Entrelinha - Edição n° 20

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Paco Schmidt

Karin Gabriela Souza Neves, Alessandro Agendes, Anderson Costa, Sílvia Protas, Jessica Loesch, Gesiele Lordes dos Santos, Alexandre Brusamarello, Pedro Guerra, Fernanda Zanol, Maiara Calgaro, Daniela Dall´ Agnol, Fernanda Aguiar Sousa, Samuel Meloto, Marília Serafini Varela, Matheus Guaresi, Alan Juliano Mader de Matos, Vanessa de Lima Gomes, Anderson Barros de Oliveira, professores Rodrigo de Oliveira Santos e Marcelo Miranda, Natália Catusso Lessa, Jéssica Lima, Sol Maia, Paulo Pasa

Convite para ler o céu Convido você a deitar no gramado mais próximo e olhar por alguns segundos para cima. Se perguntar o que você vê, teremos entre as respostas palavras como “céu”, “nuvens”, “estrelas”, “sol”, “aviões” e uma infinidade de outras, podendo variar com o local onde está. Mas se pedir para que feche seus olhos e imagine o céu, infindáveis histórias poderão surgir, muito além de simples palavras. Entre as editorias de Trabalhadores, Astronomia, Meteorologia, Astrologia, Tragédias Aéreas, Esportes e Cinema, a turma de Design da Notícia do semestre 2013/02 desenvolveu, nesta edição do Entrelinha, um pouco mais do que você pôde ver neste minuto olhando para o céu. Boa leitura. Paulo Pasa

Um desafio jornalístico Com o avanço tecnológico e o boom da Internet, fazer um produto impresso que seja interessante aos leitores sempre é um grande desafio. O mercado exige, também, cada vez mais, um profissional multiplataforma, que domine as técnicas das mais variadas mídias. O jornalismo

impresso não foge à regra. Através desta disciplina tivemos a oportunidade de fazer um trabalho realmente jornalístico, de produção de pautas, de busca de fontes, entrevistas, fotos, e a temida diagramação, por muitos ainda não dominada. Certamente, um aprendizado que levaremos para nossa vida profissional. Jéssica Loesch Gratificante trabalho em equipe O Entrelinha é o produto final de um gratificante trabalho desenvolvido em equipe. O tema “céu”, tratado por diversas óticas, respeitando as regras do “fazer e criar jornalístico” se mostrou um tanto desafiante, porém a disposição dos colegas superou qualquer obstáculo. Participar de todo o processo produtivo de uma revista, desde a concepção estética, passando pela sugestão de pautas, desenvolvimento textos, até a diagramação se mostrou uma experiência essencial para o desenvolvimento dos futuros profissionais, com conceitos fundamentais como ética, a melhor abordagem de cada pauta, o cuidado com o material fotográfico e sensibilidade estética. Alan Matos


Jéssica Lima

É

entre idas e vindas, literalmente, que a rotina de trabalho desses profissionais se desenvolve. Mais do que adquirir experiência e conhecer países, eles constroem histórias. São pilotos e comissárias de bordo, que, na maioria das vezes, deixam de lado a vida pessoal para cuidar da profissional. De acordo com o instrutor de aviação do Aeroclube de Caxias do Sul Marcelo Adami ser piloto exige muita dedicação e segurança. “Tenho que ter responsabilidade sobre a minha vida e a do aluno, ciente de que quando há tensão, não se pode decolar”, afirma. Apaixonado pela aviação desde pequeno, Adami confessa que ser piloto sempre foi seu sonho. “Cada vez que meu pai viajava comigo para Porto Alegre eu pedia para ele parar no aeroporto. Lá, eu ficava olhando os aviões na decolagem e no pouso. Desde pequeno já sabia que queria voar”, conta. Segundo Adami, o caminho para chegar até a estabilidade profissional é tortuoso. “Investe-se um valor alto em pequeno espaço de tempo e teoricamente quando se tem tudo pra trabalhar no mercado, ainda necessita de mais experiência”, desabafa. A contratação por aluno dependerá da quantidade de horas exigidas por cada companhia e a situação do mercado, conforme explica o administrador do aeroclube, Luís Begnini. “Em 2011, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) doava bolsas de estudo pela carência de profissionais no mercado. Ao contrário de 2012, quando um número elevado de pilotos foi demitido”, ressalta.

Para ingressar nas companhias aéreas os pilotos acumulam horas como instrutores

Dar a volta ao mundo, conhecer novas culturas e novos lugares foram os aspectos que mais contribuíram para despertar o interesse da estudante Catiane Bernardi ao escolher ser comissária de bordo. Em maio de 2012, Catiane iniciou o curso de comissária na Escola Aerosul. Em uma turma de 12 alunos, apenas quatro prevaleceram até o final do curso, com duração de quatro meses. Segundo a comissária, o curso exige muita dedicação e esforço do aluno, até mesmo por ser de curta duração. “Nunca estudei tanto na minha vida. Tínhamos muito conteúdo e estudávamos muito para atingir a média nas provas”, conta. Catiane alerta que além de demonstrar interesse é preciso que os alunos sigam as exigências impostas pelo mercado desde o início da formação. “É

necessário estar sempre uniformizado, unhas bem feitas, cabelo preso e ser pontual nos horários”, afirma. Hoje, já formada, ela aconselha que quem sonha em seguir esse ramo deve investir na profissão. “Você aprende muito mais do que a matéria repassada. É um aprendizado para vida toda”, avalia. Apesar do grande desejo de ser comissária de bordo da empresa Emirates Airlines (considerada a melhor companhia aérea do mundo), no momento a comissária reforça ter um princípio em especial. “Meu objetivo agora é focar no estudo da língua estrangeira. As companhias procuram muito profissional com fluência e poucos têm. Com a Copa do Mundo chegando, espero que novas oportunidades surjam e para isso preciso estar preparada”, finaliza.


Arquivo pessoal: Antônio Correa NATALIA LESSA

A

ntônio Carlos Correa, 65 anos, sempre foi apaixonado pela aviação. Aos 56 anos de idade, resolveu realizar seu sonho de criança e iniciou o curso para piloto no Aeroclube de Caxias do Sul. Hoje, ele pilota apenas por lazer, mas carrega em si a paixão pela aviação assim como qualquer profissional da área. Por falta de tempo e de condições, Antônio só pode começar o curso muito depois do que planejava. Passou pelos quatro meses de curso teórico, que, segundo ele, é a parte mais difícil, e desde então vem se dedicando ao prazer de voar. “Tem que ter disciplina para passar pelo curso teórico e responsabilidade para, mais tarde, poder voar sozinho.” A dedicação ao curso e ao aeroclube foi tanta que durante o curso, Antônio já era citado pela diretoria como possível nome para assumir alguma função no estabelecimento. Em 2010, foi chamado para ser presidente do aeroclube. Ficou no cargo dois anos e, atualmente, é o vice-presidente. Acostumado com a realidade do aeroclube, Antônio diz que a função que assume exige tempo e dedicação. “Temos que estar sempre conectados com a Anac, cuidando da manutenção dos nossos aviões, acompanhando os instrutores e mantendo toda a parte administrativa do local”, conta.

Antônio pilotando um planador: avião sem motor que é rebocado por outro

Além de já ter pilotado aviões de pequeno porte por diferentes locais aqui na região, em Santa Catarina e também nos EUA, Antônio Correa está fazendo um curso para ser piloto de planador (avião sem motor) no Aeroclube Albatroz, em Osório. A sua paixão pela aviação o faz ver tudo de outro ângulo. “Estar lá em cima é algo que não tem explicação, é outro mundo,” afirma. Mercado parado - Antônio conta que a cidade de Caxias do Sul já forneceu muitos pilotos para a aviação brasileira. “Hoje em dia é difícil não encontrar pelo menos um caxiense trabalhando em gran-

des companhias aéreas, mas agora o mercado deu uma parada.” Mesmo com essa parada,a Agência Nacional de Aviação Civil, Anac, anunciou um crescimento de mais de 16% no mercado de aviação doméstica no Brasil. São inúmeras oportunidades oferecidas para os profissionais que se formam nos aeroclubes, incluindo, além de pilotos, comandantes de voo, controladores de voo, e até mesmo cargos dentro da Anac. Para ser chamado para trabalhar é preciso acumular horas de voo e dedicar-se à profissão. “Quem está no Aeroclube está na vitrine, está sendo visto” , pondera Antônio.


Jéssica Lima

No segundo maior aeroporto do Estado existem duas companhias aéreas que atendem até 400 pessoas diariamente ANDERSON BARROS

C

axias do Sul, apesar de realizar apenas cinco voos diários possui uma rotina agitada. O aeroporto Hugo Cantergiani, que passou por um processo de modernização entre 2010 e 2012, atende diariamente cerca de 400 pessoas. A rotina do segundo maior aeroporto do Estado, só não é mais intensa devido a instabilidade climática da região. Atualmente atuam em Caxias as empresas Gol e a Azul. Segundo o gerente da companhia Azul, Ricardo Motta, o movimento

é mais intenso nos finais de semana e véspera de feriado, principalmente na hora de embarque e desembarque, mas a estrutura do aeroporto mantem-se ativa todos os dias para o atendimento dos usuários. “É preciso paciência e se colocar no lugar das pessoas para atender suas necessidades”, afirma Motta. Por conta dessas peculiaridades da profissão, além da disponibilidade de horários e total envolvimento com o trabalho, os funcionários precisam estar sempre atentos aos procedimentos, pois um pequeno erro pode gerar uma grande confusão. “Já aconteceu de uma passageira desembarcar no aeroporto de Caxias

do Sul, sendo que ela queria ir para uma cidade, também chamada Caxias, mas localizada no Maranhão. Tivemos que arrumar dinheiro e roupas para ela e depois conseguimos encaixá-la em outro voo ”, conta Motta. O movimento dos aeroportos faz com que a rotina seja bastante diferenciada de um trabalho comum. É muito comum que os profissionais trabalhem nos finais de semana e não tenham folga com horários definidos. Devido a essa rotina agitada e instável, muitos funcionários, assim como Motta, casado com uma aeromoça, acabam constituindo família com colegas de trabalho.


O

céu sempre aguçou a curiosidade humana. Todos os povos em todas as épocas criaram teorias quanto à existência de seres que viajam e visitam outros mundos. Existe em muitas culturas mitos e histórias sobre nossos vizinhos interplanetários. Desde os primórdios do cinema também é especulada a possibilidade de vida além das estrelas. Ainda existe a ideia de vida além-túmulo dentre as estrelas em um mundo onde vivem os deuses que guiam a vida humana. Acredita-se também que nosso planeta foi povoado inicialmente por seres vindos de outras galáxias. Os anjos, que dizem habitar nosso plano astral, se vestem e vivem como humanos.

A produção cinematográfica aguçou nossa curiosidade e criou mais dúvidas. Um dos primeiros filmes produzidos, “Le Voyage Dans La Lune” (1902), tinha a temática de uma viagem ao cosmo para visitar a lua, onde lá chegando encontraram habitantes e foram presos por eles. Do mesmo modo, há um clássico muito conhecido em todo mundo evangelizado pelo cristianismo, “La Vieet La Passion de Jésus Christ” (1905), também em cinema mudo, que se trata da ascensão de Cristo aos céus. Assim, houve a febre do fim do mundo, no início do século, em que explodiram criações com essa temática, prevendo toda a sorte de catástrofes para a humanidade.

O filme trata de um grupo de anjos que observam distantes o dia a dia dos cidadãos da capital Berlim, que na década de 90 tinha sido récem unificada. Apesar dos anjos serem proibidos de interferir na vida dos humanos, o protagonista Cassiel (Otto Sander) quebra esta regra quando uma garotinha cai do terraço de um prédio e ele se apressa para socorre-lá, o que o transforma em carne e osso. A produção cinematográfica tem suas peculiaridades, uma delas é o elenco. O roqueiro norte-americano Lou Reed, vocalista do The Velvet Underground e responsável pela trilha sonora do filme e o ex-presidente soviético Mikhail gorbachev. FICHA TÉCNICA Diretor: Wim Wenders Elenco: Otto Sander, Peter Falk, Nastassja Kinski, Heinz Rahmann, Bruno Ganz, Horst Buchholz, Solveig Dommartin,Willem Dafoe, Roberto Benigni Produção: Wim Wenders, Ulrich Felsberg Roteiro: Richard Reitinger, Wim Wenders, Ulrich Zieger Fotografia: Jürgen Jürges Trilha Sonora: Laurent Petitgand, Lou Reed Duração: 148 min. Ano: 1993 País: Alemanha Gênero: Drama

ALAN MATOS ALESSANDRO AGENDES SAMUEL MELOTO


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ulália Isabel Coelho é professora estudiosa de comunicação e semiótica. Eulália tem entre seus temas prediletos, o cinema. Para ela, algumas produções que têm o céu como pano de fundo, trazem profundas reflexões acerca da existência humana. Confira os principais trechos da entrevista: Entrelinha - Na sua avaliação, qual a pretensão dos diretores ao explorar o céu na produção cinematográfica? Eulália Isabel Coelho - Entendo que o céu, por sua simbologia, afeta o imaginário dos rotei- diz “viajante”, não turista. Aqui ristas, dos cineastas e do público. temos o céu de um lugar diferenO céu é tido como uma manifes- te, novo aos olhos das personagens tação do divino, da transcendên- que circulam um pouco pela aspecia e do poder superior, entre ou- reza do mundo. O céu é porto setras coisas. Então, um plot que guro, mesmo tão acima deles. “Tão traga o céu como ponto expres- Longe, Tão Perto” (Faraway, So sivo da trama sempre despertará close!”) (1993), de Wim Wenders, a atenção. O nosso inconsciente por exemplo, é um filme de reflefoi afetado diretamente por cren- xão, de anjos encarnados na Terra ças que nos colocam o céu como e anjos que “sobrevoam” os céus. um lugar de Para mim, impaz, serenida“O nosso batível nessa de e descobertemática. A inconsciente foi tas. Isso tamobra teve uma afetado diretamente releitura norbém funciona para despertar por crenças que nos te-americana a atenção das de muito sucolocam o céu como pessoas. cesso, “Cidaum lugar de paz...” de dos Anjos” Entrelinha (1998). Há Em termos de ainda outros cultura e reflexão, quais seriam títulos importantes, como “Veralguns dos mais significativos melho como o céu”, “Céu sobre filmes produzidos até hoje com Lisboa”, “Ghost - Do outro lado esse tema? da vida”, “O céu de Suely”, “O céu Eulália - Eu destaco dois. “O de outubro” e “O céu pode esperar” céu que nos protege” (1990), de (teve remake). Bernardo Bertolucci, traz um casal que vai para a África e se Entrelinha - Existe a impressão

de que a maioria dos filmes relacionados a este tema procura enfocar invasões extraterrestres ou catástrofes. Quais os outros aspectos que essas produções abordam? Eulália - Alguns filmes se utilizam do tema “céu” para compor ficção científica, mas aí o céu é apenas um lugar no espaço, não um centro de questionamentos. É local de passagem para naves espaciais e aliens. Essas produções abordam coisas curiosas, o inimaginável. Algo como “Guerra nas Estrelas” ou “Star Trek”, com figuras bizarras em mundos fantásticos. Entrelinha - Crenças relacionadas a Deus, anjos, espíritos e seres celestiais em geral acabam por influenciar os cineastas? Na sua opinião, isto fica evidenciado em alguma produção cinematográfica em especial? Eulália - “Asas do Desejo” e “Tão Longe, Tão Perto”, ambos de Wim Wenders, mexem com crenças religiosas e são metáforas para o conturbado tempo vivido na Alemanha do pós-guerra.


GESIELE LORDES DOS SANTOS MAIARA CALGARO SOL MAIA VANESSA DE LIMA GOMES

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dia 8 de setembro de 1944 marcou a memória dos caxienses que assistiam a um dos tradicionais desfiles da Semana da Pátria. O farmacêutico José Máximo Paim Letti, de 70 anos, era um dos alunos do católico Colégio Carmo que se preparava para desfilar naquele dia. Ele calcula que cerca de 300 alunos, entre estudantes dos antigos primário e colegial, esperavam pelo início do evento. As crianças aguardavam o sinal para dar início à marcha, quando escutaram um estrondo. O barulho era próximo. Um avião onde estavam o piloto e um amigo batera em uma figueira e no telhado do armazém Mindelli, localizado na esquina das ruas Dr. Montaury e Pinheiro Machado, em frente ao Cine Apollo (atual garagem Ópera). Assim como as demais crianças, Letti não pode se aproximar muito porque os irmãos do Colégio fizeram um cordão humano isolando a área onde o avião caiu. Ele, que morava com tios e avó, em uma casa na esquina da Borges de Medeiros com a Avenida Júlio de Castilhos, correu até sua casa para contar o episódio aos familiares. Ele não voltou ao local. Recorda apenas de ter escutado que o piloto havia machucado a perna.

Dez/1959 Rio de Janeiro 35 mortos

Jun/1960 Rio de Janeiro 53 mortos

Piloto ferido

Queda de avião no Centro de Caxias do Sul assusta alunos e espectadores do desfile

Machucar é pouco para definir o que aconteceu ao piloto Vírgilio de Oliveira Pinto. Segundo registros do Departamento Histórico do Aeroclube de Caxias do Sul, ele perdeu uma das pernas. Oliveira e o amigo, Matias D`Andrea, conhecido como Mussolini, tinham cerca de 21 anos e estavam fazendo curso no aeroclube. Mesmo sem domínio do ofício a

Dez/1970 Rio de Janeiro 37 mortos

Abr/1980 Florianópolis 54 mortos

Jun/1982 Fortaleza 137 mortos

dupla de colegas se aventurava a sobrevoar Caxias. A falta de técnica do piloto, que era empresário, para efetuar as manobras pode ter sido o motivo do acidente, analisa o responsável pelo Departamento Histórico do Aeroclube, Roberto Grazziotin. “Eles não tinham muita experiência”, afirma. Grazziotin diz que os envolvidos já faleceram e desconhece qualquer outra informação sobre o episódio, apenas o que está registrado no aeroclube caxiense.

Out/1996 São Paulo 99 mortos

Mai/2004 Manaus 33 mortos

Set/2 Mato G 154 m


ENTRE LINHA

e cívico durante Semana da Pátria, em 1943

Crítica No dia seguinte ao acidente em Caxias, o jornal semanal O Momento, cuja redação se localizava próximo ao local onde caiu a aeronave, publicou uma crônica assinada por Decio Vianna. A dupla de aprendizes de piloto era taxada de irresponsável. “Um perigo muito grande estava pairando no ar, por sobre todas aquelas cabecinhas juvenis. E, pouco depois, fatalidade!”, escreveu o cronista.

2006 Grosso mortos

Jul/2007 São Paulo 199 mortos

Jun/2009 Oceano Atlântico 228 mortos

Fatalidade. É uma das únicas explicações para o acidente aéreo que aconteceu no domingo, 22 de outubro de 1995, nos céus de Gramado. Depois de uma festa em homenagem ao pai da aviação, Alberto Santos Dumont, realizada no Aeroclube de Canela, duas aeronaves de seis lugares se chocaram no ar, deixando nove mortos. Com a colisão, um dos aviões caiu perto da RS-115, no pátio da Floricultura Marmitt, sendo que os seis tripulantes morreram com o choque contra o solo. O outro continuou voando em descida, forçando um pouso de de emergência. No entanto, a aeronave perdeu velocidade e caiu em um lago na Linha Tapera. Dos quatro tripulantes desse segundo avião, apenas uma garota sobreviveu. A única sobrevivente do trágico acidente, Camila Atayde Martins, com 12 anos na época, hoje, é formada em odontologia e casada, leva uma vida normal. “No começo, resisti um pouco para aceitar o que tinha acontecido. Fiz tratamento psicológico para conseguir falar sobre o acidente, mas hoje tenho uma vida tranquila”, conta a dentista. A jovem relata que não deixou de viajar em grandes aviões com trauma do acidente. “Tenho um pouco de medo. Mas não deixo de encarar viagens por isso. Já viajei bastante, mas em avião pequeno, nunca mais.” Conforme Camila, os tripulantes não sabiam o que estava acontecendo no momento do fato. E também não foi comprovada a real causa do acidente. “O que aconteceu foi o choque do outro avião na nossa aeronave, como todos os tripulantes do outro avião faleceram, não se pode provar nada. Se foi falha humana ou mecânica” - lembra.

Quando recorda do acidente, Camila pensa no gesto do tio, que também estava no avião e ajudou ela. “As pessoas responsáveis por eu estar aqui hoje foram o meu tio Marcos que num ato de bravura e amor incondicional, enquanto caía o avião, se desatou do cinto de segurança e me colocou em seu colo, me envolvendo num abraço como se fosse um casulo, para que servisse de amortecimento na queda” - recorda. E os outros dois heróis que salvaram a moça foram Eder Rudimar Oro Oliveira e Jonimar Ricardo Oro Oliveira que estavam em casa, próximo ao açude onde o avião caiu, e entraram na água para salvá-la, “se não houvesse alguém lá com certeza eu morreria afogada. Então foram essas pessoas que me deram a vida de volta.” Eder e Jonimar não pensaram duas vezes antes de pular na água ao ver o avião plainado no açude. Era um domingo em que Eder estava passando o final de semana com a família em uma chácara do interior de Gramado. Ao escutar um barulho estranho e ver um avião caindo, ele se atirou na água em busca de vidas. “O avião estava submerso e, ao abrir a porta, vimos que Camila era única em condições de ser salva.” Embora a profissão de policial já tenha feito Eder passar por vários momentos de terror, ele nunca esqueceu a cena da tragédia. “Quando entrei no avião, vi que alguns tripulantes já tinham falecido, outros estavam presos nas ferragens e agonizando.” Eder acredita que foi o instinto de salvar o próximo, aliado à coragem de policial, que o fez pular na água, colocando a vida em risco em busca de pessoas que necessitavam de ajuda.


Divulgação

Equipamento para o controle e registro meteorológico da estação localizada na cidade de Bento Gonçalves

Marília Serafini

S

aber se o dia vai ser ensolarado ou chuvoso pode parecer simples, mas essa resposta é resultado da análise de dados provenientes de uma estação meteorológica. Normas e orientações são estabelecidas pela Organização Meteorológica Mundial - OMM, para padronizar a previsão do tempo em mais de 11 mil estações espalhadas pelo globo. Em Bento Gonçalves, a Embrapa Uva e Vinho abriga uma estação desde 1976, fornecendo dados e também aplicando-os em

METEOROLOGIA

estudos da influência climática na agricultura. A região da Serra caracterizase por ter uma grande variação do tempo numa mesma estação. Por isso, a estação meteorológica da Embrapa é formada por uma rede de subestações fixadas em diferentes níveis de altitude. Na hora de instalar uma estação deve-se escolher um local afastado de prédios, árvores, morros, paredes e de tudo que possa afetar a livre circulação de ar, interceptar raios solares ou influenciar na precipitação. Os horários para a coleta dos dados são determinados pela OMM

e são às nove horas da manhã, três horas da tarde e 21 horas, diariamente no fuso horário de Brasília. Segundo o técnico em Meteorologia da Embrapa, Dalton Antonio Zat, os dados não servem apenas para definir o clima de um local. “Eles servem também para analisar uma série de variáveis que incidem sobre todos os seres vivos, desde o comportamento, tipo de atividades a serem realizadas em épocas mais propícias, plantio e colheita de alimentos e uma infinidade de tarefas e decisões diárias que dependem de condições climáticas favoráveis”, explica.


Fernanda Zanol Matheus Guaresi

A

região de Caxias do Sul registra uma grande variação no tempo durante um único dia. Frio, chuva, calor e sol podem ser vistos num período de poucas horas. Segundo a professora de Geografia Ieda Zattera, as razões para isso acontecer são muitas. A principal é porque essa região não possui massas de ar próprias e recebe influência das massas provenientes de outros lugares. “Caxias do Sul está localizada numa zona temperada, ou seja, uma zona de combate com encontro de massas polares. Quando elas se chocam, vence a que está ou é mais forte. Por isso temos tanta variação de temperatura”, explica. Outra causa é a continentalidade. Caxias do Sul não é banhada por nenhuma grande porção de água. “A água demora mais para esquentar, mas quando esquenta, demora mais para esfriar. De dia, o sol aquece a superfície da terra, mas quando o sol ‘se vai’ a terra esfria rapidamente. Por esse motivo, a temperatura cai tão drasticamente do dia para a noite, porque não há água para ‘segurar’ o calor” conclui.

Fim de tarde após dia chuvoso na cidade de Caxias do Sul

SERÁ QUE CHOVE? Pedro Guerra

Luis Michelazzo tem 73 anos e uma infinidade de histórias para contar. Nascido no campo, o ex-agricultor e atual aposentado ainda recorda dos provérbios (e superstições, por que não?) que aprendeu quando criança. Criado em meio às plantações de milho do avô, Michelazzo acredita que estes apontamentos climáticos vêm de muito tempo atrás. Segundo ele, já é certo: quando o céu está estrelado, é porque no outro dia vai ter sol. Muitas destas expressões foram

ensinadas pelo seu pai. Durante o trabalho árduo na colheita, o que ele mais escutava era `Che caldo!` (Que calor!), e por se tratar do italiano, muitas vezes ele ficava sem entender. `Nuvem rossa la cera, bom tempo se espera, nuvem rossa la matina, la piova se vitina` (`nuvem vermelha no fim do dia, bom tempo se espera, nuvem vermelha de manhãzinha, a chuva se avizinha), cita outro exemplo clássico ao olhar para o horizonte. No céu, um sol tímido surge logo depois da chuva torrencial. `Será o casamento da viúva?`, brinca.


Divulgação ALEXANDRE BRUSA FERNANDA AGUIAR ANDERSON COSTA

N

unca foi possível afirmar quando o homem começou a olhar para o céu não apenas para admirar a beleza das estrelas e da lua e passou a estudar o que havia além da superfície da Terra. Mas o certo é que ao observar a olho nu, o primeiro astrônomo da história jamais imaginaria que o universo de campos a serem explorados fosse tão vasto. Astrofísica, radioastronomia, astrometria, cosmogonia, cosmologia e mais uma lista infindável de subcampos passaram a ser estudados nos últimos séculos. Os ramos da astronomia contemplam desde poeira estelar até galáxias inteiras.

Mas por que se aprofundar em um assunto tão distante e que inicialmente não interfere diretamente no dia a dia do ser humano? De acordo com o físico Cláudio Miguel Bevilacqua, que ocupa o cargo de diretor do Observatório da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), essa pergunta é feita constantemente pelos cerca de seis mil visitantes que o observatório da universidade recebe por ano. “Quando você produz uma vacina, quer descobrir a cura para alguma doença. A relação é direta. Quando você faz pesquisas astronômicas, não pensa em encontrar benefícios. Qual o benefício de achar outros planetas ou outras estrelas? A princípio nenhum. Entretanto, durante a corrida à lua (promovida por Estados Unidos e União Sovié-

Telescópio da cúpula do Observatório Astronômico da Universidade Federal do RS

tica nos anos 1960), por exemplo, a frequência cardíaca dos astronautas precisava ser monitorada em função da aceleração brutal. Isso trouxe avanços imediatos para a medicina. Hoje os aparelhos que a gente vê nas UTI’s vêm desse estudo”, descreve. Bevilacqua ainda cita a in-

Apesar de dirigir o mais “moderno” observatório do Estado, fundado em 1908, o físico Cláudio Miguel Bevilacqua sabe que não tem em suas mãos um aparelho capaz de fazer grandes descobertas. Entretanto, ele ressalta a importância do já ultrapassado telescópio. “Isso aqui é pura divulgação científica e interação com o público. Este é um programa de extensão consagrado. Se a Nasa não divulgasse tão bem seus programas e estudos, a instituição nunca teria argumentos para convencer o povo e o governo a liberarem dinheiro para suas pesquisas”, argumenta.

venção da tomografia computadorizada, criada por astrônomos que queriam medir estrelas por Raios X e acabaram as “dividindo em fatias” e os CD’s, criados para armazenar os extensos dados coletados pela Nasa, como descobertas utilizadas atualmente em escala mundial.

Contudo, o diretor do observatório da Ufrgs sabe que, devido às condições climáticas desfavoráveis para a observação, com muitas nuvens e dias chuvosos durante o ano, o investimento de equipamentos ultramodernos não teriam tanto valor. De acordo com ele, esta condição é extensível ao resto do País. “O maior telescópio brasileiro tem um espelho de 1,6m. No Brasil não há um lugar que podemos afirmar que ficará uma semana sem nuvens. No deserto do Chile são 300 noites 100% limpas, com visão perfeita. No Brasil dá para colocar telescópios pequenos para verificar asteroides.


Karin Gabriela Neves

A

relação dos astros com a vida na terra, desde os tempos mais remotos é objeto de estudo. O homem sempre buscou compreender como os astros poderiam interferir nos ciclos da natureza, nos mares, na agricultura. As observações do céu estão presentes em diversas culturas em diferentes povos. O estudo do céu é encontrado na astronomia antiga, nos Vedas, na Bíblia, e em várias civilizações antigas como os Maias, Astecas, Chineses, entre outros. O estudo sobre a influência que os astros exercem sobre a personalidade das pessoas, as relações humanas e sociais, atualmente é chamado de astrologia. Já a ciência que estuda os astros é reconhecida como astronomia. No entanto, até a Era Moderna, astrologia e astronomia eram indistinguíveis. Segundo o jornalista Nivaldo Pereira, que é astrólogo, a divisão entre astrologia e astronomia ocorreu com o surgimento do Iluminismo. Nesse período, o homem deixou de acreditar em superstições e

passou a crer somente naquilo que podia ser comprovado cientificamente. Nivaldo diz que a astrologia é uma arte, em que as principais ferramentas são a observação e a interpretação simbólica dos as“...é uma arte de interpretação subjetiva, que se baseia na análise de padrões de energia que se repetem no céu, bem como na astronomia...” tros e suas influências sobre a vida terrena. Com isso, não é uma ciência baseada em evidências, mas sim um estudo sobre o posicionamento dos astros e como isso reflete nas características individuais e sociais em nosso planeta. Nivaldo afirma que é um equívoco acreditar que astrologia seja uma superstição ou adivinhação do futuro. “No passado pessoas mal intencionadas usavam a astrologia sem critérios, isso começou a acontecer quando houve a separação da astronomia. Com isso,

muitos passaram a se denominar astrólogos sem terem nenhum entendimento científico sobre o assunto” , explica. Conhecimento astrológico “Para um astrólogo sério ter formação nessa área, são necessários muitos anos de estudos, inclusive aulas sobre astronomia”, destaca Nivaldo Pereira. Astrologia é uma arte de interpretação subjetiva, que se baseia na análise de padrões de energia que se repetem no céu, bem como na astronomia. A diferença que na astrologia é feita uma ligação entre os eventos do céu com a terra, uma leitura sobre as possibilidades desses padrões energéticos influenciarem a vida na terra. Para o astrólogo, somente quem não estudou e não conhece profundamente astrologia não acredita, pois sendo cientificamente comprovado ou não, nenhuma farsa duraria tantos séculos.


ENTRE LINHA

Marco Dieder

E

JESSICA LOESCH SÍLVIA PROTAS

quem nunca quis ser um passarinho para poder voar? Realizar este sonho, que habita dentro de cada ser humano, há muito tempo não é mais impossível. E Joraci dos Santos, mais conhecido como Coragem, é um realizador de sonhos. Para Coragem, voar era um desejo de infância. Mas de que forma realizaria, nunca imaginou. Inicialmente, pensou em fazer curso para pilotar avião. Quando contou isso a um amigo ele mencionou que conhecia uma pessoa que estava realizando curso de paraquedas. “Ele disse que não sabia o nome do equipamento direito, mas era parecido com paraquedas”, lembra o piloto. Foi com este amigo que Coragem conseguiu o contato do instrutor de paraglider (parapente) e começou a realizar o curso, junto com o irmão Osmar. Coragem é natural de Vacaria e mora em Nova Petrópolis há cerca de nove anos. Para facilitar seu trabalho, a sua moradia fica no topo do morro, próximo ao Ninho das Águias. Faz 17 anos que realiza voos duplos e há oito abriu a empresa Serra Sports, que realiza cursos de voo e vende equipamentos para a prática do esporte. “Já formei cerca de 200 pilotos, mas que estão em atividade são menos de 100. Somente os que realmente gostam seguem praticando”, explica. Coragem diz que é difícil mensurar, mas tem certeza de que já realizou mais de cinco mil voos na vida. Desde 2006 parou de

Ninho das Águias, em Nova Petrópolis, recebe anualmente milhares de visitantes

participar de competições, para se dedicar exclusivamente à empresa. Coragem conquistou vários troféus, que guarda com carinho. A filha mais velha de Coragem, Silvana, de 20 anos, já começou a realizar o curso de voo livre e mostra interesse pela prática. A mais nova, Letícia, de 12 anos, já realizou cerca de 30 voos duplos e também demonstra vontade de praticar o esporte. “Se depender de mim ela vai voar”, diz o pai. A esposa Iraci não mostra tanto interesse pela prá-

tica do esporte, mas é fundamental na empresa Serra Sports, pois é ela quem tira as fotos que alimentam o site e faz o marketing da escola. “A empresa é da família, cada um ajuda um pouco”, pondera. *Homenagem* Joraci dos Santos, o Coragem, morreu em 2 de julho, dias após a realização da entrevista, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).


PAULO PASA

As primeiras asas-deltas foram desenvovidas em 1871 pelo alemão Otto Lilienthal. Atualmente não possuem mais do que 25 kg, compostas por ligas de alumínio e fibra de carbono, não dependem mais da força de reboques ou motores para alçar voo. Os modelos empregues em encostas exigem perícia e atenção dos pilotos às correntes de ar quente que geram sustentação para o conjunto. O vento que rebate na encosta garante a sustentação no momen-

to da decolagem, enquanto que a permanência no ar é garantida por colunas de ar quente chamadas de bigornas de elevação. Como não há nenhum mecanismo de empuxo, o vento contrário é essencial para a preservação da velocidade e nivelamento. Sem ele a asa sofre o “stoll” e o piloto perde o controle até retomar sustentação.

Encostas com direção do vento em sentido contrário à asa-delta

SAIBA MAIS O curso de pilotagem é dividido em três módulos: a parte teórica, com apresentação de equipamentos e como conectá-los, instruções sobre meteorologia, vento, aerodinâmica, e apresentação de vídeos. A decolagem em morrinho, que consiste no treino de decolagem e pouso em local de baixa altura. E, por fim, a prática do voo no Ninho das Águias. O curso tem duração de 70 horas e pode ser feito por pessoas maiores de 18 anos. Qualquer pessoa pode fazer o curso, basta ter vontade e paciência. Quem quiser saber mais sobre voos duplos e curso de voo, pode acessar o site www.serrasports.com.br. Jessica Loesch


Paulo Pasa DANIELA DALL’ AGNOL PAULO PASA

U

m sonho. Foi o que um dia motivou Ruy Bueno a ser, hoje, piloto de aeronave. Nascido em Campo Grande (MS), desde os 12 anos de idade ela já praticava o hobby a partir do aeromodelismo. Veio para Caxias do Sul para estudar, mas não deixou de lado o desejo e a prática do aeromodelismo. Em 2006, ele fez o curso de piloto particular no Aeroclube de Caxias do Sul: foram quatro meses de aulas teóricas e várias horas de voo. Em 2012, Ruy realizou mais uma parte do sonho: a aquisição de uma aeronave própria. Ele conta que o aerodesporto na cidade ainda é tratado como mito: “As pessoas acham que é um esporte extremamente caro, mas não é bem assim. O custo é bem menor do que se imagina. Não é barato, mas não é inacessível.” Bueno não está sozinho na prática desse desporto. Ele divide um hangar anexo ao aeroporto Hugo Cantergiani com outros dois proprietários de aeronave: Luiz Fernando de Toni e Maurício Reis. Luiz é piloto desde

Maurício, Luiz Fernando e Ruy dividem um hangar anexo ao aeroclube em Caxias

1977 e desportista desde 2002; Maurício é piloto de planador e aeronave há dez anos. Luiz Fernando conta que o gosto pelo espaço aéreo veio do berço: “Meu pai era apaixonado pela aviação, então tive um bom exemplo. Comecei pelo aeromodelismo.” Luiz Fernando e Ruy, ambos aeromodelistas, brincam: “Os brinquedos ficaram grandes.” Os três fazem parte do Departamento de Aviação Experimental do Paulo Pasa

Na cauda do avião de Maurício a palavra céu que traduz uma de suas grandes paixões

Aeroclube de Caxias. Eles são sócios do aeroclube para utilizarem o espaço físico de que ele dispõe, mas exercem funções distintas da chamada aviação homologada (aviadores profissionais). A aviação experimental (os que praticam por lazer) não conta horas para voo, não pode servir para instruções de novos alunos e segue outras regras. “Não que a aviação homologada seja melhor, são dois tipos diferentes”, afirma Luiz Fernando.

ONDE FICA

O Aeroclube de Caxias do Sul fica na avenida Salgado Filho, bairro Salgado Filho, próximo à entrada do Aeroporto Hugo Cantergiani. São oferecidos cursos como Piloto Privado de Avião (PPR), Piloto Comercial de Avião (IFR – PCM), Instrutor de Voo de Avião (INVA), entre outros. Mais informações pelo site www.aeroclubecaxias. com.br ou pelo telefone (54) 3213-2611.


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