Escathos - Apocalipse

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Gabriel Freitas

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APRESENTAÇÃO À noite eu gosto de vaguear nos confins da cidade ao longo das fronteiras da nossa liberdade incerta e neste caminhar ouço gritos de vencidos e vencedores As mães choram seus filhos choram mães de vítimas e de algozes, somos todos prisioneiros de um tempo cinza. Blindamos nossos carros e corações e vagamos num campo de batalha onde o bem e o mal passeiam juntos Graças a esta guerra surgiu uma nova variedade de crianças nossos filhos não gostam de histórias preferem jogos para matar. A vida humana é tão efêmera. Saudade do tempo em que os meninos maus judiavam somente dos cães e gatos. 11


À noite eu gosto de vaguear nos confins da cidade busco secretamente uma fuga para uma época onde as coisas eram mais claras. Fim do mundo que eu conheci.

Confins da cidade, fim do mundo – Mauro Gouveia “Eis que me fiz de santo, quando na verdade era o demônio!” V de Vingança

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umidade estava por toda a gruta, por cada canto da base subterrânea podia se ver pequenas poças d’agua afinal, com toda aquela quantidade de água que a represa Mongoli possuía, era de se esperar que infiltrações existissem naquele lugar. A fortaleza de Ernesto Crouth seria lacrada em instantes, o delegado Valdir Santana pediu que seus homens coletassem tudo que fosse importante para que pudessem deixar o quanto antes o local. Era difícil de acreditar que Diego, considerado alguns dias atrás como melhor amigo de Gabriel, ser um dos autores do plano do general Crouth, sem falar que o próprio tentou matar seus próprios amigos e até mesmo sua namorada. 13


Após todas as provas coletadas, o delegado pediu que Gabriel segurasse o pen drive até chegarem a superfície, pois com Gabriel envolvido em seu campo de energia, as chances do pen drive se molhar e todos os dados existentes dentro dele se perderem eram mínimas. Quando todos deixaram a base, Gabriel viu os homens das forças especiais soldando a entrada da gruta com um resistente metal, assim ninguém poderia entrar ou sair de dentro da fortaleza. Chegando na superfície da represa Mongoli, todos subiram nos barcos da polícia de Kindland que flutuavam sobre as calmas águas da represa. Marcela ajudou Gabriel a subir e quando ele tirava a roupa de mergulho ela o abraçou aliviada em saber que nada de grave aconteceu durante a missão, em seguida o delegado Santana que se encontrava no mesmo barco, se aproximou dos dois e com um sorriso apertou a mão de Gabriel e disse: – Meus parabéns Gabriel, a missão foi um sucesso. – Uma parte dessa missão senhor. Como todos sabemos, ainda tem muito trabalho a se fazer. – Certamente, e é por isso que gostaria que você ficasse com o pen drive de Crouth, para 14


que veja tudo que está dentro desse pen drive e ver se ele nos leva a novas informações sobre os planos que o general tinha. – Sim senhor, pode deixar que vou analisar direitinho. – Os soldados e eu vamos trabalhar na delegacia investigando as demais provas que coletamos na fortaleza. Os barcos encostaram nas margens da represa e todos puderam pisar em terra firme. Gabriel e Marcela receberam carona de Jorge, um dos agentes de confiança de Valdir Santana, ele os deixou cada um em sua casa. Nos últimos dias Gabriel e Marcela estavam muito preocupados com Larissa, depois que ela terminou seu namoro com Diego, não aparentou nenhum sinal de felicidade, pelo contrário, andava depressiva, não se alimentava adequadamente, não saia do quarto e isso além de preocupar seus amigos, preocupava também a seus pais. Marcela tentou conversar com ela diversas vezes tentando animá-la, mas nenhuma das tentativas obteve êxito, porém Larissa garantiu que tentaria superar isso. Após todos esses acontecimentos, Gabriel decidiu pedir demissão no trabalho, ele perce15


beu que tudo que aconteceu o desgastou muito e ele precisava de forças para pesquisar o pen drive de Ernesto Crouth, porém havia um pequeno problema na execução do hardware, Crouth havia criado uma espécie de bloqueio que só era liberado com uma senha que Gabriel não fazia ideia que fosse. Ele tentou todo tipo de senha que acreditasse que fosse, entre elas escathos, apocalipse, Kindland entre outras, porém nenhuma delas funcionou. Um mês se passou desde o incidente e Gabriel não obteve nenhum resultado, porém algo bom aconteceu durante esse período, ele finalmente pode se formar em Ciências Biológicas onde pode exercer a tão sonhada função de biólogo em reservas ambientais. Outra coisa boa que aconteceu para Gabriel foi a ligação de sua irmã mais velha, Amanda Carolina informando que ela retornaria de Londres antes do natal que também se aproximava. Gabriel esperava conseguir solucionar todo o caso do apocalipse antes que o natal chegasse. Vendo que de forma alguma iria conseguir abrir o pen drive, Gabriel decidiu recorrer ao delegado Santana acreditando que ele pudesse 16


propor uma solução para ele. Sem perder tempo ligou para a delegacia. – Santana sou eu, nenhum progresso, o pen drive continua bloqueado. “Por que não tenta algo com seu amiguinho Diego?” – Tem razão, por que não pensei nisso antes? – respondeu Gabriel com um sorriso de esperança estampado no rosto – Vou até o Sanatório de Kindland imediatamente. “Eu até acompanharia você, mas estou trabalhando duro em algumas investigações e não durmo a dois dias”. – Não se preocupe senhor, faça o que tem que ser feito, eu me encarrego dessa parte. Nos falamos depois. Gabriel desliga o telefone e sem perder tempo vai até a garagem de sua casa e entrando ansioso em seu carro, foi até a casa de Marcela, para depois se dirigir até o sanatório. Ele queria que a namorada o acompanhasse na visita a Diego. Chegando até a casa de Marcela, ele desceu do veículo e foi até os enormes portões da residência, tocando em seguida a campainha. Não demorou muito para a senhora Laura aparecer. Ela cumprimentou Gabriel e sorrindo perguntou: 17


– Oi Gabriel veio ver a Marcela querido? – Sim senhora, ela está? – Oh querido, sinto muito, ela saiu, foi até a casa da Larissa ver se ela deu uma melhorada. Vá até lá. Gabriel sacudiu negativamente a cabeça. – Melhor não senhora Laura, eu ia chamála para ir até o Sanatório de Kindland para visitar Diego e não quero que a Larissa veja o Diego naquele estado, afinal não tem sido fácil para ela. – Tem toda razão Gabriel. Bom então eu aviso a Marcela que você veio aqui e peço pra ela te ligar mais tarde para saber sobre o encontro no sanatório. Gabriel agradeceu e se despediu da mãe de Marcela, em seguida retornou para seu carro onde dirigiu direto para o Sanatório de Kindland. Chegando na frente do prédio, a câmera de entrada rapidamente focou-se no veículo que Gabriel conduzia e uma voz emitida em duas caixas de sons próximas do portão de acesso ao sanatório perguntou: – O que o senhor deseja? – Meu nome é Gabriel Freitas, sou amigo do delegado Valdir Santana. Vim ver o interno Diego Silvino. 18


Instantes depois, os gigantescos portões do sanatório se abriram e Gabriel pode entrar com o veículo. As árvores sem folhas do jardim faziam qualquer um se sentir em uma cena de filme de terror principalmente na hora que o vento arrastava as folhas secas pelo chão e dentre elas passavam os internos que caminhavam pelo jardim. Gabriel passou pela segurança interna do sanatório e após ser revistado foi liberado. O guarda pediu que Gabriel deixasse na segurança o seu celular – como se seus poderes não fossem perigosos – em seguida o diretor do sanatório, o senhor Willy, um senhor alto com cabelos brancos aparentando ser prateados pelo brilho e com um óculos que mais parecia duas tampas de garrafa, o guiou até o quarto de Diego. Os corredores de acesso aos quartos cheiravam mal, uma mistura de urina e mofo, com ratos e baratas transitando normalmente entre eles como se a presença dos humanos não os incomodasse. De repente o senhor Willy parou em frente a uma porta enferrujada parecendo de uma cela. Gabriel lembrava perfeitamente daquele lugar pois ali foi a última vez que viu seu amigo. – Muito bem senhor Freitas, esse é o quarto do paciente Diego. O delegado Santana me co19


municou que você viria. Vou deixá-los a sós, qualquer problema é só me chamar. Gabriel agradeceu o senhor Willy que abriu o cadeado da porta do quarto, a abriu e em seguida despediu-se de Gabriel o deixando sozinho. Quando entrou no quarto, Gabriel viu Diego sentado no canto do quarto, como na primeira visita, porém desta vez ele estava sem a camisa de força, vestido de branco da cabeça aos pés – uniformes do sanatório. Diego quando notou a presença de Gabriel, manteve a cabeça baixa e perguntou: – O que faz aqui traidor? Já não bastou ter me mandado para esse lugar, agora insiste em vir me humilhar me vendo nessa situação. – Diego, em primeiro lugar, não estou aqui para humilhar ninguém, pelo contrário, vim aqui para conversar com você pois é a única pessoa que pode me fornecer as informações que eu preciso. – Assunto? – O pen drive de Ernesto Crouth! – Ora, ora, então vocês encontraram o pen drive no fundo falso da mesa? Aquele velhote não sabe esconder nada mesmo. – Sim Diego, encontramos o pen drive, mas o general protegeu todas as informações 20


com uma senha e sei que você sabe que senha é essa. Preciso que me diga qual é! Diego ergueu lentamente a cabeça e olhou sério para Gabriel, caminhou na direção dele e ficando frente a frente disse: – Quer saber a senha desgraçado? – Quero! – Está mexendo com fogo Gabriel. “Uma coisa eu lhe digo, a guerra já começou, sangue inocente será derramado e apenas uma força será capaz de impedir que a profecia do apocalipse se concretize e espalhe sua maldição entre os homens. Se quiser saber a senha, leia o livro do Apocalipse de São João, capítulo treze, versículo de um a dez, tudo que precisa saber está lá!”. – Muito obrigado Diego, isso vai ajudar muito nas minhas investigações. – É claro, é somente para esse tipo de coisa que a gente serve mesmo! Agora saia daqui antes que eu me arrependa de ter lhe passado essas informações. Gabriel compreendeu a situação que o amigo estava e o deixou sozinho no quarto. O senhor Willy vendo que ele saia, veio rapidamente para selar o cadeado na porta enferrujada. 21


Chegando em sua casa, Gabriel passou pela porta da sala, e parou por ali mesmo ao reparar que a mesma se encontrava aberta, porém não havia ninguém na casa, o senhor e a senhora Freitas haviam saído desde as oito da manhã. Sem perder tempo Gabriel começou a procurar pela casa já tendo em mente que algum ladrão havia invadido a residência. Entrando na cozinha, olhou diretamente na mesa quando avistou uma mulher sentada em uma das cadeiras de costas para ele, a mulher percebendo que havia alguém ali, levantou-se e se virou. Gabriel olhou assustado para seu rosto, pois nunca imaginou que a Oráculo fosse estar ali. Ela sorriu para ele segurando um dos bolinhos de chuva que a senhora Julia havia preparado antes de sair e enquanto o saboreava disse: – Sua mãe cozinha bem. – Obrigado! Mas me diz, em que posso honrar sua visita Oráculo? Espero que seja importante já que quase me matou de susto. – Preciso novamente de sua ajuda. – É, lá vem bomba, mas diz ai, para que precisa de mim? É sobre o apocalipse? – Exatamente! – concorda a deusa – As coisas no meu mundo não está nada bem. – O que houve? 22


– Os deuses estão preocupados, eles temem que o fim da humanidade esteja próximo e para tentar evitar o pior, eles decidiram escolher quatro cavaleiros para defender a Terra. – Cavaleiros? – Sim, eles representam as quatro desgraças da humanidade, Peste, Guerra, Fome e Morte, Hades e Mefistófeles se encarregaram de selecionar dois dos cavaleiros, a Morte ele prometeu selecionar do Tártaro. – Hades, Tártaro, daqui a alguns dias Hércules virá nos ajudar – brincou Gabriel – mas me diga Oráculo, em que posso ajudar? – Antes que eu lhe passe as informações necessárias, por favor leia na bíblia, Apocalipse de São João, capítulo treze, versículo de um a dez. Ao dizer essas palavras, a Oráculo desapareceu, deixando Gabriel mais confuso ainda, pois tanto ela como Diego lhe passaram as mesmas orientações para que suas investigações avançassem. Sem perder tempo ele foi até seu quarto e na gaveta do criado mudo, retirou uma bíblia que estava empoeirada, pois havia tempo que ela não era aberta, começou a folheá-la até encontrar o livro do Apocalipse de São João. Foi 23


então até o capítulo e o versículo indicado por Diego e pela Oráculo e começou a lê-lo: “Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças e, sobre os chifres, dez diademas e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia. A besta que vi era semelhante a leopardo, com pés como de urso e boca como de leão. E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade. Então, vi uma de suas cabeças como golpeada de morte, mas essa ferida mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou, seguindo a besta e adoraram o dragão porque deu a sua autoridade à besta; também adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem pode pelejar contra ela? Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e blasfêmias e autoridade para agir quarenta e dois meses e abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o nome e difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu. Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os santos e os vencesse. Deu-selhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação e adorá-la-ão todos 24


os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Se alguém tem ouvidos, ouça. Se alguém leva para cativeiro, para cativeiro vai. Se alguém matar à espada, necessário é que seja morto à espada. Aqui está a perseverança e a fidelidade dos santos.”. Ao concluir a leitura bíblica, Gabriel colocou o livro sagrado em sua escrivaninha e começou a interpretar o trecho que acabava de ler e chegou à conclusão de que essa criatura mencionada como besta, provavelmente era o que Ernesto Crouth tanto temia, pois era a única a cumprir a profecia descrita no livro de São João. Sem perder tempo Gabriel pegou um pedaço de papel e começou a rascunhar nele, anotando tudo que ligava o trecho com o temor de Crouth. De repente uma mão é colocada em seu ombro o assustando, sem perder tempo ele se vira e dá de cara com a Oráculo que apenas sorrindo pergunta: – Entendeu a passagem? – Acho que sim, mas antes gostaria de pedir que me avisasse quando for aparecer. 25


– Desculpe – respondeu a deusa – É meu único meio de diversão, mas então me diga querido, a que conclusão você chegou? – Eu não sei explicar muito bem, só sei que tudo indica que uma criatura, uma besta, voltará das profundezas e cumprirá a profecia. – Exatamente. – Mas me diga Oráculo, isso realmente vai acontecer? – Se vai acontecer eu não sei Gabriel, tudo o que sei é que você é a única pessoa forte o suficiente para evitar que essa profecia se realize. – EU? – perguntou Gabriel surpreso – COMO? – Você será um dos quatro cavaleiros!

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abriel arregalou os olhos surpreso, pois nunca imaginava que a Oráculo passaria a ele uma missão de tamanha responsabilidade. – Mas Oráculo, eu não tenho poderes o suficiente para me tornar um cavaleiro. – Tem mais poder do que imagina Gabriel. Bom, os deus me pediram para escolher dois cavaleiros, o cavaleiro branco e o cavaleiro vermelho, que representarão a Peste e a Guerra. – E quem seria o outro escolhido? – Ainda não decidi, pensei que poderia me indicar alguém. – Acho que sei uma pessoa que pode ser útil. – Não está se referindo a ele está? – perguntou a Oráculo já tendo em mente, quem se tratava. – Sim Oráculo, estou me referindo ao Diego.

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– Ficou maluco Gabriel? Por mais que ele tenha poderes especiais, nada o impede de se aliar ao lado oposto e dificultar ainda mais nossa missão. – Infelizmente não temos escolha Oráculo, arriscado ou não sabemos que o Diego é forte e poderoso. A Oráculo deu as costas para Gabriel e se silenciou por um minuto. Gabriel também não disse uma palavra, aguardando que a Oráculo se pronunciasse. Segundos depois, ela virou-se novamente na direção dele e respondeu: – Realmente você tem razão Gabriel, mas vou logo avisando, o Diego é sua responsabilidade! Qualquer ato que ele venha cometer é você que arcará com as consequências! Embora Gabriel estivesse preocupado com o alerta da Oráculo, notou que ela confiava em suas decisões e com o mesmo sorriso que ela olhava para ele, o mesmo retribuiu. – Não irei decepcioná-la Oráculo, agora se me dá licença irei até a delegacia conversar com o delegado Santana e ver quais meios podemos usar para retirar Diego do Sanatório de Kindland. A Oráculo logo desapareceu desejando boa sorte a Gabriel. 28


Embora Gabriel não tivesse vontade de retornar ao Sanatório de Kindland, muito menos de tentar libertar Diego, notou que não tinha escolha, pois os dois eram os únicos com poderes capazes de defender a humanidade. Antes de ir ao sanatório, Gabriel decidiu passar novamente na casa de Marcela, dessa vez ela já havia voltado da casa de Larissa e estava em seu quarto pesquisando sobre o Apocalipse na internet. Gabriel optou por esperar na sala enquanto a senhora Laura foi chamá-la, instantes depois as duas desceram juntas a escada que dava acesso aos aposentos, a senhora Laura virou na direção da cozinha enquanto Marcela foi na de seu namorado. – Gabriel, que surpresa você vir aqui em plena tarde – respondeu ela assustada, mas feliz em vê-lo. – Pois é, eu estou indo até o Sanatório de Kindland e achei que quisesse me acompanhar. – Essa não! Não me diga que o Diego está causando problemas por lá? – perguntou Marcela preocupada e suspeitando do pior. – Na verdade não, é que eu preciso soltá-lo o quanto antes. – Tá brincando comigo não é? Você ficou maluco Gabriel Freitas? – questionou Marcela começando a ficar agitada. 29


– Calma amor, eu sei que parece loucura, mas segundo a Oráculo, o Diego é a nossa única esperança de tentar salvar a humanidade. – Salvar a humanidade? Gabriel, não sei se está recordado, mas há algumas semanas atrás o Diego tentou matar Kindland inteira! Como quer que eu acredite que ele pode salvar a humanidade? – Confiando em mim. Marcela parou por alguns segundos, instantes depois sem questionar o que Gabriel dizia, ela concordou em acompanha-lo até o sanatório, mas antes foram até a delegacia. Quando Gabriel pediu que o delegado Santana autorizasse a libertação de Diego, ele deu uma alta gargalhada chamando a atenção de todos os policiais e funcionários que passavam por perto da sala do delegado e em seguida ele negou o pedido de Gabriel. – Delegado, desculpe o meu namorado, eu disse que ele não está regulando bem. – Marcela por favor! – retrucou Gabriel quanto ao sarcasmo da namorada – Eu não estou ficando louco gente. Delegado, por favor, o senhor confiou em mim uma vez e não o decepcionei, por favor acredite em mim, o Diego solto é necessário para salvarmos Kindland e o mundo. 30


– Explique isso melhor Gabriel. – Prefiro que veja pessoalmente. Gabriel retirou de seu bolso o pen drive de Ernesto Crouth e o entregou na mão do delegado, com os olhos arregalados, Valdir Santana perguntou: – Conseguiu a senha? – É o que vamos descobrir! – respondeu Gabriel pegando novamente o pen drive das mãos do delegado e conectando o no computador que estava ligado na mesa de Valdir Santana, instantes depois, no monitor, apareceu a seguinte janela: “Insira o código de Acesso”. Gabriel deu um forte suspiro e pensou – Só pode ser isso – Instantes depois, pediu que o delegado cedesse seu lugar para ele e em seguida se sentou em frente a máquina e com as mãos trêmulas digitou as seguintes letras: B-E-S-T-A. – Besta? – perguntou o delegado. – O senhor me disse que Crouth temia algo sobre o apocalipse e segundo a passagem bíblica que li, a única coisa que pode ser é a besta, senhor. Gabriel em seguida pressionou “ENTER” e uma voz feminina disse: “Acesso Permitido”. Gabriel não resistiu e deu um forte suspiro de alivio, seguido de um sorriso, o delegado Santana o parabenizou por ter conseguido aces31


sar o pen drive de Crouth e então os três começaram a verificar os arquivos existentes, incluindo um documento onde o general descrevia todo o seu temor:

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Surpreso com o que acabaram de ler, Gabriel continuou vasculhando o pen drive e encontrou outra anotação do general.

– Tá legal Gabriel, tudo isso me convenceu de que o Diego realmente é útil nessa batalha. Você venceu. – Vai soltá-lo? – perguntou Gabriel com um brilho nos olhos. – Bom, a única pessoa com autoridade o suficiente para autorizar a libertação de Diego, 33


é o meu velho amigo, juiz Bill Matsumoto, pois mesmo estando no sanatório ao invés de um reformatório, ele continua sendo um criminoso e está sob os cuidados da justiça de Kindland. Vamos até o fórum e ver o que podemos fazer. Santana, Gabriel e Marcela foram até o fórum de Kindland. No meio do trajeto o delegado não parava de reclamar que o trânsito da cidade era muito lento e sugeriu que da próxima vez utilizassem uma viatura policial para poder ganhar preferência dos demais motoristas. Gabriel sorriu e ironicamente disse que o delegado estava tendo a experiência de um morador comum no seu dia-a-dia e ressaltou o quanto é difícil viver em uma cidade grande, ainda mais do tamanho de Kindland. Parando o veículo na frente do fórum, os três viram o juiz em frente ao prédio dizendo: tenha uma boa tarde – ao segurança – provavelmente estava indo embora. Santana não perdeu tempo e gritou pelo nome do juiz, pedindo que ele os esperasse. O juiz olhou assustado para os três, porém ao ver que se tratava de um velho amigo, esperou que eles chegassem até ele. – Valdir, é bom vê-lo velho amigo! Em que posso ser útil? 34


– Bill, sabe que quando te peço algo, é porque realmente preciso. – Claro! Pois não? – Preciso que conceda um mandato de soltura para o prisioneiro Diego Silvino, aquele criminoso que se envolveu no roubo de um de nossos helicópteros e foi internado no Sanatório de Kindland. – Certo, e posso saber o motivo dessa libertação Valdir? – É uma longa história Bill, apenas preciso que confie em mim e em meu trabalho autorizando a libertação desse prisioneiro. Garanto que é por uma justa causa. Embora o juiz Bill confiasse muito no delegado Santana, ficou desconfiado pelo pedido, pois ele nunca havia feito esse tipo de solicitação ao juiz, porém após pensar muito, decidiu acompanhá-los até o sanatório para que Diego fosse solto. Gabriel, Marcela e Valdir Santana foram no mesmo carro enquanto o juiz Bill foi em outro dirigido por seu segurança particular. Chegando na entrada principal do sanatório, o segurança nem se preocupou em revistar ninguém, pois sabia que com duas autoridades ali presente, nada de ruim poderia acontecer. Ele 35


apenas se aproximou do primeiro veículo que era o que estavam os três e perguntou: – Em que posso ajudá-los senhores? O juiz Bill desceu de seu carro e se aproximando do segurança disse: – Quero que solte o interno Diego Silvino imediatamente. O segurança imediatamente deixou o local e entrou na sua cabine e explicou via telefone o que estava acontecendo para o senhor Willy e em seguida desligou o telefone. Passaram-se cinco minutos, e então o senhor Willy surgiu acompanhado pelo segurança e junto aos dois estava Diego algemado, vestido com as mesmas vestes que Gabriel o havia visto na última visita. – Que seja por uma boa causa meritíssimo - disse o senhor Willy entregando Diego nas mãos do juiz. – Eu também espero Willy – disse o juiz olhando “torto” para o delegado que retribuiu o mesmo olhar para Gabriel, já este apenas deu um sorrisinho forçado, sem saber o que dizer. Diego estava de cabeça baixa, mas não demorou muito até erguê-la e torcer seu pescoço para estalá-lo. Em seguida começou a exibir um sorriso bizarro e disse: 36


– Viu só Gabriel, eu avisei que não ficaria aqui por muito tempo. Marcela, como vai? – Estou bem Diego e você? – perguntou ela. –Estou ótimo, mais poderia estar melhor se estivesse você em meus braços. – CANALHA! – respondeu Gabriel levitando Diego com seus poderes, enquanto ele apenas zombava com uma gargalhada maléfica. “Eu poderia explodir seus pulmões só com um piscar de olhos!” – Calma Gabriel! – pediu Valdir Santana segurando Gabriel que instantes depois atendeu ao pedido do delegado e colocou Diego novamente em solo firme. Instantes depois, quando percebeu que estava tudo mais calmo, o segurança desalgemou Diego que não desgrudava os olhos de Gabriel. O delegado Santana o segurou pelo braço e o colocou no porta malas do carro de Gabriel, em seguida agradeceram ao juiz e retornaram para a delegacia. Já na sala do delegado, Gabriel viu que ele estava inquieto e o chamou em um canto, para que nem Marcela, nem Diego ouvissem a conversa dos dois. 37


– O que o senhor tem? Não parava de bater o pé no chão. – Gabriel, acha mesmo confiável deixar o Diego em uma de nossas celas? Pois sabemos que mais cedo ou mais tarde terá que quebrar as barreiras psíquicas que criou para bloquear seus poderes. – Eu sei que é perigoso senhor, mas é um risco que temos que correr, melhor morrer tentando do que morrer em vão. O delegado simplesmente colocou suas mãos no ombro de Gabriel e em seguida deixou a sala. Instantes depois entraram dois policiais e conduziram Diego para uma das celas solitárias da delegacia. Voltando para a casa de Marcela, ela ainda não se sentindo bem em ver Diego solto perguntou a Gabriel: – Querido, acha mesmo que isso que está fazendo é o certo? – Ainda não sei Marcela, mas com o Diego sob os cuidados dos homens do Santana, acredito que não há com o que se preocupar. Marcela sorriu e beijou o rosto de Gabriel, em seguida o deixou dirigir tranquilamente até que chegassem em sua casa onde ela se despediu. 38


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inda eram aproximadamente três horas da tarde, e vendo que não tinha nada para fazer naquele momento, Gabriel decidiu continuar dando uma olhada no pen drive de Crouth para ver as demais informações que nele havia. Revirando os arquivos que estavam no dispositivo, Gabriel encontrou mais uma anotação de Crouth que chamou sua atenção, ela dizia o seguinte:

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Tudo começava a fazer sentido, Gabriel enfim conseguiu informações sobre Crouth das quais não sabia, uma dela que ele era o maior problema para o general, a outra é que todos os seus planos foram calculados com precisão, porém o último fracasso o levou a óbito. Após revisar mais alguns arquivos do pen drive, Gabriel olhou para a janela de seu quarto e se surpreendeu ao ver que já havia anoitecido. Deitou um pouco em sua cama para tentar descansar, porém não demorou muito até sua mãe bater na porta informando que o jantar já estava posto sobre a mesa. Ao descer as escadas avistou seu pai sentado sobre a mesa de jantar e quando viu o filho perguntou: – Filho onde esteve durante o dia? Em momento algum te vi em casa hoje. 40


– Estava pesquisando umas coisas no computador, mas antes disso fui até a delegacia com Marcela para que o delegado Santana nos acompanhasse até o sanatório para libertarmos Diego e.... – é interrompido quando a travessa de salada que a senhora Júlia trazia se espatifa sobre o chão. – Libertaram Diego? – perguntou a senhora Julia ficando pálida de preocupação. – Sim mãe. – Vocês ficaram malucos? Perderam o juízo? – perguntou o senhor Charlie alterando seu temperamento – Aquele psicopata quase matou vocês e ainda tiveram coragem de soltá-lo? Olha Gabriel, eu entendo que ainda o considera seu amigo, mais sejamos racionais meu filho, o Diego se transformou em um monstro! – Eu sei pai, mais foi necessário que isso fosse feito, é para o bem da humanidade. Sem ele não teremos nenhuma chance contra a profecia do apocalipse. – Do que está falando? – Diego e eu somos os únicos seres humanos com poderes especiais, e também os únicos com poderes capazes de destruir a besta. – Besta? Meu Deus quanta loucura.

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– E se não fizermos nada, a besta vai emergir dos oceanos e escravizar toda a humanidade. Nessa hora a senhora Julia não resistiu e desmaiou, rapidamente Gabriel se levantou da mesa e foi socorrê-la, a segurou nos braços e a colocou deitada no sofá. O senhor Charlie rapidamente pegou um pano úmido com álcool e o colocou na testa da senhora Julia, minutos depois ela recuperou os sentidos, Gabriel pediu que ela não se esforçasse e que continuasse deitada. O senhor Charlie rapidamente acabou cochilando na sua poltrona enquanto Gabriel dormiu no outro sofá para ficar mais próximo de sua mãe. Ele pediu que qualquer sintoma ruim, que ela o acordasse caso fosse preciso e os três passaram a noite na sala. No dia seguinte, Gabriel foi acordado por sua mãe que o chacoalhava suavemente na cama para despertar o filho que resistia em ficar com os olhos fechados, mesmo já tendo acordado até que ele não resistiu e abriu os olhos. –Qual é mãe? – resmungava. – Acorde preguiçoso! Dormiu no sofá a noite toda. – Até que não foi tão ruim assim. 42


– Bom, sua irmã ligou, disse que chegará em Kindland depois de amanhã. – Sério?! Legal mãe, agora me deixe dormir por favor. Gabriel jogou a coberta nos olhos tampando-os, porém sua mãe não desistiu e puxou a coberta, descobrindo-o totalmente. – Pode tratar de levantar senhor Gabriel Freitas, está um belo dia lá fora e o café já está posto sobre a mesa. Sem ter opção de escolha, Gabriel se levantou resmungando feito uma criança quando acorda e não quer ir para a escola e foi até o banheiro escovar os dentes e tomar um banho. Descendo logo após se arrumar, Gabriel tomou café tranquilamente, pois em seguida iria até o ferro velho abandonado de Kindland para que pudesse treinar e aperfeiçoar seus poderes, pois embora já conseguisse dominá-los, ainda não tinha total confiança em si. O ferro velho da cidade ficava próximo a região litoral de Kind, onde a única coisa que separava a praia do ferro velho era um alto alambrado. Estacionando o carro do lado de fora do ferro velho Gabriel se dirigiu até as carcaças de carros velhos e batidos que estavam em seu interior e inclinando sua mão direita na direção 43


das carcaças, concentrou-se o máximo possível e com seus poderes começou a levitar três delas, em seguida colocou-as de volta no chão e dessa vez mirou na direção de um trator que estava a sua frente, após conseguir levitá-lo, lançou a máquina na direção do oceano sem nenhuma dificuldade. Um menino que passava pela rua do ferro velho parou e ficou observando Gabriel que ao notar a presença do garoto, se aproximou do portão do ferro velho e ficou olhando para ele. – Como fez isso? – É só não comer bobagens! – brincou Gabriel sorrindo para ele. O garoto segurava um pirulito, porém saiu correndo gritando que ia comer arroz e feijão quando chegasse em casa. Gabriel voltou para onde estava, e quando se preparava para levantar outra carcaça de carro, uma forte luz vindo do céu o atrapalhou e olhando para cima viu uma bola de luz descendo na sua direção, pousando em sua frente. Quando a luz foi enfraquecendo, Gabriel pôde ver a Oráculo perfeitamente. Louco para perguntar a ela se tinha mais informações sobre o apocalipse e a chegada da besta, a Oráculo preferiu ser direta: 44


– Querido eu sei que tem muitas perguntas a me fazer, porém estou autorizada somente a falar o necessário para que vocês possam estar preparados. – Então me diga logo Oráculo, quais informações você tem? Precisamos nos preparar o mais breve possível para essa batalha. – Precisam mesmo, pois segundo os deuses e as visões que tive, a besta emergirá das profundezas dia vinte e três de dezembro! Dois dias que antecedem o natal. – Tá brincando com minha cara? Oráculo isso é depois de amanhã! – disse Gabriel agitado – E outra é o mesmo dia que minha irmã chegará de Londres. – Desculpe eu sou apenas uma deusa e não uma máquina do tempo, se quiser culpar alguém culpe aos homens, pois garanto que nada disso estaria acontecendo se a humanidade tivesse outra maneira de visão. – Mas nem o Diego, muito menos eu estamos preparados, o que faremos? – Comecem a treinar intensamente desde já! Não percam tempo, pois cada segundo perdido é um segundo a mais que antecede a chegada da besta. Os dois cavaleiros escolhidos devem estar a caminho. 45


A Oráculo desapareceu como de costume. Gabriel detestava quando ela fazia isso pois nunca conseguiam concluir perfeitamente uma conversa. Decidido a não perder mais tempo, Gabriel foi até a delegacia pedir que liberassem Diego para treinar, pois como a Oráculo mesma disse: cada segundo perdido é um segundo a mais que antecede a chegada da besta. Gabriel explicou tudo ao delegado Santana e pediu que ele preparasse os agentes e soldados das Forças Especiais, caso precisassem de ajuda extra, já a respeito de Diego, o delegado ficou preocupado e não deixou de perguntar: – Gabriel, não é querendo ser negativo, mas como você fará para impedir que o Diego não te ataque no momento que liberar seus poderes? – Fique tranquilo delegado, eu o deixarei preso todo tempo em um campo de energia, a única coisa que eu tenha medo é que ele tenha sofrido algum tipo de nova mutação. – Mutação? – perguntou o delegado ainda mais preocupado. – Isso mesmo, eu conversei com o Dr. Willy, médico responsável pelo sanatório de Kindland e os exames feitos em Diego acusaram uma rara mutação genética em seu corpo, seu 46


corpo está mudando aos poucos e ele pode até adquirir novas habilidades ou até mesmo sofrer deformações. – Quer dizer que no momento que a Oráculo concedeu a ele poderes especiais, acidentalmente ela afetou todo seu corpo? – Exatamente! Mas vamos manter sigilo sobre isso afinal, nem mesmo o Diego sabe que isso está acontecendo com ele. Gabriel começou a dizer ao delegado tudo que a Oráculo havia dito a ele no ferro velho, Valdir Santana parecia tranquilo em ouvir tudo aquilo, afinal com tantas coisas esquisitas acontecendo recentemente, outra novidade desse tipo não era nada preocupante. – Eu só não consigo entender, por que vocês são os escolhidos? – Porque os deuses acreditam que meus poderes juntos com os de Diego são capazes de fazer a diferença na batalha. O delegado concordou sacudindo positivamente a cabeça. Gabriel ansioso para o treinamento começar, deixou a delegacia e voltou para a casa onde descansaria para que no dia seguinte pudesse realizar o primeiro e último treinamento antes de batalha mais importante de sua vida. 47


Eram dez da manhã do dia vinte e dois de dezembro daquele ano de dois mil e quinze, o qual estava prestes a se encerrar. Gabriel acordou bastante disposto naquele dia, tomou seu café rapidamente, quase se engasgando com as torradas preparadas pela senhora Júlia. Em seguida foi até a delegacia buscar Diego para levá-lo até o ferro velho e poder treinar seus poderes. Já na cela do “amigo” decidiu contar a ele toda a verdade, pois Diego ainda não tinha conhecimento do que estava acontecendo fora da delegacia, muito menos que havia sido escolhido para se tornar um dos quatro cavaleiros do apocalipse. – Essa foi boa! Acha mesmo que eu vou me rebaixar ajudando vocês? – perguntou Diego. –Bom Diego, a escolha é sua, ou você nos ajuda ou simplesmente mandamos você de volta para o sanatório. – Eu nunca vou voltar praquele lugar! respondeu Diego indo na direção de Gabriel Me diga então Gabriel o que quer de mim? – Você vai comigo até o ferro velho de Kindland para aperfeiçoar mais seus poderes, eles podem ser úteis na batalha.

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– Seu imbecil, esqueceu que eles foram bloqueados por nada mais nada menos que o senhor? – São apenas barreiras psíquicas que impedem que os raios saiam de seus olhos, chegando no ferro velho eu os libero. – Tá, chega de embolação e me tire dessa cela imunda. Gabriel apanhou a chave da cela com um dos policiais e soltou Diego que o acompanhou até seu carro, onde seguiram para o treinamento no ferro velho.

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abriel e Diego saíram da delegacia e de carro se dirigiram até o ferro velho de Kindland. Embora os olhos de Diego estivessem protegidos com a barreira psíquica de Gabriel, por precaução ele foi algemado, pois ele não precisa de seus poderes para tentar cometer alguma loucura. Chegando ao ferro velho, Gabriel tomou uma decisão que poderia ser a mais errada de sua vida, ele criou coragem e desbloqueou a barreira psíquica que aprisionava os poderes de Diego, dando a liberdade para seu ex-amigo atacá-lo a qualquer momento. – Muito bem Diego, vamos testar sua mira, vou levantar a carcaça de um desses carros logo a nossa frente, quando ele estiver um pouco alto você tenta acertá-lo. Diego cruzou os braços e não disse nenhuma palavra. Gabriel entendeu aquele gesto 50


como um “sim”, então concentrou-se e com o braço direito inclinado na direção das carcaças de carros, levantou uma delas. Diego olhou concentradamente na carcaça e em questão de segundos a partiu no meio disparando uma rajada de seus raios visuais. – Muito bem Diego! – elogiou Gabriel – Seus poderes estão ótimos e sua mira então nem se fala! Vamos treinar mais um pouco. – Posso partir você ao meio dessa vez? – E eu posso explodir seus miolos com um campo de energia? – perguntou Gabriel com a mesma ironia da pergunta que Diego havia feito antes. Diego e Gabriel voltaram a se concentrar e continuaram o treinamento pelas próximas horas. Passando das duas da tarde, eles estavam exaustos e vendo que estavam controlando os poderes adequadamente, decidiram parar por ali mesmo e voltar para a delegacia. Quando Gabriel ligou o carro, pisou no acelerador diversas vezes, mas em nenhuma das tentativas o carro saia do lugar. Diego sempre irônico perguntou: – Gabriel, você não está conseguindo ligar um carro? Como conseguiu tirar carta? Não me diga que comprou? 51


– Vai pro inferno! Tem alguma coisa impedindo que eu saia do lugar, ou melhor, alguém impedindo e eu acho que já sei quem é! De repente a Oráculo aparece na janela do carro, ao lado de Diego e pergunta: – Como sabia que era eu? Assustado com a surpresa aparição da deusa Oráculo, Diego dá um pulo do assento que estava e grita: – Desgraçada!! A Oráculo sempre paciente olha para Diego sorrindo e respondeu: – Diego, quanto tempo querido, é bom vêlo novamente. Os dois desceram do carro rodeando a Oráculo. Ela parecia estar bastante preocupada, embora não houvesse nada no mundo que tirasse sua tranquilidade e paciência, porém não tinha como esconder a preocupação expressa em seu rosto. – Gabriel e Diego, não se esqueçam que amanhã é o grande dia! – respondeu a deusa colocando cada mão, no ombro de cada um dos dois. – Difícil esquecer disso – respondeu Diego. – Vim avisá-los também que a criatura emergirá em alguma região da praia de Kindland, segundo o cálculo dos deuses, próximo 52


do farol no nascer ou ao pôr-do-sol, estejam lá! Os dois cavaleiros provavelmente chegarão na Terra esta noite para a maior batalha já vista pelos homens. Em seguida, como de costume a Oráculo desapareceu. Gabriel deixou Diego na delegacia e o trancou novamente em sua cela, porém não bloqueou seus poderes, ao invés disso o alertou que caso tentasse fugir, ele seria rastreado pelos seus poderes. Chegando em sua casa, Gabriel comeu um pedaço de pão com presunto e queijo já que era muito tarde para almoçar, em seguida subiu para seu quarto e tomou um banho, trocou de roupa e desmaiou na cama de tanto cansaço acordando apenas quando estava anoitecendo. Quando acordou, decidiu esperar o jantar, pois estava com muita fome e em seguida decidiu ir até a casa de Marcela.

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abriel já havia tomado banho e jantado, decidiu então ir até a casa de Marcela. Quando saía de casa, ouviu um barulho estranho vindo de fora do portão da casa. Não poderia ser seus pais, pois eles assistiam televisão e Gabriel tinha certeza que o barulho vinha de fora da casa, parecia um relincho de cavalo. Curioso, Gabriel abriu a porta principal da casa e olhou para a rua, ele ficou imóvel não acreditando no que via. – Que cavalo lindo! – disse Gabriel maravilhado olhando para um cavalo que estava parado na frente de sua. Ele era totalmente branco como a neve, olhos grandes negros e arredondados e o brilho da lua que refletia nos pelos do cavalo o deixava mais belo ainda.

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Gabriel abriu o portão e foi até o animal que não se assustou com sua presença. – Você é lindo. Quando Gabriel elogiou o cavalo, o animal olhou para ele parecendo ter compreendido o que ele havia dito, instantes depois ergueu a cabeça olhando nos olhos de Gabriel e com uma voz grossa e formal disse: – Obrigado meu jovem, mas pega mal um homem me elogiando né? – Meu Deus, você fala? – perguntou Gabriel não acreditando no que via. – Não está me ouvindo? – respondeu o cavalo ironicamente. – Meu Deus, devo estar ficando louco – respondeu Gabriel colocando a mão na testa para ver se não estava febril, porém estava normal. – Fique tranquilo jovem, não está sonhando e muito menos doente, eu sou real. – Quem é você? – Sou um dos quatro alados do apocalipse, procuro por Gabriel Freitas, o cavaleiro a quem vou servir. – Sou eu! Desculpe-me pelo nervosismo, mas é que nunca vi um cavalo tão lindo como você, se é que me entende. 55


O cavalo amarrou a cara para Gabriel e relinchou – Tá me estranhando é meu chapa? Gabriel percebeu que o cavalo realmente não queria fazer mal a ele, os dois começaram a conversar – com cautela para não chamar a atenção dos vizinhos e dos pais de Gabriel – o cavalo começou a contar para Gabriel a missão dos quatro cavaleiros e o motivo deles existirem por várias gerações – impedir a maldição da besta se concretize. De repente o celular de Gabriel começou a tocar, era o delegado Santana que parecia estar desesperado. Quando atendeu, o delegado disse que um cavalo em chamas invadiu a delegacia e libertou Diego de sua cela. Sem perder tempo Gabriel desligou o celular e inventou para seus pais que iria até a casa de Marcela – que de fato ia mesmo caso não tivesse acontecido nenhum imprevisto. – Pode me levar até a delegacia? – perguntou Gabriel ao cavalo. – Claro, sobre aí! Gabriel montou no cavalo que ao ver que seu cavaleiro estava firme, começou acelerar os passos e sair correndo pela rua que Gabriel morava. – Será que consegue ir mais rápido? 56


– Por que não disse antes? – respondeu o cavalo aumentando ainda mais a velocidade. Nessa hora, um par de asas brancas nasceram de suas costas e o animal começou a flutuar sobre o solo, levantando voo logo em seguida. Gabriel segurou firme na crina do cavalo e a única coisa que sabia fazer era gritar como um louco.

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omo você fez isso? – perguntou Gabriel quando estava mais calmo. – Ora Gabriel, vai me dizer que nunca ouviu falar de Pégasus? – respondeu o cavalo com outra pergunta. – Claro que sim, Pégasus é o cavalo de Perseu e Hércules. – Isso é conto pra crianças dormirem, eu sempre fui o alado do cavaleiro branco. Gabriel ficou maravilhado ao olhar Kindland por uma vista aérea, por um momento ele se desligou de todos os seus problemas. Quando a delegacia já podia ser vista, Pégasus começou a reduzir a velocidade e também a altura. Gabriel estava morrendo de medo de despencar do cavalo, porém Pégasus era experiente e pousou perfeitamente na entrada da delegacia. 58


No instante que o delegado viu Gabriel, foi correndo na direção dele e ficando de frente a frente com ele e Pégasus disse: – Gabriel, eu tentei impedir, mas o Diego fugiu em cima daquele cavalo em chamas que mencionei no telefone. – Você o deixou escapar? – perguntou Gabriel inconformado – Eu deixei ele sob sua responsabilidade senhor! – Fiquem tranquilos! – respondeu Pégasus – O amigo de vocês saiu para adquirir seus poderes de cavaleiro. O senhor disse fogo, provavelmente deve ser Aladus, o cavalo da guerra! – Você fala o pangaré? – perguntou Santana ainda mais assustado. – Falo sim vovô – respondeu Pégasus – e pangaré é sua mãe, meu nome é Pégasus, o cavalo que representa o cavaleiro da peste. – Ai meu Deus, acho que estou ficando velho demais para testemunhar esses tipos de coisas. Já vi Gabriel levitar coisas, Diego disparar raios fulminantes, acho que um cavalo voador é o mais esperado. Mas me diga uma coisa Gabriel, já descobriu seu dom? – Pelo que pesquisei, serei o cavaleiro branco, sou um arqueiro que representa as pestes trazidas pela humanidade, uma delas a do anticristo. 59


– E eu vi, e eis um cavalo branco; e o que estava sentado nele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e ele saiu vencendo e para completar a sua vitória – disse Pégasus. Nessa mesma hora, Gabriel se virou e foi surpreendido por um cavalo cor-de-fogo, tinha a crina em chamas e os olhos avermelhados como brasa. Em cima dele estava montado Diego, com uma armadura prateada e segurava na mão direita uma espada que ardia em chamas. – Diego, você é o cavaleiro da guerra, segundo as teorias, seus poderes são incríveis. – Bom, vamos descobrir amanhã na batalha – disse Diego. Pégasus ficou de frente para os dois e olhando para Aladus, cavalo que guiava Diego disse: “E surgiu o cavaleiro, com um cavalo corde-fogo e ao que estava sentado nele, foi concedido tirar da Terra a paz, para que se matassem uns aos outros; e foi lhe dada uma grande espada em chamas. E não há dúvida do que retrata: a guerra! A guerra cruel, internacional, criada pelo homem, com derramamento de sangue inocente e dores desnecessárias”.

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Nstantes após Pégasus ter explicado sobre a origem do cavaleiro da guerra, uma forte luz verde vindo do céu, chamou a atenção de todos. Olhando fixamente na direção da luz, perceberam que era um homem e quando ele foi ficando cada vez mais próximo viram que ele era negro e careca, seus olhos tinham uma espécie de luz verde. – E lá vem o terceiro cavaleiro – continuou Pégasus sua explicação sobre as origens dos cavaleiros enquanto olhava para o homem que vinha em seu cavalo negro – o cavaleiro que representa a fome e também a doença da Terra, felizmente este terceiro cavaleiro, se expressa de maneira mais humana, retratando a realidade dos pobres. O Cavaleiro do Cavalo Negro, carrega consigo uma Balança e traz com isso, segundo uns, a justiça, segundo outros o colap61


so econômico e a fome, pois a balança seria símbolo dos alimentos racionados e dos preços exorbitantes. Enquanto segurava em umas das mãos uma balança, na outra segurava um mangual arma da era medieval cuja qual era composta por um pequeno bastão de ferro, ligado a uma corrente e na sua ponta havia duas esferas envolvidas com espinhos de ferro. O cavalo negro que o guiava então pousou na frente de todos ali presente. Diego espantado com a aparência do cavaleiro perguntou: – Por que você é diferente da gente? – Porque eu represento a verdadeira cara da humanidade, no fundo todos são como eu. – Deus me livre, ser feio assim, prefiro a morte. – Melhor morrer cedo, pois a vida futuramente não será nada agradável no planeta Terra. – Serão todos feios como você? Gabriel vendo que Diego estava passando dos limites, não perdeu tempo e com um sorriso bastante forçado, disse: – Ah senhor cavaleiro, me desculpe pelo meu amigo Diego, mas é que ele sofre de um sério problema mental e não pensa em nada do que diz. Tenho certeza que essa não era a inten62


ção dele – Gabriel então olhou sério para Diego louco para esganá-lo, mas não podia fazer nada pois precisaria dele durante a batalha do apocalipse. Diego não temendo Gabriel continuou dizendo: – Gabriel, eu não preciso que me defenda. E outra ele é feio mesmo, não posso fazer nada. – Cala essa boca! – Não calo! Os dois começaram a discutir até que o cavaleiro da Fome se cansou e soltou um berro que provavelmente todos os vizinhos escutariam: – BASTA! Agora já chega, vocês dois! Eu vou logo avisando que se isso continuar aqui... – de repente um tremor tomou conta daquele local – Mas que droga! O que está acontecendo aqui? – Caramba Fome, seu grito é forte mesmo hein! – disse Diego olhando para o asfalto da rua que havia se partido em várias partes. – Não fui eu. – Se não foi você, então quem foi? – perguntou o delegado Santana. De repente uma alta gargalhada maléfica pode ser ouvida e vinha debaixo do asfalto rachado que começava a se romper ainda mais. 63


Quando uma “mini cratera” se abriu, de suas profundezas saiu um cavalo cinzento e o seu cavaleiro era um “caveira”, pois ali não havia carne alguma, somente as ossadas. A única coisa que o envolvia eram suas vestes, um capuz roxo, seguido de uma longa capa que se enrolava em seu corpo. Observando a fisionomia do cavaleiro Gabriel disse: – Bom esse aí só pode ser o cavaleiro da Morte.

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égasus e Aladus olharam normalmente para o cavalo da Morte enquanto os demais olhavam assustados para a horripilante aparência do cavaleiro. Pégasus então começou a dizer: – E lá vem o último cavaleiro, o único capaz de aprisionar novamente a criatura no mundo dos mortos, Hades concedeu a ele esse dom pois é o seu cavaleiro de confiança. – E os demais cavaleiros não tem capacidade para matar a besta? – perguntou o delegado Santana. – Sim, eles tem! Porém a criatura é inteligente e a única coisa que ela nunca conseguiu enganar foi a “morte”. – Incrível esse seu conhecimento Pégasus, porém não nos revelou o assunto que mais nos

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preocupa, como será essa batalha contra a besta? Afinal você já a enfrentou no passado. – O senhor é muito impaciente delegado Santana, se me lembro bem, nós somos os únicos que lutaremos contra a criatura e não o senhor. O delegado sem saber o que dizer, começou a olhar faiscando de raiva para o cavalo branco, furioso pela cortada que tinha acabado de levar. Pensou em algo e disse: – Ao invés de falar asneiras o pangaré branco, deviam ir logo! Estão perdendo tempo! – O bigodudo tem razão! – respondeu Aladus – Chegou a hora cavaleiro, vamos logo para a praia. – Isso não vai ficar assim viu seu velho gagá! – respondeu Pégasus enquanto Gabriel montava em cima dele. – Boa sorte a todos vocês – respondeu o delegado enquanto cada cavaleiro levantava voo em seu cavalo rumo a praia de Kindland onde eles ficariam na expectativa que a besta emergisse ao nascer do sol ao invés do seu pôr, conforme a Oráculo havia instruído Gabriel e Diego. Tanto Gabriel, como Diego estavam nervosos pois nunca haviam lidado com uma situa66


ção daquela e para piorar ainda mais a situação, faltavam poucos minutos para o nascer do sol. A atenção era voltada totalmente para as águas do mar que banhava a praia de Kindland, qualquer movimento estranho que eles vissem indicaria perigo. De repente um enorme campo de luz surgiu de uma parte da areia, próxima dos cavaleiros. Eles olharam atentos para a luz prontos para atacar caso fosse alguma ameaça, porém dessa luz surgiu a Oráculo que fez com que os quatro, abaixassem suas armas naquela mesma hora. Ela abriu um sorriso olhando para os quatro e disse: – Boa sorte meus guerreiros! Tenho certeza que terão sucesso na missão que lhes foi designada, ninguém é escolhido por acaso, ainda mais por deuses. – Oráculo, muito obrigado pela ajuda! - agradeceu Gabriel. – Gabriel, posso saber onde estão suas vestes e armas? – perguntou a Oráculo estendendo seu cetro dourado na direção de Gabriel, nesse instante uma rajada azul saindo da pérola que ficava sobre a haste dourada, encobriu Gabriel, quando o seu efeito foi passando, todos o viram com novas vestes, um manto branco e um guarda-flechas nas costas. Na mão esquerda segurava um arco. 67


– Incrível! – disse Gabriel maravilhado. – Agora sim você está preparado! Saiba que sinto muito orgulho de você e Diego pela determinação que tiveram e pela coragem de arriscar suas vidas para salvar a humanidade. – Eu fui obrigado! – respondeu Diego, porém a Oráculo não disse nada, apenas sorriu para todos eles e desapareceu num clarão de luz.

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iego olhou para Gabriel e começou a zombar de suas vestes dizendo que ele estava ridículo, porém Gabriel começou a rir do que Diego dizia o deixando sério na hora. – Falou aí o São Jorge – caçoou Gabriel. Pégasus não se conteve e começou a rir da piada que Gabriel havia feito. Aladus com a intenção de defender Diego retrucou: – Calado Pégasus ou queimo suas asas e faço de você um cavalo depenado! – Tente a sorte dragãozinho da guerra! - retrucou Pégasus trocando olhares feios com Aladus. – Pare com isso todos vocês! – gritou a Fome ficando entre os dois cavalos – Não viemos aqui para isso! Se quisermos vencer temos que trabalhar em equipe!

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Pégasus e Aladus se afastaram um do outro, dando-se as costas, Diego porém prosseguiu provocando: – Depois acertamos nossas contas Gabriel. – E eu estarei esperando! – respondeu Gabriel dando as costas para Diego. O sol começava a nascer, todos começaram a olhar atentos ao redor do oceano, porém não viam nada além das ondas. Quando se podia ver pela primeira vez, uma parte do sol no céu, várias nuvens negras começaram a se espalhar pelo céu, tapando o sol e impedindo que ele clareasse Kindland. Uma forte ventania tomou conta da cidade, o mar ficou mais agitado que de costume e vários trovões começaram a cair, boa parte deles acertando a água. – Mas o que está havendo aqui? - perguntou Diego olhando para todos os lados do céu e vendo apenas nuvens escuras. – O apocalipse está começando! - respondeu Pégasus gritando para que Diego o compreendesse já que a ventania dificultava a audição naquele momento. – Tá com medo meu amigo? – perguntou Gabriel. – Não mesmo! E não sou seu amigo! De repente um forte tremor começou a tomar conta da praia, o mar ficava cada vez mais 70


agitado, e quando todos observaram em uma região próxima do farol, uma parte do oceano começava a borbulhar intensamente até que dessa área emergiu bravamente uma fera que tinha sete cabeças, semelhante a dos felinos selvagens e nessas cabeças dez chifres espalhados diversamente; tinha o corpo semelhante ao de um leopardo com várias pintas espalhadas e os pés semelhantes aos de um urso pardo, exatamente como a bíblia descrevia. – Atenção pessoal, é a desgraçada da besta! – gritou Gabriel para que os demais cavaleiros ficassem atentos. O que eles mais temiam aconteceu: a criatura caminhou até a praia e se deslocava lentamente pelas areias molhadas na direção dos cavaleiros. Quando estava frente a frente com eles, a besta começou a observá-los um por um, em seguida ela liberou um rugido assustador emitido das sete cabeças e instantes depois as sete começaram a dizer: – Guerra aos homens! Foi então que enchendo o peito de coragem, Gabriel retrucou: –Guerra a você sua aberração! Você vai voltar direto para as profundezas do inferno de onde nunca devia ter saído! – ele olhou para os demais parceiros – CAVALEIROS ATACAR!! 71


A besta desconhecendo o poder deles deu um salto para trás se distanciando alguns metros. Os cavalos sem perder tempo começaram a correr na direção da ferra. Diego foi o primeiro a tentar algum tipo de ataque, ele ergueu sua espada com as lâminas em chamas e quando estava prestes a ferí-la, um dos chifres da criatura começou a brilhar e o mesmo lançou na direção de Diego uma rajada azul, atingindo-o no ombro direito e o derrubando de Aladus próximo à beira do mar. Gabriel correu com Pégasus na direção de Diego que estava inconsciente, para tentar ajudá-lo mas a besta acabou atingindo os dois também, derrubando Gabriel de seu alado, porém ele caiu consciente no chão. As sete cabeças começaram a soltar uma horripilante gargalhada debochando dos cavaleiros e juntas disseram: – Acham mesmo que são fortes o suficiente a ponto de me derrotar? Eu passei séculos nas profundezas do inferno fortalecendo as minhas energias para que nenhuma força nesse mundo possa me deter. – Isso é o que veremos! – gritou o cavaleiro da Fome acenando para a Morte – Vamos lá Morte, vamos dar um jeito nisso. 72


A Fome e a Morte partiram para cima da criatura, porém a besta não fez nenhum momento, a Morte então fixou seus olhos em uma das cabeças que a encarava, a cabeça então explodiu espalhando miolos por todos os lados da praia. A criatura começou a berrar de dor e agonia, nessa hora o cavaleiro da Fome partiu para cima da criatura e com seu mangual acertou uma forte pancada em outra cabeça da besta, em seguida recuou-se novamente na posição de defesa. Foi questão de segundos até a besta se recompor e olhar enfurecida para o cavaleiro da Fome. Uma das cabeças abriu largamente a boca e lançou na direção do cavaleiro uma espécie de energia avermelhada, da cor dos raios que Diego lançava com seus olhos. O raio perfurou o peito do cavaleiro, que caiu brutalmente de seu cavalo, espatifando-se no chão. A Morte então se aproximou dele e estendendo suas mãos na ferida do cavaleiro disse: – Todos nós temos um certo tempo de vida e o teu termina aqui cavaleiro da Fome, que Hades guarde sua alma. Descanse em paz. Nessa hora a Morte apenas com suas mãos estendidas absorveu a alma do cavaleiro que 73


em seguida dissolveu-se em pó e foi levado pelas águas que se arrastavam pela areia e voltavam na direção do mar. No instante que o cavaleiro da Fome havia se dissolvido, seu cavalo também se reduziu ao pó. As esperanças começavam a diminuir, embora eles tivessem conseguido ferir a criatura, um dos cavaleiros estavam mortos e a desvantagem aumentava. – Adeus cavaleiros fracos! – disse a besta se dissolvendo em uma chama esverdeada que desapareceu em questão de segundos da praia. Gabriel e Diego se levantavam com dificuldades da areia enquanto a Morte olhava para todos os lados a procura da besta. – Ela se foi! – disse a Morte. – Gabriel, Morte acho que precisam ver isso – respondeu Diego olhando na direção do oceano. Gabriel e o cavaleiro da Morte voltaram seus olhares para o mar e tiveram uma surpresa, as águas haviam se transformado em sangue. – E a criatura começa a soltar as pragas do apocalipse, onde ela derruba sua taça no mar, transformando suas águas em sangue, matando todos os seres vivos que ali habitam, e derramará sobre as águas doces para que a humanidade 74


morra de sede e aprenda a valorizar o bem mais precioso que eles desperdiçaram por tantos anos – disse Pégasus olhando para o mar “vermelho”. Antes que algum outro fato sobrenatural aparecesse por ali, ou até mesmo que a população chegasse e visse os cavaleiros, os três decidiram deixar aquele local. Gabriel pediu que Diego e a Morte o seguissem até sua casa, onde iria chamar pela Oráculo e pedir novas instruções. Pousando em frente a sua casa, os vizinhos que estavam para fora de casa vendo as estranhas nuvens negras no céu, ficaram espantados quando os cavalos aterrissaram, principalmente quando viram as características físicas da Morte. Porém Gabriel decidiu os ignorar e entrou pelo portão junto aos demais cavaleiros e pediu que os cavalos esperassem na área da casa. Quando os pais de Gabriel viram a Morte, começaram a gritar desesperadamente até que Gabriel depois de diversas tentativas conseguiu acalmá-los dizendo que a Morte era do bem e estava ali para ajudar. A Morte gentilmente estendeu a mão na direção do senhor Charlie e da senhora Julia com a intenção de cumprimentá-los, os dois 75


morrendo de medo, apertaram a mão do cavaleiro. – Filho antes que eu me esqueça, tem uma pessoa em seu quarto querendo vê-lo – disse a senhora Julia. – A Amanda já chegou? – perguntou Gabriel ansioso para reencontrar a irmã. – Chegou sim querido, quase agora de táxi, ela disse que ia tomar um banho e descansar. Mas quem está te esperando é outra pessoa. Gabriel não perguntou mais nada, apenas foi até seu quarto e quando entrou teve uma surpresa... Era Marcela a pessoa que o esperava. Feliz em vê-la, Gabriel abriu um sorriso no rosto e caminhou na sua direção para que pudesse cumprimentá-la com um beijo, porém ela virou o rosto e ficou de costas para ele. – Gabriel, por favor, não faça isso. – Marcela, você está bem? – Eu não sei. – O que aconteceu meu amor? – Desculpe, mas não podemos mais continuar juntos – respondeu ela com frieza. – M-mas o quê está di-zen-do Marcela? O que foi que aconteceu pra você estar assim? – Não aconteceu nada – respondeu ela começando a chorar – É que não quero mais nada com você. 76


Quando ela disse isso, Gabriel também começou a chorar e disse: – Marcela, por favor, não faça isso comigo, eu estava pensando em pedir você em casamento justamente quando todo esse problema terminar. Marcela não resistiu com as palavras de Gabriel e começou a chorar ainda mais. Ela virou novamente para ele e com um suave beijo no rosto disse: – Me desculpe Gabriel, mas infelizmente não podemos ficar mais juntos – nesse instante ela saiu correndo pela porta do quarto que estava aberta sussurrando pois não conseguia parar de chorar. Embora Gabriel não conseguisse entender o motivo dela estar fazendo isso, não desistiu e saiu correndo atrás dela, porém chegando na frente da sua casa, ele a viu entrando num táxi e desaparecendo no fim da rua, quando ele dobrou a esquina e prosseguiu seu caminho. – Sinto muito Gabriel – disse Pégasus que testemunhou a cena, junto com o Aladus e o cavalo da Morte. Gabriel nem olhou na cara de Pégasus e caminhou desolado para dentro de sua casa. Todos que ali estavam presentes ouviram a dis77


cussão no quarto, o senhor Charlie se aproximou do filho e o abraçando disse: – Filho, sinto muito! Sei que agora quer ficar sozinho, mas conte com seu pai sempre que precisar. – Pai, o que eu faço? Ela se foi – disse Gabriel já não conseguindo mais chorar de tanto que soluçava. – Calma filho, tudo vai acabar bem. Gabriel olhou então para a beira da escada de acesso aos aposentos e viu uma mulher morena clara, alta, com os cabelos longos e negros e pelo seu sorriso, era claro que ela expressava alegria, mas ao mesmo tempo tristeza. – Maninha? – perguntou Gabriel ao ver sua irmã Amanda. – Gabriel, meu irmão! – respondeu ela indo na direção dele e o abraçando. – Como você está? – Estou bem! Sinto muito pelo que aconteceu entre você e a Marcela, saiba que estou aqui para o que precisar! Só não posso namorar com você – disse Amanda tentando fazer o irmão sorrir um pouco e se sentir melhor. – Como sempre você tentando me fazer sentir bem –respondeu Gabriel com um sorriso – É bom tê-la de volta conosco Amanda - respondeu ele a abraçando novamente. 78


Só depois disso que Amanda foi perceber as vestes de cavaleiro do irmão, porém ele não teve muito trabalho para contar a história para ela, pois seus pais já tinham adiantado boa parte do assunto.

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odos já estavam mais calmos, o cavaleiro da Morte inclusive se acomodou junto a todos na sala onde o senhor Charlie começou a falar sobre futebol com o cavaleiro, que embora não estava entendo nada sobre o assunto, parecia gostar. A senhora Julia olhava para Diego com desprezo, pois não conseguia esquecer tudo que ele havia feito junto com Ernesto Crouth. Quando ela viu que Gabriel estava mais calmo e parecia não sussurrar mais, ela se aproximou dele e disse: – Não fique assim querido, você é um homem forte e vai superar isso. Estarei ao seu lado sempre que precisar. Gabriel, feliz ao ver que sua mãe estava do seu lado, a abraçou e agradeceu a ela pelo apoio e deu sua palavra que superaria todos os seus problemas. 80


De repente uma voz feminina tomou conta da sala, chamando a atenção de todos, porém ninguém conseguia ver e identificar a pessoa até que Gabriel se levantou e disse: – Onde você está Oráculo? – Boa noite cavaleiros! Não posso ir até ai, pois os deuses me designaram a outra função, mas estou aqui mentalmente, para orientar no próximo passo que devem dar. – O que devemos fazer agora? – Devem partir imediatamente e tentar eliminar a criatura o quanto antes, pois se em até dois dias ela não for morta, a maldição será consumada e Kindland destruída. – Não sei se conseguiremos Oráculo, estamos com um homem a menos – disse Gabriel. – Deposito em você toda a minha confiança querido! Agora quero que vá junto com Diego e a Morte e salvem a humanidade. É a única esperança. Amanda levantou-se do sofá e foi na direção de Gabriel e o abraçando disse: – Vai se sair bem maninho, eu sei que vai. Gabriel agradeceu ao apoio dado pela irmã mais velha e em seguida abraçou seus pais que estamparam uma expressão de estar sentindo orgulho do filho e desejaram a ele boa sorte na missão. 81


Os três cavaleiros então deixaram a casa de Gabriel, conforme as ordens da Oráculo e ao montar em seus cavalos, olharam um para o outro e em seguida se prepararam para levantar voo. Antes que os cavalos começassem a andar, Diego olhou para Gabriel e com um sorriso irônico disse: – É Gabriel, pelo visto não foi somente eu que tomou um pé na bunda. – Cala essa boca seu imbecil, ou eu... – Ou eu... o quê seu idiota? Vai me matar como fez com Ernesto Crouth? – Ernesto Crouth morreu por conta própria! E eu tenho certeza que você está envolvido nessa história da Marcela, se isso ficar comprovado, pode ter certeza que eu vou matar você. – Ui que meda – zombou Diego levantando voo com Aladus, seu cavalo. Pégasus olhou para seu cavaleiro e vendo que ele estava furioso pelo comentário de Diego, disse: – Não ligue para o que esse imbecil diz Gabriel, ele sabe que a Marcela é seu ponto fraco, mas precisa esquecer isso por um momento e se concentrar na caça a besta. – Tem toda razão Pégasus, vamos logo – respondeu Gabriel levantando voo, seguido pe82


lo cavaleiro da Morte onde iriam fazer uma busca pela cidade, a procura da besta.

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s três sobrevoavam o centro de Kindland, os prédios dificultava um pouco a visão dos três, porém algo lhes chamou atenção logo a frente deles: uma forte fumaça negra misturado com um alaranjado cor de fogo, dando a entender que algo estava em chamas. – Cavaleiros! Atenção! – orientou Diego observando a fumaça que sobia em grande quantidade para o céu. Sem perder tempo, os cavaleiros foram voando até a direção do fogo, até que quando estavam bem próximos do local, viram dezenas de carros em chamas, empilhados um em cima do outro. Quando os cavalos firmaram os pés no chão, viram no topo da pilha de carros a besta, com todas as cabeças voltadas para eles e ao redor dos carros, centenas de pessoas que olhavam para a criatura, parecendo estar em estado 84


de transe, pois repetiam lentamente: “Salve o lorde 666! Salve o lorde 666!”. – Eu vou encher esse desgraçado de porrada! – disse Diego fixando seus olhos na direção da fera. – Você não vai fazer nada! – respondeu Gabriel com um tom autoritário – Não sozinho! Diego havia ficado sério quando Gabriel aumentou o tom de voz, mas sorriu quando terminou a frase e olhou novamente para a criatura perguntando: – Qual o plano? – PORRADA NELA! – gritou Gabriel. Quando os cavaleiros se preparavam para levantar voo e atacar a criatura, a besta emitiu um forte rugido estremecendo toda aquela área e fixando seus diversos olhos nos cavaleiros gritou: – Escravos, matem-nos! Nessas horas as pessoas que estavam ao redor dos carros se viraram lentamente na direção dos cavaleiros e começaram a caminhar rumo a eles. – São escravos ou zumbis? – perguntou Gabriel irônico. – Sempre tive vontade de participar de algo semelhante ao Resident Evil – disse Diego sorrindo. 85


– Do que ele está falando Gabriel? Residência da onde? – perguntou Pégasus confuso. – Nada demais Pégasus, agora levante voo! Pégasus esticou suas asas e levantou voo. Diego e a Morte o seguiram em seguida. Sobrevoando pelos humanos escravizados, Diego disparava seus raios contra eles e Aladus lançava fogo com a boca. – Mas o que está fazendo? – perguntou Gabriel furioso enquanto Pégasus parava. – Eliminando esses desgraçados! – disse Diego. – Esse não é o nosso objetivo aqui Diego! A besta é a nossa preocupação. Diego furioso cessou os ataques contra as pessoas e voltou sua atenção para a besta e com seus raios visuais acertou uma das cabeças da fera que após cambalear, mais ou menos quatro vezes, despencou da pilha de carros e se chocou contra o asfalto da rua destruída. Gabriel vendo que a besta estava indefesa e fraca, concentrou-se e fez com que a pilha de carros próxima a eles, despencasse contra a fera. O barulho foi grande, afinal eram aproximadamente cinquenta carros, nessa hora as pessoas escravizadas olharam para os carros, porém não faziam nenhum movimento, a não ser cambalear levemente pelo efeito da hipnose. 86


Sem perder tempo, Gabriel levitou novamente os carros para ver se tinha conseguido ferir a besta, porém a criatura não estava mais ali. – Onde ela está? – perguntou Gabriel confuso. – Ela não está mais aqui – respondeu o cavaleiro da Morte – A Criatura se teletransportou. Gabriel olhou para as pessoas e viu que elas voltavam ao normal. As pessoas sem saber o que estava acontecendo olhavam espantadas para os cavaleiros, pois tudo aquilo era estranho para elas. – Temos que encontrá-la! – disse Diego. – Impossível! – lamentou a Morte – Mesmo que eu possa sentir sua energia, não tenho poderes o suficiente para localizá-la, é como procurar uma agulha no palheiro e além disso precisamos poupar nossas energias. Embora Gabriel não quisesse perder tempo, concordou com a Morte e os três decidiram voltar. A Morte ficou na casa de Gabriel já que o senhor Charlie havia simpatizado com o cavaleiro, já Diego voltou para a casa de seus pais, pois desde que havia sido liberto, não tinha visto eles ainda. 87


J

á deitado em sua cama, Gabriel rolava para um lado, rolava para o outro lado e não conseguia pegar no sono. Vendo que não ia conseguir dormir facilmente, Gabriel se levantou da cama, desceu as escadas lentamente e foi até a cozinha tomar um copo de água. Cruzando a porta da cozinha, Gabriel testemunhou uma cena, cuja qual não conseguia descrever – a Morte estava com os pés entrelaçados e levitando sobre a mesa de refeições, com uma forte luz vermelha destacando seus olhos – quando ela percebeu a presença de Gabriel, entortou a cabeça no seu rumo e em seguida, seu corpo girou acompanhando-a, ela em seguida apontou o dedo indicador na direção de Gabriel e disse: – Você!

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– O que tem eu? – perguntou Gabriel sem saber o que estava acontecendo. – Muitas coisas ruins estão para acontecer, sangue inocente será derramado e no final, apenas um pode sobreviver, pois o poder dos dois é tão grande que a rivalidade não permitirá que vivam em harmonia. – Do que está falando Morte? – Do destino! Kindland é uma cidade amaldiçoada, construída em um solo renegado pelos deuses no passado e todos que aqui habitam sofrerão a ira de todo mal. – Morte, o que quer dizer? Quem está causando tudo isso? Nessa hora o brilho nos olhos da Morte se apagou e ela despencou inconsciente sobre a mesa. Gabriel correu na sua direção e começou a chacoalhá-la para que ela reagisse. Instantes depois ela deu um pequeno suspiro e recuperou a consciência e olhando para Gabriel perguntou: – O que houve? – Você disse coisas estranhas, onde o futuro está reservado para tragédias e infelicidade. – Não estou me lembrado disso, como vim parar aqui? – perguntava a Morte parecendo estar bem confusa. 89


Sem dizer mais nada, Gabriel a ajudou a se levantar e a acompanhou até o quarto de hóspedes que era o último lugar que ele havia deixado ela antes de vê-la na cozinha. – Agora descanse, precisamos repor nossas energias para que amanhã continuemos nossa busca – disse Gabriel deixando a Morte em seu aposento e voltando para seu quarto. – Vou descansar, mas lembre-se que eu não posso dormir, é uma das maldições que Hades me jogou: Não descansarás, pois o inferno e o tártaro precisam de você – É melhor que você descanse, eu vou ver se me lembro do acontecimento na cozinha para que possa te dar mais informações. Gabriel deixou o cavaleiro sozinho e voltou para seu quarto, olhou no relógio e viu que era pouco mais de três da madrugada, se deitou novamente e ficou pensando por alguns minutos nas coisas que o cavaleiro da Morte havia dito na cozinha, porém não demorou muito para que o sono viesse e atrapalhasse todos os seus planos.

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H

avia amanhecido. Gabriel acordou cedo naquela manhã, tomou um banho para tirar a preguiça e após se trocar desceu até a cozinha para

tomar café. A senhora Júlia servia as torradas quando o telefone tocou. O senhor Charlie pediu que o filho continuasse na mesa, pois ele atenderia. – Filho é para você – respondeu o senhor Charlie voltando com o telefone sem fio nas mãos. – Alô? Oi Larissa... Claro que podemos nos ver, dentro de vinte minutos eu estarei na sua casa. Gabriel desligou o telefone e colocando ao lado de seu prato, apressou-se para tomar o café. Após terminar, foi até os fundos da casa ver se Pégasus e o cavalo da Morte estavam bem e os encontrou dormindo, em seguida foi até a 91


garagem e com seu veículo, foi até a casa de Larissa. Como os pais de Larissa estavam por lá, os dois com a intenção de ter mais privacidade, decidiram ir até algum lugar da cidade e como estava calor, foram até a Sorveteria Paraíso Tropica – local onde Gabriel havia parado o veículo de um bandido com seus poderes. Assim que chegaram, ocuparam a primeira mesa que viram, o dono do estabelecimento, reconhecendo Gabriel, se aproximou dos dois e perguntou: – O que faz aqui? – Vim fazer compras. Idiota. – Espero que dessa vez não me cause problemas. – Relaxa senhor, estamos aqui apenas para tomar sorvete e conversar – respondeu Larissa sorrindo para o dono da sorveteria. – Eu pensava a mesma coisa da última vez que estiveram aqui, e lembra dos resultados né? Bom me digam, o que vão querer? – Eu quero um shake de chocolate - respondeu Gabriel. – Eu o mesmo – complementou Larissa. O dono da sorveteria anotou o pedido e se retirou. Gabriel sem perder tempo olhou para Larissa e perguntou a ela: 92


– E então Larissa, o que queria falar comigo? – É sobre a Marcela. – Olha Larissa, sem querer ser chato, mas se o assunto for a Marcela, eu prefiro evitar. Não quero falar sobre ela. – Eu sei o que deve estar sentindo Gabriel, lembre-se de como eu fiquei quando o Diego terminou comigo, ainda estou sentida, mas superei. O que eu preciso lhe dizer é muito importante. – O que foi? – Há dois dias antes da Marcela terminar com você ela estava agindo muito estranhamente, estava fria, como se tivesse se afastado de todos aqueles que a cercavam. “Preocupada, fui até a casa dela e conversei com a senhora Laura tentando descobrir algo mais e ela me disse que dentro de casa a Marcela também havia mudado, tanto com ela, como com seu pai, e nesse mesmo período ela terminou com você. Eu na boa vontade fui tentar falar com ela e ela me pediu que eu a deixasse em paz.” – Estranho, a Marcela nunca foi assim. Será que estão forçando ela a fazer isso? Pode ser algum tipo de chantagem. 93


– Será que o Diego está por trás disso? – perguntou Larissa com a cabeça baixa. – Pode até ser, mas acho que ele está com problemas maiores para resolver agora e não teria tempo para fazer esse tipo de joguinho com a Marcela, deve ser outra pessoa. – E se você tentasse falar com ela? – Eu? Ela nunca olharia para mim depois de tudo que me disse na minha casa na frente de todos – disse Gabriel sem saber o que fazer. – Não custa tentar. Realmente eu não sei a reação que ela vai ter, mas sei que ela ainda te ama, siga os instintos do seu coração, se você a ama de verdade, faça de tudo para não perdêla, não deixe que aconteça o mesmo que aconteceu comigo. – Se está se referindo ao Diego, saiba que você não teve... – Larissa o interrompe. – Não me venha falar que tinha chances de mudá-lo, porque ambos sabemos que se eu fosse uma namorada mais presente, conseguiria sim. – Não, não tinha Larissa e sabe por quê? Porque o Diego é obcecado em poder, não tem sentimentos por ninguém. Diga-me, o que sente por ele hoje? – É uma pergunta confusa, principalmente quando se trata de sentimentos. As vezes sinto 94


falta dele ao meu lado, mais ai lembro de tudo que ele fez conosco e sinto uma mágoa tão grande que quero ele o mais longe possível de mim. – Eu entendo você Lari, mas vai dar tudo certo, tenho certeza que dias bons voltarão a aparecer em nossas vidas. Após conversarem por mais um tempo, Gabriel e Larissa decidiram voltar para suas casas. Ao acertar a conta com o dono da sorveteria, Gabriel em tom sarcástico disse a ele: – Viu? Nenhuma encrenca senhor. – Voltem sempre – respondeu o senhor com um sorriso falso, tentando ser simpático com eles. Ao entrar no carro, Gabriel olha para Larissa e sorrindo diz: – É impressão minha, ou esse tiozinho não foi com nossa cara? – Acho que não foi com sua cara, não só acho como tenho certeza - respondeu ela com risos. Nessa ora os dois se entreolharam e Gabriel disse: – É bom voltar a sorrir de novo e ver que está se sentindo melhor também. – Já faz um tempinho que eu não sabia o que era rir de alguma coisa. 95


Eles foram se aproximando lentamente um do outro e sem deixar de se olhar um no outro uma única vez, o inesperado aconteceu, os dois se beijaram, porém foi questão de segundos até que ambos se afastassem e trocassem olhares envergonhados. – Me desculpe – disse Gabriel vermelho e sorrindo envergonhado. – Eu que peço desculpas – respondeu Larissa com a cabeça baixa, mas com um pequeno sorriso. – Quer que eu deixe você em sua casa mesmo? – Isso mesmo Gabriel, pode me deixar lá – respondeu Larissa com as bochechas rosadas. Gabriel conduzia o veículo pela avenida Presidente Vargas, de repente um fortíssimo tremor começou a sacudir o veículo forçando ele a freá-lo bruscamente. – O que está havendo? – perguntou Larissa entrando em pânico. – Não sei! Se segure Larissa, vou tentar tirar a gente daqui antes que algo pior aconteça! Quando Gabriel voltou a pisar no acelerador com a missão de tentar sair dali o quanto antes, o tremor ficou mais forte e um pedaço do 96


asfalto se rompeu tirando o controle do veículo e capotando quatro vezes. O carro havia ficado de cabeça para baixo, Gabriel estava com a visão embaçada, meio zonzo, pois o impacto havia sido tão forte que ele chocou sua cabeça contra o volante do veículo – o corte feito em sua cabeça e os dedos ensanguentados com farpas de vidro eram prova disso. Larissa estava do lado de Gabriel inconsciente, com um leve ferimento na cabeça. Sem saber o que fazer, ele olhou para o retrovisor e viu a imagem de uma mulher que caminhava na direção do carro lentamente. Conforme sua visão foi ficando mais nítida, ele pôde identificá-la. Era morena, alta, dos cabelos negros, longos e lisos; olhos castanhoclaro e ela olhava fixamente na direção do carro. – Gabriel, estou de volta! – disse ela sorrindo – Volte para mim. – Franciele? – perguntou ele reconhecendo a mulher, sua ex-namorada, antes dele conhecer Marcela – Impossível! Você está na Inglaterra. – Não! Eu voltei para ficar junto com você querido! – Não Fran, infelizmente não podemos ficar juntos, eu amo outra pessoa. 97


– Que pena! Então você vai morrer aqui mesmo – respondeu Franciele instantes depois de seu rosto começar a se desfigurar, transformando-se em uma criatura horrível. Instantes depois lá estava a besta há alguns metros distante de Gabriel. Desesperado, Gabriel tentava de todas as maneiras, sair de dentro do veículo, porém seu cinto havia enroscado. A besta vendo o desespero dele, soltou sua bizarra gargalhada e começou a caminhar na direção de Gabriel que tentou impedi-la envolvendo ela em um campo de força que foi destruído com facilidade pela criatura. Chegando ao lado do veículo, a criatura cravou suas afiadas unhas na lataria do carro e criou – SUA HORA CHEGOU GABRIEL FREITAS! – logo em seguida, arremessou o veículo na direção de um posto de gasolina que havia logo a frente. A explosão era certa, Gabriel fechou seus olhos e conseguiu envolver o carro em um de seus campos de energia parando sua movimentação, em seguida, girou o carro no sentido correto e fixou as rodas no chão novamente. Após ter evitado a explosão, Gabriel consegue soltar o sinto de segurança e sai do veículo, deixando 98


Larissa lá dentro, que ainda estava inconsciente. Olhando para a besta, ele dá mais alguns passos na direção dela e diz: – Não é a toa que é chamada de besta! Você não passa de uma criatura burra que não consegue me matar. Sabe esse nome realmente combina com você! – Insolente! Vai pagar por essas palavras! – responderam as cabeças em um coral. Furiosas elas abriram esticadamente a boca e soltaram na direção de Gabriel uma espécie de energia azul, rapidamente Gabriel o desviou para um poste utilizando seus poderes, o poste na hora que recebeu o poder ficou congelado. – Tá frio! – zombou Gabriel mais uma vez da criatura. A besta furiosa vendo que não ia conseguir nada lançando seus poderes contra Gabriel, tornou a desaparecer. Gabriel expandiu em seu rosto um sorriso de alívio, pois pela primeira vez conseguiu impedir a besta sem a ajuda de Diego e a Morte. Voltando para seu carro todo amassado, ele olhou para seu interior e viu que Larissa não estava lá dentro. Desesperado, ele começou a gritar por seu nome diversas vezes mas ninguém respondia aumentando ainda mais a sua preocupação. 99


A única coisa que passava pela cabeça de Gabriel e que justificava o sumiço de Larissa é que a besta havia sequestrado ela e a única pessoa que poderia ajudá-lo naquele momento a ficar mais calmo e pensar em uma solução era Marcela. Sem saber qual seria sua reação ele decidiu ir até sua casa. Gabriel estacionou o carro todo amassado na frente da casa de Marcela e em seguida tocou desesperadamente a campainha. – O que quer aqui? – respondeu Marcela friamente pela câmera do interfone – Já disse que não quero mais nada com você. – Marcela por favor, venha até aqui, preciso muito falar com você! – Eu disse não Gabriel. Agora vá embora e me deixe em paz, cada um tem que seguir sua vida agora, entre nós dois não existe mais nada. – A Larissa foi sequestrada! – disse Gabriel diretamente. – O quê? Como isso aconteceu? – perguntou Marcela demonstrando estar preocupada – Estou indo aí fora! Segundo depois o portão se abriu e Marcela e Gabriel ficaram frente a frente. – Espero que não esteja mentindo só para poder me ver – disse ela fechando a cara. 100


– Acha mesmo que eu ia brincar com isso? – Então me diga, o que foi que aconteceu. – A besta nos atacou há alguns minutos atrás, a Larissa e eu fomos tomar sorvete, pois ela precisava conversar comigo e quando voltávamos a besta nos atacou e quando eu percebi ela havia desaparecido de dentro do carro. – Sinto muito Gabriel, mas infelizmente não posso fazer nada – respondeu Marcela voltando a expressar a mesma frieza que recebeu Gabriel pelo interfone. – Então vai abandonar sua melhor amiga? Olha não me interessa que você terminou comigo e não quer nem olhar na minha cara, to pouco me lixando pra isso agora, mas o que está em jogo é a vida da sua melhor amiga, por favor, estou te suplicando. – Adeus Gabriel. Nessa hora Marcela se afastou de Gabriel e fechou o portão sem dizer mais nada. Gabriel sem reação, voltou para o veículo e quando estava prestes a ligar o carro, a voz da Oráculo invadiu sua mente e disse: – Cavaleiros, se reúnam na Represa Mongoli, agora! Sem perder tempo, Gabriel deu partida no veículo e foi direto para sua casa para apanhar Pégasus. 101


C

hegando em sua casa, Gabriel encontrou Pégasus apressado na frente de sua casa pedindo que Gabriel se apressasse pois o cavaleiro da Morte já havia ido para a represa, sem perder tempo ele entrou dentro de sua casa e se trocou, logo depois saiu segurando seu arco e flecha. – Ainda não me acostumei com essa roupa ridícula! – Imagina os homens da antiguidade! – disse Pégasus – Agora suba, não temos tempo a perder. Gabriel subiu nas costas de Pégasus e os dois levantaram voo. Gabriel e Pégasus já sobrevoavam por cima da Represa Mongoli olhando pelos arredores com o objetivo de avistar Diego e a Morte. De repente um forte rajado vermelho veio de uma 102


área da represa, Gabriel ordenou que Pégasus seguisse o raio pois provavelmente vinha dos olhos de Diego até que finalmente eles foram vistos em uma das margens da represa. – Finalmente nos viram! – gritou Diego enquanto Pégasus aterrissava próximo a eles. – Com você disparando esses raios fica fácil – disse Gabriel. – Claro, já que você não tem a capacidade de nos localizar, precisei usar meus métodos. – Cala essa boca! – SILÊNCIO! – gritou a Morte – Vocês perdem tempo discutindo e nem se deram conta que naquela barragem logo a nossa frente está a criatura com uma jovem moça apoiada inconsciente em suas costas. – É a Larissa! – gritou Gabriel reconhecendo a jovem. – Ficou louco Gabriel – zombou Diego – Como pode ser a Larissa ali? – Se não ficou sabendo, fomos atacados pela criatura hoje de manhã e ela foi levada! – E você permitiu que ela fosse levada? – gritou Diego descendo de Aladus e derrubando Gabriel de Pégasus, o segurou no chão, seus olhos começaram a ficar vermelhos, porém rapidamente a Morte saltou na direção dos dois e os separou. 103


– Não temos tempo pra isso! – disse o cavaleiro – Temos uma coisa mais importante a resolver! Diego furioso, voltou para Aladus, Gabriel e a Morte fizeram o mesmo em seguida, levantando voo na direção da criatura que os esperava sorrindo. Bem próximos a ela, eles pararam e a encararam. A criatura parecendo não estar com medo simplesmente começou a rir. – Solte a Larissa e lute com dignidade criatura maldita! – respondeu Diego olhando para Larissa inconsciente nas costas da fera. – Que pena, ela seria uma boa rainha para o meu reinado, mas já que insiste! – respondeu ela inclinando suas costas para baixo fazendo com que Larissa despencasse barragem a baixo. Sem perder tempo Diego e Aladus voaram a toda velocidade conseguindo apanhá-la antes que caísse na água. A Morte sem perder tempo lançou uma Rajada negra na direção da besta que simplesmente o impediu com uma de suas patas, em seguida ela abriu uma de suas bocas e lançou na direção da Morte uma energia azul clara o atingindo. O cavaleiro e seu alado foram congelados e antes que eles despencassem na água, a fera soltou um forte rugido que os despedaça104


ram, fazendo com que os pequenos pedaços de gelo caíssem na água. – NÃO! – gritou Gabriel lamentando a perda de mais um dos cavaleiros – Você vai pagar por isso seu maldito! Furioso, Gabriel pegou uma de suas flechas e a lançou rapidamente em uma das cabeças da criatura, deixando apenas três “vivas”. – Não vou falhar em te matar novamente! – respondeu a besta furiosa. Em seguida a besta soltou um rugido ainda mais forte que o anterior estremecendo todo aquele local, barreira então começou então a se romper e a fera firmou suas unhas nela dizendo: – Vamos ver se o jovem Gabriel Freitas é capaz de segurar todo esse volume de água! De repente uma lâmina misteriosa vinda de trás da criatura, corta mais uma das cabeças da besta que cai girando dentro da água. A fera começou a criar de dor e não resistindo, cambaleou por alguns segundos e despencou represa abaixo caindo brutalmente na água. Gabriel e Pégasus olham para cima e veem uma mulher flutuando, vestida com uma armadura e capacete de ouro puro, segurava em uma das mãos uma espada e na outra um escudo de proteção. 105


– Marcela?! – perguntou Gabriel surpreso ao ver sua ex-namorada vestida como uma amazona. Ela sorriu para ele e foi flutuando na sua direção e ao ficar frente a frente com ele o beijou. – Conseguimos amor. – Pensei que tivesse perdido você. Mas me diga como isso foi acontecer? – Uma pessoa pediu que eu me afastasse de você, caso contrario todos que você ama seriam mortos, a Oráculo observou minha atitude fria em relação a isso, a estar disposta a me afastar das pessoas que amo para vê-los vivos e decidiu me eleger como amazona do apocalipse, uma carta coringa, que seria usada apenas quando fosse necessário. – E funcionou – respondeu Gabriel sorrindo a beijando novamente. – Blá, blá, blá! Os dois namoradinhos querem parar de conversinha fiada? – perguntou Diego voltando com Aladus até a barreira – Se não perceberam daqui a alguns instantes tudo isso vai estar alagado! – Onde está a Larissa? – perguntou Marcela preocupada. – Está a salvo no alto de um prédio aqui perto, agora temos que dar um jeito de impedir 106


que essa quantidade de água vá na direção da cidade. – Está querendo salvar as pessoas Diego? – perguntou Gabriel sorrindo. – A única pessoa que tem que morrer aqui é você! – respondeu Diego. – A BARREIRA! – gritou Marcela olhando assustada para a barreira que começava a espirar água na direção deles. Gabriel pediu que Diego, Aladus e Marcela ficassem atrás dele, de repente a barreira se rompe e toda a água represada despencou na direção deles. Gabriel sem pensar duas vezes envolveu a todos em um único campo de energia enquanto a grande quantidade de água passava por todos eles. – Não vou conseguir segurar por muito tempo! – exclamou Gabriel que estava utilizando seus poderes no limite, suas mãos tremiam e seu nariz começava a sangrar. O inevitável aconteceu, o campo de força começou a fraquejar e a falhar e a água começava a infiltrar pelas rupturas. Dando o último fôlego que tinha, Gabriel fechou seus olhos e usou sua força máxima para subir o campo de energia em meio aquela forte quantidade de água. 107


Ficando a pelo menos três metros de altura da inundação, o campo de energia desapareceu e Gabriel desmaia nas costas de Pégasus. Rapidamente todos foram para uma região não inundada e pousaram em terra firme. – A floresta que cercava a represa ficou inundada, vamos ver se as árvores sobreviverão a essa grande quantidade de água – lamentou Pégasus. – Antes a floresta do que nós! – respondeu Diego descendo de Aladus. – Gabriel vai ficar bem? – perguntou Marcela preocupada com Gabriel que estava caído sobre as terras molhadas á beira da represa. – Ele não pode morrer! – disse Diego – Quem vai matá-lo sou eu. De repente a besta emerge novamente das águas, desta vez, toda ensanguentada e fraca e começou a caminhar com dificuldade na direção de todos eles. – V-A-Ã-O MO-R-R-E-E-R! – gaguejou ela enquanto caminhava quase se arrastando. – Volta pro inferno sua maldita! - respondeu Diego se aproximando da criatura e lançando seus raios com uma força jamais utilizada, eles encobriram toda a criatura e a destruíram, onde ela deu um último grito de dor e se reduziu a pó. 108


– Que poder foi esse? – perguntou Marcela espantada. – Incrível – respondeu Diego espantado com a grande quantidade de poder que ele lançou contra a criatura. Gabriel acordo instantes depois e um pouco perdido perguntou: – O que eu perdi? – A fera está morta, vencemos a batalha! – comemorou Pégasus. – Eu a matei, já que você não teve essa capacidade – acrescentou Diego orgulhoso de seu trabalho. Gabriel levantou-se com um pouco de dificuldade, mas logo começou a caminhar normalmente na direção de Marcela, ele a beijou e em seguida a abraçou. De repente um forte brilho pairou no céu e se dividiu em três partes, atingindo Gabriel, Diego e Marcela, quando o brilho diminuiu, eles olharam um para o outro e viram que suas vestes de guerra haviam desaparecido e foram substituídas por roupas normais de seres humanos. – Bom precisamos ir – disse Pégasus se aproximando de Gabriel. – Obrigado por tudo Pégasus, foi um bom parceiro nessa batalha. 109


– É um grande homem Gabriel Freitas, sei que Kindland e o mundo estarão a salvo enquanto puderem contar com seus serviços. Foi um orgulho trabalhar a vosso lado. Gabriel sorriu e abraçou o cavalo que relinchou e sem graça respondeu: – Bom chega de despedidas se não daqui a pouco você vai querer me beijar. Gabriel sorriu para ele e disse: – Que isso amigão, eu gosto dela – ele abraça Marcela. Aladus olhou para Diego porém os dois não se despediram, o cavalo simplesmente caminhou na direção de Pégasus e em seguida saíram voando, desaparecendo em alguns segundos entre as nuvens negras que desapareciam lentamente do céu, até que o sol finalmente podia ser visto e contemplado novamente... uma sensação de alívio tomou conta de Gabriel que contemplava o céu como se fosse a coisa mais bela que havia visto. – Acha que Pégasus vai voltar algum dia? – perguntou Marcela abraçada com Gabriel olhando também para o céu. – Eu não sei dizer. Mas tenho certeza que eu e ele nos reencontraremos em breve, afinal o apocalipse está só começando. – Gabriel a besta foi morta, acabou. 110


– Não Marcela, infelizmente não acabou. Sei disso por que a Morte previu um futuro caótico para Kindland e temos que estar preparados para esse futuro que está bem próximo. Diego se aproximou de Gabriel e Marcela e disse: – Bom Gabriel, ainda temos contar a acertar, mas esse não é o momento afinal, merece curtir esse momento bom, pois os próximos dias, serão os piores de sua vida. – O que você quer dizer? – Como você mesmo disse Gabriel, o apocalipse está só começando. Diego deu um sorriso para Gabriel e Marcela e em seguida virou as costas para eles e saiu caminhando na direção dos prédios da cidade. De repende ele paralisa seu trajeto e vira a cabeça para o lado, olhando para Gabriel ele disse: – Não se esqueçam de resgatar a Larissa, ela está na torre da Axygen, digam a ela que eu salvei sua vida e diga ao delegado que não adianta mandar seus homens atrás de mim, pois só me encontrarão quando eu achar que deve ser feito. Diego voltou a olhar para a frente e continuou caminhando. 111


– Temos um pequeno problema – disse Gabriel. – O que foi? – O povo vai querer saber sobre esses últimos acontecimentos. – Não se preocupe, o delegado Santana vai dar um jeito. Vamos pra casa – disse Marcela tranquilizando Gabriel. Uma coisa ficou clara, a batalha com a besta impediu que a profecia do apocalipse temida pelo general Ernesto Crouth se realizasse, porém não evitou a guerra que está prevista a acontecer, porém não importa quando ela chegue, Gabriel estará preparado para o que acontecer e fará de tudo para salvar a humanidade da extinção e também tentar recuperar seu amigo Diego para o lado do bem onde eles possam unir suas forças e juntos evitarem o pior. Como Ernesto Crouth disse uma vez: O ESCATHOS ESTÁ APENAS COMEÇANDO!

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