Textando Setembro 2017

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Universidade de Caxias do Sul Curso de Jornalismo Laboratório de Jornalismo Impresso Número 1 – setembro 2017/04

Postão 24 Horas volta a respirar

Foto: Andressa Boiera

Abertura da UPA Zona Norte promete reduzir o tempo de espera nas filas e desafogar PA do Centro Pág. 3

População avalia SIM Caxias Pág. 2

Caxias disputará final do Enart Pág. 4

Setor imobiliário e crise Pág. 4


Foto:LucimaraPezente

Editorial

Procura-se o culpado Recompensa: oportunidade de reconstruir os alicerces de um País que busca força para mudar sua realidade

Na frente: Jennifer Bauer e Carina Santos. Atrás: Tainara Alba, Tatiana da Cruz e Marília Rosa.

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Reitor Dr. Evaldo Antônio Kuiava

ocê deve se perguntar: - Como chegamos a essa situação? E sa­ be que não é o único que anda a­­com­panhado desse questionamento. Ao mesmo momento em que percebe a dúvida, sente-se indignado com os úl­ti­mos acontecimentos políticos, que mergulham es­ sa importante parte da­sociedade mergulhada em um o­ceano sem fim de corrupção. Imensurável é o tamanho do lodo de­ escândalos que se desencadeiam, en­­volvendo figuras políticas. Basta ligar a televisão, ou ler qualquer manchete do jornal, para inteirar-se de mais um esquema de roubo do dinheiro público. Depois de cair no poço da desonestidade, você aca­ ba por conhecer o mais sujo e escuro lugar. Chegamos ao extremo. Ajudamos a­ afundar o Brasil e agora é preciso le­­vantar do fundo desse poço. Você po­de até dis­cordar, mas todos nós somos, par­cial­mente, culpados pelos

Diretora da Área de Ciências Sociais Dra. Maria Carolina Gullo Coordenador do Curso de Jornalismo Me. Marcell Bocchese Professora da disciplina Dra. Marlene Branca Solio

Campus-Sede: Rua Francisco Getúlio Vargas, 1130, Bairro Petrópolis CEP 95070-560 - Caxias do Sul/RS Fone: 54 3218-2100 ucs.br | facebook.com/ucsoficial | twitter.com/ucs_oficial

problemas que­ a sociedade brasileira enfrenta a­tual­mente. Não adianta revidar (ou querer se iludir), dizendo que a culpa não é sua. O Brasil dança em meio a problemas políticos e econômicos porque somos governados por uma corja gananciosa de supostos representantes da população. Contudo, você ainda vai ar­­gumentar que sempre existiu corrupção desde os tempos de colônia. Enfim, usamos plural para ver se algumas consciências despertam para compreender que somos nós, enquanto sociedade, os maiores cul­ pados pela triste rea­lidade com que nos deparamos. Ou será que você só enxerga cor­ rupção no cenário político? Pare de se iludir, pare de reclamar do sistema po­lítico do País. Não percebeu? A po­ lítica brasileira é apenas um reflexo da sociedade. Quem nos representa serve de espelho para nós mesmos.

Pesquisa mede satisfação com SIM Caxias Usuário avaliaram e aprovam as alterações do serviço de transporte público na cidade Jennifer Bauer

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Associação de Usuários do Trans­porte Coletivo de Caxias do Sul (As­sutran Caxias) realizou, no final de agosto, a oitava edição de sua Consulta Popular. Com o objetivo de veri­ficar as alterações que ocorreram com a implantação do SIM Caxias, a pesquisa também questionou os passageiros quanto à disponibilidade de frota nos horários de pico e à liberação do corredor de ônibus e conversões à direita autorizadas pela nova gestão mu­nicipal. O resultado da pesquisa foi divulgado em setembro, em audiência pública na Câmara de Vereadores. Ao todo, 16.774 usuários, sendo 9.052 mulheres e 7.722 homens, responderam a pesquisa, que revelou melhora deslocamento diário e proporciona economia no gasto com passagens com o SIM Caxias. Atualmente, a Visate, em­presa que opera o transporte público na cidade, tem uma frota com 340 ônibus que

contabilizaram mais de 31 milhões de passagens até o final de 2016. Segundo o presidente da Assutran, Cas­ siano Fontana, a participação da popu­lação é importante para manter a qualidade na prestação do serviço, além de fortalecer o debate em torno da integração das linhas. “Já se passou

ÍNDICE DE APROVAÇÃO A O SERVIÇO ATINGIU 97% EM PESQUISA mais de um ano desde que o SIM foi implantado. A população conseguiu se adaptar e percebeu os benefícios do sistema. Esse tipo de pesquisa de­ monstra como é importante a par­ti­ cipação das pessoas para medir a qua­ lidade dos serviços públicos”, comen­ta. O sistema de mobilidade urbana foi implantado em abril do ano pas­ sado, com o objetivo de melhorar a qualidade do transporte coletivo em Caxias do Sul.

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Resultado da pesquisa realizada pela Assutran


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Saúde na fila de espera Com greve dos médicos, Caxias vê na UPA Zona Norte o alívio da espera por atendimento

Levantamento de dados com base em entrevista realizada com Deysi Piovesan

Carina Santos e Tatiana Cruz

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m Caxias do Sul, vivencia-se mais uma greve de médicos. A primeira, em­2009, durou cerca de 9 meses. A segunda paralisação ultrapassa os 120 dias. Em meio à situação caótica, de mortes e longa espera por atendimento nos postos de saúde, a UPA Zona Norte está pronta desde 2014, sem entrar em funcionamento. Para falar sobre o tema e esclarecer al­­ gumas dúvidas da comunidade, conversamos com a Secretária Municipal da Saúde, Deysi Leana Bottin Piovesan, mé­dica há 36 anos, especialista em Saú­ de Pública e Psiquiatria, atuante na Se­ cretaria Municipal da Saúde há 28 anos. Atualmente, Caxias do Sul conta com­­48 Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), incluindo uma no Presídio do Apanhador, todas em atividade. No Bairro Cristo Redentor, uma UBS, fechada, está em fase de licitação de móveis e equipamento. No Pronto Atendimento (PA) 24 ho­ras, segundo Deysi, a média diária chega a 400 pessoas/dia e 80% dos a­ ten­­ dimentos são emergências ou ur­ gências. Para atender os pacientes, a escala de médicos no PA 24h é de cinco clínicos e três pediatras durante o dia, e três clínicos e dois pediatras à noite. No primeiro semestre de 2017, foram atendidas 75.862 pessoas no serviço. Mui­tos dos pacientes que procuram aten­ dimento no Postão costumam reclamar do longo tempo de espera, por conta das filas e do número de pessoas que vão até o Pronto Atendimento 24h.

Estima-se que com a abertura da UPA Zona Norte o número de atendimentos seja reduzido em até 30%. Por consequência, o tempo de espera dos pacientes no serviço também deverá diminuir, o que deve levar a ajustes no quadro de pessoal do Postão.

A GREVE

Deysi explica que as reivindicações dos médicos foram apresentadas ao Sindiserv no início de agosto. Segundo ela, há informação de que a administração municipal está elaborando um plano de carreira que deve contemplar todas as categorias de servidores, incluindo os médicos. Quanto à incorporação da

ESTIMA-SE QUE COM A ABERTURA DA UPA ZONA NORTE O NÚMERO DE ATENDIMENTOS SEJA REDUZIDO EM ATÉ 30% parcela autônoma, a prefeitura mostrouse disposta a estudar a viabilidade, considerando a situação das demais categorias que também a recebem e, especialmente, a sustentabilidade financeira da administração e do Instituto de Previdência e Assistência Municipal (Ipam); mas isso, requer a volta dos médicos ao trabalho. Em relação à estrutura dos serviços, a Secretaria Municipal do Planejamento (Seplan) já iniciou um mapeamento, pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), a fim de projetar melhorias estruturais. Segundo a secretária, a UPA contará com equipe interdisciplinar que deve

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realizar cerca de 350 atendimentos por dia. A empresa responsável por ad­ ministrar a Unidade de Pronto Atendimento deve contratar 279 funcionários diretamente, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, odontólogos, nutricionistas, assistentes so­­ ciais, farmacêutico, auxiliares de farmácia, técnicos de laboratório, técnicos de radiologia, diretor técnico, dire­ tor-geral, coordenador de en­ fermagem, agentes administrativos, co­ peiras, motoristas, recepcionistas, técnico em manutenção, técnico em informática, telefonistas, higienizadores

e vigilantes. A Comissão Fiscalizadora, que fará o controle, é formada por integrantes da Secretaria da Saúde, do Conselho Municipal de Saúde (controle social) e do Plano de Metas. Com a nova gestão compartilhada, as contratações, treinamentos e pagamentos dos funcionários é de responsabilidade da empresa que administrará a UPA Zo­ na Norte, com base na legislação que regulamenta o serviço, respeitando as definições da política municipal de urgência e emergência e atuando de forma integrada à rede SUS.

GERAÇÃO DE EMPREGOS


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Caxias carimba passaporte para Enart Sete entidades tradicionalistas representaram a cidade na etapa etapa inter-regional

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Tainara Alba

pós um final de semana de muita ar­te e cultura, o sentimento era de alegria para as entidades tradi­ cionalistas caxienses que participaram da etapa inter-regional do Encontro de Artes e Tradição (Enart) 2017. O evento realizado nos dias 26 e 27 de agosto em Santo Ângelo garantiu vaga a diversos jovens e adultos para a etapa final do con­curso.

A ETAPA FINAL DO ENART OCORRE EM NOVEMBRO, EM SANTA CRUZ DO SUL ­

Invernada Adulta CTG Negrinho do Pastoreio | Foto: TV Tradição

dicionalistas Romila Hoffman do Amaral e Ariel Vareiro Pereira do CTG Herdeiros da Tra­­dição; Tainara Alba e Pablo Costa Sant­ana do CTG Campo dos Bugres e Jonei Alexandre Ractz do CTG Aruá. Na Chula, outra modalidade bastante dis­­ putada, João Vitor Teixeira e Vitor Augusto Felizzari do CTG Velha Carreta conquistaram lugar. Na Gaita Piano, foi a vez de Luiz Miguel Melos Valin do CTG Sinuelo, entidade que concorre também na categoria Conjunto Instrumental. No Violino ou Rabeca quem vai re­ presentar o município é Maciel de To­ni, do CTG Campo dos Bugres. Na Viol­­a e no Violão, Rodrigo Ziliotto, do CTG Ne­ grinho do Pastoreio, e nas mo­da­lidades Pajada, Trova de Martelo e Trova Mi Maior de Gavetão, quem voltou pra casa com passaporte foi Pedro Alaor da Silva Merchel, do CTG Herdeiros da Tradição. Agora a preparação é para a etapa fi­nal que ocorre novembro, na cidade de Santa Cruz do Sul. Esse, que é consi­ derado pela Unesco o maior festival de arte amadora da América Latina, reúne participantes de todo o estado nas 23 mo­dalidades artísticas pertencentes ao concurso.

Setor imobiliário pensa em recuperação Instabilidade econômica é responsável por dificuldades enfrentadas pelo setor

Marília Rosa

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costumados com uma economia focada na expansão do crédito, taxas baixas e subsídios do go­ ver­no, no último ano os brasileiros vi­ v­ e­­­ ram a maior recessão desde 1948, segundo o Instituto Brasileiro de Geo­ grafia e Estatística (IBGE). Como se não bas­tas­­se, tiveram que conviver com um con­­­turbado cenário político, difi­cul­ tando ainda mais a reestruturação da

ou na locação de estabelecimentos comerciais e industriais. Real­mente, é preciso estabelecer um equilíbrio econômico, segundo ele. “Não pode ocorrer déficit nas con­ tas do governo, nem na balança de pagamentos; o controle da inflação preserva o poder de compra da moeda

Brich Gonçalves prevê recuperação a­ penas para 2018. Diante dos sinais de estabilização do desemprego e da in­flação próxima da meta, Gonçalves acredita que, a partir do próximo ano, as atividades no setor imobiliário serão re­ tomadas pouco a pouco, seja na venda de imóveis novos seja na de usados,

SETOR IMOBILIÁRIO PREVÊ INÍCIO DA RECUPERAÇÃO SOMENTE EM 2018 macroeconomia do País. A crise estabeleceu uma árdua rea­ lidade para diversos setores da eco­ no­­­­­mia brasileira. O imobiliário, por e­xemplo, teve que enfrentar dois anos consecutivos de retração, com restrição de crédito, aumento do número de dis­ tratos e das taxas de juro. Nada fácil para um segmento que depende do po­ der de compra das pessoas para crescer. Embora as expectativas de alguns sejam de recuperação ainda em 2017, o diretor do Instituto de Pesquisas Eco­ nô­ micas e Sociais, professor Roberto

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e colabora para a distribuição de renda. O Brasil tem uma dívida com as classes de renda mais baixa. Reduzir a desigualdade é uma condição para que se possa ter um sistema econômico equilibrado”.


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