U N I V E R S O F E M I N I N O
COMUNICANDO Revista Laboratório do curso de Comunicação Social Relações Públicas da Universidade de Caxias do Sul | 2º semestre de 2010
VIVER UMA UNIVERSIDADE COMO A UCS FAZ TODA A DIFERENÇA.
www.ucs.br
E Mulheres decididas, persistentes, delicadas e empreendedoras, vantagens que fazem a diferença no mundo corporativo atual; mulheres que buscam atingir o equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal. Mulheres que conciliam o tempo entre ser mãe e ser mulher. Que encontram satisfação além dos cuidados com a casa e a família, mas que sentem o tempo passar mesmo sem poder desfrutar totalmente do que é ser mãe. Nesta edição, a COMUNICANDO buscou conversar com diversas mulheres que relatam as suas conquistas, seus desejos, suas aspirações e que diariamente buscam o seu lugar na sociedade.
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o decorrer das páginas buscamos apresentar as diferentes características do amplo universo feminino. A mulher que hoje submete-se aos apelos do marketing e das imposições da sociedade por um corpo perfeito à perspectiva moderna de vida, dos desejos ilimitados; a visão daquelas que chegam à melhor idade, que vivem descobrindo novos valores, que procuram viver intensamente com planos e expectativas, com tamanha participação no cotidiano e, principalmente, que intensificam os cuidados com a beleza e a boa aparência.
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Universidade de Caxias do Sul Revista Laboratório do curso de Comunicação Social Habilitação em Relações Públicas Ano 10 | n• 54 | segundo semestre de 2010
Universidade de Caxias do Sul Rua Franscisco Getúlio Vargas, 1130 Bloco T (CETEL) CEP: 95070-560 – Caxias do Sul, RS , CP 1352 Fone: 54 3218.2100 www.ucs.br/cchc/deco
Reitor: Prof. Isidoro Zorzi Vice-Reitor: Prof. José Carlos Alvino Pró Reitoria Acadêmica: Evaldo Antônio Kuiava Diretora do CECC: Profª. Marliva Vanti Gonçalves Coordenadora de Relações Públicas: Profª. Tassiara Baldissera Camatti Disciplina: Projeto Experimental IV – Produção Gráfica Prof.: Dinarte Albuquerque Filho Projeto Gráfico: Débora Luiza Krauspenhar, Kaila Stedile Grisa, Ketlyn Zim, Michele Seefeld e Vanessa Birk. Reportagem e diagramação: Ana Paula Villa, Andre Caldart, Andreia Bernardi Contin, Andria Tedesco, Angélica Senter, Bruna de Oliveira, Camila Alexandra Storchi, Clariana Fioreze, Claudia Favretto, Daiane Basso, Danubia de Oliveira, Débora Luiza Kruger Krauspenhar, Francesca Kosma Marcilio, Kaila Stedile Grisa, Ketlyn Muniquy Zim, Larissa Lys Vedana Caetano, Luciane Fernandes Paim, Magali Sebben, Michele Aline Seefeld, Milena Folchini Ribas, Natalia Albe do Amaral, Paula Bettiato Visonan, Siara Dalcin Salvagni, Vanessa Conci e Vanessa Regina Birk. Impressão: Gráfica UCS
“Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.� Kim Mac Millen & Alison Mac Millen
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s mulheres no mercado de trabalho
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s mulheres percorreram um longo caminho até conquistarem respeito e seu espaço no mercado de trabalho. Sua luta iniciou-se ngrandes guerras mundiais, quando muitas mulheres tiveram que assumir o controle da família, enquanto seus maridos serviam ao exército. Após a guerra, muitas delas se tornaram viúvas. Outras, tiveram de volta seus maridos mutilados. Com isso, tiveram que tomar conta, efetivamente, dos negócios da família. A partir da consolidação do sistema capitalista, por volta do século 19, ocorreram mudanças no cenário produtivo empresarial e muitas mulheres foram inseridas como mão de obra nas fábricas. A partir de então, novas leis foram regulamentadas para garantir melhores direitos à mão de obra feminina. Conforme artigo 7º – XXX, da Constituição Federal, os trabalhadores têm assegurados seus direitos à “proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil” e também à “proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei”. Gradativamente, as mulheres ocupam seu espa-
ço no mercado de trabalho. Em pesquisa realizada em 1995, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao longo de 20 anos houve acréscimo na participação das mulheres no mercado de trabalho. Conforme observado através dos dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio – PNAD (2005), no ano de 1973, apenas 30,9% da população economicamente ativa do Brasil eram do sexo feminino. Em 1999, elas já representavam 41,4% do total da força de trabalho, aproximadamente 33 milhões de mulheres. Quatro anos depois, mais 62 mil mulheres ingressaram pela primeira vez no mercado, aumentando a participação em 1,1%. A mulher economicamente ativa também está alterando a forma com que os produtos e serviços são desenvolvidos, comercializados e distribuídos. Além disso, a nova condição econômica das mulheres motiva a criação de produtos e serviços especificamente voltados para elas como, por exemplo, o desenvolvimento da indústria de cosméticos e da moda. Barreiras foram vencidas, paradigmas foram quebrados e, hoje, as mulheres ocupam cada vez mais espaço dentro de grandes empresas e organizações. Portanto, o universo feminino se estende além das paredes do lar e dos cuidados à família.
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mpreendedoras
De acordo com a revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios (2010), “a tendência é que isso aconteça cada vez mais, já que as mulheres estão derrubando barreiras e avançando em setores tradicionalmente masculinos, como os da construção civil e da alta tecnologia”. Estudos feitos pelo Centro para a Liderança Feminina, do Babson College, com sede em Boston, nos Estados Unidos, apontavam que 30% dos novos empresários no mundo são mulheres. No Brasil, de cada 100 brasileiras, 13 estão à frente da própria empresa.
No mundo 30% dos novos empresários são mulheres. No Brasil, 13% estão à frente da própria empresa. Os ótimos números colocam o país na sétima posição do ranking mundial de mulheres empreendedoras, com cerca de oito milhões de donas do próprio negócio, de acordo com a pesquisa realizada pelo Global Entrepreneurship
Monitor (GEM), levantamento internacional coordenado pela London Business School e pelo Babson College.
Crédito: Júlio Soares/FotoObjetiva
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evido à cultura do nosso País e a questões históricas, os homens sempre foram a maioria dos empreendedores no Brasil; porém, essa realidade está em transformação. O número de mulheres empreendedoras cresce espantosamente, principalmente pelas características diferentes dos homens que se sobressaem no quesito empreendedorismo. Muitas mulheres têm recorrido ao seu espírito empreendedor para garantir melhores condições financeiras e também para dispor de maior liberdade para administrar a casa, a família e a vida social.
Outra pesquisa, realizada pela consultoria Rizzo Franchise, aponta que as franquias tocadas por mulheres – elas somam 56 mil representantes nos mais diversos setores – apresentaram em 2008 um faturamento 32% superior àquelas comandadas por homens. A rentabilidade média feminina também foi maior: 28% acima da rentabilidade dos franqueados homens. Para Marcus Rizzo, autor da pesquisa, os motivos que levam as mulheres a faturar mais estão ligados às características de liderança feminina para os negócios. Flúvia: “Quem faz o ambiente somos nós...” De acordo com uma publicação no www.sucessonews.com.br, ainda é maioria as mulheres que empreendem vislumbrando o sustento do que as que acham uma oportunidade de mercado. Muitas mulheres precisam conciliar as atividades de casa com as profissionais, e, por ser uma atividade mais flexível, ter um empreendimento se torna uma atividade secundária e uma forma de complementar a renda. Além disso, muitas mulheres ainda possuem uma jornada dupla de trabalho e, consequentemente, estão mais suscetíveis ao estresse de uma carreira profissional. Geni Peteffi, economista e vereadora de Caxias do Sul por seis mandatos consecutivos, compartilha desta questão quando aponta que “nós, mulheres, temos de exercer as funções com sensibilidade, dedicação e competência, mesmo tendo na maioria das vezes três jornadas de trabalho em apenas um dia”.
Mesmo que as mulheres dediquem-se tanto ao trabalho quanto o homem, quando voltam para casa, instintivamente, dedicam-se com a mesma intensidade ao trabalho doméstico. Fúlvia Stedile Angeli Gazola, da Dolaimes Comunicação e Eventos, concorda com esta posição e afirma: “Quem faz o ambiente somos nós, independente de sermos homens ou mulher.” As mulheres possuem melhor capacidade na formação de equipes, são mais comunicativas, persistentes, atentas aos detalhes e são mais abertas a mudanças. Apesar de serem consideradas sentimentalistas, agem com mais razão na tomada de decisões, ao contrário dos homens, que costumam agir de forma prática e impulsiva. Na opinião de Marília Rocca, fundadora e diretora-geral do Instituto Em-
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Crédito: Júlio Soares/FotoObjetiva
mulher empreendedora que soube administrar os obstáculos como degraus de crescimento e não desanimou frente às adversidades do mercado. “Somos guerreiras, sabemos o que queremos e temos credibilidade quando o assunto é inovação, perseverança, esforço e fé em nosso trabalho”, destaca Liane.
Lisete: “comprometimento na condução...” preender Endeavor, o sucesso dos empreendimentos liderados por mulheres se deve ao fato de que “a mulher já tem o papel de mãe, dona de casa, esposa, amiga… Com tantas responsabilidades em mãos, é natural que ela seja mais conservadora do que o homem na hora de abrir um negócio”, pondera.
As mulheres empreendedoras geralmente mantêm com maior facilidade o foco no trabalho, agem com persistência, dedicação e entusiasmo. E ainda usam todas as peculiaridades femininas a seu favor para fazerem diferença e se tornarem empreendedoras de sucesso.
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Este é o caso de Liane Costa, que fundou a Livraria Liceis em 1990, em meio a uma enorme crise econômica, por acreditar que é na crise que surgem as oportunidades. Ela é um exemplo de Comunicando / Março 2011
Atuando também como diretora do Sindilojas de Caxias do Sul há 11 anos, Liane soma os louros da sua iniciativa. “Fomos case de sucesso por quase dois anos pela Univarejo/Sindilojas, selo de qualidade bronze pelo Sindilojas jovem, e recebi o troféu empreendedorismo feminino em 2007 pelo Sebrae/Microempa.” As mulheres lutaram por muitos anos para conquistar o seu espaço no mercado de trabalho e hoje ocupam
Apesar disso, de acordo com as informações da 31ª Pesquisa Salarial e de Benefícios realizada pela Catho Online, homens ainda recebem salário até 70% maior que o oferecido ao sexo oposto. Porém, como para toda regra existem exceções, a pesquisa investigou posições em que a remuneração feminina é maior, onde destacam-se as professoras com doutorado, modelistas e gerentes de hotéis – mulheres com doutorado podem ganhar 25% a mais do que homens e modelistas e gerentes de hotéis, 22%.
Em 1978 as mulheres ganhavam 33% menos do que os homens Hoje essa diferença caiu para 16% Fonte: Revista Você S/A, junho de 2009
Crédito: Divulgação
Lisete Alberici Oselame proprietária da empresa Interface Comunicação e Eventos, também vê o mercado e o ambiente mais propício para empreendimentos liderados por mulheres, já que “as mesmas estão mostrando competência e comprometimento na condução das empresas”.
Liane acrescenta que a livraria surgiu do sonho de um negócio próprio. “Fundei a minha empresa no bairro São José, em Caxias do Sul, quando todos me diziam que eu deveria ir para o centro da cidade. Mas acreditei no meu potencial e comecei o processo de descentralização do comércio, justamente porque no meu bairro não havia papelaria/livraria”.
cargos ditos masculinos até alguns anos atrás. Segundo o INSPER, carreiras na engenharia, administração, economia, advocacia e medicina foram as que mais atraíram a força de trabalho feminina nos últimos 30 anos, o que reflete nos melhores cargos ocupados por elas no topo das organizações.
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o poder
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o âmbito político, as mulheres começaram a escalar degraus de poder no mundo ocidental ainda no século 19, em campanhas pelo direito ao voto. De acordo com Jardim e Moreira (2003), os primeiros movimentos em prol das mulheres surgiram em Manchester (Inglaterra), em 1865, quando foi organizado o primeiro grupo de mulheres dispostas a lutar pelo direito do voto feminino. Direito, este, que só foi outorgado pelo governo inglês em 1928.
Crédito: Assessoria de Imprensa
O Brasil, por sua vez, passou por um processo histórico muito específico, com a marca da escravidão, da estrutura econômica baseada na monocultura que se organizava em latifúndios e da família patriarcal influenciada pelo modelo português. Este podem ser alguns
fatores responsáveis, de acordo com as duas autoras, pelo forte patriarcalismo das estruturas sociais, pelo grande paternalismo ainda hoje vigente em nosso país, pelo imenso conservadorismo da sociedade brasileira e pelas enormes diferenças entre homens e mulheres.
com entrevistas, campanhas com cartas e telegramas. Desde então, as mulheres começaram a quebrar paradigmas e ir contra os preconceitos machistas. Com isso, elas vem conquistando as três esperas de poder: Executivo, Legislativo e Judiciário.
As autoras ainda destacam que as primeiras vozes femininas a desafiar organizadamente a ordem social vigente foram as sufragistas (mulheres que reivindicam o direito de voto em assembléias políticas). Na década de 1919, Bertha Luz, criou a Liga pela Emancipação Feminina, que, em 1922, passou a se chamar Federação Brasileira para o Progresso Feminino. O movimento promoveu a entrada da mulher no mercado de trabalho, a sua participação nas escolas superiores e a na produção intelectual; entretanto, faltava o direito ao voto.
Na esfera do Legislativo, Manuela Pinto Vieira D’Ávila, a deputada federal mais votada em 2006, se destaca pelas conquistas no mundo feito de homens até cerca de 70 anos atrás. Eleita vereadora mais jovem de Porto Alegre, Manuela afirma não ter sofrido preconceito ao entrar na área pública por ser mulher. “Posso dizer que senti muito mais o preconceito por ser jovem do que por ser mulher.”
Manuela: “temos que lutar para mudar a vida...”
Por muitos anos, a ala feminina brasileira tinha pouca participação política, pois os principais direitos políticos, como votar e se candidatar eram negados a elas, já que acreditavam que a família estaria para sempre ameaçada, pois o voto afloraria a concorrência entre os sexos e, consequentemente, provocaria a anulação dos laços sagrados da família. Foi em 1932, no governo de Getúlio Vargas, que as mulheres conquistaram o direito do voto, através de, segundo Jardim e Moreira, uma política de influenciar delicadamente os políticos
Manuela afirma que ainda existe um grande espaço a ser ocupado pelas mulheres na política e, “por acreditar que temos que lutar para mudar a vida do nosso povo decidi enfrentar este paradigma e conquistar o meu espaço junto ao poder público”. Ainda na política, Geni Peteffi, 64 anos, eleita por seis mandatos consecutivos como vereadora de Caxias do Sul, acredita que as mulheres podem contribuir muito na sociedade principalmente por terem uma sensibilidade a mais que os homens. “Essa sensibilidade nos torna mais realistas frente aos problemas.” Apesar desta conquista, Geni destaca que “sempre haverão espaços a serem desbravados e preeenchidos por mulheres, tanto no exercício de mandatos eletivos quanto no exercício de atividades em órgãos públicos. Na
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iniciativa privada a participação feminina aumentou muito, porém, as mulheres que nela trabalham tem apenas as atividades equiparadas aos homens. Quanto aos salários, não se pode dizer o mesmo.” Aline Martinelli, delegada de Flores da Cunha, destaca que sentiu preconceito por ser mulher e jovem para o cargo que conquistou com apenas 25 anos. “O cargo, num primeiro momento dá a ideia de que se exige força bruta, o que não é verdade, e assim é tido como um cargo ocupado por homens”, diz. Entretanto, Aline afirma que o preconceito é superado com o trabalho. “No momento em que as pessoas passam a ver que você tem condições de desempenhar a profissão eficazmente, elas passam a te respeitar e a ver com outros olhos. Eu acredito que existam tarefas, atividades ou objetivos para os quais é preciso um pendor especial, mas tenho certeza que o cargo de delegada de Polícia não é para quem pode, mas para quem quer; basta amar o que se faz e ter força de vontade.” Aline complementa: a diferença de trabalho entre homens e mulheres existe, mas é apenas na força física. “No aspecto humano, a mulher usa de mais carinho e observa o lado social”, aponta, como sendo a única diferença entre os profissionais homens e mulheres. Tania Cristina Dresch Buttinger, juíza de Direito de Flores da Cunha, também preferiu seguir sua vocação ao invés de se importar com o preconceito da sociedade e aconselha que as mulheres devem continuar a lutar contra os preconceitos sociais, assim como já fazem há muitos anos.
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Percebe-se que a participação das mulheres na política tem crescido, mas o domínio ainda é dos homens. Comunicando / Março 2011
Uma pesquisa divulgada pela União Interparlamentar (IPU, sigla em inglês) com números de toda a América Latina, revela que a presença de mulheres na Câmara no Brasil só é maior do que a do Haiti, da Guatemala e da Colômbia. Apesar de continuar atrás dos vizinhos, o número de deputadas no Brasil cresceu entre a legislatura passada e a atual, passando de 32 para 45. Mesmo assim, elas ocupam menos de 10% das 513 cadeiras da Câmara. Muito dessa mudança no cenário político se deve à entrada das mulheres na representação formal a partir dos anos 80. Entretanto, a instituição da cota de 30% para mulheres candidatas nos partidos não garantiu a efetiva participa-
ção feminina na vida político-partidária, já que muitas mulheres são incluídas na disputa apenas para figuração. Neste cenário destacam-se também as mulheres que ganharam espaço na política brasileira devido às relações de parentesco. Muitas mulheres ainda ocupam a vida pública associadas aos sobrenomes dos maridos e pais, como, por exemplo, Marta Suplicy, que ficou conhecida e conquistou seu espaço com usando o nome do seu marido, o deputado e senador, Eduardo Suplicy. Entretanto, uma característica comum às mulheres que entram na vida política é a adoção de uma postura mais progressista e mais preocupada com as questões sociais.
Principais conquistas das mulheres na política brasileira – Em 1932, as mulheres brasileiras conquistam o direito de participar das eleições como eleitoras e candidatas. – Em 1933, Carlota Pereira de Queirós tornou-se a primeira deputada federal brasileira – Em 1979, Euníce Michiles tornou-se a primeira senadora do Brasil. – Entre 24 de agosto de 1982 e 15 de março de 1985, o Brasil teve a primeira mulher ministra. Foi Esther de Figueiredo Ferraz, ocupando a pasta da Educação e Cultura. – Em 1988, Luiza Erundina tornou-se a primeira prefeita da cidade de São Paulo. – Em 1989, ocorre a primeira candidatura de uma mulher para a presidência da República. A candidata era Maria Pio de Abreu, do PN (Partido Nacional). – Em 1995, Roseana Sarney tornou-se a primeira governadora brasileira. – Em 2000, Marta Suplicy elegeu-se prefeita da maior cidade brasileira, São Paulo. – Em 2006, Yeda Rossato Crusius tornou-se a primeira governadora do Rio Grande do Sul. – Em 2010, Dilma Rouseff é eleita a primeira presidenta do Brasil e a 11ª mulher a comandar um país da América Latina. Fonte: www.suapesquisa.com
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las e o contraste social
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Proclamação da República passa a ser um momento de modelos femininos mais reforçados. Esse período passou a destacar intensas transformações e mudanças nas elites femininas que vinham se configurando no decorrer do século 19. A imagem idealizada das mulheres sofreu mudanças e intensificações por conta da Proclamação. Após as crises políticas, as cidades passaram por inúmeras reformas, que significaram uma nova elaboração do espaço físico – o controle e a segregação das camadas populares, na tentativa de afastar a pobreza dos centros urbanos. Com essa política, as mulheres tiveram algumas particularidades.
As mulheres foram, juntamente com as crianças, importante mão de obra na indústria nascente. No entanto, as imagens idealizadas que serviam de referência de distinção para a elite urbana foram utilizadas como justificativa, por parte dos empresários, para o pagamento de baixos salários na tentativa de exclusão das mulheres e crianças do mercado de trabalho.
Mas após meados do século 19, esse cenário começou a modificar-se. As mulheres passaram a adotar uma postura mais empreendedora frente ao mercado. Mulheres com algum incentivo ou poder aquisitivo passaram a organizar processos e projetar outras expectativas para as suas vidas. A partir de então, a população feminina demonstrou uma quebra de paradigmas frente à imagem de mulher dona de casa e passou a engajar-se ao mercado de trabalho.
A emergência de novas elites proporcionou a divulgação de imagens que restringiam as mulheres aos papeis familiares; no entanto, a divulgação de tais imagens foi limitada, sendo os novos modelos adotados por poucas mulheres. Para a maioria da população feminina, as condições econômicas não possibilitaram a identificação das mulheres com tais imagens. As diversidades culturais dificultaram a igualdade de comportamentos, que definiam para as mulheres os papeis de mãe e dona de casa.
O fator social torna-se, nesse aspecto, um fator relevante na decisão de escolha de profissões. Mulheres com baixa escolaridade tendem a ter menos oportunidades de empregos, optando por funções menos empreendedoras como recepcionistas, faxineiras, babás, etc. Já as que possuem mais ambição e melhor acesso à qualificação profissional configuram para si cargos mais importantes e, até mesmo, empresas próprias, disputando seu espaço igualitariamente com os homens.
Crédito: Lucas Krauspenhar
As imagens idealizadas de mulher, possíveis para as elites urbanas, foram cobradas das mulheres das camadas populares, tornando-se assim, referência para o julgamento de suas demandas e a aplicação de punições por parte do po-
der público.
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“Família! Família! Papai, mamãe, titia Família! Família! Almoça junto todo dia Nunca perde essa mania...” (Titãs)
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fato: as famílias brasileiras estão se transformando. A mudança na estrutura familiar não é um fator que deriva apenas da percepção humana, mas está comprovada em dados estatísticos, como os do Relatório de Desenvolvimento Humano 2010. Em 15 anos, entre 1992 e 2007, o número de casais com filhos, o estereótipo da família tradicional, caiu 11,2%.
amílias
A queda deriva do aumento dos novos arranjos familiares: casais sem filhos, mulheres solteiras, mães com filhos, homens solteiros e pais com filhos. Porém, o modelo de família tradicional continua presente entre aqueles que acreditam no poder da união e de valores que não perdem sua força, apesar de tanta transformação.
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strutura inabalável
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Foto: arquivo pessoal
COMUNICANDO entrevistou uma dessas mulheres, Ana Bonotto, 61 anos, que além de enquadrar-se no modelo tradicional de família, ainda luta para ajudar uma irmã com necessidades especiais. Isso só ocorre graças à manutenção de valores que considera fundamentais: “A fé, o amor, o respeito, a compreensão, a dedicação, a cooperação e a fidelidade mútua, são valores que não brotam repentinamente, devem Família de Ana Bonotto ser plantados pelos pais na educação dos filhos, para que entendam os benefícios desta um conselho ou uma reflexão. Muitas estrutura e possam perpetuar tal filo- vezes é constatado em momentos de dificuldade, contudo, estes momentos sofia para suas futuras famílias.” são uma mera amostra de algo semeaAs mudanças nos papéis e nas do com o tempo”. relações dos indivíduos em sociedade são estimuladas por fatores como a política, economia, sociedade e cultura, e podem abalar a estrutura familiar. Graças à capacidade de ajustar-se às novas exigências do meio, a família tem conseguido sobreviver, a despeito das intensas crises sociais.
Entre tantas mudanças, existe espaço para a manutenção de estruturas milenares e permanência de valores.
Para Ana, “isto só é possível devido à vivência do amor que proporciona à família uma base sustentável para suportar questionamentos e interferências das transformações sociais. A união nesse tipo de família passa a ser diária, como em um diálogo no almoço,
amor encontra-se no caso desta família, que acolheu em seu lar, Ilva, a irmã de Ana, com necessidades especiais. O processo de trazer para casa esse familiar acarretou em mudanças na rotina da entrevistada: “O sentimento de carinho é muito grande. Muita ternura,
Um rico exemplo de semear o
amor e muita compreensão. Apresentamos, sim, mudanças na rotina, sempre dedicando muita atenção devido à limitação dela. Este trabalho se torna gratificante na medida em que sentimos o bem estar desta pessoa. Muito triste seria deixá-la em mãos de terceiros, ignorando que também é um ser humano.” Em relação a ela, diz, “percebemos hoje sua retribuição espontânea com gestos diários de muito carinho. Sentimos que está confortável e amparada, e isso é muito prazeroso para nós.” Outro fato: entre tantas mudanças, existe espaço para a manutenção de estruturas milenares e permanência de valores.
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opção por dividir o amor
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s dificuldades financeiras, a formação e posição profissional, além de questões sociais preocupantes são alguns dos fatores contribuintes para que a maioria dos casais repense a decisão de ter filhos. Por outro lado, há os que já aceitaram o desafio, chamado por tantos de presente: a gravidez. Para Elen Onzi, mãe de um casal de gêmeos, a maternidade sempre esteve em seus planos: “Sempre quis ser mãe, por mais que isso assuste a maioria das pessoas que olham para o mundo e
pensam ‘em que mundo vou criar meus filhos’, ou ‘não vale a pena ter filhos num mundo como esse’, ao contrário, sempre pensei que seria triste passar por essa vida e não ter ninguém , não deixar marcas”, diz. Para mostrar que a formação familiar ainda é vista como geradora de felicidade e amor, a COMUNICANDO conversou com dois casais que vivem momentos de estruturação em suas vidas devido à “chegada da cegonha”. Elen e Ivanor Onzi são casados há 12 anos e há dois são pais de um casal de gêmeos.
Já André e Nádia Reis, casados há dois anos, descobriram há pouco que estão “grávidos”. Para ambos, o diálogo é o fator determinante para a saúde dos relacionamentos e para educação dos filhos. Ambos descrevem seus momentos como únicos, mas salientam que a cumplicidade entre o casal precisa estar forte, pois as mudanças são muitas. André Reis declara que “enquanto pai, está mais próximo de Nádia”, e percebe que às vezes acabam tendo uma relação distante em virtude do dia a dia, ou esquecendo-se “de mostrar para a pessoa que
Crédito: Arquivo pessoal
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Família de Elen e Ivanor Onzi
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um amigo me falou, a gente sabe que vai ser pai, porque acaba se criando todo um contexto, roupinhas, presentes, as pessoas pedindo sobre a gravidez, mas nada fisiológico acontece na vida do homem, e acredito que a ‘ficha caia’, quando a criança nasce, o que deve ser bem diferente para a mulher, pois tem toda a mudança do corpo, enfim, quem está com o bebê é ela.” está ao nosso lado o quanto ela é importante”. Para eles, a gravidez tem ajudado na aproximação do casal. Neste sentido, segundo Caroline Machado Denardi, psicóloga com experiência em atendimentos familiares, essa aproximação é comum, pois “durante a gravidez os casais de hoje tendem a se fechar para a criação desse ninho, para receber o bebê”. Ela complementa dizendo que também acabam se aproximando de casais que tenham filhos ou que também estejam “grávidos” para trocar experiências. É comum, quando se fala em gravidez, evidenciar a figura materna, visto que é nela que o processo se desenvolve com mais profundidade. É na mãe que as mudanças acontecem de forma mais evidente desde a gestação até após o nascimento, quando é dela que o recémnascido mais precisa. Porém, a figura do
Com olhar psicológico, Caroline esclarece que se os pais não se sentirem incluídos nesse projeto podem apresentar atitudes de negação, de rejeição, voltar-se para o trabalho e ficar longe de casa, o que é muito negativo, principalmente após o nascimento do bebê, quando a mãe começa a se dar conta da importância do pai na criação do filho. Dessa forma, salienta-se a importância do casal estar unido e preparado para, juntos, fazerem da gravidez um momento de alegria e cumplicidade. No aspecto social, sabe-se que os relacionamentos e suas estruturas estão sofrendo mudanças ao longo das últimas décadas. Hoje, a estrutura familiar com pai, mãe e filhos não é mais a única e outras vem surgindo, como por exemplo,
casais separados, mães solteiras, casais homossexuais. Para a psicóloga Caroline, toda formação familiar que possa vir a acontecer, é válida se existe amor, respeito ao indivíduo, aprendizado de valores sociais, ou seja, ser pautada pela qualidade das relações. Existem mães solteiras, pais divorciados e famílias reconstruídas que conseguem criar esse ambiente de uma forma muito tranquila. E o futuro de todas as estruturas familiares é conviverem entre si, aceitarem e aprenderem com as diferenças. Elen Onzi complementa este pensamento com sua opinião sobre os principais fatores que devem pautar um estrutura familiar. Para ela, “é preciso ter condições emocionais, financeiras e físicas: emocionais, pois o espaço, o carinho, o tempo que era só para os dois, agora tem que ser divididos com a chegada dos filhos; financeiros pois os gastos da família são bem maiores, você tem que pensar em roupas que só duram três meses, pois eles estão sempre crescendo, tem vacinas, remédios, fraldas, escolinha e até um espaço maior para morar; físicos, pois hoje os casais devido ao estilo de vida, estão tendo os filhos mais tarde, isso quer dizer entre 30 e 40 anos, e para acompanhar o crescimento é preciso ter pique.”
pai também sofre mudanças durante este processo e ele precisa estar atento para dar apoio para sua companheira. Segundo Ivanor Onzi, esposo de Elen e pai dos gêmeos, a gestação é um momento de grande intimidade da mãe com seu filho, pois é dentro dela que ele está se desenvolvendo. “Evidentemente, o homem acaba se sentindo um pouco afastado fisicamente, mas não espiritual e emocionalmente.” André tem um pensamento parecido: “Na verdade, é como
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assunto gravidez sempre foi cercado de muitos cuidados, e por vezes, até de preconceito, como no caso de adolescentes e mães solteiras. O depoimento de uma profissional da área da Psicologia, que contribui com sua percepção sobre as modificações emocionais pelas quais a jovem mãe passa e, também, a declaração de uma mãe, que aos 15 anos de idade engravidou, além de dados estatísticos para mapear a realidade atual, servirão para entender um pouco melhor a situação.
Priscila Fernanda Damasceno, 28 anos, assistente operacional em uma empresa de transporte, que engravidou, aos 15 anos, de Mariana Damasceno Gaik, hoje com 13 anos. COMUNICANDO – Com quantos anos você engravidou? Como encarou a notícia? Sentiu medo, vergonha, arrependimento, alegria? Priscila Fernanda Damasceno – Tinha 15 anos quando engravidei. É difícil de-
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finir o que senti, pois nesta fase já existe um conflito de sentimentos, imagina nesta situação. Estava em um turbilhão, com mil perguntas e muitas dúvidas. Não sabia como e nem por onde começar a me organizar frente à mudança gigantesca que seria a vinda de uma criança na minha adolescência. Eu era imatura demais para entender a gravidade daquela situação. Sentia tudo ao mesmo tempo: alegria, decepção comigo mesma, ansiedade e, às vezes vergonha, mas também sentia muito carinho durante a gestação, que aos poucos, passou a ser desejada. COMUNICANDO – Como seus familiares reagiram ao saberem da sua gravidez? Você recebeu apoio? Priscila – Como sempre a mãe sabe de tudo, então, antes mesmo de eu contar ela já sabia. Recebi o apoio dela sim, porém sempre percebi um sutil ar de decepção. Com certeza ela tinha em sua mente uma projeção e expectativas que todas as mães têm em relação aos seus filhos. Afinal, não é o que uma mãe deseja para uma filha aos 15 anos. Mas sempre esteve ao meu lado. COMUNICANDO – E seu namorado, na época. Qual foi a reação dele? Priscila: O pai da Mariana ficou muito feliz e saiu contando para todas as pessoas que ele via pela rua que iria ser pai, e eu fiquei furiosa por isso. Ele estava completamente embasbacado, não tinha muita noção do que viria pela frente e, óbvio, que a maior responsabilidade por um filho sempre é da mãe. E foi exatamente o que aconteceu: fui totalmente responsável pela Mariana, com algum apoio dele.
COMUNICANDO – Por ter engravidado tão cedo, você percebeu ser vítima de preconceito? Se sim, como isso acontecia? Priscila – Algumas vezes senti sim, as pessoas “olham de canto” e, principalmente, julgam muito. Ouvia fofocas e até expressões tipo “como isso foi acontecer?”. Tive problema com uma enfermeira no hospital quando fui fazer o parto. Eu disse que estava com muita dor, e ela foi bem irônica, disse que “se tivesse ficado brincando de bonecas nada disso teria acontecido. Quem mandou correr atrás de namorado”. Ouvi também muitos comentários indiretos dos professores. Mas sempre tentei levar numa boa. Afinal quem teria que cuidar e amar seria eu, e não importava o que os outros dissessem. Gostaria que estas pessoas conhecessem a Mariana.
Fotos: arquivo pessoal
A quantidade de partos entre adolescentes de 10 a 19 anos caiu 22,4% de 2005 a 2009. Na primeira metade da década passada, a redução foi de 15,6%. Em 2009 ocorreu a maior queda: foram realizados 444.056 partos em todo o País (8,9% a menos que em 2008).
a gravidez à fase adulta
Priscila e Mariana
COMUNICANDO – Como você se sentiu no decorrer da gravidez? Quais os sentimentos nutridos durante esse período? Priscila: A cada dia de espera o sentimento de amor e carinho ia aumentando. Não tem como explicar, você simplesmente deseja. A imaturidade que tinha no início foi dando espaço ao desejo de ser responsável por uma criança. A adolescente de 15 anos começa a fazer planos para a chegada e o crescimento saudável da criança, e as coisas começam a se acalmar. Curtir as sensações da gravidez, mesmo que não planejada, foi muito tranquilo. COMUNICANDO – Quando sua filha nasceu, o que sentiu? Fale um pouco de como a vinda dela modificou a sua vida. Priscila – Acredito que a primeira sensação é um orgulho e um amor muito grande. Vontade de cuidar, de proteger, é algo difícil de rotular. Abri mão de algumas coisas, mas também ganhei momentos maravilhosos. Você sempre pensa antes no seu filho, e acaba ficando em segundo plano. Todos os planos
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e objetivos tem como foco o bem-estar do filho, que passa a ser prioridade em tudo. É uma mudança significativa para uma adolescente que não planejou a gravidez, e, claro, alguns sonhos ficam de lado, para mais tarde. COMUNICANDO – Que momentos você destacaria da convivência com sua filha? Como é o seu relacionamento com ela? Priscila – Sempre fui muito presente e responsável com minha filha. Trabalhava e estudava. Faço isso até hoje, mas sempre tive o tempo para cuidar e dar muito carinho a ela. E assim é nossa relação, de carinho. Sinto que ela confia e tem um grande respeito por mim. Digo com muito orgulho que a conquistei sem uma única palmada. Ela é muito tranquila e somos muito amigas, dividimos muitos assuntos e, por eu permitir que ela se expresse, falamos muito sobre o que aconteceu comigo na adolescência e de tudo que aprendi. COMUNICANDO – Ser mãe adolescente foi complicado? E hoje, quais os valores
psicologia explica
Com relação aos aspectos psicológicos, é na fase da adolescência que ocorrem grandes transformações físicas e emocionais. E quando uma gravidez indesejada figura nesse cenário, esses fatores tendem a se complicar, principalmente para a menina. Para entender melhor o momenot, foi entrevista a psicóloga Caroline Machado Denardi, que presta assistência em casos de gravidez na adolescência. COMUNICANDO – Quais são as principais mudanças psicológicas para a mãe adolescente? Caroline Machado Denardi – Apesar de ser mãe, ela é ainda uma adolescente, e
algumas coisas não mudam: continua tendo necessidades, pensamentos e comportamentos limitados pela idade, mas passa a ser cobrada pelas situações, a ter atitudes de maturidade e responsabilidade. COMUNICANDO – Com essa dualidade de sentimentos, a mãe adolescente pode acabar rejeitando o bebê? Esse índice é muito alto? Caroline – Quando as adolescentes começam a se dar conta do trabalho que um bebê dá, e que ainda terão que conciliar os estudos ou procurar emprego, e ainda desejam manter atividades sociais, costumam aparecer sentimentos de arrependimento e/ou ambivalentes.
que você destacaria que a experiência de ser mãe lhe trouxe? Priscila – Dizer que foi fácil seria mentira, foi complicado, sem estrutura, mas amadureci e aprendi muito. Hoje tenho a certeza de que é um sentimento de realização e plenitude. São coisas únicas. Penso que quando uma mulher é mãe, verdadeiramente mãe, jamais será egoísta, pois deixa de pensar em si mesma. Ainda hoje, choro na homenagem ao Dia das Mães (risos). Podem, sim, existir algumas atitudes que são interpretadas como momentos de rejeição à criança, mas não é a regra. COMUNICANDO – Quais as reações mais frequentes das famílias da adolescente ao saber da gravidez? Caroline – Em um primeiro momento, a família entra em choque com a notícia e a maioria dos familiares refere como sendo frustrante ver a adolescente mudando seus planos de vida para ter um filho precocemente e, muitas vezes, sem o auxílio do pai do bebê. Há ainda o arrependimento por não tê-la orientado melhor para a vivência da sexualidade, então alguns deles se culpam pela situação. Após esse período inicial de choque, a família começa a digerir a nova condição e se conforma e, em muitos casos, encontramos famílias que referem que a vida melhorou com a chegada do bebê, que não raro se torna “a alegria da casa”.
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ravidez na maturidade
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dúvida entre alcançar estabilidade profissional ou ter um filho mais cedo ainda mexe com as mulheres. Antigamente, não passava pela cabeça dos recém-casados adiar a ideia de serem pais. Porém, essa tradição social foi se perdendo devido à conquista, cada vez maior, da presença feminina no mercado de trabalho. Hoje, é comum encontrar mulheres que adiam este desejo a fim de priorizar sua carreira profissional, a estabilidade financeira e a emocional.
Crédito: Arquivo pessoal
Recentemente, uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, descobriu que até o início
da década de 80 apenas 20% das mulheres daquele país tinham filhos entre 30 e 40 anos. Na década de 90 e na atual, o número pulou para 40%. Com base na pesquisa acredita-se que, no Brasil, o quadro seja parecido. A psicóloga Caroline Machado Denardi explica os fatores que levam a esta decisão. “Esse é um fenômeno fruto das diversas modificações históricas da condição da mulher desde a invenção da pílula anticoncepcional.” Além disso, diz, “atualmente as mulheres representam papel importante na renda familiar, querem e precisam trabalhar e investir nas suas carreiras profissionais”.
Segundo a psicóloga, “as mulheres hoje planejam mais a chegada de um filho, calculam os gastos e pensam sobre o tempo que conseguirão ficar com os recém-nascidos e o que farão com eles quando tiverem que voltar ao trabalho”. Na verdade, prossegue, “não só as mulheres, mas os casais, hoje, querem estar mais preparados e estabilizados para ter um filho, o que não é um adiamento pura e simplesmente, mas, sim, um maior planejamento familiar.” A revisora de anais e Diretora Legislativa da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, Eliana Gianni Tedesco, 45 anos, mãe de Rafaela, sete, conta como foi a experiência de ter dado a luz sua filha aos 38 anos.
Eliana e Rafaela
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capaz de provocar temor ou ansiedade. COMUNICANDO – Como foi a reação de seu esposo? Eliana – Eu nunca havia presenciado tantas lágrimas diante de uma conquista. COMUNICANDO – Como seus familiares reagiram ao saber da gravidez? Eliana – A forma como receberam a tão aguardada notícia intensificou a emoção; aos meus pais enviamos uma cesta gigante de flores, acompanhada de um cartão felicitando os
separam mãe e filha. COMUNICANDO – Quais momentos de convivência com sua filha você destacaria? Como é o relacionamento entre vocês? Eliana – Devido às minhas intensas atividades profissionais, os nossos períodos de convivência não são prolongados, mas se revestem de muita qualidade: brincadeiras no banho, preparação de lanchinhos juntas; coreografias de dança e pecinhas de teatro apresentadas para o papai à noite; leitura acompanhada de boas risadas; segredinhos na hora de dormir; jogo de tênis em família nos finais de semana; seção cineminha e pipoca em casa; preparativos para receber todos os familiares em casa no almoço de domingo, etc.
COMUNICANDO – Por COMUNICANDO – Para que postergou a deci“O nascimento da Rafa inaugurou um novo universo você, qual é o significasão de ser mãe após os para mim. Foi uma experiência emocional única, do de ser mãe? 30 anos? acompanhada de mudanças significativas, Eliana – Está sendo Eliana Gianni Tedesco como a necessidade de adaptação das rotinas uma maravilhosa lição – Para mim e para muide vida, um exercício tas outras mulheres de trabalho e das rotinas domésticas anteriores.” constante de responde minha geração, os sabilidade, troca, toleavanços da Medicina significaram a possibilidade de priorizar, futuros nono e nona; e os familiares de rância, espiritualidade. Enfim, a materniantes dos 30 anos, a formação profissio- meu marido receberam a notícia em cli- dade me tornou um ser humano melhor nal, a carreira e a estabilidade financeira. ma de festa durante o aniversário de 15 e mais realizado. anos de nossa afilhada. COMUNICANDO – Como você encarou a notícia? Sentiu medo de enfrentar problemas de saúde, teve momentos de arrependimento e/ou ansiedade? Eliana – Foi um momento mega, super, hiper... não há superlativos que possam descrever este momento, incomparável a qualquer outra maravilhosa notícia que eu já tivesse recebido antes. Diante disso, nem mesmo o rigoroso acompanhamento anunciado pelo médico para os três primeiros meses de gravidez foi
COMUNICANDO – O que aconteceu após o nascimento de sua filha? O que sentiu? O que modificou em sua vida? Eliana – O nascimento da Rafa inaugurou um novo universo para mim. Foi uma experiência emocional única, acompanhada de mudanças significativas, como a necessidade de adaptação das rotinas de trabalho e das rotinas domésticas anteriores e, é claro, uma dose extra de energia para as quase quatro décadas que
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ada vez mais casais optam não ter filhos. Esse é um retrato das famílias brasileiras. Segundo os dados divulgados pelo IBGE, mais de dois milhões de casais do País não têm filhos, embora homem e mulher trabalhem e tenham condições de sustentar uma criança, segundo a Síntese de Indicadores Sociais (SIS), que aponta que entre 1998 e 2008, esse tipo de combinação aumentou de 3,2% para 5,3% dos quase 40 milhões de casais nacionais. A COMUNICANDO foi a campo saber se é uma tendência existir casais que preferem não ter filhos. Segundo a psicóloga Caroline Machado Denardi, “hoje existe mais liberdade para que as pessoas decidam o rumo que suas vidas vão ter. A máxima de que devemos crescer, casar e se reproduzir não é mais a única opção.
elicidade a dois
Existem pessoas que realmente entendem que, em suas vidas, não há espaço para incluir esse papel, de pai ou mãe”, explica. Além disso, ela considera “muito positivo que cada casal ou mesmo cada pessoa tenha consciência do que realmente quer, porque ter filhos implica em uma responsabilidade diante de um indivíduo que, por muito tempo, dependerá única e exclusivamente desses pais.” Além disso, diz Caroline, “não se pode esquecer que criar uma pessoa tem uma implicação social, porque quem nossos filhos vão se tornar irá refletir na sociedade. Então, se o casal sente que não deve ter filhos, não pode se sentir impelido por uma demanda externa”. Gloria Jam Lunardi, 53 anos, tem o perfil desse tipo de casal. “Optamos por
não ter filhos porque é uma responsabilidade enorme. Acho que quanto maior a consciência desta responsabilidade, menor é o desejo de gerar uma criança. Este grau de consciência faz com que se reflita muito sobre a questão, e, quanto mais se pensa nas mudanças, menos forte fica o desejo.” Segundo Glória, “mudaria muito o estilo de vida, pois tudo passa a ser em função da criança, e não estávamos dispostos a assumir esta mudança. Ter filhos, como bem já diz a pergunta, tem que ser uma opção e não uma obrigação. O desejo de ter filhos tem de ser mais forte que a razão, senão não rola. No nosso caso, a questão racional falou mais alto”. Ela comenta que já sentiu vontade de ser mãe, porém, eram só momentos, que não bastaram para se firmarem como desejo.
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ecnologia que completa
São diversos os métodos utilizados. Segundo ele, depende muito do
problema e da ansiedade do casal: “Os tratamentos variam desde medicamentos para aumentar a qualidade dos espermatozóides ou aumentar o número e qualidade dos óvulos, até a inseminação intra-uterina e a fertilização in vitro com manipulação de gametas.” Pasqualotto destaca, ainda, que existem condições biológicas que favorecem a realização desses métodos; “Sabese que as chances diminuem 20% quando a parceira completa 35 anos de idade. O ideal de qualquer tratamento para conseguir engravidar é antes dos 35 anos de idade.” Entre as causas da infertilidade humana estão, para as mulheres: distúrbios da ovulação, ovários policísticos (distúrbio que interfere no processo normal de ovulação), endometriose (quando o tecido que reveste a cavidade uterina, implanta-se fora do útero), causas hor-
Credito: Arquivo pessoal
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ara muitas mulheres, o sonho de ser mãe pode não se concretizar de forma natural e por isso, cada vez mais a ciência busca inovações para o tratamento da infertilidade humana. Graças a isso, homens e mulheres que buscam o tratamento para a infertilidade podem optar por diversos métodos de fertilização artificial. O professor Dr. Fábio Firmbach Pasqualotto, diretor do Centro de Reprodução Humana (Conception), relata que as pessoas que geralmente procuram esses tratamentos são casais que há algum tempo estão tentando engravidar. “São casais muitas vezes cansados de tanto tentar e veem os meses passar sem obtenção do sucesso do sonho de serem pais”, diz Pasqualotto.
Pasqualotto: tratamentos variam monais, infecção causando obstrução nas trompas uterinas, entre outras. Já para as causas masculinas estão a varicocele (dilatação anormal das veias testiculares), vasectomia, infecção, genética, ausência de espermatozóide no sêmen, etc.
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Além disso, o médico alerta que evitar o uso de álcool, cigarro, obesidade e fazer sexo seguro (proteção com preservativo), evitando infecção e obstrução das trompas uterinas, são cuidados essenciais para prevenir a infertilidade.
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amor como alternativa: a adoção
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ara muitos, a adoção é um ato de amor. Ter um lar, educação, saúde e uma vida com estruturas básicas sólidas é o sonho de muitas crianças e adolescentes que hoje estão em abrigos aguardando por esta oportunidade. Para o jurista Luiz Carlos de Barros Figueirêdo, autor do livro Adoção para homossexuais (2001), adotar é “a inclusão em uma nova família, de forma definitiva e com aquisição de vínculo jurídico próprio de filiação de uma criança/ adolescente cujos pais morreram, aderiram expressamente ao pedido, são desconhecidos ou mesmo não podem ou não querem assumir suas funções parentais, motivando que a autoridade judiciária em processo regular lhes tenha decretado a perda do pátrio poder.” A adoção é prática antiga na sociedade brasileira, mesmo antes de ser regrada pela Justiça. Conforme as pesquisadoras Márcia Regina Porto Ferreira e Sônia Regina Carvalho, autoras da obra primeiro Guia de adoção de crianças e adolescentes do Brasil (2000), uma forma tradicional de adoção é o chamado “filho de criação”, tradição trazida pelos primeiros colonizadores. É uma herança de família patriarcal, cuja influência ultrapassava os laços sanguíneos, alcançando agregados (leia-se empregados) e seus dependentes. Esta forma de estrutura familiar garantia que crianças órfãs ou abandonadas sempre tivessem onde ficar, embora, na maioria das vezes, em posição inferior aos filhos legítimos.
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Já com o Estatuto de Adoção, de 1957, eliminou-se a determinação de que Comunicando / Março 2011
somente casais sem filhos e com mais de cinco anos de casamento podiam adotar. Com estas novas diretrizes, criou-se a figura da legitimação adotiva, pela qual filhos biológicos e adotivos eram equiparados em matéria de herança. Essas e outras alterações foram depois complementadas pelo Código de Menores, de 1979, que estabeleceu o conceito de adoção plena em substituição à legitimação adotiva. En-
“A inclusão em uma nova família, de forma definitiva e com aquisição de vínculo jurídico próprio de filiação de uma criança/adolescente cujos pais morreram, aderiram expressamente ao pedido, são desconhecidos ou mesmo não podem ou não querem assumir suas funções parentais, motivando que a autoridade judiciária em processo regular lhes tenha decretado a perda do pátrio poder.”
tretanto, a grande mudança ocorreu em 1990, com a vinda do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que estabeleceu o fim das diferenças entre filhos adotivos e biológicos, além de definir claramente que a adoção deve priorizar as reais necessidades, interesses e direitos da criança e do adolescente. E qual o perfil preferido das crian-
ças de quem pretende adotar? Segundo pesquisa do jornal Pioneiro, publicada em agosto/2010, a preferência por crianças brancas com até dois anos de idade perde espaço para outra descrição, pelo menos no estado do Rio Grande do Sul. O número de meninos e meninas negras que encontraram um lar aumentou quase um terço nos últimos cinco anos, crescimento também visto no contingente de crianças de três anos ou mais. Registros do Juizado da Infância e da Juventude revelam que nos últimos cinco anos, das 627 crianças com informação disponível sobre faixa etária que foram adotadas, 52% tinham mais de dois anos. Já em 2009, com base em informações de 739 crianças, essa proporção subiu para 64% – um crescimento de 23%. Com relação à cor da pele, outras mudanças podem ser observadas: em 2004, das 304 adoções registradas com informações sobre etnia, 16,1% envolviam crianças negras ou morenas. Esse índice alcançou a marca de 20,6% no ano de 2009, das 354 adoções efetivadas nesse período: uma diferença de 27,9%. Na mesma reportagem, o juiz da 2ª Vara da Infância e da Juventude de Porto Alegre, José Antônio Daltoé Cezar, enfatiza que estes números revelam uma maior conscientização da sociedade com relação à adoção, um amadurecimento natural. Já no que diz respeito ao fator psicológico, COMUNICANDO foi buscar orientação junto à profissional da área Caroline Machado Denardi.
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COMUNICANDO – Quais são os fatores psicológicos que levam uma pessoa ou uma família a adotar? Caroline Machado Denardi – A adoção torna possível a vivência dos cuidados maternos para os casais que não conseguem ter filhos. Apesar de não haver uma gravidez, e isso ser frustrante para a mulher, a adoção acaba possibilitando vivências de maternidade e suprindo essa vontade. Alguns casais compreendem a adoção como outro jeito de gestar uma criança, e o período de trâmites se assemelha com uma gravidez, onde o casal passa pelo processo de preparação para a chegada de seu filho. Dizem que foi gerado no coração. COMUNICANDO – Como é o recebimento da criança adotada na família (avós, tios primos, etc.)? Caroline – Isso também vai depender de como eles encaram a adoção em si. Já ouvi discursos que deixavam claro a diferença entre os membros da família. Aqueles que crescem convivendo com
primos ou parentes que são adotivos tendem a diferenciar menos, encaram esse processo com mais naturalidade. Para ilustrar esse novo comportamento, temos o exemplo de Lisiara Vargas da Rosa, 26 anos, profissional de Relações Públicas que, desde a adolescência trabalhou como voluntária em diversas obras assistenciais, deparandose com a realidade de crianças abandonadas, mal-tratadas e exploradas pelos pais, o que despertou nela o desejo de adotar.
COMUNICANDO – Qual o perfil de criança que pretende adotar? Por que decidiu adotar uma criança dessa faixa etária? Lisiara – Pretendo adotar dois irmãos com faixa etária entre dois e cinco anos, de cor indiferente e de sexo feminino (preferencialmente). É esta a descrição que consta nos autos do processo de adoção. Depois de algum tempo pegando crianças de diferentes faixas etárias e sexo para passarem comigo o final de semana, da Instituição Casa Sol Nascente, me identifiquei mais com crianças desta idade, pois sabem falar o que querem, sentem e contam o que aconteceu, além de ser a idade que estão construindo sua personalidade. Durante a pesquisa, vocês verão que crianças com mais idaComunicando / Março 2011
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COMUNICANDO – O que levou você a pensar em adotar uma criança? Lisiara Vargas da Rosa – Sempre tive uma família bem estruturada, com pai, mãe e irmãs, os quais me repassaram princípios morais, enfatizando a responsabilidade pelos meus atos. Meus pais sempre foram de ajudar as pessoas, algumas vezes acolhemos em nossa casa pessoas que ficaram desabrigadas, incluindo-as em nossa rotina. Tenho uma
irmã de criação e desde minha adolescência, sempre me envolvi em projetos sociais, nos quais trabalhei com crianças e suas famílias. Presenciei diversas situações: maus-tratos, abandono e exploração infantil.
Foto: arquivo pessoal
de geralmente não são adotadas, as pes soas preferem adotar recém nascidos o que acaba provocando sua permanência por mais tempo nos abrigos, além de fazer com que desenvolvam um duplo sentimento de rejeição: o de terem sido abandonadas e de serem muito velhas. COMUNICANDO – Você se sente preparada para as mudanças que a chegada de uma criança causará na sua vida? Lisiara: Hoje, devido a um incidente familiar, razão pela qual me vi obrigada a cuidar de minhas sobrinhas, conviver diariamente com elas, criar uma rotina, dar banho, comida, trocar roupa, fralda, levantar de madrugada para fazer mamadeira, enfim, rotinas de uma mãe, sim, me considero parcialmente preparada. Falo parcialmente, pois mesmo as mães biológicas nunca estão 100% preparadas. Nós, mulheres, nunca queremos errar como mães; eu, particularmente, idealizei todo um futuro para meus filhos, desde como conseguir uma vaga no colégio até o valor de uma faculdade. Aproveitei muito minha adolescência e também minha época de faculdade para, nos primeiros anos de mãe, poder me dedicar a esta função. Sei que estou vivendo a oportunidade de uma experiência pré-adoção, isso está facilitando muito as coisas para mim e estou vendo e repensando alguns pontos, pois nem tudo que imaginei daria certo no dia a dia.
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COMUNICANDO – Você já iniciou o processo de adoção? Se sim, conte um pouco de como está sendo esta experiência? Lisiara: Tenho uma amiga advogada que me ajudou muito, pois há um tempo atrás não existiam muitos materiais de esclarecimento para quem quisesse entrar com o processo de adoção. Nosso Comunicando / Março 2011
primeiro passo foi procurar a Vara da Infância e da Juventude de Caxias do Sul, no 6º andar do Fórum e realizar o cadastro de adoção, especificando todos os dados da criança, se quer mais de uma criança, a cor, idade, etc. Depois, passei por várias entrevistas, para ver se estava apta ou não ao processo. Eles solicitaram várias coisas até traçarem o meu perfil social; nesta etapa eles me questionaram o porquê de adotar, se estava pronta para ser mãe solteira, como eu trabalharia no futuro a adoção com o sexo oposto, dentre outras coisas. Então, eles pedem novamente quais devem ser as características da criança e abrem o processo. COMUNICANDO – O que sua família pensa a respeito da sua decisão? Lisiara: A primeira coisa que fiz foi marcar com meus pais e irmãs uma reunião familiar. Expliquei minha vontade e ouvi os prós e contras de cada um, argumentando sempre que possível, mas não foi tudo um mar de rosas. Meu pai, no primeiro momento, não aceitou muito bem a ideia, pois eu estava estudando e se fosse mãe sem acabar a faculdade, não conseguiria mais concluir meus estudos. Então, conversamos muito mesmo até ele entender que a adoção é um processo longo. COMUNICANDO – Para você, qual o significado do ato de adotar? Lisiara: Para mim, o ato de adotar vai muito além de qualquer definição. É materializar um vínculo amoroso com outra pessoa, imaginando estar ajudando-a e perceber que, na verdade, quem está sendo ajudada sou eu, pois fui escolhida e terei a oportunidade de ensinar, para esta criança, o real significado da palavra confiança.
Lisiara Vargas da Rosa COMUNICANDO – Concluído o processo de adoção, você será considerada mãe. O que isso significa para você? Lisiara: Ser mãe para mim significa amar incondicionalmente, defender muito, dar muito amor, beijos, abraços, conversar, ser considerada a melhor amiga do meu filho. Nunca pré-julgar ou condenar, sempre conversar e argumentar. Dar todas as oportunidades a ele/ela de ser uma pessoa “do bem” . Ensinar que a única coisa que nunca vão poder lhe tirar é o estudo, e que este abrirá as portas do futuro, das conquistas e realizações. Mostrar que temos sempre que ir além dos outros, se quisermos alcançar um objetivo. Que amigos verdadeiros são poucos, mas essenciais. Ensinar que temos de defender nossos ideais, dividir com os menos favorecidos, ajudar quem precisa, pois isso não tira pedaço. Mostrar que, apesar da desconstrução de valores dos jovens de hoje, o mundo pode ser melhor se cada um fizer sua parte, e que sempre, e em todos os momentos da vida, ele deve olhar para o céu e agradecer a Deus pela vida e pela oportunidade que teve de viver uma realidade diferente das milhares de outras crianças que continuam nos abrigos.
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mor incondicional
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COMUNICANDO também foi em busca da história de uma família que já passou pela experiência da adoção. Justina Onzi, mãe da Maria* e Joana*, conta como gratificante e emocionante esse passo em sua vida. COMUNICANDO – Como surgiu a idéia de adotar? Quando perceberam que estavam preparados para adotar uma criança? Justina Onzi – Não nos preparamos para a adoção. A primeira filha nos foi apresentada quando veio fazer um passeio
cido um bocado. Nunca sentimos insegurança. Estávamos felizes.
em poucas horas, já fazia parte de nossa família.
COMUNICANDO – O que sentiu ao adotar a primeira criança? Fale sobre como a vinda dela modificou sua vida. Justina – Modificou profundamente. Atingiu o mérito, o significado que a vida tem para mim. Antes disso eu experimentara apenas uma parte do que a vida nos oferece e nos exige. As minhas filhas me trouxeram o que a vida tem de melhor para oferecer. Com elas, aprendi a ser
COMUNICANDO – Como é a relação entre as meninas e vocês? Justina – Normal, como observamos em outras famílias. Amamos nossas filhas e elas nos retribuem esse amor, cada uma de seu modo. Trabalhamos arduamente para oferecer a elas asas, raízes, conhecimento e conforto necessário para se tornarem pessoas que se sintam felizes e contribuam para uma sociedade muito
COMUNICANDO – Como foi o processo de adoção? E o período que ficaram esperando? Justina: Foi rápido e, nesse período, sentimos que nossa filha já tinha nascido dentro de nós há muito tempo, mais tempo ainda que sua idade cronológica. Que havia se instalado nas nossas vidas como uma gestação-relâmpago e já havia cres-
Justina – Sentimos que seria ainda melhor se tivéssemos mais uma filha. Além disso, nossa primeira filha também pedia outra mana. Não tínhamos decidido em que tempo faríamos isso, quando o Fórum nos comunicou que, se quiséssemos, tinha chegado novamente a nossa vez na lista de adoção, e que havia uma criança aguardando para ser adotada. De imediato, tomamos todas as providências e,
melhor do que esta que aqui está. COMUNICANDO – As meninas já sabem que são filhas adotivas? Se sim, como foi a reação delas? Justina – Sabem. Foram muitas perguntas. A paz, a tranquilidade e a certeza do amor que elas sentem que temos por elas fez com que a vida seguisse normal. De vez em quando surge alguma pergunta. Respondemos demonstrando tranquilidade, reafirmando sempre o amor maior que temos por elas. Sinto que elas se sentem seguras porque percebem que nosso amor é incondicional. Reprodução
na cidade, e, naquela ocasião, estava sob uma pessoa melhor. Me elevaram a outro Termo de Guarda Provisório, aguardando patamar da vida. adoção. Foi um amor recíproco que nos fez tomar a decisão. Nosso sentimento foi COMUNICANDO – Como surgiu a ideia de que estávamos recebendo uma bên- de adotar uma segunda criança? ção de alguém que não conhecíamos. Com o passar do tempo sentimos, também, que elas vieram para nos ensinar a vivenciar experiências que nos tornou pessoas ainda melhores: do amor incondicional que une pais e filhos, privilégio que temos ao nos colocar como Desenho de Rafaela Tedesco aprendizes da vida.
COMUNICANDO – Para você, qual o significado de ser mãe? Justina – É gerar almas que impulsionem a vida em paz no lugar em que vivemos. É lutar incansavelmente pelo fim da discriminação e pela justiça. É estar eternamente inquieta por me questionar se estou realmente contribuindo para tudo isso. *Nomes fictícios.
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“A Melhor Idade é aquela em que não contamos o tempo, e, sim ,quando vivemos o tempo, proporcionando felicidade a nós mesmos e a todos ao nosso redor.” Autor desconhecido
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las e a Terceira Idade
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s últimas décadas têm sido marcadas por mudanças significativas provocadas pelos avanços científicos, por novas tecnologias, inovações organizacionais e por novos fatos sociais. Isso exigiu a reestruturação de instituições e o redimensionamento nas relações sociais e comportamentais. Segundo a coordenadora da Universidade da Terceira Idade (UNTI), da UCS, Isabel Marrachino Toni, “a educação tem papel fundamental por ser um instrumento de formação e desenvolvimento dos indivíduos que serão responsáveis pela criação das bases para um envelhecimento humano sustentável social e econômico. Em especial, a Educação Superior tem a responsabilidade de formar recursos humanos e de desenvolver
60 anos ou mais, vão representar mais de 20% da população mundial. A expectativa de vida dos brasileiros, atualmente, de 72,7 anos, segundo os novos cálculos do IBGE.
A contemporaneidade põe luz nas significativas mudanças etárias, evidenciando uma população que envelhece rapidamente e a necessidade de um esforço conjunto para encontrar um rumo que possa oferecer respostas às questões trazidas pelo envelhecimento humano. Esse fato tem provocado vários segmentos e instituições a realizarem movimentos de conscientização, articulação, estudos, pesquisas e desenvolvimento de ações que objetivem conhecer melhor essa realidade e intervir na promoção de um envelhecimento digno, saudável, ativo e exitoso. Fotos Arquivo UNTI
No século 21, as pessoas com
estudos e pesquisas nas diversas áreas do conhecimento”.
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lunas experientes na UCS
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Créditos: Deise Tissot
Universidade de Caxias do Sul trabalha, desde 1991, no sentido de valorizar a maturidade e a velhice como um período de plenitude na caminhada pessoal e de conhecer o processo de envelhecimento humano. As atividades oferecidas pela Universidade da Terceira Idade (UNTI) são divididas entre saúde, movimento e lazer; atualização e aquisição de novos conhecimentos e arte e cultura. Também oferece a graduação sênior, onde as mulheres podem ingressar em cursos superiores da UCS obtendo um desconto de 50%. As atividades mais procuradas são as de saúde, movimento e lazer, como a hidroginástica, por exemplo. As mulheres nessa idade sentem a necessidade de movimentar o corpo e cuidar da saúde. Só na hidroginástica são 150 alunos, sendo a grande maioria mulheres. Dentro das atividades de aquisição de novos conhecimentos, as línguas estrangeiras são uma opção bastante procurada pelas mulheres. Estas, além de preocuparem-se com a saúde do corpo, estão atentas também ao lado intelectual e buscam novos conhecimentos. Diva Maria De Facci Oliveira, 69 anos, está na UNTI há mais de dez anos e atualmente cursa Inglês e Espanhol. Segundo Diva, a UNTI tem ajudado muito em seu processo de envelhecimento pois ela tem feito muitas amizades, além de adquirir conhecimento e sentir-se mais valorizada como mulher. Diva também salienta que agora tem mais tempo para fazer suas atividades do que quando era mais nova e tinha filhos pequenos.
Diva Oliveira, aluna da UNTI
Outra atividade muito procurada pelas mulheres é a Informática, oferecida do nível básico ao avançado. Lariete Maria Bissigo, 61, aluna da Informática avançada, salienta que os professores ensinam de forma focada para a Terceira Idade, o que facilita o aprendizado, já que nessa idade fica mais difícil assimilar as informações. Além da Informática, Lariete desenvolve sua criatividade nas aulas de Arteterapia – Multitécnicas Criativas e afirma que é somente o corpo que envelhece, mas o espírito continua jovem.
ATIVIDADES E VALORES Informática – R$ 75 Hidroginástica – R$ 60 Musculação – R$ 50 Natação – R$ 60 Pilates – R$ 66
As mulheres mais idosas e com dificuldades em realizar movimentos mais pesados procuram a Pantufa Dançante, onde a maioria está acima dos 70 anos, já que nessa modalidade os movimentos são mais leves. Confira algumas das atividades mais procuradas pelas mulheres e quanto custam as mensalidades na UNTI no quadro ao lado.
Yoga – R$ 61 Fazendo arte: multitécnicas criativas – R$ 61 Pantufa Dançante – R$ 40 Coral UNTI e Coral Vívere – GRATUITOS
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85% dos alunos são mulheres, o que é um fenômeno”
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COMUNICANDO entrevistou a coordenadora da Universidade da Terceira Idade (UNTI), Isabel Marrachinho Toni. Psicóloga e gerontóloga, atua com o segmento do idoso desde 1991, na Universidade de Caxias do Sul. É palestrante e conferencista em diversos eventos na área do envelhecimento humano, e professora convidada da disciplina Longevidade: Vida e Sociedade. Conselheira titular no Conselho Munici-
Deise Tissot/Divulgaçã0
pal do Idoso e conselheira suplente no Conselho Municipal de Assistência Social, tem vários artigos publicados em revistas indexadas e a publicação do livro Aprender depois dos 50 (Educs, 2007).
COMUNICANDO – Que mudanças ocorrem, a nível psicológico, quando a mulher começa a envelhecer? ISABEL – As alterações psicológicas do envelhecimento perpassam por: dificuldade de aceitar-se como alguém que está envelhecendo, em função dos estereótipos sociais; crise de identidade, principalmente em função da perda dos papéis sociais; declínio na manifestação da afetividade, da suscetibilidade, dos interesses, das ações, das emoções, dos desejos,
Isabel Toni, coordenadora da UNTI
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COMUNICANDO – Qual a importância da UNTI na vida das mulheres da Terceira Idade? ISABEL TONI – Na UNTI, 85% dos alunos são mulheres, o que é um fenômeno mundial. A UNTI oportuniza espaços de convivência social, onde o convívio, “com os iguais” favorece as trocas, o entendimento da própria velhice e do outro, o respeito pelo coletivo e, principalmente, o aprender o ser no mundo e não somente o estar no mundo. Esse espaço de convivência social, de aprendizado e de atualização de conhecimentos, promove uma (re)descoberta de novas potencialidades e, como consequência, mudanças comportamentais que refletem no cotidiano, provocando transformações no âmbito familiar e social.
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por perceber-se inativo e fora do contexto social; prejuízo da memória de fixação, por perdas neuronais e de memória. Acentuação das características de personalidade como: rigidez, egocentrismo, desconfiança, irritabilidade, avareza, dogmatismo, autoritarismo. Dificuldades na assimilação ou aversão a ideias, coisas e situações novas, maior apego aos valores já conhecidos e convencionados,diminuição da percepção, concentração e atenção, tendência ao isolamento e introspecção, diminuição do interesse sexual, aumento da ansiedade, medo e baixa auto-estima e auto-imagem. COMUNICANDO – Que conselhos você dá para as mulheres que estão chegando na Terceira Idade e para as que já estão acima dos 60 anos, no que se refere à qualidade de vida? ISABEL – A qualidade de vida pode estar relacionada com os seguintes componentes: capacidade física, estado emocional, interação social, atividade intelectual, situação econômica e autoproteção de saúde. Na realidade, o conceito de qualidade de vida varia de acordo com a visão de cada indivíduo. A qualidade de vida boa ou excelente é aquela que oferece um mínimo de condições para que os indivíduos possam desenvolver o máximo de suas potencialidades, vivendo, sentindo ou amando, trabalhando, produzindo bens ou serviços; fazendo ciência ou artes; vivendo.
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unca é tarde para aprender
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Deise Tisott/Divulgação
crescimento da população idosa é um acontecimento presente e consolidado no cotidiano de nosso país, consomemais recursos e requer novas estratégias de enfrentamento que visem ao envelhecimento ativo, saudável e independente.
Terezinha relata que conseguiu acabar o Ensino Fundamental e Médio pelo EJA (Educação para Jovens e Adultos) e depois passou no vestibular para Psicologia, área na qual se form no final do ano de 2010. Atualmente, está focada no término da sua faculdade e não consegue mais realizar com frequência suas caminhadas. Sua expectativa para o mercado de trabalho é conseguir um emprego na área. Diz: “Vou iniciar numa ONG como voluntária.” Segundo ela, os estudos ajudaram em todos os sentidos na sua vida: autoes-
Vanessa Conci/Divulgação
Ao mesmo tempo, observa-se uma mudança de comportamento significante nas salas de aulas. Sala de aula Hoje em dia, encontramse senhoras na faixa etária da Terceira Idade em busca de aperfei- tima, valorização como mulher çoamento em diferentes áreas. Como e também fez bem para a meTerezinha Petroli, 60 anos, estudante de mória. Agora, ela se sente mais Psicologia. Para ela, a vontade de estudar jovem do que quando era moça surgiu com a necessidade de manter-se e afirma: “Isso está na nossa depois da separação de um casamento mente, somos o que pensamos.” de 27 anos. Com alguns problemas de co- Terezinha tem um lema de vida: luna, procurou algo que não envolvesse “Eu posso, eu quero, eu consigo.” tanto o corpo e, sim, a mente, além de exercer uma profissão que gostasse. Com esse pensamento positivo, não esconde o que pensa: “Envelhecer sim, mas ser feliz e ter saúde.” A mulher consegue encarar melhor a velhice do que os homens, diz. “Se pensarmos que é a melhor idade, será a melhor idade, sim.” Ao finalizar, Terezinha deixa um conselho para todas as mulheres que têm medo de envelhecer: para “se libertarem do medo, procurar ler, manterse informadas e não se entregar”.
Terezinha Petroli aproveita seu dia para caminhar
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uando se pensa em idosos, imagina-se cadeira de balanço, pijamas e cobertor. Isto é apenas um estereótipo. O fato é que de uns anos para cá os padrões mudaram. As pessoas têm chegado à Terceira Idade cada vez mais fortes e saudáveis. Quem passou dos 60 anos nos dias de hoje, se acostumou a uma vida agitada, repleta de atividades físicas. Não é à toa que haja uma procura cada vez maior por lazer e diversão. Ao pensar nesta promissora fatia de mercado, as agências de turismo, bingos, casas noturnas e academias promovem eventos com vistas a atrair o público “mais experiente”. Exemplo desse tipo de público é Olga Ceriotti, 60 anos, frequentadora de bailes que são destinados ao público da Terceira Idade. Olga ressalta que apesar de ter chegado ao grupo da “melhor idade”, se
iversão garantida
sente muito melhor nos dias atuais do que quando tinha 20 e poucos anos de idade, assim como Terezinha Petroli (página anterior), e justifica que atualmente os entretenimentos promovidos são mais acessíveis do que em seu tempo de juventude. Para Olga, existe um ponto negativo ao se atingir a Terceira Idade que é a dificuldade encontrada na área da saúde. Em contrapartida, ainda sobre as diversões nessa idade, ela afirma: “Hoje, como mulher, somos mais independentes, saímos, vamos onde queremos, temos mais atitudes e somos mais respeitadas.” Além disso, Olga explica que a vantagem de envelhecer é a sabedoria e a paciência que foi adquirida durante os anos. Como conselho para as demais mulheres na Terceira Idade, Olga diz que todas
Olga Ceriotti/Arquivo pessoal
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Baile da Terceira Idade que Olga frequenta
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devem ser vaidosas, bem como se interessar por tudo que está a sua volta. E complementa: “Assim nos sentimos mais vivas.” Assim como Olga, outras mulheres possuem esse mesmo sentimento de rejuvenescimento na Terceira Idade. Como Vanice Bizotto Castagna, 61, viúva, que conheceu o atual namorado em um baile frequentado pela Terceira Idade em 2003, e estão juntos até hoje. Aposentada, mas muito ativa, dificilmente fica parada. Nas segundas, terças e sextas-feira à noite, joga cartas com os amigos; na terça, faz ginástica; quarta à tarde dança nos bailes em Caxias do Sul; na quinta joga vôlei e, aos sábados e domingos, sai para dançar. Como se pode ver, Vanice tem uma vida bem agitada. Ela conta que se sente muito jovem e procura ocupar a mente o tempo todo, sem permitir pensamentos negativos que possam atrapalhar sua vida. Diz que aproveita a vida muito mais agora, com 61 anos, pois, na juventude, além de trabalhar fora, tinha os afazeres da casa, cuidava dos filhos e não sobrava tempo para diversão. Agora, os filhos cresceram, conheceu um novo companheiro, e diz aproveitar cada oportunidade proporcionada para ser feliz. Vanice diz que a idade não importa: o que realmente é significativo é ter espírito jovem, não pensar que os anos estão passando e, sim, curtir cada momento como se fosse único. Vanice, muito vaidosa, não sai de casa sem passar rímel e batom, e usa roupas modernas que, às vezes, até empresta para as filhas. Diz que vai chegar aos 80 anos fazendo tudo o que faz hoje.
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anice aconselha as mulheres Andréia Di Bernardi Contin que estão entrando na Terceira Idade para terem pensamentos positivos. “Conheço amigas que têm um pijama novo guardado, caso um dia precisarem ir para o hospital. Nunca faria isso, pois não penso em ir para um hospital um dia, além do mais não uso pijama para dormir.” Uma coisa que ela não abre mão é de Vanisse e o namorado, que conheceu no baile fazer regularmente todos os exames necessários, que considera fundamental para todas as pessoas. Ela diz que Para finalizar, Hilária Maria Guglelé mais difícil para o homem enfrentar a min Spadotto, 80, viúva, frequenta bailes velhice, pois eles reclamam mais, sentem da Terceira Idade regularmente, faz gimais dores e dificuldades. A mulher é mui- nástica semanalmente, caminhadas, e se to mais ativa, forte e corajosa para enfren- diverte muito em excursões com destinos tar o passar dos anos. Vanice se considera variados. Hilária diz que as atividades que uma pessoa muito realizada e feliz. realiza tem ajudado muito na vida e para
a autoestima; além de conhecer outras pessoas, tem mais disposição e energia para realizar as tarefas domésticas, saúde mental e física, e está sempre de bom humor. Quando questionada se enfrenta alguma dificuldade como mulher, relata que não, pois vive a vida sem pensar em doenças e problemas e ainda complementa :“Sou feita de ferro.” Seu conselho para as mulheres que têm medo de envelhecer é que “a idade chega para todos, então devemos ter força, ir em frente, sair, dar risada e se exercitar”. Estas três mulheres representam tantas outras que quebraram tabus com um pensamento inovador de “melhor idade”.
Arquivo UNTI
Festa Junina UNTI
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dilce Luchtemberg, a Rainha da Noite
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Arquivo pessoal
igura conhecida da noite de Caxias do Sul, Adilce Luchtemberg comanda há 25 anos a casa noturna Chardonnay. Durante esses anos de existência, a casa tem proporcionado entretenimento de qualidade em um ambiente requintado, agradável e descontraído, com diversidade de ritmos, respeito e amizade por seus frequentadores. A COMUNICANDO entrevistou Adilce, que revelou vitalidade e força para cumprir seus compromissos com toda dedicação. COMUNICANDO – Conte um pouco sobre a sua trajetória empreendedora como proprietária e fundadora da Chardonnay. ADILCE LUCHTEMBERG – A Chardonnay era um sonho. Quis ter uma casa noturna que oferecesse a comunidade caxiense e região um lugar requintado e aconchegante embalado por uma boa música. Criei o grupo Chardonnay, conhecido também como a "banda da casa", que sempre mantém um repertório atualizado, nunca esquecendo alguns clássicos como boleros, tangos (que por sinal é minha paixão), entre outros. Nossa casa é eclética, aberta a todos os públicos de diferentes faixas etárias. Trabalhamos nas sextas, sábados, domingos e véspera de feriados. Estamos sempre buscando aprimorar nossas atividades para oferecer ao nosso público um lugar seguro onde as pessoas possam se divertir.
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COMUNICANDO – Você pode nos revelar sua idade? ADILCE – Se alguém me perguntar quantos anos eu tenho, não hesito em responder de cabeça erguida que uma vez que tenho planos e muita estrada a ser percorrida, em verdade lhe digo: não tenho idade e sim Comunicando / Março 2011
Banda Chardonnay
vida. COMUNICANDO – Que atividades realiza atualmente na Chardonnay? ADILCE – Participo de todas as festas e eventos dando as boas vindas aos clientes, às vezes faço show de tango e gosto, também, de participar em algumas músicas e de dançar. Sei também que a minha presença impõe o respeito, que já é marca da Chardonnay.
go com isso apreciar muito a vida. COMUNICANDO – Quais as dificuldades que enfrenta hoje como mulher e quais os pontos positivos de envelhecer? ADILCE – Ser mulher hoje, e principalmente empresária, é muito mais fácil do que há 25 anos. Hoje as mulheres já conquistaram o seu espaço e o respeito por sua competência.
COMUNICANDO – No que as atividades que você realiza na Chardonnay contribuem para sua auto-estima e para seu processo de envelhecimento? ADILCE – Participando dos eventos da Chardonnay me sinto na obrigação de estar sempre bem arrumada, inventando modelos diferentes de vestidos e cabelo. Sinto que a dança também tem um efeito benéfico em minha saúde e em meu astral.
COMUNICANDO – Que conselho dá para as mulheres que tem medo de envelhecer? ADILCE – Mantenham o espírito jovem, busquem atividades que lhes deem prazer e deixem o tempo passar sem se apegarem a idade.
COMUNICANDO – Como se sente com sua idade atual e como se sentia quando mais jovem? ADILCE – A idade esta na cabeça de cada um. Sinto meu espírito ainda jovem e consi-
COMUNICANDO – Você acredita que é mais difícil para a mulher encarar a velhice do que para o homem? ADILCE – Acho que para a mulher é mais fácil, pois, por sua vaidade, busca manter uma aparência jovem. Quando disposta a ter uma melhora na qualidade de vida, possui mais opções que a ajudam a manter-se ativa.
Arquivo pessoal
Adilce colhe os frutos de anos de empreendedorismo Comunicando / Marรงo 2011
“A beleza é a única coisa preciosa na vida. É difícil encontrá-la – mas quem consegue descobre tudo.” Charles Chaplin
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stética, beleza e saúde
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osto bonito, corpo sarado e pele perfeita são uma busca constante na vida das mulheres. Para isso, elas utilizam uma ampla variedade de cosméticos, nacionais e importados, como cremes, maquiagens e produtos para cabelo. Além disso, a academia também é uma opção muita procurada por elas para manter a forma; porém, para atingir esse objetivo elas nem sempre optam por meios saudáveis. Neste capítulo você poderá perceber a que consequências que a obsessão por este estereótipo leva e conferir depoimentos de mulheres que, para seguirem esse padrão de beleza, passaram por momentos difíceis mas deram a volta por cima. Outro assunto a ser abordado pela COMUNICANDO é a medicina alternativa, atualmente bastante procurada pelas mulheres, mas gtambém por homens, que optam por uma vida saudável.
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A questão da obesidade também foi relatada neste capítulo por ser uma doença considerada uma das mais graves da atualidade. Você poderá conferir dados estatísticos sobre esta doença e algumas dicas para melhorar a qualidade de vida. Além disso, entrevistamos profissionais da área da saúde e beleza que contribuem com informações e dicas para melhorarmos nossa vida e consequentemente nossa autoestima. Vale a pena conferir!
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verdadeira magia feminina
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uitas mulheres quase “enlouquecem” ao ouvir a palavrinha cosmético. Cosmético é aquilo que é relativo à beleza humana; são considerados cosméticos substâncias ou tratamentos aplicados à face, ao corpo e aos cabelos, com a finalidade de alterar a aparência, em busca de realce e beleza. Podem ser divididos em categorias como, por exemplo, produtos para lábios; para área dos olhos; antisolares; anti-rugas; para bronzear;
produtos para tingimento de cabelos; pós-corporais; cremes de beleza; óleos; produtos para maquiagem facial; produtos para unhas e cutícula; águas perfumadas; perfume (inclusive os odorizantes de ambiente), entre outros. Segundo Marcela Lopes, gerente da loja O Boticário, no bairro São Pelegrino, em Caxias do Sul, os cosméticos mais procurados pelas mulheres são batons, bases, hidratantes corporais e perfumaria. Nessa época do ano, a procura por auto-bronzeadores também
aumenta consideravelmente. Na linha de antissinais, os mais vendidos são 45+ e em segundo lugar o 30+. Marcela ressalta que 80% do público do Boticário é composto por mulheres de todas as faixas etárias, de jovens a mulheres mais maduras. Além disso, diz, a maioria das mulheres não se preocupa muito com o preço, desde que usem um produto de seu agrado e que este lhes forneça o resultado desejado.
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lquimia da beleza
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uitas mulheres optam por cortes que estão na moda e, na maioria das vezes, copiam cortes de cabelos de “famosas”, como atrizes, modelos e apresentadoras. Para o verão 2011, a moda é um cabelo mais repicado, volumoso, com franjas e estilos que valorizam os fios em camadas – ficam de lado os cabelos retos e “certinhos”, que dão lugar aos cabelos mais despojados e desfiados. Lembre-se que a escolha do corte de cabelo faz toda a diferença no visual de uma pessoa e também muitas vezes revela características da personalidade de cada um. Para 2011, as tendências serão cortes que resgatem estilos de décadas passadas. Um exemplo é a combinação do corte Chanel, que fez sucesso na década de 20 e agora está de volta um pouco mais ousado, ou seja, simétrico como o de Victoria Beckham. Os cabelos serão mais volumosos, crespos e ondulados, com franjas retas ou assimétricas, e os lisos terão mais movimento e leveza se apostarem nos desfiados. A ideia é de inovação, é o abandono dos fios retos para os desfiados, modernos e sensuais. Como diz Sergginho Branchi, “chapinha pode ser aposentada, já é objeto de museu”. (risos). As
definitivas e progressivas não estão mais em alta; o que está sendo utilizado nos salões é apenas um relaxamento que ajuda a baixar um pouco o volume dos cabelos e abrir mais os cachos, sem dar aquele efeito “escorrido” das progressivas. Já Adriana, cabeleireira há cerca de oito anos, discorda de Branchi. Ela afirma que em seu salão a procura pela progressiva continua em alta. Diz, também, que as mulheres procuram na progressiva um cabelo liso, prático e fácil de arrumar. Segundo Branchi e Adriana, a temporada será do baby liss, dos cachos, curtos e volumosos, desconectados e com pontas. Ou seja, a dica para acertar nas tendências da próxima estação é arriscar, deixar de lado o look certinho e chapado para abusar do look natural, assumindo o volume, os cachos e as ondas. Claro que cuidando para que o cabelo não fique com aspecto desleixado. Luzes de dois a três tons, por exemplo, caramelo, platinado e vermelho, ou então as combinações de marrom acobreado, marrom acinzentado e cobre avermelhado. Os tons vermelhos fizeram muito sucesso no inverno, porém no verão as tendências são castanhos e loiros, que entram na lista dos mais procurados dos salões.
Na pele, novos tons
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Crédito: Arquivo pessoal
Para a pele, Branchi aposta nas tendências do tom nude, ou seja, a famosa pele de porcelana. As sobras terão cores fortes e vibrantes como verde, azul, rosa pink, laranja, entre outras, que marcaram nas passarelas do São Paulo Fashion Week. Pode-se apostar nos tons de vermelho e rosa para os lábios, nunca esquecendo que ao salientar a boca, o olho deve ser mais neutro e, ao salientar os olhos, a boca deverá permanecer mais neutra, conforme Branchi (leia mais no quadro ao lado). A maquiagem definitiva é um assunto um pouco mais delicado. As mulheres também preocupam-se com a aparencia de suas unhas, e o verão aposta nos esmaltes foscos e nas cores verdes, azuis, cinzas, laranjas, entre outras cores fortes, porém nada de brilho. As francesinhas continuam em alta, porém mais coloridas, como por exemplo, cor pérola com ponta colorida, cores mais fortes com pontas brancas.
Sergginho Branchi em ação
Você mais saudável e bonita Crédito: Natália Albé do Amaral
As mulheres optam nas academias por exercícios mais leves, preocupam-se muito com a questão estética, porém buscam resultados muito diferentes dos homens, que estão sempre em busca de aumento de massa muscular. Geralmente realizam atividades físicas mais moderadas como caminhada, corridas leves, bicicleta entre outros, a maioria busca diminuir ou controlar o peso. Optam muito por aulas de ginástica localizada, de step, danças, jump, entre outros, em busca de um corpo mais definido, torneado, magro e principalmente “durinho”. O principal alvo a ser trabalhado pelas mulheres na academia, quase que por unanimidade, é a busca pela barriga sarada e pelo “bumbum” empinadinho, diz a personal trainer Mariana Barreto. “O segredo para manter a forma e um corpo esbelto para o verão é praticar exercícios físicos e ter uma alimentação balanceada e saudável.”
Passo a passo para se maquiar em casa 1º Limpar bem a pele com tônico. 2º Aplicar uma base do tom da sua pele, e espalhar pelo rosto com movimentos de baixo para cima (escolher uma base cremosa para não ressecar a pele). 3º Utilizar corretivo, se necessário, para disfarçar as imperfeições que a base não cobre. 4º Aplicar o pó com um pincel, cuidar para não aplicar uma camada grossa de mais para não parecer artificial. 5º Aplicar a sombra de sua preferência. 6º Aplicar o delineador, preferencialmente com um traço fino e delicado. 7º Aplicar o rímel. 8º Aplicar o blush apenas nas maçãs do rosto. 9º Finalizar com batom ou gloss, optando por cores mais discretas que equilibrem a maquiagem.
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ranstornos alimentares: anorexia e bulimia Crédito: Angélica Senter
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s transtornos alimentares são doenças caracterizadas por graves alterações do comportamento alimentar, que podem ocasionar sérias agressões à saúde. São divididos em duas categorias principais: anorexia nervosa (AN) e bulimia nervosa (BN). Eles têm uma prevalência maior em adolescentes de 10 a 19 anos. A maioria das vezes, atinge principalmente as mulheres adolescentes e adultas em idade reprodutiva. Porém, os homens também são acometidos, mas representam apenas 10% dos casos.
A adolescência é um período de maior demanda emocional. Sendo assim, os adolescentes que têm maior vulnerabilidade na Estudantes de Nutrição, Joseane e Josiele, aconselham acompanhamento familiar estrutura de personalidade estariam mais propensos a desenvolver transtornos alimenleva a pessoa a uma perda de peso tão significativa que pode tares. levá-la à morte, pois, por mais magra que ela esteja, nunca O termo anorexia vem do grego orexis (apetite), junto ao prefixo an (ausência, privação). Significa, então, a perda de apetite de origem nervosa. Normalmente, tem início com um jejum progressivo, caracterizado por uma restrição dietética auto-imposta. Ocorre devido ao medo de ganhar peso, mesmo que a pessoa apresente um peso abaixo do normal. Trata-se de uma distorção da imagem corporal, que acarreta uma negação a ingestão de carboidratos e gorduras. É uma luta obstinada contra a fome. Vários fatores estão envolvidos com esta doença (biológicos, sociais, psicológicos e familiares). Ela faz com que o adolescente perca o seu senso crítico em relação ao seu corpo, apresente vergonha de comer em público, tenha um interesse especial pelo valor nutritivo dos alimentos, goste de controlar a comida dos familiares, pratique atividade física em excesso, podendo acordar até mesmo de madrugada para fazer exercícios, como abdominais, por exemplo.
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Por essa restrição alimentar, a AN é uma doença que
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estará satisfeita e sempre irá querer perder mais peso, chegando assim, ao seu limite, perdendo as funções vitais do organismo. Como observam as estudantes do último semestre de Nutrição, Joseane Furlanetto e Josiele Kesties, em casos de pessoas que sofrem de bulimia e anorexia, é preciso que ocorra a internação hospitalar, pois elas ficam muito debilitadas, e também aconselham que um familiar sempre acompanhe a pessoa que está passando por este problema nas consultas, pois eles acabam sempre ocultando os fatos reais. Para um melhor resultado, o tratamento deverá ser feito por uma equipe multidisciplinar. As estudantes destacam que esse trabalho é realizado juntamente com outros profissionais, como, por exemplo, com a ajuda de psiquiatras, para que elas aceitem o tratamento. As metas do tratamento nutricional na AN envolvem o restabelecimento do peso, normalização do padrão alimentar, da percepção de fome e saciedade, e correção das sequelas biológicas e psicológicas da desnutrição. Na BN, o tratamento visa a diminuição das compulsões, minimização das restrições alimentares, estabelecimento de um padrão regular de refeições, incremento
na variedade de alimentos consumidos, correção de deficiências nutricionais e orientação para práticas saudáveis. Por apresentarem um comportamento de descontrole alimentar, essas adolescentes dificilmente comem em lugares públicos. Esses episódios de voracidade ocorrem na sua grande maioria durante a madrugada, às escondidas no quarto, o que acaba provocando um isolamento social.
to, o que dificulta o diagnóstico, sobretudo em fase inicial. Por isso, que a pessoa com bulimia passa facilmente despercebida.
Já na BN ocorrem episódios recorrentes de compulsão alimentar, preocupação persistente com o comer e um desejo irresistível por comida. E, para evitar o ganho de peso e aliviar a culpa as pessoas que sofrem deste mal, induzem seu próprio vômito. Esse ritual apresenta um caráter secre-
Perante a tanta insatisfação com o corpo, o medo da obesidade faz com que cresça o número de mulheres fazendo dietas e controlando o peso, o que acaba fazendo com que cresça também a prevalência de adolescentes com anorexia e bulimia.
DEPOIMENTO “Não é fácil falar sobre esse assunto mas vou tentar explicar a todos, as trágicas consequências dessa doença. A bulimia é uma doença causada muitas vezes por algum trauma de infância ou, até mesmo, alguma decepção. No meu caso tive uma decepção amorosa aos 16 anos de idade e ao questionar o porquê da rejeição comecei a me olhar no espelho, me achar gorda e ficar descontente com a imagem que via todos os dias. Me alimentava normalmente, porém percebi que a cada dia que passava a minha obsessão por querer emagrecer ia aumentando. Então passei a provocar vômitos, pois aquela era uma forma fácil de eliminar aquelas calorias que tinha ingerido durante o dia. Fazia isso duas vezes ao dia, e depois passaram a ser cinco vezes, nada ficava em meu estômago, a minha cabeça era guiada por uma voz que me dizia ‘você tá gorda precisa emagrecer...’. O tempo passou e isso me incomodava cada vez mais. Minha mãe nunca percebeu nada e muito menos as minhas amigas. A pessoa que sofre com esse transtorno alimentar não transparece para os outros, é muito difícil de alguém perceber que você está sofrendo dessa doença. Aos 19 anos, com incentivo de um namorado, busquei tratamento com um psiquiatra e passei a tomar remédios para ansiedade; consequentemente, emagreci. Durante esse período de tratamento não tive crises e me mantive firme no tratamento. Não posso afirmar que a pessoa fica curada 100% por que estaria mentindo. Hoje, tenho 24 anos e sempre que sofro alguma decepção tenho recaídas. Novamente, estou me tratando, mas não é fácil. Você simplesmente fica escrava da ‘beleza’ . Quero um dia poder estar de bem comigo mesma e ser feliz com meu corpo.” C.N., 24 anos
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obesidade trata-se de uma enfermidade caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Ela relaciona-se com dois fatores preponderantes: o primeiro é a genética e o segundo é a nutrição irregular. A genética evidencia que existe uma tendência familiar muito forte para a obesidade, pois filhos de pais obesos têm 80% a 90% de probabilidade de serem obesos. A nutrição tem a seguinte importância: uma criança superalimentada será provavelmente um adulto obeso. O excesso de alimentação nos primeiros anos de vida aumenta o número de células adiposas, um processo irreversível, que é a causa principal de obesidade para toda a vida. (Fonte: www.afh.bio.br/digest).
besidade: prevenir ou reverter
Metade da população adulta no País está com peso acima do padrão recomendado para uma vida saudável, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No período de 34 anos analisado, o excesso de peso triplicou entre os homens (de 18,5% para 50%) e aumentou em quase duas vezes (de 28,7% para 48%) entre as mulheres. A obesidade já atinge 12,4% dos homens e 16,9% das mulheres. Frutas são fonte garantida de vitaminas em 2009. Tanto o sobrepeso como a obesidade aumentaram com a idade até a faixa de 45 a 54 anos, para os homens, e até o grupo de 55 a 64 anos, em mulheres, declinando em seguida.
Os aumentos ocorreram de maneira contínua para os homens em todas as regiões do país. No caso das mulheres, isso se verificou apenas na região Nordeste – nas demais, a tendência de aumento foi interrompida de 1989 a 2003, mas retornou
Entre os homens adultos, o excesso de peso aumentou com a renda. No grupo dos 20% com maior rendimento, 61,8% deles estavam acima do peso. Entre as mulheres, isso não ocorreu. (Fonte www.zerohora.com.br).
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Para uma boa alimentação
Nos últimos seis anos, a frequência de pessoas de 20 anos ou mais com excesso de peso aumentou em mais de um ponto percentual ao ano. Isso indica que, no prazo de 10 anos, o problema poderá alcançar dois terços da população adulta.
– Faça um diário alimentar e anote tudo o que você come; – Obedeça rigorosamente ao horário das refeições, comendo com intervalos de 4 a 5 horas. – Jamais pule refeições. – Quando, fora dos horários, surgir vontade de comer, busque uma alternativa (caminhada, exercícios físicos etc) que reduza a ansiedade. – Antes de cada refeição, planeje o que você vai comer e prepare cuidadosamente a mesa e o prato. – Preste a máxima atenção ao ato de comer. Não coma enquanto lê ou assiste televisão. – Mastigue bem e descanse o garfo entre cada bocada; isso ajuda a controlar a ansiedade. – Jamais faça compras em supermercados de estômago vazio, para não encher o carrinho com guloseimas. – Não estoque comidas tentadoras (doces, sorvetes, salgadinhos) em casa. Tenha sempre a mão opções saudáveis. – Não vá a festas de estômago vazio. Se, chegando lá, você não resistir à tentação de comer alguma coisa, escolha aquilo de que mais gosta e dispense o resto. Fonte: www.abcdasaude.com.br
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DEPOIMENTO F.B., 30 anos “Desde pequena, fui uma pessoa acima do peso. Passei a adolescência obesa, e aumentei ainda mais meu peso depois que tive meu filho. Me olhava, mas não me enxergava. Tentei vários tratamentos: reeducação alimentar, shakes, grupos de ajuda e remédios. Todas as tentativas foram frustrantes, pois, na verdade, toda vez que iniciava já sabia que não ia emagrecer, porque eu não me amava o suficiente para mudar e realizar meu maior sonho. Na metade de 2005, iniciei um longo processo de autoconhecimento e aprendizado. Comecei a fazer terapia e, principalmente, a me ver como eu era e entender que eu poderia ser muito mais feliz. Neste momento, decidi que a cirurgia era o melhor caminho para realizar essa transformação. Em fevereiro de 2006, estava no consultório do médico em Porto Alegre e, em 20 de abril do mesmo ano, realizei o procedimento, sem nenhuma complicação. Além da equipe médica ter sido maravilhosa, eu estava emocionalmente preparada. Se eu tivesse que fazer a cirurgia novamente, eu faria, era o que eu queria e estava preparada para tudo o que aconteceu. Acredito que estamos na vida para sermos felizes e cada pessoa tem que correr atrás do que é melhor para si. Se a felicidade for a cirurgia, minha dica é estar com a cabeça tranquila, procurar um médico que possa explicar tudo o que vai acontecer para tomar a decisão correta. Hoje, faz mais de quatro anos que fiz a cirurgia e emagreci 45Kg em relação ao peso de 2006. Passei por várias fases após a cirurgia, emagreci demais, engordei um pouco, e estou vivendo um novo processo, o de me conhecer e permanecer magra, que é tão difícil quanto o de ser gorda, pois não adianta mudar o corpo se a cabeça continua gorda. O mais legal é que aprendi que se conhecer, se amar e se entender, é que faz a diferença; quando você muda, tudo ao seu redor muda também.”.
DADOS NO BRASIL
DADOS NO RIO GRANDE DO SUL
No Brasil, 40% da população (mais de 65 milhões de pessoas) está com excesso de peso e 10% dos adultos (cerca de 10 milhões) são obesos. A tendência é mais acentuada entre as mulheres (12% a 13%) do que entre os homens (7% a 8%). E por incrível que pareça, cresce mais rapidamente nos segmentos de menor poder econômico. O inimigo, desta vez, consiste em três palavras: sedentarismo, comilança e estresse. Vive-se a era da globalização de um modo de vida baseado na inatividade corporal frente às telas da TV e do computador, no consumo de alimentos industrializados e em um altíssimo nível de tensão psicológica.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou entrevistas com aproximadamente 60 mil estudantes de capitais brasileiras. De todas, Porto Alegre é a que possui dados mais preocupantes. Tem o maior número de obesos e o menor índice de alunos com peso adequado. O percentual de obesos entre alunos pesquisados na capital é de 10,5% – três pontos percentuais acima da média nacional (7,2%). A investigação que levou em consideração 60.973 estudantes, também constatou que 70,4% dos porto-alegrenses têm peso adequado, o mais baixo percentual do país.
Fonte: www.zerohora.com.br
Fonte: www.zerohora.com.br
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ilates faz bem para o corpo Crédito: Arquivo pessoal
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m conceito, de mais de seis décadas, hoje é conhecido como longevidade cerebral e física, e é a base dos trabalhos integrativos que buscam a harmonia da trilogia corpo-mente-espírito. O método Pilates fez o mercado perceber que o exercício é saudável e está tomando conta das academias. A revista COMUNICANDO entrou neste clima e conversou com a fisioterapeuta e proprietária do Studio Pilates, Paula Tonietto Bender.
COMUNICANDO – Quais são os benefícios do Pilates? Paula Bender – O Pilates é um exercício que trabalha o ganho Paula: “...experimentem o método, pois de alongamento e força muscular; a melhora da postura e da é a melhor forma de compreendê-lo consciência corporal; o alívio de dores agudas e crônicas, especialmente da coluna; e a respiração e a concentração, promocio mais indicado, se está sendo executado da forma correta e vendo bem-estar geral. quais adaptações são necessárias para cada indivíduo. O ideal é COMUNICANDO – A prática de Pilates é indicada para todas as que seja realizado individualmente ou em duplas para que cada praticante seja orientado de forma adequada. pessoas ou tem alguma restrição? Paula – O Pilates é indicado para qualquer faixa etária ou patologia, pois é composto de uma grande variedade de exercícios e adaptações. Cabe ao aluno procurar um profissional capacitado que realize uma avaliação contínua das suas necessidades e capacidades para determinar os exercícios mais adequados. COMUNICANDO – Você e o Pilates, como é esta relação? Paula – Vejo o Pilates como um exercício completo e democrático. Pode ser adaptado a qualquer pessoa , aos mais variados objetivos, e traz inúmeros benefícios para o corpo como um todo, principalmente em termos de bem-estar.
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COMUNICANDO – Quantas pessoas são atendidas por aula? Paula – A prática do Pilates requer concentração do aluno e acompanhamento do instrutor para determinar qual o execí-
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COMUNICANDO – Deixe a sua dica como instrutora de pilates. Paula – Convido a todos para que procurem um instrutor de Pilates capacitado e experimentem o método, pois é a melhor forma de compreendê-lo. Prestem atenção em seus corpos e sintam os benefícios que a prática regular pode trazer em termos de alongamento, alívio de dores e disposição geral. COMUNICANDO – Qual é o periodo mínimo para o Pilates dar resultados? Paula – Os resultados estão relacionados com a frequência de realização do exercício, os objetivos, as necessidades e limitações do aluno. Joseph Pilates disse que “com 10 sessões você perceberá a diferença, com 20 sessões os outros irão perceber a diferença e com 30 sessões você terá um novo corpo”.
PONTE Trabalha a mobilização da coluna vertebral e fortalece a musculatura das costas, pernas e glúteos. Nesta variação, estendemos uma das pernas em direção ao teto, buscando um incremento no ganho de força da perna contrária e desafiando o equilíbrio. Fotos Divulgação
ELEPHANT O tronco deve estar bem estabilizado para que somente o quadril e as pernas se movimentem. Desta forma, temos o fortalecimento da musculatura profunda do abdômen e o alongamento do quadril e da cadeia posterior das pernas.
HANGING PULL UPS Temos o fortalecimento do braços, da musculatura posterior do quadril e pernas, além da mobilização da coluna vertebral em extensão.
O que é o método Pilates? O método Pilates é um sistema completo de exercícios sistematizados, criado entre as décadas de 1920 e 1930 por Joseph Hubertus Pilates. Utilizando aparelhos e equipamentos concebidos e construídos a partir das necessidades dos praticantes, o método Pilates destaca-se pela originalidade de seus conceitos e princípios, sendo considerado por especialistas e praticantes como o mais eficiente método de condicionamento físico da atualidade. O Pilates caracteriza-se por uma variedade de exercícios como, entre outros, o roll up (exercício de ganho de força abdominal) e o swan (fortalece a musculatura extensora das costas e dos membros superiores). Todos os exercícios são executados em poucas repetições e os resultados alcançados são rápidos e duradouros. Fonte: www.pilates.com.br
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método milenar do autoconhecimento
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ioga foi criada na Índia há mais de 5 mil anos, pela civilização do Vale do Indo, que habitou a região norte da Índia, atual Paquistão, naquele período histórico. É uma filosofia de vida que visa ao autoconhecimento. Segundo Vinícius Santos Rocha, a proposta dessa filosofia é levar o praticante a um estado de consciência chamado samádhi, um estado de megalucidez. A ioga não visa atingir benefícios por se tratar de uma “filosofia”. A proposta principal é o autoconhecimento. Com a prática sistemática da ioga, o praticante desenvolve a flexibilidade e o tônus muscular, e reeduca a respiração. Aumenta a vitalidade, a concentração e obtém muitos outros efeitos benéficos por adotar um estilo de vida mais saudável, combinado com exercícios inteligentes.
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O Método DeRose é uma codificação contemporânea da ioga préclássica, o mais antigo. Nada foi criado de novo, apenas foi feito um trabalho de resgate e sistematização de algo que surgiu há 5 mil anos. Desde aquele tempo, consiste numa série de conceitos Janu Sírshrásana – anteflexão coma cabeça no joelho e práticas que levam o praticante a ter uma vida mais saudável, feliz e dinâmica. O método é um dos mais praticados no Brasil e está “Quando os cinco sentidos e a mente sendo fortemente difundido em vários países, como Argentiestão parados, e a própria razão na, Portugal, Estados Unidos, França, Alemanha e Inglaterra. descansa em silêncio, então começa o No decorrer dos milênios, a ioga foi fortemente modificada, o que resultou no surgimento de diversas linhas divercaminho supremo. Essa firmeza calma gentes. Na Índia, são aceitos 108 ramos tradicionais. Quando dos sentidos chama-se ioga.” a ioga veio para o Ocidente, foi modificada ainda mais, o que deu origem a milhares de métodos que, na maioria das vezes, fogem da proposta original, que é o autoconhecimento. Upanixade Katha, VI (escrituras hindus Conforme Vinícius Santos Rocha, instrutor do Métode medição e filosofia) do DeRose em Caxias do Sul, por se tratar de um resgate da Fonte: ioga pré-clássico, o método tem uma prática mais completa, forte, dinâmica e ortodoxa, seguindo fielmente a nobre prohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ioga#Ioga_no_ posta dessa filosofia e o ensinamento dos mestres ancestrais Brasil que a desenvolveram. A ioga é indicada para todas as idades. Mas é importante ressaltar que é um trabalho desenvolvido para pessoas saudáveis. Portanto, segundo Rocha, independente da idade é necessário ter saúde e disposição para praticar.
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Divulgação
O Método DeRose
DEPOIMENTO “A correria e o estresse do dia a dia tem me levado a buscar uma terapia alternativa e não podia ter uma escolha alternativa que não fosse a ioga. Além de ser um exercício relaxante, é uma terapia muito saudável, que traz diversos benefícios: diminui o estresse, aumenta a flexibilidade, melhora a postura, diminui dores nas costas, estimula a circulação sanguínea e aumenta a concentração, entre outros. A ioga já faz parte da minha rotina, já frequento as aulas há dois anos, duas vezes por semana. Indico a terapia a todas as pessoas que têm interesse em uma vida saudável. É apaixonante, vale a pena experimentar!” Elisa Gasperin 31 anos, projetista
Divulgação
Parshwa Kakásana - a posição é executada com a lateral do corpo
Prática de Àsanas Posição ou técnica corporal da ioga, complementada por uma atitude interior, mentalização, respiração específica e ritmo.
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ridologia, diagnose pela observação da íris
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diagnóstico através da íris possibilita o conhecimento de áreas frágeis no organismo do paciente e, assim, o iridólogo pode estruturar um tratamento adequado para orientar os hábitos e evitar doenças futuras. Com o procedimento, o organismo é desintoxicado, reconstituído e preservado, antes que o quadro se torne muito prejudicial ou, talvez, irreversível. Em Caxias do Sul, a iridóloga Maria Júlia Enderle presta atendimento há 15 anos. Segundo ela, a “leitura” da íris permite que se perceba “como a saúde da pessoa está no momento”.
A medicina preventiva é a grande oportunidade de uma melhora do homem como espécie, pois os bons hábitos geram saúde, e essa saúde conquistada será transmitida de geração em geração. A prevenção, dizem os especialistas, é a medicina do futuro, com a qual se poderá encontrar o segredo da boa saúde em todos os seus aspectos, gerando longevidade, melhores condições e qualidade de vida. Em entrevista, a iridóloga Maria Júlia Enderle, a profissional esclarece diversas dúvidas do mundo da medicina alternativa. Crédito: Arquivo pessoal
Íris dos olhos mostra marcas relacionadas com o histórico emocional de cada paciente, não o acontecimento em si, diz iridóloga
COMUNICANDO – Como a iridologia pode ajudar na saúde da pessoa? Maria Júlia Enderle – A íris é dotada de terminais nervosos conectados com todo o organismo, via tálamo ótico e sistema nervoso. Torna-se uma espécie de “tela de televisão” que revela a condição do organismo através das mudanças que ocorrem nas fibras da íris. Sendo assim, pode revelar como a saúde da pessoa
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está no momento, possibilitando um melhor tratamento imediato. COMUNICANDO – O iridólogo precisa conhecer mais algum fator do paciente além da íris? Maria Júlia – Sempre é importante ao terapeuta conhecer a vivência da pessoa, pois na íris aparecem marcas relacionadas com o histórico emocional, mas não o acontecimento em si.
COMUNICANDO – Existe alguma receita para ter uma íris mais saudável? Maria Júlia – Sim, tudo o que trouxer harmonia à vida da pessoa faz a íris mostrar saúde. COMUNICANDO – Em quanto tempo, normalmente, os tratamentos dão resultados? Maria Júlia – Depende de cada pessoa, pois cada um tem facilidades ou
resistências inerentes à sua história de vida e hábitos alimentares. COMUNICANDO – As mulheres apresentam normalmente quais doenças? Maria Júlia – Não podemos generalizar doenças relacionadas somente com o sexo, mas com as condições de vida que as pessoas têm. A maior parte das disfunções está ligada aos maus hábitos alimentares e ao estresse exagerado. COMUNICANDO – O que as mulhe-
res podem utilizar como aliados na manutenção da mente e corpo? Maria Júlia – Pequenas mudanças fazem grandes diferenças, como respirar, por exemplo. As mulheres, principalmente para manter uma postura “salto-alto”, esquecem de respirar com toda a capacidade pulmonar, criando assim uma baixa oxigenação corporal que leva a inúmeros problemas, desde dores em geral à depressão. Outros pequenos fatores contribuem para melhorar a saúde são: sorrir, beber água, espreguiçar e se permitir.
A permidssão para mudar velhos paradigmas é fundamental
Visão integral do ser Um diagnóstico natural, a íris é a parte corada do olho, muito rica em filamentos nervosos, elaborada com a mesma constituição dos tecidos do cérebro e formada nos primeiros dias de vida do embrião. Certamente, por causa da sua complexidade em telecomunicação nervosa e pela sua relação genética, ainda não se descobriu tudo, nem tudo foi explicado sobre o assunto das telecomunicações celulares; mas já se sabe que as células comunicam-se umas com as outras. O cérebro é um verdadeiro computador, composto por 10 bilhões de neurônios, cada um com mais de 25 mil possibilidades de comunicar-se com as células vizinhas. Cada neurônio é um verdadeiro laboratório químico. O olho é
Dicas – Mantenha a tranquilidade, principalmente consigo mesmo; – Não permita que o mundo destrua sua paz de espírito; – Respire lentamente; – Conte até se acalmar; – Beba água, sorria e ria de si mesmo; – Saboreie a alimentação, aprecie o que terá de benefícios e não só o sabor; – Descanse, tire alguns momentos para curtir sua companhia, e, por fim, tenha fé, creia em Deus ou algo maior, pois, se Deus está contigo, quem estará contra?
um anexo, uma extensão deste verdadeiro laboratório, que envia para esta parte corada do olho milhões de informações. De fato, como um espelho no qual se escreve mensagens, cada célula do estroma (tecido das fibras) da íris contém 25 mil fibras nervosas que estão ligadas ao cérebro. O nervo ótico contém mais de 10 mil ramificações nervosas. Sob o estroma da íris, dois grupos de músculos aparecem, um para dilatar a pupila, e outro, para contraí-la. A íris está intimamente ligada ao organismo pelos seguintes intermediários: sistema nervoso; sistema linfático e sistema nutricional. As perturbações do sistema nervoso, provocadas pelo estresse permanente, hoje mais conhecido pelo nome de estresse oxidativo, são suscetíveis de modificar a estrutura da íris.
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terapia baseada no equilíbrio
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Crédito: Arquivo Pessoal
Ortomolecular é baseada na teoria do equilíbrio. O organismo humano é formado por inúmeras moléculas e, quando as mesmas encontram-se equilibradas, o organismo também encontra-se equilibrado. É uma terapia que analisa o homem como um todo: físico, emocional e mental. Busca a correção das carências nutricionais, equilibrando a bioquímica do organismo e prevenindo o aparecimento de radicais livres (que são a causa básica do envelhecimento precoce) e de muitas doenças. Também complementa e otimiza qualquer tratamento indicado pela medicina convencional. É importante ressaltar que a Ortomolecular não substitui a medicina tradicional, mais vem complementar. Segundo a terapeuta Benta Spiandorelo, “a própria mídia vem divulgando através de TV, rádio, revistas, etc. As pessoas buscam a terapia para experimentar, por exemplo: Dieta Ortomolecular emagreceu 10kg a atriz fulana de tal... Depois, pelos resultados que as pessoas têm, acabam divulgando para amigos, parentes e conhecidos.”
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A Ortomolecular é uma terapia personalizada, é exclusiva para cada pessoa, ou seja, é direcionada para as necessidades e deficiências diferen-
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Conforme a terapeuta, o que é bom para alguns pode ser veneno para outros
tes de cada um, porque não se pode generalizar e tratar todos igualmente, o que é bom para alguns poderá ser veneno para outros. Conforme Benta, “a ausência de minerais permite o aparecimento de sintomas descon-
fortáveis, que podem não ser detectáveis em exames convencionais, mas sentidos pelas pessoas acometidas dessas disfunções”. Depois de realizados alguns testes para ver a necessidade ou não
de nutrientes, também é feita uma minuciosa avaliação da personalidade do indivíduo, que é correlacionada com sintomas e comportamentos. A partir desses dados, caso seja necessário, é estabelecido um programa de suplementação com substâncias naturais para restituir o equilíbrio orgânico. “Seu principal objetivo é reforçar a vitalidade das células sem efeitos tópicos, propiciando o reequilíbrio natural do organismo sem nenhuma contra indicação ou efeitos colaterais.” As substâncias utilizadas como suplemento no tratamento são, na maioria das vezes, substâncias que existem normalmente no organismo: vitaminas, sais minerais, aminoácidos, lipídios, hormônios, antioxidantes. A Terapia Ortomolecular, ou de Oligoelementos, baseia-se na reposição de minerais, sob forma de gel, vitaminas, aminoácidos, fitoterápicos, aloe vera e ácidos graxos.
Os sintomas mais comuns e mais tratados nas mulheres sao, segundo Benta, “o estresse, a irritabilidade, o cansaço físico e mental e os medos”. Para cada um deles, um tratamento diferenciado: “Como cada pessoa é única, fica difícil padronizar. Depende do tipo de estresse, se vem do medo, de ansiedade ou de uma situação de pressão. Deve-se analisar muito bem a paciente para que a terapia seja bem sucedida. Também é preciso que a pessoa faça o tratamento corretamente e não pare antes do tempo. O resultado será excelente.” A Ortomolecular é uma especialidade que procura levar a todos a chance de ter uma vida saudável, reativando as enzimas para um envelhecer com saúde e bem-estar. Pode se ter como benefícios: desintoxicação do organismo, emagrecimento, sono reparador, motivação, calma da ansiedade, diminuição do estresse, me-
lhora a memória, maior bem-estar, elasticidade da pele, fortalecimento das unhas e dos cabelos. Além disso, melhora a capacidade de apreensão e assimilação de informações, em resumo, retarda o envelhecimento. O indivíduo, também precisa mudar seu estilo de vida (sedentarismo) e hábitos alimentares. É sabido que pessoas obesas costumam ter níveis baixos de serotonina (neurotransmissor da felicidade, que é formado principalmente por meio dos carboidratos). As pessoas com obesidade costumam ter alterações nos níveis de serotonina e precisam de açúcares para compensar. Isso estimula o consumo de carboidratos. A suplementação é necessária porque é cada vez mais difícil conseguir uma alimentação balanceada. “Há um tabu que afirma que a ortomolecular precisaria de altas doses por dia, para surgir efeito, na verdade, na maioria das vezes, basta uma só dose diária”, conclui Benta.
Dicas para uma vida mais tranquila – Acordar cedo; – Levantar cedo; – Praticar alguma atividade física; – Alimentação equilibrada (produtos integrais, verduras, frutas, água, etc.); – Ter momentos de lazer (o lazer é a válvula de escape do estresse); – Procurar estar em paz com tudo e todos (não deixar conflitos para resolver depois); – Procurar ver sempre o lado bom das coisas.
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essência dos florais
A doença manifestada no físico nada mais é do quem um desequilíbrio existente na psique. A energia curativa dos florais é sutil, pois ela é a memória que a planta tem das condições que culminaram na floração. Essa memória, quando utilizada na forma de florais, trata o desequilíbrio emocional que trouxe a doença para o físico, não simplesmente apagando a dor, mas fortalecendo a emoção positiva para que a própria pessoa entre em sintonia consigo. Na terapia floral, o histórico da pessoa mostra como ela reage a determinadas situações cotidianas, como seu pensamento colabora para a saúde ou para adoecimento. A doença que a pessoa apresenta pode ser benéfica, pois mostra qual o caminho para trabalhar o interior e a emoção que deve ser fortalecida.
A Comunicando entrevistou a terapeuta Raquel Beatriz Piva, que atua há 15 anos em terapia de florais, e nos traz curiosidades sobre o assunto. COMUNICANDO – Existe algum floral para ter em
mudanças iniciais que ocorrem. A recusa em deixar velhos hábitos, o “conforto” que encontra no sofrimento (pois já é conhecido) ou na atenção que recebe, podem ser fatores que travam a percepção da melhora. Muitas vezes, só querer alívio imediato e não analisar o que trouxe a dor.
casa? Raquel Piva – Existem florais de emergência que podem atenuar momentos de crise, mas, no geral, o floral é indicado para cada pessoa de acordo com a sua personalidade. COMUNICANDO – O tratamento floral demora em surtir efeito? Raquel – O tratamento floral tem efeito imediato, no entanto nem sempre a pessoa está aberta à observação das
Crédito: Arquivo pessoal
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Terapeuta floral Raquel Beatriz Piva Comunicando / Março 2011
COMUNICANDO – Quais as indicações para ter uma vida mais equilibrada? Raquel – Ser verdadeiro consigo mesmo, respeitar os limites do meu emocional até que ele esteja fortalecido, abdicar de conceitos depreciativos, evitar usar o outro como desculpa para suas frustrações, são propósitos que a pessoa que procura o tratamento floral deve estar ciente, assim sua melhora será mais rápida e visível.
“Para preencher a lacuna instalada no coração, na mente e na alma das pessoas, os florais aparecem como espécies de ‘remédios’ contra as inquietações e desarmonias internas, que comprometem a saúde da pessoa.” Raquel Piva
Reprodução
Estresse, cansaço, ansiedade, medo, pânico, solidão, insegurança, ciúme, problemas de relacionamento em casa ou no trabalho, além de angústia, depressão, desespero e crises em diferentes fases da vida , tabagismo, alcoolismo, drogas, dificuldades na escola e uma série de conflitos internos ou externos, vêm se tornando responsáveis por distúrbios físicos e mentais que afetam cada vez mais pessoas.
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itoterapia, a farmácia divina
Grande parte utiliza plantas da flora estrangeira ou brasileira como matéria-prima. Os medicamentos à base de plantas são usados para os mais diferentes fins: acalmar, cicatrizar, expectorar, engordar, emagrecer e muitos outros. É essa utilização das plantas para o tratamento de doenças que constitui, hoje, um ramo da medicina conhecido como fitoterapia. Apesar de ser considerada por muitos como uma terapia alternativa, a fitoterapia não é uma especialidade médica, como a homeopatia ou a acupuntura; ela se enquadra dentro da chamada medicina alopática. A terapeuta Lea Bachi Tódero acrescenta: “A cada dia, as plantas ganham espaço como aliadas no reequilíbrio físico do ser humano, estimulando as defesas naturais do organismo”.
Terapeuta Léa Bachi Teodoro
DICAS – Ingerir alimentos saudáveis; – Beber muita água; – Fazer exercícios regularmente; – Alimento funcional muito indicado para a boa função dos intestinos é a semente de linhaça, que também propicia boa saúde aos cabelos, unhas e pele.
faz parte da medicina natural e tem o poder de transformar o organismo das pessoas de maneira fantástica”. Ao terapeuta, diz, cabe entrevistar a pessoa, buscando informações sobre sua condição física atual, doenças pregressas, alergias e estado emocional. “Assim, ele pode indicar o melhor método de tratamento, que é individualizado, porque as pessoas têm necessidades diferentes umas das outras.” Léa acrescenta: “As mulheres, normalmente são mais sensíveis no sistema geniturinário, o que faz com que elas busquem na terapia alternativa, meios de atenuar sintomas relacionados a TPM, um incômodo muito presente nos dias atuais. Também devido a muitos fatores da vida moderna, a menopausa tem acarretado uma explosão de sintomas como depressão, insônia, diminuição da libido e muitos outros.” Por muito tempo quase não se ouviu falar sobre o valor curativo das plantas medicinais, a tal ponto que as pessoas jovens quase nem conhecem esses recursos. Mas hoje há um novo despertar em toda parte e uma grande procura desses recursos, seja por necessidade financeira, seja por desilusão com outros tratamentos que não resolvam o problema das doenças e ainda intoxicam o organismo. Fonte: Nutrição Orientada,
Reprodução
Como método terapêutico, explica Lea, “a fitoterapia
Crédito: Arquivo pessoal
A fitoterapia tem se tornado cada vez mais popular entre os povos de todo o mundo. Há inúmeros medicamentos no mercado que utilizam em seus rótulos o termo “produto natural”. Produtos à base de ginseng, carqueja, guaraná, confrei, ginko biloba, espinheira santa e sene são apenas alguns exemplos. Eles prometem, além de maior eficácia terapêutica, ausência de efeitos colaterais.
de Durbal de Lima.
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“A moda não é algo presente apenas nas roupas. A moda está no céu, nas ruas, a moda tem a ver com ideias, a forma como vivemos, o que está acontecendo.”
Coco Chanel
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oda e consumo
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egundo o dicionário Aurélio, a palavra consumo significa: “Uso que se faz de bens e serviços produzidos. (Se o consumo aumenta em razão da produção, esta é igualmente estimulada pelo consumo.)”. A partir desta premissa podemos constatar a relevância do ato de consumir em nossa sociedade. O comportamento relativo à compra é moldado não só pelos estímulos pessoais, mas também pela propaganda, veículos de comunicação e apelos visuais que nos cercam por todos os lados. Em seu livro O império do efêmero – A moda e seu destino nas sociedades modernas, Gilles Lipovetsky afirma que pode-se caracterizar empiricamente a sociedade de consumo por diferentes traços, que vão desde a abundância das mercadorias e dos serviços, a busca da elevação do nível de vida, até o culto por objetos e pelo lazer, o que se configura na moral materialista. As grandes redes de comunicação também colaboram para a perpetuação de falsas imagens e estereótipos de beleza. Espelhando-se nisso, as mulheres, que são consumistas em potencial, cultivam uma imagem equivocada do que seria o belo, pois se baseiam numa ilusão, sustentada por produtos e por conceitos de beleza distorcidos por imagens manipuladas pelos mais modernos sof-
twares. Nesse âmbito a dona da loja Leni, de Flores da Cunha, Lenita Novello, e uma de suas clientes consumistas, Valeska Finger, retratam suas percepções sobre a moda e a influência dela em suas vidas. Da compra consciente à doença há um caminho tortuoso, pois o consumo de moda possui as mais diversas facetas, que se caracterizam na vaidade, nos hábitos e até no descontrole, que leva à doença. Para abordar as questões psicológicas ligadas à moda e ao consumo, nesta edição contamos com o parecer da psicóloga Vanessa Castilhos Susin. No contexto do universo feminino, outro aspecto relevante é a opinião masculina a respeito do comportamento das mulheres com relação à moda. O locutor da rádio Atlântida, Mauricio Pretto, jornalista e vaidoso declarado, fala nesta edição da Comunicando sobre o mundo feminino e sobre sua própria vaidade.
Propaganda Levi’s veiculada em 2008
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aidade e compras: combinação perigosa
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Crédito: André Caldart
vaidade é um tema recorrente no mundo da moda. A globalização e o acesso rápido à informação colaboraram para que os estímulos à compra sejam cada vez mais intensos e persuasivos. Além do comportamento, a moda e o consumo têm provido a constante atualização da indústria e do comércio, rumo à grandes volumes de produção e venda. Neste contexto, a empresária Lenita Novello, atuante no ramo de moda há mais de 15 anos em Flores da Cunha, concedeu entrevista, na qual expressa suas percepções acerca da moda como negócio. Flores da Cunha está localizada no interior do estado do Rio Grande do Sul e possui cerca de 27 mil habitantes. Nesse cenário, podemos visualizar uma cidade calma e com pouca movimentação. Porém, o poder aquisitivo da grande maioria dos florenses é alto e movimenta o comércio da cidade. Lenita, proprietária de uma loja de vestuário, afirma que 90% de seus clientes são mulheres entre 18 e 50 anos. Tradicional, a loja Leni comercializa as mais novidades do mundo da moda, por trabalhar com marcas renomadas, o que mantém seu público entre as classes sociais A e B. Segundo a proprietária, seus
Lenita Novello clientes são moderados na frequência tes, mas com o tempo demonstram seu de compras, mas existem também ex- desequilíbrio e acabam se endividando ceções consumistas ao extremo. Lenita seriamente por comprarem mais do hoje possui poucas clientes desenfrea- que podem. Os casos que acompanhei das por compras e, consequentemen- em minha loja foram 100% com clientes mulheres.”, afirma. te, devedoras, por aplicar um sistema “As clientes compulsivas, A grande de cobranças mais no início, são ótimas preocupação com rígido em seu estaa vaidade, nem belecimento. “Declientes, sempre é o granvido ao antigo sismas com o tempo de motivo das tema de cobrança demonstram compras excessie aos clientes que vas das mulheres, eram compulsivos, seu desequilíbrio.“ segundo Lenita. ou mesmo doentes, “Um determinado obtivemos grandes prejuízos”, conta. Ainda segundo ela, problema causa essa neurose. Muitas a compulsão para comprar é uma do- vezes a compulsão surge por causa de ença, pois a compra acontece por problemas familiares, com marido ou impulso e a pessoa, mesmo namorado, ou mesmo relacionados a comprando muito, não se sexo. Afirmo isso devido aos relatos das satisfaz. “As clientes clientes. “A compradora compulsiva não compulsivas, no iní- pensa só na vaidade, pois muitas vezes cio, são ótimas clien- sequer usa tudo o que compra”, conclui.
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mente de uma pessoa viciada em compras intriga e gera muitas dúvidas sobre como evitar a compulsão e seus extremos. A personal stylist Valeska Finger comenta sobre sua mania de consumo.
a fazia se sentir igual às outras mulheres “Se eu não tivesse algo que outra mulher tinha, eu me sentia inferior”, afirma.
presente em todos os quesitos de sua vida. Quanto à mania de consumo, Valeska a descreve como algo que ficou na lembrança. Para ela, o consumo
costureira e por isso também era muito inovadora quanto às roupas. Até minha bisavó tinha esse hábito, porém não com relação às roupas e, sim, com a organização da casa”.
o hábito à doença
Crédito: André Caldart
Para ela, a mania com com“Se eu nao tivesse algo pras e roupas vem de família. “Minha Além de traque outra mulher tinha, mãe é bem parebalhar com moda, eu me sentia inferior.” cida comigo, com ela também tem muita imaginação um salão de beleza e sua paixão pelo novo e moderno está para criar e se vestir. Minha avó era
Hoje, Valeska faz tratamento com uma psicóloga e afirma comprar somente o que lhe atrai muito e com a consciência de que irá usufruir do produto adquirido.
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Valeska Finger Comunicando / Março 2011
O acompanhamento psicológico e sua visão acerca da preservação ambiental, a fizeram controlar a compulsão. Ainda segundo ela, o consumo exagerado fazia com que muitas peças compradas não fossem usadas, o que tornou seu quarto uma montanha de roupas sem finalidade. Para Valeska, seu psicólogo não sabe ao certo se ela é compulsiva ou muito exigente. Seu quarto, por exemplo, sofre modificações semanais na posição de mobiliário e enfeites, devido à sua inquietude e criatividade.
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ompulsão e tratamento
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ara esclarecer as questões psicológicas acerca da moda e do descontrole nos hábitos de consumo, Vanessa Castilhos Susin, psicóloga com formação psicanalista que atende na área clínica, classifica os sintomas e aborda soluções. Muitas mulheres compram para obter status, modismo, ou pelo prazer que a experiência lhe proporciona. Mas há um limite tênue entre o que é considerado como um comportamento normal e quando este passa a ser uma compulsão. Para Vanessa “o transtorno pode se originar por vários fatores. Na verdade, a origem tem a ver com a história de cada sujeito, com as vivências de cada um. Os motivadores podem ser situações ou fatos que se enlaçam com marcas que o indivíduo tem dentro de si o que detona as crises de compulsão por compras”.
É importante diferenciar as compras normais das descontroladas. A diferença não está na quantidade de dinheiro gasto em relação à renda do indivíduo, mas sim no nível de angústia e preocupação decorrentes do ato.
O TCC é um comportamento crônico e repetitivo, cujas crises não são necessariamente frequentes e ocorrem em resposta a eventos ou sentimentos negativos. As pessoas com este transtorno descrevem um crescente nível de ansiedade que somente é aliviado quando realiza uma compra. Porém, após a aquisição de algum item, segue-
“É importante diferenciar as compras normais das descontroladas.”
este faça o diagnóstico e defina o tratamento mais indicado ao paciente. A psicóloga Vanessa comenta que os pacientes buscam ajuda em um momento de grande angústia, seja por estar comprando compulsivamente ou por outras compulsões. Com relação ao diagnóstico, ela afirma que “na psicanálise existe uma diferença muito importante entre sintoma e transtorno. No entanto, esta é uma diferença tênue e o diagnostico só pode ser feito ao ouvir o paciente, analisando o contexto em que está inserido”. Quanto ao tratamento, Vanessa julga ser necessário realizá-lo de forma multidisciplinar. E complementa: “Quando o paciente está apresentando risco a si mesmo, o psicólogo deve encaminhá-lo a um psiquiatra para associar medicação ao tratamento de modo a auxiliá-lo a se estabilizar e conseguir pensar sobre seus atos”. Crédito: Siara Salvagni
Segundo a literatura, a mania de consumo é vista como uma compulsão denominada por Transtorno do Comprar Compulsivo (TCC), ou também conhecida por Oniomania. Evidenciase esse transtorno normalmente no início no final da adolescência ou nos primeiros anos da segunda década de vida, o que pode estar relacionado com a emancipação financeira e a abertura de contas com a oferta de crédito.
Para Vanessa “as pessoas que possuem esse transtorno possuem uma angústia muito grande e quando ocorre um transbordamento agem compulsivamente para descarregar toda a ansiedade e sofrimento oriundos dessa angústia”.
se um sentimento de decepção ou desapontamento que leva, muitas vezes, a que este o esconda. Os maiores alvos das pessoas que possuem esta compulsão são vestuário, sapatos, jóias, maquiagem e CDs. Segundo Hermano Tavares, pesquisador do Instituto de Psiquiatria do Hospital de Clínicas da USP, há estudos relevantes que apontam que a aquisição destes itens pelas mulheres é motivada pela necessidade de identidade pessoal e social. Quem está comprando compulsivamente deve realizar uma avaliação com um psicólogo para que Vanessa C. Susin
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ma opinião masculina
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ato de comprar teve início com a criação da moeda. Mas foi a industrialização, a partir da Revolução Industrial, que possibilitou a produção de uma diversidade e volumes de produtos impensáveis durante o período artesanal. Vivemos numa sociedade de consumo onde a publicidade nos faz acreditar que precisamos comprar para suprir as “necessidades” criadas pela mídia. Produtos tendem a ser descartáveis e facilmente substituídos por outro novo, último lançamento. Sem perceber, acabamos envolvidos por uma onda de
consumo que não cessa. Para discutir esta questão por meio de um a visão diferente, nada mais interessante que ouvir a opinião de um homem a respeito dos hábitos de consumo atuais, bem como sobre o tema vaidade. A indústria cosmética investe cada vez mais no ramo dos produtos masculinos, que tem se mostrado um nicho de mercado rentável, devido ao seu constante crescimento. Essa demanda está atrelada à vaidade, que deixou de ser característica apenas das mulheres, in-
vadindo as nécessaires masculinas. Esta evolução conceitual acerca da vaidade, fez com que o homem mudasse o seu modo de pensar e agir, mostrando-se mais interessado sobre tratamentos estéticos como depilação, manicure e pedicure, antes restritos às mulheres. O jornalista Maurício Pretto, locutor da Rádio Atlântida, se considera uma pessoa vaidosa e comenta que precisa e gosta de estar sempre bem apresentável, pois é uma pessoa pública. Ele cuida muito do cabelo e, por ser fã de Elvis Presley,
Crédito: Angelo Coffy
não nega o famoso topete. Muitos homens gostam de se olhar e admirar em frente ao espelho e Maurício é um deles, pois comenta que leva cerca de 40 minutos para escolher as roupas que irá vestir e arrumar o cabelo. Para ele, homens vaidosos gostam de mulheres vaidosas, que se cuidam. “Mulheres vaidosas e perfumadas são fantásticas, mas sem futilidades. Ser extremamente ligada à vaidade faz a pessoa negligenciar seu interior, transformando o seu jeito natural de ser em algo artificial”, conclui Maurício. Sobre seus hábitos de consumo ele afirma gastar conforme sua necessidade de inovar, controlando os impulsos. Como pode-se ver, os investimentos do público masculino em roupas, perfumes, cremes e tratamentos estéticos representam uma grande fatia do mercado de produtos de saúde e beleza, fazendo com que as indústrias voltem o olhar não só para o universo feminino. Com isso, criam-se novas estratégias e meios de conquistar o consumidor e fazê-lo acreditar que o consumo é algo primordial para o seu bem estar.
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Maurício Pretto Comunicando / Março 2011
P
lanejamento financeiro
O
comportamento é algo que, cada vez mais, vem sendo estudado pelas diversas áreas da Psicologia. Vários são os temas e, entre eles, as finanças comportamentais entram de forma definitiva na pauta de especialistas e consultores, o que abre excelente precedente para se relacionar decisões financeiras e sentimentos. Afinal, as pessoas são racionais só quando querem e adoram justificar péssimas escolhas. De acordo com Marcos Fernando Martini, supervisor comercial de uma im-
tumando com isso e querendo sempre mais. A mídia, já citada anteriormente, também tem uma grande influência sobre esse consumismo desenfreado, ditando modas que passam a ser quase que obrigatórias em nosso meio social. Outro fator que leva a um grande consumismo feminino está ligado ao apelo psicológico, à falta de carinho. As mulheres, na ânsia de preencher um “espaço vazio”, acreditam que o prazer material e o ato de comprar irá substituir qualquer
sentimento de culpa ou tristeza. O supervisor enfatiza que uma possibilidade de amenizar este problema seria relacionar alguma orientação financeira desde a idade escolar. Muitas vezes a criança, ao olhar para as atitudes dos adultos e acreditar que são corretas, acabam cometendo os mesmos erros. Com o passar do tempo, criam-se consumistas compulsivos pelo simples fato de não terem sido educados ou orientados de uma forma diferente, desde a infância.
Crédito: Daiane Basso
portante empresa multinacional, as pessoas, a cada dia, estão comprando mais por impulso. Compram artigos que não são necessários simplesmente para satisfazer algo que nem elas mesmo sabem o que é. “As pessoas, e especialmente as mulheres, passam pelas vitrines das lojas e acabam entrando para ‘dar uma olhadinha naquela promoção’ e é raro não saírem de lá com alguma coisa que nem sabem se irão utilizar, só pelo simples fato de estar em promoção. Muitas vezes acabam comprando por impulso e se endividando por esse consumo exacerbado.” Existem diversas formas de não comprar por impulso. Uma delas é carregar o dinheiro contado para a compra desejada. Os cartões de crédito e débito também podem ser usados, pois emitem uma nota para conferência que serve de alerta para os gastos efetuados, mas nem sempre são utilizados da forma correta. Martini ressalta que muito desse consumismo se explica a uma questão cultural da sociedade. Ela “impõe” algumas regras e as pessoas acabam se acos-
Marcos F. Martini
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Comunicando / Março 2011
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