Conexões

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EDITORIAL

Produzida e editada pelos alunos da disciplina de Mídia Impressa da UCS, a Revista Conexões – Cultura do trabalho e novos paradigmas surgiu de questionamentos da turma sobre a importância do trabalho, supervalorizado no contexto cultural da Serra gaúcha. A ideia foi refletir sobre até que ponto essa cultura é representativa, e o quanto tem se transformado com as novas gerações, que valorizam também o prazer de descobertas como as viagens pelo mundo – que muitas vezes requer abrir mão da estabilidade financeira. A Conexões mostra as diferentes formas de realização profissional, e a evolução de alguns ofícios radicalmente transformados pela tecnologia, como a área da fotografia e a de analista de sistemas. São reportagens e entrevistas com profissionais de diferentes áreas, mostrando as dificuldades encontradas no caminho e as realizações que o trabalho pode proporcionar. Boa leitura! EXPEDIENTE Reitor: Evaldo Antônio Kuiava. Diretor do CECC: Jacob Raul Hoffmann Professora de Mídia Impressa: Alessandra Rech Coordenação: Giovana Barcarolo Marcela Kuhn Projeto Gráfico e Diagramação: André de Boer Lopes de Simone Diego Luan Pereira. Douglas Savegnago da Silva

Texto: Agtha Tatiana Ramos Maria Ana Lúcia Ribas Daiane Merlin Flávia dos Santos Molon Gláucia Helena Prestes Polga Isadora Lopes Silva Letícia Rodrigues da Silva Lizandra Quadros de Franceschi Marcelo Caldera Márcio Frizzo Miriam Martins Felisberto Patrícia Lazzarotto Priscila Marrachinho Toni

Simone de Carli Bavaresco Tiago Fernando Guerra Fotografia: Bruna Nedel Marcelo Caldera Marta Maria Targino Winter Michele Duarte da Silva Paula Haas Dettenborn Rafaela Zuppa Julho/2014

Paco Schmidt


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Mais-valia Como os estudiosos da sociedade entendem a cultura do trabalho na Serra Divulgação

Ana Lucia Ribas Marcio Frizzo Em Caxias do Sul, o mercado de trabalho está em expansão. Em 2011 contabilizavam-se 178,2 mil empregos, com um acréscimo de 6,7 mil novos postos de trabalho: crescimento de 3,8% em relação ao ano anterior. Nos últimos cinco anos, a taxa média de crescimento era de 4,9%. Embora o cenário seja de oportunidades crescentes, a exclusão ainda se faz notar. Em entrevista, o professor Roberto Radünz, coordenador do Programa de Pós-Graduação em História - Mestrado Profissional, na Universidade de Caxias do Sul, avalia de forma crítica e aprofundada algumas questões que ainda são comuns no cotidiano da Serra gaúcha. Conexões: Por que prevalece na região o apreço pelo trabalho e a ideia de que define caráter? Roberto: Essa não é uma questão fácil de se responder. A ideia desse “apreço” é uma construção do capitalismo, em especial depois da Revolução Industrial, e tinha como função convencer os trabalhadores da necessidade de, mesmo em condições adversas, trabalhar com afinco. Essas condições desfavoráveis eram salários de miséria, jornadas extenuantes, condições deploráveis, etc.

Essa mentalidade do capitalismo industrial veio com os imigrantes europeus no século XIX, em especial os rotulados hoje de alemães e italianos. A ética do trabalho nesses grupos foi e continua sendo reforçada por uma série de mecanismos que passam pela formação na família, na igreja, na escola e na sociedade em geral. Desqualifica-se quem não trabalha como vagabundo. E aí está a questão da construção do caráter. O bom trabalhador, ordeiro e pacífico, tem um bom caráter. Esse caráter é uma construção social que visa manter a ordem capitalista nos moldes em que ela se encontra, afastando-se todos “sem caráter”, que são rotulados de desordeiros e vagabundos. Esses

rótulos foram utilizados recentemente para identificar genericamente as pessoas envolvidas nas movimentações iniciadas contra valor de passagem, etc. “Há pesquisas que afirmam que o sucesso financeiro depende na maioria dos casos de um lastro familiar de capital já acumulado.” Conexões: É correta a ideia de que o sucesso profissional e financeiro seja decorrência direta da quantidade de trabalho? Roberto: Não partilho dessa opinião. Não é correto afirmar que trabalhadores de chão de fábrica e outros mais trabalham pouco. Há pesquisas que afirmam que o sucesso financeiro de-

pende na maioria dos casos de um lastro familiar de capital já acumulado. Os ricos têm mais oportunidade de permanecerem ricos e bem sucedidos profissionalmente. A luta dos pobres e marginalizados é desigual. Comparativamente aos ricos, poucos deles conseguem sucesso profissional e financeiro. Conexões: Por que os trabalhadores não são tão valorizados quanto o próprio trabalho? Roberto: Porque o resultado do trabalho é apropriado pelo capital, transformando-o em lucro. O trabalhador não é beneficiário do que produz, sendo parte de uma engrenagem que objetiva maximizar a produção na busca do lucro privado.


40 anos de dedicação é um exemplo desse tipo de profissional que pode se orgulhar de fazer parte de uma história sólida. Em entrevista à Revista Conexões, Nadir falou sobre sua trajetória na empresa, desafios e conquistas: Conexões: Como foi o início de sua carreira? Nadir: Inicialmente tive dificuldade para conseguir emprego, na época não havia muitas vagas. Após ser contratado, comecei na produção de massas, depois fui promovido a líder de setor por recomendação de meus próprios colegas. Conexões: O que mudou nesses 40 anos? Nadir: A empresa adquiriu muitos equipamentos no-

Nadir Frizzo e sua trajétoria na Isabela Marcio Frizzo Ana Lucia Ribas No início da década de 50, na antiga Colônia Dona Isabel, hoje Bento Gonçalves - RS, uma conversa despertou a atenção de um pequeno agricultor da região. No bolicho de seu amigo, ouviu uma cliente pedir uma porção de massa, o que, segundo o comerciante, estava em falta. O agricultor sabia que o estoque de massa acabava em poucos dias. Por que não fabricar um produto tão tradicional para a colônia? A ideia foi levada pelo comerciante e o agricultor

a outros dois compadres que também tinham muitos filhos para empregar. Do encontro, na capela de Santo Antão, nasceram as Massas Alimentícias Ltda - que só em 1965 iria ser denominada Isabela Produtos Alimentícios, homenageando a antiga colônia Dona Isabel. A trajetória da empresa, hoje líder nacional na fabricação e venda de biscoitos e massas alimentícias, atuando ainda nos segmentos de moagem de trigo, refino de óleo, gorduras, margarinas e cremes vegetais, presente em todo território nacional, é mais um exemplo da cultura do trabalho na região, que une a visão empreendedora com a determinação de colaboradores de uma geração conhecida por seu empenho no trabalho. Nadir Frizzo, 63 anos,

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vos, modernizou os sistemas e tecnologias e construiu uma nova unidade, na qual fui convidado a trabalhar. Nós fazemos um trabalho em equipe, isso é muito positivo para todos. O crescimento da empresa motivou o grupo de funcionários e gerou novas oportunidades. Conexões: Quais os momentos mais marcantes de sua carreira? Nadir: Quando completei 40 anos de empresa, recebi “uma placa de homenagem” e os cumprimentos do diretor geral. Aquele foi realmente um momento muito marcante para mim. Esse reconhecimento me estimulou a continuar fazendo meu trabalho, me dedicando cada dia mais.

O mito do trabalho Há no município de Caxias do Sul (e região) o mito da cultura do trabalho, ou seja, de que os descendentes de italianos são mais trabalhadores do que o restante da população. A afirmação é da professora Ramone Mincato, da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Ramone é mestre e doutora em Ciência Política. “O mito da cultura do trabalho é uma narrativa que cumpre várias funções: serve para ocultar que mais de 70% da população de Caxias não é descendente de italianos, logo, a maior parte da riqueza produzida no município não é resultado do trabalho dos descendentes de italianos, mas das populações que migram para o município em busca de trabalho; o mito da cultura do trabalho também serve para justificar a dominação econômica, política e cultural dos menos de 30% da população”. De acordo com Ramone, esse mito surgiu da necessidade de explicar a origem da sociedade caxiense e produz comportamentos,ideias, valores e práticas que reiteram e confirmam o mito. “O mito atua na sociedade através da exclusão e da distinção, ao produzir a imagem de um ‘nós caxienses’ trabalhadores e descendentes de italianos, contra um ‘eles, não caxienses’, colocando os não descendentes fora da sociedade caxiense. Em suma, esse mito serve em última instância para negar e ocultar a realidade.


05 ESTATÍSTICAS

O Núcleo de Inovação e Desenvolvimento Observatório do Trabalho, da UCS, disponibiliza análises anuais do mercado de trabalho formal e do trabalho feminino e juvenil em Caxias do Sul, comparando com o Rio Grande do Sul e o Brasil. O Observatório utiliza, como fonte de dados, as informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Programa de Disseminação de Estatísticas do Trabalho (PDET) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os boletins, publicados pelo Observatório, são focados na análise socioeconômica do município de Caxias do Sul, com seus eixos temáticos no trabalho e emprego e na inserção das mulheres e da população jovem no mundo do trabalho, sinalizando para as tendências do mercado do trabalho.

Para acessar o Observatório e análises estatísticas seguem os contatos: Endereço: Rua Francisco Getúlio Vargas, 1.130. Bloco J, sala 410. 95070-560 - Caxias do Sul - RS Fone: (54) 3218-2100 Ramal 2882; Email: obstrab@ucs.br Web: http://bit.ly/1ybbj9G Blog: http://bit.ly/1uz89I5 Facebook: http://on.fb.me/1kYVmhr

A história do Bistrô Delícias da Vó Helga Bruna Nedel Miriam Martins Fazer massas sempre foi a paixão de Dona Helga. Quando adoeceu, ficou impossibilitada de trabalhar, porém sua filha Ivete Mazzochini Barcarolo deu continuidade ao seu trabalho. Investiu na casa de massas colocando o nome de sua mãe para homenageá-la. O Bistrô Delícias da Vó Helga traduz uma paixão passada de geração em geração. O empreendimento cresceu e se destacou no seu mercado de atuação, hoje com três anos de atividades. Como é típico da cultura italiana, fartura nos pratos e o bom acolhimento é o que não faltam. Ivete faz questão que os clientes provem suas massas antes de levá-las. Com o passar do tempo, as delícias da Vó Helga começaram a se destacar

Principais pratos -Agnoline(Capeletti) - Ravióli - Tortéi - Talharim no mercado gastronômico pela qualidade e diversidade. Hoje a casa de massas de Dona Ivete produz em grande quantidade para mercados e restaurantes, sempre procurando investir e inovar. A empresária acredita que o crescimento do bistrô vem da satisfação dos clientes e ressalta o quanto é gratificante ver a aceitação dos mesmos. “Ter uma casa repleta de pessoas e deliciosos pratos típicos italianos é como trazer um pedacinho da Itália para perto de nós”, afirma Ivete.


Viagem iniciática

Em pleno ensino médio, Giovani De Carli descobriu um novo mundo e transformou o seu futuro

Simone De Carli Bavaresco Você já se perguntou quantas vezes um projeto ou uma ideia deixou de ganhar asas por falta de persistência? Assim se inicia a conversa com o bancário Giovani De Carli, 30 anos, que fez seu estágio de segundo grau (hoje ensino médio) no Exterior. Foi com 17 anos que pela primeira vez Giovani conheceu o exterior, nunca havia viajado de avião e não falava outra língua fora o português. O único contato que teve com o idioma inglês foram os ensinamentos em sala de aula e o minidicionário, emprestado de uma tia, que colocou embaixo do braço antes da viagem. Mas isso não o intimidou, e com sua persistência em convencer a família de que ficaria bem

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mesmo longe, partiu para ficar 18 meses, tempo em que seu visto de estudante seria válido. O estágio proposto é uma extensão direcionada à agricultura, oferecida pela International Farmers Aaid Associations (IFAA) e contempla a estadia dos estudantes nas fazendas dos Estados Unidos com o intuito de aprofundar seus conhecimentos na área da agricultura. Há uma seleção de candidatos inscritos através de provas no Brasil e depois de aprovados a associação decide qual irá ser o local em que o estudante

irá estagiar. Giovani teve o privilegio de ir para Maui – Ilha do Hawaii, e conciliou trabalho e lazer. Durante a semana trabalhava no plantio de verduras com um japonês, nos finais de semana passeava pelos arredores da ilha visitando suas maravilhosas praias junto com os brasileiros que moravam lá. “O primeiro aprendizado é vencer seu maior inimigo: você mesmo. Pois você está sozinho em um mundo desconhecido e precisa se habituar”, diz.

A convivência com japoneses, filipinos e coreanos e suas diferentes culturas fez com que obtivesse muitos aprendizados em relação à língua, ao exercício da paciência e ao respeito com pessoas diferentes. Usava o closet caption da televisão para aprender um pouco do inglês e iniciar uma conversação e a mímica para mostrar o que necessitava. “Maui é a ilha mais linda do Hawaii”, define. Sua natureza é o que mais chama a atenção, pelas praias com areias negras, águas claras, rochas e o santuário das baleias jubarte. Uma das visitas que Giovani considerou mais interessantes foi a subida até a cratera do Haleakalã, um vulcão em escudo que forma mais de 75% da ilha de Maui. “Ter o privilégio de desfrutar belas paisagens do Hawaii, a troca de experiências em relação à cultura, e de hoje poder falar fluentemente a língua inglesa, além de ter convivido com algumas pessoas com as quais tenho contato até hoje transformaram minha trajetória”, afirma.


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A Serra dos Tiago Fernando Guerra

O clima da região ajuda a melhorar a qualidade do produto, que tem tradição em Veranópolis racterísticas individuais de cada tipo de vinho e reitera a singularidade dos produtos da região. Segundo ele, entre os vinhos finos destacam-se o Cabernet Sauvignon, o Tanat, o Moscato e o Merlot

na boca. Essas características devem-se bastante ao tipo da uva, que proporciona tais resultados, porém Dall’Onder destaca que o trabalho do enólogo é fundamental para que se con-

apreciados e consumidos. Tais variedades possuem um diferencial em relação aos vinhos finos, são produzidos na versão secos e também suaves, ou seja, mais adocicados, e também têm um preço normalmente

Vantagens à saúde Os apreciadores dessa bebida milenar também contam com os benefícios que o vinho traz à saúde, quando apreciado com a devida moderação. Tais benefícios estão relacionados ao resveratrol, uma substância que atua no organismo como um antioxidante e que todos os vinhos possuem, porém presente em muito maior quantidade nos vinhos tintos. Uma taça de aproximadamente 250ml por dia pode oferecer: diminuição do risco de doenças cardíacas, prevenção de tromboses, derrames e acidentes vascularescerebrais, diminuição de risco de infartos, ajuda no controle da hipertensão e diminuição do colesterol, entre outros.

como os mais conhecidos e consumidos pela população, pois são vinhos mais encorpados, ou seja, mais “potentes”, deixando a sensação de ser “mastigável” e que têm maior duração do sabor

siga transmitir essas características das uvas para o vinho. Já entre os vinhos de mesa, Dall’Onder destaca os vinhos Isabel, o Niágara e o Rosé, como os mais

A Serra Gaúcha foi a região escolhida há muitos anos atrás pelos primeiros imigrantes italianos para o desenvolvimento das suas atividades agrícolas. Logo na chegada, os colonos foram abrindo áreas de mato para dar início aos trabalhos, e entre as principais atividades estava o cultivo de uvas para a fabricação de vinhos. Desde então milhares de produtores rurais se especializaram na área, buscando sempre inovar e melhorar a forma de se produzir as uvas, matéria-prima do vinho, mas sempre sem deixar de lado a tradição e os aprendizados dos primeiros imigrantes, o que coloca os vinhos da Serra entre os melhores do Brasil. Na cidade de Veranópolis, município vizinho de Bento Gonçalves, a produção de uvas e vinhos também se destaca e vem alcançando um grande público de consumidores na região e também em outros estados do Brasil. A principal vinícola da cidade é a Cooperativa Agrícola Alfredo Chavense, produtora dos Vinhos Noé, que está em atividade desde 1936, sendo uma das mais antigas vinícolas da região e do Brasil. O enólogo da Cooperativa, Daniel Dall’Onder, destaca as ca-

VINHOS

muito mais acessível do que os vinhos finos, fator que influencia bastante e faz com que obtenham um alto índice de consumo entre a população que gosta de vinho, mas não quer gastar muito.


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Ampliando horizontes

Letícia Rodrigues Estudante da Universidade de Caxias do Sul, a dois anos da tão sonhada e esperada graduação em Engenharia de Materiais, Alessandro Josué da Silva, 31 anos, Analista de Métodos e Processos da empresa Braslux Indústria de Auto Peças, viajou em janeiro de 2013 para o Canadá, mais especificamente para a cidade de Halifax, Nova Scotia, onde permaneceu por 31 dias para a realização de um curso de aperfeiçoamento profissional. Antes de partir, a maior dificuldade encontrada foi a preparação dos documentos exigidos para a viagem, e logo depois de chegar a seu destino, a comunicação passou a ser o ponto de maior complexidade enfrentado pelo estudante,

que afirma que “mesmo quem conhece um pouco do idioma e acha que pode se virar tranquilamente se surpreende, pois o inglês do dia a dia é bem diferente”, comenta, lembrando do empenho feito pra se fazer entender nos primeiros dias. Na cidade, Alessandro ficou hospedado na residência de uma família de gregos (a mãe era canadense), o que o fez se sentir em casa, pois em termos de alimentação e estadia, havia muitas semelhanças com o Brasil: muita comida disponível, casa sempre cheia, todos falando alto e se divertindo. Além da receptividade local, o turismo na cidade foi muito admirado pelo estudante que, além de se aperfeiçoar nos estudos, não perdeu tempo e foi conhecer

Viagem ao Canadá ensina a futuro engenheiro a importância de enfrentar as dificuldades e aproveitar cada minuto algumas cidades menores, próximas a Halifax, onde experimentou um esporte que sempre teve vontade de praticar: o snowboard. Apesar de não utilizar o inglês no trabalho atualmente, Alessandro considera o fato da fluência ser um diferencial no mercado de trabalho, até mesmo porque nas pesquisas desenvolvidas para a faculdade e para o trabalho, o idioma não se torna uma barreira, considerando que muitas publicações importantes da engenharia estão em inglês. Por ser o inglês o idioma mais falado na atualidade, a rede de

amigos deste viajante, que além do Canadá já visitou os EUA e o Panamá, também se ampliou com chineses, italianos, árabes, canadenses e americanos, com os quais ainda tem contato e sempre se comunica em inglês. “O ganho para aqueles que se dispõem a fazer uma viagem como esta é o crescimento pessoal, principalmente para os que vão sozinhos. Além de conhecer pessoas e culturas diferentes, aprende-se a compartilhar mais, a ser mais independente e a se desenvolver com uma visão muito mais ampla do mundo e das pessoas”, diz.


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A recompensa faz a diferença? Pressão para vender, negociação mal sucedida, clientes indecisos... Como fica o psicológico do vendedor?

Patricia Lazzarotto Trabalhadora há 18 anos na revenda Sponchiado Jardine Veículos de Caxias do Sul, localizada na Rodovia BR 116, a consultora de vendas Audren Bolfe Comerlatto teve sua atuação reconhecida: ganhou um cruzeiro de São Paulo ao Rio de Janeiro, por ultrapassar a sua meta de vendas para a GM, marca que a empresa representa. O comprometimento foi valorizado porque é a peça chave na hora de uma venda. O vendedor deve sempre estar bem informado de tudo que se passa com a marca e seus veículos. Por acreditar que os funcionários são, sem dúvida, seus melhores embaixadores, as organizações contam com eles para obter resultados e têm no incentivo uma de suas ferramentas.Para Audren, a bonificação é uma forma de recompensa por tantos anos de dedicação.

Conexões: Qual é o maior benefício que a atividade que você exerce lhe traz? Audren Bolfe Comerlatto: Conhecer pessoas, e poder ajudá-las a realizar o sonho da compra do carro zero quilômetro.

válido. É um ramo que não pode ter rotina, tem que ter sempre novidades. Conexões: Que outras formas poderiam ser usadas para que não bata o desânimo? Audren: Bonificações em prêmios (eventos / bazar...), bonificações em dinheiro, bonificações em viagens, ganhei duas.

Conexões: Com relação às inovações, como elas têm sido trazidas para a empresa? Audren: O ramo de automóveis sempre traz inovações, tanto em questões de produto quanto na campanha de vendas. Sempre é

Conexões: Quais experiências você obteve na viagem, e em estar com pessoas de outras concessionárias? Audren: Troca de experiências com vendedores de outras regiões. As premiações aumentam a autoestima. Tratam o vendedor como rei!


Imagem além do ‘clic’

10 Fotos Porthus Junior e divulgação

Editor de fotografia do Pioneiro, Porthus Junior(C) fala sobre os desafios na era digital Agtha Ramos Fotógrafo do Pioneiro há mais de 24 anos, Porthus Junior nunca gostou muito de fotografia. Trabalhou como vendedor de assinaturas, depois com fotolitos, que exigia manusear químicos (revelador, fixador)... foi um passo para o laboratório de fotografia e daí para ser fotógrafo, o que aconteceu no final de 1990, no jornal O Farroupilha, um semanário que ainda circula na cidade vizinha. Veio após para o jornal Pioneiro, assumindo por duas vezes a função de editor de fotografia, a primeira de março de 2004 até 2008 e, após uma reformulação interna de cargos, acabou retornando a sua função em 2012. Entre suas atribuições, tem a orientação de toda a equipe de imagem e a escolha das melhores fotos para a capa e contracapa, e vai a campo. Graduado em Jornalismo na Universidade de Caxias do Sul, cursa Pós-Graduação em Jornalismo e Convergência de Mídias na Feevale, de Novo Hamburgo. Reside em Caxias. Destacando um pouco a visão da fotografia no mercado, o fotografo do Pioneiro diz: “Não somos mais aquele modelo de profissional descrito por Candid Photography. Hoje temos que produzir a

imagem”, ficar mais atentos à noção de como fazer um clic. Não é saindo por aí clicando que teremos uma foto com conteúdo. Por isso está mais difícil achar profissionais nessa área, temos que compreender a fotografia como um meio de divulgação ou até mesmo de expressão, e as pessoas veem o fotógrafo de jornal como aquele que cobre as colunas sociais. Esse conceito de fotojornalismo social está meio que disseminado na mente das pessoas de fora do meio jornalístico. “Repórter-fotográfico é isso. Precisa fazer uma reportagem usando imagens. Traduzir em fotografias a história que precisa ser contada. E, o mais difícil de tudo, em um prazo cada vez mais curto”, afirma. Observando um pouco o lado da evolução da tecnologia nesse meio, desde a máquina de negativo para a digital, foi um pulo que pegou muitos fotógrafos desprevenidos, ressalta Porthus. “Se antigamente os fotojornalistas eram oriundos dos laboratórios fotográficos, hoje é necessário uma carga de conhecimento que vai além de saber operar a câmera”, diz. Para Porthus, a tecnologia está sem querer for-

mando vários ditos “editores de foto”, e isso deixa um pouco sem crédito a fotografia, pois qualquer um que saiba mexer no photoshop se acha capaz de corrigir uma imagem, mas se isso fosse verdade não precisaria contratar profissionais de foto e sim editores de imagem. Ele salienta que as imagens devem ser pensadas, por isso há uma grande dificuldade de achar pessoas capazes disso, pois elas acham que uma imagem mais ou menos poderá ser arrumada no programa de edição. Pensar em enquadramento, em composição, em melhorar a foto no instante da captação e não em uma pós-produção: é isso que precisamos no jornalismo diário. Falando um pouco para o jovem que está querendo escolher a fotografia como profissão, Porthus deixa uma dica: deve ter disciplina, fotografar não é um clicar de botão. “Isso até um macaco faria. Podemos fazer uma boa foto usando até um celular, mas com um bom enquadramento, a melhor luz, o tal do momento decisivo para congelar o tempo”, enfatiza. Em minha jornada de vida, a fotografia me ensinou a ser humilde, pois

uma foto pode mudar a vida de uma pessoa em ambos os sentidos. “Como diria Guram: é fundamental olhar os quatro cantos do visor e eliminar ao máximo os acessórios”. É preciso também focar o que queremos fotografar. Ética e responsabilidade estão, todos os dias, na pauta interna de todo o fotojornalista. “O que mudou na minha vida profissional com o passar dos anos foi a maneira de fotografar, os jornais estão cada vez mais parecidos com revistas, como as fotos que por sua vez têm que ser pensadas. Tanto fotógrafo como repórter precisam conversar a respeito da pauta para ver o que precisa ser fotografado ou até mesmo encenado. Isso é a ‘construção imagética’, significa que o fotógrafo precisa criar o sentido de orientar melhor luz, posição. É uma prática bem antiga, o que acontece hoje é que os profissionais da área estão assumindo esse tipo de prática que era um privilégio das revistas. Por isso o olhar do fotógrafo de jornal mudou, porque antes apenas pensávamos em tirar uma foto não importava luz ou posição, já hoje temos que ter esse olhar mais apurado da cena”, avalia.


Um lugar ao sol

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Imigrantes haitianos e a cultura do trabalho Flavia dos Santos Molon Marta Targino Winter Em abril de 2102 constatou-se o inicio de um fluxo de imigrantes de nacionalidade haitiana em Caxias do Sul. O motivo da imigração está ligado a vários fatores, tais como: o Brasil é um país em desenvolvimento cuja economia cresce e toma lugar de destaque no mercado internacional. Deve-se considerar, ainda, os fatores que facilitam a migração internacional assim como: o progresso técnico dos transportes; a globalização, modernização e o imaginário sobre a realidade de outros países. Mesmo nas situações mais favoráveis, o processo migratório constitui uma mudança radical na vida de uma pessoa. Os imigrantes atravessam fronteiras não apenas geográficas, mas também culturais socioeconômicas e interpessoais. O haitiano Karly Jasmin (na foto ao centro), 25 anos, formado em Educação Física, natural de Liancourt, Haiti, fala fluentemente francês e o dialeto crioulo. Mora em Caxias do Sul há cinco meses e trabalha atualmente na empresa Go Aço Comercial, com torno CNC automático. A vontade de conhecer o Brasil o fez deixar seu país para iniciar uma nova vida. “Todos os haitianos gostam do Brasil, porque aqui é melhor, tem mais oportunidades e fomos bem recebi-

dos pelos brasileiros. Antes de vir para Caxias do Sul, morei em Belo Horizonte, mas escolhi a Serra gaúcha porque o salário seria melhor”, diz. No entanto, ao chegar aqui Karly se deparou com alto custo de vida, tendo dificuldades em manter-se com o salário que recebe na empresa, pois no Haiti as roupas e calçados são mais baratos. Outro item que chamou sua atenção foi a forma diferente de trabalhar dos brasileiros, segundo Karly: “Lá no Haiti se aprende com as máquinas, com a tecnologia, aqui em Caxias o jeito de trabalhar é diferente, se aprende com as pessoas.” Um dos problemas enfrentados por ele é o clima da Serra, pois afirma que suas mãos estão sempre geladas e isso dificulta um pouco o trabalho. Mesmo assim, Karly não desiste de seus objetivos e faz planos para o futuro. “Meu sonho é ingressar na universidade e fazer odontologia e exercer a profissão aqui no Brasil, preten-

do ir ao Haiti somente para visitar minha família e amigos, gostaria muito de ficar morando no Brasil, pois aqui encontrei pessoas muito legais, que estão sempre prontas a me ajudar”. A haitiana Kernizan Immáculer, 30 anos (na foto à esquerda), é formada desde 2011 em Engenharia da Computação , fala francês e crioulo. Natural de Porto Príncipe, sua família é de classe média alta, sendo assim, não precisa enviar dinheiro para ajudá-los. Mora em Caxias do Sul há três meses. Sua primeira moradia foi em uma casa com aproximadamente dez haitianos, onde dividiam o aluguel. Há um mês foi acolhida pela Igreja Batista Nova Vida de Caxias do Sul, onde mora com mais dois haitianos e está tendo aulas de português. “Três meses antes de vir para o Brasil, fiz estágio no Comércio. Mas no Haiti precisamos ter ‘padrinhos’, tem que conhecer pessoas influentes para adquirir oportunidades de trabalho”, afirma. Em Caxias trabalhou em

um restaurante como ajudante de cozinha, lavando pratos e limpando o chão por cinco semanas, pois o valor do salário era apenas R$ 20 por dia, sendo que seus colegas brasileiros que exerciam as mesmas atividades, recebiam o dobro do valor. Atualmente está desempregada , mas pretende continuar morando no Brasil. Muito haitianos que não têm condições financeiras para virem ao Brasil pedem dinheiro emprestado para outros amigos, depois quando estão empregados no novo país, pagam o valor que deviam e fazem um caixa reserva, para emprestar a outros haitianos que também querem vir para o Brasil. Apesar das dificuldades que tem enfrentado, Kernizan segue firme com seus objetivos, que é falar fluentemente a língua portuguesa e fazer mestrado para conseguir novas oportunidades na sua área. Pretende voltar ao Haiti em 2015, mas somente para passear e rever seus familiares.


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Sem fronteiras Estudante de Artes Visuais alia o desenvolvimento profissional ao desejo de conhecer o mundo Glaucia P. Polga Em uma cidade como Caxias do Sul, em que o trabalho faz parte da cultura, a estudante de Artes Visuais da UCS Gabriela Valer Picancio quebra o paradigma de que se vive para trabalhar. Aos 19 anos e já estagiando na sua área, ela literalmente trabalha para viajar e viaja para trabalhar, pondo em primeiro lugar sua satisfação pessoal. O pai da caxiense é uruguaio, e veio para Caxias em busca de trabalho, pois na época a cidade já demonstrava ser superindustrializada. Aqui, foi colaborador na empresa Randon por mais de 35 anos, até se aposentar. Já sua mãe, nasceu em Lajeado no interior do Rio Grande do Sul, veio com a família para a cidade serrana em busca de trabalho onde pela primeira vez teve sua carteira de trabalho assinada. Embora o cenário cultural retratado por essa família pareça ser comum na Serra, Gabriela está trilhando um caminho bem diferente dos pais, onde se põe o amor pela profissão antes da estabilidade financeira. Em entrevista, Gabriela fala mais sobre sua diferente visão de mundo. Conexões: Como foi sua primeira experiência no mercado de trabalho? Gabriela Valer Picancio:

Meus pais sempre foram operários e pra eles o trabalho sempre teve significado não só em bens materiais, mas como dignidade. Desde pequena sempre me disseram que pagariam o melhor estudo para mim, e quando eu começasse a trabalhar eu iria ajudar. Eu tinha 16 anos, estava no Ensino Médio e já tinha a ideia de que

a criança e o adolescente não têm uma educação econômica, não somos ensinados a fazer economias. Comecei a trabalhar e não sabia como direcionar meu dinheiro. De seis meses que planejei guardar, acho que somente três foram efetivos. Mas com o tempo consegui fazer isso, com mais disciplina.

quando eu me formasse no terceiro ano queria viajar pra mudar a minha vida antes de começar a faculdade. Porém minha família não tinha dinheiro sobrando, então decidi trabalhar e guardar dinheiro pra viajar. Foi quando tive meu primeiro emprego, no shopping. Ttrabalhava de domingo a domingo para fazer as economias. Então meu primeiro contato foi para conseguir o que queria. Só que por mais que a cultura do trabalho seja muito presente,

Conexões: Quando descobriu que queria cursar Artes Visuais? Gabriela: Eu sempre vi que tinha afinidade com artes e humanas, tanto que ficava dividida. Queria lecionar história, sociologia ou teatro, que faço desde os 10 anos. E sempre gostei da história da arte, então sabia que ia para algum desses lados. No segundo ano, fui trabalhar em uma livraria, foi onde tive contato com livros de história da arte

e ficou mais claro que era isso que eu iria seguir. Mas antes de dar atenção para escolha de faculdade, eu queria ir embora de Caxias. Queria ir para Porto Alegre e já ser independente. Ficava escolhendo faculdades que não ofereciam aqui para poder estudar lá. Tentei história na UFRGS e não passei, tentei Artes na UCS e consegui. A partir daí o primeiro plano era fazer somente um ano de Artes Visuais enquanto estudava para passar mais tarde na UFRGS, mas conheci o curso e passei a gostar muito. Conexões: Tendo como visão geral da sociedade a necessidade de estabilidade financeira a partir da escolha certa da profissão, teus pais te apoiaram na sua escolha? Gabriela: Sim, sempre me apoiaram. É até um pouco contraditório, porque eles sempre tiveram a cultura do trabalho mecânico, mas nunca opinaram nem um pouco. Conexões: Em algum momento você duvidou da escolha devido à instabilidade que o mercado de trabalho artístico apresenta? Gabriela: Não, em momento nenhum. Tanto que dentro de Artes quero me especializar em outro ramo menor: história da arte, que é mais seleto ainda. Até acho que por essa minha vontade de não querer ficar


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aqui, eu não me preocupo com isso. Conexões: No âmbito mundial, qual é tua expectativa profissional? Gabriela: Eu gosto muito da linha teórica, mas eu também gosto muito da produção. O meu objetivo é casar as duas coisas. Eu quero dar aula em universidade, pra isso quero terminar a graduação na UCS e fazer um mestrado fora. Eu já estou aproveitando as viagens pra avaliar as universidades. Se eu não conseguir dar aula fora do país, pretendo voltar, mas não pra Caxias, talvez pra Porto Alegre, São Paulo ou Distrito Federal e lecionar. Caso eu consiga ter uma produção sólida aqui que chame atenção e ande com suas próprias pernas, daí pretendo me focar só nisso e continuar fazendo pesquisa através das viagens. Outra linha que talvez eu siga é trabalhar com galerias de arte fora do país, que é um mercado que está crescendo bastante. Esse seria o trabalho utópico pra mim, ser contratada pelas galerias pra viajar em busca de artistas novos. Não vejo a arte nem um pouco limitada. Conexões: Como você avalia a possibilidade de retorno financeiro? Gabriela: Aí eu acho que tu vai por categoria. Em relação a um professor de estado ou município é injusto, isso com qualquer área do magistério. Mas eu acredito que no ensino superior seja justo sim. O mercado da arte é muito complicado, voltado mais para bacha-

relado e produção, porque é um mercado que mesmo com a queda de bolsa de valores não foi afetado, é um mercado que gira milhões por ano. E qualquer lugar do mundo tem mercado. Os principais expoentes são Nova York, Londres e talvez Alemanha, e eles vão em busca pelo mundo todo, então gira. Acredito que a preocupação maior é a questão do reconhecimento, porque é uma área que precisa de muito estudo, mas não é tida como ciência e por isso é muito desvalorizada. Sendo assim eu sei que apenas com graduação eu não vou a lugar nenhum, preciso no mínimo de um mestrado. É uma área que precisa se alimentar de todas as outras, se não, não existe, porque é expressão. É preciso saber sobre tudo. Conexões: Você comentou sobre o trabalho com teatro desde pequena. Como você encaixa essa parte da vida com a rotina de estudos e emprego? Gabriela: É muito louco, porque as três áreas que me interessam: história da

arte, antropologia e teatro, têm uma ligação extrema que é falar sobre gente. E viagem, que eu amo, também é conhecer gente. Teatro eu continuo estudando e atuando. Faço parte de um grupo independente, Lumno. Eu percebi que não preciso ter uma formação especifica pra trabalhar com ele, é algo muito mais prático, de experiência e busca pessoal. Conexões: E quanto à paixão pelas viagens, como você encontra tempo e flexibilidade para conseguir realizá-las? Gabriela: Uma coisa que eu não posso reclamar é a ajuda dos meu pais. Eu trabalho em um estágio na Casa da Cultura, na galeria de arte, e o salário que eu recebo direciono pra onde eu quero, e meus pais me auxiliam em questões educacionais. Quando eu me formei na escola e fui viajar pela primeira vez, não sabia se era uma coisa que eu queria levar profissionalmente ou só como lazer. Hoje eu sempre programo uma parcela do meu salá-

rio. Dependendo do lugar para onde planejei ir, guardo até 70% do meu salário para custear. Mas minha maior dificuldade entre casar viagens e trabalho é a questão de férias, porque não quero ficar cinco dias em um lugar, quero ficar 20. Só que só temos por direito esses 30 dias por ano. Na última viagem fui liberada no trabalho e na universidade graças à compreensão tanto dos professores quanto do meu chefe, eles entendem que as viagens são uma bagagem cultural que auxiliam nos meus estudos e produções. Conexões: Qual é o critério usado por você nas escolhas dos locais de viagem? Gabriela: A primeira viagem que fiz foi também por se tratar de cultura, mas principalmente por lazer, fui conhecer a Europa. Porém, depois eu fui vendo que através de viagens eu tinha possibilidades muito mais gratificantes, do que simplesmente passar por pontos turísticos. Já a última viagem que fiz foi


com o país, e agora surgiu a oportunidade de ir pelo trabalho voluntário Brigada de Solidariedade a Cuba, do grupo de amizades entre os povos. A ideia deles é trazer pessoas de vários países para conhecer a realidade cubana e depois voltarem aos seus países e contarem para as pessoas, é uma forma de divulgar o país. Explicar o país sem ser através de mídias, até porque a gente sabe que Cuba é afetada por isso. Gostei muito de fazer trabalho voluntário, porque foi uma forma de trazer muita coisa do país mas também deixar lá. Então, quando voltei ao Brasil, fui atrás de agências que fazem roteiros para trabalho voluntário, principalmente para Ásia e África. A Ásia é para ser meu próximo ponto. Fui

até Europa, Cuba, Nordeste Brasileiro, América do Sul, e agora queria ir para Ásia, porque é totalmente outra cultura. O que eu ando procurando nas viagens são os detalhes que diferenciam um ser humano do outro. A próxima viagem é para o Nepal em janeiro de 2015. Não está 100% confirmado ainda, mas se não for para lá, será para Istambul. Nepal seria trabalho voluntário também, mas Istambul, para um trabalho mais antropológico e etnográfico, para conhecer a cultura muçulmana e a cultura da mulher que é bem pontual no meu trabalho artístico. Isso é uma coisa que realmente quero tirar das viagens: como a mulher é encarada em diferentes culturas. Conexões: Você desenvolveu algum trabalho em

relação a suas experiências fora do país? Gabriela: Sim, primeiro o blog (Mulher Viajante – www.perdifronteiras. blogspot.com.br). O blog surgiu porque as pessoas ficavam muito assustadas com a ideia de eu viajar sozinha sendo mulher. Todo mundo fazia as mesmas perguntas: “Sozinha?” “Tu não tens medo?”. E pra mim sempre foi muito natural, talvez pela forma como eu fui criada, é natural fazer algumas coisas sozinha. É legal ter alguém junto, mas o natural seria sozinha. Então comecei a me assustar porque as pessoas achavam muito estranho, talvez porque fazia recém um mês que tinha completado 18 anos quando comecei a viajar sozinha. Foi daí que decidi

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escrever pra mulheres que querem viajar sozinhas mas têm medo. Metade são dicas de viagem e lugares que já passei e outra metade incentivo. Acredito que a mulher é muito educada a achar que deve ter companhia, até por questão de segurança. Eu lembro que o primeiro incentivo que tive pra viajar sozinha foi um livro que achei na biblioteca onde eu trabalhava que se chamava: a mulher que viaja sozinha. O livro dizia: “se você é brasileira e quer viajar sozinha mas está com medo, deixe isso de lado porque você andar na rua de seu país já é mais perigoso que muitos lugares”. E além do blog, as viagens são uma fonte de conhecimento para realização das minhas produções.

Procura-se RP fazedor Guilherme Alf ensina a abrir caminhos e reafirmar a escolha profissional Priscila Toni Rafaela Zupa Palestrante do III Fórum da Comunicação realizado na Universidade de Caxias do Sul no primeiro semestre,Guilherme Alf, Relações Públicas, trabalha na agência de publicidade e propaganda Publibrand, em São Paulo, criador da organização Todo Mundo Precisa de um RP e proprietário do Valentina Bar 18+, o primeiro Bar Erótico do Brasil, localizado em Porto Alegre, Alf, como gosta de ser chamado, trouxe aos alunos da UCS uma palestra interativa, abordando de uma forma ousada e clara as funções e

desafios do profissional de Relações Públicas ante um mercado tão competitivo, mas ao mesmo tempo com

tantas opções e nichos diferentes para atuação. Alf enfatiza as diversas oportunidades disponíveis no mercado: “o profissional de RP pode atuar em muitas áreas, e essa amplitude é tão grande que

por muitas vezes o recémgraduado acaba sem saber em que mercado atuar dentre um mar de opções”. Divulgação Segundo Alf, cabe ao profissional de RP saber vender seu trabalho e identificar oportunidades para conquistar seu lugar. Outro ponto i m p o r t a n t e enfatizado por Alf são as mídias sociais. No vídeo “Todo Mundo Precisa de um RP”, sucesso na rede, de autoria de Alf, fica claro que “estamos vivendo na época de mais troca de informação e conteúdo da história da humanidade, ou seja, existe muita informação em todas

as mídias, porém cabe ao profissional de comunicação filtrar a informação e tornála interessante e relevante para seu público-alvo”. Para Alf, os profissionais de RP, antes de buscarem oportunidades, precisam criá-las para mostrar que o RP não faz o cafezinho da empresa ou o evento de fim de ano, vai muito além disso, mas para convencer, primeiramente o RP precisa saber quais as suas reais competências, o que um RP pode fazer pela organização. Então esse profissional tem que mostrar a que veio, tem que ser um colaborador funcional, pró-ativo, um profissional inovador, diferenciado, ou, como diz Alf, “tem que ser foda, porque ser RP é ducaralho!”, brinca.


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Tecnologia em transformação

Daiane Merlin Lizandra De Franceschi Analista de sistemas é o profissional que analisa todo o processo a fim de montar um sistema de informações, utilizando-se da tecnologia para atender as demandas de seus clientes. Outros profissionais relacionados à área são os programadores, que desenvolvem o que foi definido pelo analista, e também, os analistas de negócios, que são os responsáveis por testar os sistemas. Estritamente ligadas à tecnologia, portanto, essas profissões sofreram grandes transformações nas últimas décadas. Maria Lucia Haas, uma analista de sistemas que atua na área de pro-

Analista de sistemas destaca principais mudanças ocorridas nos últimos 30 anos gramação há 31 anos, conta um pouco sobre a evolução da atividade. Maria Lucia entrou na Universidade no ano de 1979, o curso não era uma graduação, e sim um tecnólogo que existia apenas em duas faculdades da região, sendo bem teórico. Diferentemente de hoje, quando tudo é tecnológico, na época a função era manual. Os programas, por exemplo, eram feitos com o uso de cartões perfurados em uma máquina e colocados em ordem para não haver problemas com o programa. Maria Lucia recorda-se da lentidão dos sistemas de bancos de dados, por exemplo, que exigiam o

trabalho dos funcionários em período noturno, pois demorava uma noite inteira para processar e estar pronto para o dia seguinte. O atendimento era por fax e telefone. A profissional também lembra que os computadores antigos eram muito grandes e instalados em salas enormes e isoladas, com um capacidade máxima de 500kb! As impressoras também eram enormes e o acesso à internet era restrito àqueles que possuíam melhor condição financeira. Sobre a adaptação do trabalho relativa às mudanças tecnológicas ocorridas, Maria Lucia

afirma que é uma questão de necessidade: “O profissional precisa estar sempre se acostumando às novas tecnologias ou estará fora do mercado”, diz. Para Maria Lucia, o papel da qualificação em sua área de trabalho é fundamental, pois como há muita inovação, sem a capacitação adequada aumenta a dificuldade para a realização dos projetos. “O avanço da tecnologia afetou grande parte da população que trabalhava nessa área. Muitos cargos acabaram sendo extintos com o passar dos anos, o que contribuiu para um aumento do desemprego”, afirma.


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Alternativas no meio rural

Três histórias de trabalho e solidariedade nos Campos de Cima da Serra Isadora Lopes Silva Ao contrário do que se possa pensar a vida dos trabalhadores rurais é muitas vezes sacrificada. Na região dos Campos de Cima da Serra, é comum o trabalho em lavouras e pomares, montagem de cercas e criação de gado, todas atividades sujeita às variações climáticas. Em contrapartida, algumas alternativas possibilitam mais qualidade de vida. É o caso dos entrevistados para esta reportagem. No interior de São Francisco de Paula, em Várzea do Cedro, Renato de Oliveira Silva, 43 anos, é gerente de um restaurante. Ele conta que em seu emprego

não sofre como muitos que trabalham em lavouras, pois fica abrigado, mas trabalha bastante, principalmente na temporada de verão, que é quando seus clientes aparecem mais. Na temporada, o trabalho tem início às 6h e termina às 21h, ou até mais. O estabelecimento serve almoço e lanches, tendo mais ou menos 20 funcionários, para atender bem seus clientes. Aida Delair Lopes Silva, 47 anos, professora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Lélia Costa Gomes, localizada na Várzea do Cedro, que atende alunos do 1º ao 5º ano, no turno da manhã, tem mais de 20 anos de carreira e hoje leciona para apenas

quatro alunos. Ela conta que a escola já teve muitos alunos, mas que com a vinda do transporte escolar no turno da tarde para uma localidade perto dali, os pais optaram pela transferência. Apesar de a escola atender a uma pequena quantidade de crianças e seus recursos serem escassos, a professora faz o que pode para atendê-los com qualidade. Nesta escola, por menor que ela seja, não se encontra merendeira e serventes, por exemplo, e a professora é quem tem que cozinhar para os alunos, ela também conta com a colaboração da comunidade para ajudá-la no que for necessário, como em limpezas e organização de livros. Mas, ao contrário Divulgação

de muitas outros professores, ela tem o privilégio de trabalhar bem pertinho da escola. Aldair André Raminelli, 18 anos, um jovem que há pouco terminou sua vida escolar, hoje pensa em fazer uma faculdade, mas ainda não se decidiu por uma área. Ele trabalha com seu pai, Ademir Raminelli, seu irmão, Alceu Guindani Raminelli, e seu tio Valdomiro Raminelli na localidade do Lajeado Grande. São adestradores de cães para caçadas legalizadas de javali, um animal que nas localidades do interior está cada vez mais tornando-se uma praga, pois ataca lavouras de milho e pastos. Em sua propriedade são criados e adestrados mais ou menos 100 cães, de raças e portes diferentes. Aldair conta que seu pai começou adestrando seus próprios cães e com o passar dos tempos conhecidos começaram a pedir que ele adestrasse os seus também. Nesta fazenda onde vivem também criam outros animais, mas predominam os cachorros, bem cuidados e vacinados. Todos trabalham, cada um tem uma função, porque, afinal, cuidar de 100 cães não deve ser muito fácil. E quando todos resolvem latir? “Apenas um assovio é o suficiente para que tudo volte ao silêncio novamente”, diz Aldair.


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