A TURMA Revista-laboratório realizada pela turma da Disciplina Mídia Impressa. Vespertino, durante a 29ª Feira do Livro de Caxias do Sul de 2013
Foto: Maiquel Schmidt
Em pé: Rudinei, Michele, Paulo Henrique, Camila, Fernanda, Bianca, Vinícius, Henrique Zattera, Adelir , Henrique Gobbi, Ricardo, Giulia, Paulo Ribeiro, Marina, Angelo, Priscila, Bruna Agachadas: Luciane, Patrícia, Débora, Pâmela, Monica, Marina Isoton, Bruna Trubian
EXPEDIENTE
EDITORIAL
Reitor
Isidoro Zorzi
Por Paulo Ribeiro
Diretor do Centro de Ciências da Comunicação Jacob Raul Hoffmann
Mais do que a venda de obras, a 29° Feira
do Livro de Caxias do Sul apresentou uma inte-
Coordenadores dos Cursos de
ressante programação de debates e encontros. Não
Comunicação Social
se trata nem de chamar de programação paralela,
Jornalismo - Alvaro Benevenutto Júnior Publicidade e Propaganda - Marcelo Wasserman Relações Públicas - Jane Rech
pois os bate-papos e palestras estavam na essência dos 17 dias de feira. Uma integração entre a atividade dos livreiros e a mensagem dos autores que participaram dos vários paineis.
Professor da disciplina de
Na verdade, a feira apenas refletiu o que a
Mídia Impressa - Vespertino
Secretaria da Cultura, através da Coordenação do
Paulo Ribeiro
Livro, já faz ao longo do ano. Uma atividade que
Diagramação e Arte Vinícius Agliardi e Henrique Kuhn Gobbi
dá suporte para além do simples fazer chegar o livro ao público. Esta atividade é impulsionada por iniciativas como o PPEL (Programa Permanente
Fotos Divulgação da Feira do Livro Alunos da Turma Redação Adelir Rech, Angelo Luis Scopel, Bianca Vist Hahn,
de Estímulo à Leitura), Passaporte da Leitura, as contações de histórias, e outras inúmeras atividades que se desenvolvem na Biblioteca Largo da Estação, destinada ao público infantil.
Assim foi a 29° Feira do Livro: uma in-
Bruna Longo, Bruna Trubian, Camila da Costa,
tegração entre as obras presentes e a voz daque-
Débora Debon, Fernanda Prado da Silva,
les que as produzem, numa perfeita sintonia que
Francielle Arenhardt Pereira, Giulia Andreazza, Henrique Bettiato Zattera, Henrique Kuhn Gobbi, Luciane Karen Modena, Luís Henrique Bisol Ramon, Marina Demicheli, Marina Isoton, Michele dos Santos, Monica da Costa, Pâmela Pelizzaro, Patrícia de Cesaro Guilherme,
resultou em cerca de 25 bate-papos e palestras. Ressalte-se que paralelo à feira aconteceu ainda o encontro da AGES (Associação Gaúcha de Escritores) e o PROLER, Encontro Estadual de Leitura.
É a síntese destes encontros que o leitor en-
Paulo Henrique Prior, Priscilla Breda Panizzon,
contrará aqui, numa cobertura da quase totalidade
Ricardo Augusto de Souza, Rudinei Picinini
dos debates da 29° Feira do Livro de Caxias do Sul,
e Vinícius Agliardi.
edição de 2013.
ABERTURA IOTTI ABRE A REDE COM A LEITURA por Adelir Rech A 29ª feira do livro de Caxias do Sul, que aconteceu entre os dias 27 de setembro a 13 de outubro, contou com participação de 45 bancas e mais de 100 escritores
A
29ª edição da Feira
dente da associação dos livreiros,
princesas Gabrielle Debastiani e
do Livro de Caxias do
Cristiano Bartz Gomes e a presi-
Karina Furlin, que aproveitaram
Sul teve a sua abertu-
dente da Academia Caxiense de
a cerimônia para homenagear
ra no dia 27 de setembro e trouxe
Letras, Marilene Caon, também
Carlos Henrique Iotti com uma
o tema “Em rede com a leitura”.
estiveram presentes na solenida-
placa e o convidaram para ser
A abertura oficial aconteceu às
de, bem como o patrono da feira,
embaixador da Festa da Uva, que
18h no palco central da Praça
Carlos Henrique Iotti e as home-
acontece nos dias 20 de fevereiro
Dante Alighieri e contou com a
nageadas Iraci Hoch Maboni e a
a 9 de março de 2014.
presença do prefeito de Caxias
ilustradora Rita Brugger.
do Sul, Alceu Barbosa Velho, e
Estiveram também pre-
nadora da feira, Daniela Ribeiro,
secretários de Cultura e Educa-
sentes, as novas soberanas da
em seu discurso de abertura, en-
ção. A coordenadora da feira do
Festa da Uva 2014, a rainha Gio-
tendemos que a leitura trabalha
livro, Daniela Ribeiro, o presi-
vana Dannenhauer Crosa, as
com toda experiência vital do ser
De acordo com a coorde-
O patrono Iotti, o prefeito Alceu Barbosa Velho e homenageados tocam o sino de abertura da Feira do Livro
humano e é uma ferramenta da transformação social, auxiliando pessoas a se conhecerem melhor, levando à reflexão e discussão sobre o mundo e a vida humana, esse é o nosso papel enquanto formadores de leitores. “Estamos iniciando a nossa festa dos livros, assim traduzimos essa festa, assim traduzimos a 29ª edição do nosso maior evento literário, porque começamos aqui na praça, o valor O patrono Iotti recebeu uma placa do seu antecessor Gilmar Marcílio
do livro e da leitura na vida das pessoas.” Ela lembrou também a
libertador, porque ninguém fica
eu quero esmorecer, eu lembro de
acolhida dos inúmeros projetos de
igual depois de ler um
vocês, vocês me ensinam que sem-
incentivo à leitura, que o Depar-
livro. Tu aprimora, ele te melhora,
pre há um caminho. Eu compar-
tamento do Livro leva a diferentes
ele te liberta”, afirmou Iotti.
tilho essa homenagem então, com
segmentos da comunidade Ca-
A contadora de histórias
os meus ouvintes cegos e videntes
xiense.
Iraci Hoch Maboni declarou sua
para os quais eu sou leitora, e tam-
Irreverente, o cartunista
alegria em ser homenageada e
bém a minha família. O poeta Jai-
Carlor Henrique Iotti destacou a
agradeceu à Apadev (Associação
me Paviani no poema ao leitor diz:
importância da leitura e o senti-
de Pais e Amigos dos Deficientes
Abrimos os livros, só se lê a vida.
mento em ser patrono da segun-
Visuais), à Academia Caxiense de
Vamos aos livros”, destacou Iraci.
da maior Feira do Livro do Rio
Letras, ao Inav (Instituto da Au-
Grande do Sul. “As pessoas têm
diovisão) e à biblioteca pública.
abertura, o prefeito Alceu Barbosa
me perguntado durante esses dias,
Ela lembrou o apoio incondicional
Velho, juntamente com os demais
uma coisa muito comum, qual é o
que recebe no seu voluntariado.
homenageados, tocaram o sino,
sentimento de ser o patrono? Eu
“Para a turma da bengala branca
gesto simbólico que anunciou o
tenho respondido que são mui-
e dos óculos escuros e a turma da
inicio oficial da 29º Feira do Livro.
tos sentimentos! O sentimento de
baixa visão e também os colegas
Após a solenidade, Siane Salvador
alegria estar representando fes-
videntes que assistem a leitura,
fez sua apresentação musical. Du-
ta dos livros. O livro é um objeto
eu só posso dizer que pra mim é
libertador. Eu costumo dizer isso
rante o evento estão programados
uma grande alegria a convivência
nas escolas onde eu vou, eu digo
43 bate-papos com escritores lo-
com vocês, me faz crescer. A sua
pra gurizada, o livro é um objeto
cais, nacionais e internacionais.
coragem é contagiante, quando
No Final da cerimônia de
BATE-PAPO OFICINA DE CRIATIVIDADE ESCRITOR GONÇALO TAVARES por Angelo Luís Scopel Com o tema “Escrita, Linguagem e Imaginação: Modernidade e Tradição na literatura”, o escritor português ministrou uma oficina com várias dinâmicas
Durante o segundo dia da
lia), o Portugal Telecom de 2007
Em mais uma dinâmica,
29ª Feira do Livro de Caxias do
e de 2011, com o romance “Jeru-
ele pediu para todos desenharem
Sul, o autor Português Gonçalo
salém”, que foi incluído na edição
o que consideravam uma casa
Tavares ministrou uma oficina
europeia de “1001 livros para se
“errada”. Com isso, ele explicou
que aconteceu na Vitrine Cul-
ler antes de morrer”.
a diferença de “erro” e “erran-
tural na Casa da Cultura, com o
A oficina começou com a
te”, onde o erro é qualquer coisa
tema “Escrita, Linguagem e ima-
apresentação de todas as pessoas
que pode ser aproveitada criati-
ginação: Modernidade e Tradi-
que estavam presentes, pois Gon-
vamente, e o errante é sair sem
ção na Literatura”. A oficina du-
çalo argumentou que, “como não
destino. Concluindo a dinâmica,
rou cerca de três horas e meia e
iriamos mais nos ver”, fica
contou com mais de 25 pessoas.
mais fácil lembrar-se dos
Gonçalo Manuel Tava-
rostos. Logo depois, ele
res nasceu em 1970 na cidade de
iniciou uma breve expli-
Luanda na Angola, mas quanto
cação do funcionamento
tinha dois anos se mudou para
da linguagem, e que escre-
Portugal. Gonçalo é um professor
vemos apenas com alguns
universitário e escritor, ele teve
traços. “Escrever é fazer
sua primeira obra publicada em
traços”, explicou. Gonçalo
2001. Hoje, ele conta com mais
então argumentou sobre
de 20 obras publicadas e recebeu
o concreto e o abstrato:
diversos prêmios, como o prêmio
“Quando escrevemos, ten-
José Saramago 2005 (Portugal),
tamos colocar algo abstra-
Internazionale Trieste 2008 (Itá-
to em concreto”.
Gonçalo mostrou que mesmo algumas casas “erradas” serem parecidas, todas possuem qualidades diferentes. “É difícil revelar algo sem dar algo para pensar”, resumiu.
Outro tema levantado por
Gonçalo foi a relação entre a linguagem e a verdade, quando não deve existir a ideia que a linguagem captaria a verdade. “Não podemos escrever algo original sem ver de um ponto de vista diferente”. Ele trabalhou então outra dinâmica, onde cada participante tinha de descrever o colega ao lado sem nenhum adjetivo: “treinar o olhar, é treinar o escrever”, finalizou.
Gonçalo falou também Gonçalo M. Tavares: “escrever é fazer traços”
sobre o “acaso”. Ele se baseia nas circunstâncias que nos são dadas
e sobre um grupo que trabalhou
sobre seus livros), Gonçalo termi-
sem nenhuma necessidade. “A po-
escrevendo textos com esses tipos
nou o encontro dizendo: “o golpe
esia é um encontro raro de pala-
de regras na França, o Ouvroir de
mais incisivo vai se dar com a mão
vras”, comentou.
Littérature Potentiel (OuLiPo),
esquerda”.
O autor também propôs
que era um grupo de escritores e
uma atividade onde se escolhe-
matemáticos que trabalham com
ria cinco letras do alfabeto, e com
a libertação da literatura de uma
essas letras se teria de formular
forma paradoxal.
frases, retornando ao tema cria-
tividade. “Ser criativo é ser ra-
que a criatividade é “imprevisível”.
cional de uma forma diferente”.
Como a oficina se estendeu por
Gonçalo comentou rapidamente
mais tempo que o esperado (por-
sobre algumas regras de escrita,
que geralmente ele costuma falar
Gonçalo finalizou dizendo
BATE-PAPO O PENSAMENTO DE GONÇALO TAVARES por Giulia Andreazza
O escritor português esteve presente no dia 28 de setembro na 29ª Edição da Feira do Livro contando sobre suas criações literárias e sobre seu processo criativo para o público presente
Grandes escritores mar-
mio José Saramago (2005) e o
procura homenagear, por exem-
caram presença na 29ª Feira do
prêmio LER/Millennium BCP
plo, na série O Bairro, alguns
Livro de Caxias do Sul. No dia
(2004). Seu romance “Jerusalém”
escritores, seus pensamentos e
28 de setembro ocorreu um dos
foi incluído na edição europeia
suas obras. Ao ser questiona-
eventos mais esperados da feira:
de “1001 Livros Para Ler Antes
do sobre as obras O Bairro e O
o escritor português Gonçalo Ta-
de Morrer”e recebeu elogios do
Reino e as características de seus
vares participou de mais um de-
famoso escritor José Saramago.
personagens, Gonçalo explicou
bate, que ocorreu no auditório
sobre a ideia da diferença que
da Praça Dante
existe na realida-
Alighieri. O es-
de. “O Bairro
critor, mediado
tem mais a ver
pelo
ex-patrono
com o encantar,
da Feira do Livro e
filósofo
enquanto O Reino,
Gilmar
com o desencantar.”
Marcílio, contou sobre
Gonçalo
suas criações literárias e
cou, por outro lado,
seu processo criativo.
Gonçalo
que seus livros fazem um
Tavares
é considerado o prodígio
expli-
estudo sobre o mal. “Nós Ao iniciar o bate-
todos somos agentes do mal
da literatura portuguesa. Possui
-papo, Gilmar Marcílio questio-
e agentes do bem. Eu tenho
mais de 20 livros publicados e
nou sobre algumas de suas obras,
medo das pessoas que dizem que
recebeu os importantes prêmios
como O Reino, Aprender a rezar
nunca fizeram o mal. A pessoa
da língua portuguesa, como o
na Era da Técnica e Jerusalém.
pode ter 30 anos com atos muito
Portugal Telecom (2007), o prê-
Gonçalo Tavares explicou que
corretos e apenas um momento
lembrar da tabuada, e só pensam
para nós, longe de quem amamos,
em rezar”, explicou o escritor.
um tempo para exercitar a nossa
mente”, esclareceu.
Sobre a questão do tem-
po nos dias atuais, Gonçalo cri-
ticou como a sociedade faz com
quistas, Gilmar Marcílio questio-
que nos mantenhamos ocupados
nou o escritor sobre o que é im-
diariamente com tarefas que nem
portante conquistar nessa época
sempre são pertinentes, mas que
de urgências. Gonçalo Tavares
aparecem como urgentes. É como
deixou claro sua opinião dizendo
se as coisas só ganhassem sentido
que é preciso encontrar um pe-
quando temos urgência. O autor
queno esconderijo, um espaço só
diz que a boa pergunta é, “o que
nosso onde possamos fazer o que
devo fazer hoje enquanto não
queremos. “As pessoas têm medo
morro?” E ilustrou com a história
de não estarem a fazer nada. A
Gonçalo Tavares palestra na Feira do Livro e conta sobre suas criações
de Alexandre, O Grande, que si-
imobilidade social é quase uma
mulava sua morte toda noite antes
ameaça”, definiu.
com um ato muito terrível”, rela-
de dormir. “Um dia é uma coisa
tou.
enorme”, disse o escritor. Segundo
durante esses 12 anos de produ-
Falando sobre sua obra
ele, um ato urgente não é um ato
ção, não deixou de ler nenhum
Aprender a Rezar na Era da Téc-
importante. Atos importantes são
dia. O escritor também contou so-
nica, o autor contou sobre a mo-
aqueles que nos marcam. A ur-
bre essa nova lógica de produção e
dernidade e a decadência do reino
gência adia o importante.
reprodução de conteúdo que, com
humano. Gonçalo deixou clara a
relação entre o pensamento e o
seu processo criativo, Gonçalo
corpo. O autor percebeu que há
disse que é necessário abrir tempo
uma disputa entre a crença e o
e se isolar para começar o proces-
modelo capitalista. Para ele, existe
so de lucidez e criação. “Se quero
uma espécie de competição entre
fazer algo, tenho que tirar os obs-
essas formas de pensar que, de
táculos em frente ao tempo. O sim
certa forma, tortura o ser humano
exige tempo. Se queremos fazer
pela falta de equilíbrio. “O sécu-
um trabalho, temos que estar iso-
lo XXI é uma luta entre o som da
lados”. De acordo com o escritor,
oração e o som da máquina. Pe-
precisamos defender nosso espaço
dem-nos para rezar, mas só lem-
para desenvolver a criação artísti-
bramos da tabuada. Pedem para
ca. “Precisamos de um tempo só
Ao ser questionado sobre
Ao entrar no tema de con-
Gonçalo Tavares disse que
a internet, foi revolucionada e muitos textos se tornam públicos sem estarem amadurecidos o suficiente com o intuito de tornarem-se “escritores”. “O ato de escrever e o ato de publicar são duas ações muito diferentes. Publicar é uma violência. Escritor é quem escreve, não quem publica”, opinou.
Para encerrar o debate,
Gonçalo leu histórias de sua obra O Sr. Brecht e um espaço para perguntas foi aberto ao público.
BATE-PAPO OS ROMANCES POLICIAIS DE UM TEMPO REMOTO
por Marina Demicheli
Romancista policial, Willian C. Gordon publicou o primeiro livro depois dos 60 anos. Em bate-papo, contou que sua maior inspiração são os casos reais de tribunais
Advogado até os 40,
explicou que conseguia dominar
para fugir das crianças maiores
William C. Gordon se inspirou
o espanhol, pois viveu em um
que queriam lhe bater, ele recor-
em seus casos reais para compor
bairro americano povoado por
ria ao seu esconderijo predileto:
os personagens de seus livros. Na
muitos mexicanos. Neste mes-
a biblioteca. “Escrever é um ato
noite do domingo, 29 de setem-
mo local, o escritor contou que
de vingança de quem lê muito.
bro, em torno das 19h, no auditório da 29ª Feira do Livro de Caxias do Sul, em um bate-papo o escritor norte-americano contou ao público histórias de sua infância e os segredos por trás de seus mistérios.
Apaixonado pelos livros
desde sua adolescência, de um tempo quando os mistérios eram descobertos apenas pelo “faro” e pela astúcia, fez daquele período o ambiente dos todos seus livros. O romancista policial é casado com a aclamada escritora chilena Isabel Allende.
William Gordon iniciou o
evento se desculpando ao público por não falar português, mas
Gordon: Meu próximo livro será sobre perdas. Elas são as que tive em minha vida.
Eu sou um contador de histórias, mas muitos dizem que eu mesmo sou uma história.”, disse, referindo-se a todas os episódios vivenciados em uma infância difícil.
Segundo o advogado, as grandes inspi-
rações para suas obras foram os casos que teve ao longo de sua primeira profissão e, também, fruto de uma observação intensa, como aconteceu quando conheceu um chinês albino e o achou uma boa ideia de personagem para o seu livro O Mistério dos Vasos Chineses. Da mesma forma, confessou que em seus livros existem fragmentos autobiográficos. “Quem quiser me conhecer, que leia meus livros”, brincou.
Em todos os seus cinco livros publi-
cados, O Mistério dos Jarros Chineses, Vidas Partidas, O Anão, O Rei da Sarjeta e Os Corredores do Poder, o ambiente é um tempo onde não haviam computadores, celulares ou exames de DNA. Seu personagem, dito como o investigador, contava apenas com sua intuição para solucionar os mistérios que, por ser uma sua marca registrada, tinha uma reviravolta não premeditada pelo leitor.
Com cerca de 70 pessoas, o escritor
norte-americano encerrou o bate-papo por volta das 20h, contando como funciona seu processo criativo: afirmou que não sabe de onde vem sua criatividade, porém quando surge um “gancho” é quase impossível parar de inventar. William C. Gordon concluiu ressaltando a importância de sua esposa em todas as fases desde que se conheceram.
Gordon: Minha esposa costuma dizer que tenho uma concentração de 11 minutos.
BATE-PAPO A CRIAÇÃO LITERÁRIA
por Marina Isoton
Em um bate-papo literário, os dois autores caxienses, Ângela Broilo e Luiz Narval, tiveram a oportunidade de falar sobre o processo criativo e as técnicas utilizadas
A 29ª Feira do Livro de Caixas do Sul contou
contra as suas deficiências. Além disso, Ângela acha
com a presença de dois escritores da cidade a noi-
que sempre tem muito a aprender. “Leia os autores
te do dia 30 de setembro, segunda-feira. O debate
que você gostaria de ser”, indicou.
acompanhado por mais de 30 pessoas, teve a parti-
cipação de Ângela Broilo e Luiz Narval. O evento,
Rue Lafayette e Era em pleno dia ascensão da noite,
que iniciou às 19 horas, foi mediado pelo também
diz ter uma escrita erudita, e que seu posicionamen-
escritor, Uili Bergami.
to é muito forte, pois acredita que com um pensa-
Luiz Narval, autor dos livros A Mansão da
mento já traçado, fica mais fácil seguir um caminho. Ao contrário de Ângela, ele revelou que o escritor precisa gostar do que escreve e que não tem um leitor ideal. Para ele, se o livro que escreveu agradou pelo menos uma pessoa, já é o suficiente. “Um livro pode ser um erro ou um acerto”, disse o autor que
Os escritores, ambos com duas obras publi-
busca escrever sobre “algo sólido”.
cadas e ganhadores de concursos literários, relata-
Para finalizar o bate-papo, o mediador abriu
ram como funciona seu processo criativo. Revela-
espaço para o público fazer perguntas aos escritores,
ram para quem escrevem, como utilizam a técnica
que prontamente foram respondidas.
para escrever algo sólido que valha à pena para as duas partes, a do escritor e do leitor, e a motivação que eles têm para criar.
Ângela Broilo, que participou das antologias
A árvore da vida e Nos trilhos da história, conta que levou cinco anos para que ficasse pronto seu livro Hiperestesia. A autora contou que seu processo criativo é lento, pois gosta de pesquisar muito antes de escrever e de ser verdadeira no momento da escrita. Ela se autodenomina “obcecada” em aprender e luta
Ângela Broilo, Uili Bergamini e Luiz Narval: bate-papo caxiense
BATE-PAPO LITERATURA INFANTOJUVENIL COM PRATAS DA CASA por Camila da Costa Na terça, dia 1º de outubro aconteceu na Praça Dante um encontro com os escritores Flávio Luis Ferrarini e Kalunga, com mediação da também escritora e contadora de histórias Helô Bacichette
Valorizar os escritores re-
Ferrarini e Kalunga, e mediação
manário, participou de antolo-
gionais é também papel de uma
da também escritora e contadora
gias literárias como Quando as
feira do livro. Assim, na terça-fei-
de histórias Helô Bacichette.
Folhas Caem, Letras do Brasil e
ra, dia 1º, foi a vez de duas “pratas
Flávio Luis Ferrarini tra-
Poetas do Rio Grande do Sul. Sua
da casa” falarem com o público
balha como publicitário em Ca-
obra mais recente, Bento Bandi-
na 29ª Feira do Livro de Caxias
xias do Sul, é escritor de mais de
ni - Seja Você Mesmo, foi lançada
do Sul, no auditório da Praça
20 títulos, nos gêneros de contos,
em maio, e, como os livros ante-
Dante Alighieri. Tendo em pauta
crônicas, poesia, poesia em pro-
riores, já está sendo trabalhado
a Literatura Infantojuvenil, o de-
sa, epigramas, novela e narrativa
em escolas.
bate contou com a presença dos
infantojuvenil. É também colu-
escritores regionais Flávio Luis
nista do jornal O Florense e Se-
animador cultural, compositor e
Kalunga é poeta, contista,
Kalunga: o adulto que tem sensibilidade também vai gostar do infantojuvenil
palestrante, participa de projetos
e agora está sendo cada vez mais
mido, optou em publicar seus li-
como Autor Presente, Adote um
procurada, porém é necessário sa-
vros apenas em Caxias: “no início
Escritor, Fome de Ler e Lendo pra
ber o que o público quer e sempre
eu pensava em fama, dinheiro e
Valer. Em seu nome tem 20 títu-
motivá-los”. Kalunga ressalta a im-
mulheres, hoje em dia, apenas ser
los publicados para o público in-
portância do incentivo da escola
lido e reconhecido já está bom. Se
fantil e infantojuvenil, entre eles
para que essa literatura continue a
fosse um gênero mais consumido,
o mais recente, Gre-nalzinho é
existir: “é muito importante traba-
talvez eu tentaria, mas prefiro es-
Sempre Gre-nalzinho. Também já
lhar o boca a boca, cada professor
crever para menos pessoas, com
gravou três CD’s infantis: Canção
que elogia vale mais do que dez
mais qualidade.”
do Amiguinho, Kalunga Criança
artigos publicados no jornal”.
– Vol. I e II.
Indagado se utiliza uma
colega, não se acomoda: “faço
Ao responderem ao ques-
linguagem específica quando es-
tudo hoje como se fosse o primei-
tionamento se a Literatura In-
creve para o público infantojuve-
ro livro que escrevi, procuro edi-
fantojuvenil realmente existe, os
nil, Kalunga explicou: “Eu respeito
toras, recebo mais não do que sim,
convidados afirmaram que, sim.
muito o crítico literário, me preo-
mas não me abalo com não. As
Ferrarini acredita que esse gênero
cupo com a linguagem, porém,
coisas acontecem para quem está
literário existe e sempre vai exis-
escrevo sem freios, e minha pre-
no meio, está no mercado.”
tir: “é essencial essa literatura, pois
ocupação maior é: tomara que dê
até pouco tempo atrás não existia
certo”.
presença de 20 pessoas, das quais
literatura para essa faixa de idade
Ferrarini, que diz ser tí-
Kalunga, ao contrário do
O bate-papo contou com a
a maioria era da terceira idade.
Flávio Luis Ferrarini e Kalunga no debate sobre literatura infantojuvenil
BATE-PAPO ANTÔNIO TORRES DIZ QUE NÃO HÁ CRÍTICA LITERÁRIA
por Ricardo Augusto de Souza
Em encontro mediado pelo cronista Tiago Marcon, o escritor voltou à Feira do Livro de Caxias, falou de sua relação com as palavras e socializou percepções acerca da literatura contemporânea
Uma das atrações da 29ª Feira do Livro de
te, da música, notou o quanto as palavras, quando
Caxias do Sul foram os bate-papos, realizados dia-
dispostas de determinada maneira, possuem poder
riamente, às 19h, no Auditório da Feira. No dia 2 de
de tocar os seres humanos. “Elas (a música e a poe-
outubro, o convidado foi o renomado escritor Antô-
sia) atingem até os analfabetos de alguma maneira”,
nio Torres, que participou também da 24ª edição da
afirmou. Diante disso, Torres destacou também o
Feira, em 2007. Torres falou sobre a importância da
quanto esses fatos da infância forjaram o adulto que
literatura na infância e lamentou a ausência de uma
ele é. “Para mim, o menino é que é o pai do homem”,
crítica literária mais rígida atualmente. O responsá-
opinou.
vel pela mediação foi o cronista Tiago Marcon.
Antônio Torres é natural de Junco, pequeno
povoado que hoje corresponde à cidade de Sátiro Dias, no interior da Bahia. Sua estreia na literatura ocorreu em 1972 com o romance Um cão uivando para a lua, considerado pela crítica “a revelação do ano”. Entre seus romances, destaca-se a trilogia composta por Essa Terra (1976), O cachorro e o lobo (1997) e Pelo fundo da agulha (2006). Recebeu os prêmios Machado de Assis pelo conjunto da obra e Zaffari & Bourbon por Meu querido canibal.
Descontraído e alegre, Antônio Torres ini-
ciou o debate ressaltando a importância da infância na construção do sujeito. O autor comentou que, ainda na escola, durante o desfile de 7 de Setembro, recebeu a tarefa de recitar versos do poeta Castro Alves. Segundo ele, ao olhar para as pessoas emocionadas diante da poesia e, posteriormen-
Segundo o escritor Antônio Torres “a literatura está ficando no gueto”.
Indagado sobre como havia descoberto seu talento
para a literatura, comentou que a iniciação à escrita se
que é cada vez mais difícil conceber uma crítica apro-
deu de forma romântica. Segundo ele, ainda no ser-
priada aos jovens escritores, pois eles possuem uma
tão, escrevia cartas de amor “encomendadas” por me-
sede de publicação e o sucesso comercial, às vezes,
ninos ou meninas que não tinham coragem de fazer
faz com que se sintam superdotados. Para o autor, no
uma declaração ao vivo à pessoa amada. O escritor
caso dos blogs, essa crítica é praticamente ausente e
disse que, por meio das cartas, descobriu a importân-
o efeito disso é sentido na qualidade da produção li-
cia das palavras para as pessoas. “Isso me levou para
terária contemporânea. “A avaliação é extremamente
as letras com a percepção do quanto a literatura pode
necessária. No meu tempo, você aprendia no esporro
fazer bem para o outro”, destacou.
do chefe”, enfatizou.
Sobre a relação com outros escritores, Torres
Outro fator que preocupa o escritor é o fato de
Antônio Torres ainda aproveitou o bate-papo
contou dois fatos marcantes de sua carreira. O pri-
para criticar a relação das pessoas em geral com os
meiro deles aconteceu em Portugal, onde um poeta
livros hoje. Para ele, há um mercado que se apropriou
português, após ler um de seus textos, o acolheu e in-
da literatura como uma mercadoria que cria a ilusão
centivou Torres a dedicar-se à escrita. Outro aconte-
de que ela está em alta no século XXI quando, na ver-
cimento marcante para Antônio Torres foi a amizade
dade, o que está em alta é o consumo como um todo.
que construiu com o também escritor Moacyr Scliar.
“Quem está em alta é o produto livro. A literatura
Segundo o autor, os dois se conheceram durante um
não, ela está ficando no gueto”, lamentou. Por fim, o
evento em Frankfurt e a partir dali a amizade só cres-
escritor respondeu a algumas perguntas e distribuiu
ceu. “Moacyr Scliar ficou meu irmão”, enfatizou.
autógrafos aos presentes no evento.
No momento em que o bate-papo foi para a
questão dos temas literários, Antônio Torres não titubeou. Para o autor, a questão da morte é tema não só muito presente na literatura, mas, sim, em toda a existência. “A morte é o grande tema da vida!”, disparou.
Ao entrar no debate acerca da nova dinâmica
de escrita proporcionada pelas novas tecnologias, o escritor foi irônico e cutucou as identidades superficiais que brotam nesse novo contexto de “virtualização” do mundo, onde todas as pessoas querem passar a imagem de que sabem fazer tudo, principalmente quando o assunto é escrever. “Há mais escritor que gente hoje no mundo. Na verdade, há mais tudo que tudo no mundo hoje em dia”, brincou.
BATE-PAPO O INCENTIVO NA FORMAÇÃO DE LEITORES por Bianca Vist Hahn Com o apoio à leitura é possível resgatar tradições, criar hábitos da leitura e da imaginação e explorar o universo literário através dos livros
A leitura na infância e na
foi questionado sobre a influên-
criança, porém na adolescência
adolescência tem valor na forma-
cia da leitura em sua adolescên-
não gostava de ler, tinha pregui-
ção e alfabetização de alunos. Na
cia. Ao contar sua história, ele
ça. Porém, essa percepção da lei-
29° Feira do Livro em Caxias do
declarou que lia muito quando
tura mudou a partir do momento
Sul este tema foi proposto para um bate-papo ocorrido na quinta-feira, 3 de outubro. Conduzido pela jornalista Vania Marta Espeiorin o debate teve a participação do convidado Luiz Eduardo Matta.
O escritor Luiz Eduardo
Matta possui mais de dez livros publicados, sendo a maioria de suas obras voltadas ao público jovem e infantil. Seus livros são amplamente adotados em salas de aula. É membro da AEILIJ – Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil.
Ele afirma que a li-
teratura enriquece muito mais que ver filmes e novelas, diverte aprendendo, tem um lado que se está apreendendo com a ficção. Para o início do debate, o autor
em que na escola foi solicitado que
pelo professor. “Sinto-me otimista
ra se insere em diversos meios.
ele lesse um livro do gênero poli-
em relação ao progresso do Brasil
Quando estimulado desde crian-
cial, e foi aí que começou a pren-
relacionado à leitura e incentivo”,
ça, o incentivo a leitura só tem a
der sua atenção e criar aspiração
disse o escritor.
somar. Para finalizar, Matta in-
pela leitura. “Não gostava de ler,
Solicitado que descrevesse
centivou a plateia com seguinte
foi o livro certo que me entusias-
o seu processo criativo o que ele
declaração: “Nossa língua é mui-
mou a ler”, contou.
leva para a escrita e sobre o envol-
to linda. Vamos conhecer mais.
Matta revelou que os seus
vimento dele nas histórias, Matta
Aprender com os livros nos trans-
formadores foram à professora de
explicou que é um exercício de
forma como pessoas”.
língua portuguesa e uma livreira
alto controle, de não se apegar aos
de 65 anos, que revelaram para ele
personagens e que a história não
a leitura no País. Alguns estudos
se perca. Além disso, gerando ri-
revelam que antigamente o maior
sos na plateia, afirmou que assistir
estimulador da leitura era a mãe,
novelas me inspira a escrever.
no entanto, nos dias de hoje, esse
papel passou a ser desempenhado
servado de fato que o tema leitu-
Durante o debate foi ob-
Matta afirma que é possível através da leitura voltar a ser criança
BATE-PAPO IOTTI É DESTAQUE NA 29ª FEIRA DO LIVRO por Vinícius Agliardi O patrono do evento, Carlos Henrique Iotti, participou de uma conversa e um Pocket Show, quando contou um pouco sobre a criação de seus personagens
A 29ª Feira do livro, com
gens. Radicci já esteve em rádios,
o que eu tenho que fazer. Estes
o tema “em rede com a leitura”,
revistas, na televisão e até mesmo
personagens. Uma maneira de
promoveu no dia 04 de outubro
na copa do mundo. Em 1997, Iot-
homenagear o colono”, disse.
um bate-papo e Pocket Show
ti ganhou o HQMIX, prestigiado
com o cartunista Carlos Henri-
prêmio de quadrinhos brasileiro.
fez Radicci com todas as carac-
que Iotti, patrono da feira. Iotti é
terísticas de um anti-herói, que o
o criador de personagens como
laríssimo Radicci. Iotti contou
personagem é tei-
Radicci, Irmão Benildo, entre ou-
que a ideia para seus personagens
moso,
tros.
foi a partir da observação dos
Carlos
Henrique
Em 1983 nasceu o popu-
Iotti
moradores de Caxias do Sul. “Há
é jornalista e cartunista, e suas
30 anos, eu estava com a incum-
charges bem humoradas e acom-
bência de criar um personagem,
panhadas de crítica social e polí-
e eu não tinha ideia. Estava
tica levam os leitores a buscarem
voltando para casa, e vi
informação sobre o dia-a-dia.
um casal no supermerca-
Aos 16 anos, começou a sua car-
do, e a mulher casualmen-
reira com o desenho, e após con-
te se chamava Geno-
cluir a graduação em jornalismo,
veva, e aí eu olhei
criou seus primeiros persona-
e disse: está aí
Iotti disse também que
Iotti: O Radicci tem a cara do gringo
insistente, possui fisionomia baixa, é rechonchudo
espaço para perguntas e distribuiu autógrafos no livro
e não trabalha. Características generalistas do
30 anos de Radicci, que saiu na Coleção L&PM
“gringo”.
Pocket com tiras inéditas.
Genoveva, esposa da figura principal, foi
criada e não aparece muito, porém é ela que, segundo o cartunista, manda na história e também é sujeita a “atentados terroristas” de Radicci. Além destes, a história também possui personagens como Guilhermino, o filho Hippie e Nôno, o patriarca da família.
O cartunista contou que frequentemente é
confundido com seu personagem principal, e por casa disto, decidiu criar a Jaquirana Air, uma história que acontece a bordo de um avião. Uma associação entre o toque gauchesco da companhia ao serviço da Varig no interior do Estado nos anos 1970.
Mais adiante, Iotti originou mais persona-
gens, incluindo o padre Irmão Benildo, inspirado em seu professor de escola e criado apenas para o rádio. A criação do mesmo se deu ao fato do humorista querer falar coisas que, segundo ele, não podia.
Após o término do bate-papo, Iotti abriu um
BATE-PAPO MARCIA TIBURI, DE CORPO E ALMA por Henrique Bettiato Zattera Permeando pelos mais variados assuntos, Marcia compartilhou sua concepção de filosofia tradicional e contemporânea a partir de suas obras, de maneira acessível e bem humorada
As relações e correlações
cord, 2009) e o romance Magnó-
gens, Caetano questionou como
da filosofia com a existência hu-
lia, indicado ao prêmio Jabuti de
Marcia lidava com sua mãe e
mana foram os eixos que condu-
melhor romance em 2006. Escre-
como lida, hoje, sendo mãe. A
ziram o bate-papo com a escri-
veu para várias revistas e jornais
escritora afirmou que mãe quer
tora, filósofa e professora Marcia
e, desde 2008, é colunista da Re-
seu filho como quer a si mesma,
Tiburi, na 29ª Feira do Livro de
vista Cult, além de participar de
e de um modo geral a mulher
Caxias do Sul. O evento acon-
inúmeras entrevistas e debates
possui muito isso, talvez por ter
teceu no dia 05 de outubro, no
em programas de televisão.
naturalmente o instinto mater-
auditório da feira e foi mediado
O bate-papo iniciou com
no. Deixou claro, também, que a
pelo psicanalista Caetano Olivei-
foco direto na filosofia clássica,
maternidade é algo feminino, já
ra. O debate foi marcado por um
analisando o estereótipo de que
a criação de um filho é uma res-
confronto saudável e interativo
a filosofia está fundamentada em
ponsabilidade coletiva, do pai, da
entre os dois profissionais. “Insis-
jargões. Marcia argumentou que
mãe, da tia e da avó. Na relação
tem em colocar uma filósofa para
jargões na filosofia são comuns,
mãe e filho, Marcia critica essa
debater com um psicanalista, não
porém o pensamento construído
ação, porém não nega que seja
sou louca, apenas sou melhor do
através de jargões bloqueia a ex-
um dos mecanismos mais fáceis
que ele (psicanalista)”, começou
periência do próprio pensamen-
de “vencer” uma criança.
Marcia, tirando risos da plateia.
to. De acordo com ela, por muito
Marcia Angelita Tiburi
tempo a filosofia vem sendo re-
Marcia trouxe sua obra Era meu
nasceu em Vacaria, Rio Grande
gida por reflexões importantes,
esse rosto, onde estão registra-
do Sul. É graduada em filosofia
porém antiga, o que nos torna
dos todos os fatos que marcaram
e artes, mestre e doutora em filo-
capazes de inventar nossa pró-
seus primeiros anos de vida, as
sofia. Publicou diversos livros de
pria filosofia.
memórias, as vivências e histó-
filosofia, entre eles As Mulheres
que
rias ocorridas quando criança. Já
e a Filosofia (Editora Unisinos,
atualmente a educação das crian-
em seu livro Filosofia Brincante,
2002) Filosofia Brincante (Re-
ças é criada a partir de chanta-
a autora caracterizou a infância
Contextualizando
No âmbito da infância,
como uma experiência da linguagem, uma libertação
o público. Caetano concluiu esse pensamento argu-
da mente e disse que essa prática é fundamental para
mentando que atualmente ninguém mais propõe, to-
quem escreve poesia, literatura e inclusive filosofia.
dos incorporam o que está pronto.
Marcia ironizou afirmando que todos que estavam
presentes no bate-papo pareciam crianças, com os
verdadeiro significado de filosofia. Segundo ela, a fi-
olhos brilhando e prontos para absorver o máximo
losofia não é uma especialização de nada, é apenas
de informações.
um fluxo de pensamentos. Com a filosofia você pode
Outro livro citado foi Sociedade Fissurada,
tudo, assim como o pensamento. Marcia completou
no qual Marcia abordou o tema das drogas. Ela argu-
que as pessoas pensam para ficarem felizes. “Nesse
menta que teve o intuito de levantar a questão da res-
momento eu sou um ornitorrinco, porque eu real-
ponsabilidade social comprovando que esse proble-
mente tenho uma ligação muito forte com esse bicho,
ma não atinge somente consumidor, mas a sociedade
e eu sei que se eu fosse ele, eu seria muito feliz. Por
em geral. Marcia explicou que existem dois tipos de
isso gosto de pensar nisso”, disse. E finalizou que o
drogas, as ilícitas e a lícitas. A autora deduziu que to-
nosso pensamento, assim como a filosofia, não existe
dos sabiam o que eram as drogas ilícitas, então se fo-
para explicar o mundo, mas para inventar o mundo
cou na outra. De acordo com Marcia, as drogas lícitas
onde nos sentimos felizes.
Marcia finalizou o bate-papo construindo a
são quaisquer coisas que atinjam nossos sentimentos, como a música, a leitura, ou para ela, a filosofia. “As pessoas buscam drogas químicas para sentirem prazer, porém nunca tentaram misturar literatura com filosofia. É só ler um livro que te deixe louco que vocês verão o que é o mais profundo prazer”, sugeriu.
Instigada sobre a real definição de razão, Mar-
cia defendeu que a razão é muito posterior ao nosso corpo. “Desenvolvemos a linguagem, a política e depois esboçamos um cálculo, uma tentativa de unir o que não tem conexão, é aqui que nasce a razão”, disse. Segundo a autora, atualmente podemos dizer que a razão é um afeto, pois para as pessoas que não sabem pensar, existem outras pessoas que pensam por elas. O exemplo dado por Márcia foram os publicitários, que criam o pensamento e o vendem para os outros. Marcia justificou que hoje as peças publicitárias não criam dúvidas ou questionamentos como antigamente, elas apenas traduzem uma ideia e repassam para
Marcia Tiburi: hoje sou um ornitorrinco
BATE-PAPO ENTRE A AUTORA E O PERSONAGEM por Patrícia de Cesaro Guilherme A escritora Tatiana Levy compareceu à Feira do livro de Caxias do Sul para uma conversa sobre a carreira, a vida, e comentou sobre suas obras Chave de casa e Dois rios
A 29° Feira de Caxias do
próprios sentimentos que carre-
a trajetória do irmão pelo mun-
Sul contou com a presença da es-
ga. A autora revelou que adora
do, contada por ele mesmo.
critora Tatiana Salem Levy que
viajar e conhecer lugares novos,
veio diretamente de Lisboa para
que isso traz grandes ideias para
lançado primeiramente em Por-
um bate–papo no auditório da
seus livros. “ Viajar é como um
tugal, já vendeu mais de 30 mil
feira, quando falou sobre sua car-
livro, você conhece muitas cultu-
exemplares e recentemente saiu
reira, história de vida, as obras e
ras”, indicou.
a edição de bolso pela editora
A obra Chave de casa foi
futuros lançamentos.
Record. O livro conta a história
Tatiana é escritora e
de uma paixão violenta, fala que
descendente de judeus turcos,
a dor está em tudo que existe
que nasceu durante a ditadura
e como lidar com isso na vida,
militar,quando a família estava
também traz a história de judeus
exilada em Portugal. Nove meses
e muçulmanos que foram expul-
depois do nascimento, voltaram
sos da península Ibérica pela in-
para o Brasil, beneficiados pela
quisição.
Lei da Anistia brasileira.
Ela contou que sempre
Conforme Tatiana, nem
Tatiana falou ainda sobre
todo autor consegue escrever
teve dificuldades de falar em
seu livro Dois rios, que conta a
sobre a dor. Ela que está passan-
público, mas que hoje consegue
história de dois irmãos gêmeos
do por uma ótima fase na sua
lidar melhor com a situação.
que cresceram sem a presença
vida,comentou que não consegue
“Desde pequena eu leio bastante,
do pai, e ao longo dos anos suas
escrever sobre algo se não está
minha família sempre foi da lei-
vidas foram tomando rumos di-
sentindo a mesma emoção no
tura, minha mãe era jornalista e
ferentes. A história é conduzida
momento e garante que prefere
sempre me incentivou”, revelou.
por duas narrativas, que traz no
ser feliz a ter que sofrer por uma
De acordo com Tatiana, sua ins-
primeiro momento a versão da
história. “Cada autor tem um
piração para escrever vem dos
irmã sobre a vida, e depois sobre
processo”, conclui.
BATE-PAPO A ARTE DA POESIA COMO CATARSE por Priscilla Breda Panizzon Os poetas caxienses Bernardethe Zardo e Leandro Angonese, cada qual com o seu estilo, discutiram como se desenvolve o difícil e maravilhoso processo da escrita poética
O filósofo Aristóteles, na
tos, recebeu, neste ano, o primei-
“O ato de escrever é a primei-
Grécia Antiga, já destacava o po-
ro prêmio no Concurso Anual
ra tentativa de o homem entrar
der do multifacetado verbete “ca-
Literário de Caxias do Sul. Tam-
em contato com o seu espírito.
tarse”. O tema, que é tão antigo e
bém membro da ACL, o meta-
Quando eu escrevo, encanto-me
ao mesmo tempo tão atual, foi o
lúrgico e poeta Leandro Angone-
com o meu próprio espírito”, afir-
assunto de um bate-papo com os
se é autor dos livros Palavras ao
poetas Bernardethe Pierina Ghi-
Vento, Pá de Cata-vento e
dini Zardo e Leandro Angonese,
Orações de um Ateu.
com a mediação do escritor Uili
O escritor tam-
para perdurar
Bergamin, na noite da terça-fei-
bém faz parte
a fascinação
ra, dia 08 de outubro, durante a
do Grupo de
pela vida.
programação da 29ª Feira do Li-
Estudos Lite-
Questio-
vro de Caxias do Sul. No Auditó-
rários Litteris
nada quanto
rio da Feira, em meio a ansiosos
Te Deum.
ao exercício de
espectadores – e ao sopro quase
Reco-
catarse nas suas
musical do forte vento – a insti-
nhecida como
obras, Bernar-
gante temática foi o centro das
uma autora de
dethe – que é
atenções.
“poesia de encan-
tamento”, Bernarde-
Integrante da Academia
mou. A alegria e o prazer de poetizar é um dos combust íveis
fã da poetisa chilena Gabriela
Caxiense de Letras, Bernardethe
the classifica o ato de escre-
Mistral – diz que o
Zardo é graduada em Educação
ver como uma das mais sublimes
processo de lidar com as pala-
Artística e tem pós-graduação
formas de comunicação. Para ela,
vras é, sem sombra de dúvida,
em Folclore e em Filosofia Práti-
escrever é a maior experiência do
um exercício catártico; a enorme
ca. A escritora participou de an-
sagrado, uma vez que quando se
complexidade de versar é, logo, o
tologias locais e publicou o livro
está verdadeiramente em con-
melhor exemplo para essa cons-
de poesias A menina do Arco.
tato com o sacro, acontece uma
tatação. Angonese, dono de uma
Estreando na categoria de Con-
espécie de comunicação interna.
poesia mais angustiosa, tem nas
Bernardethe e Leandro: os autores debateram a ânsia da literatura poética
aflições do dia a dia a inspiração
o escritor, os livros fazem pensar,
to envolvida em lágrimas, quanto
para escrever. “Catarse para mim é
fortificam o cérebro, fazem-no
em sorrisos. Catarse, nas veias de
purificação, é livrar-se das angús-
trabalhar os seus músculos. Mais
quem escreve, é sentir o êxtase
tias que tomam conta dos meus
do que isso, eles desenvolvem o
em contar histórias para si e para
dias, da minha vida”, destacou.
senso crítico nos seres humanos –
o mundo. É tornar o indescritível
e cidadãos.
em versos, é deleitar-se ou sofrer,
poemas de Augusto dos Anjos,
por amor às palavras.
Angonese diz que não é comum
que, por várias vezes teve a par-
encontrar a poética no chão de
ticipação do público, a ques-
fábrica, em meio ao maquinário
tão da catarse ainda suscitava
que trabalha sem parar. Em uma
algumas dúvidas – talvez os
sociedade cada vez mais “super-
questionamentos sobre ela e a
sônica”, é essencial que se volte
criação literária nunca tenham
a atenção ao eu, à identidade de
fim. Entretanto, é fato que a
cada um que acaba se dissipando
catarse não precisa (nem deve)
por entre as novas tecnologias.
necessariamente ser algo ruim,
“Se não soubermos quem somos,
como o expurgamento da triste-
como podemos mudar o mundo?
za. Afinal, catarse também pode
Desse modo, somos marionetes
ser, sem problema algum, o
de quem sabe quem é e onde quer
extravasamento da alegria. Ex-
chegar”, destacou. De acordo com
purgar pode ser uma ação tan-
Inspirado pela dureza dos
Ao final do bate-papo,
Ilustrações: Manoela B.
BATE-PAPO MARIA HELENA BALEN DESFIA O ESTILO DE LYGIA FAGUNDES TELLES por Luciane Karen Modena Escritora caxiense abordou a vida e a obra da autora, que já recebeu o Prêmio Camões e ocupa, aos 90 anos, a 16ª cadeira da Academia Brasileira de Letras
Lygia Fagundes Telles foi
Feira do Livro de 2009. Maria
Uma de suas obras mais conhe-
o assunto que alimentou um dos
Helena ainda leu trechos de dois
cidas é Ciranda de Pedra (1954),
bate-papos do dia 08 de outubro,
contos, destacando a capacidade
adaptada para telenovela em 1981
no auditório da 29ª Feira do Li-
de Lygia em criar imagens textu-
e em 2008. Também escreveu As
vro. A atividade abordou a vida,
ais.
Meninas (1973), que recebeu o
a obra e o estilo da autora, tra-
A escritora paulista tem,
prêmio Jabuti em 1974 e foi aos
balhadas pela escritora caxiense
aos 90 anos, uma carreira con-
cinemas em 1995. Pelo conjunto
Maria Helena Balen, patrona da
sagrada na literatura nacional.
de sua obra, foi agraciada com o
Maria Helena: “Minha escrita era anêmica antes de ler Lygia”
Prêmio Camões em 2005, o mais importante da língua portuguesa.
A palestrante Maria Hele-
na Balen, que também é professora, produz crônicas semanalmente para o jornal Pioneiro, e se diz influenciada pelo estilo de Lygia. Maria Helena destacou a habilidade da autora com o desenvolvimento de contos a partir de situações banais do cotidiano. “O jeito de ela escrever torna cada conto um clássico”, mencionou. Ela também citou que Lygia escrevia todos os tipos de ficções, incluindo romances policiais.
Outro aspecto abordado
por Maria Helena foi a contemporaneidade e o pioneirismo da autora. De acordo com a cronista caxiense, Lygia publicou seu primeiro livro em 1931, e contemplou três gerações com suas obras. Ela ainda pontuou que a autora sofreu com a separação dos pais em 1936, cursou Educação Física e Direito, e chegou a casar-se por duas vezes. “À época, todas essas atitudes eram muito incomuns”, destacou.
A escrita repleta de ima-
gens, metáforas e figuras de linguagem conquistou Maria Helena. “Antes de ler Lygia, minha forma de escrever era desmilinguida,
Lygia Fagundes Telles: uma oficina literária em suas obras
desbocada, anêmica e capenga”,
lidade dos personagens. “Ele não
disse, com humor. A cronista, de-
tem nome, é apenas um homem
pois que começou a analisar a obra
ruivo”, citou.
de Lygia, passou a inserir imagens
nos seus textos. “Certa vez, preci-
obras de Lygia Fagundes Telles
sei informar que meus persona-
proporciona uma escrita melhor.
gens estavam à tardezinha. Achei
“Quem a conhece escreve com
fraca a expressão, e lembrei de
poucas palavras e mais recursos
Lygia com a sua definição de céu
visuais, sem descrever”, mencio-
roxo”, salientou.
na. Dessa forma, a leitura de seus
Maria Helena ainda leu
contos não se resume à contem-
trechos do conto policial Venha
plação das histórias, mas abrange
ver o pôr do sol, e, na íntegra, o
o aprendizado de novos recursos
conto História de Passarinho,
de linguagem. “Ela é uma oficina
posteriormente distribuído aos
literária, porque escreve com ima-
presentes. Analisou as metáforas
gens”, define.
trazidas no primeiro, considerando que o leitor é direcionado para dentro do cenário por meio delas. No segundo texto, a escritora caxiense comentou a indefinição de um nome para o personagem central, o que demonstra a impessoa-
Para Maria Helena, ler as
BATE-PAPO ‘AS MAIS’ DE PATRÍCIA por Henrique K. Gobbi A 29ª Feira do Livro foi anfitriã de um encontro com a autora infantojuvenil Patrícia Barboza que discutiu sobre sua carreira e suas publicações
A escritora Patrícia Bar-
Paula Pimenta.
se aprofundou no processo de
boza esteve presente em um ba-
A conversa começou de
criação de uma linguagem para
te-papo na 29ª Feira do Livro de
forma descontraída enquan-
o público jovem, uma vez que
Caxias do Sul, no dia 9 de outu-
to a escritora apontou para os
esse está sempre pensando para
bro, com mediação da escrito-
jovens presentes de que seus
além do mundo literário. As
ra e jornalista Maristela Deves.
hobbies e talentos são impor-
personagens da série se relacio-
A sessão teve a participação de
tantíssimos para o futuro, e que
nam facilmente com os leitores,
turmas da escola estadual Ores-
esses não devem permitir que
pois são inspirados não só com
tes Manfro, de São Marcos - RS.
adultos os desmotivem no mo-
as experiências da autora nos
Carioca, pós-graduanda
mento pelo qual estão passando
seus tempos de adolescência,
em literatura infantojuvenil,
agora, a adolescência. Para a au-
mas como em ícones e estere-
Patrícia Barboza além de escri-
tora que, em suas próprias pala-
ótipos da cultura pop atual,
tora, coordena e palestra pelo
vras, se esqueceu de crescer, a
Projeto Leitura Nota 10, que
adolescência é
visita diversas instituições de
a melhor par-
ensino com o objetivo de incen-
te da vida e é
tivar os jovens aos hábitos da
por isso que es-
leitura. Recentemente, a autora
colheu escrever
teve participação na coletânea
para tal público.
de histórias O Livro das Prin-
“O universo dos
cesas, que reconta os contos
adolescentes é fas-
infantis como se fizessem par-
cinante”,
te dos dias atuais; a publicação
mentou.
também reuniu as renomadas
Explicando
autoras internacionais Meg Ca-
sobre sua série de li-
bot, Lauren Kate e a brasileira
vros As Mais, a autora
comple-
Patrícia Barboza: a autora que se esqueceu de crescer
citando a polêmica música de
vezes o que o escritor menos faz
comprando suas obras. “Com
Gabriel, O Pensador, Loira Bur-
é escrever”, disse.
tanto trabalho envolvido numa
ra como exemplo, e colocando
Envolvida com seu pú-
publicação, é um desrespeito
sua personagem loira e ‘nerd’ em
blico em diferentes mídias, a es-
com o autor e todos os envolvi-
contraparte.
critora vê a internet como uma
dos só baixar o PDF”, apontou.
Com relação à escrita em
ferramenta extremamente útil
si, Patrícia também expôs que a
não só para a comunicação com
série As Mais planejado para o
não utilização de gírias lhe ga-
o mesmo, mas para o cenário
lançamento em 2014 e um pro-
rante uma abrangência nacional,
comercial, através da possibili-
jeto para uma faixa etária mais
não dependendo das mesmas
dade de venda das publicações
avançada, as perspectivas de
para indicar jovialidade. “A ju-
físicas e de e-books para todo o
Patrícia Barboza para o futuro
ventude está na atitude”, afir-
território nacional. Com a prefe-
encerraram a conversa que foi
mou. A autora também explicou
rência pessoal pelo livro em sua
seguida por uma sessão de autó-
que o período entre dezembro e
forma material, a autora deixou
grafos e fotografias aos leitores,
março é quando mais consegue
sua crítica à prática da pirataria,
que recepcionaram a autora ca-
escrever, devido às viagens que
estimulando os presentes a gra-
rinhosamente.
realiza no decorrer do ano. “Às
tificarem os autores que gostam,
Com o quarto volume da
BATE-PAPO SÉRGIO RODRIGUES E A LITERATURA VIRTUAL
por Luis Henrique Bisol Ramon
Uma discussão dinâmica envolvendo o escritor e jornalista Sérgio Rodrigues e mediado pela jornalista Adriana Antunes marcou um dos últimos debates da 29ª Feira do Livro de Caxias
Diferentes assuntos fo-
Virtual muito utilizada por ele
-papo foi em torno de explicações
ram discutidos e trazidos em
nos dias de hoje.
sobre a maneira de escrever O
pauta durante a 29ª Edição da
Sérgio Rodrigues é um
drible, que se volta para a narrati-
Feira do Livro de Caxias do Sul.
jornalista que mantém o blog to-
va de um gol que não aconteceu.
Na quarta feira de feira, dia 9 de
daprosa, o mais visitado blog de
Sérgio explicou que sua atuação
outubro, ocorreu um bate-papo
Literatura da internet brasileira e
com palavras sempre foram me-
com o jornalista Sérgio Rodri-
no momento hospedado no site
lhores que com a bola, mas por
gues, mediado pela jornalista e
da revista Veja. Além de do blog,
ser um apaixonado pelo futebol,
também escritora Adriana Antu-
Sérgio se aventura em obras
resolveu escrever sobre o gol per-
nes no auditório da Praça Dante
como Elza, a garota (2008) e As
dido por Pelé na copa do mun-
Alighieri. A dinâmica se apresen-
sementes de Florwerville(2006) e
do de 1970, no México, contra o
tou diante da apresentações de
também ministra oficinas de
Uruguai. Seu objetivo nesse livro
ideias referentes aos livros escri-
criação literária.
foi a transformação de segundos
tos por Rodrigues e a Literatura
em páginas trazendo o desafio de
A primeira parte do bate-
Rodrigues: nem sempre sou meus personagens
Pelé contra Deus, onde uma eter-
mento é a melhor forma de estar
movimento literário virtual, esfera
nidade banal foi transcrita para
livre, apenas com seus pensamen-
que Sérgio Rodrigues domina: “A
situar os leitores ao momento do
tos. ‘’Uma das tristezas da literatu-
internet foi a melhor coisa depois
lance primordial de Pelé com a
ra é sua construção em solidão e
de Gutemberg para a literatura”.
bola. ”O envolvimento e a contri-
seu consumo também em solidão’’.
A internet é um meio que muito
buição do futebol com e para lite-
Outro ponto posto em
valoriza a escrita e deve ser muito
ratura é muito importante, pois o
pauta foi em torno de que toda li-
utilizada nos dias de hoje para a
futebol está totalmente ligado com
teratura é autobiográfica, e Sérgio
expansão da literatura para a Ge-
a cultura brasileira’’ explicou.
Rodrigues
ração Y”, defendeu.
Questionando sobre o seu
sempre sou meus personagens, eu
processo criativo, o autor argu-
escrevo a partir do que eu vivi mas
cou sobre a importância de sua en-
mentou que sempre acreditou que
isso não significa que sempre sou
trada na revista Veja, e seu ganho
a melhor forma de acertar é rees-
meus personagens.” disse.
de novos de leitores e também fez
crever muito. ‘’Tem problemas que
A análise mais profun-
um breve uma comparação entre
resolvo dormindo e têm muitos
da do bate-papo foi em torno do
o jornalismo e a literatura: “a lite-
argumentou:
“nem
Por fim Rodrigues expli-
que empaco para resolver’’.
ratura torna o ser humano mais
Segundo ele, cada escritor
livre e mais criativo para expressar
tem sua maneira de resolver
seu
seus livros, po-
mento”, indi-
rém o
cou.
afasta-
pensa-
BATE-PAPO ESCRITOR RONALDO WROBEL COMENTA O JUDAÍSMO NO BRASIL
por Michele dos Santos
Os judeus mudaram, se adaptaram às diferentes culturas pelo no mundo. Para isso, a 29 ª Feira do Livro promoveu o debate com o escritor de origem judia
A Feira do Livro abriu
gião, até mesmo uma espécie de
com um abacaxi na cabeça, mas,
suas portas para o escritor e ad-
dialeto foi criada para que os ju-
ao contrário do que eles pensa-
vogado Ronaldo Wrobel. O tema
deus que vieram do leste europeu
vam, “eu chegava falando com
debatido foi os judeus no Brasil.
pudessem se comunicar, iídiche,
seriedade”, contou.
O autor também falou sobre o
que com o passar do tempo pas-
Em Traduzindo Hanna, Wrobel
seu livro Traduzindo Hanna, que
sou a ser falado por pequenas co-
fala sobre suas experiências de
foi inspirado em algumas experi-
munidades na Europa e até mes-
vida, seu desejo de transmitir
ências vividas por ele.
mo na Argentina. O autor relatou
valores. Para ele, uma vida sem
O escritor e advogado
que o idioma iídiche passou a ser
projetos é uma vida sem graça.
acaba de lançar o romance Tra-
um idioma morto, porque as pes-
“A publicação é como um jardim
duzindo Hanna. Antes, publicou
soas não o falavam
Propósitos do Acaso, Raiz Qua-
para se comunicar,
drada e outras histórias e o livro
mas sim por manei-
ilustrado Nossas festas – Celebra-
ras lúdicas.
ções Judaicas e escreve mensal-
mente artigos para revista judai-
tou que inúmeras
ca Menorah.
vezes,
países, as pessoas se
Para começar o bate-pa-
Wrobel conem
outros
po Wrobel falou sobre suas ori-
identificavam
com
gens, sua família foi ligada à Rede
ele e que fugia do es-
Bandeirantes até se desligou dos
tereótipo brasileiro.
veículos Comunicação.
Quando chegava a
O escritor foi questiona-
uma palestra ouvia
do sobre a cultura judaica, que se
que alguns espera-
assemelha à cultura dos descen-
vam que chegasse
dentes de italianos de nossa re-
jogando futebol e
Wrobel: o Judaísmo não é uma religião, mas uma cultura
secreto”, disse.
família que tem o sentimento de não pertencimento,
o local onde “estavam” não fazia parte de suas histó-
No último capítulo do livro, ele explicou, o
escritor usa a narrativa em primeira pessoa, criando
rias.
confusões entre os leitores, que chegaram a confundir
o relato com a realidade.
instrumento político e os judeus foram usados como
O romance traz a história de um sapateiro po-
bode expiatório. De acordo com ele, o mito de que os
lonês, que traduz cartas de judeus, através da cartas
judeus são os donos da mídia e possuem muito di-
de Hannah para sua irmã Guerta, o sapateiro passa a
nheiro, não existe mais, e a manipulação dos veículos
conhecê-la e, por fim, se apaixona.
de comunicação por judeus foi extinta.
Wrobel afirmou que os judeus estão adapta-
Para Wrobel, o regime Nazista foi usado como
Para encerar o bate-papo surgiu uma discus-
dos às culturas de outros países e até mesmo a manei-
são acalorada sobre suicídio, fato que não é retratado
ra de como são vistos mudou. Mas ainda existem os
pela mídia. Para o autor, é necessário que imprensa
hebraicos que continuam em comunidades fechadas.
noticie as mortes, sem escondê-las. A discussão ficou
Ronaldo Wrobel disse que sua identificação
ainda mais tensa quando uma estudante de jornalis-
com o Brasil é maior do que suas origens judaicas, e
mo foi contrária a Wrobel, dizendo que esse tipo de
chegou a criticar a culinária israelita: ele a chamou de
fato não deve ser noticiado, pois pode servir de in-
“culinária de sobrevivência”, portanto, feita para que
centivo. O escritor rebateu, afirmando que é um di-
o alimento dure e não pelo prazer culinário. O autor
reito da população saber o que acontece.
chamou o Rio de Janeiro de “bagunça”, por causa da diversidade e que é impossível viver no Rio sem conviver com outras culturas. Mas disse que vem de uma
BATE-PAPO CONVERSA INFORMAL COM JAIRO BAUER por Bruna Longo Conhecido por responder dúvidas de adolescentes e jovens sobre sexo, Jairo Bauer médico famoso por seus programas em rádios e televisão, esteve presente no 29ª Feira do Livro de Caxias do Sul
O psiquiatra Jairo Bauer
Jairo Bauer nasceu em
Drogas. Também é parceiro de
respondeu a vários questiona-
São Paulo e é médico psiquiatra
Marcelo Duarte n’ O Guia dos
mentos num bate-papo realizado
formado pela Faculdade de Me-
Curiosos Sobre Sexo e de Sonia
no dia 11 de outubro, na Feira do
dicina da Universidade de São
Francine em Tipo Assim Adoles-
Livro de Caxias do Sul. Mediado
Paulo ( FMUSP), e pelo Instituto
cente.
pelo jornalista Carlinhos Santos,
de Psiquiatria da mesma univer-
Jairo abordou questões como
sidade. É autor dos livros Sexo e
tema sexologia é um assunto que
sexo, drogas, gravidez na adoles-
Cia, O Corpo das Garotas, Pri-
ainda sofre muitos preconceitos,
cência, prevenção, entre outros.
meira Vez e Álcool, Cigarros e
e que fomos obrigados a falar da
De acordo com Jairo, o
Ilustrações: Paulo Henrique Prior
Jairo Bauer: “Na adolescência é o momento que você pode acrescentar elementos para tomar decisões.”
questão quando a epidemia da
diferente,” argumentou.
dificuldades de se chegar ao orgas-
AIDS esteve presente no Brasil e, a
Conforme Jairo, a geração
mo feminino, o médico comentou
partir disso, conseguimos abordar
de hoje é mais bem informada, e
que para os homens é tudo mui-
o assunto com mais leveza.
a questão está em conscientizá-los
to óbvio, a mulher ainda tem um
Jairo Bauer explicou que
em usar essas informações para
certo preconceito em conhecer
para os jovens tudo que é diferente
que possam tomar as melhores de-
seu corpo, ela tem que explorar a
é estranho, por isso ainda há tabus
cisões. Fazer com que eles saibam
si mesma.
sobre sexualidade. O adolescente
administrar a sua independência
ainda está descobrindo seu cor-
com responsabilidade “Se pergun-
perguntas sobre a influência da
po e entendendo o que pode fazer
tarmos para um jovem como se
sexualidade na religião e o cuida-
com ele “O jovem muito jovem,
prevenir para não engravidar to-
do que deve-se ter com as DST’s,
tem tremenda dificuldade em li-
dos saberão responder”, disse.
finalizando assim a sua participa-
dar com o que é diferente, com o
ção na Feira de Caxias do Sul.
que não está no espaço básico dele
Jairo Bauer respondeu perguntas
e se sente muito ameaçado em ser
do público. Questionado sobre as
No término do bate-papo,
Ele também respondeu
BATE-PAPO BIOGRAFIAS QUE NARRAM TRAJETÓRIAS DE FUTEBOL E FAMA por Francielle Arenhardt Pereira O secretário Washington dividiu o palco da feira com o biógrafo Marcos Eduardo Neves, para discutir algumas trajetórias futebolísticas que compõem a história do esporte mundialmente
O Auditório da Feira foi
do Leblon-RJ, ainda na época em
Washington então coloca
local de um bate-papo, na tarde
que atuava no Fluminense.
em pauta o último livro de Ne-
de 12 de outubro, entre dois no-
O autor, escritor e mem-
ves: 20 Jogos Eternos do Flamen-
mes que marcaram presença no
bro da Academia Brasileira de
go, que tem sido um recorde de
cenário esportivo. O autor Mar-
Literatura, Marcos Eduardo Ne-
vendas, assim como seu clássico
cos Eduardo Neves e o ex-joga-
ves, que já possui cinco livros
Nunca Houve um Homem como
dor, atual secretário do esporte e
publicados, também escreve re-
Heleno. Neves descreve algumas
lazer de Caxias do Sul, Washing-
gularmente nas revistas Placar,
de suas várias biografias de per-
ton Stecanela Cerqueira, conver-
Trip, Lola e Tam nas Nuvens.
sonagens que possuem forte rela-
saram durante mais ou menos
Neves relatou a honra que sentia
ção com o futebol, apesar de não
uma hora sobre como se dá a
em estar novamente ao lado de
ser seu único estilo biográfico.
produção de biografias, princi-
Washington para um bate-papo
palmente no cenário do qual am-
e aproveita-se da presença do jo-
futebol tem muita energia, garra e
bos são “experts”: futebol.
gador para fazer um comentário
paixão, e a questão da fama, bem
Washington, ex-futebo-
audacioso dizendo que poderia
como a transformação em ídolo,
lista, conhecido como “Coração
escrever uma biografia do popu-
segundo ele, derrama inúmeras
Valente”, era considerado por
lar “Coração Valente”.
lágrimas nos olhos dos envolvi-
De acordo com o autor, o
muitos um verdadeiro “matador” do gol. Enquanto jogador, teve sua trajetória marcada pela superação de problemas de saúde que, por vezes, colocaram sua carreira e também sua vida em risco. O atual secretário faz a abertura da programação, relatando o fato de ter conhecido Neves em um bar
Marcos Neves e Washington conversa sobre biografias esportivas
dos. Neves diz ter conhecido de perto a realidade que
rossífilis. Isto, aliado ao álcool e às drogas, levaram-
é o futebol no Brasil e também na Turquia, e afirma
-lhe a uma internação aos 34 anos e ao óbito, cinco
não conhecer lugar algum onde há tanto fanatismo
anos depois.
por esse esporte, como lá.
Washington complementa, relatando que
nagem, citando diversas “regalias e tentações” que
quando foi contratado por um time turco, apesar de
obtinha enquanto jogador, ressaltando que uma má
ser minimamente conhecido lá, diante do que era aqui
administração dessa vida de fama pode gerar um tér-
em sua terra, ficou espantado ao se deparar com uma
mino precoce, ainda mais, quando a vida do jogador,
multidão de 10 mil torcedores/fãs lhe esperando. Por
por si só, já tem uma média final entre 30 e 40 anos
esse motivo, teria sido até escoltado. Ele cita também
. Washington diz que alguns jogadores, apesar de te-
o exemplo do jogador curitibano, Alex de Souza, que
rem um forte empresário, perdem-se em meio a tan-
jogou por algum tempo no time turco Fenerbahçe e
tas oportunidades de status, que de forma demasiada
ao retornar para o Brasil enfrentou um protesto de
são nocivas à carreira.
vários dias em frente a sua casa, implorando a não
saída do país.
shington, citando um dito bem conhecido de Pau-
Discutindo justamente essas diferenças abis-
lo Roberto Falcão, que diz que jogador de futebol,
sais entre o fanatismo de cada país, o ex-jogador pede
“morre duas vezes”, sendo a primeira quando encerra
ao autor que fale um pouco sobre sua obra que trata
a carreira, e a segunda no final da vida. Porém, para
de toda a trajetória de Heleno, nome de origem grega,
o autor, a administração financeira e de fama da vida
que viveu uma grande carreira almejada por muitos.
do jogador não depende tão diretamente da estrutu-
Segundo o autor, a ideia de produzir uma obra sobre
ra familiar, e para exemplificar retoma seu primeiro
essa figura pública, épica, veio do prefácio de Anjo ou
livro que conta a história de vida de Renato Gaúcho,
Demônio, a polêmica trajetória de Renato Gaúcho.
menino que aos 20 anos já era a fonte econômica
Após uma longa pesquisa, Neves então es-
principal da família e que, ao consolidar-se técnico,
creveu sobre o menino que estudou no melhor colé-
inicialmente adquiriu uma residência mais cômoda
gio brasileiro da época, graduou-se em direito e que
para toda sua família.
oriundo de uma família nobre, produtora de café,
Segundo ele, duran-
vestia ternos produzidos pelo mesmo alfaiate de Jus-
te toda a carreira o
celino Kubitschek.
ex-padeiro aplicava
Heleno de Freitas, foi uma grande personali-
50% de seus ganhos,
dade do futebol e isso, aliado a sua beleza natural, lhe
fornecia 30% à fa-
concedeu inúmeros privilégios - com as mulheres, fez
mília e utilizava 20%
muito sucesso. Porém sua vida noturna, feita de noi-
para si próprio, de
tes promíscuas lhe desencadeou uma DST que não
forma a aproveitar
foi tratada em tempo e atingiu o nível extremo: neu-
bem sua vida.
Washington fortalece a história do perso-
Marcos Neves complementa a fala de Wa-
ENCERRAMENTO 29° FEIRA DO LIVRO TERMINA COM SHOW DE OSVALDO MONTENEGRO
por Fernanda Prado
Evento finaliza com números recordes superando o ano anterior. Há pelo menos cinco edições os registros surpreendem a coordenação que tem apostado em grandes atrações
A Prefeitura de Caxias do
Riograndense do Livro, que con-
Daniela, um dos pontos mais po-
Sul, por meio do Departamento
ta quatro pessoas para cada livro
sitivos da programação foi a am-
do Livro e da Leitura da Secreta-
vendido).
pliação da diversidade de estilos,
ria da Cultura, realizou na noite
tanto com relação aos convida-
de domingo, dia 13, o encerra-
edição anterior em 12,89%, quan-
dos como às atrações artísticas.
mento da 29° Feira do Livro de
do foram comercializados 91.560
Caxias do Sul, que este ano teve
exemplares. Os dados foram di-
edição, estavam as mudanças na
o tema Em Rede com a Leitura.
vulgados na noite de domingo
estrutura da feira: o Café Cultural
Durante os 17 dias de duração,
por Daniela Tomazzoni Ribeiro,
ficou sobre o chafariz; a Sala de
103.370 livros foram vendidos
que estreou na coordenação da
Autógrafos passou para o local
pelas 45 bancas, e mais de 410
feira este ano, após já ter traba-
onde ficava o Café; e a rua Dr.
mil pessoas passaram pela Praça
lhado em outras três edições. Até
Montaury teve trânsito bloquea-
Dante Alighieri (o público é es-
então, as últimas oito foram co-
do nos finais de semana, à tarde,
timado por cálculo da Câmara
mandadas por Luiza Motta. Para
para receber atividades culturais
Os números superaram a
Entre as novidades desta
Antonio Feldmann: a Feira é o encontro das diferentes percepções de mundo
norteamericano William C. Gor-
Livro é uma festa realizada por
don.
muitas mãos e muitos corações,
Além da presença da co-
porque gente que ama o que faz
ordenadora da Feira Daniela
atinge o coração de outras pesso-
Ribeiro,do Vice-Prefeito Antonio
as”, destacou o vice-prefeito.
Feldmann, do secretário muni-
cipal da Cultura João Tonus, da
Carlos Henrique Iotti, vindo do
secretária municipal da Educação
universo das HQs, foi a porta de-
Marléa Ramos Alves, e do reitor
entrada para as crianças na Feira
da UCS Isidoro Zorzi, a solenida-
que foram presença constante nos
de de encerramento contou tam-
17 dias de evento. “Foram 17 dias
bém com a presença do Patrono
de muita alegria, quero pedir des-
da Feira, Carlos Henrique Iotti, da
culpas por não ter estado em todas
Homenageada Iraci HochMabo-
as bancas tanto quanto gostaria,
ni e do Presidente da Associação
mas foi um prazer participar desta
e de lazer.
dos Livreiros Caxienses, Cristiano
Feira e fazer parte disto”, afirmou
Bartz Gomes.
Iotti.
de 300 atividades entre apresenta-
ções musicais (como o Grande
da Feira, Daniela Ribeiro, os nú-
ano foi encerrada, as atividades do
Concerto Sinfônico), bate-papos
meros são resultado de uma Feira
próximo ano já começaram a ser
com escritores, projetos como o
preparada com seriedade, com-
pensadas. “Temos bastante ideias
Passaporte da Leitura, sessões de
promisso, e acima de tudo com
para fazer novamente uma gran-
autógrafos e eventos culturais na
muito amor. “A Feira foi pensada
de festa dos livros para toda a co-
rua Dr. Montaury nos finais de se-
na diversidade, o que se refletiu
munidade, sempre visando atrair
mana, e maratona de contação de
na adesão das pessoas aos livros e
todo o público da cidade com seus
histórias, atividade que mais con-
eventos que oferecemos. Este é o
diferentes gostos literários”, finali-
tou com a participação da comu-
caminho, apostar na diversidade”,
zou Daniela.
nidade trazendo em um único dia
afirmou Daniela.
4,3 mil crianças ao evento.
Antonio Feldmann acredi-
João Bosco, a Feira oportunizou
A feira contou com a pre-
ta que a praça seja o melhor espa-
mais um show de destaque com
sença de 43 escritores locais, na-
ço para se respeitar a diversidade.
Oswaldo Montenegro, que can-
cionais e internacionais. Os auto-
“A Feira é o encontro das diferen-
tou músicas de seu novo repertó-
res estrangeiros foram destaque
tes percepções de mundo, a gente
rio, mas fez questão de relembrar
nesta edição, que contou com o
precisa aceitar as diferenças e tra-
músicas de álbuns passados, como
português Gonçalo Tavares e o
balhar em prol delas. A Feira do
Lua e Flor e A Lista.
Oswaldo Montenegro lotou a Praça Dante com show de encerramento da Feira
A programação teve cerca
Conforme a coordenadora
A escolha do patrono,
Assim que a Feira deste
Depois de Luiz Melodia e
AGES INTEGRAÇÃO DE ESCRITORES EM CAXIAS por Rudinei Picinini Evento organizado pela Associação Gaúcha de Escritores foi responsável por abrir o primeiro sábado de intenso movimento na feira de Caxias, marcado também por muitas atrações e atividades
A edição deste ano da
da AGES (Associação Gaúcha de
de Caxias do Sul como sede do
Feira do Livro também foi esco-
Escritores), é organizado anual-
encontro se deu pela relevância
lhida para ser palco do Encontro
mente.
da feira e a coincidência de datas.
de Escritores Gaúchos, realizado
Na abertura do encontro
A palestra que seguiu foi feita por
no sábado do dia 28 de setembro
o atual presidente da associação,
um dos fundadores da AGES, o
na Casa da Cultura. O evento,
Caio Riter, relatou o trabalho da
escritor e professor da PUC-RS
que começou ás 9h, se estendeu
organização e o que ela represen-
Antônio Hohlfeldt.
com oficinas durante o dia. O
ta para os seus associados. Riter
encontro, que é uma iniciativa
também explicou que a escolha
to Delfos da Pontifícia Universi-
Hohlfeldt falou do Proje-
Sou extremamente favorável as tecnologias, mas tenho medo que pensamos que tudo começa agora.
Em 1986 incorporei o computador ao meu meio de trabalho, tive grande dificuldade no começo, mas logo fui me adaptando.
dade Católica, do qual é um dos
difícil será saber como foi o pro-
forçou dizendo que práticas, como
responsáveis, e que tem como ob-
cesso de composição de uma obra,
o folhetim, que pareciam quase
jetivo arquivar como patrimônio
diante da visão de seu autor. De
extintas podem se adaptar muito
histórico as várias versões de tex-
acordo com Hohlfeldt se terá as-
bem às novas plataformas digitais,
tos de escritores gaúchos, para que
sim apenas uma última versão de
dando como modelo o escritor
se possa então entender como os
textos que não deixarão rastros,
Stephen King, que publicou na
mesmos chegaram à versão final
para que busquemos entender o
internet por capítulos o livro The
publicada.
fruto de sua genialidade.
Plant, cobrando um dólar cada
download.
Hohlfeldt, de certa forma,
Antônio Hohlfeldt tam-
criticou as novas tecnologias como
bém argumentou sobre a impor-
o computador, que possibilita que
tância do escritor na transforma-
somente salvemos a última versão
ção da sociedade, dando como
do material escrito, provocando a
exemplo o escritor francês Eugène
perda dos demais registros: “Esta-
Sue e sua obra Os Mistérios de Pa-
mos destruindo essa prova impor-
ris.
tante do processo que começa len-
tamente até ser modificado para o
folhetins publicados por Sue trou-
texto final”, disse.
xeram à tona as grandes feridas
da França, ajudando a derrubar a
Certamente, a preocupa-
Conforme Hohlfeldt, os
ção do conferencista se faz valer
própria monarquia.
pelo fato de que cada vez mais
O palestrante também re-
AGES A IMAGINAÇÃO DA ECONOMIA por Bruna Trubian O tema Os Desafios da Criação foi um dos destaques trazidos pelos escritores na Biblioteca Municipal. O assunto foi discutido por quatro autores do Estado no evento realizado na feira
A 29° Feira do Livro da
baseada em pesquisas, o editor
tudo uma questão de cultura e
Cidade de Caxias do Sul trouxe,
busca o livro que vende. Segundo
procura pelos livros mais finos”,
na manhã do dia 28 de setembro,
ele, pesquisas realizadas no ano
explicou. Em contraponto desta-
alguns autores gaúchos para de-
passado, mostram que o índice
cou que nunca se teve tanta nova
bater o tema: Os desafios da cria-
de leitura caiu 9,1% assim como
literatura sendo publicada no
ção – o que o mercado editorial
somente 20% das pessoas alfa-
mercado. Novos escritores estão
busca. O objetivo do encontro
betizadas gostam de ler. Sendo
se arriscando e produzindo belas
da AGES, Associação Gaúcha
assim, nos dias de hoje o autor
obras. “A literatura precisa pro-
de Escritores, era debater e pro-
precisa ter vocação para livros
duzir alguma coisa boa em cada
porcionar maior entendimento
menos elaborados e mais finos.
pessoa que lê”, afirmou.
sobre o cenário de um mercado
As pessoas não têm costume de
competitivo. O evento aconteceu
ler e, com isso, tem uma grande
a mesma linha de raciocínio, ad-
na Biblioteca Municipal.
dificuldade de interpretação. “É
mitiu que um dos maiores desa-
Elaine Maritza, seguindo
O debate teve a mediação
do escritor Caio Riter, e contou com a participação das escritoras Elaine Maritza da Silveira e Cláudia Mesquita, ambas mestres em língua portuguesa. Para completar o time, também participou do debate o escritor e editor Cássio Pantaleoni.
O debate começou abor-
dando a principal demanda do mercado editorial. Para Pantaleoni, que resumiu sua explicação
Da esquerda para direita, os escritores Cláudia Mesquita, Elaine M. Silveira, Caio Riter e Cássio Pantaleoni
fios é colocar na mão de um aluno
de seus pais e professores, e co-
Cássio, o leitor tem que ser respei-
um bom livro de literatura infan-
meça a criar o hábito e gostar de
tado, e é importante a existência
tojuvenil. “Os professores são os
conhecer novas obras.
de um afeto entre a editora e o au-
responsáveis por incentivar ainda
O debate continuou com
tor. De acordo com eles, a maior
mais o gosto pela leitura”, relem-
a indagação do que seria um livro
falta de respeito é o autor demorar
brou, defendendo a ideia do aluno
vender bem? Nesse ponto, Clau-
um ano para escrever o livro e o
não somente ter livros comple-
dia Mesquita afirmou que na hora
leitor demorar somente duas ho-
mentares de estudos como os das
que um escritor está escrevendo,
ras para ler. Toda a literatura que
disciplinas de matemática e portu-
ele não sabe se o livro será um su-
chega é avaliada em pré-juízos, e
guês. Para ela, o editor faz o livro
cesso ou não. Ela defendeu a ideia
nesse quesito a escola é somente
que vende baseado na demanda
que ele deve se dedicar a escrever
uma parte do sistema da obra. O
do mercado. E isso só reflete o que
alguma coisa boa, que identifique
best seller tem que ser uma conse-
é visto nas livrarias onde somos
o leitor, e não se focar somente
quência e não um fomento.
obrigados a ver aquilo que deve
no possível resultado. Elaine da
ser vendido. Para complementar,
Silveira, positivamente, defendeu
perguntas dos presentes. O inte-
usou o exemplo de um clássico
a mesma ideia, destacando que o
ressante foi a interação do público
famoso da atualidade. “Entramos
que deve ser considerado é a capa-
e o envolvimento de outros escri-
nas livrarias e logo se deparamos
cidade de escrever uma literatura
tores que prestigiavam o momen-
com aquelas pilhas de “Tons de
verdadeira e positiva para o lei-
to.
Cinza”. Sabemos que a realidade
tor. Segundo ela,
é essa, mas também sabemos que
o pensamento de
ela pode ser alterada, explicou.
um educador é
Para Claudia Mesquita é
de formar lei-
de extrema importância que a edi-
tores, e não de
tora tenha um livro best seller. As-
atingir um pen-
sim fica mais fácil de reconhecer
s a m e nt o
outros livros importantes e não
comer-
menos interessantes da mesma
cial.
editora. Programas do governo
Para
já estão com incentivo à leitura e reformulando os tipos de pensamento e focos de literatura. Esses incentivos ajudam o leitor-criança que passa por um meio de campo, Ilustrações: Paulo Henrique Prior
O debate finalizou com
AGES ENCONTRO DISCUTE POLÍTICAS DE LEITURA por Débora Debon Debate também abordou a questão do espaço de ação para o autor gaúcho, além de projetos e ações culturais e educativas que visam levar o livro até as comunidades carentes da periferia
As políticas de leitura
Na plateia cerca de 30
Coordenadora da ONG Cirandar
e o espaço de ação para o autor
pessoas assistiram o debate en-
e representante do Colegiado Na-
gaúcho foram alguns dos temas
tre a Coordenadora do Sistema
cional do Livro, Leitura e Litera-
abordados durante o tradicional
de Bibliotecas Públicas no Rio
tura, Márcia Cavalcanti.
encontro da Associação Gaúcha
Grande do Sul, Rosana Vasques,
de Escritores (AGES), realizado
a Coordenadora do Departa-
explanando os serviços culturais
paralelamente a 29ª Feira do Li-
mento do Livro e Leitura da Pre-
prestados para a comunidade
vro de Caxias do Sul no final de
feitura de Caxias e Coordenado-
através dos projetos de políticas
semana dos dias 28 e 29 de se-
ra da Feira do Livro deste ano,
de leitura municipais e a implan-
tembro.
Daniela Tomazzoni Ribeiro, e a
tação de novas bibliotecas públi-
Daniela abriu a discussão
Representantes do poder público relataram experiências e projetos desenvolvidos na cidade e no estado
continuidade”, lamentou.
Márcia explicou para o público presente a for-
ma de trabalho realizado na ONG Cirandar que tem sede em Porto Alegre e completou cinco anos em outubro. O projeto é focado na democratização do acesso ao livro e a leitura nas periferias e tem o intuito de fortalecer redes de culturas locais promovendo a educação através de atividades ministradas por um grupo de professores multidisciplinar. “A ONG atende nove comunidades onde mais de 25 mil livros já foram emprestados, isto é um exemplo da difusão da cultura”, destacou. Ela também explana que crê no aprimoramento das políticas de leitura no Brasil por meio do Ministério da Cultura. “Não é possível Márcia Cavalcanti: não é possível afirmar que o país possui um sistema de políticas de leitura consolidado
afirmar que o país possui um sistema de políticas de leitura consolidado, pois isso vem sendo construído
cas nos bairros mais afastados do centro da cidade.
ao longo do tempo e eu acredito nisso”, pontuou.
Além disso, ela destacou a importância da valoriza-
ção do escritor caxiense integrando-os nas ações do
anos o Brasil teve um investimento muito forte na ca-
Departamento do Livro e Leitura. “Nós viemos traba-
deia produtiva do livro, mas que não são só os livros
lhando a questão da leitura e a biblioteca pública nas
que formam um país leitor. A formação de quem lê e
comunidades, desenvolvendo um estímulo a cultura,
de uma nação que consegue mudar o índice de anal-
e hoje Caxias é, sim, uma cidade leitora”, ressaltou.
fabetismo requer um desenvolvimento que vai além
Representante da Secretaria Estadual de Cul-
da simples aquisição do livro. Ele precisa ser media-
tura, Rosana enfatizou que atualmente no Rio Gran-
do, compartilhado e, antes de tudo, escrito. Se o autor
de do Sul apenas dois municípios do interior não
não encontrar seu espaço acabará recebendo uma po-
possuem bibliotecas públicas. Visando ampliar ainda
lítica que sequer o representa.
mais o segmento, ela destaca a importância do Pla-
no Estadual do Livro, Leitura e Literatura (PELLL),
literárias com seus grupos de trabalho, cada qual com
o qual propõe a articulação das ações, projetos, pro-
uma temática pré-estabelecida para que ao final do
gramas e políticas da área do livro para o desenvolvi-
encontro fosse redigida a carta de Caxias da AGES
mento da cultura. “Percebemos que se não tivéssemos
abordando experiências e necessidades do segmento.
um plano consolidado essas políticas acabariam não sendo fortalecidas, e quando uma administração termina infelizmente muitos projetos acabam não tendo
Rosana interviu e afirmou que nos últimos
Por fim, os escritores deram início às oficinas
AGES
Antônio Hohlfedt: já fomos centrais, hoje somos gerais
ENCONTRO DE ESCRITORES É REALIZADO NA FEIRA DO LIVRO DE CAXIAS por Pâmela Pelizzaro Tradicional evento organizado pela Associação Gaúcha de Escritores reuniu nomes da literatura para debater sobre temas variados nos dois dias de palestras, conferências e seminários
A 29ª Feira do Livro de
tem por objetivo reunir e repre-
sendo realizado pela segunda vez
Caxias do Sul recebeu no primei-
sentar os autores, preservando e
em Caxias do Sul. Na ocasião,
ro final de semana do evento o
resguardando seus interesses ao
questões do universo editorial e
Encontro da Associação Gaúcha
mesmo tempo que investe no de-
da literatura foram debatidas.
de Escritores (Ages). Durante
senvolvimento da cultura no Rio
a manhã do dia 28 de setembro
Grande do Sul e no Brasil. Du-
presidente da entidade, Caio Ri-
cerca de 40 pessoas prestigiaram
rante esses anos a Ages promoveu
ter, o encontro está dentro dos
a abertura da programação da
diversos seminários, eventos lite-
princípios da Ages que visa alar-
reunião na Vitrine Cultural da
rários e encontros de escritores.
gar a fronteira entre os escritores.
Casa da Cultura.
Neste ano, este tradicional evento
“A nossa atividade é muito soli-
Criada em 1981 por um
retornou ao interior, com o tema
tária pois a criação é algo muito
grupo de escritores, a entidade
Livro e Literatura Nas Alturas,
pessoal e pensar que é possível os
De acordo com o atual
escritores se reunirem é algo muito gratificante”, sa-
conjuntas a respeito de temas que antes eram indi-
lientou Riter durante seu pronunciamento.
viduais. “Esse é um ritual que repetimos anualmente:
nos encontramos para dizer em voz alta aquilo que
Logo após, a conferência de abertura ficou
por conta do escritor e sócio fundador da Ages, An-
em geral pensamos em voz baixa”, ressaltou.
tônio Hohlfedt, que buscou aproximar pontos de seu
currículo relacionando a atividade literária com sua
apresentados aos participantes como forma de es-
formação de jornalista para comentar sobre as mu-
tender a discussão. Depois de uma série de palestras,
danças na sociedade e os novos desafios que surgem
conferências e discussão em grupos de trabalhos que
constantemente aos profissionais. Com seu discurso
encerrou no domingo, 29, a diretoria da Ages elabo-
intitulado Já fomos centrais, hoje somos gerais, Ho-
rou uma carta com as resoluções do encontro. Con-
hlfedt enfatizou os avanços tecnológicos pontuando
forme nota divulgada no site da entidade, a reunião
seus prós e contras no processo de uma criação lite-
reforçou a convicção de que atividades dessa natureza
rária. Outra importante reflexão foi sobre o papel do
são extremamente importantes e válidas e reafirmam
escritor na sociedade, que em comparação ao profis-
o seu compromisso.
Após a abertura outros compromissos foram
sional da comunicação é um formador de opinião. Para o escritor, este encontro oportuniza discussões
Caio Riter: Nossa atividade é muito solitária e esses encontros nos reúnem
PROLER RICARDO AZEVEDO CRITICA O CONSUMO por Monica da Costa
Uma critica à formação dos futuros cidadãos e estudantes do Brasil e uma nova forma de pensar, esses foram os temas da abertura do encontro com Ricardo Azevedo
A 29° Feira do Livro de
direcionada a professores e estu-
popular, literatura e poesia, pro-
Caxias do Sul promoveu, no dia
dantes que formavam a maioria
blemas do uso da literatura na
03 de Outubro, uma palestra com
do publico presente.
escola, cultura popular e ques-
o
tões relativas à ilustração de li-
autor e ilustrador Ricardo
Ricardo Azevedo é escri-
Azevedo, marcando a abertura
tor, ilustrador, compositor e pes-
vros.
do 20° Encontro Estadual de Lei-
quisador paulista. É autor de vá-
tura – PROLER. Com o tema,
rios livros para crianças e jovens.
o autor mostrando alguns dados
Armadilhas, a Formação de Lei-
Tem, além disso, dado palestras e
a respeito da educação brasilei-
tores: Didatismo e Sistema Cul-
publicado estudos e artigos a res-
ra atual. Após, ele ressaltou que
tural Dominante, a palestra foi
peito de temas como o discurso
sua fala seria um conjunto de seis
A palestra teve inicio com
Ricardo Azevedo: otimismo com a formação de uma sociedade mais justa
paradigmas, itens costumeiramen-
Ricardo Azevedo mostrou para os
te valorizados e naturalizados pela
educadores e estudantes presentes,
chamada “cultura moderna”, não so-
a importância que a poesia tem na
mente nas escolas, mas também em
formação.
jornais, revistas, publicidade, televi-
são, internet, entre outros.
do-se um otimista, mais adiante,
Para explicar a “cultura mo-
apontou: “Creio na construção de
derna”, o autor usou a citação do an-
uma sociedade brasileira melhor e
tropólogo Roberto Da Matta, que ar-
mais justa”. De acordo com ele, isso
gumenta: “sistema impregnado por
só será possível quando os cidadãos,
uma ideologia econômica, fundada
independentemente de idade, graus
na noção do indivíduo e na ideia de
de instrução ou classe social, se de-
mercado, local onde tudo pode ser
rem conta de que são responsáveis
trocado, comprado e vendido”. Aze-
pela sociedade em que vivem.
vedo argumentou que cada vez mais
as escolas e o mundo estão criando
Azevedo deixou um recado para
cidadãos para consumo e não pes-
os professores. “A escola tem papel
soas que sejam responsáveis pela so-
fundamental nesse processo, é pre-
ciedade em que vivem.
ciso definir o que queremos, formar
A palestra de Azevedo con-
alunos para manter o que aí está ou
tinuou num estilo que mesclava lei-
prepará-los para construir uma so-
tura de poemas, citações de textos,
ciedade mais equilibrada, compe-
que, segundo ele, seriam indicados
tente, inteligente, criativa e humana”.
para uma boa formação educacional e, por consequência, a própria formação do indivíduo. Em uma citação de poema de Cecília Meireles,
Ricardo Azevedo, revelan-
Para encerrar a palestra,