Entrelinha Produto final da disciplina de Design de Notícia do Curso de Comunicação Social Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul. Número 21 - 2º semestre de 2013
Cultivo na selva de pedra
Foto: Mari Hoffmann
Reitor Isidoro Zorzi
Expediente
Diretor do Centro de Ciências da Comunicação Jacob Raul Hoffmann Coordenador do curso de Jornalismo Álvaro Benevenuto Júnior Professora Ana Laura Paraginski
Produção Ana Cláudia Mutterle Bárbara Armino Laís Alende Prates Maíra Spricigo Moraes Marcelo Casagrande Natalia Susin Cechinato Nathália Rech Magrin Rodrigo Chernhak Taís Pellenz
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Revista produzida na disciplina de Design de Notícia do Curso de Jornalismo Universidade de Caxias do Sul Número 21 - 2º Semestre de 2013
Editorial
O tema escolhido para esta edição da revista
A preocupação com o consumo de vegetais nas
Entrelinha tem o objetivo de mostrar as diversas
cidades foi outra questão colocada. Como plantar
possibilidades de produção e consumo de produtos
em uma pequena horta, uma alimentação saudável
agrícolas no meio urbano.
e nutritiva para as crianças e a importância de
A revista contém novas ideias e apresenta os benefícios de se tornar um produtor. Está dividida
consumir produtos orgânicos também ganham espaço na revista.
em três partes: plantio, consumo e o futuro da
A agricultura é crucial para a sobreviência de
agricultura. Para entender a realidade das pessoas
muitas famílias. Apegados ao campo, jovens se
que dependem da terra para seu sustento, fomos até
mostram preocupados com o futuro e integram um
algumas feiras e visitamos diferentes tipos de cultivo
regime especial de aprendizagem, onde o manejo
espalhados desde o interior até a cidade.
com a terra é colocado em primeiro plano nos
A reportagem especial apresenta um modelo alternativo de plantio. Em Caxias do Sul, as hortas comunitárias são o espaço onde os moradores plantam
estudos. Esperamos que você possa aproveitar as dicas e os ângulos da agricultura que sugerimos na Entrelinha.
para o próprio consumo. Eles cultivam frutas, verduras e até mesmo flores divididos em pequenos lotes.
Tenha uma saborosa leitura! Foto: Marcelo Casagrande
PLANTIO
MÁ
16
Os líderes da terra
19
Um comércio pra lá de encantador
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FUTURO
Foto: Alejandro Espinosa
Viver sem carne pelos direitos dos animais
SU
Sucesso com sabor de morango
8
Boa, bonita e compartilhada
10
Entre o cinza das calรงadas
12 CONSUMO
RIO
Uma escola para o campo
26
Quem tem medo de hortifruti?
29
Incentivos aos agricultores
31
Os caminhos do futsal no interior
33
Plantio
Imagem: Reprodução
Natalia Cechinato nscechinato@ucs.br
O
agricultor Maurício Fedrizzi, 52 anos, decidiu deixar o trabalho na empresa familiar. Ele atuava na área de informática e resolveu migrar para o universo da agricultura. Hoje ele é proprietário do “Rio do Vento Hidroponia”, onde cultiva morangos em água pura da chuva e não utiliza nenhum tipo de agrotóxico. Fedrizzi conta que antes de fazer as primeiras tentativas no cultivo de morangos nunca tinha visto um pé da fruta. Ele relata que passou seis meses de sua vida em busca de algo que realmente gostasse. Foi quando, em 1998, o sonho começou a tomar forma. O empresário decidiu estudar sobre o assunto e percebeu que o maior problema para entender sobre agricultura era justamente compreender a biologia. “Todos me chamavam de louco”, conta, porque além de não ter contato 8
Sucesso com sabor de morango direto com o cultivo de qualquer espécie de fruta, ele concluiu que também queria entrar para o ramo dos alimentos livres de agrotóxicos. Depois que passou no vestibular de Química, o agricultor ingressou na Universidade de Caxias do Sul. Ele passou a ser estagiário não remunerado e também começou os estudos a respeito da hidroponia. Foi para todos os lados, fez várias experiências em sua propriedade, e percebeu que seria mais viável plantar morangos, principalmente porque tem muita gente que gosta do produto, segundo ele.
O agricultor relata que a eliminação da terra no cultivo dos morangos acabou com mais de 80% das doenças que teria no solo. Fedrizzi pontua que utiliza, no cultivo da fruta, apenas sais minerais para fazer um controle biológico. Hoje, ele classifica os morangos pelos tamanhos: pequeno, médio e grande.Todos os produtos são dispostos em bandejas transparentes, para que o cliente possa ver o que está comprando. A hidroponia também enfrenta sérios problemas pelo fato de não utilizar pesticidas. O agricultor
PLANTIO lembra que, certa vez, recebeu um carregamento de mudas da Argentina e elas estavam todas “doentes”. Apesar de perder toda a safra, continuou a investir no alimento livre de agrotóxicos. A propriedade, localizada em Caxias do Sul, conta também com um pequeno bar, onde são servidos sanduíches, bebidas e sobremesas, preparadas com o principal ingrediente, o morango. Em 2000, eram oferecidas apenas geleias, sucos e vitaminas, porém, o empresário viu mais uma oportunidade de negócio. Hoje, o “Barlavento” é apreciado por caxienses e turistas, que buscam
um lugar para comer bem e relaxar. O empreendimento crescia e quem frequentava o local sempre chamava um amigo para conhecer. “Caxias não tem opção de lazer nas tardes de sábado e domingo”, conta o proprietário, que acredita ter como missão oferecer sempre o produto de maior qualidade. Ele relata que seu desejo é apenas ser feliz e fazer o que ama. O produtor conta que passa pelos mesmos problemas que um agricultor tradicional. Ele diz que as plantas sofrem com o clima, e que tenta amenizar os extremos. O cultivo é feito dentro de estufas com a temperatura controlada.
Ouça com atenção
Segundo estudo divulgado pela rede BBC, realizado por sul coreanos, está comprovada a influência da vibração sonora no crescimento de frutas e verduras. A Rio do Vento Hidroponia tem mais esse recurso a seu favor: instalaram algumas caixas de som dentro das estufas. Os pesquisadores do Instituto Nacional de Agricultura da Coréia do Sul colocaram uma plantação de arroz exposta ao som de música clássica, enquanto monitoravam seu nível de atividade genética. Isso ocorre quando o código de DNA dos genes recebe “instruções” para realizar processos biológicos como o crescimento. Houve surpresa quando perceberam que o
Fedrizzi acredita que os morangos, além de todo o cuidado biológico, também precisam de carinho para crescerem saudáveis e gostosos. O sonho de Maurício Fedrizzi era viver feliz e trabalhar com o que ama. Parte disso já foi alcançado, pois o clima no “Rio do Vento” é de muita satisfação e tranquilidade. Tanto é que agora o proprietário investe em uma nova área: vai abrir uma pousada no mesmo local. Ele trouxe das Missões, no Oeste do Rio Grande do Sul, dois casarões desmontados dos anos de 1800. Quando o prédio estiver pronto, Fedrizzi espera receber muitos visitantes.
barulho provocou a reação em dois genes. Como esses apresentam também resposta à presença da luz, os cientistas resolveram repetir a experiência no escuro, e obtiveram os mesmos resultados. Os estudiosos não puderam explicar por que houve reação às ondas sonoras, mas pensam que as mudanças genéticas observadas podem ativar outros genes responsáveis pelo crescimento. Em Ana Rech, os morangos são cultivados ao som de músicas da melhor qualidade. Maurício Fedrizzi conta que, no inverno, as plantas “escutam” rock n’roll para se aquecerem. Já no verão curtem o som do reggae para ficarem tranquilos e relaxados. Ele diz que o resultado não é visível, mas conclui que mal não faz. Foto: Natalia Cechinato
Boa, bonita e... Marcelo Casagrande mcasagrande2@ucs.br
A
horta comunitária do Vila Ipê põe à mesa dos moradores da zona norte frutas, verduras e legumes cultivados sem agrotóxicos. Ocupando uma área com mais de trinta mil metros quadrados, sob linhas de transmissão de energia elétrica, a horta comunitária faz a diferença na vida de muitas pessoas. Trata-
PLANTIO
...compartilhada se de um programa da prefeitura de Caxias do Sul que integra trinta e oito famílias, as quais plantam e colhem uma diversidade de produtos. Além do consumo próprio, a produção excedente pode ser vendida. Antônio Rogério de Oliveira, morador do bairro, é cliente assíduo da horta. Ele comprou oito pés de alface, colhidos na hora, por apenas dois reais. E o melhor, sem veneno. Seu Antônio garante que o sabor dos produtos cultivados ali é diferente. “A alface chega a ser doce”, comenta. Para quem mete a mão na terra e faz a horta crescer, os benefícios são ainda maiores. O metalúrgico aposentado Felix Godoes trabalha há dois anos cultivando seu quinhão e se sente muito bem. “Até engordei um pouquinho”, afirma. Ele é daqueles que não conseguem ficar parados e depois que parou de trabalhar sentiu a necessidade de se ocupar para passar o tempo. Alface, cebola, beterraba, batatadoce, ervilha, feijão de vagem são alguns produtos que seu Félix cultiva e que ele diz não ter
mais necessidade de comprar. A horta também é o xodó de Santa Luzia Nelo da Silva. Aposentada por invalidez, ela conta que, por problemas do coração, estava desenganada pelos médicos. Ela se locomovia com apoio de muletas e não tinha autonomia. Precisava da ajuda da filha pra fazer tudo. Para se ocupar, começou a frequentar o clube de mães e fazer acolchoados. Um dia, viu uma senhora trabalhando na horta e pediu se podia mexer na terra também. Com a resposta positiva, ela não parou mais. Largou as muletas, diminuiu a quantidade de remédios e começou a viver novamente. Assim que começa o dia, dona Santa está de pé e às sete horas da manhã já está na horta. Por causa do glaucoma, já perdeu a visão de um olho e o outro sofre da doença. Diz não saber até quando vai conseguir enxergar, por isso, aproveita o tempo. “Enquanto eu posso enxergar, eu tô assim, que nem uma dinamite, voando”. Às vezes, dona Santa ganha ajuda da vizinha e amiga artesã,
Gilda Kuhn de Oliveira, que tem uma banca no camelô, no centro da cidade, mas quando pode ajuda na lavoura. Às vezes, quando o dia amanhece com tempo fechado e Gilda não vai ao centro, a opção é trabalhar em casa. Se o tempo melhora, ela aproveita o dia para ajudar a amiga. Como a horta fica embaixo de uma rede de transmissão de energia elétrica, o pessoal não pode trabalhar em dias de chuva ou quando o tempo está nublado por conta do perigo de descargas elétricas. Somente nesses dias é que dona Santa não aparece na horta. No local, também tem o relógio do corpo humano. É um enorme canteiro circular, dividido em pequenos lotes com ervas medicinais. O relógio simboliza os horários de maior atividade dos órgãos do corpo e as plantas indicadas para cada órgão. Desde 2006, as hortas situadas no Vila Ipê e no Serrano, integram famílias em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar e nutricional. Fotos : Marcelo Casagrande
Santa Luzia da Silva planta diversos produtos e cultiva flores
PLANTIO
Entre o cinza das calçadas Maíra Moraes msmoraes1@ucs.br
A
s ruas movimentadas, os altos edifícios, o cinza do cimento, a pressa das pessoas, o comércio que não pára. As grandes cidades, símbolos do mundo capitalista, têm suas grandes lojas de departamento, hipermercados e produtos industrializados prontos para serem vendidos em cada esquina. Contudo, no meio do caos urbano ainda é possível ver vestígios do interior, ou até mesmo a busca por uma vida saudável. Muitas pessoas transformam seus quintais em hortas. Seja nos fundos da casa ou em um pequeno canteiro, as hortaliças são cultivadas, geralmente de modo orgânico, e contrastam com o mundo que cresce cada vez mais ao seu redor. Comer frutas e verduras colhidas na hora não é um privilégio apenas daqueles que moram no interior. As hortas caseiras precisam
seguir os cuidados básicos, como ter iluminação, um solo adubado, poda e água. Para espaços pequenos, como sacadas de apartamento, a dica é o cultivo de temperos. Já para aqueles que possuem um jardim grande, as hortaliças e árvores frutíferas são uma boa opção. Moradora do Bairro Panazzolo, a aposentada Amélia Vaccari, 76 anos, encontrou no jardim de sua residência um modo de suprir a necessidade de frutas e verduras. A senhora conta que, após o casamento no ano de 1966, ela e seu marido se mudaram para a casa e começaram a plantar, pois na época o cultivo era mais comum. Além disso, no quintal já estava plantado um parreiral de uvas. Assim, Amélia e o marido apenas continuaram com os cuidados. Além do parreiral de uvas, Amélia cultivava feijão, vagem, ameixa, figo, maçã, radici, alface, laranja, butiá, tomate, abacate, entre outros. As frutas e verduras tomavam conta do quintal. Com tantas opções, a
aposentada explica que sempre teve diversidade na alimentação. “Meu sogro e meu marido faziam schmier de figo e todo mundo adorava”, diz. O aprendizado para colocar as mãos na terra veio da “colônia”, desde criança. Com a morte de seu marido, Amélia precisou de ajuda para manter a hora – que agora conta com algumas árvores frutíferas e poucas hortaliças – então, há cerca de cinco anos, chegou a contratar um homem para cuidar da horta. Os cuidados sempre foram livres de agrotóxicos. “Uma vez tivemos pulgão nas cebolas, então usamos cinzas do fogão à lenha misturadas com água para limpar a plantação”, conta a senhora. Uma horta em casa colabora para uma vida mais saudável. Ainda que seja em um espaço pequeno, colocar a ideia em prática é fácil e útil. O cultivo traz para a vida agitada da cidade um pouco da simplicidade do interior. Assim, entre o cinza das novas construções é possível manter o verde das plantas.
Horta Vertical O espaço restrito é visto como um problema por muitos moradores de apartamentos e grandes metrópoles. Contudo, aos poucos surge uma nova opção para aqueles que sonham em ter uma horta dentro de casa. Tratam-se das hortas verticais. Penduradas ou fixadas em estruturas verticais, elas otimizam o espaço e são simples de fazer. Apesar de serem mais indicadas para a plantação de ervas e temperos, também servem para hortaliças. As hortas verticais podem ser feitas com pouco gasto, além de reutilizarem alguns materiais. A maioria delas é montada com garrafas pets e mangueiras. Para a montagem da horta são necessários cuidados com a iluminação, pois o local não deve estar exposto ao sol por muitas horas. Além disso, é essencial colocar argila expandida antes da terra, assim as raízes das plantas não ficarão encharcadas. 13
Consumo
Viver sem carne Laís Alende Prates laprates@ucs.br
A
sociedade do século XXI vive em uma constante guerra contra o relógio. A corrida contra o tempo é tão grande que algumas atividades são deixadas de lado ou, até mesmo, simplificadas. Este é o caso da alimentação. Diante de tanta correria, a população tem consumido cada vez mais alimentos industrializados, os fast foods. Em contrapartida, existem grupos preocupados com o bemestar, meio ambiente e os direitos dos animais. Segundo pesquisa do Ibope, 8% da população brasileira se diz vegetariana e esse estilo de vida está em crescimento.
pelos direitos dos animais
Na filosofia vegetariana, existem algumas variações quanto à terminologia. Quem é adepto ao vegetarianismo não come carnes nem derivados de origem animal, como por exemplo, leite, queijo e ovos. Porém, existem algumas pessoas que não consomem a carne, mas se alimentam dos derivados de origem animal. Nesse caso, quem consome leite e ovos é ovo-lactovegetariano. Os lacto-vegetarianos não consomem carnes e ovos, mas bebem leite. Já com o ovovegetariano ocorre o contrário, ele consome ovos, mas não leite. Já os veganos não consomem carne
nem derivados de origem animal, também não usam lã, couro e seda e se destacam por boicotar marcas de produtos que realizam testes em animais. Para muitos, essas atitudes são vistas como loucura, privação e irresponsabilidade. Já aqueles que aderiram a esse tipo de vida defendem que a qualidade de vida é muito maior, sobretudo por saberem que a alimentação não resultou da tortura de animais. Além disso, alegam que se as pessoas fossem menos “acomodadas”, todas perceberiam que é possível se alimentar bem sem carne. Fotos : Reprodução Google Images
Motivação
A
acadêmica de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Mayra Galhardo Ferreira Ribeiro, 24 anos, é vegetariana há dois anos e meio. A principal motivação para Mayra não comer carne é o sofrimento que os animais são submetidos na hora do abate. “Apesar de muito se estudar e discutir a respeito do bem-estar animal e haver intensificação na fiscalização de abatedouros, na prática, há negligência em relação ao assunto, com abatedouros clandestinos e mau manejo dos animais pré-abate. Entretanto, ainda consumo produtos derivados dos animais, tendo plena consciência que contribuo para a exploração e tortura dos animais”, diz. A estudante de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),
Daniela Maicá da Silveira, 23 anos, é adepta ao vegetarianismo há um ano e meio. Para Daniela, a principal motivação também foi a compreensão do sofrimento que os animais são submetidos pela indústria do superconsumo. Essa percepção aconteceu a partir do envolvimento da estudante com ONGs de proteção aos animais. “Quando me mudei para Santa Maria, me liguei a ONGs de proteção de animais e, assim, perguntei-me: Como amo uns e como os outros?” explica. Daniela ainda conta que pretende se tornar vegana, pois acredita que assim pode contribuir ainda mais para a redução da exploração animal. A acadêmica de Psicologia da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Érica Bristot, 20 anos, há quatro anos não come carne. Para Érica, abandonar a carne aconteceu de maneira natural. “Na verdade,
Filmes / Docs
não foi uma decisão. Simplesmente não senti mais vontade e prazer em comer carne, e ver a carne ainda crua, por exemplo, me impede de comer ela depois”, conta. A acadêmica de Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Jennifer Bauer, 20 anos, há aproximadamente dois anos começou o processo de adaptação para se tornar vegetariana. Hoje, há pouco mais de um ano sem ingerir carne, Jennifer avalia o resultado como positivo. “Minha vida ficou mais saudável. Antes eu não comia verduras e legumes, hoje eu como. Senti a diferença no meu corpo, me sinto mais disposta”, afirma a estudante. No princípio, a motivação de Jennifer foi com a saúde e o corpo, mas depois de adepta ao vegetarianismo ela passou a compreender também que o consumo da carne acarreta em sofrimento e tortura aos animais.
Preocupados com os direitos dos animais, ativistas e organizações produzem filmes e documentários para retratar a violência que sofrem os animais. Alguns deles são:
científico), mas também ilustra nosso completo desrespeito para com os assim chamados “provedores não-humanos”. http://www.terraqueos.org
Earthlings (Terráqueos) É um filme-documentário sobre a absoluta dependência da humanidade em relação aos animais (para estimação, alimentação, vestuário, diversão e desenvolvimento
Outras produções A Carne é Fraca, Forks Over Knives (Troque o Faca Pelo Garfo), Uma Vida Interligada, Meat the Truth, Behind The Mask (por trás da máscara), Acorde - Wake Up. 17
Longe de ser fácil
P
ara Mayra, a principal dificuldade enfrentada quando optou por não comer mais carne foi a aceitação da família, amigos e sociedade, que muitas vezes não entendem a escolha e buscam maneiras de fazer com que ela mude de percepção, voltando a comer carne. Quanto à maneira como a sociedade percebe o vegetarianismo, Daniela afirma que as pessoas não compreendem o significado e, ainda assim, faz muitos julgamentos. “Sinto que uma parcela da população ainda sente preconceito com o vegetarianismo e veganismo. Quando falo que sou, as pessoas sempre debocham ou dizem, mas tu não sente vontade? E a proteína como que tu fazes? Isso às vezes me irrita, pois para mim é um comodismo de quem não quer mudar o estilo de vida que leva”, ressalta. Ainda, para quem possui curiosidades sobre o assunto, Daniela recomenda o filme Earthlings (Terráqueos), que aborda não só o que acontece nos abatedouros, mas também a
exploração da indústria dos pets. Quanto à discriminação, Érica afirma que apesar de o número de vegetarianos e veganos estar em crescimento, a sociedade ainda não compreende totalmente a decisão. Além disso, Érica ressalta que a cultura gaúcha exerce grande influência, fazendo com que haja uma pressão maior sobre o consumo de carne. “Quando eu falo para as pessoas que sou vegetariana, é muito raro não notar a cara de espanto que elas fazem. Principalmente, o pessoal aqui do sul, que sempre me dizem: ‘Gaúcha que é gaúcha deve comer carne.’ Por mais que falem em forma de brincadeira, percebese uma discriminação também”, explica a acadêmica. Um dos problemas apontados pela maioria dos entrevistados foi a questão da região. O Rio Grande do Sul tem como tradição a carne como prato principal no churrasco. Dessa forma, a publicidade é explorada para que o consumo de carne seja mantido. Porém, os defensores dos direitos dos animais acreditam que
Saiba mais
Sociedade Vegetariana No Brasil, existe a Sociedade Vegetariana Brasileira, sem fins lucrativos, que trabalha para que o vegetarianismo seja conhecido e aceito como uma opção alimentar benéfica para a saúde humana, dos animais e do planeta, para isso, a Sociedade organiza campanhas, palestras e congressos. Para saber mais: http://www.svb.org.br Sociedade Vegana O veganismo é uma filosofia, uma concepção ética e um modo de vida, pautados sobre o fundamento dos direitos animais, ou seja, o reconhecimento de
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o bom trabalho dos grupos ativistas está fazendo efeito e o número de pessoas que abandonaram a carne está aumentando. Além disso, vegetarianos e veganos afirmam que é possível, sim, substituir a carne sem dano à saúde, afinal, somos seres herbívoros. “Existe sim muito preconceito por parte da sociedade. As pessoas acham que é frescura, querem mudar meu pensamento”, conta Jennifer. O músico Gustavo Vetoratto, 26 anos, há mais de quatro anos não come carne vermelha, nem frango. Porém, ainda não conseguiu abandonar a carne por completo. “Às vezes, como peixe e também queijo, que pra mim é o mesmo que comer carne”, explica. Vetoratto afirma que pretende parar de comer peixe e queijo, mas que por enquanto não conseguiu. Os adeptos das filosofias vegetariana e vegana insistem que se todos soubessem a tortura a que são submetidos os animais nos abatedouros, a carne seria extinta da alimentação humana.
que os animais, sendo seres sencientes, devem ser incluídos em nossa comunidade moral e ter seus interesses respeitados. Para saber mais: http:// www.sociedadevegana.org Slow Food O Slow Food é uma organização, sem fins lucrativos, que vem ganhando força no Brasil. É uma resposta aos efeitos padronizantes do fast food; ao ritmo frenético da vida atual; ao desaparecimento das tradições culinárias regionais; ao decrescente interesse das pessoas na sua alimentação, na procedência e sabor dos alimentos.
CONSUMO
Os líderes da terra Rodrigo Chernhak rchernhak@ucs.br
A
uva e o tomate pilotam o carro-chefe da produção agrícola em Caxias do Sul. Com mais de 50 mil toneladas em 2012, a uva lidera no setor da fruticultura, compreendendo uma área total que beira os 4 mil hectares da plantação. Soma-se a isso a produção da uva de mesa, que ultrapassa as 5,8 mil toneladas. Já o tomate é o segundo mais produzido no município, sendo o expoente do setor da horticultura, com 21,7 mil toneladas distribuídos em 350 hectares. Há quem escolha cultivar ambos os alimentos. Em São Pedro da Terceira Légua, interior de Caxias, o agricultor Gilmar Comerlatto, 55 anos, tira o sustento plantando, principalmente, a uva e o tomate. Apesar de possuir uma propriedade considerada pequena para os padrões de produção, ele consegue colher 70 mil quilos da uva tipo Niágara e Itália, distribuídas em quatro hectares. A propriedade de Gilmar se destaca por uma particularidade: o plantio de uva coberta, também chamada de
plasticultura. Plantada embaixo de faixas de plástico, a fruta cresce em uma espécie de estufa gigante. “Trabalho há uns oito anos com o plantio de uva coberta. É vantajoso porque vai menos agrotóxico, fica protegida do mau tempo, contra chuvas fortes e o vento frio. Se não fosse coberta, também teria que passar quatro vezes mais agrotóxicos”, explica Gilmar. A plasticultura também exige maiores cuidados. Gilmar toca a produção junto da mulher Íris, 50, e dos filhos, Wágner, 30, Rodrigo, 27, e Rafael, 24. O trabalho manual é mais exigido em relação a uma produção fora das estufas, já que é preciso manter a estrutura sempre impecável e ter atenção redobrada desde o florescimento da planta. Por esses fatores, o preço da venda também fica mais caro. “Na última safra, vendi a R$ 4 o quilo da uva. É preciso lucrar em cima do material que se utiliza. Também teve dois anos que deu chuva de pedra e perdemos quase tudo porque furou o plástico. Foi difícil recomeçar”, lembra o patriarca da família. O cultivo do tomate também é bastante lucrativo para a
família Comerlatto. Em cerca de um hectare, a plantação rende, aproximadamente, 2 mil caixas por safra. Em setembro, ele chegou a ser comercializado a R$ 3 o quilo no Ceasa. Gilmar também cultiva a hortaliça dentro de uma estufa, já que a céu aberto corre-se o risco dela rachar e estragar em caso de chuvas constantes. “O tomate dá mais trabalho ainda, mas também dá mais retorno. Plantamos só o tomate gaúcho porque é mais caro para vender. Ele é bom de cultivar, mas tem que ter a prática porque é difícil de lidar”, entende Gilmar. Enquanto a safra da uva não chega, Gilmar planta couve-flor embaixo dos parreirais. É uma forma de obter lucro fora de época e manter a terra fértil. O dinheiro ganho permite a estabilidade financeira e a aquisição de bens materiais. “Na cidade, tu sai do trabalho na sexta-feira, passa o final de semana tranquilo e só volta na segunda. Aqui é diferente, é de segunda a segunda, não tem descanso. Também necessitamos de um capital guardado aqui no interior, pois não é como trabalhar em uma firma que tem o dinheiro certo todo mês”, assinala Gilmar. Fotos: Rodrigo Chernhak
Gilmar Comerlatto planta couve sob as parreiras enquanto a uva não brota
Os mais produzidos
Fruticultura Produto Uva Caqui Maçã Uva de mesa Ameixa Laranja Bergamota Pêssego
Horticultura Tomate Cenoura Beterraba Repolho Couve-flor Feijão Alho Brócolis
em Caxias do Sul
Área (ha) Quantidade (ton.) 3.396 54.336 720 11.520 2.600 6.500 350 5.860 302 2.880 65 390 43 344 393 70 350 468 324 97 103 115 180 104
21.700 13.572 11.340 3.201 2.884 2.300 1.440 1.040
Produtores 150 361 386 34 161 205 172 198 437 170 229 146 128 245 153 85
Dados: Secretaria Municipal da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Apesar de ser sempre associado à cozinha italiana, o tomate já era consumido nas civilizações incas, maias e astecas. No Brasil, foi introduzido pelos imigrantes italianos que chegaram no início do século XX. Embora muitos considerem o tomate um legume, ele é um fruto. Alimento rico em licopeno (agente anticancerígeno). Possui sais minerais como ácido fólico, potássio e cálcio. Revigora o organismo, é purificador do sangue, combate doenças do fígado, o desgaste mental, per-
turbações digestivas e pulmonares É contra-indicado para pessoas que sofram de fermentações gástricas e acidez no estômago. Baixo teor calórico (apenas 15 calorias por 100 gramas de tomate). Os tipos mais consumidos no Brasil são: italiano, carmem, cereja, caqui e santa cruz. O tomate vermelho possui mais nutrientes do que o verde. Se o tomate estiver mole, deixeo de molho em água fria ou gelada por 15 minutos. Ele ficará mais firme e mais fácil de ser cortado.
Tomate Fotos: Divulgação
U v a A árvore que produz este fruto chama-se videira, também conhecida como parreira. Existem diversas espécies de uva, porém as mais conhecidas no Brasil são: itália, niágara, branca e rosada. Fruta rica em sais minerais, tais como: cálcio, ferro, fósforo, magnésio, sódio e potássio. Possui, em quantidade razoável, vitaminas B e C. Ajuda a tratar de: cansaço intelectual, cicatrizes, disfunções intestinais e digestivas, feridas, fragilidade capilar, hemorragia uterina, peles cansadas e sem brilho, prevenção de estrias. Conta com propriedades que rejuvenescem, diuréticas e ajudam a limpar o sangue. Recomendada para manter as artérias limpas, evitando o acúmulo de gorduras. Não é muito calórica, pois 100 gramas de uva possuem, aproximadamente, 50 calorias. O sabor da uva varia muito de acordo com o tipo de solo, podendo ser doce, cítrico ou ácido. É uma fruta típica da região asiática, sendo que o plantio foi introduzido no Brasil na época da colonização portuguesa do século XVI.
CONSUMO
Um comércio pra lá de encantador
Taís Pellenz tpellenz@ucs.br
M
ãos calejadas e um olhar que carrega uma vida de muita luta. O dia começa cedo e exige esforço, principalmente físico. Agricultores da região da Serra Gaúcha enfrentam, todos os anos, estações severas, semanas de trabalho ininterrupto e, ainda, altos e baixos na produção dos hortifrutigranjeiros. Mas acima de todas as dificuldades, existe a história de garra do agricultor, do feirante, do colono. Aquele que não se intimida pelo frio ou calor intenso, aquele que acorda antes do sol nascer, que planta, irriga, colhe, distribui e vende. Aquele que não perde o sorriso puro e simples, que não se deixa vencer pelo cansaço. Caxias do Sul - a cidade dos gringos - já é, por tradição, uma terra de mulheres e homens batalhadores. Talvez por isso, reúnem-se aqui um grande volume de agricultores. Seja na Central de Abastecimento, a Ceasa, em hipermercados, em pequenas mercearias ou
nas feiras. Em qualquer lugar que tenha uma fruta para experimentar, uma cor para apreciar ou um novo aroma para sentir, há com certeza a dedicação de um agricultor. As frutas, verduras e legumes, que até então estavam sob o olhar do agricultor, passam a ser expostas no mercado consumidor. E há, em especial, uma vitrine deste comércio que chama a atenção. São as centenas de ruas e bairros, nas quais se montam, em alguns minutos, as feiras. Os caminhões, camionetes, kombis e carros ficam estacionados em fileiras. E deles se armam as tendas, mas não há padrão. Cada comerciante encontra uma forma de valorizar seu produto. Com os alimentos expostos, é preciso atrair os clientes e, por isso, o atendimento é um diferencial. Somente nas feiras é que há o contato direto entre produtor e consumidor. Essa relação é oportuna aos olhos dos comerciantes, pois a simpatia pode fazer a diferença na hora em que o cliente escolher comprar um cacho de banana na banca do seu João ou na banca do César. Aquele papo “será que chove
hoje” e até mesmo um sorriso receptivo são aspectos decisivos. Na conversa que vai e vem, o cliente se identifica e se convence de que a banca do César irá ficar com um cacho de banana a menos, uns trocados a mais e a garantia de compra da próxima semana. A forma de expor os produtos também define a escolha de compra. Os comerciantes poderiam simplesmente colocar os hortifrutis nas bancas sem se preocupar com a aparência visual. Mas o primeiro contato com o cliente ao ver a banca dessa forma pode causar uma sensação de desorganização e até de falta de cuidados. Por isso, foram oferecidos cursos de exposição. A partir dessas orientações, os agricultores expõem os produtos de acordo com cores e tamanhos. Quem vai à feira encontra bancas organizadas, limpas e produtos prontos para o consumo. Uma feira, por si só, carrega diversidade. Mas os moradores de Caxias ainda contam com diferentes tipos de feiras, que fazem parte dos programas da Secretaria Municipal da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SMAPA). São elas: Feira Ponto de Safra, do Agricultor e Ecológica.
Taís Pe llenz Fotos:
Feira Ponto de Safra
A
característica que ressalta aos olhos do consumidor é o preço: uma sacola por R$ 1. São os valores acessíveis e os produtos com qualidade, que fazem desta feira um sucesso. Segundo a SMAPA, a feira movimenta um volume médio de 90 mil sacolas por semana. O Ponto de Safra tem o objetivo de viabilizar o comércio de gêneros alimentícios oriundos da agricultura do entorno da cidade, mas sempre com um destaque especial para as frutas e verduras da estação. Janete Seefeld, 44 anos, é vendedora de verduras na feira há sete anos e comprova a intensa circulação de produtos por edição. “Aqui a gente vende em grande quantidade e se fôssemos vender em outro lugar, não conseguiríamos vender tanto assim por dia.” Já as vendas de Marli Trentin, 50, são
exemplo de êxito. Em apenas oito horas vendeu 800 dúzias de ovos, mesmo com a exceção de que uma dúzia equivale a R$ 3. Maria de Fátima Zulian Carraro garantiu sua dúzia de ovos. Ela é cliente fiel, vai à feira todas as
Ponto de Safra Rua Os 18 do Forte (bairro São Pelegrino) – 5h30min às 16h Rua Treze de Maio (bairro Nossa Senhora de Lourdes) – 5h30min às 16h Rua Bento Gonçalves (Centro) – 5h30min às 17h Confira um mapa e calendário de quando ocorrem as feiras de Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha e Flores da Cunha no site: www. feirasdaserra.com.br. 22
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semanas e aprova os preços. “São mais acessíveis porque é direto do produtor para o consumidor, não tem um intermediário”. Assim como ela, a maioria dos clientes são moradores ou trabalham próximo dos pontos de feira. O Ponto de Safra ocorre todas as sextas em três endereços. São de cinco a sete vendedores por local, e a cada semana fazem um rodízio por todos os bairros.
Feira do Agricultor
esde 1979 esta é mais uma opção de comercialização direta do produtor para o consumidor. Ao longo dos anos, a feira se adaptou ao mercado e, hoje, é uma atividade econômica e fonte de sustento de várias famílias. Em 34 anos, a Feira do Agricultor se desenvolveu e se expandiu por toda a cidade. No início, a feira acontecia duas vezes por semana e em apenas dois pontos. Atualmente, segundo o coordenador da
CONSUMO Feira, Celso Viezzer, são mais de 160 feirantes cadastrados que se reúnem de terça-feira a sábado, em 40 bairros de Caxias e em horários variados. O comerciante Jorge Pellenz trabalha com agricultura há mais de 20 anos. De acordo com ele, os produtos comercializados na
feira são 20% mais baratos do que em supermercados. Além disso, a rotina, mesmo cansativa, agrada os feirantes. “O dia a dia na feira é muito gratificante”, revela Jorge. O casal Erneto Matté e Maria Gubert Matté trabalham juntos há 25 anos. Eles não deixam o sorriso escapar do rosto nem sequer por
um minuto. Assim, atraem muitos fregueses, como Maria Rinaldi, frequentadora assídua da Feira do Agricultor do bairro Panazzolo, desde 1985: “Quem sabe o sacrifício deles, de trabalhar e colher, não reclama dos preços. A gente pode escolher o que a gente gosta por causa das variedades”.
Feira Ecológica
esse comércio desde 1998, quando um grupo de produtores ecologistas locais e agricultores da região fizeram uma parceria pró-agroecologia. O coordenador da Feira Ecológica, José Tondello, destaca as vantagens dos produtos ecológicos. Para ele, quem consome esses hortifrutis não está só se alimentando de um produto limpo, mas ajuda a promover a sustentabilidade, colaborar com o meio ambiente e respeitar a biodiversidade. “O verdadeiro plano de saúde é se alimentar de produtos ecológicos”, afirma o coordenador. Após um acidente de trabalho devido à aplicação de agrotóxicos em sua antiga produção de maçãs, Claudemir Michelli abandonou a forma tradicional de plantação de frutas. A partir do ano de 2000, dedicou-se unicamente às verduras ecológi-
cas e relata que sua qualidade de vida melhorou. Mesmo com os preços elevados, de acordo com Claudemir, em torno de 30% a mais, os produtos sem agrotóxicos atraem clientes de todos os cantos da cidade. “Têm épocas que chega a faltar produto.” Ele se satisfaz ao ver que os consumidores passaram a acreditar e valorizar esse tipo de produção. Quem consome os produtos sem agrotóxicos, como o aposentado Tito dos Santos, realmente garante que vale a pena. “São produtos puros e fazem bem para a saúde”, declara Tito, que já possui esse hábito há cerca de cinco anos. A Feira Ecológica ocorre todos os sábados das 6h30min às 11h30min, na Rua Augusto Pestana, no Largo da Estação Férrea e nas quartas-feiras, das 14h às 18h, na Rua Santos Dumont, em Lourdes.
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em sempre o mais bonito é o mais saudável. Na Feira Ecológica de Caxias os produtos são comercializados sem a aplicação de pesticidas, herbicidas ou fungicidas químicos, os famosos agrotóxicos. Os hortifrutis ecológicos podem não ser os mais a-trativos, mas proporcionam bons hábitos. Os caxienses têm contato com
Futuro
O ensino na EFA integra teoria do enino médio e técnica aplicada no cultivo nas terras da escola e da família Fotos: Josiane Paviani
Uma escola para o campo Ana Cláudia Mutterle accmutterle@ucs.br 26
FUTURO
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Censo 2010 do IBGE aponta que apenas 8% do público de 10 a 25 anos da Serra Gaúcha reside no meio rural; 5% a menos que em 2000. O êxodo rural jovem já atinge a produção do Rio Grande do Sul, de modo que cerca de 30% das propriedades do Estado não possuem sucessor, segundo a Emater (Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural). Esse fato preocupa especialistas, pois aproximadamente 70% dos alimentos provêm da agricultura familiar. Com quatro meses em funcionamento, a Escola Família Agrícola (EFA) da Serra Gaúcha, localizada em Garibaldi, é uma das alternativas na qual muitos agricultores apostam para garantir a sucessão. No Brasil, existem 174 EFAs. No Rio Grande do Sul, existem apenas duas: a de Garibaldi e a de Santa Cruz do Sul. A Escola é baseada na pedagogia da alternância, método pelo qual estudantes do Ensino Médio passam uma semana na escola, em forma de internato, e outra na propriedade. O modelo diferenciado tem tornado o campo mais atrativo aos olhos dos jovens, o que desperta a vontade de permanecer no meio rural. Na opinião do estudante Luis Henrique Reginatto Peretti, 19 anos, de Ipê, filho de um produtor de oito hectares de fruticultura, o fato de permanecer no cultivo familiar por uma semana possibilita mais atividades práticas ligadas a produção da família. Ele já estava no quarto semestre de Agronomia, morando em Ipê e estudando todo dia em Vacaria, quando conheceu a Escola. Decidiu largar a graduação, ingressou na EFA em função da pedagogia da alternância e voltou a cursar o Ensino Médio. “Mesmo vendo alguns conteúdos novamente, o ensino está de acordo com o que fazemos, então a gente aprende mais na prática. E o melhor é que o relacionamento com a família melhorou muito”, conta Luis. Segundo a coordenadora pedagógica da EFA, Fernanda Pizzatto, o que motiva o jovem a
sair do campo não é a renda, mas sim a convivência com os pais. Para a professora de Física e Matemática da Escola e Mestre em Fitotecnia, Josiane Pasini, o fato de o jovem estudar em uma escola rural e não urbana faz com ele se interesse mais pelo trabalho dos pais, melhorando o relacionamento. “Na escola urbana, eles são preparados para a indústria, comércio e mundo acadêmico. A produção agrícola fica menos interessante. Às vezes, até acontece dos jovens ficarem envergonhados por serem agricultores. Mas se eles estudam no ambiente rural, sentem-se valorizados por isso. A curiosidade sobre o trabalho dos pais aumenta, melhorando o diálogo”, explica Josiane. De acordo com o gerente da Emater da Serra Gaúcha, Neuri Frizzo, outro fator agravante que envolve os pais é que muitas vezes a família não permite que o jovem
tenha independência financeira no campo. “O adolescente sente que precisa ser independente, e nem sempre consegue isso no campo, pois o jovem trabalha e mora no mesmo local, com os pais. É necessário que os familiares o tornem protagonista no meio rural, ganhando seu dinheiro e aplicando o conhecimento”, destaca Frizzo. Na EFA, a participação ativa dos pais é diferencial no processo de aprendizagem. Na semana que os jovens retornam à propriedade, levam um planejamento de atividades para executar na semana. Os pais devem assinar o relatório, comprovando a realização do que foi proposto. Além de tarefas agrícolas, há itens como ajudar no serviço de casa e na comunidade. “Entendemos que família também educa, não só a escola, por isso motivamos a participação dos pais”, defende Fernanda.
Alunos da EFA precisam relacionar teoria com prática, o que aumenta o interesse pela agricultura 27
O ensino na EFA
A rotina na EFA é formada por aulas de ensino médio pela manhã, integradas com conteúdos de agricultura. À tarde, é ministrado o curso prático e, à noite, há palestras, discussões e filmes sobre agricultura. O curso dura três anos, com mais seis meses de estágio em cultura diferente da que os alunos produzem em casa. O estudante gradua-se como técnico agrícola, com capacidade para dar consultoria e ser empreendedor.
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Atualmente, a Escola possui 16 alunos; quatro de Coronel Pilar, três de Boa Vista do Sul, três de Garibaldi, dois de Bento Gonçalves, um de Barão, um de Farroupilha, um de Carlos Barbosa e um de Ipê. Exigências para se matricular: ter concluído a 8ª série, ser filho de agricultor, residir no meio rural (ou ter disponibilidade de uma área para fazer a prática por meio de arrendamento junto à Emater).
O futuro do agricultor
ara o gerente Neuri Frizzo, a aponta Cristiano, que trabalha campus de Caxias do Sul e o de Escola Família Agrícola é mais com o pai e também faz estágio Vacaria. Para Pauletti, é a prova de efetiva em estimular o jovem curricular da faculdade. “O curso, que a agricultura é, atualmente, a permanecer no campo, já que o dentro do possível, combina com a uma área promissora e será ainda deixam estudando e trabalhando prática que vivemos. O estágio não mais no futuro. no próprio ambiente rural. “Vemos tira o foco de continuar atuando na “O agrônomo está apto para que muitos alunos de Agronomia nossa propriedade”, avalia. atuar na agroecologia, cultura de que moram na cidade para estudar Pauletti defende que, indepen- grãos em grande escala, na agriculficam em contato com outras opor- dente da formação que o jovem tura familiar, entre outras áreas. Se tunidades e desistem da zona rural. opta, o agricultor do futuro só as políticas públicas continuarem O jovem não pode perder o vínculo conseguirá crescer financeiramente garantindo o acesso a educação com a sua comunie tecnologias no dade”. meio rural, a popuSegundo o colação rural voltará ordenador do curso a crescer”, aposta. de Agronomia da Frizzo também perJovens de 15 a 19 anos divididos por área de residência UCS, Gabriel Paucebe um contrafluxo letti, a maioria dos do êxodo rural, de Zona urbana Zona rural agrônomos conadultos retornando Municípios 2000 2010 2000 2010 segue trabalho em ao campo frustrados Serra Total 52144 54707 8268 5425 empresas, com precom a cidade. Bento Gonçalves 7510 7447 855 568 tensão de assumir “A renda no urBoa Vista do Sul 29 34 202 152 a propriedade da bano já não é a Carlos Barbosa 1310 1536 488 366 família depois que melhor, junto com a Caxias do Sul 31707 33110 2310 1331 os pais não pudeviolência e a menor Coronel Pilar - 10 - 90 rem mais. Cristiano qualidade de vida. Farroupilha 3890 4502 1129 673 Anselmi, 24 anos, Precisamos tornar o Garibaldi 2029 2076 461 257 filho de produtor campo o mais atrade 10 hectares de tivo possível, fazer uva e três de pêssepesquisas e ouvir os go, mora na zona rural, na linha se tiver conhecimento técnico e jovens sobre o que eles querem no Jacinta em Farroupilha, e cursa o científico. “Vemos que os estudantes campo. E investir sempre na infra8º semestre de Agronomia na UCS de Agronomia frequentemente estrutura, com estradas, energia, em Caxias. Na opinião dele, o fato fazem a monografia aplicando na meios de produção, para combater de vir para zona urbana duas vezes própria propriedade. Eles relatam o êxodo”, defende Frizzo. por semana não atrapalha a con- que os pais ficam surpresos com Há cidades como Boa Vista do tinuidade na roça. o benefício e acabam aplicando Sul e Coronel Pilar onde a maior “O maior empecilho está na a tecnologia. É uma mudança de parte dos jovens ainda reside no falta de apoio governamental, pois perfil do agricultor”, relata. campo. Confira, no box central, os o ramo podia estar mais agradáNo curso de agronomia da UCS, dados do IBGE sobre a quantidade vel com investimentos públicos”, são mais de 600 alunos entre o de adolescentes em cada zona.
Dados do IBGE
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FUTURO
Quem tem medo de hortifruti?
Fotos: Bรกrbara Armino
Bรกrbara Armino barmino@ucs.br
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mbora sejam sinônimos de alimentação saudável, legumes, frutas e verduras não são os favoritos de todos os públicos. Para as crianças, mais do que um discurso da importância desses alimentos, é preciso muito jogo de cintura para incluir os hortifrútis no cardápio infantil. Para a nutricionista Letícia Simon, 24 anos, a competição com a mídia, que torna a propaganda de alimentos não saudáveis muito mais atraente aos pequenos, contribui para a escolha errada por parte das crianças. “A mídia usa de tudo, coloca personagens de desenhos e filmes ou ofertam brindes com o produto, o que não ocorre na divulgação de produtos saudáveis, como frutas e verduras”, explica. Apesar da influência externa, Letícia acredita que não são todas as crianças que rejeitam a alimentação saudável. Para a nutricionista, a educação alimentar dada pelos pais pode alterar essa tendência. “Uma alimentação saudável deve ser ofertada diariamente para incentivar as crianças, sem forçar ou usar métodos compensatórios”, ressalta. Exemplo em casa A psicóloga Gisele Dagostini, 37, comprova que o empenho dos pais torna mais fácil a criação desse
hábito para as crianças. Gisele, que é mãe de Isadora Dagostini Lunelli, 6, comenta sobre a alimentação da filha com orgulho. “A Isa sempre comeu de tudo, nunca tivemos dificuldades na alimentação dela”, relata a mãe. Ao relembrar dos pratos preferidos da filha, a psicóloga admite saber que Isadora é minoria dentre as crianças. “Quando vamos à pizzaria ela pede pelas pizzas de brócolis, milho e alcachofra. Ela gosta pouco de massas e molhos, quando saímos para comer fora ela pede pelas saladas e frutas”, exemplifica Gisele. Embora Isadora seja minoria, ela também é criança. Na hora de ir às compras, as mini-frutas ensacadas em embalagens de desenhos animados chama a atenção e faz parte das escolhas da menina. A mãe acredita que a influência venha dos colegas de escola que levam essas frutas para o lanche. “A miniatura é visualmente mais agradável às crianças”, comenta. Mesmo as crianças que têm mais dificuldade em consumir os hortifrútis devem receber incentivo de outras maneiras. A nutricionista Letícia lembra que existem diversos métodos de inclusão no cardápio infantil. “Camuflar em sucos, sobremesas, vitaminas pode ser um meio para
a criança comer determinado alimento. Às vezes a criança diz que não gosta de algo, come sem nem saber e gosta”, destaca. Diversão na Cozinha Para o chef de cozinha e pai Rodrigo Werner, 41 anos, não basta somente ensinar os filhos a comer determinados alimentos, mas é preciso explicar sua importãncia nutricional para o dia a dia. “O exemplo é a única maneira de educar. Colocar a criança na cozinha e permitir que ela brinque com os alimentos e com seus próprios sentidos, é uma maneira eficiente que encontrei de fazer isto”, explica o chef. Segundo Werner, 80% das crianças provam comidas que alegavam não gostar e acabam gostando do que experimentam. “Os pais, principalmente por causa da correria diária, preferem consumir e dar aos filhos comidas rápidas, ou fast foods”, acredita. Por causa dessa realidade, o chef criou maneiras de tornar os alimentos saudáveis atraentes ao público infantil. “Uma cenoura vira o cabelinho de um palhaço, o picolé de frutas ganha pedaços cortados pela própria criança e assim por diante”, conta. Werner comprova que lugar de criança também é na cozinha.
Dicas de alimentação infantil saudável Dê exemplo, coma os alimentos que você quer incluir no cardápio da criança; Ofereça esses alimentos a partir dos seis meses do bebê; Desenvolva atividades lúdicas que estimulem o consumo saudável; Não desista de oferecer, esses alimentos são rejeitados pelo menos de 8 a 10 vezes até que a criança aceite; Inclua alimentos saudáveis no lanche da criança; Utilize alimentos saudáveis em receitas que a criança goste, como em bolos, vitaminas e sucos.
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FUTURO
Incentivos aos agricultores
Nathália Rech Magrin nrmagrin@ucs.br
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er agricultor nos dias de hoje não é uma tarefa fácil. Apesar das novas tecnologias e de todos os incentivos disponibilizados pelo governo, nas esferas federal, estadual e municipal, é impossível prever a ação do tempo. Se não chove, a aridez da terra e a consequente falta de nutrientes torna o solo improdutivo. Se chover em demasia, somente o arroz consegue se salvar – o grão é cultivado em planícies alagadas que podem continuar inundadas durante o período de crescimento do vegetal. Sem falar nas intempéries: chuvas de granizo e vendavais que, muitas vezes, destroem plantações inteiras. Fazendo o impossível tornarse possível, os agricultores seguem em frente. Como forma de auxiliá-los, os governos federal, estadual e municipal criaram uma 31
Fotos: Nathália R. Magrin
Setor ICMS da Prefeitura de São Marcos (E-D): Marilene Passarin, Alex da Rosa e Maria Cláudia Bertaco
série de benefícios que estimulam os produtores rurais. “É uma forma que o governo encontrou para que os produtores não saiam da terra”, ressalta a diretora da Secretaria Municipal da Fazenda de São Marcos, Marilene Passarin. Juntamente com os auxiliares administrativos Maria Cláudia Bertaco e Alex da Rosa, ela atende, diariamente, dezenas de produtores do município que desejam fazer o pedido de inscrição, solicitar novos talões e dar baixa nos antigos. Além disso, eles são responsáveis por emitir as guias de pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) e, na época do censo, realizam a verificação dos talões que estão em uso. Estes incentivos fazem com que apesar das dificuldades
enfrentadas o produtor rural não desista da profissão. São descontos na compra de automóveis e máquinas agrícolas, redução do valor da conta de luz em até 50% para quem possui talão de produtor, empréstimo de máquinas pertencentes a prefeitura a preços irrisórios para que os micros e pequenos empresários possam fazer desde a terraplenagem até a colheita do alimento e convênios com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais que proporcionam qualidade de vida aos produtores através de dentistas e médicos. Por meio do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), são diversos os financiamentos oferecidos aos produtores rurais. Destaque nesta reportagem para alguns dos principais programas que beneficiam o trabalhador rural. Confira a seguir.
Alguns Programas de Incentivo Agrícola PRORURAL
O Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (Prorural) consiste na prestação dos benefícios de aposentadoria por tempo de serviço ou por invalidez, pensão, auxílio-funeral e serviços de saúde e assistência social ao trabalhador rural e seus dependentes.
EM FAMÍLIA
O Programa Em Família busca a integração de todos os familiares que trabalham no campo. Eles são cadastrados no mesmo bloco desde que desenvolvam atividade agrícola na mesma propriedade. O programa tem como objetivos reconhecer a unidade produtiva familiar e a condição de todos como segurados da Previdência Social.
PRONAF
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) financia projetos individuais ou coletivos, que geram renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrária. O programa possui baixas taxas de juros e as menores taxas de inadimplência entre os sistemas de crédito do país.
MAIS ÁGUA, MAIS RENDA
O Mais Água, Mais Renda é um programa de desenvolvimento econômico com o objetivo de aumentar as áreas irrigadas e prevenir os efeitos das estiagens no Estado. O programa prevê reembolso da primeira e da última parcela de valores financiados pelos produtores irrigantes, licença ambiental e outorga da água.
MODERINFRA
Destinado a produtores rurais e cooperativas, o Programa de Incentivo à Irrigação e à Armazenagem (Moderinfra) tem como objetivos apoiar o desenvolvimento da agropecuária irrigada sustentável econômica e ambientalmente, além de aumentar a capacidade de armazenamento através da construção de novos armazéns e da ampliação dos já existentes.
FAZENDEIRO
O Plano Fazendeiro se trata de uma linha de financiamento específica que permite a aquisição de veículos novos com prazos diferenciados ou com descontos para o produtor rural. A quantidade de parcelas do financiamento, as taxas de juros, os valores dos descontos e os veículos que podem ser adquiridos através do plano são determinados pelas montadoras ou pelos bancos, e variam em cada estado brasileiro. Os descontos oferecidos podem atingir de 5% a 20% sobre os modelos desejados pelo produtor.
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FUTURO Fotos: Nathália R. Magrin
Campeã de 2013, equipe Tuiuti (de branco) em jogo contra o Clube Atlético Aliança, terceiro colocado no Campeonato Municipal de Futsal Adulto do Interior
Os caminhos do futsal no interior Nathália Rech Magrin nrmagrin@ucs.br
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les substituíram as calças surradas e sujas da lida no campo pelos calções de diferentes cores. A camiseta agora é nume- rada e combina com o restante do uniforme. No lugar de chinelos de dedo, calçam tênis de futsal e meias até os joelhos. A enxada nas mãos deu lugar a bola nos pés. Os dez jogadores entram em quadra. Os goleiros se posicionam e os outros atletas se espalham pela quadra do Ginásio Municipal de Esportes Manoel Ramos de Castilhos. A dupla de arbitragem (árbitro principal e auxiliar) assume a posição e o apito inicial ressoa pelo salão dando início a partida. Nos próximos 40 minutos, divididos em dois tempos de 20 cada, as duas equipes formadas por agricultores buscam ascensão no Campeonato Municipal de Futsal Adulto do Interior 2013.
Em São Marcos é assim. Anualmente, a Secretaria Municipal de Cultura, Desporto e Turismo promove a competição exclusiva para os agricultores. Para participar, é preciso residir e trabalhar na zona rural do município. A comprovação é feita através da apresentação de comprovante de residência e talão de produtor – ambos precisam estar no nome do atleta que deseja se inscrever, exceto no caso de filhos de agricultores que moram e trabalham no interior. “Se for filho de produtor, nós averiguamos, redigimos uma declaração e o pai do atleta assina”, informa o coordenador de Esportes, Eder Davi Zanella. O objetivo de realizar todos os anos esta competição, de acordo com Zanella, é promover um momento de diversão e lazer para os agricultores e suas famílias, personagens importantes no
desenvolvimento econômico de São Marcos. “Nós queremos levar a confraternização e o entretenimento ao pessoal do interior”, destaca o coordenador esportivo. Na edição de 2013, seis times participaram do Campeonato de Futsal do Interior, envolvendo 77 pessoas entre atletas, dirigentes de equipes e comissão técnica. Após dez rodadas, na noite de 4 de outubro a equipe Tuiuti sagrouse campeã, seguida por Zambicari em segundo lugar e Clube Atlético Aliança em terceiro. Para 2014, Eder Zanella confirma a realização de mais uma edição da competição. A Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo de São promove, ainda, outras atividades de salão: futsal para veteranos masculino (atletas com 35 anos completos ou mais), futsal adulto masculino e futsal masculino para servidores públicos municipais. 33
FUTURO
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s agricultores Valderez Zanella, 35 anos e Fabricio Vanin, 24, participam do Campeonato Municipal de Futsal Adulto do Interior desde a primeira edição. Em 2013, eles defenderam a equipe Tiradentes - e defenderam literalmente, pois ambos jogaram na defesa: Valderez como goleiro e Fabricio jogou na posição de zagueiro. A dupla vê na competição um momento de lazer e descontração. “Jogar o campeonato é uma diversão. É uma forma de valorizar a amizade que temos”, conta
Amizade dentro e fora das quatro linhas Valderez. Um grande número de mulheres – esposas, namoradas, filhas e irmãs – vão até o Ginásio de Esportes Manoel Ramos de Castilhos nas noites de sexta-feira para torcer pelos familiares atletas. Atrair tantas pessoas do sexo feminino para acompanhar aos jogos é um diferencial da competição. “Nós trazemos a família para assistir. Têm muitas mulheres que participam”, observa Fabricio. Para a próxima edição, a dupla de atletas sugere a realização das rodadas nas quadras do interior do município, forma esta que
valorizaria ainda mais o agricultor e o ambiente em que ele passa a maior parte do tempo. “As rodadas finais poderiam ser realizadas aqui (Ginásio de Esportes Manoel Ramos de Castilhos), que é um lugar neutro”, sugere Valderez. Sócio proprietário da Indústria de Vinhos Zanella, Valderez reside com a família na Linha Rosita onde plantam uva e produzem vinhos e sucos derivados da fruta. Fabricio Vanin mora com os pais na Linha Marechal Deodoro da Fonseca, onde cultivam árvores frutíferas, alho e cebola. Foto: Nathália R. Magrin
Fabricio Vanin (de vermelho) e Valderez Zanella: agricultores defenderam equipe Tiradentes no Campeonato Municipal de Futsal Adulto do Interior 2013
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Fica a dica ! No veneno O Veneno Está na Mesa é um documentário de Silvio Tendler que pretende elicidar os brasileiros sobre o uso de agrotóxicos no Brasil. O filme traz depoimentos de agricultores, representantes de multinacionais e da ANVISA, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Você pode assistir o documentário pelo youtube no endereço: http://www.youtube.com/watch?v=8RVAgD44AGg
Aplicativo Medida Certa Criado pelo Fantástico, o Medida Certa é um aplicativo para quem quer fazer dieta, manter o peso ou cuidar da alimentação. A partir de dados como peso, altura, circunferência abdominal, medidas de braços e pernas, o aplicativo cria um programa de exercícios e dá dicas para uma alimentação saudável. Confira: http://aplicativosdesaude.com.br/medida-certa-aplicativo-para-dieta/
Muito além do peso Muito além do Peso, lançado em 2012 é um documentário que fala sobre a qualidade da alimentação das crianças e faz um alerta aos pais sobre a obesidade. Você pode assistir o documentário pelo youtube no endereço: http://www.youtube.com/watch?v=8RVAgD44AGg
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Atualize-se.
Faça pós-graduação na UCS.
INSCRIÇÕES ABERTAS