vivo. Renfield também estava no Castelo Frankenstein em um caixão que Ursula apanhou entre os sete. Ela queria que Renfield acompanhasse passo a passo da primeira noite de Bóris como vampiro, que segundo Renfield, seria a pior de todas. Ursula estava muito tensa, para se acalmar ela decidiu ir até a cidade comprar algumas coi-
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sas que estavam faltando no castelo, Renfield afirmou a condessa, que os vampiros se transformam ao pôr do sol e que é a partir desse momento, que o vampiro começa a vagar pela cidade a procura de sangue humano. Sete e cinquenta da manhã... O dia estava nublado, ouviam–se rumores de trovoada por todo o céu, parecia que um forte temporal se aproximava e isso fez com que a condessa ficasse pelo castelo mesmo, ela decidiu ir até seu quarto e deitar–se um pouco. Ao se aproximar da sua cama, ela se assustou ao ver o caixão de Bóris com uma parte visível embaixo da cama, ela então se aproximou do caixão e ajoelhou–se sobre ele e o arrastou para sua direção, ergueu sua pesada tampa, de repente ouviu–se um grito: Ahhhhhhh! – Era um grito de susto ou coisa aparecida deixando–a pálida ao ver que o corpo do conde não estava no caixão, então ela houve a voz grossa e suave de Bóris dizendo: – Estou atrás de você! Ursula rapidamente virou–se para trás e olhou na direção da porta, ela ficou surpresa ao ver perfeitamente a figura do Conde Bóris olhan45
do para ela, seu coração disparou a mil, a condessa então perguntou: – Você só não despertaria hoje à noite? – Sim, mas acho que é porque o sol não está visível por causa das nuvens! – Como nós dois poderemos viver desse jeito? – O que acha de se transformar em vampira assim como eu? – Não sei não Bóris, vou ter que pensar no caso, é uma das decisões mais difíceis que já tomei! Se eu aceitar estarei me condenando a passar toda a eternidade se alimentando de seres humanos De repente, Renfield cruza a porta dizendo: – Vocês não pretendem ter filhos? – Pretendíamos! Mas como se sou vampiro e Ursula uma humana? – perguntou Bóris. – Bóris, não me diga que ainda não sabe como vampiros se reproduzem? É muito simples, uma reprodução vampiresca ocorre quando um vampiro do sexo masculino, no caso, você, se acasala com uma mulher ainda humana, no caso, Ursula! – Como sabe de tudo isso Renfield? – perguntou Ursula. 46
– Simples senhora, é que houve uma noite que peguei o Conde Drácula, tendo relação sexual com uma mulher em seu quarto! Bóris perguntou então: – Mas enquanto ela estiver em gestação há chances do vampiro mordê–La ou coisa parecida? – Bem vamos dizer que não, a criança deve ficar os dias na barriga de sua mãe ainda humana, são mais ou menos cinco dias, depende da genética de sua mãe, nesse caso sua esposa, durante esse período, o bebê vai se alimentar de veias e artérias que mesmo sendo rompidas, não põem em risco a gestação nem a vida de sua mãe! – Como assim cinco dias? Não são nove meses de gestação? – É que o desenvolvimento de um bebê vampiro mestiço é acelerado. Ursula então aceitou se transformar em uma vampira, desde que ela tivesse seu filho antes. Para não correr o risco de Bóris tentar morder Ursula durante as noites que ele precisasse de sangue, ela pediu que Renfield fosse até a Irlanda para que ele comprasse de um certo vampiro chamado Burton, sangue em litro, cada litro custava duzentas mil libras, nenhum humano sabia de sua existência, do contrário o matariam. 47
Renfield decidiu ir até lá de navio, pois durante o dia ele poderia se abrigar nos porões. Treze de Julho de 1.887 Oito da manhã... Nesse dia Bóris não pôde sair de seu caixão a tarde toda, pois o sol estava em toda parte e isso poderia queimá–lo em segundos, já durante a noite, ele saiu pelas ruas e se alimentou do primeiro cachorro que viu. Aquilo foi o bastante para saciá-lo enquanto o sangue humano não chegava. Durante todo o dia, nem os humanos conseguiriam ficar tanto tempo naquelas ruas, o calor era grande, coisa difícil de se ver na região da Transilvânia. Ursula ficava o tempo todo contemplando o caixão de Bóris, sua vontade era de abri–lo e ver o leito do vampiro. A loucura falou mais alto. Ursula fechou as cortinas do quarto e acendeu uma vela, quando ela empurrou a pesada tampa do caixão, ela se assustou ao ver o leito do marido, seus olhos permaneciam abertos e vermelhos como os de Drácula na noite do jantar, 48
seus dentes estavam pontiagudos e projetados para fora da boca, não apresentava sinais de vida alguma pelo corpo. Horrorizada, a condessa fechou rapidamente a tampa do caixão e o colocou em seu devido lugar, em seguida correu para a sala de jantar pois nunca mais desejaria ver uma cena como aquela. O leito do conde era tão horripilante que ela nunca mais tentaria abrir qualquer caixão de vampiro pro resto de sua vida. Sete horas da noite... O sol já estava desaparecendo e a lua surgindo, Ursula havia preparando o jantar já que ainda não havia criados no castelo, ela jantava tranquilamente quando ouviu passos vindos da escada, rapidamente, se levantou da cadeira e correu na direção da escadaria, quem as descia era nada mais do que Bóris, a condessa então correu em sua direção e o abraçou. O conde parecia fraco, então disse: – Meu amor, eu estou muito fraco, preciso de sangue humano, do contrário morrerei, vou ter de me alimentar de algum morador! – Tudo bem Bóris, mas cace apenas o necessário, ah e o principal, seja discreto ouviu? Ninguém pode vê–lo! 49
De repente um ruído: TOC, TOC, TOC, TOC, TOC, alguém bateu na porta do castelo, Bóris vai então abri–la, se tratava do entregador de jornal, naquele momento o conde pensou consigo mesmo “O que esse sujeito faz aqui a essa hora da noite?” O entregador entregou a Bóris um jornal, ao olhar a data, Bóris ficou furioso, era do ano passado. – Como o senhor se atreveu a vir até meu castelo a essa hora da noite no meio do nosso jantar e ainda nos trazer um jornal do ano passado? Ursula percebeu que o conde estava irritado, pensou então: “Essa é uma boa vítima para Bóris se alimentar”, então se intrometendo imediatamente na conversana conversa ela disse: – Me desculpe senhor, como se chama? – Bryan. – Senhor Bryan, é que meu marido está muito nervoso por causa de alguns problemas que surgiram, mas para compensar a falta de educação dele, gostaria que ficasse e jantasse aqui conosco por essa noite. – Muito obrigada senhora condessa, eu aceito! Oito da noite... 50
Os três tomavam um chá de ervas – verdes na sala de visitas, distraída, a condessa pegou o jornal que Bryan havia entregado e começou a lê–lo, a data era do dia vinte e oito de agosto de 1.886, sua escritura já estava borrada, folhas amareladas indicando que o material já foi usado várias vezes. A manchete da primeira página era sobre o assassinato do Dr. Victor Frankenstein. A reportagem dizia:
O DIÁRIO DA ROMÊNIA 28 de agosto de 1.886
Frankenstein: Homicídio ou suicídio? Na noite do dia 26, uma misteriosa morte paralisou toda a Transilvânia, o cientista, considerado louco, Dr. Victor Frankenstein, foi encontrado morto estendido sobre uma es51
tante caída em seu próprio laboratório que se localizava na parte subterrânea de seu castelo. Ninguém conseguiu desvendar o mistério de sua morte, pois há várias hipóteses que levam a seu homicídio. A primeira é asfixia, por causa de seus produtos químicos usados em suas experiências, a segunda é eletrocutado, pois haviam vários aparelhos que puxavam raios no alto do castelo e a terceira é queimado pois seu laboratório pegou fogo naquela mesma noite. Mas existe o maior mistérios do caso, por trás de tudo isso, foi encontrado em seu pescoço uma marca de mordida supostamente de algum animal, com presas pontiagudas, pois se via perfeitamente os dois furos exatamente onde circulava sangue. Poderia ser tanto um lobo quanto um cachorro. O padre Manuel, afirma que foi mordida de vampiro, ou Nosferatu como é dado seu nome científico, o mesmo disse seu filho adotivo, Gabriel Van Helsing, especialista em casos sobrenaturais, que mesmo es52
tando preso, pediu autorização para averiguar o corpo do cientista e afirmou com toda a certeza que foi um vampiro o culpado, mas cientistas dizem que as possibilidades são uma em um milhão, já que creem que essas criaturas não existem. Reportagem de Walter Burgo. Assim que leu a reportagem, Ursula pediu licença a Bryan para conversar com Bóris a sós, ela o levou para um canto da outra sala e disse: – Vamos lá Bóris, acabe logo com isso, morda–o agora e sugue todo o sangue dele! – Eu não tenho escolha, lá vou eu! Os dois então voltam para a sala de estar, Bóris começou a olhar diretamente nos olhos de Bryan fazendo com que o entregador de jornal ficasse em estado de transe, o conde se aproximou de Bryan e abocanhou seu pescoço sem enrolação, sugando todo o seu sangue. Em seguida, para evitar que alguém descobrisse o incidente, o conde e a condessa enterraram o corpo de Bryan nos fundos do castelo e em seguida Ursula jogou água benta para abençoar o 53
corpo. Nesse instante a terra que o cobria começou a se queimar por consequencia da água sagrada. Nove e quinze da noite... Bóris e Ursula subiram para o quarto, de repente ouviram um grande tumulto vindo da cidade, eles espiaram pela janela e viram que estava acontecendo alguma coisa na entrada da Romênia, aos poucos, podia se observar uma carruagem de ferro cruzando os portões, de repente a carruagem para no centro da cidade e de dentro dela sai uma mulher de cabelos ruivos até o pescoço, pele branca, lábios lindos e rosados, nariz aquilino, olhos lindos e azuis e usava óculos, vestia pele de animal, com certeza de algum tigre raro e uma espécie de bengala de madeira dando a impressão de era manca ou já de idade. Porém com uma agilidade incrível, ela subiu em cima de sua carruagem e gritou aos moradores: – Povo da Romênia, a partir de hoje, não precisarão mais temer mal algum, seus problemas acabam aqui “Permitam que eu me apresente, sou Tina Tognon, caçadora de criaturas do submundo – vampiros, lobisomens, feiticeiras – todas essas aberrações enviadas pelo próprio demônio para 54
atormentar a todos vocês! Eu enfrento esses monstros porque tenho fé, Deus habita meu coração, enfim, vim para as terras da Transilvânia porque fui informada de que aqui é o lugar de origem dessas criaturas e estou pronta para dar um basta nisso!” Após as palavras de Tina, os moradores a saudaram com uma salva de palmas e vários gritos indicando que estavam confiantes em seu trabalho. Aquilo deixou Bóris e Ursula preocupados, pois se essa caçadora apenas desconfiasse que o conde fosse um vampiro, supostamente tentaria matá–lo. Quatorze de Julho de 1.887 Sete horas da manhã... O dia estava lindo, o sol iluminava toda a Romênia. Tina Tognon acordou cedo e disposta, ela era daquelas pessoas que costumavam escalar lugares altos e sem segurança para observar as paisagens. Tina, vai então fazer sua caminhada da manhã. Em seguida, decide escalar a torre da igreja que tinha uns trinta metros de altura, era o tercei55
ro lugar que se dava para ver toda a cidade; o primeiro era o Castelo Frankenstein e o segundo o Castelo de Drácula. Ela ficou sentada no telhado da torre por um bom tempo e ao descer foi para o centro da cidade comprar algumas coisas. Quando firmou seus pés no solo Tina foi surpreendida por um carteiro que disse: – A senhora é Tina Tognon? – Sou sim senhor, o que o senhor deseja comigo? – Não é nada de mais, é que tenho uma mensagem para a senhora, enviada pelo senhor Conde Bóris e da Condessa Ursula Hampton! O carteiro então entregou nas mãos de Tina, a seguinte mensagem:
Saudações Srta. Tina Tognon: É com um imenso prazer que eu Conde Bóris e minha esposa Ursula a convidamos para um jantar formal em nosso castelo 56
hoje ás oito horas da noite, o local é o Castelo Frankenstein, localizado ao lado do Castelo de Drácula, à direita. PS: Não aceitaremos um não como resposta, aguardamos a senhora com a maior ansiedade! Ass.: Bóris & Ursula A intenção desse jantar era para que o conde e a condessa conhecessem melhor a suposta caçadora de monstros para saber mais sobre os seus objetivos na Romênia. Ursula foi até a cidade para comprar algumas coisas para preparar o jantar. No caminho, a condessa não parava de pensar em como Bóris esconderia seus dentes caninos na hora do jantar, já que a caçadora provavelmente iria perceber. Ela foi então até biblioteca em busca de algum livro que pudesse ajudá–la.
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Capítulo lV Uma grande surpresa!
Quatorze de Julho de 1.887 Nove horas da manhã... horário de visitas na penitenciária da Romênia era a partir das nove e meia da manhã, o padre Manuel, o único homem religioso da Romênia decidiu fazer uma visita até lá com a esperança de conseguir a libertação seu filho Gabriel Van Helsing que foi abandonado na porta da igreja quando era bebê, ninguém sabe nada sobre seu passado, pois ele tinha apenas cinco meses, então foi acolhido e educado pelo padre Manuel. Na cidade, Gabriel é conhecido apenas por seu segundo nome Van Helsing, pois um assassino de monstros não é digno de receber nome de
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um anjo pensavam os moradores. O padre Manuel só não foi morto pelas criaturas, pois os monstros temem que Van Helsing os cace a procura de vingança. Van Helsing é um caçador de monstros assim como Tina Tognon, mas no fundo ele é uma boa pessoa, é muito religioso, foi preso há dois anos por ter matado um lobisomem que supostamente era filho do comandante de polícia. O jovem havia sido mordido por outro lobisomem e acabou contaminado pela maldição da licantropia. Após diversos pedidos feitos pelo padre com a intenção de soltar o filho, comandante concordou em libertá–lo, mas o pobre padre teve que pagar trezentas mil libras – ele retirou do cofre da igreja. O comandante levou o padre até a cela para que ele vesse o filho antes que fosse solto. Chegando lá, o padre não se conteve e começou a chorar, pois o estado que Van Helsing se encontrava era de dar pena, suas roupas estavam encardidas e em péssimas condições de uso, ele fedia mofo por causa da cela, parecia um mendigo miserável.
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Ao saírem da prisão, Van Helsing sorriu ao contemplar a maravilhosa paisagem do céu da Romênia, e é claro sua liberdade. – Filho, eu libertei você porque preciso da sua ajuda. – O que houve durante a minha ausência? – Não é nada de mais, é que temos a suspeita de que há um lorde vampiro se alimentando dos moradores da cidade! – É policial? É filho de polícia? Se for eu to fora! – Não é não, fique tranquilo! – É que eu ainda estou agradecendo a Deus por não ter parado na força! – Suspeitamos do Conde Drácula e se estou certo, ele ainda vive no Castelo de Bran embora nunca o vemos! – Ah foi lá que desapareceram os advogados do senhor Singleton de Londres não é? – Exatamente, foi lá mesmo! Chegando ao centro da cidade, o lugar mais movimentado da Romênia, todos que passavam por lá olhavam Van Helsing, com esperança e ao mesmo tempo com medo de que ele matasse inocente,s mesmo assim começaram a sorrir e acenar para ele. 60
Chegando à igreja, o padre e Van Helsing vão até a capela orar um pouco. Em seguida, Van Helsing vai descansar em sua própria cama, a qual não dormia por dois anos, e afinal ele estava muito cansado. Ursula foi informada sobre a soltura de Van Helsing e por esse motivo decidiu convidá–lo também para o suposto jantar em seu castelo e já que estava indo para a cidade durante aquele dia, decidiu ir até a igreja e convidar Van Helsing pessoalmente. Ela pensava que não haveria problema algum entra ele e Tina Tognon. Duas e meia da tarde... Quem diria que aquele dia maravilhoso e ensolarado se transformaria em tempo nublado, parecia que iria chover, mas não passou disso. Ursula se aproximava da igreja, nem tão grande, nem tão pequena, de repente ela ouve um grito agonizante vindo de dentro da igreja, segundos depois um lobisomem é arremessado para fora, em seguida surge Van Helsing com uma arma na mão direita. Aos poucos o lobisomem foi assumindo forma humana até que se figurou no padre Manuel, ele estava baleado no peito. Van Helsing se aproximou dele e disse: 61
– Por que não me disse antes que havia sido mordido? Poderíamos desenvolver uma cura, mas essa era a única maneira que encontrei para matar o monstro que havia dentro do senhor. – Gabriel, filho, não se preocupe, apenas me perdoe por todo o mal que te fiz, Deus nosso pai é muito misericordioso e me receberá em teu reino com as mãos abertas. Mate essas criaturas por mim para livrarmos a Terra desses seres – ao dizer essas palavras o padre fechou os olhos suavemente e adormeceu para sempre. Ursula se aproximou com compaixão de Van Helsing e gentilmente perguntou: – Senhor Gabriel, meu nome é condessa Ursula Hampton, por acaso gostaria de enterrar o corpo do padre em meu castelo? Seria uma honra para mim! – Eu aceito senhora condessa, ele fez muito por esse povo ingrato e não merece ser enterrado junto com eles! Muito obrigado! Van Helsing pega uma caixa de madeira dentro da igreja e coloca o padre dentro dele e o lacra. Van Helsing pega seu cavalo e a carroça que estava na frente da igreja e a implanta nas costas do animal, coloca o caixão atrás da carroça e vai a 62
galope acompanhado por Ursula até o Castelo Frankenstein. Sete da noite... O padre Manuel já havia sido enterrado, Van Helsing ficou um tempo sentado em frente do sepulcro, para se despedir de seu pai adotivo, minutos depois chega Bóris que estendeu seus braços nos ombros de Van Helsing e disse: – Eu sinto muito por ele! – Obrigado, quando eu descobrir o desgraçado que o mordeu não sei o que faria com essa pessoa! – Provavelmente deve ser obra do Conde Drácula! – Você acha que ele é o cabeça de tudo is... – é interrompido. – Descobri! – Descobriu o que conde? – O que causou a morte de Victor Frankenstein! – O Dr. Frankenstein, conde? – Isso mesmo! – O que causou? – Só pode ter sido o Conde Drácula que o matou! Pelo que li nos jornais ele foi encontrado com dois furos de mordida no pescoço, traços de ata63
que vampiresco. É isso, não foi animal coisa alguma, foi Drácula que o mordeu e em seguida deve o ter empurrado contra estante de seu laboratório e colocou fogo em tudo para desviar as prova, para nossa sorte os furos em seu pescoço ficaram legíveis para que chegássemos a essa conclusão! – Olha conde realmente isso faz sentido! Vou caçar o Conde Drácula e quando encontrá-lo, vou enfiar uma estaca de madeira em seu coração e acabar de vez com essas criaturas. – Pode até caçá-lo, mas de maneira alguma hoje, você vai ficar para o jantar! – Não, obrigado pelo convite! – Van Helsing, eu insisto! Passou por muita coisa hoje, precisa se alimentar bem. – Tudo bem, sendo assim eu aceito, mas não ficarei muito aqui! Van Helsing, Bóris e Ursula ficaram conversando na sala de visitas aguardando a chegada de Tina. Oito horas da noite... Toc, toc, toc, toc... Alguém batia na porta do castelo, Bóris foi atender, era Tina que havia chegado para o jantar. 64
– Desculpe senhor conde – desculpou–se ela – Era para ter chegado mais tarde mais minha ansiedade em conhecê–los não me permitiu esperar. – ela olha então para Van Helsing e diz – Ah, eu te conheço, você é filho do padre Manuel e também meu concorrente na caça de monstros seu nome é Van Helsing certo? – Sim e a senhora deve ser Tina Tognon! Certo? – Exato, é um prazer conhecê–lo! – É um prazer te conhecer também! Os dois então trocam um aperto de mãos e em seguida vão para a sala de jantar – Bóris colocou luvas de seda para que não sentissem sua mão fria e desconfiassem. Ao verem a mesa posta, eles quase desmaiaram com aquele banquete tentador que estava exposto na mesa de jantar, havia leitão assado, costela mal–passada, carne defumada, almôndegas suecas, rosbife mal–passado e um delicioso arroz branco. – Quem preparou tudo isso? – perguntou Tina. – Eu mesma! – respondeu Ursula – É que estamos sem criados já que nos mudamos faz poucos dias. 65
Oito e cinquenta da noite... Após a refeição os quatros permaneceram sentados frente à mesa de jantar, até que alguém bate na porta do castelo, Bóris estava conversando com Van Helsing sobre seus projetos a desenvolver na pacata cidade, então Ursula foi atender, ao abrir a porta, viu que era um mensageiro que ao cumprimentá–la disse: – Tenho uma mensagem escrita para o conde Bóris e a condessa Ursula Hampton! – Eu sou a condessa Hampton, de quem é a mensagem? – Não me disse o nome, só sei que é um homem meio velho! Ursula pega a mensagem e agradece o mensageiro, quando começou a ler a carta entrou em pânico, suas mãos tremiam de nervoso, pois a carta dizia:
Saudações Conde e Condessa fiquem atentos comigo durante a noite. Cuidado, pois estou de olho em vocês Ass.: Conde Drácula 66
A condessa começa então a passar mal, até que chega a hora em que ela desmaia. Bóris corre na direção de sua esposa e a pega nos braços apoiando sua cabeça em seu peito, o conde então diz: – Senhora Tina, senhor Van Helsing, me desculpem por isso, mas acho que teremos que encerrar o jantar, pelo que podem ver minha esposa não está bem! – Precisa ajuda? – pergunta Tina. – Não senhora Tognon, mas mesmo assim, obrigado! Bóris os acompanha até a porta do castelo e lá se despedem, em seguida, o conde leva Ursula para o seu quarto, ela parecia estar muito mal e precisava de repouso, Bóris se negou a chamar um médico. Quando colocou a condessa na cama se assustou ao ver que sua barriga estava maior que de costume, encostou a cabeça próxima do umbigo e começou a ouvir com sua audição super aguda, uma respiração vindo de dentro de sua barriga, então deduziu que ela estava grávida. Voltando para o local que Ursula havia desmaiado, Bóris encontrou caído no chão o bilhete 67
que havia causado toda a confusão. Então pensou consigo: “Drácula só nos deixará em paz quando alguém cravar uma estaca em seu coração negro, tenho que fazer alguma coisa ou Ursula vai acabar morrendo”. Bóris retornou ao quarto para garantir a segurança de sua esposa, ele ficaria ali o resto da noite.
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Capítulo V O Confronto Quinze de Julho de 1.887 Seis horas e meia da manhã... stava chovendo forte, com grandes trovoadas, Ursula dormia e provavelmente não iria acordar tão cedo enquanto o susto do dia doze passava–se aos poucos. Como o dia não estava ensolarado, Bóris emergiu–se de seu caixão e começou a montar um plano para destruir de uma vez por todas o Conde Drácula. Sete da noite... Choveu a tarde toda, Bóris ainda estava perturbado com a mensagem escrita por Drácula, então a única saída que ele encontrava era enfrentar
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o vampiro pessoalmente livrar seu castelo da praga que o incomodava. Vendo que Ursula estava dormindo em seu quarto, ele se transformou em morcego e voou em direção à porta do Castelo de Drácula, na entrada, o conde se transformou novamente em humano e chutou a porta do castelo – a força de um vampiro era dez vezes mais que a de um humano normal, a porta então desabou contra o chão. Ao entrar, o conde gritou: – Tem alguém aí? – É claro que tem – respondeu uma voz roca de suave vindo do andar de cima. – Quem está aí? – perguntou Bóris atento. – Sou eu – nesse instante, ouviam–se passos suaves descendo as escadas, podia se avistar a figura de Drácula surgindo lentamente até que sua forma ficou totalmente visível, seus olhos estavam vermelhos e brilhavam como Ursula havia visto no leito do marido, seus caninos estavam pontudos e sangrando projetados para fora de sua boca. – É você mesmo! – exclama Bóris assustado. – É claro que sou eu ou você pensou que o crucifixo de sua esposa poderia me destruir? 70
– Ah é, então veremos se você é capaz de vencer os poderes de Van Helsing e Tina Tognon! – Diga aos dois que eu os estou esperando ansiosamente. – Vamos ver então Drácula quem vencerá! Até a próxima semana você estará no inferno seu desgraçado – nesse instante, seus olhos começaram a ficar vermelhos iguais aos de Drácula, então eles começaram a trocar olhares. Só de olhar para aquela horrível troca de olhares, dava–se a impressão que eram dois demônios se confrontando. Após uns cinco minutos, os olhos dos dois voltaram ao normal, Bóris então saiu do castelo, disposto a lutar bravamente com o Conde Drácula e por isso foi pedir a ajuda de Tina Tognon e Van Helsing para que unidos montassem um plano que levaria Drácula para as profundezas das trevas. Na mesma noite, ele convocou Tina e Van Helsing para uma reunião em seu próprio castelo para os quatros pudessem ouvir um a idéia do outro. – Senhorita Tina, senhor Van Helsing, gostaria que me ajudassem em um plano para exterminar um vampiro muito forte e velho, acredito 71
que ele seja a causa de todos os problemas aqui na Romênia. Pagarei o quanto for necessário se me ajudarem a derrotá–lo – disse Bóris. – De quem se trata? – perguntou Tina. – Seu nome é Conde Drácula! – Há quanto tempo está morto? – Há cerca de quinhentos anos! Todos se espantaram com a idade de Drácula, com exceção de Van Helsing que já havia se informado sobre o vampiro, Tina disse então: – Amanhã às sete e meia da noite iremos até seu castelo e o pegaremos lá mesmo. – O problema é que ele já terá despertado nesse horário – lamentou Bóris – Mas durante o dia não posso ajudá-los nessa missão, tenho muitos afazeres. Após a reunião com os caçadores, Ursula vai dormir enquanto Bóris vai sair para caçar alimento antes que amanhecesse. Aquilo o incomodava, pois ele não gostava de matar humanos, algo que era difícil de acreditar, vindo de um vampiro.
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Dezesseis de Julho de 1.887 Sete e meia da noite... Bóris acabava de sair de seu caixão, de repente ele ouve um grito vindo da sala de visitas, então, o conde desce as escadas apressadamente para ver o que estava acontecendo. Chegando à sala de jantar, Bóris encontra Ursula sentada no sofá com uma criança nos ventres. O conde surpreso pergunta: – De quem é esse bebê Ursula? – É nosso Bóris! – Como assim, nosso filho já nasceu? - respondeu o vampiro encantado com o bebê. – Nasceu hoje de manhã, parece incrível, mas a luz solar não o afetou e ele nas Muito feliz Bóris pega a criança nos braços e diz: – Ele é lindo, o que acha de chamarmos nosso pequeno filho de Hugo? – Ah, eu gostei desse nome, Hugo Almeida Hampton! – Perfeito e se um dia eu for morto, ele assumirá meu lugar como conde! Oito e meia da noite... 73
Ursula, Bóris, Van Helsing e Tina jantavam no Castelo Frankenstein, preparando–se para invadirem o Castelo de Drácula. O pequeno Hugo dormia tranquilamente na cama de Ursula já que nem Van Helsing e nem Tina deveriam saber de sua existência. A condessa estava muito preocupada com seu filho, então sem deixar suspeitas, ela subiu até seu quarto para vê–lo, de repente todos os que estavam no andar de baixo ouvem o seu grito, assustados, todos sobem até o quarto para ver o que estava acontecendo. Por sorte o caixão de Bóris estava debaixo da cama, para evitar qualquer suspeitas sobre o segredo do conde. Chegando à porta do quarto Bóris perguntou: – O que houve meu amor? – Ah Bóris, roubaram nosso bebê! Van Helsing assustado com o estado da condessa, perguntou: – Será que isso não é armação de Drácula? Espera um pouco, desde quando vocês têm um filho? Bóris para tentar amenizar o incidente disse: – Desde antes de mudarmos para a Romênia, você não o viu, porque ele dorme quase toda noite! 74
– Bom, vamos resolver o caso de Drácula e depois de tudo isso eu prometo que ajudo vocês a encontrar a criança. Vendo que não podiam perder tempo, os quatros se prepararam para irem até o Castelo de Drácula caçar o vampiro e acabarem com todo aquele inferno. Eles foram á galope, pois a carruagem fazia muito barulho despertando a atenção de Drácula – mas provavelmente ele já sabia que estariam atrás dele. Foram vinte minutos de galope, até que em finalmente chegaram ao horripilante Castelo de Bran. Os quatro ficaram parados do lado de fora do castelo observando para um quarto em que se podiam ver perfeitamente dois olhos vermelhos que olhavam para eles, pela janela. As portas de entrada estavam abertas, ao entrarem Van Helsing já adverte Tina, Bóris e Ursula: – Pessoal, fiquem todos juntos, lembrem–se que estamos aqui à procura de um vampiro de 500 anos! Um Nosferatu. – Nosferatu? – pergunta Ursula. – Sim, um Nosferatu, um morto-vivo. Bóris e Ursula começaram a perceber que Tina parecia gostar de Van Helsing, pois ela não 75
desgrudava um segundo do lado dele, seu olhar dizia tudo, estava apaixonada pelo caçador. Van Helsing estava vestido com uma longa capa de couro – que abrigavam suas armas se caça-, e sua cabeça coberta por seu inseparável chapéu que cobriam seu longo cabelo negro. Os quatros começavam a subir até o segundo andar do castelo para ir até o quarto em que viram os olhos brilhantes. Chegando à porta do quarto, Van Helsing então puxou a maçaneta e a empurrou, ele ficou barbarizado com a cena que estava testemunhando, Drácula se alimentava de uma criança de aproximadamente dez anos. Segundo as lendas, as crianças não se transformam em vampiros, pois elas têm um sangue puro e inocente que impede que a transformação ocorra, porém elas morrem. Os lábios do conde escorriam sangue, seus olhos brilhavam e sua fisionomia era totalmente estranha. O vampiro então disse: – Olhe ao seu redor “Gabriel” se for me matar, mate ao outro vampiro aqui presente, certo Conde Bóris? Van Helsing perguntou: – Bóris, do que é que ele está falando? 76
– Ah, então ele não lhes contou o seu segredinho? Não importa, eu conto, o Conde Bóris é um vampiro! Drácula não deu trégua alguma, aproveitando que todos se imobilizaram olhando assustados para Bóris ele partiu para o pescoço de Van Helsing onde cravou seus afiados dentes em seu pescoço, o caçador parecia não reagir, então Tina retirou por baixo de seu casaco de pele, uma estaca de madeira e a segurou na mão esquerda, rapidamente ela empurrou a estaca na direção do coração do vampiro, Drácula apresentou sinais de dor e em seguida gritou, se afastando do caçador, sua roupa estava toda ensanguentada por consequência da estaca, Van Helsing caiu brutamente no chão por estar fraco e em seguida Drácula também cai começando a se rastejar na direção de Tina. Aos poucos o conde foi se transformando em pó e a última coisa que ele fez foi olhar para Bóris com um sorriso vingativo e em seguida todo o seu corpo desapareceu. – Graças a Deus estamos livres de Drácula para sempre! – exclamou Ursula chorando de alívio. Van Helsing ainda estava consciente, Tina ajoelhou–se sobre ele e perguntou: 77
– Você está bem? – Me mate! – suplicava ele dando seus últimos suspiros Ela olhou então para os caninos de Van Helsing e percebeu que eles estavam crescendo lentamente, seus olhos começaram a ficar vermelhos e vendo que não havia escolha, Tina segurou firme sua estaca de madeira como forma de defesa caso Van Helsing realmente se transformasse em vampiro. Minutos depois, as unhas de Van Helsing começaram a crescer e ficarem pontiagudas rasgando as luvas que ele usava nas mãos. Ele olha para Tina com um olhar desesperador e grita: – Meu amor, enfie essa droga de estaca em meu peito de uma vez por todas! Nessa hora o caçador se levantou e esticou sua mão na direção de Tina caminhando para pegá-la. – Se afaste de mim Van Helsing! Não quero lhe causar mal! Van Helsing havia se transformado completamente em vampiro, de repente surge Ursula com um vidro de água benta nas mãos, ela atira água na cara de Van Helsing dizendo as seguintes palavras: 78
– O mistério da cruz ordena, a fé dos mártires ordena, o sangue de Cristo lhe ordena: Vá para o inferno criatura das trevas! A água benta parecia queimar o caçador de vampiros, aproveitando a oportunidade, Tina enfiou a estaca no coração de Van Helsing. Ele ajoelha–se no chão e nesse momento seus olhos, unhas e dentes voltaram ao tamanho normal. Próximo do último suspiro Van Helsing pede: – Tina, me beije? A caçadora atende ao pedido do amado, ao beijá–lo, ela pronuncia suavemente bem próximo ao seu ouvido: – Eu te amo! Ela começou a chorar debruçada diante do corpo de Van Helsing morto. Furiosa, ela olhou para Bóris e disse: – Preste atenção em minhas palavras Bóris, eu só vou descansar no dia em que eu ver você morto com uma estaca cravada em seu peito! – e aponta na sua direção um crucifixo de prata. Bóris ficou imune ao crucifixo, então se transformou em um lobo negro e saiu correndo pela porta desaparecendo em questões de segundos. 79
– Não se atreva a machucar o meu marido ouviu? – perguntou Ursula saindo do quarto – Você não vai ferir ninguém, do contrário eu farei questão de matar você! Quando Tina saia do quaro, ela ouve um choro de criança vindo de dentro do castelo de Drácula, então ela retira a pesada tampa da “cama do vampiro”, se depara com Hugo Hampton, filho de Ursula e Bóris. Disposta a não devolver a criança aos seus verdadeiros pais, ela decidiu registrá–lo com o sobrenome Tognon para criá–lo como seu filho. De volta ao Castelo Frankenstein, o conde e a condessa ainda estavam preocupados com Hugo e quando olharam pela janela de seu quarto, viram Tina Tognon saindo do Castelo de Bran com o bebê nos braços. Furiosa a condessa disse: – Aquela desgraçada não vai ficar com o meu filho por muito tempo, quando for à hora certa, irei buscar Hugo pessoalmente! – Fique calma! – respondeu o conde – Recuperaremos o nosso filho eu prometo, já sabemos com quem ele está. Mas tudo na hora certa ou qualquer deslize nosso e essa caçadora me mata, entendeu? 80
Ursula concordou com Bรณris e decidiu dormir,ela sabia que Tina nรฃo faria mal algum a crianรงa, provavelmente a usaria como objeto de troca pela cabeรงa do conde.
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Capítulo Vl Dez anos depois... Dezesseis de Julho de 1.897 Dez anos exatos se passaram desde o incidente em que apareceram casos de vampiros e lobisomens, também se passaria uma década desde a morte de Van Helsing e do Conde Drácula. Nesses anos que se passaram, não havia um dia sequer em que Tina saísse à noite pelas ruas da Romênia à procura de vingança, mas nunca mais se deparou com Bóris, pois ele não saia mais para caça, vivia do sangue que seu criado, Renfield trouxera de navio, ela também jamais arriscaria invadir castelo, pois temia que Bóris e Ursula estivessem preparados para enfrentá-la. Tina iria visitar o túmulo de Van Helsing no começo daquela tarde. Hugo sempre pensou que o caçador de monstros era seu verdadeiro pai já 82
que ele não sabia da existência de Bóris, muito menos de Ursula. Onze da manhã... Hugo e Tina estavam almoçando até que uma pergunta gerou polêmica na mesa de refeições: – Mamãe, porque que meus dentes caninos são um pouco maiores que os das outras pessoas? – Ora Hugo, porque ninguém nesse mundo é igual ao outro! – Na escola alguns amigos meus falam que eu sou filho do diabo, outros de vampiro! – Não ligue para isso querido, termine de almoçar para que possamos ir ao cemitério visitar a sepultura de seu pai! – Tudo bem mamãe! Como o dia estava bem nublado, Bóris já havia despertado logo de manhã. Ele e Ursula nunca criaram coragem para voltar ao Castelo de Bran que passou a ser o lar de Tina e de Hugo – e mesmo morando próximo, eles não tinham contato um com o outro. A condessa cansada de não poder fazer nada a respeito de seu filho disse a Bóris: – Já chega, faz dez anos que estou esperando recuperar meu filho, nunca tive a oportunidade de abraçá–lo, de dar carinho e outras coisas 83
que uma mãe sonha em fazer, temos que recuperá–lo! – Mas o que podemos fazer? – Basta você ir até lá durante a madrugada e roubá–lo! – Acha que eu nunca tentei? Mas é que o quarto de Hugo está com alho por todos os lados e você sabe que isso me faz um mal tremendo! – Se é assim, eu irei lá pessoalmente hoje à noite para ver ele pelo menos! – Você ficou louca? – perguntou Bóris. – Sempre cumpro o que digo, não voltarei atrás – disse a condessa disposta a ver seu filho – Ela não pode fazer nada comigo, sou humana e se ela pensar em fazer algo contra mim, coloco a justiça no meio. Além de estar morando no “Castelo de Drácula”, Tina registrou a propriedade em seu nome para não acontecer de ela ter que voltar a morar na pensão que morou no início de sua chegada à Romênia. Duas da tarde... Aproveitando o dia nublado, Bóris decide dar uma volta breve pela cidade já que essa não 84
era uma oportunidade que surgia constantemente – pelo fato de não poder sair durante o dia e também de ser pego por Tina. Passando pelo centro da cidade, ele se assusta ao ver Tina Tognon na floricultura acompanhada de Hugo ao seu lado. Com o maior atrevimento ele se aproxima deles e diz: – Ora se não é a famosa Tina Tognon, há quanto tempo minha amiga! Com um olhar obsessivo e vingativo a caçadora diz: – Ora se não é o senhor Conde Bóris Hampton! – Ainda com aquela profissão velha amiga? – Não! Aposentei-me desde que meu marido Van Helsing morreu, agora tenho que passar mais tempo com meu filho – responde Tina abraçando o garoto – Mas ainda há um pequeno serviço que preciso fazer, lembra? Bóris ignora Tina e começa a observar o seu filho com os olhos cheios de lágrima – sentimentalismo também não era comum em um vampiro – sua vontade naquele momento era de abraçar o garoto e contar a ele toda a verdade, mas isso só o 85
deixaria mais confuso, já Tina, não via a hora de enfiar de vez uma estaca no coração do conde. Aproveitando a oportunidade de estar na cidade, o conde decide ir até o tribunal de justiça da Romênia conversar com o juiz Dr. John Seward e analisar quais a s possibilidades dele recuperar a guarda de Hugo. Chegando lá, ele foi falar diretamente com o juiz, ele mentiu dizendo que há dez anos ele foi roubado dos braços de Ursula por Tina Tognon no centro da cidade e que durante esse tempo tem o criado como seu filho e ameaçado eles caso eles contassem a alguém sobre o acontecido. Enquanto isso, Tina Tognon e Hugo estavam no cemitério, os dois compraram flores para colocarem no túmulo de Van Helsing, em sua lapa estava seu nome completo: Gabriel Van Helsing, nome que não era visto por ninguém da cidade. Tina ficou sobre o túmulo chorando por alguns minutos e antes de ir embora, acendeu uma vela para o amado. Saindo do cemitério Hugo perguntou: – Mamãe, quem era aquele homem que falou com você na floricultura? – É o conde da cidade filho. 86
– Mas porque ele é um vampiro? – Como chegou a essa conclusão? - perguntou Tina surpresa com o que acabara de escutar. – Não sei, só sei que ele é um vampiro! Tina sabia que como Hugo era filho mestiço de um vampiro, poderia identificar qualquer um da espécie com facilidade, ela ficou preocupada porque o dia dele descobrir toda a verdade sobre sua origem parecia estar se aproximando, mas ela jurou diante do túmulo de Van Helsing que não revelaria nada a Hugo sobre esse segredo que permaneceu oculto durante dez anos. Oito da noite... A condessa Ursula estava se arrumando para ir até o Castelo de Drácula ver pela segunda vez seu filho, a primeira após dez anos. Descendo as escadas, ela encontra Bóris sentado sobre a mesa de jantar saboreando uma taça de sangue, ao ver a esposa, o conde parou o que estava fazendo e disse: – Meu amor, eu vi o nosso filho hoje! – Mas Como? – Eu encontrei com ele e Tina na floricultura da cidade! – Ah, eu irei vê–lo agora, quer ir comigo? 87
– Não Ursula, não é porque Tina não me matou hoje à tarde que não tente me matar agora! – Tem razão, mas fique tranquilo que comigo ela não fará nada! – respondeu a condessa beijando os lábios frios do conde. Ursula foi até lá de carruagem, Renfield se encarregou de levá–la. Chegando em frente do Castelo de Drácula, ela fica nervosa, bateu na porta do castelo, instantes depois a pesada porta de madeira se abre, Ursula e Tina ficaram frente a frente, Tina então pergunta: – O que você quer aqui em meu castelo? – Eu vim ver meu filho, faça o favor de chamá–lo! – É melhor ir embora, do contrário chamarei a polícia! – Eu já disse que só sairei daqui depois que ver Hugo! De repente o garoto aparece fora do castelo e pergunta: – Aqui estou eu senhora, o que quer comigo?
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Ursula pôs–se então a chorar de alegria, o garoto sem saber o que estava acontecendo pergunta: – Quem é a senhora? – Ora Hugo sou eu, Ursula, a sua verdadeira mãe! – Já basta – gritou Tina – Hugo, entre e vá para o seu quarto esta mulher está fora de si! Vai para casa Ursula do contrário matarei você! – Tudo bem Tina, eu vou embora, não quero brigar com você, mas saiba que eu volto e acompanhada pela justiça! A condessa sai furiosa do Castelo de Drácula. Após entrar no castelo, Tina é surpreendida por Hugo que pergunta; – Mãe, é verdade o que disse aquela senhora? – O quê meu filho? – Que ela é minha verdadeira mãe? – Claro que não, não acredite no que aquela louca diz! – e o abraça – Vamos dormir que o dia hoje foi cansativo, você só tem uma mãe e essa mãe sou eu.
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Capítulo Vll Vampiromania Dezessete de Julho de 1.897 Sete horas e meia da manhã... ina acordou bem cedo para ir até a biblioteca da cidade pesquisar em livros relacionados a vampiros algumas anatomias presentes nos mortos–vivos e encontrou um livro chamado: “Mitos e lendas da Transilvânia” tudo o que precisava saber estava ali, foi então na sessão Vampiros, onde começou a folhear:
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Pele: Incrivelmente branca e fria como a dos cadáveres. Após uma refeição, o vampiro adquire um tom rosado e um certo calor humano; Olhos: Por ser uma criatura adaptada a viver no escuro da noite, o vampiro desenvolveu 90
uma extraordinária visão. Os raios solares também queimam sua retina, mas quando está furioso, seus olhos ficam vermelhos como brasa; Dentes ou presas: Os dentes caninos de um vampiro são projetados para fora da boca e se tornam longos na hora de atacar suas vítimas, a fim de permitir a mordida, ou seja, a perfuração das veias pelas quais ele se alimentará; Cabelos: Os cabelos de um vampiro permanecem iguais aos que eram antes dele ingressar ao mundo dos mortos. Se cortados, crescerão novamente até atingir seu tamanho e a forma original; Unhas: Com textura parecida á do vidro, as unhas de um vampiro são longas, afiadas e extremamente resistentes após vinte anos de morto–vivo; Coração: Único órgão ativo em um vampiro, pois os outros são atrofiados. Não possui ritmo instável e só funciona quando necessário, pois assim o consumo de sangue é muito menor; Vestuário: Sempre elegante, veste–se de preto e alguns costumam a usar longas capas;
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Ao virar a página do livro, Tina encontra as características do vampiro e o que precisa para sobreviver: Alimentação: O aparelho digestório de um vampiro não funciona, o único alimento que não é rejeitado é o sangue. A ingestão de qualquer outro líquido causa um terrível mal estar e é expelido pelo suor ou por lágrimas. Respiração: O vampiro não respira a não ser que queira pois está morto. Comentário: Deve ser bom para nadar em baixo da água! Sistema Imunológico: o vampiro é imune a qualquer tipo de doença mortal. Por ele os médicos iriam a falência. Regeneração: O vampiro pode regenerar–se rapidamente de qualquer ferimento bombeando sangue para o local. Ele só não pode regenerar–se de queimaduras solares ou por fogo. Comentário: O vampiro ainda não descobriu um filtro solar! Reprodução: A reprodução vampírica não ocorre entre membros da mesma espécie. A gravidez só ocorre quando um vampiro do sexo masculino se relaciona com uma mulher do sexo feminino (não vampira). No entanto, seu filho te92
rá algumas características diferenciadas, como a capacidade de encontrar e identificar um vampiro, a extrema força, grande agilidade, entre outras. Eventualmente, o filho de um vampiro pode transformar–se em exímio caçador de vampiros. Profissão difícil: pode ser que o filho tenha que matar o próprio pai! Fonte: Drácula/Bram Stoker (DCL editora 2005).
Ao ler, essas características, Tina enfim conseguiu compreender o motivo de Hugo ser diferente de Bóris e o fato dele ter identificado que o pai era um vampiro com tamanha facilidade. Sem perda de tempo ela decidiu ir até um profissional sobre lendas da Transilvânia. Saindo da biblioteca, Tina encontrou um jornaleiro entregando os jornais do dia, então decidiu comprar um exemplar. Ao começar a lê–lo, a reportagem que estava em destaque na primeira página era:
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O DIÁRIO DA ROMÊNIA 17 de julho de 1.897
Cometa passará novamente pela órbita terrestre Fenômeno despertará a atenção de todos No dia três de agosto, um fenômeno acontecerá em toda a órbita terrestre, o cometa “Perrine-Lamp” passará pelo nosso planeta para se chocar em Marte. Segundo os astrólogos, ele ficará visível em todo o mundo por quinze minutos e segundo os conhecimentos de lendas, algumas pessoas afirmam que esse tal cometa possui energias que podem ajudar pessoas que foram transformadas em vampiros e lobisomens, porém, isso é apenas uma lenda. Segundo os crentes dessa lenda, isso só pode acontecer com a aquele que possuir o lendário “Medalhão o 94
Dragão” escondido na pirâmide Quefrén, localizada atrás da mundialmente conhecida, esfinge egípcia de Gizé. Na noite da passagem do cometa, quem estiver sob a posse do medalhão, deve apontá–lo para o cometa e pedir que a maldição que a pessoa está presa se quebre. Reportagem de Walter Burg. A esfinge se localizava em Gizé, no Egito. Quando Bóris também leu o jornal, cresceu em seus olhos uma esperança onde ele poderia voltar a ser aquele poderoso e respeitado conde que ele foi. Ele conversou com Ursula e ela se dispôs a ajudá–lo a recuperar sua “vida humana”. Eles esperariam pelo resultado da audiência de Hugo e depois partiriam em busca do misterioso Medalhão do Dragão, mas estavam cientes que essa busca não seria fácil, pois Tina provavelmente iria procurá-lo também e faria de tudo para destruí–lo.
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Dezoito de Julho de 1.887 Oito da manhã... Tina descansava tranquilamente em seu castelo lendo o livro “Metáforas”, uma história que relata a vida de Marta, uma cientista que após um acidente com seu laboratório, começou a agir muito estranho, seu corpo começava a sofrer transformações até que ele descobre que ao se acidentar houve uma alteração em seu código genético. De repente alguém bate na porta, Tina vai tranquilamente atendê–la, quando ela a abre, é surpreendida por um funcionário do tribunal da justiça: – Senhora Tina Madelline Tognon? – Eu mesma, o que deseja? – Lhe trouxe uma intimação para que compareça no Fórum dia vinte e cinco de julho e que a presença de seu filho é indispensável! – Obrigado, estarei lá – respondeu Tina sem entender o que estava acontecendo.
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Capítulo Vlll Num fio de teias Vinte e dois de Julho de 1.897 Dez horas da manhã... lguém bate na porta do Castelo Frankenstein em plena manhã, Ursula vai atender, era Renfield que estava desesperado, ele entrou como um louco no castelo dizendo: – Ursula socorro, me ajude, Tina Tognon está me perseguindo com uma estaca! – A pele de Renfield estava toda queimada por consequência da luz solar que estando um pouco mais forte o mataria. A condessa abrigou o amigo e disse: – O que deu na sua cabeça de sair com esse sol? – É que... – é interrompido. – Não importa, em meu castelo, Tina Tognon não entra! Minutos depois alguém bate na porta do Castelo Frankenstein, provavelmente era ela, lá
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vai Ursula atender novamente já tendo em mente de quem se tratava. Ao abrir a porta, se deparou com a caçadora de monstros com uma estaca na mão, ela apenas disse: – Saia da minha frente, eu sei que Tobin Renfield está aí dentro! – Ora Tina Tognon, pelo que eu sei, a senhora já se aposentou há anos e se me dá licença, eu tenho mais o que fazer! Tina nem se deu conta do que fazia, simplesmente, empurrou a condessa a derrubando no chão, a caçadora então entrou no castelo à procura de Renfield: – Senhor Renfield apareça! Eu sei que você está aí, não tem mais jeito vai morrer agora! – Vá embora de meu castelo agora! – exclamou a condessa. De repente, aparece um homem coberto por uma capa dizendo: – Estou aqui! – Seu desgraçado, irá para o inferno onde pagará por seus pecados – respondeu Tina pronta para matá–lo. Quando Tina iria consumar o fim da maldição de Renfield, Ursula pulou em seus ombros gritando: 98
– Não o mate! Ele terá uma chance quando o cometa passar pela órbita terrestre! – Me solte Ursula, sabe que não posso permitir que os vampiros voltem à vida, se não Van Helsing também teria esse direito! – E Hugo, porque não o matou como pretende matar Renfield agora? O silêncio tomou conta do castelo, quando todos se deram conta, Tina largou a estaca e saiu normalmente pela porta do Castelo Frankenstein, parecia que as palavras da condessa tinham surtido efeito, instantes depois da saída de Tina, Renfield perguntou: – Ursula, muito obrigado, mas mudando de assunto, quando você vai para o Egito? – Após a audiência de meu filho, por quê? – Porque eu gostaria de me abrigar aqui para me proteger dessa louca! Sei que aqui ela não entrará mais. Sem problemas, mas com uma condição: você terá que depor a nosso favor no dia da audiência que será daqui a três dias! – Tudo bem, eu aceito! Duas horas da tarde... O dia estava muito abafado por consequência do forte calor que naquele dia fazia. 99
Ursula teve a liberdade de ir de carruagem buscar as coisas no alojamento que Renfield estava escondido para levar ao Castelo Frankenstein. Chegando a uma casa abandonada com todas as janelas tampadas com madeira, ela se assustou com o altar negro decorado na sala. De volta ao castelo com o essencial ela perguntou ao vampiro: – Renfield, porque fez aquele altar negro na casa que vivia? – É que esses altares trazem sorte aos vampiros – respondeu Renfield omitindo alguma coisa, mesmo assim, Ursula confiou no vampiro. Vinte e cinco de Julho de 1.897 Passaram–se três dias desde o incidente e então chega o esperado dia da audiência. Ursula havia convencido o juiz a marcá–la para as oito da noite, inventando que o marido não poderia comparecer durante o dia, pois estava trabalhando demais (já sabem o porquê). Chega o horário da audiência. O juiz chegou ás sete e meia e em seguida Tina e Hugo, Renfield estava no Fórum desde ás sete e quinze 100
com medo de que Tina o encontrasse no caminho e o matasse. O conde e a condessa chegaram exatamente as oito, o juiz então chamou todos para entrarem na sala e lá iniciou a audiência. “Boa noite a todos, sou o Dr. John Seward, e presido a audiência de número mil duzentos e trinta e cinco, onde apresento o motivo da convocação de vossas senhorias: A senhora Tina Madelline Tognon, que então é a mãe do garoto de dez anos, Hugo Victorius Tognon é acusada de ter roubado a criança quando recém nascido, pela condessa Ursula Almeida Hampton, peço que digam somente a verdade durante o processo. Passo agora a palavra.” Primeiro o juiz decidiu ouvir o conde, que foi a pessoa que marcou a audiência, ele relatou ao juiz tudo o que havia combinado com Ursula. “Não me esqueço até hoje, daquela noite de dezesseis de julho, há dez anos atrás. Meu filho acabava de nascer, fomos então até o conde Drácula apresentar o meu futuro sucessor e enquanto meu filho dormia em um dos aposentos do castelo de Bram, nós estávamos no grande salão jantando. A então suposta caçadora de monstros invadiu o castelo e o roubou dos aposentos do conde. Até então pensamos que ela havia deixado a 101
Transilvânia, mas o destino me levou a ela novamente após dez anos e junto a ela meu filho.” A condessa e Renfield confirmaram o depoimento de Bóris. Sem dizer mais nada o juiz observou a semelhança de Hugo e Bóris e viu que o garoto realmente era filho do conde, Tina então partiu pra cima do vampiro com uma espada que estava escondida em seu longo casaco de pele, naquele mesmo instante o Dr. Seward ordenou que os guardas a prendessem Tina rapidamente decepou o pescoço de um dos guardas que vinha na sua direção e em seguida saltou pela janela do palácio da justiça que se encontrava aberta. Eram uns vinte metros de altura, seguido de um pequeno rio que cortava a Transilvânia. Ela desapareceu em meio às águas. O juiz então gritou: – Guardas, prendam aquela sequestradora de crianças, não descansem enquanto ela não for pega, quero cartazes de procurada! Enquanto ao senhor e senhora Hampton, concedo a guarda de Hugo Victorius Tognon que a partir de agora passa a ter o nome biológico Hugo Victorius Almeida Hampton, podem levá–lo, aqui estão os documentos oficializando a guarda permanente de vocês! 102
Hugo vai na direção dos pais, meio perdido e envergonhado e em seguida, Bóris e Ursula o abraçam, os dois começam a chorar de emoção, ao saírem do Fórum, eles agradecem a Renfield, pela colaboração. De repente, um ser coberto por um capuz negro vai rumo a Renfield e o abraça, de repente uma e]espada de prata atravessa o seu peito, então uma voz diz: – Nunca mais brinque comigo vampiro desgraçado – nesse instante seu capuz cai, era Tina Tognon. Renfield cai no chão com os olhos trêmulos, quase fechando. – Enfim poderei descansar em paz! - respondeu ele. Ele sorriu e se dissolveu no pátio de saída do palácio da justiça, Ursula começou a chorar e se aproximou de Tina furiosa e virou a palma da mão em sua face dizendo: – Desgraçada! – Isso não vai ficar assim, eu acabarei com sua você e com o seu marido por terem arruinado toda a minha vida! – Vá embora daqui sequestradora! – respondeu Hugo com frieza encarando Tina com desprezo. 103
A caçadora com um olhar de choro deu as costas e começou a correr pelas frias ruas da Romênia e desaparece no meio das neblinas. Hugo ficou muito feliz por ter ido morar no Castelo Frankenstein junto com seus pais, mas também ficou triste por ter perdido a mãe adotiva. Bóris contou toda a verdade ao filho e a notícia dele ser um vampiro não o assustou, pelo contrário, o deixou mais aliviado por saber os motivos que faziam os outros garotos da escola o julgar diferente e também ficou feliz por saber que tinha alguns poderes sobrenaturais.
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Capítulo lX O Medalhão do Dragão é a salvação Vinte e seis de Julho de 1.897
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rsula preparou todo o necessário para a viagem, e com seu cavalo mais veloz, seguiu a galope rumo ao porto mais próximo onde pegaria a primeira embarcação que iria ao Egito para que pudesse seguir a seu destino, a esfinge de Gizé. Dois dias se passaram desde que Ursula embarcou em um navio que ancoraria em Alexandria. Ao desembarcar, ela não perdeu tempo e logo seguiu para El-Haman e após alimentar seu cavalo, partiu direto para o Cairo. Chegando na capital egípcia, Ursula decide passar a manhã em um dos hotéis da cidade, para descansar um pouco e em seguida ir até Gizé, a procura do medalhão. Duas e meia da tarde... Ursula levanta de seu merecido cochilo e decide seguir até a esfinge para cumprir sua mis105
são, ela então paga a diária que nem havia completado um dia e apanha seu cavalo. Quando conseguia avistar a esfinge, e a pirâmide logo ao fundo, Ursula é surpreendida por Tina que gritou: – Saia da frente condessa, o medalhão será meu! – Ele será de quem chegar primeiro! – disse a condessa aumentando a velocidade de seu cavalo negro. Ursula chegou primeiro na esfinge, Tina logo em seguida, a caçadora rapidamente desceu de seu cavalo e apontou uma arma para a condessa dizendo: – O medalhão será meu, por bem ou por mal. – Tina, espere! O que acha de nós duas nos unirmos para entrarmos na pirâmide e assim transformaremos Bóris em humano e acabarmos com isso? Nada poderá trazer Van Helsing de volta a vida, coloque isso em sua cabeça. – Eu já perdi tudo Ursula, perdi meus pais, assassinados por um feiticeiro, Van Helsing, morto por um vampiro e Hugo, que vocês me tiraram, me dê um motivo para deixar você sair viva. 106
– Você não é uma pessoa má, sei disso porque vejo que meu filho só pensa em fazer o bem. Nessa hora Tina olhou nos olhos de Ursula e abaixou sua arma, em seguida concordou em ajudar a condessa na missão de apanhar o medalhão do Dragão.. Segundo a mitologia grega, a esfinge era um ser com corpo de leão e cabeça de mulher, agachada no alto de um rochedo, parava as pessoas que por ali passavam e a todos propunha um enigma. Quem não o decifrasse seria morto. Muitos foram devorados por ela. Édipo foi o único a decifrar o enigma proposto. Decifrado o enigma, a esfinge precipitou–se do rochedo e morreu. Quando as duas passaram pelo corredor de entrada da pirâmide, olharam para os lados e viram diversas inscrições egípcias, repletas de teias de aranhas e ratos que caminhavam pelo chão coberto de areia. Após um bom tempo de caminhada, as duas chegaram a uma passagem com uma mensagem em hieróglifo egípcio na parte superior da passagem, que traduzida dizia:
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Gire a chave de pedra na parede e chegará ao medalhão do dragão. “Gire a chave de pedra na parede e chegará ao medalhão do dragão.” Ursula encontrou a tal chave já encaixada na porta, deveria ser bem pesada, pois era feita de pedra, então junto com Tina, elas rodaram a chave para a esquerda. De repente a passagem começou a se mover, até que ela se dividiu ao meio liberando um caminho que levava a uma sala. As duas começaram a observar o imenso tesouro que estava dentro da sala. Tina então disse: – Drácula era um homem rico mesmo, vamos levar um pouco desse tesouro! – Drácula era rico, mas não idiota, acha que ele não colocou armadilha nessas coisas? Logo a frente do tesouro, havia uma estátua de Anúbis e em seu pescoço o famoso Medalhão do Dragão. Ursula correu na direção da relíquia e a pegou, no instante em que ela toca no medalhão, a sala do tesouro começa a se estremecer toda, Tina então gritou: 108
– Temos que sair daqui imediatamente Ursula, essa câmara vai desabar em poucos minutos! A condessa coloca o medalhão em seu pescoço e sai correndo pelos corredores a procura da saída seguida por Tina. Ao saírem da pirâmide, ouvem um barulho de desmoronamento subterrâneo. Tina faz então uma piada: – Sorte que Drácula não está mais entre nós porque se estivesse nos mataria! – É verdade – respondeu a condessa com certo temperamento de humor e com a respiração ofegante pela correria que tiveram na saída. Os cavalos estavam amarrados próximos a esfinge, as duas então montam nos animais e em seguida iniciaram seu retorno para a “cidade dos vampiros e lobisomens”.
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Capítulo X A Transformação de Drácula Trinta de Julho de 1.897
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rsula chegou exausta em seu castelo por volta das oito horas da noite, Bóris estava acordado lendo o livro O Corcunda de Notre Dame, junto com Hugo, o vampiro se assustou ao ver a presença de Tina Tognon em sua morada, sem perda de tempo Ursula explicou a ele que a caçadora não queria mais conflitos entre eles e queria reconciliar-se. Bóris compreendeu tudo o que estava acontecendo, se levantou e eles trocaram então um aperto de mão e em seguida se abraçaram. Em seguida, Hugo vai à direção de Tina e a abraça, a caçadora então diz: – Meu filho, me perdoe pelo que fiz. – Não tem problema, senti saudades da senhora! – Eu também senti meu filho! 110
Bóris, generosamente oferece um convite para Tina: – Tina, fique para jantarmos, você não vem aqui há dez anos – sorriu o vampiro. – Tudo bem Bóris, aceitarei seu convite! Aproximadamente uma hora depois, Ursula já havia providenciado o jantar, os quatro se colocaram sobre a mesa de jantar. Aproveitando a oportunidade, Tina lembrou a morte de Tobin Renfield e pede que todos a compreendessem e entendessem a situação que ela se encontrava no momento do ocorrido. O conde e a condessa compreenderam a caçadora, Ursula aproveitou o momento de silêncio que estava sobre a mesa de jantar e disse: – Ora Tina, não há o que desculpar, você é membro de nossa família agora! – O que quer dizer Ursula? – Quero dizer que a partir de hoje, você está convidada a morar em nosso castelo, deixe o castelo Frankenstein e suas más lembranças para trás, vamos começar uma nova vida. – Nossa Ursula, seria uma grande honra! Não sei nem o que dizer.
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– Não precisa dizer nada, a não ser aceitar. Amanhã à noite, Bóris irá buscá–la com suas malas. – Muito obrigado por tudo Bóris e Ursula! Afinal eu não me sinto bem dormindo em um lugar que por mais de duzentos anos foi um covil de uma criatura tão maligna que o próprio demônio o expulsou do inferno. – Não tem o que agradecer – respondeu Bóris. Tina terminou o jantar, em seguida se levantou, na mesma hora. Bóris deu um grito daqueles de filme de terror e se levanta de sua cadeira pedindo: – Tina, Ursula, me ajudem, está acontecendo algo muito estranho comigo! Segundos depois, os dentes de Bóris começaram a ficar maiores que de um vampiro normal, suas unhas cresceram um pouco mais que as de licantropos – lobisomens - seus olhos ficaram vermelhos e sua pele branca começou a se rasgar parecendo que estava trocando de pele, se transformando em uma criatura de pele áspera e marrom–escura perto de um tom preto, seus olhos eram vermelhos ao extremo, tinha longas asas de morcego de dar arrepios. Ele parecia não ter no112
ção do que fazia nem de quem era semelhante a um lobisomem furioso que partiu para cima de Ursula, desesperada ela gritou: – Meu Deus, ele se transformou em um demônio! Na hora Tina pulou na direção da criatura e sacou um crucifixo de prata, a luz era tão forte que ele fugiu quebrando a janela e saindo voando pelo alto morro do castelo. Tina surpresa disse: – Oh droga, a maldição vampiresca de Bóris resultou em um poder incrível, agora ele não terá piedade de ninguém e destruirá tudo o que ver pela frente! Nem mesmo o cometa pode salvá–lo! – E agora o que faremos? – Temos que matá–lo! Pelo que estudei um vampiro gerado por Drácula só pode ser morto com uma estaca de prata! – Espere, você vai matar o meu marido? – Sinto muito, mas agora é a única forma de acabarmos com isso ou prefere que ele mate crianças inocentes como vimos àquela horrível cena de Drácula há dez anos? – Tudo bem, se essa é a única forma - conformou-se a condessa chorando - mas aonde encontraremos uma estaca de prata? – Na igreja onde viveu meu amado Gabriel! 113
– Mas a igreja que Van Helsing morou ainda existe? – Claro que sim – sussurrou uma misteriosa voz que vinha de trás de Tina e de Ursula, elas então se viraram e viram novamente a imagem do assustador Conde Drácula que para elas parecia um sonho. – Mas como isso é possível? – pergunta Tina assustada – Eu matei você, eu vi você morrer! – Digamos senhora Tognon, que eu não posso morrer! – Que tipo de criatura você é afinal? – Pode me chamar de Kalef! – O quê? Você é o próprio demônio? – Pode-se dizer que sim, pode se dizer que não, há quatrocentos anos, quando estava prestes a morrer em uma guerra pelo meu reino, Lúcifer me ofereceu um pacto, me oferecendo vida eterna, para que isso acontecesse, eu teria que aceitar servi-lo e me tornar seu servo., e é claro, eu aceitei. Com isso Lúcifer me deu o poder da imortalidade, me deixando somente imune a minhas criaturas. – Isso explica o fato de você abater de vez o catolicismo de toda a Romênia! Você tinha medo que algum religioso se voltasse contra você, se 114
transformasse em vampiro ou lobisomem e então o matasse. – Claro, e estava preste a conseguir banir o catolicismo de toda a Transilvânia se não fosse a interferência de Bóris que iria ser morto se permanecesse em Klausenburg ou você acha que eu arriscaria ter deixado aqueles padres tentarem me enfrentar? Minhas criaturas eliminaram todos! – Você matou os padres de Klausemburg? – Claro, todos são uma ameaça, meus filhos em breve serão temidos pelo mundo, agora se me dão licença, tenho que procurar Bóris e consumar sua maldição, antes que se volte contra mim! Na mesma hora Drácula se transformou em uma criatura semelhante à Bóris, a diferença é que ele era um pouco mais escuro que o marido de Ursula e saiu voando rumo ao seu castelo. Tina e Ursula rapidamente pegaram seus cavalos e saíram à procura dos dois. De repente elas avistam os dois se confrontando em cima do Castelo de Bran. – Ursula, onde está o Hugo? – perguntou Tina. – Meu Deus, ele ficou no castelo! – Ah, não se preocupe, lá ele estará seguro! 115
De repente elas avistam Hugo saltando em cima do telhado do castelo de Bran. Ursula assustada gritou: – HUGO! Como ele fez aquilo? – perguntou surpresa. – Bem, se meus estudos estiverem corretos um filho de vampiro tem algumas características semelhantes a do pai, ele pode reconhecer um vampiro só de olhar para ele e pode também saltar como vampiro! Hugo ficou olhando o confronto dos vampiros de três metros e meio de altura. Ursula perguntou a Tina: – Tina, como mataremos Drácula? – Como o próprio conde disse, ele só pode ser morto por sua própria criação, ou seja, Bóris terá que matá-lo. – Tem certeza? – É a única esperança! – E como faremos? Meu marido está fora de controle. – Calma aí Ursula, lembre–se que a paciência é uma virtude! – Mas agora não é, se você deixou seu marido morrer, o problema é seu, eu tenho esperança e fé, vou tentar ajudar o Bóris até a última esperan116
ça – Ursula começou a chorar e saiu correndo rumo à cena de confronto entre o Conde Bóris e o Conde Drácula. A condessa usou as pedras e as gárgulas para subir até o telhado do castelo. Chegando lá em cima, ela teve a impressão que esse confronto nunca acabaria, já que os dois vampiros morriam tão facilmente, Bóris lançava Drácula contra a parede da torre e o mesmo voltava contra Bóris. De repente após tantos impactos, o telhado desmorona e o Conde Drácula, o Conde Bóris, a Condessa Ursula e o pequeno Hugo caem todos dentro do castelo. Tina correu desesperadamente até a entrada do castelo para ajudar a condessa quando estava prestes a cruzar a entrada, ouviu um grito vindo de um dos cômodos do castelo, era um grito masculino, só não se sabia se era de Bóris, Drácula ou até mesmo de Hugo. A caçadora subiu as escadas segurando uma estaca de prata nas mãos, parou em frente ao quarto de Drácula – que era de onde o grito parecia ter vindo – e sem piedade arrombou a porta, testemunhando uma cena horrível, Drácula estava deitado no chão todo ensanguentado, com uma baita ferida no pescoço, já em sua forma humana e ao seu lado ajoelhado estava Bó117
ris com seus lábios escorrendo sangue e também em sua forma humana. Drácula deu um forte suspiro e disse: – Maldição, você conseguiu me matar! Drácula então começou a secar–se e só se restaram seus ossos e seus vestígios todo empoeirado. Tina jogou água benta nos vestígios do conde que por reação esperada arderam em chamas, restando somente as cinzas. Tina fez o sinal da cruz e levantou–se indo na direção da condessa: – Ursula temos que matar Bóris antes que ele se transforme naquela criatura novamente! – Eu o mato – responde Hugo – minha mãe nunca teria coragem senhora Tina. – Está certo Hugo, você tem que enfiar essa estaca de prata no coração de seu pai sem piedade e sem medo, mas sim com fé. Nessa hora Bóris começou a se contorcer novamente, fazendo com que seus olhos ficassem avermelhados, ele pediu que todos agilizassem, pois estava se transformando novamente na criatura. Hugo caminhou na direção do pai e fingindo dar um abraço nele cravou a estaca de prata no coração do vampiro, Bóris gritou e caiu com a 118
veste escorrendo sangue, sorrindo para o filho, ele disse: – Filho, cuide bem de sua mãe e acima de tudo faça o bem! – Eu te amo papai – respondeu ele com os olhos escorrendo lágrimas. – Ah e Tina, direi a Van Helsing que você o ama! – Obrigado Bóris, descanse em paz meu amigo, todos nós rezaremos por vossa alma! O conde então sorriu e depois fechou seus olhos, a maldição havia terminado, neste instante Ursula, Hugo e Tina se abraçaram em frente ao corpo de Bóris, Hugo começou a consolar a condessa que parecia ser a que mais sofria: – Não chore mamãe, o papai enfim descansará em paz, sua missão aqui na Terra terminou, ele já derrotou aquele que mais temíamos. – Ah filho, obrigado pelo consolo! - respondeu a condessa beijando a testa do filho que também chorava em frente ao corpo do pai. –Todos nós sentiremos a falta de Conde Bóris, por mais que ele fosse um vampiro, eu gostava dele, sempre me tratou bem! – disse a caçadora. 119
– Precisamos enterrar o seu corpo – respondeu a Condessa – Antes que as autoridades Cheguem ao castelo. Os três cobriram o corpo do conde com um pano e o levaram até o Castelo Frankenstein onde sepultariam Bóris na sala de jantar fazendo para ele um altar memorial decorados por Ursula e Tina especialmente e a partir daquele dia, a condessa mudou a escritura do castelo, de Castelo Frankenstein para Castelo Hampton para que o sobrenome do conde jamais fosse esquecido. Dezoito de Novembro de 1.899 O século XIX chegava ao fim, Ursula já havia superado a perda do conde havia algum tempo. Ela, Tina Tognon e Hugo decidiram se tornar caçadores de vampiros, lobisomens e criaturas das trevas, ainda deixadas por Drácula para que continuassem o seu legado. Tina registrou seu nome para Tina Madelline Tognon Helsing, Hugo está terminando a sétima série, mas a noite ele, Ursula e Tina saem pelas ruas assombrada da Romênia à procura das criaturas que assombram a população. 120
Os leitores não precisam acreditar na aventura que todos os personagens passaram mas sim agradecê–los, pois algum dia em algum dia em algum lugar, muitas pessoas saberão que eles destruíram um certo Conde Drácula. O Medalhão de Drácula foi enterrado junto ao corpo do conde Bóris, por medidas de segurança. A passagem do cometa foi linda e encantou a todas as pessoas que testemunharam sua passagem. No dia em que ele passou a condessa assistiu a toda passagem e ela jurou ter visto a imagem de Bóris no horizonte sorrindo para ela, isso a tranquilizou mais, pois estava certa que o conde enfim descansou em paz.
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